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Treinamento Funcional: academias e

personal training

Brasília-DF.
Elaboração

Rodrigo Ferro Magosso

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
PROCESSO DE EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO MUSCULAR E PROPRIEDADES DO MÚSCULO
ESQUELÉTICO........................................................................................................................ 17

UNIDADE II
CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO............................................................................................... 21

CAPÍTULO 1
SISTEMA NERVOSO E SEUS CONSTITUINTES............................................................................... 21

CAPÍTULO 2
ESTRUTURAS NERVOSAS RESPONSÁVEIS PELO CONTROLE MOTOR............................................. 29

UNIDADE III
TREINAMENTO FUNCIONAL.................................................................................................................. 37

CAPÍTULO 1
EQUIPAMENTOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL....................................................................... 37

CAPÍTULO 2
EXERCÍCIOS FUNCIONAIS...................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 48
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
O treinamento funcional é uma tendência recente na prescrição de treinamento. Mesmo que
pouco comentado, o que norteia essa modalidade de treinamento é o princípio da especificidade
do treinamento. Como? Em primeiro lugar, os princípios do treinamento, apesar de serem
estudados e descritos para atletas inicialmente, como seu próprio nome diz, são princípios
do treinamento, portanto, servem para todas as pessoas que treinam! E o que diz o princípio
da especificidade é as adaptações que um indivíduo tem a um exercício ou a um treinamento
serem específicas ao segmento corporal solicitado, aos sistemas bioenergéticos envolvidos e à
biomecânica do exercício.

Quando se transferiu esse princípio para as atividades em academias, percebeu-se que alguns
exercícios não possuíam um aspecto biomecânico que pudesse favorecer uma melhora tão eficiente
em termos de atividades de vida diária. E, assim, surge o treinamento funcional, que tem por objetivo
melhorar a função motora de um indivíduo.

Todo esse aspecto funcional motor tem como alicerce o controle nervoso do movimento humano.
Esse conhecimento é parte do que difere o treinador realmente capacitado daquele que meramente
mimetiza os exercícios que busca em quaisquer fontes de pesquisa, confiáveis ou não.

Outro aspecto importante do treinamento funcional está na criatividade do treinador em criar


os mais variados exercícios e utilidades para os equipamentos, e, tudo isso, claro, baseados nos
conhecimentos necessários da biomecânica e cinesiologia, para que o cliente não se machuque na
execução do que foi prescrito. Além disso, é importante que não se prescreva um exercício nunca
antes realizado por você mesmo, pois só assim você conhecerá, verdadeiramente, o exercício para
analisá-lo qualitativamente e corrigir o seu cliente.

Objetivos
»» Conhecer a estrutura do músculo esquelético.

»» Compreender os efeitos da estrutura sobre a funcionalidade do músculo esquelético.

»» Compreender como o sistema nervoso interage com o músculo esquelético para


realizar a sua contração.

»» Conhecer o papel de cada uma das estruturas do Sistema Nervoso Central (SNC)
responsáveis pelo controle do movimento e sua interação.

»» Apresentar o conceito de instabilidade e seus efeitos sobre a ativação muscular.

7
»» Apresentar a maneira de aplicar a instabilidade no treinamento com diferentes
objetivos.

»» Conhecer os equipamentos utilizados em treinamento funcional.

»» Conhecer exercícios que podem ser aplicados em treinamento funcional.

8
ESTRUTURA
E FUNÇÃO UNIDADE I
MUSCULAR
ESQUELÉTICA

CAPÍTULO 1
Estrutura do músculo esquelético

Os nossos músculos são divididos morfologicamente em três tipos: o músculo estriado esquelético,
o músculo estriado cardíaco e o músculo liso. O enfoque deste capítulo e desta unidade será o
primeiro deles, visto que é o mais solicitado em treinamento funcional.

O ponto inicial a ser esclarecido é o termo músculo estriado esquelético. A classificação de estriado
é devida às estriações em sua estrutura, causada pela interação das proteínas contráteis actina e
miosina, como será abordado mais adiante. Repare que o músculo cardíaco também é designado
por estriado, por conter as mesmas estriações. O outro fator é o termo esquelético, vindo do fato que
esse tipo de músculo está ligado ao nosso esqueleto.

Nos cursos de graduação é comum que se estude a anatomia separada da fisiologia,


assim como da biomecânica e cinesiologia. Entretanto, o profissional deve ser ciente
de que todas essas ciências estão interligadas e implicam interdependência entre
seus conteúdos. Assim, fica a importância de se saber que a estrutura afeta a função.
Esta é a justificativa de se conhecer mais profundamente a estrutura do músculo
estriado esquelético.

Grande parte do nosso corpo é constituída de músculos. Temos mais de 600 deles com funções
motoras distintas e nas mais variadas localizações. O músculo estriado esquelético possui as
seguintes funções:

»» Locomoção: sua contração transmite forças ao esqueleto e promove sua


movimentação.

»» Sustentação: nosso esqueleto foi projetado anatomicamente para nos manter em


posição ereta, mas precisa da ajuda dos músculos para se sustentar.

»» Proteção: o músculo também auxilia a proteger nossos órgãos, como na região do


abdome onde não há ossos para desempenhar tal função.

9
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

Outro ponto a ser considerado sobre o músculo esquelético é sua contração voluntária. Se você
pensar em um determinado movimento, consegue executá-lo. Por exemplo, toque o nariz com
a ponta do dedo indicador, ou coloque a palma da sua mão sobre sua testa. Você planeja esse
movimento e depois o executa de acordo com a sua vontade. Isto significa que a contração do
músculo esquelético é voluntária.

E se essa contração é voluntária, ou então que pensamos para realizá-la, é necessário que algo leve a
informação da contração para o músculo esquelético. Essa ordem parte de um neurônio classificado
como neurônio motor ou, então, motoneurônio alfa. Essa estrutura nervosa tem o seu corpo celular
na medula e o seu axônio se projeta até o músculo esquelético que ele irá inervar.

A porção terminal do axônio é chamada de sinapse, que representa a comunicação entre dois
neurônios ou entre um neurônio e uma fibra muscular.

Temos, então, que o músculo é inervado pelo motoneurônio, e ele deve chegar a cada fibra muscular
para que elas se contraiam. A partir disso, vamos conhecer o conceito de unidade motora e placa
motora.

Unidade motora representa um motoneurônio e as fibras musculares que ele


inerva.

Placa motora é a junção entre motoneurônio e fibra muscular (GUYTON E HALL,


2006).

Se considerarmos, então, que para cada fibra muscular deve chegar o motoneurônio, o número
de placas motoras é, no mínimo, igual ao de fibras musculares em uma unidade motora. Antes de
visualizarmos essas estruturas em uma figura, pensemos no seguinte:

Os nossos músculos têm apenas uma ou mais de uma unidade motora?

A resposta para a reflexão anterior deve partir de um importante pressuposto: quando um


motoneurônio é despolarizado, ele irá promover a contração de todas as suas fibras musculares.
Agora, imagine duas situações distintas: você levantar uma caixa vazia, ou levantar a mesma caixa
cheia de livros. No segundo caso, a força que você deve fazer para isso é maior, e, portanto, precisa
de mais fibras musculares. Mas o que isso tem a ver com a quantidade de unidades motoras de um
músculo?

