METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)

Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

TEORIA DOS JOGOS NA SELEÇÃO DO MELHOR MÉTODO DE MEDIÇÃO

AUTOMÁTICA DE DUREZA

Fabiana Rodrigues Leta1, Vilson Berilli Mendes 2, João Carlos Soares de Mello 3
2
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil
2
Grupo de Armas – Instituto de Pesquisa da Marinha,
Curso Superior de Tecnologia em Informática - Faculdades São José
Rio de Janeiro, Brasil
3
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil

Resumo: O presente artigo apresenta os resultados obtidos a
partir de um sistema de medição automático de imagens
digitalizadas de identação de dureza Brinell e Vickers. O
objetivo é discutir métodos, que utilizam técnicas de Visão
Computacional, cujo foco principal é a redução do erro do
observador. Métodos automáticos oferecem bons resultados
quanto a este tipo de erro, entretanto a escolha inadequada
do método, por um usuário leigo, pode induzir resultados
incorretos. Assim, neste artigo é apresentada a escolha de
uma metodologia padrão, utilizando técnicas de teoria dos
jogos, a ser utilizada em um sistema automático de medição
de indentação de dureza. O foco principal é selecionar uma
metodologia como padrão, de forma que o usuário não tenha
influência nos resultados. Ou seja, que desconhecendo a
técnica utilizada para extração da característica principal da
imagem, escolha aquele método de melhor resultado
comparativo.
Palavras chave: Decisão Automática, Ensaio de Dureza,
Visão Computacional.
1. INTRODUÇÃO
O ensaio de dureza é empregado amplamente em
pesquisa e avaliação de materiais para controle de qualidade,
por ser um método menos oneroso e mais rápido para
quantificação de propriedades mecânicas de materiais como
por exemplo a resistência à tração. Os ensaios consistem
basicamente em verificar o quanto um dado material,
metálico ou não metálico, resiste à penetração de um
determinado penetrador. Em resumo, os ensaios de dureza
objetivam obter uma relação entre a força aplicada e a área
impressa no material, que são obtidas através da medição do
diâmetro da área impressa para o caso da dureza Brinell e da
diagonal média para Vickers
Segundo Barbato e Desogus [1], a medição de
identações de dureza Brinell e Vickers está sujeita a erros,
mesmo quando efetuada pelo mais experiente operador.
Além dos efeitos dos diversos componentes em um sistema
de medição, aspectos fisiológicos e pisicológicos do
observador devem ser considerados quando alguns dos
métodos mais comumente utilizados são examinados. A
discrepância nos valores obtidos por diferentes operadores
tem sido investigada e a avaliação do erro referente a quatro
operadores indica uma diferença acima de 0,6 µm.
Assim, os resultados do ensaio estão sujeitos a incerteza
de alguns parâmetros como: a força de teste aplicada, as
dimensões do penetrador, o tempo de aplicação de carga, o
método/dispositivo para medição da penetração e a
habilidade do operador na obtenção das medidas. A idéia é
apresentar um sistema de medição automático, a partir de
imagens digitalizadas e utilizando técnicas de Visão
Computacional, cujo o foco central, é a eliminação do fator
observador. Para determinar os parâmetros a serem medidos,
foram desenvolvidas e implementadas diferentes
metodologias, cujos erros, apresentados como resultados,
demonstram uma certa estabilidade que dificulta a escolha
da melhor metodologia a ser utilizada com padrão pelo
sistema automatizado. Portanto, o presente artigo apresenta,
como alternativa, métodos de apoio a decisão na escolha da
metodologia padrão.
2. SISTEMA DE OBTENÇÃO DA DUREZA POR
VISÃO COMPUTACIONAL
O desenvolvimento do sistema de medição dos
parâmetros utilizados na obtenção da dureza por meio de
técnicas de Visão Computacional consistiu inicialmente em,
a partir de imagens digitalizadas, implementar e definir as
técnicas de pré-processamentos que viabilizassem a
obtenção das medidas e a posterior, desenvolver
metodologias de medição a partir da extração de
características das marcas de identação.
2.1. Características da Imagens
As metodologias foram aplicadas em imagens obtidas a
partir de ensaios de dureza de blocos padrão, cujas imagens
foram fornecidas pelo Instituto Nacional de Tecnologia,
com os seus respectivos valores nominais certificados.
Para dureza Brinell, foram fornecidas imagens
capturadas com a mesma ampliação de 50x, para diferentes
faixas de dureza. Na figura 1 destaca-se uma das imagens
selecionadas para apresentação de resultados neste artigo. A
carga aplicada nos ensaios foi de 187.5 kgf, com diâmetro
da esfera igual a 2,5 mm. As faixas de dureza correspondem
aos valores nominais de diâmetro de 679, 936 e 1400µm [2].
Para ensaios de dureza Vickers, os resultados são (a)
referentes à imagens cuja a carga aplicada foi de 10 kgf,
com ampliações de 200x ,100x e 50x, de um bloco padrão
com valor nominal de dureza correspondente a HV 833 e
diagonal média de 149,2µm (Fig. 2). Maiores informações
sobre as imagens utilizadas na obtenção dos resultados
podem ser obtidas em [3].

