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MANUAL DE PROTEÇÕES SOLARES
Yuri Viana - Flora Mendes Lima
Introdução
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Relebrando os movimentos terrestres
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Relebrando os movimentos terrestres
Em 24 horas a terra completa o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que fica inclinado ao plano da
elipse, formando em qualquer dia do ano um ângulo de 23° 50'com uma direção perpendicular ao plano. Por conta
dessa inclinação, a terra no seu percurso ao redor do sol – movimento de translação - recebe a radiação solar de
formas diferentes nos dois hemisférios ocasionando os solstícios e os equinócios.
Durante os solstícios ocorre a maior desigualdade na distribuição da insolação. No solstício de inverno, ocorre a
menor incidência de insolação na superfície terrestre, tendo as noites mais longas que os dias. E no solstício de
verão ocorre a situação inversa, com dias mais longos que as noites.
Os equinócios são marcados pela igualdade na distribuição da insolação, portanto teremos dias e noites com duração
iguais, a eles são associadas as estações: outono e primavera. Ocorre quando o sol nasce e se põe encima da linha
do equador – Latitude 0°
A inclinação da terra em relação ao plano da elipse combinado com o movimento da terra em volta do sol, fazem
com que em cada localidade do globo terrestre a incidência dos raios solares varie no decorrer do ano, é isso que
faz que enquanto no hemisfério sul é verão, no hemisfério norte seja inverno.
Por exemplo no dia 21 de dezembro o hemisfério sul recebe a maior quantidade de luz solar, pois o sol nasce e se
põe no tropico de capricórnio – latitude 23°27' S, marcando o início do verão, em contrapartida o hemisfério norte
tem a menor quantidade de incidência de luz solar, marcando o início do inverno.
Qualquer localidade abaixo dessa localidade 23° 27' S, nunca recebera sol nas fachadas sul.
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A Carta Solar
As cartas solares são representações gráficas do movimento aparente do sol ao longo do
ano, projetadas no plano do horizonte do observador, para cada latitude especifica, ou seja, a
latitude da região influencia diretamente. A medida que uma determinada região se aproxima
do equador, sua latitude é menor, e quanto mais afastada for do equador sua latitude
aumenta, assim as maiores latitudes estarão sempre próximas aos polos e as menores
próximas ao equador..
Quanto mais próximo do equador, mais simétricas serão as cartas solares das regiões e
quanto mais afastadas, mais assimétricas ela serão, como se pode observar nas figuras 03 e
04, a primeira representa a latitude de 4° Sul e a segunda a latitude de 30°.
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Lendo a carta solar
Horários
Os horários estão representados Datas
pelas linhas verticais O percurso em datas específicas
no diagrama estão representadas
pelas linhas horizontais no
diagrama.
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1
Iniciando a análise
N
F1
ED
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Iniciando a análise
Já descobrimos a inclinação da fachada com
relação ao norte, então para prosseguir com a
Linha que representa a fachada
análise vamos marcar a orientação na carta
solar.
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Analisando a insolação
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Transferidor de ângulos de sombra
Para o dimensionamento das proteções solares,
Leitura do ângulo alfa utiliza-se o método gráfico chamada de traçado
de mascaras ou transferidor de ângulos de
sombra, onde são utilizados os ângulos de
sombra (alfa, beta e gama) de um dispositivo
externo em relação a um determinado ângulo de
incidência solar. Com esses ângulos torna-se
possível verificar a eficiência do elemento de
proteção e total, parcial ou nula.
Cada ângulo de sombra possui uma função e um
Imagem 7: Transferidor para ângulo gama
Imagem 6: Transferidor para ângulo alfa
Fonte: Labeee - UFSC
Fonte: Labeee - UFSC
uso especifico durante o dimensionamento. Leitura do ângulo gama
α +
o ângulo alfa ou ASV (Ângulo de Sombra Vertical) é
utilizado no corte ou secção durante a concepção do
-
projeto:
Dica: Para se guiar perceba que a letra grega que O ângulo gama ou ASVL (Ângulo de Sombra Vertical
representa alfa lembra uma tesoura, que corta, Lateral) é utilizado na elevação.
então usa-se no corte. Dica: A letra grega que representa gama lembra
vagamente uma letra ‘’&’’ invertida, portanto é usada
na elevação. (Usa-se para descobrir o comprimento
da marquise ou a altura brise horizontal finito).
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Utilizando o transferidor de ângulos
Sobrepor a linha da fachada com a carta solar sobre o transferidor de ângulos de sombra,
coincidindo a linha que representa o azimute, com a linha perpendicular do transferidor (0°),
a linha que representa a fachada, com a linha de base do transferidor.
FACHADA
Imagem 11: Carta solar com trajetórias
solares da fachada F1
Fonte: Acervo Pessoal
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O uso de proteções solares em edifícios
O brise ou brise-soleil (que em francês significa quebra sol) é
um elemento arquitetônico utilizado para controlar a incidência
de radiação solar nos interiores de uma edificação, sem impedir
a circulação da ventilação natural.
