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Entendendo o livro de Levítico

Por Fabio Marchiori Machado - 10 de fevereiro de 2010

Por Fabio Marchiori Machado

1. INTRODUÇÃO
Acredito que todo cristão tem o desejo de ler a Bíblia inteira, de Genesis a Apocalipse. É muito comum
ouvirmos pessoas relatando o seu empenho nesta tarefa. E mais comum ainda é o relato desta jornada
quando deparada com a “muralha” chamada Levítico. Na primeira vez que eu li a Bíblia inteira, Levítico
(juntamente com Números, para fazer justiça) foi a minha grande dificuldade. Foi como se eu estivesse
andando sem dificuldades por uma planície e subitamente tivesse que transpor o Monte Everest no
mesmo ritmo.
Por causa desta suposta dificuldade, o livro de Levítico é, sem sombra de dúvida, um dos mais poucos
explorados textos por todos os cristãos. Conhecemos as riquezas de Salmos, as histórias de Davi e
Salomão, os milagres de Jesus, entre outros, mas não conhecemos uma das principais fontes de
diretrizes dada por Deus, chamada Levítico.

Acredito, porém, que conhecendo um pouco dos pontos principais de Levítico, a sua leitura se torna até
agradável.

O meu melhor amigo na época de adolescente, foi durante alguns anos um dos meus maiores
desafetos. Se ele estivesse no lado direito do pátio da nossa escola, eu certamente estaria no lado
esquerdo. Se houvesse a necessidade de um trabalho em grupo, primeiro esperava ver em que grupo ele
ficaria, para depois escolher o meu e não correr o risco de ter sua “desagradável” convivência. Quero
ressaltar que a antipatia era recíproca. A questão é que em um determinado momento de nossas vidas,
por questões avessas a nossa vontade, fomos obrigados a conviver, um com o outro. Graças a esse
convívio começamos a nos conhecer, e ver que tínhamos muito mais coisas em comum do que nossas
diferenças nos impediam de enxergar. Tornamo-nos grandes amigos, e vivemos muitas coisas
importantes juntos. Nossa amizade extrapolou o nosso ser, fazendo que a minha família experimentasse
o mesmo nível de amizade com a sua família.

Certamente, já lhe ocorreu de não gostar de uma determinada pessoa que cruzou a sua vida, por causa
de algum hábito ou coisa parecida. Entretanto, depois de você conhecê-la, passou até a gostar dela.
Tenho fé que da mesma maneira, o livro de Levítico terá o conceito mudado depois deste estudo.

2. ANTES DE QUALQUER COISA


A nossa ansiedade, nossa natureza humana, manda que nós entremos de cabeça no estudo, pois nossa
curiosidade é maior que tudo (espero eu!). Mas é bom conversarmos um pouco antes disto.
A primeira coisa que devemos ter em mente antes da leitura de Levítico é que ele é um livro basicamente
formado por normas, mandamentos. É um dos livros da Lei de Deus. E como é um livro normativo, deve
ser lido como tal. Não há mensagens simbólicas em Levítico, por mais que alguns pregadores tentem
“espiritualizá-lo”. É um livro que fala de normas, conduta, ação e reação, cerimonial e etc.

Outra questão importante para ser observada antes da leitura é a temática central de Levítico. Se
pudéssemos reunir em um único versículo o principal conceito do livro, sem dúvidas seria este:

Lv 11:44a
Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo.

Deus chama a atenção do homem para importância da santificação. O termo hebraico (qadash) e suas
flexões aparecem mais de 80 vezes em todo o livro de Levítico. Qadash quer dizer “SANTO”. O texto de
Levítico mostra como um pecador pode ter acesso ao Deus que é santo, e a importância de buscar
santidade por pertencer a um Deus santo.

Em terceiro plano, vem a questão de como deve ser a leitura de Levítico. Certamente ele é um livro de
leitura desafiadora, por ser um livro repleto de ritos de culto. Um dos grandes segredos para uma leitura
prazerosa de Levítico é usar a imaginação. Um bom caminho é ir criando mentalmente os rituais
conforme vamos lendo, exagerando nos detalhes.