(b)

Figura 1. Imagem original de ensaio de dureza Brinell em bloco

padrão: Diam.=679µm
(c)

(e)

Figura 2. Imagem original de ensaio de dureza Vickers em bloco

padrão: HV 833

2.2. Pré-Processamento de Imagens

Numa imagem digital, além dos objetos de interesse a

serem analisados, podem existir outras informações que
devem ser eliminadas em uma etapa anterior à análise, que (f)
consiste na aplicação de um pré-processamento para
melhorar a qualidade das imagens, minimizar ruídos e/ou
Figura 3. Resultados obtidos após a aplicação de uma seqüência de
acentuar objetos ou regiões de interesse. pré-processamento em uma imagem original.
 Para cada metodologia de extração das medidas, cada
imagem foi submetida a uma das de três seqüências de pré-
processamento [2][4]:
1a: Filtro passa baixa 3x3; Segmentação global em 25%;
Filtro mediana de raio 9; Preenchimento morfológico; e
Reconhecimento da identação.
2a: Segmentação Modal; Filtro mediana de raio 9;
Preenchimento morfológico; e Reconhecimento da
identação.
a
3 : Segmentação Modal; Preenchimento morfológico;
Reconhecimento da identação.
Na figura 3, pode ser observado o resultado (f) da
a terceiro método (P), as medidas são obtidas em função da
aplicação da 1 seqüência à imagem original (a) referente a
dureza Brinell com diâmetro 679 apresentada na figura 1c.
Na figura 4 tem-se os resultados obtidos referente à
seqüência 3 aplicada na imagem Vickers. As etapas
escolhidas são resultado de exaustivos testes computacionais
que podem ser acessados em [3].
Figura 4. (a) Segmentação Modal e (b) preenchimento
morfológico aplicados à imagem Vickers.
O pré-processamento de imagens consiste em uma etapa
fundamental para a obtenção de bons resultados na fase de
análise. Existe uma grande variedade de técnicas que
realizam a melhoria nas imagens, entretanto muitas delas
podem também acrescentar ou diminuir informações, o que
pode acarretar resultados incorretos na etapa de análise, ou,
em alguns casos, até impossibilitar a obtenção de resultados.
2.3. Análise das Imagens
Para extração do diâmetro da identação das imagens
obtidas nos ensaios de dureza Brinell, foram utilizados os
seguintes métodos: Diferença de Coordenadas (DC); Área
(A); Perímetro (P); e, Três Pontos Eqüidistantes (TPE).
No caso da dureza Vickers, foram utilizados os mesmos
métodos com exceção do quarto, o qual consiste na
identificação dos vértices do perímetro (VP).
O método da diferença de coordenada (DC) consiste na
obtenção do diâmetro da marca de identação (Dureza
Brinell) ou diagonal (Dureza Vickers) em função das
coordenadas máxima e mínima dos pixels (menor elemento
de área de uma imagem) pretos. No método da área (A), o
diâmetro e a diagonal são obtidos em função da área, através
do somatório dos pixels da marca de identação. Para o
característica Perímetro, o qual é determinado através da
utilização do algoritmo 4-conectado [5].
No método dos três pontos eqüidistantes, usado na
dureza Brinell, o diâmetro é determinado através da equação
da circunferência obtida em função das coordenadas de três
pontos eqüidistantes pertencentes ao perímetro.
O quarto método utilizado para dureza Vickers (VP),
consiste na obtenção da diagonal através das coordenadas
dos pixels identificados como vértices. O algoritmo para
determinar os vértices do perímetro consiste nos seguintes
passos: (1) Armazenamento das coordenadas dos pixels da
borda da marca de identação; (2) inserção de um
paralelogramo inscrito a partir das coordenadas de quatro
