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MEDIDA CAUTELAR NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS

128.552 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


RECTE.(S) : TOMAZ CANABRAVA JUNIOR
ADV.(A/S) : RAINER SERRANO ROSA BARBOZA E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

DECISÃO: Trata-se de recurso ordinário em “habeas corpus”, com


pedido de medida liminar, interposto contra decisão que, emanada do
E. Superior Tribunal de Justiça, acha-se consubstanciada em acórdão
assim ementado:

“‘HABEAS CORPUS’ SUBSTITUTIVO DE RECURSO.


DESCABIMENTO. DELITOS DE SONEGAÇÃO DE
DOCUMENTO FISCAL (ART. 3º, I, DA LEI N. 8.137/90) E
FALSIDADE IDEOLÓGICA (ART. 299, PARÁGRAFO ÚNICO,
DO CÓDIGO PENAL). PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. CULPABILIDADE
ACENTUADA: PREMEDITAÇÃO E CONLUIO COM OUTRO
RÉU. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME: PREJUÍZO CAUSADO
AO ERÁRIO. INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE
ILEGALIDADE. ‘WRIT’ NÃO CONHECIDO.
O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento da
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, passou a inadmitir
‘habeas corpus’ substitutivo de recurso próprio, ressalvando, porém, a
possibilidade de concessão da ordem de ofício nos casos de flagrante
ilegalidade (cf.: HC 109956, Rel. Min. MARCO AURÉLIO,
PRIMEIRA TURMA, DJe 11/9/2012; HC 271.890/SP, Rel. Min.
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
DJe 03/09/2014).
A sentença condenatória, mantida pelo Tribunal ‘a quo’,
entendeu que a culpabilidade do paciente foi intensa, uma vez
que agiu com dolo premeditado e ostensivo e em conluio com a
auditora Sônia. Essa fundamentação encontra apoio na
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual a
premeditação e o conluio são elementos concretos suficientes

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para a valoração negativa da culpabilidade, que se apresenta


mais acentuada (cf. HC 190.569/DF, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 12/09/2012; AgRg no
AREsp 235.526/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
QUINTA TURMA, DJe 03/09/2013; HC 252.285/PR, Rel. Min. OG
FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe 26/11/2012)
O valor de R$ 248.769,07 representa um prejuízo ao erário que
ultrapassa o resultado normal do ilícito em tese praticado pelo
paciente, sendo suficiente para valorar de forma negativa as
consequências do crime. (cf.: HC 144.299/PR, Rel. Min. JORGE
MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 26/9/2011; HC 127.609/PE, Rel.
Min. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, DJe 13/10/2011; AgRg no
AREsp 387.973/MA, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
QUINTA TURMA, DJe 27/02/2014).
A fundamentação apresentada pelo Juiz de primeiro grau,
validada pelo acórdão, é idônea e suficiente para sustentar a
valoração negativa da culpabilidade. O argumento agregado pelo
Tribunal ‘a quo’, em recurso da defesa, além de não ter alterado a
pena-base, não é capaz de contaminar de ilegalidade a dosimetria da
pena devidamente realizada na sentença condenatória.
‘Habeas corpus’ não conhecido.”
(HC 293.296/DF, Rel. Min. ERICSON MARANHO,
Desembargador Convocado do TJ/SP – grifei)

Busca-se, em sede cautelar, “(...) seja conhecido o recurso e deferida a


medida liminar para suspender o iminente cumprimento das penas impostas ao
Recorrente”.

O exame dos fundamentos em que se apoia o presente recurso ordinário


parece descaracterizar, ao menos em juízo de estrita delibação, a
plausibilidade jurídica da pretensão deduzida nesta sede processual.

Cumpre assinalar, por relevante, que o deferimento da medida


liminar, resultante do concreto exercício do poder geral de cautela
outorgado aos juízes e Tribunais, somente se justifica em face de

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situações que se ajustem aos seus específicos pressupostos: a existência


de plausibilidade jurídica (“fumus boni juris”), de um lado, e a
possibilidade de lesão irreparável ou de difícil reparação (“periculum in
mora”), de outro.

Sem que concorram esses dois requisitos – que são necessários,


essenciais e cumulativos –, não se legitima a concessão da medida liminar.

Observo, ainda que em sede de sumária cognição, que é da orientação


jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal a possibilidade de fixação
da pena-base acima do mínimo legal, desde que – tal como aparentemente
se registra no caso ora em exame – essa aplicação seja, a partir da análise das
circunstâncias judiciais, devidamente fundamentada (RTJ 121/101), só se
proclamando, nessa hipótese, a nulidade do ato decisório por falta de
adequada motivação judicial (RTJ 105/129 – RTJ 123/100). No mesmo
sentido: HC 63.221/RJ, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – HC 67.873/RJ, Rel.
Min. ALDIR PASSARINHO – HC 70.993/RJ, Rel. Min. ILMAR GALVÃO –
HC 100.005/MG, Rel. Min. AYRES BRITTO, v.g..

Sendo assim, e sem prejuízo de ulterior reapreciação da matéria no


julgamento final do presente recurso ordinário em “habeas corpus”,
indefiro o pedido de medida liminar.

Publique-se.

Brasília, 02 de junho de 2015.

Ministro CELSO DE MELLO


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