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Cenários globais

para uma mobilidade


mais sustentável:
Impactos e potencial da redução do uso
do carro, promoção do transporte coletivo,
modo a pé e bicicleta

Dezembro de 2014

Michael A. Replogle, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento


& Lewis M. Fulton, Universidade da Califórnia, Davis
Publicado por

Lewis M. Fulton
Co-Diretor do Programa NextSTEPS
Universidade da Califórnia, Davis
1605 Tilia St., Suite 100, Davis, CA 95616, USA

Michael A. Replogle
Diretor Executivo de Políticas Públicas e Fundador
Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP)
9 E. 19th Street, 7th Floor, New York, NY 10003 USA

Esta publicação é uma adaptação para o português do original em inglês


“A Global High Shift Scenario: Impacts and potential for more public transport,
walking and cycling with low car use”, publicado pelo Institute for Transportation
& Development Policy (ITDP) em setembro de 2014.

Tiragem: 250 exemplares.

Ficha técnica da versão em português

Coordenação editorial: Thais Lima


Tradução: Reginaldo Alcântara
Revisão: Ana Nassar e Thais Lima
Produção gráfica: Aline Lima
Impressão: Copyhouse

2 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Agradecimentos
Os autores desejam agradecer à Ford Foun- (ICCT) por seu generoso apoio na aplicação do
dation, ClimateWorks Foundation e Hewlett modelo de Roadmap do ICCT para avaliar as
Foundation por seu generoso apoio financeiro, condições de poluição do ar e os impactos à
sem o qual este estudo não teria sido possível, saúde em ambos os cenários avaliados nesse
bem como aos seus representantes neste traba- estudo, e por resumir seu trabalho no capítulo
lho: Don Chen, Joe Ryan e Margarita Parra. de resultados sobre poluição do ar e saúde
Também agradecemos às pessoas que pública.
participaram das reuniões do comitê consultivo Finalmente, os autores agradecem a todos
para este estudo de cenários de mobilidade os membros da equipe de pesquisa da UC Davis
sustentável, algumas das quais proveram acesso (University of California/Davis) e do ITDP que
inestimável a dados de pesquisas e cálculos realizaram grande parte do trabalho de coleta,
de custos do Banco Mundial, Banco Asiático de depuração, refinamento e análise dos dados.
Desenvolvimento e Banco Interamericano de Mais particularmente, Rosaria Berliner prestou
Desenvolvimento, bem como aos escritórios uma contribuição inestimável ao projeto duran-
locais do Instituto de Políticas de Transporte e te toda a sua duração ao empreender, junto a
Desenvolvimento (ITDP), World Resources Ins- Jacob Mason, um trabalho valioso para ampliar
titute/EMBARQ, além de outras ONGs. Entre os e refinar o banco de dados global de transporte
membros desse grupo estão Shomik Raj Mehn- público elaborado para este projeto. Também
diratta, Andreas Kopp, Roger Gorham, Dario agradecemos às contribuições de Duaa Getanni
Hidalgo, Ramiro Alberto Rios Flores, Ko Saka- (UC Davis) e Colin Hughes, Jemilah Magnusson
moto, Rafael Acevedo Daunas, Cornie Huizenga, e Aimee Gauthier (ITDP), além de Dan Klotz
Francois Cuenot, Karl Fjellstrom, Xiaomei Duan, (Burness Communications), que ajudaram a
Shreya Gadepalli, Bernardo Baranda, Ulises lidar elementos específicos desse estudo e a
Navarro, Clarisse Linke e Yoga Adiwinarto. gerenciar de forma estratégica a comunicação
Sem esse suporte não teríamos sido capazes dos resultados. Paulo Humanes e Andre Münch,
de levar à frente a nova abordagem – elaborada da Planning Transport Verkeher AG, nos ajuda-
para este estudo – de avaliação de impactos, ram a considerar como integrar as questões de
em termos de equidade, dos investimentos em segurança viária a este estudo, trabalho este
transportes alternativos. Agradecemos também ainda em curso e que esperamos poder divulgar
ao pessoal da Agência Internacional de Energia, em breve.
do Fórum Internacional de Transporte e da Várias outras pessoas, em número grande
OCDE que dividiram conosco novas possibilida- o bastante para citar todas aqui, contribuíram
des e métodos em desenvolvimento para aplicar para o êxito deste trabalho e gostaríamos de
o modelo MoMo da AIE de forma mais eficaz. agradecer a todas elas. Desde já declaramos que
Assim fomos capazes de aplicar nessa pesquisa quaisquer falhas nos resultados finais divulga-
toda a gama de estratégias de evitar-mudar- dos nesse estudo são de exclusiva responsabili-
-melhorar (adaptado do termo original em dade dos autores.
inglês shift-avoid-improve); e por isso um agrade-
cimento especial a Aimee Aguilar Jaber, Philippe
Crist, Jean Francois Gagne e Francois Cuenot.
Gostaríamos também de agradecer a Kate
Blumberg, Cristiano Façanha e Joshua Miller do
Conselho Internacional de Transportes Limpos

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Índice
Agradecimentos 3
Resumo executivo 5
Introdução 7
Antecedentes e contexto do estudo 7
Tendências e projeções urbanas 8
Metodologia 9
Cenário LB 10
Cenário HS 10
Resultados principais 11
Projeções para o transporte de alta capacidade 11
Padrões de viagens: Premissas e resultados 13
Ônibus e sistemas de BRT: Premissas e resultados 17
Transporte sobre trilhos: Premissas e resultados 18
Veículos de baixa potência e não motorizados:
Premissas e resultados 19
Mudanças no padrão de viagens em transporte
individual (carros e motos) 21
Energia/emissões de CO2: Resultados 22
Resultados: Infraestrutura de transporte público 26
Resultados: Custos no cenário HS e suas implicações 26
Resultados: equidade no cenário
HS e suas implicações 28
Análise de sensibilidade:
Cenário HS grande número de BRTs 30
Impactos da poluição do ar na saúde pública 31
Conclusões e próximos passos 35
Referências 36

4 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Resumo Executivo
Este relatório traz os resultados do primeiro estudo para examinar como uma
grande mudança de rumo nos investimentos em mobilidade urbana no mundo inteiro
poderia afetar as emissões do setor de transportes de passageiros e o acesso de grupos
de diferentes níveis de renda ao transporte nas cidades. Ele começa com as projeções
mundiais mais recentes de: população urbana feitas pelas Nações Unidas; e mobilida-
de global usadas pela Agência Internacional de Energia (IEA). O estudo amplia essas
projeções com novas pesquisas sobre a extensão dos sistemas de transporte urbano de
passageiros em cidades do mundo inteiro, bem como novas estimativas do alcance da
mobilidade por transporte de baixo carbono (não motorizado e bicicletas elétricas).

O estudo considera dois cenários futuros. mento global é ter cidades que ofereçam às
O primeiro deles é o cenário de linha de base, pessoas transporte público e um ambiente pro-
que iremos chamar neste estudo de Cenário pício ao modo a pé de de bicicleta. Nos últimos
LB. Esse cenário parte da observação dos deslo- anos, o setor de transportes - impulsionada
camentos realizadas em todo o mundo e como pelo rápido crescimento do uso do automóvel
eles configuram uma tendência que aponta - tem sido a que mais cresce ano após ano em
para o aumento do uso do transporte indivi- relação à emissão de CO2 no mundo.
dual motorizado. No Cenário LB, o crescimento O transporte urbano de passageiros foi
no número de viagens feitas em transporte responsável pela emissão de 2,3 gigatoneladas
coletivo, a pé e de bicicleta seria lento ou nulo de CO2 em 2010, quase 25% das emissões de
na maior parte das regiões observadas. Este carbono de todos os segmentos do setor de
cenário foi calibrado de acordo com o cenário transportes. O rápido processo de urbanização
4DS (2012 Energy Technology Perspectives) da – sobretudo em países de desenvolvimento
AIE, que prevê aumento de 4° até 2050. acelerado como a China e a Índia – pratica-
O segundo cenário, que iremos chamar mente duplicará essas emissões até 2050,
nesse estudo de Cenário HS (originalmente se não houver uma mudança radical nas
denominado em inglês de High Shift Scenario), políticas públicos e nos investimentos em
trata-se de um cenário alternativo recém- infraestrutura.
-desenvolvido para esta pesquisa. No Cenário Entre os países e regiões examinados neste
HS há estímulos à transição para uma mobi- estudo, três se destacam:
lidade mais sustentável, com investimentos e
priorização de transportes de baixo carbono • Estados Unidos: A previsão é de que os
e do transporte público, e uma redução sig- EUA – líder mundial em emissão de CO2
nificativa no ritmo de construção de vias, do transporte urbano de passageiros, com
edifícios-garagens e outras infraestruturas cerca de 670 megatoneladas emitidas
que estimulam a posse e o uso de transporte anualmente – reduzirão esse valor para
individual motorizado, em comparação ao 560 megatoneladas até 2050 em função de
Cenário LB. um crescimento populacional mais lento,
O estudo conclui que o Cenário HS situação melhor eficiência no uso dos combustíveis
permitiria uma economia de mais de US$100 e redução do uso do automóvel (em função
trilhões em capital público e privado e em de uma tendência atual na qual as pessoas
custos operacionais do transporte urbano entre estão buscando morar nas áreas centrais
agora e o ano 2050, além de eliminar cerca das cidades e deixando os subúrbios
de 1,7 gigatonelada de dióxido de carbono mais distantes). Contudo, essa redução
(CO2) anualmente – uma redução de 40% nas poderia ser de 50% ou 280 megatoneladas,
emissões do transporte urbano de passageiros se as políticas públicas e investimentos
até 2050. Isto sugere que uma das formas mais de infraestrutura contemplassem mais o
econômicas de reduzir a poluição e o aqueci- transporte público, o modo a pé e a bici-