pixels com índices eqüidistantes; (3) computando a menor
distância entre cada pixels da borda e os lados do
paralelogramo; (4) Um possível vértice é identificado
através da maior distância obtida.
As tabelas 1 e 2 apresentam alguns dos resultados
obtidos em ensaios de dureza Brinell e Vickers,
apresentados em [2]
Tabela 1. Erros obtidos na obtenção do diâmetro no ensaio de
dureza Brinell
Diâmetro (µm) Erro (%)
DC 688,1 1,25
A 686,7 1,04
P 747,7 10,02
TPE 683,9 0,63
VV 679,6 -
Tabela 2. Erros obtidos na obtenção da diagonal media no ensaio
de dureza Vickers
Diagonal (µm) Erro (%)
CD 141,9 4,89
A 142,81 4,28
P 106,37 28,71
VP 142,01 4,82
VV 149,2 -
3. ESCOLHA DO MÉTODO PADRÃO
Em qualquer sistema de medição, as decisões são
tomadas com foco na qualidade e credibilidade da medida
que é resultado de um processo de medição, o qual
determina a sua incerteza. Em função da impossibilidade da
obtenção da incerteza dos resultados obtidos, a idéia é
definir uma metodologia padrão para medição de dureza
utilizando as tabelas de erros apresentados. Em [6] tem-se
em detalhes a metodologia utilizada e todos os resultados
obtidos. Neste contexto, cada tipo de corpo de prova é
considerado um critério para a definição do melhor método
para ser usado como padrão. Recai-se assim num problema
multicritério. No entanto, quer se evitar que o método que
apresente resultados com erros extremamente elevados,
numa determinada situação, possa compensa-los com erros
pequenos em outro corpo de prova. Fica assim descartado o
uso da Escola Americana de Multicritério [7]. Como não se
sabe a priori qual dos tipos de corpo de prova será mais
analisado, destaca-se que a Escola Francesa também não se
mostra adequada nesta aplicação. É uma situação de decisão
com incerteza em que se pretende que na pior das hipóteses
a medida apresente menor erro possível. Em termos
matemáticos isto equivale a minimizar uma distância de
Tchebycheff [8] entre o método utilizado e o método ideal.
Numa outra ótica é possível supor que uma “mão
invisível” escolhe o corpo de prova a ser medido. Enquanto
o objetivo do operador é garantir os menores erros possíveis,
“mão invisível” tem o objetivo dual de maximizar os erros.
Configura-se assim uma situação de dois jogadores com
ganhos de soma zero. Isto possibilita o uso de elementos de
teoria dos jogos na escolha do método padrão.
A teoria dos jogos aplica-se quando as conseqüências de
uma decisão não dependem apenas da decisão tomada, mas
dependem também de fatores não controlados pelo decisor,
simbolizados pela figura de um jogador oponente. Na teoria
dos jogos clássicos, o oponente também toma decisões que
maximizam os seus ganhos. No caso em estudo, o oponente
é o material cuja dureza está sendo analisada, e, portanto não
toma nenhuma decisão consciente. Mesmo assim, o
operador, ou primeiro jogador, não sabe qual o melhor
método a ser usado, e, portanto pode aplicar os resultados da
teoria dos jogos [9], em particular o uso de estratégias
conservadoras. Como o oponente não reage às estratégias,
não tem sentido falar em jogo com repetição nem estratégias
mistas.
Para se decidir por uma metodologia padrão para
medição de dureza com base nos resultados anteriormente
apresentados, apresenta-se uma comparação entre a
estratégia minmax e a estratégia do menor arrependimento
[6]. A utilização apenas do minmax como estratégia seria
uma atitude conservadora clássica, uma vez que com esta
espera-se decidir pela menor perda entre as maiores de uma
determinada matriz de perdas. É uma estratégia que garante