Por último, entender que o livro de Levítico faz parte de um conjunto, de uma obra completa, que
conhecemos por Pentateuco. Para tal elucidação, faremos um apanhado geral e muito breve do que é o
Pentateuco.

3. O PENTATEUCO E SUA RELAÇÃO COM LEVÍTICO

O Pentateuco são os cinco primeiros livros da Bíblia. Formam o Pentateuco os livros de Genesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio. São conhecidos também como os livros da Lei, ou a Torah hebraica.

Apesar de serem cinco livros em abordagens e assuntos distintos, conseguem transmitir uma unidade
sem igual nos seus textos. O Pentateuco compreende o período histórico da criação do mundo por Deus
até a morte de Moisés no Monte Nebo, nas campinas de Moabe.

Os assuntos relevantes em cada livro são:


• Gênesis – Formação do mundo e dos patriarcas de Israel.
• Êxodo – Chamado de Moisés, libertação e a Lei Geral.
• Levítico – Lei Sacerdotal. Manual litúrgico.
• Números – O povo no deserto. Exortação para não perder a fé.
• Deuteronômio – Segunda leitura da Lei
Levítico, neste contexto, funciona em alguns casos como uma regulamentação da Lei expressa nos
outros livros, como o do Êxodo. É em Levítico 1-9 que os rituais do Tabernáculo são normatizados. A
instituição ocorre em Ex 25-40. O sacerdócio descrito em Ex 29 tem em Lv 8-10 a liturgia de ordenação
sacerdotal.

Citamos acima que o livro de Levítico é um livro da Lei, mas não é um livro de lei simplesmente. Ele é um
grande manual de liturgia para o povo hebreu. Algumas pessoas se confundem e afirmam que a Lei está
toda em Levítico. Isto é um grande equívoco. Basta analisarmos alguns exemplos para verificarmos que
tais fatos são infundados. A lei da circuncisão está em Gn 17.9-14. A pena capital pela quebra do
Shabbat (Sábado) está em Nm 15.32-36. O maior exemplo, porém, são os Dez Mandamentos que se
encontram em Ex 20.2-17 e é repetido em Dt 5.6-21.

4. INFORMAÇÕES BÁSICAS DE LEVÍTICO

Nome do Livro – O nome Levítico é herança do título do mesmo livro na Septuaginta (Antigo Testamento
traduzido para o grego) e quer dizer levitas. Os levitas eram os descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia,
que foram separados por Deus para o cuidado com trabalho religioso (culto) da nação de Israel. Existe
muita confusão em relação aos levitas e ao sacerdócio. O sacerdócio foi incumbido a Arão e seus
descendentes e não a todos os levitas. A confusão se dá porque Arão é descendente de Levi, mas isto
não inclui os seus irmãos levitas na herança do sacerdócio.

O interessante é observarmos o nome hebraico do livro de Levítico. Em todo Pentateuco, os israelitas


colocavam como nome do livro as primeiras palavras do mesmo. No caso de Levítico é “ chamou o
Senhor”. E é impressionante a riqueza de entendimento que podemos ter apenas observando o nome em
hebraico. Levítico é a chamada do Senhor para a santidade, serviço e adoração, base de qualquer
relacionamento com Deus. O senhor chama para a santidade que só provem Dele (Lv 11.44-45)

Data – A data exata da compilação de Levítico é um tanto incerta. O certo é que ela deva ter ocorrido
durante a peregrinação o povo de Israel pelo deserto, nas últimas décadas dos anos de 1.400 a.C. A
confiança que temos é que foi dada a Moisés, pelo próprio Deus, na Monte Sinai, quando o povo
provavelmente acampou na região por nove meses.

Autor – Como todo o Pentateuco, é comumente aceito a autoria de Moisés. O maior indicativo desta
tese é a própria Palavra de Deus. Em Neemias 8.1 há a menção ao “Livro da Lei de Moisés”. Em Ne 13.1
e 2Cr 25.4, por exemplo, temos a citação de “Livro de Moisés”. No NT apresentam citações similares em
Mt12.5; Mc 12.26; Lc 16.16; Jo 7.19 e Gl 3.10).