É simples. Se você tivesse apenas uma unidade motora nos seus músculos, ou eles estariam relaxados,
ou se contrairiam totalmente. Os nossos músculos são divididos em várias unidades motoras, o que
permite que realizem respostas intermediárias em termos de produção de força. Assim, quando
você carrega a caixa cheia de livros, precisa de mais força e, por isso, recruta um maior número de
unidades motoras para erguê-la.

10
ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA │ UNIDADE I

Agora que você já conhece essa relação, pode visualizar as diferentes unidades motoras de um
músculo representadas na figura a seguir.

Figura 1. Representação de unidades motoras em um músculo

Ainda há algumas estruturas importantes no músculo esquelético que afetam diretamente sua
função. Este tipo de músculo é envolto por uma capa de tecido conjuntivo que lhe dá forma e
sustentação, e tem, também, a propriedade de transferir a força da contração muscular para
os tendões, que, em seguida, a transferirão para os ossos. Veja que essas estruturas são, então,
fundamentais para a função de locomoção do músculo esquelético e recebem os seguintes nomes
(AIRES, 1999).

»» Epimísio: a camada de tecido conjuntivo que envolve todo o músculo. Quando se


vê uma peça de carne no açougue, a “capa” que a envolve é o seu epimísio.

»» Perimísio: são invaginações do epimísio que separam grupos de fibras musculares,


chamados fascículos.

»» Endomísio: uma porção com invaginação ainda maior do tecido conjuntivo. O


endomísio reveste cada uma das fibras musculares.

Essas estruturas estão representadas em uma imagem histológica na figura 2:

11
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

Figura 2. Imagem histológica do músculo esquelético representando as camadas de tecido conjuntivo


que dão sua sustentação.

Fonte: <http://www.iceb.ufop.br/decbi/histologia/index.php?option=com_content&view=article&id=33&Itemid=73>.

A fibra muscular
Agora que você já conhece a estrutura do músculo como um todo, veremos como é cada uma das
células musculares, também chamada de fibra muscular. Essa célula é de formato alongado, ou
fusiforme, e possui vários núcleos.

A quantidade de núcleos que uma célula possui é devido a seu tamanho. E sua organização é
impecável. Cada núcleo é responsável por uma porção da fibra muscular, o que se chama de domínio
mionuclear.

Outra informação importante da célula muscular é o fato de ela ser uma célula excitável. Para que
ela se contraia, é necessário que chegue a ela um potencial de ação, que promove trocas iônicas
dos meios intra e extracelular e permite que a fibra se altere em comprimento. Esse papel é do
motoneurônio. No caso do músculo esquelético, a membrana é chamada de sarcolema, a além
dela, para que esse potencial de ação se propague por toda a fibra, ainda são necessários os túbulos
transversos (ou túbulos T) e o retículo sarcoplasmático, como descritos por Berne e Levy (2005).

»» Sarcolema: membrana celular da fibra muscular. Consiste em uma membrana


celular verdadeira, denominada membrana plasmática e em um revestimento
externo de uma fina camada de material polissacarídeo que contém inúmeras e finas

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ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA │ UNIDADE I

fibras colágenas. Em cada extremidade da fibra muscular, essa camada superficial


do sarcolema se funde com uma fibra tendinosa e estas se juntam em feixes para
formar os tendões, que ligam o músculo aos ossos.

»» Retículo sarcoplasmático: é uma modificação do retículo endoplasmático


e caracteriza-se por ser um conjunto de tubos longitudinais na fibra muscular,
responsável por armazenar grande quantidade de íons cálcio.

»» Túbulos T: são diminutos túbulos transversais na fibra muscular e mantém as


mesmas propriedades elétricas do sarcolema, assim, os potenciais de ação podem
atingir o cerne da fibra muscular.

Figura 3. Representação dos túbulos transversos e retículo sarcoplasmático em uma fibra muscular.

Se olharmos mais de perto a uma célula muscular, veremos, também, que ela possui algumas
microestruturas alongadas, que acompanham sua extensão. Estas são as chamadas miofibrilas, que
contém a unidade funcional do músculo, os sarcômeros.

13
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

A figura, a seguir, representa uma fibra muscular e suas miofibrilas.

Figura 4. Representação de uma fibra muscular e suas miofibrilas.

E, ainda, há mais uma divisão. Como acabamos de ver, as miofibrilas são compostas por sarcômeros,
que são a unidade funcional da fibra muscular. Um sarcômero compreende o espaço entre duas
linhas Z. As estriações ou bandas dos sarcômeros são a alternância entre regiões claras e escuras,
causadas pelos filamentos de actina e miosina que formam a sua estrutura.

»» Banda I (isotrópica): apenas filamentos de actina.

»» Banda A (anisotrópica): filamentos de actina e miosina.

»» Banda H: apenas filamentos de miosina.

A figura 5 representa um músculo e suas divisões. A parte A é o músculo todo, a parte B são diferentes
fibras musculares que o compõem, na parte C, podemos ver apenas uma miofibrila com sua série de

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ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA │ UNIDADE I

sarcômeros. Por último, na parte D, vemos um sarcômero com suas bandas descritas acima. Por esta
figura, é preciso que você note algo importante: o que acontece em um sarcômero irá acontecer em
toda uma miofibrila e junto dela, em todas as miofibrilas de uma fibra muscular. O mesmo se repete
para as demais fibras musculares de uma unidade motora e com as de outras recrutadas, levando
a um comportamento geral do músculo. Assim, quando temos a contração do sarcômero, temos a
contração muscular, e por essa razão, veremos, a seguir, como é o processo de excitação-contração
muscular em um sarcômero, o que você deverá subentender que ocorre no músculo como um todo.

Figura 5. Representação de um músculo (A), das fibras musculares (B), uma miofibrila (C) e um sarcômero (D).

Os filamentos que compõem o sarcômero


O sarcômero, como você acaba de ver, possui dois filamentos: o filamento fino, ou de actina e o
filamento grosso, ou de miosina.

Filamento fino
Apesar de ser chamado de filamento de actina, ele possui um total de três proteínas que totalizam
sua constituição. São elas.

»» Actina: polimerização de diversas G-actinas, formando a F-actina.

»» Troponina: encontrada a cada 7 monômeros de G-actinas, apresenta 3 sítios


importantes, sendo um deles de ligação com o Cálcio (TN-C), um de inibição à
interação entre actina e miosina (TN-I) e outro de ligação com a tropomiosina (TN-T).

15
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

»» Tropomiosina: encontrada no sulco da F-actina. É fibrosa e “encobre” o sítio


ativo do filamento de actina.

Figura 7. O filamento fino.

Filamento grosso
Formado pela reunião de muitas moléculas de miosina, pode ser dividido em meromiosina leve, que
constitui o cilindro-base do filamento e meromiosina pesada, que constitui as pontes transversas, as
quais podem ser dividias em fragmento S1 e S2.

Figura 8. O filamento grosso.

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CAPÍTULO 2
Processo de excitação-contração
muscular e propriedades do músculo
esquelético

A partir do conhecimento que você tem das estruturas que formam o músculo esquelético e sua
função, fica fácil compreender como ocorre todo o processo da contração muscular, que será
explicado, aqui, de maneira resumida.

