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07/10/2016 Evento 55 ­ VOTO1

RECURSO CÍVEL Nº 5009271­14.2015.404.7100/RS
RELATOR : JOSÉ CAETANO ZANELLA
RECORRENTE : MARIA INEZ RIBAS MONCKS
ADVOGADO : ALEXANDRE SCHUMACHER TRICHES
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ­ INSS
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

VOTO

Trata­se  de  recurso  interposto  pela  parte  autora  perante  esta  Turma  Recursal  contra
sentença  que  julgou  improcedente  pedido  contido  na  inicial,  onde  a    postulava  a  concessão  do
benefício  previsto  no  art.  20  da  Lei  8.742/93,  desde  a  data  do  requerimento  administrativo,  em
16/04/2014 (NB 87/700.940.331­8).
 
Recorre a parte autora requerendo, em apertada síntese:
 
1.  Seja  declarada  a  nulidade  da  sentença  do  evento  34  ,  tendo  em  vista  o  latente  cerceamento  de
defesa;
2. Seja o processo baixado e convertido em diligência para que o Sr. Perito responda aos quesitos do
evento 28;
3.Seja deferida a produção de prova testemunhal em audiência de instrução, conforme evento 28.
 
Conforme  entendimento  sedimentado  nesta  Turma  Recursal,  a  parte  que  se  sentir
prejudicada  deve  demonstrar  a  existência  de  prejuízo  concreto  decorrente  da  ausência    de  laudo
complementar  e  realização  de  prova  testemunhal,  antes  da  prolação  da  sentença.  Não  ocorrendo  e
havendo algo de relevante a manifestar, há oportunidade em sede de recurso inominado, como o fez.
Porém,  nada  de  efetivo  foi  apresentado  pela  parte  recorrente  neste  sentido,  não  havendo  a
demonstração de prejuízo concreto, não há nulidade a ser declarada.
 
 Ressalto que meras inconformidades com a conclusão do profissional não respaldam
pedidos de nulidades ou designações/complementações de perícias.
 
Acrescento,  ainda,  especificamente  quanto  ao  pedido  de  realização  de  audiência  de
instrução e julgamento (prova oral),  que o magistrado não está obrigado a produzir prova oral em
feitos voltados à concessão de benefício por incapacidade e assistencial, sendo necessárias  apenas
as provas eminentemente técnicas (laudo médico pericial) e, em caso de amparo social, a realização
de laudo socioeconômico, cabendo ao julgador definir sobre a suficiência das provas existentes
nos autos, a fim de sustentar o seu juízo de convicção acerca da verdade real dos fatos.
 
Importante ressaltar, também, que as afirmações efetuadas pela recorrente quanto à
existência  de  limitações  leves  em  decorrência  das  patologias  que  apresenta  não  é  matéria
controvertida, haja vista que expressamente reconhecidas tanto na perícia administrativa quanto na
judicial, não sendo, entretanto, causa incapacitante sob o ponto de vista estritamente médico.

A  análise  da  deficiência  para  fins  de  concessão  do  benefício  é  efetuada  pelo
magistrado e resulta da verificação das eventuais limitações apresentadas pela estrutura e funções do
corpo em cotejo com as barreiras e dificuldades constatadas, indicadores estes que podem mostrar­se
bastante variáveis e necessariamente devem ser aferidos no caso concreto.

https://eproc.jfrs.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=711469541266322731542803923486&evento=71146954126632273154280… 1/3
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Ou  seja,  examinam­se  as  atividades  passíveis  de  desempenho  bem  como  as
possibilidades  de  participação  social  de  um  indivíduo  que  apresente  alterações  das  funções  ou
estrutura do corpo e, assim, ainda que não se trate de incapacidade sob o ponto de vista clínico, a
análise conjunta poderá permitir o enquadramento e satisfação do requisito legal para a concessão do
benefício.

Assim,  estando  claramente  reveladas  na  perícia  médica  as  patologias  e  limitações  da
recorrente, cabe ao magistrado proceder à análise das demais circunstâncias para fins de satisfação
deste requisito legal.

Portanto, desnecessária a produção de provas requerida pela recorrente, não há que se
falar em prejuízo e cerceamento de defesa.
 
Destarte,  especificamente  quanto  aos  argumentos  do  recurso,    a  fim  de  evitar
tautologia,  adotando­a  como  razões  de  decidir,  transcrevo  percuciente  e  elucidativo  trecho  da
sentença
 
No  caso,  a  fim  de  averiguar  a  presença  de  incapacidade/deficiência,  foi  designada  perícia  médica
com especialista em cardiologista.
 