Personagem Central &nda


sh; A figura central do texto recai sobre a figura do Sumo Sacerdote, pois é sobre ele que incide as
obrigações referentes ao culto de Israel. A relação do Sumo Sacerdote com Levítico é fundamental por
se tratar de um livro que expõe de maneira muito explícita o conceito de pecado, sacrifício e expiação.

5. OS TRÊS GRANDES TEMAS DE LEVÍTICO

Já falamos acima que Levítico tem um tema central. A Santidade, de maneira geral, é o ponto chave
deste livro. No entanto esta abordagem pode ser entendida através de três pilares que a sustenta.

Neste sentido, podemos observar que Deus deixa bem claro que ele se fez presente no meio do seu
povo. Da mesma maneira que Ele está presente, Deus é santo e porque Ele o é, exige que o povo busque
um estado de santidade. De sobremaneira, Deus mostra que apesar do homem ter a possibilidade desta
busca de santidade, ele é pecador. A presença de Deus é incompatível com a presença do pecado, não
há como estas duas facetas, Deus e o pecado, coexistirem em um mesmo lugar. Para solucionar tal
impasse, Deus cria um sistema de expiação para este pecado. Vamos ver esta dinâmica de maneira
detalhada.

a. Deus está presente.

O Senhor está presente. Ele está no meio do povo. No cap. 1.1 Ele chama Moisés na tenda da
congregação. Um Deus que habita no meio do povo é algo único. É certamente uma grande dádiva.
Muitos deuses da antiguidade sempre se mostraram de forma distante e cruel para com os seus
adoradores. O Senhor, Iavé, concede ao seu povo estar junto deles, no Tabernáculos, na nuvem que dá
sombra e na coluna de fogo que ilumina (Ex 13.21) e no maná (Ex 16.11-35).

Algumas coisas são inerentes a essa presença divina no arraial dos hebreus. A primeira delas é que
existirá a necessidade de se cultuar Deus (Lv1. 2). A outra é que Deus estará presente no Santos dos
Santos, local dentro do Tabernáculo para a sua habitação. O Santo dos Santos era separado do resto do
Tabernáculos por um véu, que só poderia ser transposto pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no Dia
da Expiação (Lv 16.17). Por último, Deus manifestava a Sua Glória no arraial através de vários atos. O
principal está descrito no cap. 9.23-24, quando da ordenação do sacerdote.

b. Santidade.

Com bem já falamos anteriormente, o ponto central de Levítico está nos versículos 44 e 45 do capítulo
11, que diz assim:
44Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo. Não se
tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão. 45Eu sou o Senhor que os tirou da
terra do Egito para ser o seu Deus; por isso, sejam santos, porque eu sou santo.
A grande mensagem está na expressão “…sejam santos, porque eu sou santo.”, que aparece igualmente
nos dois versículos. Deus chama o povo à santidade. Ele mostra que será vital a vontade do povo em
buscar esta santidade.

O texto é explícito em dizer que o alvo do povo israelita, nesta busca de santidade, deveria ser o
comportamento de Deus. O padrão de santidade não é humano, mas sim aquele (padrão) que se
manifesta na pessoa de Deus. O caráter de Deus tem que ser imitado.
Para a busca de santidade, Deus mostra ao povo a necessidade de se abolir falhas. Veja o texto:

Lv 1:3
Se o holocausto for de gado, oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à entrada da Tenda do
Encontro, para que seja aceito pelo Senhor,

A perfeição é a exigência de Deus para o seu culto. De igual maneira ao holocausto, o sacerdote que
apresentaria aquele ato de culto deveria ser livre de defeitos, não só pecados, mas físicos também. Veja:

