1  Trabalho de Resíduos Sólidos 

A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO MAIS LIMPA E

OS RESÍDUOS SÓLIDOS

ROGÉRIO CELESTE – RE 0910144-3

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO – FATEC-SP
CURSO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO AMBIENTAL
SÃO PAULO – SP

1. PRODUÇÃO MAIS LIMPA - P+L

A Industrialização de produtos trouxe as linhas de produção e a fabricação em larga

escala, sempre visando os altos índices de produtividade e respectivos lucros, relegando os
impactos trabalhistas (entenda-se por impactos humanos ou sociais) e ambientais para
segundo plano.

Muitas décadas depois, algumas correntes humanistas corrigiram, ou pelo menos

amenizaram o lado servil e insalubre da Administração. Porém a degradação ambiental
resultante desse desenfreio continuava à margem dos empresários, da ciência e da
sociedade, pois o crescimento econômico proporcionava o almejado conforto.

Somente em meados da década de 1990 é que houve as primeiras manifestações mais

claras de repúdio ao crescimento econômico desenfreado, o qual estaria causando danos
irreparáveis aos ecossistemas, e, fatalmente, a longo ou até mesmo médio prazo poderiam
torná-los inabitáveis. Assim, em 1991, a O.N.U. (Organização das Nações Unidas) lança
um programa pioneiro Produção Mais Limpa, em inglês Cleaner Production, e do espanhol
producción más límpia, visando incutir na mentalidade empresarial uma saída racional para
evitarmos um colapso ambiental Global.

Na década de 2000, o conceito desenvolvimentista do “lucro a qualquer custo” (nos

sentidos literal e figurado) e suas técnicas tradicionais começaram a ser deixados de lado
diante do agravamento das condições ambientais globais e da crescente conscientização da
opinião pública, buscando-se então práticas produtivas mais responsáveis e eficientes, sem
desperdícios ou que minimizassem o impacto ao meio ambiente.
À partir desse momento, como resultado da busca por novas tecnologias que visassem,
simultaneamente, a melhoria da qualidade ambiental, a redução de custos e a aceitação de
mercado por conta das novas expectativas dos consumidores, fica estabelecida

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definitivamente a Produção Mais Limpa (P+L) como ferramenta preponderante dentro

do “novo” contexto denominado Sustentabilidade.

A P+L veio propor, entre outras coisas e principalmente:

- Estratégia ambiental preventiva, integrada aos processos e produtos, aumentando a

eficiência e reduzindo os riscos à sociedade e ao meio ambiente;

- Minimização de desperdícios;

- Redução de custos;

- Adequação em virtude do enrijecimento e maior abrangência da legislação ambiental;

- Aumento da competitividade da empresa, seja pelo fator crescimento, seja pelo fator
marketing ao elevar sua imagem com a adoção do “politicamente correto”.

Atualmente, não se pode falar em Sistemas de Gestão ou Gerenciamento Ambiental sem

incluir a P+L.
A questão é tão absoluta e definitiva que a O.N.U. mantém uma área promovendo
exclusivamente este assunto: a UNIDO – Universal Nation Industrial Development
Organization. No sítio da organização, um dos temas apresentados, entre outros, é a
“Produção Mais Limpa e Eficiente de Recursos” (Resource Efficient and Cleaner
Production – RECP).

2. RESÍDUOS SÓLIDOS

“(...) os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm responsabilidade que abrange

(...) recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente
destinação final ambientalmente adequada, no caso de produtos objeto de sistema de logística reversa
(...)” (Cap. III, Seção II, Art. 31, IV).

“As embalagens devem ser fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem”
(Cap. III, Seção II, art. 32).

(Trechos extraídos da Lei Federal nº 12.305, de

02/08/2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos.).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece uma clara distinção entre rejeitos e
resíduos. Resíduo é o lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado, enquanto que rejeito é
o lixo não passível de reaproveitamento.
Um dos pilares da PNRS é a logística reversa, que incumbirá aos geradores a
responsabilidade de reaproveitamento ou reciclagem de seus resíduos sólidos.

Outro ponto importante da PNRS é a destinação dada aos rejeitos, pois serão os únicos
autorizados a serem descartados em aterros sanitários.
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3. P+L VERSUS RESÍDUOS SÓLIDOS

A definição de Produção Mais Limpa, de acordo com Fernandes et al (2001) tem a

seguinte forma:

“a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e
produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não-
geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. Produção Mais
Limpa também pode ser chamada de Prevenção da Poluição, já que as técnicas utilizadas são
basicamente as mesmas”. (FERNANDES et. al., 2001).

De acordo com o conceito proposto por Fernandes (2001), a Produção mais Limpa
pressupõe quatro atitudes básicas.
A primeira, e a mais importante, é a busca pela não geração de resíduos, através da
racionalização das técnicas de produção. Quando o primeiro conceito não pode ser
aplicado integralmente, a segunda atitude proposta pela Produção Mais Limpa é a
minimização da geração dos resíduos. Já o reaproveitamento dos resíduos no próprio
processo de produção é a terceira atitude defendida pela Produção Mais Limpa, enquanto
a quarta alternativa para a Produção mais Limpa é a reciclagem, com o aproveitamento
das sobras ou do próprio produto para a geração de novos materiais (CETESB, 2007, apud
HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

Percebe-se claramente qual é o ponto atacado pela P+L: a preocupação com a geração de
resíduos sólidos DURANTE os processos de transformação, e não apenas no final, como
inicialmente poder-se-ia imaginar. Portanto, a relação entre resíduos e P+L é intrínseca.
Afinal, preocupar-se com a geração de resíduos não é “apenas” preocupar-se com sua
disposição, poluição, redução de custos ou aumento de lucros. O ponto de partida, se
observarmos o breve histórico desse programa, está na redução drástica do consumo
desordenado, predatório e sem sustentabilidade.
Reciclar ou reusar significa:

 menor necessidade de espaços para deposição dos resíduos;

 menor extração de matéria-prima;

 menor consumo de reservas naturais, tais como minérios, que são renováveis mas
não com as atuais taxas de consumo;

 menor consumo de energia elétrica; ou

 menor consumo de água, cuja indisponibilidade em sua forma potável poderá

acarretar conflitos mundiais.

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