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A RELEVÂNCIA DOS CUSTOS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE

VENDA: A PERCEPÇÃO DOS GRADUANDOS DE CIÊNCIAS


CONTÁBEIS EM UM EXERCÍCIO DE SIMULAÇÃO GERENCIAL

Resumo

Este trabalho tem como objetivo comparar a percepção dos graduandos de ciências contábeis
quanto à importância dos conhecimentos em custos para a formação do preço de venda com o
efetivo critério utilizado para formar este preço. Através de uma pesquisa exploratória,
utilizou-se um exercício de simulação gerencial para realizar esta comparação. Evidencia-se a
relevância dos conhecimentos de custos, no âmbito empresarial, para a política de formação
de preço. Apresenta-se, ainda, o nível de assimilação de conhecimento de conceitos básicos
de custos. Denomina-se este nível de assimilação como “o quanto o aluno está de acordo com
os conceitos apresentados”. Os resultados evidenciam que a maioria dos alunos acredita que
os conhecimentos de custos são “muito” ou “extremamente importantes” para a formação do
preço de venda. Entretanto, menos de um terço utilizou os custos como base para definição do
preço de venda, sendo que a maioria optou pela média do mercado. Embora a teoria, e a
percepção, expressem a importância dos conhecimentos de custos para a formação do preço
de venda, a prática, observada em um ambiente simulado, não corrobora esta premissa.

Palavras-chave: Custos. Formação do Preço de Venda. Simulação Gerencial. Jogos de


Empresa.

1 Introdução
Com o advento da abertura do mercado nacional e inserção do Brasil na competição
global, associado aos avanços tecnológicos e a proliferação de produtos, as empresas se vêem
num clima de concorrência acirrada, onde são forçadas a se aprimorarem para poder alcançar
os seus objetivos e, até mesmo, sobreviverem no mercado.
Nesse contexto, as empresas se empenham para obter competitividade, implementando
diversas ações de melhorias que contribuem para atingir as metas organizacionais.
Segundo Padoveze (2003, p. 93), em menção ao relatório do BNDES – Banco
Nacional de Desenvolvimento, “competitividade de uma empresa pode ser definida, em
sentido amplo, como sua capacidade de desenvolver e sustentar vantagens competitivas que
lhe permitam enfrentar a concorrência”.
Um dos fatores vitais dessas vantagens competitivas está relacionado à política de
formação dos preços de seus produtos/serviços, uma vez que, num modelo de mercado aberto,
o preço passa a ser efetivamente um regulador entre a oferta e a procura (BERNARDI, 1998).
Assim, a presente pesquisa parte do pressuposto de que a utilização dos custos na
formação do preço de venda dos produtos/serviços pode auxiliar a na obtenção de vantagens
competitivas. Neste sentido, torna-se fundamental que os gestores possuam o conhecimento
da estrutura de custos de suas empresas para a adoção de políticas de formação de preço
condizente com o mercado de atuação e, principalmente, com os objetivos organizacionais. O
uso da informação contábil como ferramenta para administração, portanto, é fundamental para
a tomada de decisão gerencial (PADOVEZE, 1997).
Leone (2000) reforça a afirmativa que os contadores são os responsáveis pelo sistema
de custos das empresas, classificando e relatando dados como medidas essenciais ao próprio
desempenho da função contábil.
Tendo em vista a participação do profissional contábil como provedor de informações
para a tomada de decisões, inclusive no reconhecimento dos custos, buscou-se verificar qual a
percepção dos graduandos de Ciências Contábeis quanto à importância do conhecimento em
contabilidade de custos para a formação do preço de venda. Para isso, buscou-se junto ao
Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, as
informações curriculares relacionadas com o ensino de custos e formação do preço de venda e
disciplinas estruturadas em torno de um exercício de simulação gerencial, também chamado
de jogos de empresas.
Existe uma grande dificuldade em se desenvolver uma pesquisa em ambiente
empresarial, onde existe certa relutância por parte de gestores e empresários em fornecer
informações gerenciais para subsidiar trabalhos científicos. Diante desta limitação, uma
alternativa é a utilização de simuladores. Assim como os pilotos de aviões, após obterem toda
a instrução teórica de pilotagem, passam por um simulador de vôo, os gestores,
administradores, contadores e outros tomadores de decisão, podem aplicar os seus
conhecimentos teóricos, adquiridos na academia, em um ambiente simulado. Esta simulação
serve para massificar o conhecimento diante da prática, sem o risco de perder recursos
financeiros, cada vez mais escassos, em decorrência da tomada de uma decisão equivocada.