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cleta (opções do Cenário HS). Para os EUA menores.No entanto, a organização Iniciativa
em particular, esse cenário inclui não só Global de Economia de Combustível (www.glo-
mudanças nos modos de transporte, mas balfueleconomy.org) (ou GFEI, da sigla em inglês
também reduções consideráveis nas dis- para Global Fuel Economy) recomenda muito
tâncias cobertas pelos deslocamentos nas mais: uma redução de 50% do consumo de com-
cidades, devido à tendência de recentrali- bustível por quilômetro rodado para veículos
zação urbana e da substituição de viagens leves no mundo inteiro até 2030. O alcance da
por telecomunicações. meta da GFEI para 2030 poderia reduzir mais
700 megatoneladas de CO2 por ano, além da
• China: A previsão é de que as emissões redução de 1.700 que seria possível alcançar no
de CO2 dos meios de transporte aumen- Cenário HS.O alcance dessa meta de economia
te quase seis vezes, passando de 200 de combustível, em conjunto com a oferta de
megatoneladas anuais para quase 1.200 melhor transporte público e condições para o
megatoneladas (1,2 gigatonelada) em modo a pé ou de bicicleta, poderia reduzir as
2050, principalmente devido ao rápido emissões anuais de CO2 do transporte urbano
crescimento de áreas urbanas na China, de passageiros em 55% até 2050, comparado ao
do aumento da renda da população e do valor do Cenário LB em 2050, e em 10%, compa-
planejamento urbano centrado no auto- rado aos níveis de 2010. Programas eficientes de
móvel. Contudo, este aumento poderia ser economia de combustível para outros tipos de
reduzido a menos de 700 megatoneladas veículos (caminhões médios e pesados, ônibus e
ao considerar as opções de transporte do veículos de 2 rodas), bem como os veículos elé-
Cenário HS, com cidades investindo em tricos e o uso de outros combustíveis com baixo
amplos sistemas de BRT e metrô. Nesse teor de carbono, seriam estratégias complemen-
cenário, não há redução significativa nas tares essenciais para reduzir drasticamente as
distâncias cobertas pelos deslocamentos emissões de CO2 do setor de transportes. Estas
nas cidades chinesas, mas os dados opções serão investigadas mais a fundo com
recentes mostram que a China já está relação ao Cenário HS no futuro.
aumentando fortemente os investimentos As emissões de fuligem em veículos a
em transporte público. diesel não só contribuem para as mudanças
climáticas mas também poluem localmente
• Índia: A previsão é de que as emissões de o ar. Hoje, elas são uma das principais causas
CO2 saltarão de cerca de 70 megatoneladas de morte prematura no mundo ao poluir o ar
hoje para mais de 500 megatoneladas local e responsáveis por mais de 3,2 milhões
em 2050, também devido ao aumento da de mortes por ano. A exposição às emissões
renda e ao aumento demográfico. Contudo, dos escapamentos de veículos está associada
este previsão pode ser reduzida a apenas ao maior risco de morte prematura por doença
350 megatoneladas se forem adotados as cardiopulmonar e câncer de pulmão, bem como
recomendações do Cenário HS, resolvendo por infeções respiratórias em crianças e idosos.
deficiências históricas de infraestrutura Os escapamentos de automóveis e veículos a
nos sistemas de transporte público india- diesel também aumentam o risco de problemas
nos e desestimulando o uso do automóvel. de saúde não fatais, tais como asma e doença
cardiovascular.
Apesar deste estudo não ter focado em ações Graças à análise feita pelo Conselho Inter-
para promover a economia de combustível em nacional de Transporte Limpo (ICCT), este
veículos automotores, ele leva em consideração estudo considera os impactos na saúde pública
políticas existentes no cenário de referência da do controle das emissões de partículas finas
AIE que podem melhorar em 32% o consumo e/ou fuligem dos escapamentos de veículos
médio de combustíveis em novos veículos nos motores. Apesar do transporte público, a pé ou
países da OCDE, e em 23% nos países não-OCDE. bicicleta terem o potencial de reduzir a poluição
O Cenário HS aumenta essas porcentagens para do ar, esses benefícios podem ser anulados
36% e 27%, respectivamente, devido à melhores caso as emissões dos ônibus não estiverem
condições na condução dos veículos em uso e sob controle. O aumento futuro da atividade
uma leve substituição de veículos maiores por veicular poderá quadruplicar o número de

6 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


mortes prematuras associadas a essa atividade e atraentes para as viagens a pé ou de bicicleta
até 2050, mesmo com uma adoção generalizada (como no Cenário HS). Com essa mudança,
do transporte de alta capacidade. A adoção de seria possível triplicar o acesso ao transporte de
melhores práticas de controle das emissões de alta capacidade para pessoas de baixa renda e
veículos motores, e o uso de combustíveis com mais do que duplicaria para o grupo com renda
teor ultra reduzido de enxofre – compatíveis ainda inferior a este primeiro. Ainda segundo o
ou ainda melhores do que as normas Euro 6/ Cenário HS, a mobilidade geral (quiilômetros/
VI mais recentes adotadas na Europa – poderia pessoa/ano) se nivela entre os dois grupos até
evitar 1,36 milhão de mortes prematuras anuais 2050, o que não acontece no Cenário HS. Isso
no mundo. A simples utilização de ônibus de demonstra como a mobilidade pode ser peça
tecnologia limpa seria responsável por 20% chave para a redução da desigualdade social, e o
desses benefícios. O controle das emissões é acesso das pessoas de baixa renda a locais com
uma iniciativa fundamental para estratégias melhores ofertas de empregos e serviços.
que visem o cenário 2. Um achado importante do estudo é que o
Esse estudo também desenvolveu uma nova aumento indiscriminado no uso do automóvel
metodologia para avaliar como o cenário 2 pode pode acentuar a crescente desigualdade social
afetar a oferta a mobilidade de pessoas em e os desequilíbrios ambientais em todo o
diferentes níveis de renda e permitir o acesso mundo, enquanto que a adoção de alternativas
equitativo ao transporte público, à pé ou de pró uma mobilidade mais sustentável pode
bicicleta. oferecer acesso a todos e reduzir os impactos
Atualmente a maioria da população mundial das mudanças climáticas. Os resultados pre-
não tem acesso a veículos particulares e con- sentes neste relatório poderão servir de base
tinuará sem, mesmo em 2050. No Cenário LB é para acordos ambientais mais amplos, no qual
possível ver uma desigualdade muito maior em os custos de mitigação podem ser divididos de
termos de mobilidade, a não ser que as cidades forma mais equitativa entre as nações.  
implementem sistemas de transportes mais
eficientes e abrangentes, e condições seguras

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Introdução

Antecedentes e Contexto do Estudo


Existem vários estudos que abordam os O primeiro deles é o cenário de linha de
impactos ambientais da economia no uso de base, que iremos chamar neste estudo de
combustível por veículos automotores,1 de Cenário LB. Esse cenário parte da observação
emissões2 e de combustíveis alternativos. Mas dos deslocamentos realizadas em todo o
este é o primeiro estudo a examinar como mundo e como eles configuram uma tendência
uma mudança radical nas políticas públicas e que aponta para o aumento do uso do trans-
investimentos em infraestrutura de transporte porte individual motorizado. No Cenário LB, o
podem afetar as emissões do setor transporte crescimento no número de viagens feitas em
urbano de passageiros no mundo, bem como a transporte coletivo, a pé e de bicicleta seria
mobilidade de grupos de diferentes níveis de lento ou nulo na maior parte das regiões obser-
renda.Os resultados do estudo são relevantes vadas. Este cenário foi calibrado de acordo
para três discussões sobre políticas que líderes com o cenário 4DS (2012 Energy Technology
do mundo inteiro empreendem no momento: Perspectives) da AIE, que prevê aumento de 4°
como agir em relação às mudanças climáticas, até 2050.
como promover o desenvolvimento socioe- O segundo cenário, que iremos chamar nes-
conômico de forma equitativo e sustentável, se estudo de Cenário HS (denominado original-
e como controlar um processo intenso de mente em inglês de High Shift Scenario), trata-se
urbanização. Para progredir, o mundo precisa de um cenário alternativo recém-desenvolvido
encontrar novas formas de fazer tudo isto em para esta pesquisa. No Cenário HS há estí-
conjunto3. Este estudo aponta um caminho. mulos à transição para uma mobilidade mais
Lançado inicialmente em 17 de setembro de sustentável, com investimentos e priorização
2014 durante a reunião preparatória da confe- de transportes de baixo carbono e do trans-
rência Habitat III das Nações Unidas, e discu- porte público, e uma redução significativa no
tido em eventos ligados à Cúpula Climática ritmo de construção de vias, edifícios-garagens
promovida pelo Secretário Geral da ONU em 23 e outras infraestruturas que estimulam a posse
de setembro de 2014, os resultados encontra- e o uso de transporte individual motorizado,
dos contribuem às discussões em curso sobre em comparação ao Cenário LB.
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Este projeto foi inspirado pelo compromisso
(ODS) recomendados à Assembleia Geral da voluntário assumido durante a conferência
ONU. Como parte desse trabalho, há também Rio+20 de 2012 por oito bancos multilaterais de
um ODS focado em cidades sustentáveis e desenvolvimento, que incluía dedicar US$175
assentamentos humanos, tendo como meta bilhões para investimentos em mobilidade
essencial uma mobilidade mais sustentável. sustentável durante a próxima década,4 bem
O relatório é resultado de uma iniciativa como outros compromissos voluntários de
de 18 meses de pesquisa, conduzida pelo ITDP duplicar o uso do transporte público e ampliar
e pela UC Davis, com financiamento da Ford o transporte de baixo carbono. 5Apesar desta
Foundation e ClimateWorks Foundation. O ser apenas uma pequena parcela do esforço
principal objetivo era explorar um cenário futu- necessário, estes compromissos nos inspiram
ro alternativo e estimar seus impactos poten- a compreender como seria essa transição para
ciais, considerando que tipos de investimentos um mundo com uma mobilidade mais susten-
e políticas seriam necessárias para alcançar tável, quanto custaria essa transição, e quais
esse cenário. Para isso, a pesquisa considerou seriam seus impactos.
dois cenários futuros.

8 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Tendências e Projeções Urbanas
Um importante aspecto da análise é a o ponto de partida para as projeções relativas
questão da urbanização. Este estudo usa as a viagens nas cidades. As projeções da ONU
revisões de 2014 das projeções de crescimento são exibidas na Figura 1. Estima-se que 2/3 da
demográfico feitas pela ONU (conforme docu- população mundial viverá nas cidades em 2050
mento Perspectivas da Urbanização Mundial) como (6,3 bilhões de um total de 9,6 bilhões).
População (milhões)

Urbano

Rural

Figura 1: Projeções da ONU para populações urbana e rural até 2050

O aumento de tamanho das cidades tem des de grande porte. No entanto, mais de 1/3
uma distribuição bastante uniforme entre da população urbana permanecerá nas cidades
as várias categorias de cidades segundo seu com menos de 300.000 habitantes, como se vê
tamanho: as megacidades crescem de forma na Figura 2.
considerável, da mesma forma que outras cida-

2.5 Brasi l
México
2.0 ALC - Outros
África
1.5 Oriente Médio
Ásia - Outros
Bilhões

1.0 Índia
China
0.5 Rússia
Europa Não-OCDE
OCDE Pacífico-Outros
0.0
2015 2030 2050 2015 2030 2050 2015 2030 2050 2015 2030 2050 2015 2030 2050 OCDE Europa
EUA e Canadá
> 10 milhões 5-10 milhões 1-5 milhões 0.3-1 milhão Menos de 0.3
milhões

Figura 2: Valor por quilômetros de transporte público por 1 milhão de residentes até 2050 (por cenário e região)