que, se tudo correr mal, o resultado da medição não será
mau.
Portanto, a estratégia “minmax” consiste em escolher
uma metodologia determinando-se aquela que obtém o
menor erro entre os maiores erros obtidos pelo conjunto de
metodologias, e a estratégia de “menor arrependimento”
consiste em escolher a metodologia em que, para o pior
caso, o usuário se arrependerá menos com o erro do
resultado obtido, isto é, que objetiva decidir pelo método em
que, para uma dada imagem de dureza, o usuário se
arrependerá menos de ter escolhido um método em
detrimento de outro que daria um melhor resultado com o
erro obtido.
Matriz de perda é o conjunto de valores absolutos que
um determinado jogador recebe dependendo da estratégia
que ele e seu oponente utilizam. No caso em estudo, as
perdas são negativos, ou seja, são os erros dos métodos de
medição. Portanto, ao invés de matriz de perdas, trabalha-se
com uma matriz de perdas. Esta, contendo a tabela de erros,
relaciona as metodologias desenvolvidas com os casos
apresentados (faixa de dureza ou grau de ampliação). A
estratégia minmax resume-se em determinar os maiores
erros para cada metodologia, equivale ao comportamento
conservador clássico, no qual o objetivo é indicar a
metodologia cujo maior erro é o menor entre os demais.
Uma outra solução possível é a determinação do método
que causa menor arrependimento. Este método tem por
objetivo que, no pior dos casos, a diferença entre o erro
obtido com o método utilizado e o erro obtido com o método
ideal a cada caso seja a menor possível. Matematicamente
consiste na aplicação do método minmax em uma matriz
auxiliar, que é obtida a partir da matriz de perdas, isto é, a
matriz auxiliar é resultante da diferença entre os erros
obtidos e os menores erros em cada metodologia.
Então, supondo uma matriz de erros M, com 3 linhas
(definidas pelas metodologias desenvolvidas) e 3 colunas
(definidas por três situações, como ampliação 200x, 100x e
50x), composta pelos seguintes elementos:
a11 a12 a13
M= (1)
a21 a22 a23
a31 a32 a33
Para determinar a metodologia padrão segundo a
estratégia minmax, primeiro determina-se o vetor dos
maiores erros:
MaE = |b1 b2 b3| onde,
b1 = maior valor entre a11 , a12 e a13
b2 = maior valor entre a21 , a22 e a23
b3 = maior valor entre a31 , a32 e a33
Em seguida, decide-se pelo método cujo valor de b é o
menor.
Para determinar a metodologia padrão segundo o critério
Menor Arrependimento, primeiro determina-se o vetor dos
menores erros:
MeE = |c1 c2 c3| onde,
c1 = menor valor entre a11 , a21 e a31
c2 = menor valor entre a12 , a22 e a32
c3 = menor valor entre a13 , a23 e a33
Em seguida determinam-se os elementos da matriz
auxiliar:
(a11 - c1) (a12 - c2) (a13 - c3)
AUX = (2)
(a21 - c1) (a22 - c2) (a23 - c3)
(a31 - c1) (a32 - c2) (a33 - c3)
E finalmente, aplica-se o método minmax na matriz
AUX para determinação da metodologia padrão, calculando
as maiores diferenças para cada metodologia, que são os
maiores valores para cada linha da matriz AUX e
escolhendo a metodologia cujo valor é o menor entre os se ter uma visão da ordem de grandeza dos erros obtidos nos
maiores encontrados. métodos. Na implantação real do método numa automação
É importante ressaltar que, o método minmax é de medição, caso não se optasse pela escolha automática,
fundamental, pois mesmo que não seja utilizado como uma apenas os métodos A e TPE (ótimos de Pareto) deveriam ser
estratégia independente, ele faz parte das etapas do método colocados à disposição do operador. Situação semelhante a