Como vimos anteriormente, o papel do motoneurônio é excitar a fibra muscular. Ele realiza esse
processo com a liberação de um neurotransmissor chamado acetilcolina na placa motora. A
acetilcolina, então, liga-se a receptores no sarcolema e promove a abertura de canais de sódio, que
entra na fibra muscular e promove um potencial de ação.

Esse potencial de ação deve ser propagado a cada miofibrila dessa fibra muscular para que eles
se contraiam. Para isso, ele penetra a fibra muscular através dos túbulos T e chega ao retículo
sarcoplasmático, fazendo com que este libere uma grande quantidade de íons cálcio no citoplasma
da fibra muscular.

Os íons cálcio, agora em maior quantidade, ligam-se ao sítio TN-C da troponina e promovem uma
alteração conformacional em sua estrutura que desliza sobre a F-actina e muda o seu direcionamento.
Com essa mudança, ela também leva consigo a tropomiosina, que deixa de encobrir o sítio para a
ligação entre actina e miosina (figura 9).

Figura 9. A remoção da inibição da tropomiosina a partir da ação dos íons cálcio.

17
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

Com a actina exposta, a cabeça da miosina quebra uma molécula de ATP em ADP e se liga a ela,
formando as pontes cruzadas. A energia liberada por essa quebra é utilizada para movimentar
as pontes cruzadas e encurtar o sarcômero. Em seguida, uma nova molécula de ATP é integrada à
miosina e isso quebra a ponte formada, para que a cabeça da miosina possa voltar à sua posição
original e repetir esse processo, o que se denomina reengatilhamento do processo contrátil,
responsável por 2/3 do gasto de energia da contração muscular (figura 10).

Figura 10. Representação do reengatilhamento do processo contrátil

Para que o músculo relaxe, os íons cálcio devem ser bombeados de volta ao retículo sarcoplasmático,
o que é responsável por 1/3 do gasto de ATP. Sem íons cálcio, a tropomiosina volta a encobrir o sítio
de ligação entre actina e miosina, impedindo a formação de pontes cruzadas, o sarcômero volta
passivamente a seu comprimento de repouso e a fibra muscular relaxa.

Deste processo, um ponto central deve ser ressaltado para que se entenda o que virá a seguir:

O que faz com que o músculo produza força são as pontes cruzadas (interação entre
actina e miosina).

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ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA │ UNIDADE I

Propriedades mecânicas do músculo


esquelético
A constituição do músculo esquelético confere-lhe algumas propriedades que nos ajudam a
interpretar sua função e compreender seu papel na realização de diferentes tipos de exercícios. O
bom personal trainer conhece essas propriedades e as aplica na sua prescrição de treinamento.

Hall (2009) descreve como propriedades do músculo esquelético:

Extensibilidade e elasticidade

A extensibilidade do músculo esquelético diz respeito à sua capacidade de alterar seu comprimento
quando sofre uma força de tração. Já a elasticidade é a capacidade que o músculo possui de voltar
ao seu comprimento original depois de ser distendido.

Irritabilidade e capacidade de desenvolver tensão

A irritabilidade do músculo é a sua capacidade de responder a estímulos. Neste caso, o principal estímulo
é vindo do motoneurônio para realizar sua despolarização. Entretanto, o músculo, ainda, pode responder
a impactos para se contrair. A sua capacidade de gerar tensão, vem da interação entre actina e miosina.
Quando o músculo se contrai, as pontes cruzadas geram tensão transmitida aos ossos pelos tendões.

Fatores que afetam a produção de força pelo


músculo
RELAÇÃO FORÇA-VELOCIDADE

Figura 11. Relação força-velocidade. Reproduzido de Hall, S. Biomecânica básica.

EXCÊNTRICO
FORÇA

CONCÊNTRICO
MÁXIMO ISOMÉTRICO

0
VELOCIDADE DO ALONGAMENTO VELOCIDADE DO ENCURTAMENTO

Relação comprimento-tensão
O sarcômero tem a propriedade de gerar tensão máxima em um comprimento que corresponde de 100%
a 120% do comprimento de repouso. Como se pode observar na figura 12, em comprimentos acima ou

19
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

abaixo desta faixa, a produção de tensão diminui. Isto pode ser explicado pela conclusão do capítulo 1:
a produção de força depende da interação entre actina e miosina. Quando alongamos ou estiramos o
sarcômero, perdemos parte dessa interação e, consequentemente, a capacidade de gerar tensão.

Figura 12. Relação comprimento-tensão muscular. Reproduzido de Hall, S. Biomecânica básica.

(C)
TENSÃO DESENVOLVIDA PELO MÚSCULO CONTRAÍDO

100
(B)
80
(PERCENTAGEM DO MÁXIMO)

(D)
60

VARIAÇÃO NO (E)
(A)
40 TAMANHO DO
SARCÔMERO
NO CORPO
20

0
1,2mm 1,6mm 2,6mm 3,6mm

DIMINUIÇÃO DO TAMANHO AUMENTO DO TAMANHO


TAMANHO NORMAL DO MÚSCULO EM REPOUSO

Ciclo alongamento-encurtamento
Conseguimos aproveitar deste ciclo quando fazemos uma contração concêntrica precedida por
uma contração excêntrica rápida. Neste caso, o músculo armazena energia elástica em forma de
deformação, e depois devolve essa energia devido à elasticidade muscular. Um exemplo de como
aplicar esse ciclo é por meio dos exercícios pliométricos.

Figura 13. Exemplo de exercício pliométrico. A aterrissagem promove uma ação excêntrica rápida que fornece
energia extra na contração concêntrica que promove o salto. Reproduzido de <http://eduardoarzua.blogspot.
com/2010/01/treinamento-pliometrico.html>.

20
CONTROLE
NERVOSO DO UNIDADE II
MOVIMENTO

CAPÍTULO 1
Sistema nervoso e seus constituintes

Iremos, agora, estudar o que se acredita ser a estrutura mais complexa existente no corpo humano:
o sistema nervoso. Esse sistema constitui uma rede integrada de comunicação e controle de
diversas funções, com um grande objetivo geral de permitir a nossa interação com o meio ambiente.
Anatomicamente, podemos dividi-lo em Sistema Nervoso Central (SNC) e Periférico. O SNC atua na
interpretação de informações, mas necessita do periférico como uma espécie de interface para realizar
sua captação. Para tanto, o sistema nervoso possui três níveis de atividade (GUYTON E HALL, 2006).

»» Detecção sensorial: consiste no processo de captação dos estímulos ambientais


mais variados (sons, calor, luz etc.) e a sua transformação em sinais neurais
(potenciais de ação) para que possa ser interpretada pelo SNC.

»» Processamento de informações: inclui os processos de aprendizagem e memória.


Toda informação que chega ao SNC é interpretada e gera uma resposta quando
necessário, entretanto, mais de 99% das informações acaba sendo inconsciente.

»» Comportamento: é o resultado da interação do sistema nervoso com o ambiente.


Tudo o que fazemos é o nosso comportamento. Ele é a soma de nossas experiências
e tomada imediata de decisões.