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Metodologia
Esta análise usa uma abordagem um pouco adicionais (como metrô, bonde, trens metropo-
simplificada do tipo “O que ocorreria se…?”, litanos), e a participação de todos esses modos
se bem que com considerável detalhamento nos deslocamentos urbanos foi estimada
regional e por modo de transporte. Ela fornece usando a estrutura mundial MoMo de 32 países
um quadro básico dos deslocamentos em e regiões.6 O sistema de projeção nacional
cidades no mundo todo, só que com uma reso- existente e os Cenários LB e HS formam a base
lução significativamente maior do que qual- dessa pesquisa.
quer estudo prévio – por exemplo, com mais Apesar de serem poucos os estudos já feitos
modos e melhores estimativas de por modo de sobre o potencial de uma radical transição
transporte. As seguintes seções descrevem a modal, há alguns importantes. O estudo Moving
metodologia, as premissas e os dados usados Cooler7, de 2009, avaliou 48 estratégias e políti-
no estudo, o Cenário LB e o Cenário HS, além cas de transportes que afetariam a atividade e
de uma gama de resultados, implicações e uso de veículos motores nos Estados Unidos,
conclusões. agrupados de várias formas e sob diferentes
A análise utiliza um modelo baseado cenários. Nele, foi analisado o impacto sobre as
no Modelo de Mobilidade (MoMo) da AIE. O emissões gerais de CO2 nos EUA até o ano 2050,
MoMo é um modelo de aplicação nacional que considerando um cenário de linha de base e
permite uma representação detalhada dos um outro projetado, usando também dados dos
deslocamentos, uso de energia e emissões de estoques de veículos automotores. Essa pes-
CO2, sendo que para o presente projeto essa quisa inclusive constitui a base de um relatório
estrutura foi ampliada de modo a focar apenas entregue ao Congresso americano.8 A AIE publi-
nos deslocamentos urbanos. O MoMo contém cou uma análise de uma transição para todos
alguns modos (como ônibus urbanos) e outros os modos de transporte (sem desagregação
contabilizados somente em âmbito nacional das viagens urbanas) em seu estudo de 2009
(como as viagens de carro). Neste projeto, intitulado Transporte, Energia e CO2: Movimento
foram considerados modos de transporte em Direção à Sustentabilidade. 9

Cenário LB

O cenário de aquecimento global ETP 2012 recentes dos deslocamentos observados no


MoMo 4°C (4DS) da AIE é o ponto de partida mundo inteiro, incluindo um forte e contínuo
para o Cenário LB do presente estudo. Apesar crescimento do número de automóveis em cir-
do cenário de 6° (ou 6DS) da AIE corresponder culação, parte em função do aumento de renda
mais à rota que o mundo segue no momento, da população. Nesse contexto, a participação
há razões para crer que um futuro dentro do de carros e motocicletas (em algumas regiões)
cenário 4° é mais provável neste ponto, dadas nos modos de viagens aumenta rapidamente
as recentes iniciativas em termos de políticas no Cenário LB, enquanto que as viagens em
públicas. O 4DS pressupõe—entre outras transporte público, a pé e de bicicleta têm
coisas—a existência de um acordo climático crescimento lento ou ficam estagnadas na
global que crie um sistema global de precifica- maioria das regiões. Ainda nesse Cenário LB, o
ção de CO2 para restringir o crescimento das aumento da eficiência dos combustíveis ocorre
emissões dos GEEs, mas sem as mudanças nos rapidamente nos locais onde estão em vigor
investimentos e nas políticas, focadas no setor, normas de economia de combustível, mas
que poderiam resultar de um esforço concen- começa a estagnar depois de 2030; os com-
trado para alcançar objetivos mais abrangentes bustíveis alternativos não conseguem atrair
de desenvolvimento sustentável. muita atenção e os combustíveis fósseis ainda
Este Cenário LB parte das tendências dominam em 2050.

10 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Cenário HS
No Cenário HS, a premissa básica é uma como resultado de um planejamento e
grande diferença em relação ao Cenário LB em adensamento urbano que leva à redução
relação à migração modal, principalmente após da distância média das viagens, particular-
2020. A mesma tendência geral de aumento no mente em países da OCDE. A África experi-
número de viagens foi considerada, mas pode menta um grande aumento da mobilidade
ser vista uma gradual migração para modos total no Cenário HS porque um aumento do
de transporte coletivo e não motorizado, em transporte de alta capacidade e de trans-
função da melhoria da oferta e qualidade de porte não motorizado (TNM) - semelhante
serviço nas cidades. Por sua vez, isto exige ao que ocorre em outras regiões com uma
grandes investimentos em novas infraes- redução de 50% das viagens em veículos
truturas de transporte, como os sistemas de leves - resulta em um total de deslocamen-
operação exclusiva em corredores de ônibus tos maior do que no Cenário LB.
(BRT, sigla para o original em inglês Bus Rapid
Transit), transporte sobre trilhos e infraestu- • A posse de automóveis projetada para o
tura cicloviária. As áreas prioritárias para a Cenário LB está relacionada ao aumento
implementação de sistemas de transporte de da renda e no Cenário HS ela é inferior, ao
alta capacidade nas regiões metropolitanas mesmo tempo em que a taxa de ocupação
devem levar em consideração as revisões feitas destes veículos sobe e o total de viagens por
pela ONU em 2014 na previsão de crescimento veículo cai no Cenário HS. Esses resultados
demográfico até 2050 (que inclui projeções não são fruto de mudanças voluntárias no
específicas para determinadas cidades até estilo de vida das pessoas, pois essa variável
2030), quando a população urbana deverá che- já encontra-se prevista no Cenário LB, mas
gar a 66% da população mundial, comparados sim em função da adoção de políticas públi-
aos atuais 50%.10 cas e estratégias de desestímulo ao uso do
O Cenário HS considera o que poderia automóvel e de gerenciamento da demanda
acontecer se as políticas e investimentos hoje por viagens.
observados nos países com uma mobilidade
urbana mais sustentável fossem reproduzidos • Em relação ao transporte público, a quan-
mundo afora. Algumas das premissas do tidade e extensão média dos sistemas,
Cenário HS são: sua capacidade, frequência, velocidade e
ocupação tem um aumento expressivo no
• Na maior parte das áreas de estudo, a Cenário HS. Todos estes são comparados
mobilidade total de passageiros nas cidades a dados de sistemas de transporte de alta
(medida em passageiros-quilômetros) seria capacidade, reforçando a ideia de que no
preservada até 2050 (em comparação com o futuro o transporte coletivo terá um desem-
Cenário LB, no mesmo ano e região). Contu- penho próximo ao dos melhores sistemas
do, em alguns casos (particularmente EUA e atualmente.
Canadá), são aceitáveis números inferiores

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Resultados Principais
Projeções para o Transporte de Alta Capacidade
Um aspecto essencial das projeções do sem nenhum padrão em particular; as cidades
Cenário HS é o aumento do número de sistemas dos países da Organização de Cooperação e
de transporte de alta capacidade como metrô, Desenvolvimento Econômico (OCDE) – os mais
bonde/veículos leves sobre trilhos (VLT), trens ricos do mundo – geralmente têm sistemas de
metropolitanos e BRT. Para projetar a extensão maior tamanho per capita do que os países não
desses sistemas, estimamos sua extensão em pertencentes à OCDE. A Europa tem sistemas
cidades do mundo inteiro e estabelecemos particularmente grandes, como mostra a Tabela
metas de expansão e construção de novos 1, além de ter também porcentagens muito
sistemas em muitas cidades até 2050. Foi mais altas de cidades com sistemas de trans-
empreendida uma análise por tamanho de cida- porte desse tipo do que a maioria das outras.
de, junto a dados sobre localização e extensão Para ser bem sucedida e eficiente em
dos sistemas, de forma a identificar padrões. sistemas de transporte, uma cidade tem que
Estendemos de 2030 para 2050 a projeção da oferecer um sistema de transporte público
ONU de crescimento demográfico e população rápido, de qualidade e de alta capacidade. Um
urbana com cidades classificadas por tamanho. bom exemplo é a expansão em quilômetros de
Usando a projeção de cidades de diferentes linhas troncais de transporte sobre trilhos e/ou
tamanhos, várias abordagens foram usadas BRTs de alta qualidade, que este estudo con-
para identificar como seria a expansão dos sidera junto com a frequência e a capacidade.
sistemas de transporte de alta capacidade em O Cenário de HS se concentra em aumentar
cidades de diferentes tamanhos. Foi criado um o índice de quilômetros de transporte de alta
banco de dados global e detalhado de sistemas capacidade por milhão de moradores (RTR, sigla
existentes, os quais foram classificados por em inglês para Rapid Transit per Resident) nos
tamanho de cidade e região. Consideramos países em desenvolvimento a um valor próximo
os maiores sistemas per capita segundo o ao encontrado hoje nos países desenvolvidos, e
tamanho da cidade e a região, e os índices mesmo nestes últimos, elevar o nível para que
médios de extensão do sistema por população. se equipare às melhores práticas globais.
O resultado é uma gama variada de dados

Índice de transporte
de alta capacidade / 2010 2050
residentes

BRT Metrô Bonde/VLT Trens Total Cenário Cenário


metropolitanos LB HS

USA/Canadá 0.4 5.4 5.1 21.0 31.9 30.7 60.5

México 2.5 2.2 0.7 0.3 5.7 8.7 35.2

OCDE Europa 0.4 7.5 20.0 56.2 84.2 84.4 117.8

OCDE Pacífico/Outros 0.9 7.8 2.6 66.6 78.0 81.0 106.6

Europa Não-OCDE 0.0 2.1 39.7 3.2 45.0 50.8 79.9

Rússia 0.0 4.6 34.8 4.7 44.1 51.0 77.8

China 0.8 3.4 0.4 0.1 4.7 7.6 43.3

Índia 0.3 0.7 0.2 4.1 5.3 6.1 37.5

Ásia - Outros 0.5 1.0 1.1 2.2 4.8 5.1 19.3

Oriente Médio 0.8 2.2 0.2 0.2 3.4 5.2 30.9

África 0.2 0.2 0.5 1.9 2.9 4.0 19.0

Brasil 1.7 2.0 0.0 4.4 8.0 10.8 32.4

A. Latina/Caribe-Outros 1.4 1.1 0.2 8.5 11.2 13.2 32.4


Tabela 1: Índice RTR (transporte de alta capacidade/residentes) em 2014 e no Cenário HS - quilômetros por milhão de residen-
tes, por modo e região (média de todas as cidades com mais de 300.000 habitantes)

12 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Na China em 2010, o valor do RTR estava entre todas as regiões), sendo que em ambas
em torno de 5, projetado para chegar a 8 até a previsão é de não haver crescimento no
2050 no Cenário LB, enquanto que no Cenário Cenário LB até 2050. Mas no Cenário HS, os dois
HS o RTR atingiria 21 em 2030, e 43 em 2050. subiriam para 61 e 118 até 2050. Note-se que
De forma similar, em 2010 o RTR do Brasil e do os sistemas de transporte de alta capacidade
México era de 8 e 6 respectivamente. A previsão nos EUA são relativamente subutilizados, com
para ambos era de aumentar muito lentamente baixo número de passageiros (com elevado
no Cenário LB (mas ainda com algum aumen- uso de transporte individual motorizado).
to), e no Cenário HS aumentar respectivamente No Cenário HS este aspecto de desempenho
para 19 e 20 em 2030, e 32 e 35 em 2050. Em também aumenta com o tempo, contribuindo
comparação, o RTR dos EUA e Canadá em 2010 para um número bem mais alto de passageiros
foi de 32 e na OCDE-Europa de 84 (o mais alto no transporte público.