do menor arrependimento. esta acontecem em algumas das matrizes apresentadas nas
tabelas seguintes.
4. ESTUDO DE CASO
Tabela 3. Matriz de perdas referente aos valores absolutos dos
Em geral, as informações, utilizadas em tomadas de erros obtidos para as três faixas de dureza utilizando a seqüência de
decisões de qualquer atividade, são medidas relacionadas pré-processamento 1 .
com o objeto em estudo. Não é difícil observar que em um HB 679 HB 936 HB 1400
sistema automatizado, decisões são tomadas segundo um DC 1,25 0,26 6,27
determinado critério que nem sempre convergem para a A 1,04 0,04 5,69
obtenção do melhor resultado. Isto é, quando se opta pela P 10,02 9,88 13,90
automatização, supõe-se que o sistema tomará decisões que TPE 0,63 0,28 5,89
satisfazem àquele usuário que não tem conhecimento
suficiente para escolher a metodologia que melhor caberia Tabela 4. Identificação do método a partir do menor valor (em
ao seu caso em particular. azul) entre os maiores valores (em vermelho e itálico) da matriz de
perdas apresentada na tabela 3
Na configuração de alguns sistemas de medição vários
fatores devem ser considerados, mas especialmente em HB 679 HB 936 HB 1400
medições de identações de dureza Vickers e Brinell, é DC 1,25 0,26 6,27
fundamentalmente importante adicionar o fato de que as A 1,04 0,04 5,69
marcas de identação não exibem linhas de contornos bem P 10,02 9,88 13,90
definidos. Existe uma região com variação de tonalidade do TPE 0,63 0,28 5,89
preto (o que é considerado a identação) para o branco (o que
é suposto a parte do material que não apresenta deformação) Tabela 5. Identificação dos menores valores (em vermelho) para
[6]. cada faixa de dureza
Neste contexto, comportamentos distintos foram HB 679 HB 936 HB 1400
observados para as diferentes metodologias apresentadas DC 1,25 0,26 6,27
quando aplicadas às imagens com variação de dureza e/ou A 1,04 0,04 5,69
ampliação. O que indica que se realize o estudo separado P 10,02 9,88 13,90
para cada caso. Apresenta-se a seguir os resultados TPE 0,63 0,28 5,89
referentes ao ensaio Brinell. Em [6] é possível acessar os
demais resultados para ensaio Vickers, considerando as Em seguida determina-se a matriz auxiliar a partir da
questões anteriormente observadas. Cabe destacar que para diferença entre cada elemento e o menor valor para cada
imagens Vickers as estratégias decidiram pela metodologia coluna (Tab. 6).
diferença de coordenadas (DC).
Tabela 6. Matriz auxiliar obtida a partir da matriz de perdas
4.1. Metodologia Padrão para Dureza Brinell apresentada na tabela 3.
HB 679 HB 936 HB 1400
Para o caso da dureza Brinell, é apresentado resultados DC 0,62 0,22 0,58
referentes a duas seqüências de pré-processamento das A 0,41 0,0 0,0
imagens. Isto é, primeiro apresenta-se a aplicação da teoria P 9,39 9,84 8,21
do jogos para os erros obtidos com a primeira seqüência de TPE 0,0 0,24 0,2
pré-processamento (seqüência 1) e depois para a terceira
(seqüêcia 3). Para cada seqüência de pré-processamento, Finalmente, a metodologia dos três pontos eqüidistantes
também é feita separadamente a aplicação das estratégias (TPE) é indicada como padrão para extração do diâmetro
minmax e menor arrependimento. após a aplicação do método minmax na matriz auxiliar (Tab.
Portanto, dada a matriz de perdas apresentada na tabela 7).
1, determina-se pelo método minmax que a metodologia
área é a padrão para extração do diâmetro, pois obtém-se o Tabela 7. Identificação do método a partir da aplicação da