2 A relevância dos custos na formação do preço de venda


No ambiente de mercado atual, a adequada determinação de preços de venda é questão
fundamental para a sobrevivência e o crescimento das empresas, independentemente de seus
portes e de suas áreas de atuação (WERNKE, 2005). As empresas necessitam adotar uma
política eficiente de preços, pois dessa forma conseguem atingir seus objetivos de lucro,
desenvolvimento e crescimento a longo prazo, entre outros.
Segundo Assef (1997), essa política de preços deve ser perfeitamente identificada com
o mercado de atuação, devendo contemplar a análise dos custos gerais da empresa, seu
equilíbrio operacional e o retorno desejado pelos acionistas.
A política de formação de preços praticada pela empresa deve observar a lucratividade
proporcionada por seus produtos e, principalmente, a sua estrutura operacional. Caso
contrário, pode não atingir os seus respectivos equilíbrios operacionais e vir a comprometer a
sua sobrevivência no mercado. Para Bruni & Famá (2004, p. 321), o sucesso empresarial pode
não ser conseqüência direta da decisão acerca dos preços. Todavia, um preço equivocado de
um produto ou serviço certamente causa sua ruína.
Outro fato importante, descrito por Horngren; Sundem & Stratton (2004), revela que
todo e qualquer produto ou serviço possui um ciclo de vida. Alguns mais curtos, como roupas
e brinquedos da moda, e outros mais longos como automóveis ou refrigeradores. Há produtos
que têm estágio longo de desenvolvimento e uma vida relativamente curta de mercado, como
é o caso dos pacotes de software de computador. Outros, como aviões, têm, muitas vezes,
vida de mercado mais longa do que seu estágio de desenvolvimento.
O ciclo de vida do produto se refere aos vários estágios pelos quais o produto passa, da
concepção e desenvolvimento à introdução no mercado, passando pela maturidade e,
finalmente, pela descontinuidade. Em cada estágio, os gestores se defrontam com custos e
retornos potenciais diferentes (HORNGREN; SUNDEM; STRATTON, 2004).
No processo de planejamento, os gestores devem adotar uma estratégia de
determinação de preços a fim de reconhecer a necessidade de receitas para cobrir os custos
das fases, tanto de desenvolvimento como de descontinuidade do produto.
Outro momento em que a importância se manifesta é quando se praticam preços
demasiadamente justos para determinados produtos, incorporando-se apenas uma margem
reduzida sobre os custos de compra ou de produção, ou ainda quando os concorrentes lançam
promoções com preços reduzidos. Para tanto, é preciso avaliar se este preço pode ser
praticado e por quanto tempo. Há, também, a necessidade de se verificar a possibilidade de
acompanhar uma promoção destas e se há condições, depois, de repor o estoque a preços
normais. E o mais importante, é saber se, diante dos preços predatórios, a empresa consegue
sobreviver (THEISS; KRIECK, 2005).
Ainda, Crepaldi (1998) enfatiza que a fixação dos preços de venda dos produtos é uma
tarefa complexa e leva em consideração vários fatores – tais como as características da
demanda do produto, a existência ou não de concorrentes e acordo entre os produtores.
Assim, o custo de fabricação dos produtos é uma variável que desempenha um papel
importante, principalmente pelo fato de que, a não ser em circunstâncias especiais, a empresa
não pode vender por um preço abaixo do custo.