100
90
80
70
Valor de RTR

60
50
40
30
20
10
0
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

OCDE - Cenário BS OCDE - Cenário HS Não-OCDE- Cenário BS Não-OCDE - Cenário HS

Figura 3: Valor por quilômetros de transporte público por 1 milhão de residentes até 2050 (por cenário e região)

30.0

25.0
Km/milhões de residentes

20.0

15.0

10.0

5.0

0.0
ico
a

io

ca

s

a
a

ia

s
s

il
ro
op

ro
ro

in
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A

AL
ie
OC
OC

Ás
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EU

Or
c

o-
Pa


DE
OC

>10 milhões 5-10 milhões 1-5 milhões 0.3-1 milhão

Figura 4: Extensão-alvo para sistemas de BRT em 2050 por tamanho de cidade (média de todas as cidades na classe de ta-
manho por região) para o Cenário HS

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 13


Essas mudanças são exibidas ao longo do Figura 4 ilustra a definição de metas de BRT
tempo tanto para países OCDE como não-OCDE por tamanho de cidade e por região/país. Uma
na Figura 3. Em ambos os casos, o RTR aumenta definição de meta similar foi feita para outros
lentamente (ou com leve declínio) no Cenário modos de transporte público.
LB e aumenta rapidamente no Cenário HS. A

Padrões de Viagens: Premissas e Resultados


O resumo dos resultados para as regiões com as premissas e cálculos detalhados, estão
OCDE e não-OCDE No mundo, a partir das sendo preparados e serão apresentados em um
várias projeções, é mostrado na Figura 5 com relatório documental subsequente.
o total de Passageiros-quilômetros viajados Uma análise subjacente ao Cenário HS
(PKV), e na Figura 6 com o PKV per capita. sugere que as necessidades de viagens urbanas
As Figuras 7 e 8 mostram resultados mais na maioria das cidades do mundo podem, em
detalhados para sete regiões selecionadas. princípio, ser atendidas por uma combinação
Para alcançar a projeção de viagens urbanas de modos que reduza pela metade o valor
no Cenário HS, o aumento de viagens em cada em quilômetros dos veículos leves (LDV). A
modo foi combinado (considerando-se quanto expansão necessária do transporte público
cada modo poderia aumentar, e considerando e não motorizados, para todas as áreas em
os pontos de partida) e depois comparado com 2050, não é superior ao uso atual observado
o total de viagens no Cenário LB para cada uma em certas áreas do mundo. No entanto, dada a
das regiões e países do MoMo. As taxas de cres- rápida urbanização que ocorrerá entre agora e
cimento em países não-OCDE foram ajustadas 2050, isto exigirá que o transporte público seja
para sustentar uma meta de redução em 50% geralmente de 2 a 3 vezes maior em 2050 no
das viagens em veículos leves (automóveis). Cenário HS do que no Cenário LB.
A exceção é para os EUA e Canadá, onde a Um objetivo importante do Cenário HS é
redução de 50% é muito maior do que uma de promover maior equidade na mobilidade
compensação plausível causada pelo aumento urbana. Isto é possível se todas as regiões estu-
do transporte de alta capacidade e modos não dadas começarem a convergir para a meta de
motorizados. 8.000 PKV per capita/ano em 2050, com a África
Estes dados mostram que em 2010 os e partes da Ásia alcançando taxas mais altas
habitantes dos países da OCDE viajaram quase de mobilidade no Cenário HS via investimen-
duas vezes mais do que nos países não-OCDE, tos em transporte público que se aproximam
enquanto que em 2050 (no Cenário HS) o mais do visto em outras regiões do mundo.
número de viagens per capita converge a cerca Essa meta também pode ser alcançada dentro
de 8.000 PKV por pessoa/ano, sugerindo níveis de cada região, nos vários grupos de renda,
mais equânimes de mobilidade do que os que conforme mostrado na seção sobre equidade
existem hoje ou previstos pelo Cenário LB. Os mais à frente.
resultados, com maior detalhamento regional e

14 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


45
a pé
40
bicicleta
35
Pkms por ano (trilhões)
bicicletas elétricas
30 trens metropolitanos
25 bonde/VLT
20 metrô
15 miniônibus
10 BRT
5 ônibus aliment. BRT

0 Ônibus Urbano
2010 2050 2050 HS 2010 2050 2050 HS ICE 2 rodas
Base Base
Veículos Leves
OCDE não-OCDE

Figura 5: Total de passageiros por quilômetros em viagens urbanas em 2010 (Cenário LB e Cenário HS em em 2050)

14

12 a pé

10 bicicleta
PKT em trilhões

bicicletas elétricas
8
trens metropolitanos
6
bonde/VLT
4 metrô
2 miniônibus

0 BRT
Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050
Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050
2010

2010

2010

2010

2010

2010

2010

Ônibus Urbano
Ice 2 Rodas
Veículos Leves

EUA Américas - Europa China Índia Ásia - África


Outros Outros Oriente Médio

Figura 6: Quilômetros percorridos por passageiros em viagens urbanas em 2010 e por cenários para os países da OCDE compara-
dos a países não-OCDE

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 15


14

12 a pé
bicicletas
PKT em trilhões

10
bicicletas elétricas
8
trens metropolitanos
6
bonde/VLT
4 metrô
2 miniônibus

0 BRT
Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050

Cenários HS em 2050
Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050

Cenários LB em 2050
2010

2010

2010

2010

2010

2010

2010
ônibus urbano
Ice 2 rodas
veículos leves

EUA Américas - Europa China Índia Ásia - África -


Outras Outros Oriente Médio

Figura 7: Total de Viagens de Passageiros Urbanos por Países/Regiões Selecionados

14.0

12.0 a pé
bicicleta
10.0 bicicletas elétricas
trem subúrbio
8.0
bonde/VLT
metrô
6.0
miniônibus
P-km

4.0 BRT
ônibus urbano
2.0 ICE 2 rodas
veículos leves
0.0
Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050

Cenário LB em 2050
Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050

Cenário HS em 2050
2010

2010

2010

2010

2010

2010

2010

EUA Américas - Europa China Índia Ásia - África -


Outras Outros Oriente Médio

Figura 8: Viagens por pessoa (por cenário e região)

16 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


O Cenário HS aponta um caminho para forma significativa o PKV. O aumento de uso do
promover maior desenvolvimento socioeco- transporte público, bicicletas e bicicletas elé-
nômico sustentável no mundo, o que enfrenta tricas pode resultar em um aumento drástico
obstáculos como a baixa mobilidade urbana e da mobilidade urbana na África, atingindo em
a dificuldade de acesso aos mercados e opor- 2050 um PKV total aproximadamente 1,5 vez
tunidades de trabalho. Na África os índices de maior do que no Cenário LB. Em menor medi-
motorização mesmo em 2050 são tão baixos da, é o que acontece também na região “Outros
que a redução pela metade dos quilômetros países da Ásia” (Ásia, excluindo os países da
percorridos por automóveis não reduz de OCDE, a China e a Índia).

Ônibus e Sistemas de BRT: Premissas e Resultados


No Cenário HS, à exceção dos sistemas de geiros por sistema também aumenta e se
BRT, ocorre um aumento contínuo do número aproxima das vistas no TransMilenio de
de ônibus convencionais no mundo inteiro, Bogotá, chegando a valores similares para
particularmente nos países não-OCDE. Este capacidade, ocupação e velocidade. Todos
aumento, com a alta qualidade e frequência os sistemas conseguem um selo Bronze
como os vistos na Europa, é responsável por ou superior a este, de acordo com o Padrão
uma parcela importante no aumento de usuá- de Qualidade de BRT,11 gerando em 2050
rios de transporte público. cerca de 30 a 35 milhões de passageiros-
-quilômetros por faixa-quilômetro de BRT
As premissas incluem: (comparado a 40 a 42 milhões de p-kms
• O número de passageiros por ônibus por faixa-km de metrô, o que representa
se baseia nos dados do MoMo por país, um aumento a partir dos valores atuais de
numa faixa que varia de 6 a 47 (da média 12-14 e 25-35 milhões de p-kms, respecti-
mais baixa nos EUA à mais alta na Europa vamente, por faixa-km).
Oriental) em 2010; de 20 a 50 em 2050 e
com a maioria dos países na faixa de 25 a • O Cenário HS prevê que o BRT retirará
30 em 2050. Esta média considera todas as passageiros de veículos motorizados de 2
viagens de ônibus e, portanto, os horários rodas, veículos leves (automóveis), miniô-
de pico poderão ter médias muito mais nibus e ônibus convencionais.
elevadas. Em contraste, no Cenário LB as
taxas de ocupação são inferiores. • O Cenário HS também supõe que as linhas
alimentadoras (ônibus convencionais) dos
• No Cenário LB, os miniônibus (menos de sistemas de BRT ofereçam um serviço de
24 assentos) têm cerca de 50% de ocupa- alta qualidade, equivalente aos serviços
ção, sendo que o número de ônibus e de troncais de BRT, e ofereçam aos passagei-
passageiros aumenta mais lentamente ros mais mobilidade de forma geral.
no mundo inteiro. Já no Cenário HS os
passageiros tendem a migrar para veículos Como ilustrado na Figura 9, as viagens de
maiores, como o BRT. Isto também ajuda a ônibus constituem a maior parte das viagens
reduzir os congestionamentos, já que mais na maioria das regiões, aumentando até 2050
pessoas são transportadas por veículos no Cenário HS para um valor que pode variar
maiores e em menor número. de 129% (OCDE Pacífico, com um nível inicial
muito alto) a 445% (EUA/Canadá, com níveis
• Até 2050, no Cenário HS a maioria das cida- iniciais muito baixos), comparado ao Cenário
des teria sistemas de BRT de bom tamanho, LB. O BRT, que dá sinais de passar por um
particularmente nos países em desenvolvi- crescimento exponencial como sistema recém-
mento. Em termos per capita, as extensões -desenvolvido de transporte público, aumenta
médias dos sistemas se aproximam das em todos os países no Cenário LB de 2050
observadas atualmente em cidades como por um fator de pelo menos 3 vezes quando
Bogotá. Além da projeção de crescimento comparado aos níveis atuais. No Cenário HS de
dos sistemas de BRT, o número de passa- 2050, o BRT aumenta cerca de 300% nos países

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 17


da América Latina (que têm níveis iniciais de HS e Alto Nível de BRT, no qual a participação
BRT bastante altos no Cenário LB), a 800% na do BRT em quilômetros de novos sistemas de
Índia e Outros Países da Ásia, que têm núme- transporte de alta capacidade é 50% superior à
ros baixos no Cenário LB. Abaixo também foi do Cenário HS mostrado aqui inicialmente.
analisada uma variante, que seria o Cenário

20
18 miniônibus
P-kms anuais (trilhões)

16
14
12 BRT
10
8
ônibus aliment. BRT
6
4
2 ônibus urbano
0
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário
LB em HS em LB em HS em
2050 2050 2050 2050
OCDE 0 0 não- 0 0
OCDE

Figura 9: Viagens anuais de passageiros de ônibus e BRT (por ano, cenário e região)

Transporte Sobre Trilhos: Premissas e Resultados


Foi feito um grande esforço para estabelecer a ponto de atingir certas metas de acesso e
um inventário mundial de sistemas sobre número de passageiros (apesar dos níveis
trilhos e suas características (extensão do siste- per capita em 2050, em muitas regiões,
ma, número de passageiros). A União Inter- continuarem ainda muito abaixo dos
nacional de Vias Férreas (UIC) forneceu à AIE observados hoje nas regiões Europa e OCDE
um banco de dados inicial sobre os sistemas Pacífico).
de bonde, veículos leves sobre trilhos e metrô,
o qual foi aprimorado a partir de buscas na • Os sistemas de metrô, bondes e veículos
Internet e dados nacionais, regionais e munici- leves sobre trilhos aparecem mais em paí-
pais de governos, além de dados de operadores. ses da OCDE, enquanto que o BRT aparece
Foi criado também um banco de dados com- mais em países não-OCDE, apesar de todos
pletamente novo sobre os sistemas de trens os sistemas se expandirem em todas as
metropolitanos. Em 2010, as regiões da Europa regiões. Os sistemas de trens metropo-
e OCDE Pacífico foram as que apresentaram, de litanos se expandem significativamente
longe, os números mais altos de passageiros de em todas as regiões como parte de uma
transporte sobre trilhos. estratégia de desenvolvimento policêntrico
das áreas metropolitanas.
As premissas incluem:
• No Cenário LB não ocorre uma expansão A Figura 10 mostra as projeções de uso dos
muito grande dos sistemas sobre trilhos e sistemas sobre trilhos para os países OCDE e
não são construídos novos sistemas. Obser- não-OCDE em 2010, e para os Cenários LB e HS
va-se portanto apenas um crescimento em 2050. É importante observar que as escalas
mais lento do número de passageiros. dos eixos verticais das Figuras 9 e 10 diferem
enormemente. Os sistemas sobre trilhos geram
• No Cenário HS ocorre um forte aumento somente 2,5 trilhões de passageiros-quilôme-
do número de sistemas sobre trilhos e do tros viajados no Cenário HS em 2050, ao passo
volume de passageiros em todo o mundo, que os ônibus geram 16 trilhões de p-kms.