menor erro (5,69) entre o conjunto dos maiores erros estratégia minmax matriz apresentada na tabela 6.
apresentados na tabela 2. HB 679 HB 936 HB 1400
Por outro lado, pelo método do menor arrependimento, DC 0,62 0,22 0,58
identifica-se primeiro os menores valores para cada faixa de A 0,41 0,0 0,0
dureza (Tab. 3). P 9,39 9,84 8,21
Observa-se na tabela 3 que os métodos DC e P são TPE 0,0 0,24 0,2
dominados por A. Embora a Teoria dos Jogos recomende
que estes sejam eliminados da matriz, foram mantidos para
 Para os resultados obtidos com a seqüência 3 de pré- Observa-se que, para alguns casos, a estratégia minmax
processamento, a matriz de perdas apresenta-se na tabela 6. pode decidir pela mesma metodologia padrão que a
Novamente determina-se pelo método minmax que a estratégia menor arrependimento. Quando isto não acontece,
metodologia área é a padrão, pois obtém-se o menor erro observa-se nas tabelas apresentadas (Tab. 4 e 10), que se um
(1,04) entre o conjunto dos maiores erros apresentados na corpo de prova tiver sempre o maior erro, mesmo que a
tabela 8. diferença seja pequena, ele determinará o método a ser
usado com a estratégia minmax. Portanto, o método do
Tabela 8 - Matriz de perdas referente aos valores absolutos dos menor arrependimento é mais indicado, principalmente se
erros obtidos para as três faixas de dureza utilizando a seqüência de forem feitas várias medições.
pré-processamento 3.
HB 679 HB 936 HB 1400 5. CONCLUSÕES
DC 1,24 0,98 1,13
A 1,04 0,71 0,87 Como as metodologias apresentam comportamentos
P 11,09 10,80 8,95 distintos para cada faixa de ampliação e/ou dureza [2],
TPE 1,47 1,00 0,70 torna-se importante utilizar a teoria dos jogos e métodos de
apoio à decisão para possibilitar que o usuário, que não
Tabela 9. Identificação do método a partir do menor valor (em esteja familiarizado com as vantagens e/ou limitações das
azul) entre os maiores valores (em vermelho) da matriz de perdas técnicas de Visão Computacional utilizadas, obtenha bons
apresentada na tabela 8 resultados, ou seja, resultados com erros pequenos
HB 679 HB 936 HB 1400 compatíveis com a aplicação em estudo.
DC 1,24 0,98 1,13 Neste contexto, a estratégia "minmax" da teoria dos
A 1,04 0,71 0,87 jogos, não se apresentou adequada para os casos em estudo,
P 11,09 10,80 8,95 uma vez que, as tabelas apresentam casos, faixa de dureza
TPE 1,47 1,00 0,70 ou ampliação, cujos valores dos erros são maiores, e que, em
função deste fato, passam a determinar a metodologia
Pelo método do menor arrependimento, os menores padrão independente dos resultados das outras faixas [6].
valores para cada faixa de dureza são identificados na tabela Entretanto, a estratégia do "menor arrependimento" define a
9. metodologia de extração do diâmetro pela área (A) como o
Em seguida a matriz auxiliar é obtida a partir da método padrão para a seqüência 3 de pré-processamento e,
diferença entre cada elemento e o menor valor para cada quando a seqüência 1 de pré-processamento é utilizada, a
coluna (Tab. 12). metodologia definida como padrão é a de extração do
E finalmente, a metodologia da área (A) é novamente diâmetro pelos três pontos eqüidistantes (TPE). Para dureza
indicada como padrão para extração do diâmetro após a Vickers, tanto a estratégia "minmax" quanto a de "menor
aplicação do método minmax na matriz auxiliar (Tab. 11). arrependimento", define a metodologia de extração da
diagonal pela diferença de coordenadas (DC) como padrão.
Tabela 10. Identificação dos menores valores (em vermelho) para A metodologia usada neste caso, embora simples, não é