3 Simulação gerencial
Os jogos de negócio, também chamados de simulação gerencial, ou jogos de
empresas, surgiram durante a década de 1950, e hoje são amplamente utilizados tanto na
academia quanto no treinamento e capacitação gerencial (KEYS; WOLFE, 1990).
Segundo Dugaich (2005), os jogos de negócios constituem uma nova forma de ensino
na área administrativa que não somente auxilia os alunos a absorverem os conhecimentos
teóricos aprendidos em disciplinas prévias, como também desenvolverem percepções sobre as
aplicações empíricas.
Sauaia (1995) afirma que este tipo de jogo tenta recriar uma entidade, ou grupos de
entidades, por meio de material escrito, tais como demonstrativos contábeis, econômicos,
financeiros e operacionais, e normalmente com o auxílio de um software específico. Os
participantes deste tipo de jogo (ou simulação) assumem papéis de diretores de marketing,
produção, recursos humanos, operações, financeiros, entre outros. Esta empresa simulada atua
em um determinado setor e pode ser influenciada, além das decisões dos concorrentes, pelos
fatores econômicos, legais e sociais.
Greenlaw, Herron & Rawdon (apud Tanabe, 1977, p. 2), definem a simulação
gerencial como “… um exercício seqüencial de tomada de decisões, estruturado em torno de
um modelo de uma situação empresarial, no qual os participantes se encarregam da tarefa de
administrar as empresas simuladas”.
Conforme Keys & Wolfe (1990), a simulação gerencial foi criada a partir da junção
dos então chamados jogos de guerra, teorias educacionais alternativas, pesquisa operacional e
tecnologia computacional. Um dos primeiros jogos de negócio chamado Monopologs surgiu
na força aérea americana nos anos de 1950, originalmente com o intuito de simular o controle
de suprimentos militares, e posteriormente utilizado pela academia. Em 1956 foi desenvolvido
um jogo voltado especificamente ao mundo dos negócios chamado Top Management
Decision Simulation, cuja pioneira na sua utilização foi a Universidade de Washington
(FARIA, 1990).
No Brasil, de acordo com os jogos de negócio chegaram uma década mais tarde. A
primeira instituição a utilizar-se deste método, apontada por Tanabe (1977), foi a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O nível de utilização da simulação gerencial vem
apresentando um grande crescimento, tanto nos Estados Unidos (FARIA, 1990) quanto no
Brasil (BERNARD, 2006a).
Apesar da elevação deste nível de utilização, seja por novas exigências metodológicas,
pedagógicas ou mercadológicas, deve-se destacar que, embora o método de simulação
gerencial apresente vários benefícios em relação aos métodos tradicionais, existem limitações
que devem ser consideradas para que não ocorra o seu uso inapropriado. O Quadro 1 aponta
algumas vantagens e desvantagens na sua utilização.

Vantagens da simulação gerencial Desvantagens da simulação gerencial


§ Facilitação do aprendizado (os alunos tornam-se § Alto grau de generalização;
agentes ativos do processo); § Alto custo de implantação;
§ Resgate de conhecimentos adquiridos § A existência de alguns fatores de difícil
anteriormente; modelagem (como, por exemplo, a
§ Integração de conhecimentos adquiridos de forma perda real de dinheiro);
isolada (contabilidade, produção, finanças, recursos
humanos, planejamento, etc);
§ Foco na tomada de decisão;
§ Familiarização com ferramentas de apoio à decisão;
§ Aumento do interesse, envolvimento e entusiasmo
do participante;
§ Provê um rápido, concreto e consistente retorno das
decisões;
§ Aumenta o entendimento dos participantes sobre as
relações dos fatores físicos e comportamentais dos
negócios;
§ Possibilidade de identificação de aspectos
comportamentais, tais como estilos de liderança e
trabalho em equipe.
Fonte: Adaptado de Keys & Wolfe (1990) e Bernard (2006b).
Quadro 1 – Vantagens e Desvantagens da Simulação Gerencial