Neste momento, é interessante que você realize algumas atividades aqui propostas para realmente
compreender como é na interação do nosso sistema nervoso com o ambiente.
0

A primeira proposta é a seguinte: olhe ao seu redor, girando a sua cabeça em 180º
em um período rápido de apenas 3 segundos na sala onde está estudando e anote
os objetos que conseguiu perceber:

21
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Agora, olhe novamente para a mesma sala, mas leve um período de 30 segundos para girar a sua
cabeça em 180º e faça uma nova lista do que consegue lembrar.

É muito comum que, quando se faz a segunda visão da sala, se note muito mais objetos, que antes
haviam passado despercebidos. Isto acontece, pois, no momento da visão rápida, você teve tempo
de se focar em uma menor quantidade de estímulos ambientais. O que vem à nossa atenção é aquilo
em que nos focamos. O mesmo serve para o seu estudo. Se você apenas ler rapidamente o texto,
não se lembrará de quase nada do que leu, mas se ler atentamente irá se lembrar de muito mais
informações.

E por falar em leitura e visão, você já se perguntou por que nós temos dois olhos, dois ouvidos e
apenas uma boca e um nariz? A nossa anatomia é funcional, fomos projetados para isso. Portanto,
termos dois olhos e dois ouvidos também é muito importante. Veja nas atividades a seguir.

Em um corredor, trace uma marca no chão. Pode ser um “X”. Agora, fique a uma
distância de alguns metros desta marca, olhe para ela e memorize a sua localização.
Em seguida feche os seus olhos e ande até quando achar que está sobre a marca.
Abra os olhos assim que parar. Faça isso antes de continuar a sua leitura.

Figura 14. Representação da triangulação da visão. O objeto vira uma imagem em cada olho e a sua diferença
ajuda a dar a noção de profundidade.

22
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

Você deve ter parado bem em cima da marca ou então muito próxima dela. Isso aconteceu justamente
pelo fato de você ter dois olhos. Foque sua visão em um objeto e feche um olho de cada vez. Você
terá a impressão de que a imagem se desloca, mas na verdade, o que acontece é devido ao fato
de que cada olho faz uma imagem. A diferença de imagem dos dois olhos é utilizada pelo SNC
para triangular a posição do objeto em foco e nos dá a noção de profundidade. É por isso que você
conseguiu se aproximar do “X” marcado no chão.

A terceira dimensão não existe, é apenas uma ilusão da sua mente. Literalmente. E
isso é possível graças a um fenômeno natural chamado estereoscopia. Apesar do
nome complicado, trata-se apenas da projeção de duas imagens, da mesma cena,
em pontos de observação ligeiramente diferentes.

Seu cérebro, automaticamente, funde as duas imagens em apenas uma e, nesse


processo, obtém informações quanto à profundidade, à distância, à posição e ao
tamanho dos objetos, gerando uma ilusão de visão em 3D.

Para que isso seja possível, no entanto, a captação dessas imagens não é feita de
uma forma qualquer. Lembre-se de que o efeito 3D é composto por duas imagens
projetadas em pontos distintos. Logo, na captação, devem ser filmadas duas imagens
ao mesmo tempo. Essa correção de enquadramento é feita por softwares específicos,
em tempo real, que reduzem as oscilações na imagem, deixando a composição mais
realista.

A câmera estereoscópica simula a visão do olho humano. Cada lente é colocada a


cerca de seis centímetros uma da outra (já que essa é a distância média entre os
olhos de uma pessoa). E nesse processo ainda devem ser controlados zoom, foco,
abertura, enquadramento (que deve ser exatamente o mesmo) e o ângulo relativo
entre elas. Não é uma tarefa fácil ou que você possa fazer na sua casa. Ou melhor, até
é possível, mas é um processo bem trabalhoso.

Um truque utilizado pela indústria é filmar através de uma lente e usar um espelho
para projetar uma imagem deslocada em uma segunda lente. A imagem refletida é
girada e invertida antes da edição do filme. E, por se tratar de um espelho, é preciso
fazer, ainda, as correções de cores e brilhos necessárias para que não dê a impressão
de imagens distintas.

Fonte:http://www.tecmundo.com.br/2469-como-funciona-a-tecnologia-3d-.htm Acessado em
4/10/2011 às 11h57min.

Para a próxima atividade, você necessitará de mais uma pessoa, ou então estar
em um lugar com objetos em movimento. Feche seus olhos e tente reparar qual o
padrão de movimentação dessa pessoa, apenas pelo som de sua voz ou do barulho,
por exemplo, que um carro produz ao passar na rua.

23
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Se uma pessoa conversar com você e se movimentar, é possível que você saiba sua posição e para
onde está indo. O mesmo é verdadeiro para o carro passando na rua, ou outro objeto qualquer
que produza som e se movimente. O mecanismo para essa detecção é similar ao da profundidade
na visão.

O som viaja no ar a uma velocidade aproximada de 340m/s e não chega aos nossos ouvidos ao
mesmo tempo. A partir da diferença de tempo para que o mesmo som chegue aos dois ouvidos, o
nosso SNC tem uma noção de sua localização. Se o objeto estiver à nossa direita, chegará primeiro
ao ouvido direito, e o contrário será verdadeiro caso esse objeto esteja à nossa esquerda. À medida
que o objeto se desloca, essa relação muda e o nosso SNC também a utiliza para triangular a posição
do som.

Divisão anatômica do SNC


De acordo com a estrutura e função, o SNC pode ser dividido em 7 partes distintas, que serão aqui
descritas com o seu papel motor resumido.

»» Medula espinhal: parte mais caudal. Recebe e processa informações sensoriais


oriundas da pele, das articulações e dos músculos dos membros e tronco, além de
controlar os movimentos de membros e tronco.

»» Bulbo: contém diversos centros responsáveis por funções autonômicas vitais, tais
como digestão, respiração e controle da frequência cardíaca.

»» Ponte: transmite informação sobre o movimento do cérebro para o cerebelo.

»» Cerebelo: modula a força e o alcance do movimento e participa do aprendizado de


habilidades motoras.

»» Mesencéfalo: controla funções sensoriais e motoras, incluindo movimentos


oculares e coordenação de reflexos visuais e auditivos.

»» Diencéfalo: contém o tálamo, que processa a maior parte da informação que chega
ao córtex cerebral vinda do resto do SNC e o hipotálamo, que regula as funções
autonômicas, endócrinas e viscerais.

»» Hemisférios cerebrais: consistem no córtex cerebral e três outras estruturas em


profundidade: os gânglios da base, o hipocampo e o núcleo amigdaloide. Os gânglios
da base participam na regulação do desempenho motor; o hipocampo participa
em diversos aspectos do armazenamento de memórias; e o núcleo amigdaloide
coordena as respostas autonômicas.

24
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

Tipos de células do sistema nervoso

Quando se fala em sistema nervoso, é comum que o único tipo de célula que venha
à cabeça sejam os neurônios. De fato, eles são os que realizam o trabalho de troca
de informações para a rede neural de controle. Entretanto, seu papel só pode ser
desempenhado graças a outra classe de células: a glia.

As células do sistema nervoso podem ser divididas em dois grupos principais: os neurônios, ou
células neurais e as células da glia. Vamos, agora, conhecer cada uma delas.

Células neurais (neurônios)


Existem em diversos formatos e tamanhos e, geralmente, são parecidos nas mesmas regiões do
SNC. Seus constituintes são o soma, os dendritos e o axônio.