cada faixa de dureza freqüente na escolha de processos nas várias áreas de
HB 679 HB 936 HB 1400 Engenharia. Embora seja uma preocupação corrente em
DC 1,24 0,98 1,13 Pesquisa Operacional, seu uso é pouco difundido fora deste
A 1,04 0,71 0,87 campo.
P 11,09 10,80 8,95 Observa-se na maioria dos casos, que os jogos
TPE 1,47 1,00 0,70 considerados têm ponto de sela, isto é são estáveis já que
minmax = maxmin. O significado desta constatação é que
Tabela 11. Matriz auxiliar obtida a partir da matriz de perdas mesmo que a fictícia “mão invisível” fosse dotada de
apresentada na tabela 8. vontade própria e agisse racionalmente, ainda assim numa
HB 679 HB 936 HB 1400 série de medidas repetidas os métodos padrão seriam sempre
DC 0,2 0,27 0,43 os que foram determinados neste artigo. Portanto os
A 0,0 0,0 0,17 resultados são extremamente robustos.
P 10,05 10,09 8,25 Ressalta-se que as escolhas feitas levaram em
TPE 0,43 0,29 0,0 consideração os corpos de prova disponíveis. Para uma
decisão industrial, vários corpos de prova deveriam ser
Tabela 12. Identificação do método a partir da aplicação da testados antes da escolha do método padrão.
estratégia minmax matriz apresentada na tabela 10.
HB 679 HB 936 HB 1400
DC 0,2 0,27 0,43 AGRADECIMENTOS
A 0,0 0,0 0,17
P 10,05 10,09 8,25 Os autores agradecem à FAPERJ pelo apoio financeiro e
TPE 0,43 0,29 0,0 ao INT por fornecer as imagens que serviram de base para
este trabalho, em especial ao Sr. Ibrahim Abud e equipe.
REFERÊNCIAS Autores:
D.Sc., Fabiana Rodrigues Leta, Universidade Federal Fluminense,
[1] G. Barbato e S. Degosus, B AR B ATO , G. , S . D e s o g u s ,
Departamento de Engenharia Mecânica, Programa de Pós-
“ P r o b l e ms i n t h e me a s u r e me n t o f V i c k e r s a n d
Graduação em Engenharia Mecânica, Laboratório de Metrologia
Brinell indentations”, Measurement, Vol. 4, No. 4,
Dimensional, R. Passo da Pátria, 156, CEP 24210-240, Niterói, Rio
pp. 137-147,1986.
de Janeiro, Brasil, Tel: +55-21-2620-7070, Fax: +55-21-2717-
[2] V. B. Mendes e F. R. Leta, Automatic Measurement of Brinell
4446, fabiana@ic.uff.br.
and Vickers Hardness Using Computer Vision Techniques, XVII
IMEKO World Congress, Dubrovnik, Croatia, 2003. M.Sc., Vilson Berilli Mendes, Física, Grupo de Armas – Instituto
[3] V. B. Mendes., Medição de Identações de Dureza Brinell e de Pesquisa da Marinha, Curso Superior de Tecnologia em
Vickers por Meio de Técnicas de Visão Computacional, PGMEC, Informática - Faculdades São José, R Ipiru, 2, Rio de Janeiro-RJ,
UFF, Rio de Janeiro, Brasil, 2003. 21931-090, vberilli@ipqm.mar.mil.br
[4] R. Gonzales e R.Woods, Digital Image Processing. Addison-
Wesley, 1rd edition. ISBN. 1993. D.Sc., João Carlos Soares de Mello, Universidade Federal
[5] F. V. Heijden, Image Based Measurement Systems, John Wiley Fluminense, Departamento de Engenharia de Produção, Programa
& Sons, NY, 1994. de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Laboratório de
[6] V. B. Mendes e F. R. Leta, “Escolha de um método padrão Metrologia Dimensional, R. Passo da Pátria, 156, CEP 24210-240,
para a medição automática de dureza”, Simpósio Brasileiro de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, Tel: +55-21-2620-7070,Fax:+55-
Pesquisa Operacional, Brasil, a publicar, 2003. 21-2717-4446, jcsmello@producao.uff.br
[7] Barba-Romero, S & Pomerol, J. C. (1997), Decisiones .
Multicriterio: Fundamentos Teóricos e Utilización Práctica.
Colección de Economia. Universidad Alcalá.
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