4 Dinâmica e classificação da simulação gerencial


Em um exercício de simulação gerencial típico os alunos são divididos em equipes que
representam empresas fictícias. Normalmente, estes alunos assumem cargos específicos, tais
como diretor financeiro, produção, marketing, recursos humanos, entre outros. Estas empresas
simuladas são concorrentes dentro de um mesmo mercado.
No início da aula, o professor entrega para cada equipe um conjunto de relatórios
gerenciais como, por exemplo, demonstrações contábeis, relatórios financeiros, relatórios
operacionais e as informações macroeconômicas do cenário simulado: índice de crescimento
econômico, inflação, taxa de juros, preços de fornecedores e outros. Tendo acesso a estas
informações, os alunos tomam as decisões para um próximo período simulado. O professor,
ao receber as decisões formuladas pelos alunos, processa as mesmas em um software de
simulação gerencial, elabora um novo cenário e repete o ciclo.
Dentro dessa dinâmica, ainda é possível realizar incidentes que reflitam determinadas
situações baseadas na realidade. Alguns exemplos de incidentes podem ser: greves,
negociações sindicais, falta de determinados tipos de produtos e serviços, leilão de lotes de
produtos, premiações, elaboração de relatórios não gerados pelo simulador como, por
exemplo, planilhas de custo, e o que for possível ser criado pelo professor, desde que tenha
relação com os objetivos da simulação. A Figura 1 exemplifica a dinâmica de uma simulação
gerencial.

Simulador Relatórios

Decisões Decisões
(Empresas) (Coordenador)

Jornal

Análise
(Empresas)

Fonte: Adaptado de Bernard (2007, p. 337).


Figura 1 – Dinâmica de uma simulação gerencial

Segundo Bernard (2007), uma simulação gerencial pode ser utilizada com as mais
diversas configurações, dependendo dos objetivos da aplicação e do tipo de simulador
utilizado. Estas configurações podem ser classificadas de acordo com as peculiaridades do
simulador ou quanto à forma de aplicação da dinâmica. A seguir são apresentadas algumas
das classificações da simulação, apontadas pelo autor:
a. Geral versus funcional: Uma simulação geral pode ser caracterizada como decisões
em nível estratégico (alta diretoria), enquanto que em uma simulação do tipo
funcional enfoca decisões táticas e o desenvolvimento de habilidades relacionadas
a atividades específicas da função.
b. Equipe versus individual: Normalmente, em uma simulação do tipo geral, é
aconselhada a existência de equipes, pois é desejável que os alunos entendam a
relação entre as diversas áreas das empresas simuladas. Na aplicação de
simulações funcionais pode-se trabalhar individualmente, pois o foco é em uma
função específica.
c. Interativo versus não-interativo: Em simulações interativas, as decisões de uma
determinada equipe influenciam as demais. Já em simulações não-interativas, as
decisões de uma empresa simulada não afetam a concorrência.
d. Variáveis determinísticas versus estocásticas: Em simulações baseadas em
modelos determinísticos, as decisões podem ser processadas várias vezes e os
resultados serão sempre os mesmos, enquanto que em modelos estocásticos
existem variáveis aleatórias e, quando ocorrer um novo processamento, são
gerados novos resultados, mesmo que as decisões tomadas forem as mesmas.
e. Informatizados versus não informatizados: Os simuladores gerenciais inicialmente
não eram informatizados, o que limitava alguns aspectos como a complexidade e a
velocidade de processamento. Com a evolução da computação, os simuladores
gerenciais foram informatizados, ganharam complexidade, velocidade, e reduziram
a probabilidade de erros.
f. Tomada de decisão manual versus tomada de decisão informatizadas: as decisões
podem ser tomadas de forma manual, com o auxílio de calculadoras e planilhas
eletrônicas e, dependendo dos objetivos da simulação, podem ser utilizados
softwares específicos de apoio à decisão.