18 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


3.5
3.0 trem de subúrbio
P-Kms anuais (trilhões)
2.5
2.0
bonde/VLT
1.5
1.0
0.5 metrô
0.0
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário
LB em HS em LB em HS em
2050 2050 2050 2050

OCDE 0 0 não- 0 0
OCDE

Figura 10: Viagens de passageiros por tipo de sistema sobre trilhos (por cenário e região)

Veículos de Baixa Potência e Não Motorizados: Premissas e Resultados


As viagens a pé não são avaliadas suficien- distância per capita. A participação das viagens
temente no mundo inteiro, devido à falta de a pé aumenta no Cenário HS comparado a
definições comuns e estruturas de análise. 2010 pela possibilidade maior de empreender
Praticamente todas as pessoas caminham viagens a pé mais seguras e convenientes, em
diariamente, de modo a atender necessidades função de um planejamento urbano e de uso
básicas e assim acessar alimentos, água, sua do solo mais denso e misto.
comunidade, trabalho, educação, atendimento O fator mais importante para melhorar
de saúde, compras e lazer. Algumas dessas a experiência de viagem a pé é dar maior
viagens a pé são para acesso ao transporte segurança por meio de um sistema de vias
público ou a carros particulares estacionados. e caminhos para pedestres maior e melhor,
Se incluirmos todas as viagens curtas, poderão assim como o tratamento das interseções e
ser muitas as viagens a pé por dia e por pessoa, medidas para acalmar o tráfego de veículos
no mundo inteiro, tornando as caminhadas motorizados. Essas providências poderão não
o modo de participação dominante em cada se refletir diretamente no aumento das via-
viagem. Este estudo, como muitos outros, gens a pé em algumas partes do mundo, mas
exclui muitas viagens mais curtas a pé e, para certamente oferecerão maior valor em termos
os dados de 2010, depende das estimativas de qualidade de vida e redução dos índices de
geralmente parciais de algumas pesquisas acidentes de trânsito.
sobre deslocamentos urbanos – já que poucas O Cenário HS pressupõe um aumento dra-
incluem uma contagem explícita de todas as mático no uso de bicicletas elétricas de baixa
viagens a pé associadas a outras viagens, ou potência e outros tipos de bicicletas em países
mesmo das distâncias cobertas por viagens que não apresentam ainda altos níveis de uso.
completadas a pé. A premissa é de que ocorra Enquanto que no Cenário LB há altos números
um número um pouco maior de viagens a pé de viagens a pé na maioria dos países e de uso
nos países não-OCDE do que nos países OCDE, de bicicletas em alguns países (como a Holan-
sendo que a África tem o maior número de da), no Cenário HS as viagens a pé ou de bici-
viagens per capita nesse modo. No Cenário cleta aumentariam também entre as pessoas
LB, assume-se que o número permanecerá com opções motorizadas, tais como o acesso a
relativamente imutável até 2050 comparado a automóveis. As bicicletas e scooters elétricas
2010, apesar de haver uma pequena queda na de baixa potência (denominadas em conjunto

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 19


de bicicletas elétricas) são agora usadas ampla- segurança e políticas públicas de promoção
mente somente na China, mas no Cenário HS ao seu uso, como já aconteceu em várias
seu uso aumentaria no mundo inteiro. Elas são cidades13 e como projetado por outros
diferentes das scooters e motocicletas de alta modelos.14 Aqui pressupõe-se que até 2050
potência e, se reguladas corretamente, podem a maioria das cidades poderia alcançar
contribuir para estabelecer velocidades de níveis mais próximos dos níveis europeus
tráfego mais lentas e condições mais seguras médios de uso de bicicletas, mas mesmo
em áreas onde se tornem presentes. É impor- assim seria apenas uma fração dos níveis
tante que as questões de segurança associadas hoje vistos em Amsterdam e Copenhague.
com esse tipo de veículo não prejudiquem o Uma mudança muito mais intensa para o
uso disseminado das bicicletas elétricas. Nossa uso da bicicleta pode ser conseguida com
hipótese inclui projeções de posse e uso dess- investimentos em infraestrutura cicloviária
ses veículos, e níveis médios de uso por dia e e mudanças em políticas públicas.
por ano para gerar projeções de passageiros-
-quilômetros viajados (PKV). No Cenário Hs, o • Para as bicicletas elétricas, pressupõe-se
aumento da viagens em bicicletas ou bicicletas que a posse está atualmente próxima a
elétricas serve para contrabalançar uma redu- zero, exceto na China e partes do Sudeste
ção considerável de viagens em veículos mais da Ásia. O crescimento da posse e do uso
rápidos de duas rodas até 2050. Os resultados se baseia em tarifas que sobem apenas len-
são exibidos na Figura 11. tamente e uma complementaridade de uso
entre bicicletas elétricas e convencionais.
As premissas incluem: Além disso, o Cenário Hs prevê que o uso
• A posse de bicicletas regulares é estimada de scooters com ICE (motor de combustão
de acordo com padrões de uso coerentes interna) deverá declinar, ao serem substi-
com a literatura existente.12 Existem dados tuídas pelas bicicletas elétricas nos pró-
confiáveis do inventário mundial de bici- ximos 35 anos. Como resultado, o total de
cletas, mas o uso diário médio de bicicletas viagens por bicicletas elétricas e veículos
é insuficientemente documentado. Nossa ICE de duas rodas não aumenta muito.
premissa é que haja um uso diário relativa-
mente baixo. • O total de p-kms de todos os três modos
aumenta ao longo do tempo, de forma
• O uso de bicicletas aumentará na medida mais acentuada para as bicicletas elétri-
em que sejam feitos investimentos em cas e com aumentos mais lentos para as
ciclovias e bicicletários, em aspectos de viagens a pé e de bicicleta.
Annual Passenger Kilometers (trillions)

7 a pé
6

5
bicicletas
4

2 e-bike/scooter
1

0
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário ICE 2 rodas
LB em HS em LB em HS em
2050 2050 2050 2050

OCDE não-OCDE

Figura 11: Viagens por modos não motorizados e de baixa potência (por ano, cenário e região)

20 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Mudanças no Padrão de Viagens em Transporte Individual (Carros e Motos)
Como mencionado anteriormente, uma e, portanto, uma necessidade muito menor
premissa essencial do Cenário HS é de que de estacionamento (que deve ser reduzido de
os deslocamentos urbanos em transporte forma proporcional ao número de veículos
individual seriam reduzidos em 50% até 2050 circulantes). A capacidade das vias é medida
em todas as regiões, quando comparado ao em função das viagens em veículos particu-
Cenário LB. Como isto é medido em termos de lares e não do número total de veículos. Essa
veículos-quilômetros, o estoque de veículos premissa do Cenário HS é que essa capacidade
(número de veículos automotores em uso) pode se reduza menos do que o número em veícu-
se alterar em função da variação do número de los-quilômetros viajados (VKV). Isto se deve ao
viagens por veículo. Na verdade, essa é a pre- fato de que: a) as vias já existem e não serão
missa principal para este aspecto do Cenário removidas, principalmente na OCDE, e b) a
HS: carros particulares serão deixados em casa redução da construção de vias (menos intensa
com mais frequência, circulando menos vezes que a mudança em VKV) indica que haverá
por ano. Assim, as vendas e estoques de carros, menos congestionamento. Apesar da redução
tanto nas regiões OCDE como não-OCDE, não de congestionamentos não ser medida explici-
se reduzem em 50%, mas sim próximo a 40% tamente neste estudo, trata-se de um benefício
conforme mostra a Figura 12. Isto significa um econômico valioso que provavelmente não será
número bem inferior de carros em circulação perdido.

1,400
1,200
1,000
Milhões

800
600
400
200
-
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário
LB em HS em LB em HS em
2050 2050 2050 2050

OCDE não-OCDE

Figura 12: Estoques urbanos de carros (por região, ano e cenário)

Uma outra característica do Cenário HS é nos países não-OCDE temos 1,7 (ao invés de
que ele supõe uma maior taxa de ocupação nos 1,6) pessoas por carro no Cenário LB em 2050
veículos, já que a mobilidade compartilhada (conforme mostra a Figura 13). Esta alta taxa
tem se configurado como uma tendência. de ocupação também resulta em mais viagens
Apesar de não estarem previstas grandes de passageiros para um dado número de VKV
mudanças nesse aspecto, elas afetam signifi- e, portanto, veículos-passageiros-quilômetros
cativamente a mobilidade: nos países da OCDE tem menor redução do que veículos-quilôme-
chega-se a 1,6 (ao invés de 1,4) pessoas por tros no Cenário HS.
carro em 2050 no Cenário HS, enquanto que

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 21


1.80

média de pessoas por viagem


1.70
1.60
1.50
1.40
1.30
1.20
1.10
1.00
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário
LB em HS em LB em HS em
2050 2050 2050 2050

OCDE não-OCDE
Figura 13: Ocupação média (passageiros por viagem)

Estas são as principais mudanças no uso de verdade, esse efeito pode se tornar bastante
veículos leves em todos os cenários. Não estão considerável, porém é necessário uma pesqui-
previstas mudanças substanciais das caracte- sa mais detalhada sobre o impacto da redução
rísticas propriamente ditas dos veículos entre dos tempos de viagem no Cenário HS poderia
os Cenários HS e LB, apesar de uma pequena afetá-lo. Benefícios adicionais da melhoria de
tendência para veículos menores (tendo como economia de combustível e da introdução de
resultado maior economia de combustível). Há novas tecnologias, tais como veículos elétricos,
também a previsão de uma pequena econo- também estão sendo avaliados e serão incluí-
mia de combustível em uso devido à redução dos em atualizações futuras deste estudo.
do congestionamentos nas vias urbanas. Na