Para que você recorde a estrutura de um neurônio, observe a figura a seguir.

Figura 15. Representação de um neurônio.

As partes do neurônio são:

»» Soma: ou corpo celular. É considerado a usina metabólica do neurônio, além de


conter o núcleo.

»» Dendritos: ramificações do soma. Sua principal função é receber o estímulo


sináptico de outros neurônios.

»» Axônio: extensão da célula que leva o estímulo a outro neurônio ou fibra muscular.
Comprimento e diâmetro muito variados.

Além das três estruturas, conseguimos ver a bainha de mielina, que serve como um isolante elétrico
no neurônio e os nodos de Ranvier, que são os espaços entre as bainhas de mielina.

25
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Classificação dos neurônios

Classificação por número de prolongamentos

»» Unipolares: apenas um prolongamento, sendo ramificado. Uma das ramificações


serve como axônio e outra como dendrito.

»» Bipolares: o soma tem forma oval e dele se originam o axônio e os dendritos.

»» Multipolares: têm apenas um axônio e um ou mais dendritos que emergem de


todas as partes do soma.

»» Células piramidais: localizam-se no córtex cerebral e no hipocampo,


apresentando corpo celular em formato piramidal com o ápice e um dendrito apical
dirigido à superfície pial, e outros dendritos e um axônio emergindo da base. Os
axônios podem apresentar ramos colaterais locais, mas também projetam para fora
suas regiões corticais.

Figura 7. Os tipos de neurônios, classificados pelo número de prolongamentos.

BIPOLAR UNIPOLAR MULTIPOLAR CÉLULA


(INTERNEURÔNIO (NEURÔNIO SENSORIAL (MOTONEURÔNIO) PIRAMIDAL

Adaptado de: <http://neuronios.pbworks.com/w/page/10064179/Estrutura%20dos%20Neur%C3%B4nios>.

26
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

Classificação pela função


»» Sensoriais: conduzem informação para o SN, tanto para a percepção quanto para
a coordenação motora.

»» Motores: conduzem comandos para os músculos e as glândulas.

»» Interneurônios: são a classe mais numerosa, consistindo nas células do sistema


nervoso que não sejam especificamente sensoriais ou motoras.

Células da glia
Engloba os principais elementos celulares não neurais do sistema nervoso. Existem cerca de 10 a
50 células para cada neurônio nos vertebrados. A glia não participa diretamente da transmissão de
informação, mas possui funções vitais, tais como.

»» Atuam como elementos de sustentação, dando firmeza e estrutura ao cérebro.


Também separam e, ocasionalmente, isolam grupos de neurônios entre si.

»» Produzem mielina, uma bainha isolante que recobre a maioria dos axônios mais
calibrosos.

»» Algumas células têm função de remover dendritos após morte ou lesão neuronal.

»» Tamponam e mantém a concentração dos íons K+ no espaço extracelular. Algumas


também captam e removem neurotransmissores químicos liberados pelos neurônios
nas transmissões sinápticas.

»» Guiam a migração dos neurônios e dirigem o crescimento do axônio durante o


desenvolvimento cerebral.

»» Criação de revestimento especial e impermeável dos capilares e vênulas cerebrais,


criando uma barreira hematoencefálica que impede o acesso de substâncias tóxicas
ao cérebro.

»» Participam da nutrição de células neurais (ainda inconclusivo).

As principais células da glia são:

Oligodendrócitos e células de Schwann: células pequenas, com número relativamente


pequeno de prolongamentos. Exercem a importante função de isolar eletricamente os axônios,
formando a bainha de mielina. Os oligodendrócitos estão presentes no SNC e as células de Schwann
no SN periférico.

27
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Astrócitos: são os mais numerosos. Realizam ligações com neurônios e capilares, fazendo sua
sustentação.

Figura 16. Representação das células da glia junto de um neurônio.

DENTRITOS ASTRÓCITO AXÔNIO OLIGODENDRÓCITO

NÚCLEO NEURÔNIO TERMINAIS DO AXÔNIO


Fonte: <http://www.infoescola.com/citologia/celulas-da-glia/>

28
CAPÍTULO 2
Estruturas nervosas responsáveis pelo
controle motor

Até aqui viemos falando sobre o controle motor. Chegou a hora de conhecermos uma definição
mais precisa deste termo. Entenderemos o controle motor como a capacidade de regular e/ou
orientar os mecanismos essenciais para o movimento.

E isso é muito importante, pois permite a manutenção da postura (ereta) apesar de a força
da gravidade, permitir, também, que as mãos sejam menos dependentes para a manutenção
da postura, possibilitando a confecção de utensílios e outros. Ademais, propicia a busca pelo
alimento, interações sociais, sendo muito funcional no rosto para operar um sistema sofisticado de
comunicação, expressão de ideias e sentimentos.

Mas, os movimentos não dependem apenas dos músculos. São resultados de diversos processos
de programação, comando e controle que envolvem as regiões cerebrais e terminam na contração
das fibras musculares, que transmitem a força de deslocamento gerada para o tecido conjuntivo
(tendões) que se inserem nos ossos culminando no movimento.

Alto comando motor


O cérebro possui 4 lobos em cada metade, ou hemisfério. Os lobos são nomeados segundo os ossos do
crânio sob os quais se localizam. Tem sulcos com aparência de uma noz. Durante o desenvolvimento,
o encéfalo cresce mais rapidamente do que o crânio que o rodeia, fazendo com que o tecido fique
enrolado nele mesmo para se adaptar ao pequeno volume.

Os lobos cerebrais são designados pelos nomes dos ossos cranianos nas suas proximidades e que os
recobrem. O lobo frontal fica localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo
parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais da cabeça,
por cima das orelhas. Estes lobos podem ser visualizados na figura 17:

Figura 17. Representação dos lobos cerebrais.

LOBO FRONTAL LOBO PARIETAL

LOBO OCCIPITAL

LOBO TEMPORAL SULCOS (ADAPTAÇÕES EVOLUTIVAS)

29
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

O córtex cerebral é especializado em áreas sensitivas para percepção, áreas motoras que direcionam
o movimento e áreas de associação que integram a informação. Áreas sensitivas incluem regiões
de percepção de sensações a partir de receptores periféricos, bem como de regiões devotadas a
visão, audição e olfato. Dano no córtex primário sensitivo leva à redução da sensibilidade da pele do
lado oposto do corpo, já que as fibras sensitivas cruzam para o lado oposto da linha média quando
sobem através do bulbo. O córtex visual recebe informações dos olhos, córtex auditivo das orelhas,
olfatório de quimiorreceptores no nariz. O córtex gustatório recebe informação sensitiva dos botões
gustativos. Se uma parte da área motora for danificada por um acidente vascular cerebral, o resultado
será paralisia do lado oposto do corpo. O lado esquerdo do encéfalo controla os movimentos do lado
direito e vice-versa.

Figura 18. As áreas do SNC responsáveis por diferentes funções no controle motor

Áreas: movimento, audição, visão, percepção, olfato, paladar...