Os simuladores gerenciais utilizados neste estudo foram produzidos pela mesma


empresa. Estes simuladores podem ser classificados como do tipo geral, interativo,
determinístico e informatizado, sendo que a dinâmica das disciplinas foi em equipes e com
tomada de decisões manuais.
A seguir, são apresentadas algumas características dos simuladores utilizados pela
UFSC, conforme o manual disponibilizado pela desenvolvedora do software (SIMCO, 2007;
SIND, 2007; SIND PME, 2007):
a. SIMCO 4.0: simula uma empresa varejista de capital aberto. Esta empresa
comercializa cinco tipos de mercadorias, sendo dois produtos perecíveis e três
produtos duráveis. Alguns dos custos, e despesas, que os alunos precisam controlar
são: custo da mercadoria vendida, propaganda, salários (de vendedores,
funcionários da logística e funcionários administrativos), treinamento (de
vendedores e funcionários da logística), comissão de vendedores, estocagem,
aluguel de instalações, depreciação de prédios e instalações, perdas de produtos,
despesas financeiras, entre outros. Dentre as principais variáveis de decisão
podem-se citar: compra de mercadorias, mix de vendas, contratação e demissão de
funcionários, política salarial, investimento em treinamento, construção de
instalações, solicitação de empréstimos e aplicação de recursos. O principal
indicador de desempenho gerencial neste simulador é a cotação na bolsa de
valores.
b. SIND 4.0: simula uma empresa industrial de capital aberto. Esta empresa fabrica
um único produto durável, vendido em diferentes regiões. Dentre os custos e
despesas deste simulador, podem-se citar: matéria-prima, salários (produção,
vendedores e funcionários administrativos), depreciação de máquinas, depreciação
de prédios e instalações, estocagem, manutenção de máquinas, propaganda,
distribuição e despesas financeiras. As principais decisões tomadas pelos
participantes são: mix de vendas, programação da produção, contratação e
demissão de empregados da produção, compra e venda de máquinas, empréstimos
e aplicação financeira. O principal indicador de desempenho gerencial neste
simulador, assim como no SIMCO 4.0, é a cotação de suas ações.
c. SIND PME (versão beta): Este simulador é uma versão mais simples do SIND 4.0
e simula uma pequena indústria que fabrica um único produto, vendido em uma
única região. Ele apresenta quase as mesmas variáveis do SIND 4.0, com algumas
limitações. O principal indicador de desempenho gerencial neste simulador é o
valor do patrimônio líquido da empresa.
5 Percepção dos alunos quanto à relevância dos custos na formação do preço de venda
Para a realização do estudo foram selecionados os alunos da UFSC que cursavam
disciplinas estruturadas em torno da simulação gerencial, durante o primeiro semestre do ano
de 2007. Duas disciplinas do currículo do curso de Ciências Contábeis utilizam este método:
Jogos de Empresa I e Jogos de Empresa II. Ambas as disciplinas são oferecidas nas últimas
fases do curso e têm como pré-requisito as disciplinas de Contabilidade de Custos e Análise
de Custos.
As disciplinas de jogos de empresa foram aplicadas em quatro turmas: duas no período
matutino e duas no noturno, totalizando139 alunos regularmente matriculados.
Para facilitar a análise, cada turma foi denominada por uma letra. O Quadro 2
apresenta as características iniciais das turmas pesquisadas.

Nº de Alunos
Turma Disciplina Turno Tipo de Simulação
Matriculados
A Jogos de Empresa I Matutino Comercial 37
B Jogos de Empresa II Matutino Industrial 29
C Jogos de Empresa I Noturno Comercial 39
D Jogos de Empresa II Noturno Industrial (PME) 34
Fonte: Elaborado pelos autores.
Quadro 2 – Características das turmas de jogos de empresas da UFSC