O brise foi um elemento arquitetônico amplamente utilizado na
arquitetura moderna, por arquitetos como: Le Corbusier e
Oscar Niemeyer, e foi empregado em várias obras, como no
palácio Gustavo Capanema, fig. 12 e no prédio da Associação
Brasileira de Imprensa – ABI, fig. 14, ambos no Rio de janeiro e o
edifício Copan em São Paulo – Fig. 13
Esse elemento de proteção possui muitas variações que podem
ser usadas para o controle da luz solar, como o brise horizontal
infinito, brise horizontal finito, brise vertical, brise mesclado e
Imagem 12: Palácio Gustavo Capanema - Lucio Costa, Oscar Niemeyer brise cortina.
e Afonso Eduardo Reidy
Fonte: Acervo Pessoal
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Insolação no ambiente interior
Alfa= 54°
:Vamos verificar a mancha de sol que um
ambiente com a fachada voltada para o Norte
(Azimute 0° ou 360°) numa localidade com a latitude Beta=56°
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PROJETO DE ELEMENTOS DE SOMBREAMENTO
Marquise ou brise único Infinito
Para os exemplos de brise horizontal Marque os horários em
Fachada
Obs: A linha que representa a fachada é adimensional
Alfa = 54°
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Marquise ou brise único Infinito
Linha do Horizonte
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Marquise ou brise horizontal finito
Alfa = 54°
Durante o dimensionamento do brise horizontal
infinito é possível perceber na figurao lado que após
a aplicação do ângulo alfa, ele cobre muito mais horários
que o necessário ao longo do ano, por exemplo no dia
21 de Março, ele protege desde o momento que o
sol nasce, as 6:00, portanto está fora do horário de
proteção desejado. Para solucionar esse problema
podemos utilizar os dois outros ângulos de sombra
o Beta (A.S.H) e Gama (A.S.V.L). Proteção fora do horário estimado
Imagem 22: Mascara de sombra Brise H. Infinito
Fonte: Adaptado pelo autor
Alfa = 54°
Já que estamos projetando um brise horizontal finito
utilizamos os ângulos: Alfa e Gama, já verificamos o
Alfa, vamos então agora analisar o Gama (A.S.V.L).
1. Aplique o transferidor na carta solar e verifique
qual o ângulo Gama tanto para direito como para
a esquerda, consegue mascarar os horários de
proteção
2. Faça a leitura dos ângulos
3. Marque a área mascarada
Gama Direita = 43° Obs: Observe que o ângulo Gama ‘’corta’’ o ângulo Alfa e reduz a zona de eficiência total
Gama Esquerda= -43°
do elemento projetado.
Imagem 23: Carta solar com alfa e gama aplicados
Fonte: Adaptado pelo autor
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Dimensionamento com Gama
Comprimento da esquadria
0° 0°
Linha do Auxiliar Linha do Auxiliar
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Marquise ou brise horizontal finito - Eficiência
Alfa = 54°
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Brise Horizontal Múltiplo
Alfa=54°
Linha Auxiliar
Fachada em estudo
1. Na abertura a ser protegida, trace duas linhas 1. Com paralelas do ângulo Alfa (A.S.V),
auxiliares perpendiculares a fachada, uma em cada 1. Defina a espessura e profundidade da aleta do brise
coloque novas aletas na intersecção
extremidade da abertura, essas são as linhas do (a espessura varia de acordo com o material utilizado).
da linha auxiliar com a paralela do
horizonte ângulo de sombra.
2. Na intersecção do ângulo alfa com a linha auxiliar
2. Em cada uma das linhas do horizonte aplique o ângulo paralela a fachada coloque a primeira aleta do brise.
2. O espaçamento das aletas ficou
Alfa (A.S.V), encontrado na carta solar. definido pelo ângulo alfa
Obs: A profundidade e o ângulo das aletas podem variar
3. Trace uma linha auxiliar paralela a fachada com um de acordo com o projeto.
afastamento
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Brise horizontal múltiplo
2. Quando a linha do ângulo se cruzar com a linha do brise a Obs 2: O brise ficou excessivamente grande, uma alternativa para
intersecção será o comprimento final do brise, no desenho esse problema e extender o comprimento do brise para ambos os
acima a cor cinza claro representa o quanto o elemento lados com um valor referente ao maior espaçamento das aletas em
cresceu com o Beta 29° e a cor cinza escuro o quanto o corte, no nosso caso o maior espaçamento é de 31,33cm, usaremos
elemento cresceu com o Beta 88°. 35cm como margem de segurança, essa alternativa só é valida por
conta da sobreposição de elementos.