Lv 21.17-23
17″Diga a Arão: Pelas suas gerações, nenhum dos seus descendentes que tenha algum defeito poderá
aproximar-se para trazer ao seu Deus ofertas de alimento. 18Nenhum homem que tenha algum defeito
poderá aproximar-se: ninguém que seja cego ou aleijado, que tenha o rosto defeituoso ou o corpo
deformado; 19ninguém que tenha o pé ou a mão defeituosos, 20ou que seja corcunda ou anão, ou que
tenha qualquer defeito na vista, ou que esteja com feridas purulentas ou com fluxo, ou que tenha
testículos defeituosos. 21Nenhum descendente do sacerdote Arão que tenha qualquer defeito poderá
aproximar-se para apresentar ao Senhor ofertas preparadas no fogo. Tem defeito; não poderá aproximar-
se para trazê-las ao seu Deus. 22Poderá comer o alimento santíssimo de seu Deus, e também o alimento
santo; 23contudo, por causa do seu defeito, não se aproximará do véu nem do altar, para que não
profane o meu santuário. Eu sou o Senhor, que os santifico”.

Além da perfeição física, era exigida a mais importante característica da santidade exigida ao hebreu. A
santidade moral. Várias normas de conduta são estabelecidas por Deus. Destaque aqui para o código de
pureza sexual em Lv 18. Na lista de comportamento condenáveis estão o incesto (v.6-18), adultério
(v.20), a homossexualidade (v.22) e a bestialidade, ou zoofilia (sexo com animais – v.23). Um romper de
águas na época de Levítico foi o código de ética em Lv 19.18.

c. Expiação.

Deus não habita onde existe pecado. Ele ama o pecador, mas é intolerante ao pecado. Imbuído de
promover santidade para o povo, Deus estabelece uma série de maneira de livrar o povo do fruto do
pecado (Rm 6.23) através de sacrifícios. Existem basicamente cinco tipos de sacrifícios descritos no
livro de Levítico, que estão distribuídos nos sete primeiros capítulos. São eles :
1º. HOLOCAUSTO
Levítico 1 – Era a típica oferta hebraica, predominante ao longo de toda a história do Antigo Testamento
e provavelmente a forma mais antiga de sacrifício de compensação. O termo descreve uma “oferta de
ascensão” ou uma oferta que sobe. O animal era completamente queimado no altar, e a fumaça subia
em direção aos céus. Levítico exigia que o animal fosse um macho sem manchas. Vários animais eram
permitidos, de acordo com as possibilidades financeiras.

2º. OFERTA DE CEREAL


Levítico 2 – Originalmente, é possível que fosse um “presente”, pois exatamente isso que o termo
significa. Nas regras de Levítico, o cereal tinha um significado compensatório. Ele freqüentemente
acompanhava os sacrifícios queimados e as ofertas pacíficas. Provavelmente servia como um tipo mais
barato de sacrifício queimado para aqueles que não podiam dispor de um animal

3º. OFERTA PACIFICA


Levítico 3 – Era a forma básica de sacrifício trazida nos dias de festa. Era uma oferta comemorativa,
consumida pelas pessoas. Era freqüentemente apresentada junto aos sacrifícios queimados, que eram
consumidos por Deus. Ao que parece, não era compensatória, mas estava ligada a restauração e
reconciliação. Tinha três subtipos: sacrifício de ação de graças, sacrifício prometido e sacrifício de
espontânea vontade.

4º. SACRIFÍCÍO DE PECADO


Levítico 4.1-5.13 – Era compensatório por uma ofensa contra Deus. Enfatizava o ato de purificação.
Envolvia profanação cerimonial, engano, apropriação indevida e sedução. Variava de acordo com quatro
classes de indivíduos: sacerdote, congregação, governante ou individuo do povo.

5º. SACRIFÍCIO DE CULPA


Levítico 5.14-6.7 – Era uma subcategoria do sacrifício de pecado. Compensatório, porem dedicado a
restituição e reparação. Geralmente tratava de profanação de artigos sagrados e violações de natureza
social.