Para a realização desse estudo foi desenvolvida uma pesquisa através da aplicação, in
loco, de questionários semi-estruturados contendo, em sua maioria, perguntas fechadas com
respostas múltiplas. O questionário foi dividido em quatro partes: aspectos demográficos;
critério para formação do preço de venda; relevância dos conhecimentos de custos e
conhecimentos de custos.
Inicialmente, o questionário apresentou perguntas para descrever as características da
simulação e do respondente, onde permitiu identificar o semestre curricular, o turno da
disciplina, nome da empresa simulada e o tipo de simulação.
Depois, foi apresentada uma pergunta com respostas dicotômicas para identificar se o
aluno cursou/cursava, ou não, a disciplina de Contabilidade Gerencial, uma vez que a
formação do preço de venda é um dos tópicos abordados no seu programa. Verificou-se que a
maioria dos alunos (91,21%) já havia cursado ou estava cursando a referida disciplina.
Em seguida, passou-se para a identificação do critério utilizado na formação do preço
de venda adotado pela empresa simulada. Esse questionamento apresentou a combinação de
respostas fechadas com uma aberta, objetivando identificar outro critério diferente das opções
apresentadas anteriormente:
• “Sem critério definido (chute)”;
• “Lucro desejado”;
• “Média do mercado”;
• “Líder do mercado”;
• “Custos”;
• “Outros. Qual?”.
Outro questionamento realizado foi para identificar qual o entendimento do aluno
sobre a importância dos conhecimentos de custos para a definição do preço de venda. Para
atender a este questionamento optou-se pela utilização da Escala Likert de cinco níveis, do
mais baixo (nível 1), “sem importância”, até o mais alto (nível 5), “extremamente
importante”.
Finalizando, o questionário apresentou sete perguntas, abordando alguns conceitos
básicos de custos, onde também foi utilizada a Escala Likert de cinco níveis para indicar a
assimilação dos graduandos em relação aos conhecimentos de custos, também do nível mais
baixo (nível 1), “discordo totalmente”, até o mais alto (nível 5), “concordo totalmente”.
Considera-se, neste estudo, para efeito da elaboração do questionário, que o nível de
assimilação dos conhecimentos representa “o quanto o aluno está de acordo com os conceitos
apresentados”.
Obteve-se uma amostra de 66,19% da população pesquisada, totalizando 92
respondentes. Sendo que desses 92 respondentes, 22 alunos não identificaram o nome da
empresa simulada e apenas um não respondeu qual critério foi utilizado para a formação do
preço de venda.
A maioria dos respondentes (60,44%) informou que o critério utilizado foi a “média
do mercado” e apenas 26 alunos (28,57%) se basearam no “custo” para formar o preço de
venda.
Considerando somente os 69 alunos que identificaram o nome da empresa e que
informaram o critério utilizado, a diferença é ainda maior: 46 (66,67%) optaram pela “média
do mercado”, 16 (23,19%) optaram pelo critério “custo” e 7 (10,15%) nos demais critérios.
A Figura 2 apresenta o gráfico comparativo entre os critérios escolhidos pela
totalidade dos respondentes, enquanto a Figura 3 apresenta o gráfico comparativo entre os
critérios escolhidos dos respondentes que identificaram as empresas simuladas e informaram
o critério adotado pela mesma. Esta separação se fez necessária, pois, somente com a
identificação da empresa simulada, foi possível a constatação das empresas que tiveram
problemas por vender abaixo do preço de venda, tornando possível verificar quais critérios
foram adotados por estas.

Critérios de definição do preço de venda

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%
Lucro Líder do Média do
Chute Custos Outros
desejado mercado mercado

Respondentes 3,30% 3,30% 0,00% 60,44% 28,57% 4,40%

Figura 2 – Critérios de definição do preço de venda


Critérios de formação do preço em relação às empresas
identificadas

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%
Lucro Líder do Média do
Chute Custos Outros
desejado mercado mercado

Respondentes 2,90% 2,90% 0,00% 66,67% 23,19% 4,35%

Figura 3 – Critérios de formação do preço em relação às empresas identificadas

Foi verificado o resultado das empresas simuladas no período em que estava


ocorrendo a aplicação dos questionários. Este levantamento consistiu em verificar quais as
empresas que tiveram prejuízo ocasionado por apresentar um preço de custo mais elevado do
que o preço de venda praticado. Estas empresas tinham produtos em estoque, tinham demanda
suficiente para os seus produtos, entretanto, tiveram prejuízo em decorrência de ter vendido
seus produtos com valor abaixo do seu preço de custo.
Nesse sentido, foram identificadas, pelos respondentes, trinta empresas distintas,
sendo que três destas apresentaram prejuízo em decorrência desse fato. Verificou-se, pelas
respostas, que os representantes dessas três empresas (num total de oito alunos) afirmaram ter
optado pela “média do mercado” para formar o seu preço de venda.