MOVIMENTO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
INFORMAÇÃO
CÓRTEX PRIMÁRIO SENSITIVO SOMÁTICO SENSITIVA A PARTIR
ÁREA DE ASSOCIAÇÃO MOTORA CÓRTEX MOTOR
DA PELE, DO SISTEMA
(CÓRTEX PRÉ-MOTOR) PRIMÁRIO LOBO PARIETAL
MUSCULOESQUELÉTICO,
ÁREA DE ASSOCIAÇÃO SENSITIVA VISCERAS E BOTÕES
COORDENA A INFORMAÇÃO A PARTIR DE OUTRAS ÁREAS DE

LOBO FRONTAL
ASSOCIAÇÃO, CONTROLA ALGUNS COMPORTAMENTOS

GUSTATIVOS
ÁREA DE ASSOCIAÇÃO PRÉ-FRONTAL

ÁREA DE ASSOCIAÇÃO VISUAL


LOBO OCCIPITAL VISÃO
CÓRTEX VISUAL

ÁREA DE ASSOCIAÇÃO AUDITIVA


AUDIÇÃO
CÓRTEX AUDITIVO

LOBO TEMPORAL
GOSTO CÓRTEX GUSTATÓRIO

CHEIRO CÓRTEX OLFATÓRIO

Cerebelo
Cerebelo é a parte do encéfalo responsável pela manutenção do equilíbrio e postura corporal,
controle do tónus muscular e dos movimentos voluntários, bem como pela aprendizagem motora.
É formado por dois hemisférios – os hemisférios cerebelosos, e por uma parte central, chamada de
Vermis. O termo cerebelo deriva do latim e significa “pequeno cérebro”. Embora represente apenas
10% do volume total do cérebro, contém, aproximadamente, metade do número de neurônios do
cérebro.

30
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

Quando o cerebelo é lesado, os principais sintomas são:

»» descoordenação dos movimentos (ataxia);

»» perda do equilíbrio;

»» diminuição do tônus da musculatura esquelética;

»» dismetria: dificuldade para “calcular” o movimento. Pode-se testar pedindo ao


paciente para que toque a ponta do nariz com dedo indicador;

»» decomposição: os movimentos são decompostos, realizados em etapas por cada


articulação;

»» disdiadococinesia: dificuldade para realizar movimento rápido e alternadamente.


Pode-se testar pedindo ao paciente que toque com o polegar os dedos indicador e
médio;

»» rechaço: ao se pedir ao paciente que flexione cotovelo contra resistência, ao retirar


a mão, o braço do paciente tende a ir contra o tórax pela demora da ação da
musculatura extensora;

»» tremor: tremor que se acentua ao final do movimento (tremor intencional).

Figura 19. Localização do cerebelo no encéfalo. Apesar de corresponder a apenas 10% da massa encefálica,
contém, aproximadamente, 50% dos seus neurônios.

CEREBELO

31
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Medula espinal
Porção alongada do sistema nervoso central. Trata-se da continuação do encéfalo, que se aloja
no interior da coluna vertebral em seu canal vertebral, ao longo do seu eixo crânio-caudal. Ela se
inicia na junção do crânio com a primeira vértebra cervical e termina na altura entre a primeira e a
segunda vértebra lombar no adulto, atingindo entre 44cm e 46cm de comprimento, possuindo duas
intumescências, uma cervical e outra lombar.

Figura 20. As regiões da medula espinhal e suas áreas de controle. A medula é dividida em segmentos, e cada
segmento dá origem a pares bilaterais de nervos espinais ou medulares. C1 a C8 representam as vértebras
cervicais; T1 a T12 representam as vértebras torácicas; L1 a L5 representam as vértebras lombares; S1 a S5
representam as vértebras sacrais.
C1 NERVOS CERVICAIS
C2 CABEÇA E PESCOÇO
C3 DIAFRAGMA
C4 DELTOIDES, BÍCEPS
C5 EXTENSORES DO PULSO
C6 TRÍCEPS
C7 MÃO
C8 NERVOS TORÁCICOS
T1
T2
MÚSCULOS DO TÓRAX
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9 MÚSCULOS ABDOMINAIS

T10
T11
T12 NERVOS LOMBARES

L1
L2
MÚSCULOS DA PERNA
L3
L4
L5
NERVOS SACRAIS
S1
BEXIGA E INTESTINOS
S2
S3
FUNÇÕES SEXUAIS
S4
S5

A secção transversal da medula espinal tem uma forma de borboleta ou de letra H, com a parte central
feita de substância cinzenta e a parte circundante de substância branca. Corpos celulares (núcleos)
no corno dorsal recebem informações sensitivas, somáticas e viscerais. Neurônios eferentes que
levam sinais para os músculos e as glândulas são organizados dentro dos núcleos somáticos motores
e autônomos. Essas áreas são mostradas aqui somente em um lado, mas existem em ambos os

32
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

lados. A cor da substância cinzenta vem dos corpos celulares dos neurônios. Os gânglios da raiz
dorsal, intumescidos, são encontrados nas raízes dorsais antes que eles entrem na medula espinal, e
contêm corpos celulares de neurônios sensitivos. A substância branca consiste de tratos ascendentes
que levam informações sensitivas para o encéfalo (ocupam as porções dorsal e laterais externas) e
tratos descendentes que levam comandos para os órgãos efetores (ocupam posição ventral e porções
laterais interiores da substância branca). Esses tratos são de axônios que transferem informações
que sobem e descem pela medula.

Figura 21. Áreas especializadas da medula. Cornos anteriores são especializados em levar informações enquanto
os cornos posteriores recebem as informações sensoriais.

ESPECIALIZAÇÃO DA MEDULA ESPINAL


NÚCLEO SENSITIVO VISCERAL
CORNO DORSAL NÚCLEO SENSITIVO SOMÁTIVO

GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

INFORMAÇÃO SENSITIVA AFERENTE

CORNO
LATERAL SINAIS EFERENTES PARA OS
MÚSCULOS E GLÂNDULAS VIA
RAIZ VENTRL

CORNO VENTRAL NÚCLEO SOMÁTICO MOTOR


NÚCLEO EFERENTE AUTÔNOMO

Outro ponto importante a respeito da medula é o fato de que nem toda informação que ela recebe vai
até o encéfalo. A medula é, também, um centro de processamento de informações e possui atividade
reflexa.

Essa atividade é iniciada nos receptores sensoriais, células que tem a propriedade de transformar
um tipo de energia (mecânica, química eletromagnética etc.) em potências de ação (energia
elétrica) com especificidade ao tipo de estímulo. Para a atividade muscular, temos dois receptores
importantes: o fuso muscular, que detecta o estiramento muscular e os órgãos tendinosos de Golgi
(OTG), que detectam a tensão nos tendões.

Reflexos dos receptores sensoriais


O Reflexo Miotático (ou de estiramento) origina-se quando o músculo é rapidamente estirado.
A excitação dos fusos musculares promovem a contração reflexa do músculo. É um reflexo
monosináptico e excitatório sobre a via motora alfa. Exemplo: adição de peso durante uma série de
treinamento resistido.

33
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

Figura 22. Cadeia de eventos do reflexo miotático, desencadeado pelo fuso muscular.

O Reflexo Tendíneo (ou miotático inverso) origina-se quando a tensão sobre o tendão muscular
é excessiva e os Órgãos Tendinosos de Golgi são estimulados, promovendo a inibição da
contração muscular, através de uma sinapse inibitória medular sobre o motoneurônio alfa, com
o relaxamento muscular impedindo, assim, a ruptura muscular ou tendínea. Exemplo: levantar
um peso excessivo.