Neste contexto, temos um personagem principal. O sacerdote. Vemos nos capítulos de 8-10 e 21-22 as
disposições referentes ao seu ofício. O sacrifício só poderia ser realizado através deles, na maioria dos
casos através do Sumo Sacerdote. Outro ponto fundamental na expiação são as festas, como veremos
mais a frente.

6. OS QUATRO GRANDES BLOCOS DE LEVÍTICO


De uma maneira sistemática, o livro de Levítico pode ser dividido em quatro grandes bl
ocos de observação. Estes grupos podem ser observados no decorrer do texto de uma maneira
contínua. Cada tópico irá representar uma intenção de Deus na compilação deste texto.
Esta sistematização é muito útil no momento da leitura do texto. É muito útil observarmos esta divisão
quando da leitura corrida do texto. O ideal é fazer a leitura de Levítico como se fosse de quatro livros
separados.

Abaixo apresentamos um excelente quadro extraído das notas da Bíblia Thompson . Observe as
divisões, conflite com o que você já conhece do texto. Acrescente as informações passadas até agora
pelo nosso estudo e você poderá notar que muitas coisas irão clarear na sua compreensão do texto de
Levítico.

I. A VIDA DE ACESSO A DEUS.

(1) Por meio de sacrifícios e ofertas.


(a) Holocaustos, que significavam expiação e consagração, 1:2-9.
(b) Oblações, que significavam ação de graças, 2:1-2.
(c) Ofertas pelo pecado, que significavam reconciliação, cap. 4.
(d) Ofertas pela transgressão, que significavam limpeza de culpa, 6:2-7.
(e) Ofertas de paz, 7:11-15.

(2) Através da mediação sacerdotal.


O sacerdócio humano:
(a) seu chamado, 8: 1-5;
(b) sua limpeza, 8:6;
(c) seus ornamentos, 8:7-13;
(d) sua expiação, 8: 14-34;
(e) exemplos de sua vida pecaminosa, cap. 10.

II. LEIS ESPECIAIS QUE GOVERNAM A ISRAEL.

(1) Quanta ao alimento, cap. 11.


(2) Quanta Ii limpeza, higiene, costumes, moral, etc., todas enfatizavam a pureza de vida como condição
para obter 0 favor divino, caps. 12-20.
(3) Pureza dos sacerdotes e das ofertas, caps. 21-22.

III. AS CINCO FESTAS ANUAIS.

(1) A Festa da Páscoa, 23:5.


(2) A Festa do Pentecoste (ou das semanas), 23: 15.
(3) A Festa das Trombetas, 23:23-25.
(4) O Dia da Expiação, cap. 16, e 23:26-32.
(5) A Festa dos Tabernáculos, 23:39-43.
IV. LEIS E INSTRUÇÕES GERAIS

(1) O ano sabático. Um ano em cada sete a terra era deixada sem cultivo, 25:2-7.
(2) O Ano do Jubileu. Um ano em cada cinqüenta era designado para que os escravos fossem libertados,
as dividas perdoadas e uma restituição geral tivesse lugar. 25:8-16.
(3) Condições para as bênçãos e advertências acerca do castigo, cap. 26.

7. AS FESTAS DO POVO DE DEUS


As festas no cenário de Levítico representa uma moção do Senhor a fim de atender objetivos religiosos e
sociais. Em termos religiosos os sacrifícios tinham posição central. Já em termos sociais, a assistência
aos pobres e necessitados da nação tinham ações práticas ao seu favor.

No entanto, o maior objetivo dos festas era que Deus e seus estatutos estivessem sempre presentes na
mente e no cotidiano do povo escolhido.

Um ponto a se destacar é quanto à questão da “Santa Convocação” (Lv. 23.2), que consistia no chamado
compulsório de Deus para as festas. Nos dias de santa convocação não era permitido realizar nenhum
tipo de trabalho, salvo os de preparação da comida, como pode ser visto no texto em Êxodo:

Ex 12:16
Convoquem uma reunião santa no primeiro dia e outra no sétimo. Não façam nenhum trabalho nesses
dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão fazer.