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Brise horizontal múltiplo - Eficiência
Alfa=54°
Beta’= -56°
Beta’=56°
Beta’=88°
Beta’= -88°
Fachada em estudo
DATA INICIO DA PROTEÇÃO FIM DA PROTEÇÃO
22.6 - 22.6 09:00 15:00
21.5 - 24.7 08:58 15:02
1.5 - 13.8 08:50 16:10
16.4 - 28.8 07:15 16:45
3.4 - 11.9 06:35 17:25
21.3 - 24.9 06:15 17:40
8.3 - 6.10 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
23.2 - 20.10 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
9.2 - 4.11 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
21.1 - 22.11 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
22.12 - 22.12 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
Imagem: Brise Horizontal Múltiplo
Fonte: Acervo do autor
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Brise Vertical
Fachada
Gama = -43° Gama = 43°
1. Extenda os elementos já 3. Trace uma linha que representa o elemento de proteção até
dimensionados tangenciar as linhas de beta.
em planta, até encontrar
a linha dos ângulos
gama (A.S.V.L).
Elevação
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Brise Vertical Múltiplo
1. Na abertura a ser protegida, trace duas linhas auxiliares perpendiculares a
fachada, uma em cada extremidade da abertura, essas são as linhas do
horizonte
Beta= -56° - Beta= 56°
2. Em cada uma das linhas do horizonte aplique o ângulo Beta (A.S.H),
encontrado na carta solar.
Linha Auxiliar
Linha Auxiliar
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Brise Vertical Múltiplo
0°
1. Na elevação, trace uma linha
auxiliar na base superior da
abertura a ser protegida.
Linha Auxiliar
Elevação
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Brise Vertical - Eficiência
Já que estamos projetando um brise vertical, utilizamos
os ângulos, Beta (A.S.V) e Gama (A.S.V.L).
Fachada
Gama = -43° Gama = 43°
Imagem XX: Carta solar com beta e gama combinados
Fonte: Acervo do autor
Obs: Os protetores verticais a medida que
a insolação vai se tornando perpendicular a
fachada vão perdendo sua eficiência total.
Leitura da Eficiência
DATA SOMBRA TOTAL SOMBRA PARCIAL
22.6 SEM SOMBRA TOTAL 9:00 até 15:00
21.5 e 24.7 8:58 até 9:30 e 14:30 até as 15:00 8:58 até 14:30
1.5 e 13.8 8:55 até 10:10 e 13:50 até 15:02 10:10 até 13:50
16.4 e 28.8 8:53 até 10:45 e 13:20 até 15:08 10:45 até 13:20
3.4 e 11.9 8:51 até 11:15 e 12:50 até 15:10 11:15 até 12:50
21.3 e 24.9 8:48 até 11:45 e 12:15 até 15:12 11:45 até 12:15
8.3 e 6.10 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
23.2 e 20.10 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
9.2 e 4.11 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
Imagem 12: Biblioteca Pública- Exemplo que usa protetores verticais 21.1 e 22.11 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
Fonte: guiaarquiteturamodernafortaleza.arquitetura.ufc.br 22.12 e 22.12 SEM INSOLAÇÃO SEM INSOLAÇÃO
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Desenho da Sombra do Elemento na Fachada
Para se verificar a sombra produzida pelo elemento de proteção num
determinado período e horário, escolhemos a data e o horário e fazemos
uma nova verificação dos ângulos de sombra, nas tabelas abaixo estão os
ângulos encontrados nos horários escolhidos.
Sombra Parcial
Alfa= 73°
Sombra Total
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Desenho da sombra no elemento na fachada - Momento de Sombra Parcial
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1 - Na elevação, ligue as
bodas do último brise
1. Coloque os ângulos de com as intersecções
sombra parcial encontrados da linha auxiliar com a
na carta solar em cada linha de sombra
uma das representações
Pl. Baixa
Pl. Baixa
0° 0°
0° 0°
0° 0°
0° 0°
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Desenho da sombra no elemento na fachada - Momento de Sombra Total
A.S
A.S
V.
V.
Pl. Baixa
Pl. Baixa
A.S.H A.S.H
A.S.H A.S.H
0° 0° 0° 0°
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1. No corte, leve uma paralela do ângulo Imagem: Elemento em
de sombra Alfa (A.S.V) até tangenciar a Sombra Total
Fonte: Acervo Pessoal
ultima aleta do brise.
A.S
A.S
.V
.V
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Referências
1. BITTENCOURT, Leonardo. USO DAS CARTAS SOLARES: DIRETRIZES PARA ARQUITETOS. 4 Edição. Maceió: EDUFAL, 2003
2. CORBELLA, Óscar & YANNAS, Simos. EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL PARA OS TRÓPICOS - CONFORTO
AMBIENTAL. 2 Edição. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2016.
3. FROTA, Anésia Barros & Schiffer, Sueli Ramos. MANUAL DE CONFORTO TÉRMICO. 8 Edição. São Paulo: Editora Nobel, 2003.
4. FROTA, Anésia Barros. GEOMETRIA DA INSOLAÇÃO. São Paulo: Editora Geros, 2003.
5. SZOKOLAY, Steve V. INTRODUCION TO ARCHITETURAL SCIENCE. 1 Edição. Estados Unidos: Taylor & Francis USA, 2014
6. OLGYAY, Victor & OLGYAY, Aladar. SOLAR CONTROL AND SHADING DEVICES.New Jersey: Princeton University, 1957
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