34
TCONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO │ UNIDADE II

Figura 23. Cadeia de eventos do reflexo tendíneo.

NEURÔNIO MOTOR

NEURÔNIO MOTOR
ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI

A CONTRAÇÃO MUSCULAR ESTIRA O ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI

1 NEURÔNIO DO OTG DISPARA


2 NEURÔNIO MOTOR É INIBIDO
3 MÚSCULO RELAXA
4 PESO É LIBERADO

Controle do SNC do movimento voluntário

Os movimentos voluntários podem ser divididos em três fases: planejamento, iniciação e execução. O
planejamento envolve a mudança e a coordenação da informação entre as áreas corticais de associação,
os núcleos da base e o cerebelo. A iniciação é responsabilidade do córtex motor. A execução dos
movimentos voluntários é feita através das vias descendentes dos neurônios somáticos motores. A
informação sensitiva a partir de articulações e músculos provém a retroalimentação para o encéfalo
que permite que ele corrija qualquer desvio entre movimento planejado e o movimento real.

Por exemplo, se você estiver sentado e deseja ficar em pé, a decisão para realizar esta ação é tomada
pelo córtex motor primário, enquanto todo o seu corpo é, cuidadosamente, mapeado. As áreas que
exigem o controle motor mais fino apresentam uma maior representação no córtex motor e, por
essa razão, é fornecido um maior controle neural a elas.

35
UNIDADE II │ CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO

As estruturas responsáveis por esse controle consciente são as seguintes.

»» Córtex motor primário: Controle dos movimentos musculares finos e definidos,


armazenamento de habilidades motoras repetitivas ou padronizadas e banco de
memória das atividades motoras especializadas.

»» Gânglios da base: Não fazem parte do córtex cerebral. Estão localizados na


substância branca, profundamente em relação ao córtex. Fazem o início dos
movimentos sustentados e repetitivos (balanço dos braços na marcha).

»» Cerebelo: Auxilia as funções do córtex motor primário e dos gânglios da base.


Facilita os padrões de movimento, suavizando-os. Se isso não ocorresse, os
movimentos seriam espasmódicos e descontrolados. Os receptores sensoriais
(proprioceptores) mantêm o cerebelo informado sobre a posição atual do seu corpo.
Recebendo essas informações, ele determina o melhor plano de ação para produzir
o movimento desejado. O córtex motor primário toma a decisão de ficar em pé e
a retransmite ao cerebelo, considerando o exemplo do córtex motor primário, ele
decide, a partir das informações sensoriais, qual é o melhor plano de ação para
realizar o movimento desejado.

36
TREINAMENTO UNIDADE III
FUNCIONAL

CAPÍTULO 1
Equipamentos do treinamento funcional

Para que se possa aplicar o treinamento funcional, vários equipamentos foram criados e tornaram-
se uma nova tendência de mercado. A cada dia, eles são atualizados e novos são criados para permitir
diferentes movimentos e aperfeiçoar o treinamento.

Neste capítulo, conheceremos alguns dos principais equipamentos, descritos por Campos e
Neto (2004).

Bosu
O termo BOSU vem da sua abreviação na língua inglesa da expressão both sides up (ambos os lados
para cima). Ele pode ser utilizado com a superfície plana ou a superfície de meia-lua para baixo,
sendo a segunda mais instável. Ele aumenta a exigência de praticamente todos os mecanismos
de propriocepção do corpo humano devido à falta de estabilidade que sua superfície proporciona
durante o exercício. O usuário pode inflar ou desinflar o BOSU para alterar a exigência de estabilidade
do exercício.

Figura 24. BOSU.

Fonte: <http://www.multfit.com.br/ver_produto.php?pro_codigo=51&produto=BOSU>.

37
UNIDADE III │ TREINAMENTO FUNCIONAL

Bola suíça
A bola suíça proporciona o mesmo tipo de exigências ao controle neuromuscular e ao equilíbrio no
corpo humano, tendo como principal diferença em relação ao BOSU a menor área de contato com
o solo, o que lhe confere ainda mais instabilidade. Ela, também, pode ser inflada ou desinflada
para alterar sua exigência.

Figura 25. Bola suíça.

Fonte: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-176017414-bola-suica-com-75-cm-bomba-anti-estouro-pilates-cheia-55-
cm-_JM>.

Mas fique atento, pois nem sempre a bola suíça irá diminuir a dificuldade de um exercício. Os dados
a seguir são extraídos do estudo de Marshal e Murphy (2006).

Figura 26. Os três exercícios realizados com bola.

SUSTENTAÇÃO DAS PERNAS FLEXÃO DE BRAÇOS AGACHAMENTO

Adaptado de Marshal e Murphy (2006)

A priori, deve-se imaginar que a bola suíça aumenta a dificuldade do exercício, devido sua
instabilidade. Essa dificuldade foi medida pela percepção subjetiva de esforço dos voluntários,
que classificam a dificuldade com números de 6 a 20, sendo 20 o mais difícil. Os resultados são
apresentados a seguir.

38
TREINAMENTO FUNCIONAL │ UNIDADE III

Figura 27. Resultados de percepção subjetiva de esforço nos exercícios com e sem bola suíça.

20

18 X
X

16

14

12 BOLA SUÍÇA
X ESTÁVEL
10
INCLINADO
8

6
FLEXÃO DE BRAÇOS AGACHAMENTO SUSTENTAÇÃO DAS PERNAS
Adaptado de Marshal e Murphy (2006).

Para a flexão de braços e sustentação das pernas, a percepção subjetiva de esforço é maior quando
estes exercícios são realizados com bola suíça.Para o agachamento, a maior percepção subjetiva
de esforço ocorreu quando foi realizado sem bola, pois a bola suíça não garante instabilidade no
agachamento, na verdade ela auxilia na manutenção da postura ereta.

A figura 28 apresenta uma maneira de combinar a bola suíça e o BOSU para fornecer um ou dois
graus de instabilidade:

Figura 5. Opções de treino estável (a), instabilidade de membros superiores com a bola suíça (b), instabilidade de
membros inferiores com BOSU (c) e dupla instabilidade com bola suíça e BOSU (d).

A) SUPERFÍCIE ESTÁVEL B) INSTABILIDADE DE MS

C) INSTABILIDADE DE MI D) DUPLA INSTABILIDADE

Adaptado de Norwood et al. (2007).

39
UNIDADE III │ TREINAMENTO FUNCIONAL

Cama elástica

A cama elástica possui uma superfície mais estável e, por isso, apresenta menor grau de dificuldade
e instabilidade que a bola e o BOSU. A sua grande base proporciona maiores deslocamentos e um
baixo impacto articular durante os exercícios. Nas prescrições de exercícios, ela precede o CORE, que
por sua vez deve preceder o BOSU. Uma desvantagem é a impossibilidade de ajustes que regulam o
nível de exigência do aparelho.

Figura 29. Cama elástica.

Fonte: <http://www.ibiubi.com.br/produtos/loc/esporte-e-lazer+muscula%C3%A7%C3%A3o-e-gin%C3%A1stica/
subcategoria+camas-el%C3%A1sticas+preco-vd+entre-100-e-1000/>.