Eram sete as festas instituídas em Levítico, sendo que destas mesmas três eram obrigatórias a todos os
do sexo masculino: Páscoa (e conseqüentemente a dos Pães Asmos), Pentecoste e Tabernáculos.

∟Páscoa/Pães Asmos – Era comemorada para lembrança do sofrimento e da libertação da escravidão


no Egito. As duas festas estavam intimamente ligadas.

∟Pentecoste – Também era conhecida como festa das Semanas ou da Colheita. Na verdade, o nome
Pentecoste só veio ser comumente usado por volta de 300 a.C., devido ao domínio e influência do
império Grego e sua cultura. Pentecoste quer dizer “50 dias depois”, pois a festa ocorria 50 dias
passados da Páscoa. Eram ao todo sete semanas de celebração, começando com a colheita da cevada;
o encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).

∟Tabernáculos – Ocorria no sétimo mês e durava sete dias, fazendo jus ao reconhecimento do número
sete como o representante da perfeição nas Escrituras. A festa tinha como objetivo lembrar os 40 anos
de peregrinação no deserto. O povo devia habitar sete dias em cabanas para que se lembrasse que o
Senhor os fez habitar em cabanas quando do êxodo (Lv 23.42-43). Por isso também era conhecida como
a festa das Cabanas.
∟ Trombetas – Comemorava o início do ano civil dos hebreus. O toque de uma trombeta no 1º dia do
mês tisri (7º mês) anunciava a festa. Provavelmente esta trombeta era feita de chifre de carneiro, que era
própria para as cerimônias solenes do antigo Israel.

∟Dia da Expiação – Era o dia mais solene do ano. O povo devia cessar o seu trabalho e “afligir a sua
alma” (Lv. 23.27). Neste dia (10º dia do mês de tisri) o Sumo Sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do
Tabernáculo, a fim de fazer a expiação do pecado de todo o povo. Este era o único dia permitido por
Deus para que alguém, e neste caso somente o Sumo Sacerdote, entrasse no lugar mais sagrado do
Tabernáculo.

∟Primícias – Ocorria nas festas dos Pães Asmos e no Pentecoste, e consistia da oferta dos primeiros
frutos da colheita. Representava a benção o Senhor sobre a fartura da Terra Prometida.

8. CURIOSIDADES

1. Bode Expiatório – Uma das maiores curiosidades encontradas nos livro de Levítico é certamente o da
figura do bode expiatório (Lv 16.20-22). A curiosidade é pelo fato de muitas pessoas, hoje e de muito
tempo, usarem esta terminologia para designar alguém que sofreu algum tipo de punição em lugar de
alguém, sem ter tido culpa. O bode expiatório é um mandamento cerimonial de Deus. No Dia da
Expiação, o sacerdote colocava sua mão sobre a cabeça de um bode, e lhe imputava, ou seja, transferia
através de confissão, os pecados de todo o Israel. Depois, este bode, que já levava sobre si os pecados
que não eram seus, era conduzido para o deserto a fim de que as iniqüidades não estivessem mais na
presença do Senhor.

2. Sementes para os Pobres – Os Israelitas não tinham, certamente, um programa de assistência social
para ajudar os pobres nos tempos do Antigo Testamento, mas Deus se mostra meticuloso ao cuidar dos
pobres. Os agricultores deviam deixar sementes de cereais da borda do campo e as que ficassem para
trás na colheita para que as pessoas pobres e viajantes pudessem ter algo para comer. Veja o texto:
Levítico 19.9-10.
9″Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua lavoura, nem ajuntem
as espigas caídas de sua colheita. 10Não passem duas vezes pela sua vinha, nem apanhem as uvas que
tiverem caído. Deixem-nas para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.
A história que encontramos em Rute 2.2-9 mostra como o cumprimento dessa lei foi fundamental para a
provisão alimento para os forasteiros.