O  expert  nomeado  consignou  que,  muito  embora  a  autora  seja  portadora  de  'Hipertensão  arterial
(I10)' e 'Cardiopatia isquêmica (I25)', tais moléstias não implicam incapacidade para suas atividades
habituais.
 
Desta forma, não preenchido o pressuposto legal referente à existência de incapacidade/deficiência,
descabe o reconhecimento do direito ao benefício assistencial requerido.
 
III.
 
A  demandante  postula  designação  de  audiência  para  produção  de  prova  testemunhal  e  arrola
quesitos complementares (28 ­ PET1).
 
Indefiro  o  pleito,  uma  vez  que  a  especialidade  médica  em  que  realizada  a  perícia  judicial  ­
cardiologia­  é  compatível  com  as  patologias  que  acometem  a  autora,  não  sendo  necessária  a
realização  de  prova  testemunhal,  menos  técnica  e  eficaz  para  avaliação  da  situação  clínica  da
autora. 
 
Reclamos  relacionados  às  conclusões  periciais,  quando  desprovidos  de  demonstração  específica  de
que  tenha  havido  incorreção  na  conclusão  do  perito  judicial,  não  são  suficientes  para  dar  ensejo  à
realização de audiência de instrução.
 
Ademais, é certo que 'nas ações em que se objetiva a concessão de aposentadoria por invalidez ou o
auxílio  doença,  o  julgador,  via  de  regra,  firma  sua  convicção  por  meio  da  prova  pericial'  (TRF  4ª
Região,  AC  nº  2002.04.01.043666­0/RS,  6ª  Turma,  Rel.  Des.  Federal  Victor  Luiz  dos  Santos  Laus,
DJU2 de 29/09/2004).
 
Na mesma esteira, em que pese o perito judicial não tenha respondido aos quesitos da requerente,
entendo desnecessária a complementação pericial, uma vez que estes nada acrescentam em relação
aos que já foram respondidos no laudo (21­LAU_1).
 
Assim, entendo que a prova produzida cumpriu sua finalidade, uma vez que o laudo pericial judicial
é claro e conclusivo, devendo prevalecer tal conclusão médica.
  
Destaco  que  a  existência  de  doença,  por  si  só,  não  implica  a  existência  de
incapacidade, sendo este o entendimento uniformizado pela TNU, a incapacidade não se presume
pelo só fato da pessoa ser portadora de determinada doença. É preciso que haja prova da existência
de incapacidade. (PEDILEF nº 2006.83.00.512982­7/PE, Rel. Juiz Fed. Derivaldo de F. B. Filho, DJ

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22.10.2008;  PEDILEF  nº  2006.38.00.748903­0/MG,  Rel.  Juíza  Fed.  Jacqueline  Michels  Bilhalva,
DJ 22.05.2009).
 
Portanto, não há reparos a fazer na sentença.
 
Entretanto,  verifico  que  em  21/01/2016  (evento1  ­  PROC2),  durante  a  tramitação  da
presente demanda, a recorrente completou a idade mínima exigida para a concessão do benefício.

Neste  cenário,  consoante  orientação  do  art.  493  do  CPC  (art.  462  do  CPC/1973),  o
julgador  deverá  levar  em  consideração  os  fatos  supervenientes  que  tenha  ciência  e  possam
influenciar na decisão. Preceitua o dispositivo:

Art.  493.    Se,  depois  da  propositura  da  ação,  algum  fato  constitutivo,  modificativo  ou  extintivo  do
direito  influir  no  julgamento  do  mérito,  caberá  ao  juiz  tomá­lo  em  consideração,  de  ofício  ou  a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.

Parágrafo único.  Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.

Embora superada a discussão quanto ao primeiro requisito necessário para a concessão
do benefício (deficiência ou idade), verifico que nos autos não foi examinado o segundo requisito,
de natureza econômica, compreensivelmente, em razão de que a implementação do requisito etário
somente veio a ocorrer quando o feito se encontrava em fase recursal.

Desta  forma,  a  fim  de  evitar  prejuízos  à  recorrente  e  dar  efetividade  ao  dispositivo
legal,  deverá  ser  anulada  a  sentença  e  reaberta  a  instrução  processual  para  análise  do  requisito
econômico (§ 3º do art. 20 da Lei 8.742/93).

Ante o exposto, voto por ANULAR a sentença.
 

José Caetano Zanella
Juiz Federal Relator

Documento eletrônico assinado por José Caetano Zanella, Juiz Federal Relator, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de
2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
12392299v10 e, se solicitado, do código CRC 83652E39.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): José Caetano Zanella
Data e Hora: 22/06/2016 17:52

https://eproc.jfrs.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=711469541266322731542803923486&evento=71146954126632273154280… 3/3

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