Energia/Emissões de CO2: Resultados


Como todas as áreas urbanas do mundo culos e sua ocupação. Para cada região e modo,
estão incluídas na análise, os impactos do uso a Figura 14 mostra a eficiência por passageiro-
de energia e emissões de CO2 podem ser anali- -quilômetro e a Figura 15 mostra o uso total
sados de forma global e local. O uso de energia de energia. O transporte público é muito mais
é função da viagem do veículo e da eficiência eficiente do que os veículos leves e, portanto, a
do veículo em cada modo, considerando-se no mudança para esses modos reduz o consumo
cálculo a taxa de ocupação e o número de veí- de energia e a emissão de CO2 por passageiro-
culos e quilômetros-veículos necessários para -km de forma significativa. No Cenário HS, a
transportar as pessoas pelo número especifica- eficiência por passageiro-km no transporte
do de passageiros-kms. A eficiência energética público melhora mais ainda porque a taxa de
de diferentes tipos de veículos (baseada nas ocupação nos veículos é superior ao do Cenário
estimativas de eficiência de veículos do MoMo, LB, assim como a qualidade do sistema como
ajustadas para as condições urbanas em uso) um todo: operação otimizada, maior frequên-
varia grandemente, mas nem tanto localmente. cia e redução de intervalos de serviço, maior
Ela melhora significativamente ao longo do capacidade e adensamento urbano no entorno.
tempo no Cenário LB, com melhorias idênticas Os carros também se tornam mais eficientes,
no Cenário HS. como mencionado acima, devido às normas de
Além dos dados relativos às viagens, as economia de combustível e a maior taxa média
premissas essenciais por trás do uso de energia de ocupação.
e das emissões de CO2 são a eficiência dos veí-

22 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


0.025

0.020
Megajoules por pass-km

0.015

0.010

0.005

0.000
OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE

2010 Cenário LB em 2050 Cenário HS em 2050

Veículos Leves Ônibus Urbano Miniônibus Bonde/VLT bicicletas elétricas

2-3 rodas BRT Metrô Trens Metropolitanos

Figura 14: Eficiência energética (por passageiro, quilômetro, modo, ano e cenário)

40.0

35.0

30.0

25.0
Exajoules

20.0

15.0

10.0

5.0

0.0
OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE

2010 Cenário LB em 2050 Cenário HS em 2050

Veículos Leves Ônibus Urbano Miniônibus Bonde/VLT bicicletas elétricas a pé

2-3 rodas BRT Metrô Trens Metropolitanos bicicleta

Figura 15: Uso de energia (por cenário, região e modo)

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 23


4.0
bicicletas elétricas
3.5

Emissões de Co2 (gigatons)


3.0 trens metropolitanos
2.5 Bonde/VLT
2.0 Metrô
1.5
Miniônibus
1.0
BRT
0.5
0.0 Ônibus Urbano
2010 Cenário Cenário 2010 Cenário Cenário
LB em HS em LB em HS em 2-3 rodas
2050 2050 2050 2050
Veículos Leves
OCDE não-OCDE

Figura 16: Emissões equivalentes em CO2 do Transporte Urbano de Passageiros (por ano, cenário e modo)

Os resultados de emissões de CO2 por modo Apesar do presente estudo não abordar
de transporte são mostrados na Figura 16. É outras ações para aumentar a economia de uso
evidente a predominância dos veículos leves de combustível de veículos motores, ele leva
quanto ao uso de energia e emissões de CO2, em consideração políticas existentes que, no
tanto na situação atual como no Cenário LB, Cenário LB da AIE, melhoram a economia de
assim como é a redução do consumo de energia combustível de carros novos (mais econômicos
e das emissões de CO2 no Cenário HS. Com- no consumo de combustível) em 32% na OCDE,
parado ao Cenário LB, o Cenário HS reduziria e em 23% nos países não-OCDE. O Cenário HS
globalmente as emissões de CO2 do transporte aumenta essas proporções respectivamente
terrestre e urbano de passageiros em 1,7 giga- para 36% e 27%, devido às melhores práticas
toneladas (cerca de 40%) até 2050: de 4,4 GT no de direção e uma pequena substituição por
Cenário LB para 2,7 GT no Cenário HS. Não são veículos menores. No entanto, a Iniciativa
exibidos os tipos específicos de combustíveis, Global de Economia de Combustíveis (www.
mas os modos que usam pistas de rolagem são globalfueleconomy.org) pede muito mais: uma
dominados por combustíveis à base de petróleo, redução de 50% do consumo de combustível
enquanto que os modos que utilizam trilhos por quilômetro rodado para veículos leves
são quase totalmente eletrificados. No cenário no mundo inteiro até 2030. O alcance da
4DS da AIE, a produção de energia elétrica vai meta da GFEI para 2030 poderia reduzir mais
utilizar cada vez menos combustíveis fósseis, 700 megatoneladas de CO2 por ano, além da
e por consequência gerar menos emissões de redução de 1.700 que seria possível alcançar no
gases do efeito estufa. Isto é útil - mas não Cenário HS. O alcance dessa meta de economia
obrigatório - para obter as reduções de emissões de combustível, em conjunto com a oferta
de CO2 projetadas para o Cenário HS. de um melhor transporte público, a pé ou de
É importante notar que é possível uma bicicleta, poderia reduzir as emissões anuais
redução adicional da emissão de gases de efeito de CO2 do transporte de passageiros em 55%
estufa se melhorias posteriores em economia de até 2050, comparado ao valor do Cenário LB
combustível forem acrescentadas ao potencial em 2050, e em 10%, comparado aos níveis
de mitigação do Cenário HS. Podemos e deve- de 2010. Programas eficientes de economia
mos considerar os efeitos da dupla contagem, de combustível para outros tipos de veículos
que dependem do caminho adotado. De fato, o (caminhões médios e pesados, ônibus e duas
potencial de mitigação estimado das estratégias rodas) poderiam ajudar, bem como a o uso de
de “evitar-mudar” (focadas na atividade veicu- energia elétrica e combustíveis com baixo teor
lar) comparadas às estratégias de “melhorar” de carbono. Estas opções e seus impactos no
(focadas na tecnologia), depende de que abor- Cenário HS serão investigadas mais a fundo no
dagem se assume como estratégia inicialmente futuro.
aplicada.

24 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


A Figura 17 mostra os resultados das ção a 2010 e ao Cenário LB. Além dos efeitos da
emissões de CO2 no Cenário HS para as prin- migração modal, este resultado reflete o fato de
cipais regiões do mundo. Até 2050, a previsão que os EUA teriam a maior redução em viagens
é uma enorme redução de CO2 em economias gerais no Cenário HS, cerca de 30% inferior ao
em rápida expansão (como China e Índia), com do Cenário LB em 2050. Este elemento de “evi-
reduções significativas (e proporcionalmente tar” é de grande dimensão e permanece como
similares) em cada país e região. De fato, em uma das questões levantadas por este estudo,
base percentual, nos Estados Unidos em 2050 que merecem investigação posterior.
ocorre maior redução no Cenário HS em rela-

1.4

1.2 a pé
Equivalente CO2 (gigatones)

bicicleta
1.0
bicicleta elétrica
0.8 trens metropolitanos
bonde/VLT
0.6 metrô
0.4 miniônibus
BRT
0.2 ônibus urbano
2-3 rodas
0.0
veículos leves
2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050

2010

Cenário LB em 2050

Cenário HS em 2050
EUA Américas - Europa China Índia Ásia - outros África
outros Oriente Médio

Figura 17: Emissões equivalentes em CO2 para países selecionados

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 25


Resultados: Infraestrutura de Transporte Público
Como descrito acima, a dimensão do sis- é mostrada na Figura 18. Na região da OCDE o
tema (e, portanto, extensão da infraestrutura) aumento em cada modo é significativo, quando
necessária para comportar as viagens em BRT e comparado a 2010, mas não grande em termos
no transporte sobre trilhos foi estimada usando percentuais (exceto para o BRT, já que este era
premissas quanto ao número e à extensão (em minúsculo em 2010). Nos países não-OCDE, as
faixas-kms) dos sistemas já existentes no mun- taxas de crescimento necessárias são muito
do. Por sua vez, essas projeções foram usadas mais altas e exigiriam grandes investimentos
para fazer estimativas de custo da infraestru- contínuos durante as próximas décadas para
tura associada com os cenários apresentados atingir a meta. O crescimento mais rápido seria
abaixo. A extensão total em quilômetros dos o do BRT e dos trens metropolitanos.
sistemas por ano e região para o Cenário HS

80
Kms de pista (1000)

60

40

20
2010
0
Metrô

Metrô
Trens Metropolitanos

Trens Metropolitanos
BRT

Bonde/VLT

BRT

Bonde/VLT
2050

OCDE não-OCDE
Figura 18: Extensão dos sistemas de BRT em 2010 e no Cenário HS em 2050 (por modo e região)

Resultados: Custos no Cenário Hs e suas Implicações


As principais implicações em termos de de uma só vez para construir vias, calça-
custos diretos e de investimentos do Cenário das, estacionamentos e estruturas, siste-
HS foram estimadas de 2010 a 2050 em relação mas de BRT, sistemas de ônibus e sistemas
ao Cenário LB segundo médias anuais e acu- sobre trilhos.
muladas, incluindo todos os custos de mercado
para os usuários privados e órgãos públicos Estas estimativas se baseiam nas médias de
(isto é, os contribuintes): valores por país ou região.
• Custos de compra de todos os tipos de A análise de custo é resumida na Figura
veículos, para todos os modos; 19. Os custos sobem em função do aumento
das viagens de passageiros por modo e região.
• Custos de combustível para todos os Assim, por exemplo, o custo da infraestrutura
modos e tipos de veículos; de vias e sistemas de transporte público aumen-
ta na proporção de sua importância nos dois
• Custos de operação e manutenção dos cenários. Os custos de vias e estacionamento
veículos e sistemas de transporte público, são muito menores no Cenário HS do que no de
inclusive custos diários de O&M e custos LB. Os custos de construção e operação dos sis-
de manutenção da infraestrutura; temas de transporte público são muito maiores
no Cenário HS do que no LB. O Cenário HS tem
• Custos de implementação de infraestrutu- demanda de energia muito inferior, gerando
ra, isto é, custos dos investimentos feitos economias significativas de energia.