Relevância dos custos em relação às empresas identificadas

60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Sem Pouco Muito Extremam.
Importante
importância importante importante importante

Respondentes 0,00% 0,00% 11,59% 30,43% 57,97%

Figura 4 – Relevância dos custos em relação às empresas identificadas

O nível de relevância dado pelos graduandos aos conhecimentos de custos para a


formação do preço de venda ficou entre “muito” a “extremamente importante”, embora a
maioria (66,67%) tenha optado pela “média do mercado” para definir o seu preço. A Figura 4
representa o quadro comparativo entre os níveis de importância dado aos custos na formação
do preço de venda dos respondentes que identificaram as empresas e o critério adotado.
Quanto aos conhecimentos de custos, o nível de assimilação dos conceitos básicos
apresentados (definição de custo e tipos de custo: direto, indireto, fixo e variável), ficou entre
“concordo parcialmente” e “concordo totalmente”. No entanto, os questionamentos
relacionados aos métodos de custeio (absorção e variável) indicaram um menor nível de
assimilação por parte dos alunos.
Aproximadamente 19,57% dos alunos afirmaram discordar parcialmente ou totalmente
dos conceitos dos métodos de custeio apresentados no questionário – ressalta-se que estes
conceitos foram extraídos de autores citados na bibliografia do plano de ensino das disciplinas
de custos do curso analisado, e todas as questões eram afirmativas verdadeiras.
Algumas diferenças entre as turmas merecem ser retratadas neste levantamento: as
turmas B e D já haviam realizado a disciplina de Jogos de Empresa I. Além disso, no
momento da aplicação do questionário, a turma D já estava em uma segunda simulação,
dentro da mesma disciplina, utilizou um simulador menos complexo e teve acesso a um
relatório de custos.
A única turma que apresentou uma maior diferença com relação ao critério adotado
para a formação do preço de venda foi a turma D. A metade dos respondentes desta turma
utilizou o critério “custo” para definir o preço de venda. Esta diferença pode estar associada à
experiência dos alunos com a técnica de simulação gerencial, ao uso de um simulador mais
simples e ao acesso ao relatório de custos.

6 Conclusões e recomendações
Esta pesquisa demonstrou que, apesar da maioria dos alunos (88,40%) terem
respondido que os conhecimentos de custos são “muito” ou “extremamente importantes” para
a formação do preço de venda, apenas 23,19% utilizaram os custos para a sua formação,
enquanto 66,67% optaram pela média do mercado.
Este resultado é preocupante, pois os respondentes são alunos que estão cursando os
últimos semestres do curso de Ciências Contábeis e obrigatoriamente já haviam cursado pelo
menos duas disciplinas com enfoque em custos. Entretanto, uma parcela considerável destes
alunos parece ter problemas de entendimento sobre os conceitos de custos ou de sua
contextualização.
Este estudo preliminar pode servir de alerta para o ensino de custos, tendo em vista a
importância destes conceitos para a formação do profissional para o mercado de trabalho.
Além disso, este estudo apresenta a simulação gerencial como uma forma de identificar falhas
no aprendizado de custos e corrigir estas deficiências em tempo hábil, ou seja, antes que este
futuro profissional conclua o curso e vá despreparado para o mercado de trabalho.
Sugere-se, para futuras pesquisas, a replicação deste trabalho em outras instituições de
ensino, para averiguar se as preocupações levantadas se estendem a outros cursos de ciências
contábeis.

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