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ESTUDO DE CASO
Petrolina – PE
2016
Introdução
Empresas familiares segundo Donnelley (1976) são empresas que estão ligadas a
uma família pelo menos há duas gerações e no momento que essa identificação reflete
em influência recíproca na política geral da firma e nos interesses e objetivos da família.
As empresas familiares são maioria absoluta no mercado organizacional e
representam boa parte da economia do país, consequentemente um fator determinante
no sucesso ou insucesso de uma organização como essa está ligado à gestão de
conflitos entre tais familiares. Segundo o SEBRAE (2005) o Brasil tem entre 6 a 8 milhões
de empresas, sendo que 90% delas são empresas familiares. Seja grande, média ou
pequena, as empresas familiares têm um papel significativo no desenvolvimento
econômico, social e até político de vários países.
Com isso procurou-se analisar a empresa X que atua no ramo de serviço funerário
e tem sua maior parte acionária composta por membros de uma família.
Os desafios da gestão de uma empresa familiar estão relacionados desde os
primórdios conceitos da arte de administrar uma organização até os desafios de gerir
conflitos que acontecerão entre os familiares que participam de tal organização.
Entre estes conflitos um dos principais motivos de desentendimento entre os
familiares ocorre durante a sucessão de gerações da empresa familiar, de acordo com
Gersick et al. (1997) as empresas familiares e sua cultura em sua primeira fase de vida,
são determinadas pelos traços típicos do fundador, que geralmente são tradicionalistas e
conservadores. Devido a isso a sucessão é parte essencial para a continuação da
empresa familiar, portanto saber unir fatores novos que virão com a segunda geração à
fatores conservadores da antiga geração é fundamental para o sucesso da mesma.
O objetivo deste estudo é analisar as influencias dos conflitos entre familiares
dentro da organização, se tais afetam não só a chefia da empresa como também os
colaboradores abaixo de tal e quais consequências são diretamente e/ou indiretamente
acarretadas destes conflitos.
Referencial Teórico
A palavra conflito vem do latim conflictus, que significa choque entre duas coisas,
embate de pessoas ou grupos opostos que lutam entre si. Aplicando à nossa realidade,
conflito é um estado contrário das ideias, pessoas ou interesses, onde acontece a
divergência dos objetivos e interesses pessoais, sendo essa parte inevitável da natureza
humana.
A gestão dos conflitos age na identificação dos conflitos produtivos e gerencia-los
para que haja o impulso positivo para mudanças. Segundo Berg (2012 apud
CEPELOWICS, 1996) defende que existem três tipos de conflitos: Pessoais, interpessoais
e organizacionais. O conflito pessoal é como a pessoa lida com ela mesma, são suas
inquietações, tratando-se de como ela pensa e como age.
Além disso, entende-se também como conflito pessoal, a situação na qual existem
pelo menos duas necessidades simultâneas na qual a realização de uma, implica na
insatisfação da outra. O conflito interpessoal é a situação aonde duas ou mais pessoas
divergem na percepção, proposta para ação ou sobre algum ponto em comum. Baseia-se
normalmente na necessidade de defesa dos seus próprios interesses e da sua opinião, na
tentativa de provar que o outro esteja errado. É a ausência do acordo no sistema de
interação entre as pessoas. O conflito organizacional é baseado no conflito interpessoal,
porém com mais aspectos negativos, visto que envolvem um grupo maior de pessoas.
Esse conflito confronta a geração da mudança, já que se utilizam dos períodos de tensão
e insatisfação do grupo.
Além desses conflitos, existem visões de conflitos internos e externos, como
explica Chiavenato (2004 apud CEPELOWICS, 1996). O conflito interno envolve dilemas
de ordem pessoal e o externo envolvem níveis interpessoais, intergrupais entre outros.
Chiavenato ainda afirma que os conflitos podem ocorrer em vários níveis de gravidade,
sendo esses: Conflito percebido é quando as partes visualizam e aceitam que o conflito
existe, pois entendem que seus objetivos são diferentes dos objetivos dos outros e que
existem oportunidades de interferência; Conflito experienciado é quando o conflito
provoca sentimentos de hostilidade, raiva, medo entre outros; Conflito manifestado é
quando o conflito é expresso através de comportamento de interferência ativa ou passiva
por, pelo menos, uma das partes.