26 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


$350 Infraestrutura trilhos
Infraestrutura BRT
$300 Infraestrutura viária
O&M Bicicletas
$250
O&M Trilhos
O&M BRT
$200
O&M Ônibus
Trilhões de US$

$150 O&M Veículo Particular


O&M relativas às vias
$100 Combustível elétrico
Combustível BRT - comb. líquido
$50
Combustível Ônibus - comb. líquido

$0 Combustível Veículos Leves - 2 rodas


não-OCDE não-OCDE não-OCDE não-OCDE Combustível líquido
OCDE OCDE OCDE OCDE
Compra Bicicletas
-$50
2010-2030 2010-2050 2010-2030 2010-2050 Compra Trilhos
Cenário LB Cenário HS Compra BRT
Compra Ônibus
Compra Veículo Particular

Figure 20: Resumo de estimativas de custos 2010-2050 (por tipo, cenário e modo)

No geral, os custos totais do Cenário LB de tempo em termos reais, e convergem até certo
2010 a 2050 são de aproximadamente US$500 ponto na medida em que a renda e a qualidade
trilhões ($200T na OCDE e $300T na não-OCDE), de projeto aumentam na região não-OCDE.
enquanto que os custos do Cenário HS estão Os resultados indicam que no Cenário LB os
em torno de US$400 trilhões ($160T na OCDE custos de infraestrutura de vias e estaciona-
e $240T na não-OCDE). O Cenário HS reduziria mento dominam, quando comparados a outros
os custos acumulados em aproximadamente custos de infraestrutura. Isto se deve ao fato
US$110 trilhões ou 22%. de que é prevista uma quilometragem muito
A Figura 20 subdivide o custo de investi- maior de vias (e quilômetros quadrados de
mento em infraestrutura em maior detalhe estacionamentos) do que para qualquer tipo de
e o apresenta como despesas anuais médias transporte público. No entanto, no Cenário HS
para construir uma nova infraestrutura nos o número de vias e estacionamentos necessá-
períodos de 2010 a 2030 e 2030 a 2050. Isto rios se reduz dramaticamente, e os custos dos
leva em consideração o custo direto total por sistemas sobre trilhos são grandes o suficiente
quilômetro para construir novas vias (em para serem percebidos nas barras do gráfico.
função do número projetado de viagens de Apesar dos cerca de 25.000 km de BRT previstos
carro), estacionamentos (em função do estoque para a região não-OCDE entre 2030 e 2050, ele
previsto de carros), calçadas ao longo de vias mal pode ser visto no gráfico, já que o custo é
urbanas (exclundo estradas), infraestrutura de “somente” cerca de $12 bilhões por ano, um
cicloviária para receber grande parte das via- valor muito pequena no contexto dos demais
gens previstas de bicicleta e sistemas de BRT custos.
e sobre trilhos. Como outros custos, estes se Também vale a pena observar que na OCDE
baseiam nos custos médios atuais por quilô- entre 2030 e 2050 os custos de infraestrutura
metro de vários países, mas são aplicados sob “ficam negativos”. Isto representa uma redução
forma de média quando calculado para todos da necessidade de novas vias para automóveis.
os países OCDE e todos os países não-OCDE, Na realidade, parece improvável que as vias
dada a insuficiência de grande parte dos dados. sejam removidas, mas o que o gráfico sugere é
Por exemplo, assume-se custos de construção que haverá uma redução do volume de tráfego,
de BRT da ordem de $7,5 milhões/kilômetro o que agregaria um valor igual ou superior sob
nos países não-OCDE, e o dobro deste valor nos a forma de redução do congestionamento em
países OCDE. Esses custos (e todos os custos de um sistema viário que não encolheu.
infraestrutura relacionados) aumentam com o
Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 27
2.50 calçadas

2.00 ciclovias

trens metropolitanos
1.50
USD Trilhões

linhas de bonde
1.00
linhas de metrô
0.50 Sistemas BRT

0.00 Estacionamentos

Vias
-0.50
OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE OCDE não-OCDE

0 0 0 0
2010-2030 2030-2050 2010-2030 2030-2050
0 0 0 0 0 0

Cenário LB Cenário HS

Figura 20: Custo médio anual de investimentos (por tipo, cenário e modo)

Estes resultados de custos serão detalhados poderão constituir a análise principal de um


posteriormente num documento separado e futuro relatório complementar.

Resultados: Equidade no Cenário HS e suas Implicações


Além de desenvolver uma versão urbana do sugerem as pesquisas de viagens, mas essa
MoMo, uma nova desagregação demográfica diferença diminui um pouco na medida em
das viagens urbanas foi desenvolvida e vincu- que cresce a renda dos grupos mais pobres.
lada a essa projeção. Este modelo de primeira Foram feitas projeções para 14 desagregações
geração, “Economia de Equidade Demográfica”, regionais por faixa de renda. Uma outra
oferece a oportunidade de acompanhar as comprovação importante dessa projeção é que
viagens por grupos dentro da população. A a posse de veículo particular é função da renda
base de dados utilizada para fazer isto foi uma de cada faixa, baseada num estudo global
revisão de 25 pesquisas nacionais e urbanas de renda e propriedade.19 As distribuições de
de viagens domiciliares do mundo inteiro. renda atual foram obtidas dos dados do Banco
Isto mostrou que poucos bancos de dados Mundial,20 a renda total foi projetada de forma
(ou análises relacionadas) eram diretamente alinhada com as projeções da OCDE usadas
comparáveis, usando metodologias diferentes, no cenário ETP 2012. Partimos do pressuposto
perguntas diferentes, diferentes definições de de que a desagregação da renda mantenha os
grupos e diferentes classificações de modo de mesmos padrões de distribuição ao longo do
transporte. No entanto, constatou-se que os tempo (isto é, nenhuma mudança no coeficien-
dados sobre propriedade de veículos por classe te GINI).
de renda eram suficientemente comparáveis Apesar das incertezas, a desagregação das
para permitir estabelecer, para várias regiões, a viagens segundo grupos de renda oferece análi-
participação aproximada dos modos de viagens ses importantes. Comparado a 2010, o número
no ano base.15,16,17,18 de passageiros-km no Cenário LB quase dobra
Para 2010, as viagens de passageiros confor- em 2050. Grande parte disso se deve ao aumen-
me o modo de transporte equivalem ao total de to da propriedade de veículos entre os grupos de
viagens para todos os grupos de renda; a maior mais alta renda. No Cenário LB, como acontece
incerteza é de como o número de passageiros nas cidades atuais, pode-se prever que o uso
se subdivide pelos vários grupos nos períodos intensivo de automóvel nos grupos de mais
subsequentes de tempo. A premissa é de que o alta renda resulta em mais congestionamento e
total de viagens seria significativamente menor competição por espaço nas vias, o que degrada a
para os grupos de renda mais baixa, conforme qualidade do transporte público, a pé ou de bici-

28 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


cleta usado pelos grupos de renda mais baixa. como grupos de renda mais alta se beneficiam
No Cenário HS, há uma expansão bem maior do mais com o aumento da infraestrutura para
transporte público e não motorizado, ao invés carros.
do aumento do número de automóveis. Na Em 2010 e mesmo no Cenário LB em 2050, os
medida em que há mais espaço viário destinado grupos de renda mais baixa têm uma mobilida-
ao transporte público e aos modos não motori- de relativamente baixa e pouco acesso ao carro
zados, cresce o número de passageiros e mais particular, como mostra a Figura 21. Grande
espaço públicos é dedicado aos grupos de renda parte da população mundial segue com pouco
mais baixa, tornando a cidade mais democrática acesso a carros particulares mesmo em 2050.
e equitativa. Assim, grupos das duas faixas No Cenário HS há uma mobilidade muito mais
mais pobres se beneficiam com as melhorias uniforme entre os grupos de diferentes faixas de
no transporte público e não motorizado, assim renda.

600
Carros/1000 residentes

500

400

300

200

100

0
Cenário LB Cenário HS Cenário LB Cenário HS
2010 2050 2010 2050
OCDE não-OCDE

20% mais baixos segundos 20% terceiros 20% quartos 20% 20% mais altos

Figura 21: Posse ou uso de carros por gGrupo de renda em 2010 e 2050 (por cenário)

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 29


A Figura 22 reflete esse reequilíbrio das maior renda, é menor no Cenário de HS compa-
viagens por modo, sendo que a diferença, em rado ao Cenário de Base, em 2050.
viagens per capita entre os grupos de menor e

14
12
milhares de kms per capita

10
8
6
4
2
0
20% mais baixos

20% mais altos


20% mais baixos

20% mais altos


20% mais baixos

20% mais altos

20% mais baixos

20% mais altos


20% mais baixos

20% mais altos


20% mais baixos

20% mais altos


terceiros 20%

terceiros 20%

terceiros 20%

terceiros 20%

terceiros 20%

terceiros 20%
segundos 20%

quartos 20%

segundos 20%

quartos 20%

segundos 20%

quartos 20%

segundos 20%

quartos 20%

segundos 20%

quartos 20%

segundos 20%

quartos 20%
2010 Cenário LB em Cenário HS em 2010 Cenário LB em Cenário HS em
2050 2050 2050 2050

OCDE não-OCDE

Veículos leves Motorizados 2 rodas Transporte Coletivo a pé/bicicleta


Ônibus/trilhos

Figura 22: Viagens per capita (por modo, grupo de renda, região e cenário)

Análise de Sensibilidade: Cenário HS Grande Número de BRTs


O Cenário HS apresenta um dos muitos Cenário HS. Estes custos são $4,4 trilhões mais
cenários possíveis no futuro. Para examinar a baixos no Cenário HS com Grande Número de
sensibilidade dos resultados – especialmente BRTs, uma redução de 14%. Como já existe um
custos, energia e CO2 – a mudanças em algu- número maior de BRTs nos países não-OCDE
mas das premissas de entrada, foi estudado e há diferenças nos custos operacionais e de
um Cenário HS com Grande Número de BRTs. implementação dos transportes entre países
Isto surgiu como um desdobramento do pró- ricos e pobres, o Cenário HS com Grande
prio Cenário HS ao manter constante a soma Número de BRTs oferece um potencial de
total da quilometragem dos serviços de trens economia de custos de $3,7 trilhões (dos $21
metropolitanos, metrô, veículos leves sobre trilhões do Cenário HS) nos países não-OCDE,
trilhos e BRT em 2050, mas aumentando pela um valor superior ao 0,7 trilhão (dos $12
metade a participação do BRT em km de novas trilhões do Cenário HS) nos países OCDE. Os
linhas de transporte público. impactos de energia e CO2 são muito similares
O total global de custos relacionados a entre o Cenário HS e o Cenário HS com Grande
BRT e transporte sobre trilhos, no período de Número de BRTs.
2010 a 2050, chega a cerca de $33 trilhões no