Balance disc Figura 30. Balance disc.

São discos infláveis que proporcionam grande


instabilidade, e podem ser inflados ou desinflados para
alterar seu grau de exigência. Por serem independentes,
também, é possível modificar sua separação, para
deixar os membros inferiores mais abertos ou fechados,
ou mesmo posicionar um deles à frente do outro. Fonte: <http://www.ecodayspa.com/yoga/
yogasupplies.html>.

Core Figura 31. Plataforma CORE.

É um aparelho desenvolvido para estimular os


mecanismos de propriocepção e controle neuromuscular
do corpo, da mesma maneira que o BOSU e as bolas
suíças. Ele possui superfície plana e dura, porém
instável, com diferentes níveis de regulagem para se
ajustar ao praticante.
Fonte: <http://www.prosport.pt/product/core-
board>.

40
TREINAMENTO FUNCIONAL │ UNIDADE III

Slide Figura 32. Slide.

O slide é um aparato que exige dos mecanismos de


propriocepção e controle motor de maneira diferente
dos demais aparelhos citados neste capítulo. Possui
uma superfície lisa e vem equipado com uma capa, que
pode ser colocada nos pés e nas mãos, para diminuir
o atrito entre sua superfície e as bases de sustentação
do corpo. Isto aumenta as exigências de equilíbrio e
estimula diversos proprioceptores durante os exercícios Fonte: <http://www.kasports.com.br/
ecommerce/>.
executados sobre ele.

41
CAPÍTULO 2
Exercícios funcionais

O treinamento funcional recebe esse nome por melhorar a função e o controle


motor dos seus praticantes. Elaborar exercícios e rotinas de treinamento funcional
não consiste apenas em acrescentar a instabilidade ao treinamento, mas, sim, em
utilizar os seus conhecimentos, aliados à sua criatividade para melhorar a qualidade
de vida de seus clientes.

Com o aumento da popularidade, ou o chamado boom do treinamento funcional, os exercícios e os


sistemas de treinamento foram sendo, paulatinamente, desenvolvidos. Muitos personal trainers
simplesmente colocavam seus clientes para fazer os mesmos exercícios de musculação que faziam
antes, mas em superfícies instáveis e acreditavam estar prescrevendo o treinamento funcional.

Sim, eles estavam. Mas é um treinamento limitado, que não explora, nem de perto, tudo o que
o treinamento funcional pode oferecer. Neste capítulo, veremos alguns exercícios que você pode
aplicar a seus clientes. No mais, utilize sua criatividade e os conhecimentos desta disciplina.

Outro ponto fundamental: nunca prescreva um exercício que você não realizou. O seu cliente pode
ter dificuldades na execução e apenas com o conhecimento da realização do exercício é que você
conseguirá corrigi-lo e dar as dicas necessárias para sua correta execução. Além disso, você deve
estar familiarizado com o que o exercício provoca.

Figura 33. Sequência de execução do cone quadrado


CONES QUADRADO

A B

42
TREINAMENTO FUNCIONAL │ UNIDADE III

Objetivo: agilidade

Descrição: ficar no centro do quadrado e deslocar-se ao cone de comando correspondente.

Variação: o comando em direção ao cone pode ser feito de maneira verbal ou visual e o quadrado
pode ter variação de tamanho, de acordo com o condicionamento do indivíduo.

Figura 2. Sequência de execução do suicídio


SUICÍDIO
A B

D C

Objetivo: agilidade

Descrição: deslocar-se até o cone da frente e retornar ao cone inicial. Posteriormente, deslocar-se
para o próximo cone.

Variação: realizar o mesmo exercício, porém o deslocamento pode ser lateral.

Figura 3. Avião imprevisível no BOSU


BOSU – AVIÃO IMPREVISÍVEL

43
UNIDADE III │ TREINAMENTO FUNCIONAL

Objetivo: estabilidade

Descrição: ficar na posição de avião com um peso em cada mão, tentar manter estável.

Variação: ficar na posição de avião com um peso em cada mão, soltar um dos pesos de acordo com
o comando solicitado, tentar manter estável.

Figura 36. Apoio bola suíça


APOIO BOLA SUÍÇA

Objetivo: estabilidade

Descrição: realizar o apoio tradicional com os membros superiores apoiados na bola suíça.

Variação: realizar o mesmo exercício, porém com contração isométrica.

Figura 4. Afundo no balance disc


BALANC DISC – AFUNDO

44
TREINAMENTO FUNCIONAL │ UNIDADE III

Objetivo: estabilidade

Descrição: Realizar o afundo sobre o balance disc.

Variação: realizar o mesmo exercício, porém com contração isométrica ou variação da posição de
membros superiores (braços ao longo da cabeça, ou flexionado).

Figura 38. Agachamento com pneu


AGACHAMENTO COM PNEU
A B

Objetivo: força

Descrição: dentro do pneu, flexionando joelhos e quadril com a coluna reta, segurar nas bordas
interiores do pneu e realizar a total extensão de membros superiores levantando o pneu. Após a
extensão total, soltar o pneu no chão.

Materiais: pneu de caminhão.

Figura 39. Arremesso de pneu


ARREMESSO DE PNEU
A B

45
UNIDADE III │ TREINAMENTO FUNCIONAL

Objetivo: força

Descrição: de frente com o pneu, abaixar e segurar em baixo do pneu por fora, com a coluna reta,
realizar total extensão de membros inferiores, lançando o pneu a frente.

Materiais: pneu de caminhão.

Figura 40. Subida na corda


SUBIDA NA CORDA
A B C

Objetivo: força

Descrição: partindo da fase de repouso, sem dar impulso e mantendo as pernas estendidas, subir
na corda fazendo alternância de mãos, hora o membro direito realiza a puxada, hora o membro
esquerdo.

Materiais: corda de algodão grossa.

Figura 41. Amplitude de ombros


AMPLITUDE DE OMBROS
A B

46
TREINAMENTO FUNCIONAL │ UNIDADE III

Objetivo: mobilidade articular

Descrição: por meio de peso corporal e abdução horizontal, forçar a amplitude articular dos
ombros.

Variação: realizar o mesmo exercício em pé, segurando em uma barra.

Figura 12. Mobilidade de ombros no elástico


MOBILIDADE DE OMBROS
A B C

Objetivo: mobilidade articular

Descrição: Realizar flexão e extensão de ombros.

Figura 43. Apoio de solo (frenagem + aceleração)


APOIO NO SOLO (FRENAGEM E ACELERAÇÃO)
A B C

D E

Objetivo: potência muscular

Descrição: em posição de flexão de braço, com as mãos na largura dos ombros, realizar uma flexão
rápida de cotovelos abrindo, assim, as mãos mais na lateral, ao tocar a mão no solo novamente
realizar uma frenagem antes do corpo tocar o chão, na fase de volta, realizar uma aceleração rápida
saltando no final do movimento, voltando as mãos para a posição inicial (largura dos ombros).

Variáveis: esse movimento pode ser realizado, também, abrindo as pernas na fase de frenagem e
fechando elas na fase de aceleração. Realizando, deste modo, o corpo todo irá ficar em flutuação na
fase de frenagem e na fase de aceleração.

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Referências
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