Visto tais definições acerca dos conflitos organizacionais, trazemos à tona a
temática dos conflitos familiares, sendo essa dada de inúmeras formas, e explicadas por
sua alta complexidade de combinações que são próprias dos indivíduos, das suas
relações familiares e das situações particulares de cada empresa. Sabe-se que os
conflitos acontecem em todo o processo evolutivo da empresa, porém existem vários
problemas comumente encontrados e, na sua maioria, estão relacionados com: Conflitos
entre pais e filhos; Brigas entre irmãos; Sucessão inadequadas ou inexistentes; Estados
críticos de liquidez econômica; Desmotivação dos membros familiares ou empregados;
Tensões entre membros da família; Conflitos entre sócios não familiares; e Comunicação
inadequada.
Metodologia
Para que o objetivo desta pesquisa fosse alcançado, foi necessário obter
informações que apenas os entrevistados poderiam fornecer, dessa forma, as
informações foram coletadas por meio de questionários com as administradoras (mãe e
filha) da empresa Assistência Funeral Santo Antônio. O foco da entrevista foi
compreender o modo de administrar, conduzir o negócio, a profissionalização e a cultura
organizacional utilizadas nessa organização.
Uma gestão informal é definida pela abordagem informal na gestão dos projetos,
deste modo é uma abordagem considerada pelas chefias como a mais adequada. As
técnicas utilizadas na gestão de projetos derivam das preferências pessoais e do instinto
e as decisões baseia-se na sua experiência, formação e julgamento. É um processo
bastante subjetivo.
Sobre isto, Robbins (2005, p. 377) destaca: “[...] em uma cultura forte, os valores
essenciais são intensamente acatados e amplamente compartilhados”. Evidencia-se com
isso, que o comportamento dos funcionários da organização é influenciado pelo clima
interno, devido ao alto grau de compartilhamento e intensidade dos valores da cultura
presente. Segundo Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 102), ‘‘dirigir a empresa significa
determinar a orientação estratégica para o longo prazo e participar das decisões
relacionadas com a atribuição de recursos essenciais de longo alcance’’. Com isso, pode-
se notar que a empresa não está sendo dirigida da forma que deveria ser, faltando
aspectos importantes que poderiam contribuir com o crescimento da empresa ou que
pudessem evitar uma possível entropia da organização. As pessoas que trabalham na
empresa possuem competência para estar nos cargos, ganham conforme prática de
mercado e há hierarquia. Não há garantia de emprego, as pessoas possuem metas e
estas devem ser garantidas”.
É possível notar, então, que o fundador ainda possui grande influência quando se
refere à cultura organizacional da empresa , tendo em vista que todos os entrevistados
destacaram a presença marcante desse gestor das empresas. Um dos aspectos positivos
percebidos pelos entrevistados com relação à cultura da empresa é a boa relação entre
os diretores e subordinados, que interagem diretamente, o que deve proporcionar maior
motivação aos colaboradores da empresa. De acordo com Oliveira (1999, p. 193), “[...]
conhecer os níveis hierárquicos mais baixos é também uma forma de o líder identificar-se
com seus liderados. Ao atuar nesse sentido, o líder reforça seu relacionamento com os
liderados, pois há, de sua parte, uma dose de interação que lhe confere autenticidade.
Profissionalização na Empresa
De acordo com Segrè (2009), para uma empresa familiar perpetuar, torna-se
necessária a clareza quanto à forma como são tomadas as decisões, contemplando e
separando relações familiares, patrimônio e empresa. A respeito da profissionalização na
empresa estudada, os entrevistados afirmaram que a empresa não é profissionalizada,
pois a gestão não faz parte das funções operacionais, apesarem de estarem insatisfeitos
com a administração atual- pois estão buscando melhorias.
Considerações Finais
GERSICK, K.; DAVIS, J.; HAMPTON, M.; LANSBERG, I. De geração para geração:
ciclos de vida das empresas familiares. 4. ed. São Paulo: Negócio, 1997.