30 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


Impactos da Poluição do Ar na Saúde Pública
Os impactos de vários cenários de mobili- demais. Outros países estão seguindo o mesmo
dade na poluição do ar e saúde pública variam caminho, e implementando as normas Euro 1 a
em função das características dos veículos, Euro 6 para carros e veículos comerciais leves,
do seu uso, localização e intensidade. Por isso, e da Euro I a Euro VI para caminhões e ônibus
esta seção examina o efeito da poluição por pesados, sendo que Euro 6/VI exige veículos e
partículas finas ou fuligem (PM2.5) e os impactos combustíveis ainda mais limpos.
relacionados à saúde pública. Será necessário Como parte desse estudo, o Conselho Inter-
um estudo mais detalhado para analisar a nacional de Transporte Limpo (ICCT) conduziu
fundo os impactos de outros poluentes, da uma análise das implicações da poluição do ar
segurança viária e do sendentarismo na saúde causada por veículos e os impactos associados
pública. Como o Cenário HS tem potencial para à saúde. As emissões de poluentes por veícu-
promover um maior número de viagens a pé los em circulação foram estimadas usando o
ou de bicicleta, ele provavelmente reduziria modelo Global Transportation Roadmap do ICCT.
o número de mortes prematuras devido à O modelo Roadmap é uma ferramenta em
inatividade física. Também pode-se prever que Excel, concebida para ajudar os responsáveis
a redução de veículos-quilômetros de viagens e pelas políticas públicas a identificar tendências
o aumento do uso de modos mais ativos (como no setor de transportes, como uso de energia,
as viagens a pé e de bicicleta) contribuiriam emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e
para reduzir a incidência de fatalidades e emissões de poluentes do ar local; avaliar
ferimentos graves resultantes de acidentes no os impactos de diferentes políticas públicas;
trânsito, mas são necessárias mais pesquisas e elaborar diretrizes para novas políticas e
para confirmar essa suposição. regulamentações para emissões e transporte
A maioria das ações governamentais de de baixo carbono.21,22 O modelo Roadmap:
mitigação dos impactos do setor de transporte
abordam a redução do uso de combustíveis • Estima, para o ciclo de vida do combustí-
fósseis por veículos motores, em particular a vel, as emissões de GEEs (CO2, CH4 e N2O)
gasolina e o diesel. Essas ações incluem melho- e poluentes do ar local (PM2.5, NOx, CO,
rar a eficiência dos novos carros, caminhões carbono negro, e SO2), bem como o consumo
e ônibus, otimizar as viagens em automóveis de combustíveis fósseis, biocombustíveis,
e caminhões de carga, e melhorar a eficiência eletricidade e hidrogênio, para os anos 2000
dos sistemas de transportes. Além dos impac- a 2050;
tos sobre o clima e o consumo de energia, os
veículos motores contribuem enormemente à • Considera os carros de passageiros, veículos
poluição do ar, sendo que a exposição a essa comerciais leves, ônibus, motocicletas,
poluição é uma das causas principais de morte triciclos, caminhões médios e pesados,
prematura no mundo inteiro. transporte de passageiros e de carga sobre
Os governos dos EUA, União Europeia (UE) trilhos, aviões de transporte de passageiros,
e Japão têm liderado a criação de programas e o transporte internacional de cargas;
regulatórios para controlar a poluição dos veí-
culos motores ao estabelecer limites obrigató- • Foca 11 países/regiões com os maiores
rios para as emissões de novos veículos e para volumes de vendas de novos veículos: Esta-
a quantidade de enxofre presente na gasolina dos Unidos, União Europeia, China, Índia,
e no diesel. Esses programas internacionais Japão, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, México,
de melhores práticas resultaram em novos Austrália e Rússia;
veículos que são 99% mais limpos do que os

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 31


• Considera cinco regiões agregadas, que melhores práticas para controlar a poluição
consistem em países da América Latina, por veículos motores, equivalentes à Euro
Europa fora da UE, Ásia-Pacífico, África e 6/VI ou melhor.
Oriente Médio;
• Critério HS-Euro 6/VI: A atividade veicular
• Pode ser customizado para avaliar tendên- se desenvolve segundo o Cenário HS e
cias em transportes e impactos de políticas a maioria dos países adota políticas de
públicas em países específicos, com requisi- melhores práticas para controlar a poluição
tos mínimos de dados; por veículos motores, equivalentes à Euro
6/VI ou melhor.
• Foi revisto por especialistas em modelagem
de transportes, para garantir a validade e As seguintes figuras resumem as principais
adequação dos métodos e algoritmos de diferenças entre esses futuros alternativos em
cálculo; relação à poluição global por veículos motores
e impactos na saúde pública nas áreas urbanas.
• É atualizado anualmente e seus produtos A Figura 23 resume as tendências globais em
são validados por comparação com os emissões anuais de PM2.5 primários a partir dos
resultados de outros modelos nacionais e escapamentos, à cuja exposição se associa um
internacionais de emissões em transportes. risco maior de morte por doença cardiopulmo-
nar, câncer de pulmão e infecção respiratória
Quatro futuros alternativos foram avaliados na aguda. Apesar da premissa de que as emissões
análise: totais deverão diminuir inicialmente, como
resultado da adoção de normas de emissões de
• Adoção do Cenário LB: A atividade veicular veículos, a previsão é que o crescimento da ati-
progride segundo as projeções do Cenário vidade veicular deverá promover um aumento
LB e nenhuma nova política é adotada para líquido das emissões, mesmo na adoção do
controlar a poluição por veículos motores. Cenário LB e do Cenário HS. Apesar do Cenário
HS reduzir as emissões PM2.5 em apenas 5% em
• Adoção do Critério HS: A atividade veicu- 2050, comparada ao Cenário LB, o Cenário LB-
lar progride segundo o Cenário HS, mas -Euro 6/VI e o Cenário HS-Euro 6/VI poderiam
nenhuma nova política é adotada para reduzir as emissões de PM2.5 respectivamente
controlar a poluição por veículos motores. em 88% e 90%.

• Critério LB-Euro 6/VI: A atividade veicular


progride segundo as projeções do Cenário
LB e a maioria dos países adota políticas de

32 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


700
0%
-5%
600

500

400 Cenário LB
Cenário HS
300 Cenário LB-Euro 6/VI
Cenário HS-Euro 6/VI
200

100 -88%
-90%
0
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2022
2024
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042

2046
2048
2050
2044
Figura 23: Emissões globais PM2.5 de veículos automotores em áreas urbanas

A Figura 24 resume as tendências globais de Cenário LB como no Cenário HS o número de


mortalidade prematura resultante da exposi- mortes prematuras pode quadruplicar até 2050.
ção às emissões de PM2.5 primários em áreas As normas de emissões que exigem tecnologia
urbanas. Os efeitos dessas emissões ao longo e combustíveis equivalentes à norma Euro 6/
do tempo são exacerbados pelos aumentos VI (ou superior) poderiam prevenir os 1,36
da população e pelo adensamentos das áreas milhão de mortes prematuras estimadas por
urbanas, ambas contribuindo para uma maior ano, equivalente a 19 milhões de anos de vida
parcela de emissões inaladas de veículos em perdidos até 2050.
2050, comparado aos níveis atuais. Tanto no

1,800,000

1,600,000 1,580,000
1,470,000
1,400,000

1,200,000

1,000,000 Cenário LB
Cenário HS
800,000
Cenário LB-Euro 6/VI

600,000 Cenário HS-Euro 6/VI

400,000

200,000 220,000
180,000
0
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2022
2024
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042

2046
2048
2050
2044

Figura 24: Mortes prematuras anuais no mundo em função da exposição às emissões PM2.5 de veículos automotores

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Cenário
Cenário LB Cenário HS Cenário LB-Euro 6/VI Cenário HS-Euro 6/VI
Região
África
Oriente Médio
Ásia-Pacífico-outros
América Latina-outros
Índia

(milhares de toneladas por ano)


China
Emissões PM2.5 primárias Brasil e México
Europa-outros
UE
Japão, Coréia, Austrália
EUA e Canadá

Ano Ano Ano Ano


Emissões globais PM2.5 primárias de veículos automotores em áreas urbanas

Figura 25: Emissão de PM2.5 por veículos automotores em áreas urbanas (por região)

A Figura 25 mostra a distribuição das emis- • A expansão dos programas de controle da


sões de PM2.5 por região dentro desses quatro poluição veicular, equivalentes à norma
cenários futuros. Vê-se que as regiões atualmen- Euro 6/VI ou superior, poderia reduzir as
te sem controles avançados de emissões são emissões globais e seus impactos na saúde
responsáveis pela maior parte das emissões de pública em torno de 90% até 2050, o que
PM2.5 primário globalmente, sendo que a pre- equivale a 1,36 milhão de mortes prema-
visão é de que terão um crescimento contínuo turas evitadas anualmente. A instalação de
das emissões oriundas de veículos motores, equipamentos para controle da emissão
mesmo que países com programas mais rígidos de poluentes nos ônibus (de acordo com
de controle da poluição consigam realizar cortes a norma Euro VI) poderia levar a uma
drásticos das emissões. redução de 20% nas mortes prematuras
O relatório de documentação e acompanha- associadas.
mento deste estudo trará mais detalhes sobre
políticas para controlar a poluição de veículos • Os veículos a diesel tem emissões de
motores, juntamente com a descrição adicional PM2.5 muito altas quando comparados aos
dos métodos e resultados da análise do controle veículos a gasolina. Os veículos comerciais,
de emissões de veículos motores do ICCT. Várias muitos dos quais movidos a diesel, são
conclusões essenciais podem ser tiradas. responsáveis por mais de 80% das emis-
sões globais de PM, representando somente
• A maior parte das regiões não adotou 20% da atividade veicular.
ainda as melhores práticas de controle de
emissões, o que poderia reduzir as emis- • Um ônibus médio emite cerca de 50 vezes
sões de PM2.5 em 99% por veículo. Se essas o valor de PM2.5 por veículo-km que um
regiões não melhorarem seus programas carro médio de passageiros em 2010. A
de controle de emissões, o aumento da mudança das viagens de automóveis
atividade veicular poder quadruplicar o para ônibus precisa ser acompanhada do
número de mortes prematuras até 2050, controle das emissões sob padrão equiva-
mesmo com uma migração modal para o lente à Euro VI para que haja benefícios
transporte público. significativos na qualidade do ar.

34 | Cenários Globais para Uma Mobilidade mais Sustentável


• A adoção de políticas para desestimular o por milhão de enxofre, as tecnologias
uso do automóvel, acompanhada de um equivalentes à Euro VI acrescentam $3.200
rigoroso controle de emissões (coerentes a $6.400 ao custo dos novos ônibus, compa-
com o Cenário HS), poderia evitar um rado aos controles equivalentes à Euro III.24,
adicional de 40.000 mortes prematuras 25, 26
Estes custos são modestos se compa-
anuais em 2050 provocadas pela exposição rados ao custo de investimento para novos
às emissões. ônibus.

• Com a oferta de combustíveis mais limpos,


como o diesel com menos de 50 partes

Conclusões e Próximos Passos


A principal conclusão desse estudo é de que O Cenário HS é um exemplo de muitos
o Cenário HS, ao promover o transporte público futuros possíveis. Ele não é uma previsão e,
e os modos não motorizados, tem potencial na verdade, pode ser extremamente difícil de
para oferecer uma mobilidade (em passageiros- atingir, exigindo altas somas de investimento
-kilômetros) equivalente à do Cenário LB público e privado. Um objetivo principal é o de
(focado no transporte individual motorizado), usar esse cenário como base para investigar as
mas consumindo menos investimentos, redu- implicações desse futuro com uma gama de
zindo drasticamente as emissões de CO2 e a diferente indicadores e possíveis impactos. A
desigualdade social pelos próximos 40 anos. O mobilidade das pessoas e o transporte de alta
aumento descontrolado do uso do carro amea- qualidade estarão garantidos no futuro? Quais
ça exacerbar a crescente desigualdade de renda podem ser os impactos na saúde pública em
e os problemas ambientais, enquanto que uma relação à segurança viária e outros fatores não
mobilidade mais sustentável provê acesso para ligados às emissões? Quais serão os impactos
todos e atenua essas externalidades. As conclu- nas finanças públicas, na geração de emprego,
sões deste relatório podem ajudar a promover no bem-estar socioeconômico e no desenvolvi-
acordos mais amplos sobre mudanças climá- mento sustentável? Estes aspectos ainda estão
ticas, com mais equidade na divisão do ônus sendo investigados mais profundamente.
e custos das ações de mitigação entre países
ricos e pobres.

Dezembro de 2014 itdpbrasil.org.br | 35


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