3. A Morte de Nadabe e Abiú – O Sumo Sacerdote Arão tinha quatro filhos, que foram consagrados ao
sacerdócio (Nm 3.2). Os dois mais velhos, Nadabe e Abiú foram consumidos pelo fogo do Senhor (Lv
10.2), por apresentarem “fogo estranho” perante Deus. Ninguém sabe ao certo o que é este “fogo
estranho”. O mais provável é que as instruções para a oferta do incenso não foram seguidas a risca.
Alguns comentaristas acreditam que os dois estavam embriagados no momento da oferta, mas tudo é
especulação. Não há nada de concreto.

4. Purificação Depois do Parto – No capítulo 12 é descrito algo semelhante com a dieta, que se
recomenda a toda gestante do n
ossos dias, faça depois do parto. O interessante da história é que a purificação variava conforme o sexo
da criança. Se o fruto do parto fosse um menino, a purificação duraria sete mais trinta e três dias.
Porém, se fosse uma menina a purificação duraria duas semanas mais sessenta e seis dias. Outra fato
importante é que a mulher nesse período não podia ter contato com nada que fosse santo.

9. O LIVRO DE LEVÍTICO E OS NOSSO DIAS


Muitos dos interpretes críticos das Escrituras, senão a maioria, não vê aplicabilidade nos textos do AT,
principalmente os do livro de Levítico. Isto é um tremendo equivoco e perda de uma chance muito
grande de edificação pessoal. Além de que o texto de Levítico traz muitas fundamentações teológicas
que se baseia o cristianismo.

Como todo o AT, Levítico é um pano de fundo, um cenário para o desenrolar da fé cristã. Como em uma
peça de teatro, o cenário (neste caso Levítico) tem por função ambientar a ação dos protagonistas. O
que pretendemos fazer aqui é entender por que este “pano de fundo” é importante para a Igreja de Cristo
nos dias atuais.

A primeira grande contribuição de Levítico é quanto à conscientização da gravidade que o pecado tem
para Deus. O capítulo 10 é rico em descrever tal fato. Deus nos mostra em Levítico que o pecado é algo
que impede o seu relacionamento conosco, que é intolerável, mas que pode ser apagado através da
expiação. E mais, quando Deus indica que esta expiação deveria ser feito inclusive pelos pecados dos
Sumo Sacerdote, revela que o pecado é algo universal, inerente a toda a humanidade(Mt 7.21-23; Rm
3.23).
Através do rigor da Lei litúrgica de Levítico, temos noção do poder que envolve a pessoa de Cristo.

O Sumo Sacerdote era o único que tinha acesso direto a Deus. E isto só ocorria uma vez ao ano. Jesus é
o sacerdote por excelência. É o sacerdote perfeito (Hb 7.28) que nos dá acesso direto ao Pai, por meio
do Seu sangue, não uma vez, mas constantemente. Por isso a sua morte rompeu o véu do Templo (Mt
27.51 – Hb 10.19-20).

Parar finalizar ressaltamos Deus como fonte de vida e que habitou no meio de nós, em Levítico no
Tabernáculo e nas suas manifestações miraculosas, e na Nova Aliança na pessoa de Jesus Cristo como
relata o texto na tradução Almeida revista e atualizada:
Jo 1:14
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como
do unigênito do Pai.
Jesus, o Deus encarnado, refletiu em sua vida aquilo que Deus prefigurava quando exortava o povo à
santidade. Jesus refletia esta santidade e por causa dela pode ser o sacrifício perfeito e definitivo:
2 Co 5:21

Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de
Deus.

Graças a estes paralelos podemos entender a profundidade do ministério de Jesus Cristo.

10. CONCLUSÃO

A partir do estudo mais aprofundado de Levítico temos noção de muito que Deus espera da nossa vida,
e o que tem a oferecer a ela. Através deste estudo, acredito que possamos entender um pouco mais que
a Graça do Senhor é melhor que tudo, é “melhor que a vida”.

Tendo a busca por santidade, o crescer em graça, na fé, como objetivo maior descrito em Levítico, mas
nos moldes da Nova Aliança em Jesus Cristo, o crente certamente terá a verdadeira alegria e vida
abundante que só vem de Deus.

“… eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.”


Jo 10.10

Que Deus o abençoe.

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