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PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS VIA

SONDA ENTERAL OU OSTOMIAS


ISSN: 2317-2312 | VOLUME 4 | NÚMERO 4 | DEZEMBRO 2015

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BOLETIM
ISSN: 2317-2312 volume 4 | número 4 Dezembro 2015

Preparo e Administração de Medicamentos via


Sonda Enteral ou Ostomias
Nifedipino de liberação prolongada é triturado e administrado via sonda enteral. A paciente apresenta
hipotensão pronunciada, bradicardia, parada cardiorrespiratória e evolui para óbito.1
Saiba como prevenir erros como este!

A sonda enteral é um dispositivo Certas formas farmacêuticas, como triturados ou dispersados são os
destinado a suprir necessidades comprimidos de liberação entérica citostáticos e sublinguais.2,7 Nes-
nutricionais do paciente impos- ou comprimidos de liberação pro- tes casos, deve-se optar por outra
sibilitado de ser alimentado por longada, por exemplo, são incom- forma farmacêutica, preparação
via oral, ou quando o aporte nu- patíveis com as técnicas de tritu- de forma magistral ou troca de
tricional total que o paciente pode ração ou dispersão demandadas princípio ativo.2
receber por via oral é insuficiente. no seu preparo para administra-
Entretanto, na maioria das vezes, ção via sonda.2,6,7 Alguns medicamentos também in-
a sonda não é exclusiva para ad- teragem com a nutrição enteral,
ministração da nutrição enteral, O processo de trituração de com- comprometendo sua absorção no
sendo utilizada também para a ad- primidos de liberação entérica trato gastrointestinal, podendo
ministração de medicamentos.2,3 destrói seu revestimento, que tem levar a um efeito subterapêuti-
como objetivo proteger o fármaco co. Algumas dessas interações
Medicamentos orais são prescri- do ácido gástrico. Por outro lado, podem ser evitadas com pausa
tos e administrados com frequên- comprimidos de liberação pro- por determinado período na ad-
cia via sonda enteral e ostomias. longada apresentam tecnologia ministração da nutrição enteral
Essas vias de administração, ape- que promove a liberação lenta e (como, por exemplo, a fenitoína)
sar de serem mais seguras do prolongada do fármaco no trato ou ajuste da dose do medicamen-
que as vias alternativas parente- gastrointestinal. A trituração leva to (como o captopril).2,10
rais e com custo mais reduzido, à liberação imediata e rápida do
também apresentam importante fármaco, sendo este um erro de Outros medicamentos podem
potencial para o desenvolvimen- medicação que pode resultar em apresentar um grau de incom-
to de eventos adversos, uma vez efeito tóxico com danos poten- patibilidade mais pronunciado.
que as formas farmacêuticas cialmente graves, como aqueles Esse é o caso do omeprazol, que
orais não foram desenvolvidas descritos no exemplo inicial deste apresenta grânulos revestidos,
para serem administradas por boletim envolvendo o nifedipino de os chamados pellets, com o ob-
essas vias. Pode-se citar, como liberação prolongada.8,9 Além dis- jetivo de proteger o fármaco, que
exemplos, toxicidade medica- so, o revestimento presente nes- é passível de ser inativado em
mentosa, erros de medicação, tes comprimidos pode ocasionar meio ácido estomacal e fotossen-
efeito subterapêutico e obstru- a obstrução das sondas.2 Outros sível.2,7 Nestes casos, formas de
ção da sonda.2,4,5 comprimidos que não devem ser preparo alternativas podem ser

1
adotadas (ex.: preparo de fórmula e/ou quando são administrados via sonda enteral e ostomias, as
magistral, solubilização em solu- sequencialmente sem lavagem ações multidisciplinares integra-
ção de bicarbonato de sódio ou da sonda. das envolvendo, pelo menos, enfer-
sucos ácidos). Entretanto, é im- meiros, médicos, farmacêuticos e
portante dimensionar a estrutura Por outro lado, a disponibilidade nutricionistas, e o desenvolvimen-
de cada instituição (ex.: disponi- de formas farmacêuticas líqui- to de recomendações institucio-
bilidade de estrutura para mani- das, como soluções e suspensões nais neste âmbito são importantes
pulação de medicamentos, dis- orais, pode facilitar o preparo e para garantir a segurança e a efe-
ponibilidade de suco ácido ou administração de medicamentos
tividade da terapêutica nutricional
solução de bicarbonato, além de via sonda enteral. No entanto,
e medicamentosa dos pacientes
tempo de enfermagem), o perfil é importante ressaltar que, na
sob aporte de nutrição enteral.8,9
maioria das vezes, as fórmulas
clínico do paciente (ex.: risco
para pediatria apresentam alto Essas recomendações devem estar
alto de hemorragia digestiva,
teor de açúcares (ex.: sorbitol)
restrição de ingesta de líquidos, contidas nos manuais e nos pro-
e elevada osmolaridade, que po-
hipernatremia) e a padroniza- tocolos assistenciais e devem ser
dem ocasionar reações como ir-
ção e divulgação da forma de abordadas na educação permanen-
ritação no trato gastrointestinal,
preparo e administração dos te dos profissionais da instituição,
náusea, vômito e diarreia quando
medicamentos via sonda. Muitas de modo a uniformizar e sistemati-
administradas em volumes maio-
vezes, a melhor alternativa é a zar a prática, e minimizar os riscos
res demandados nas doses para
administração por via parente- associados ao preparo e a adminis-
adultos.2,11 Algumas soluções po-
ral ou seleção de alternativa te- tração de medicamentos.12
dem, além disso, apresentar aci-
rapêutica que não interaja com dez elevada, podendo ocasionar a
a nutrição enteral.2 Por outro lado, é importante que
precipitação da nutrição enteral e
as práticas sejam adequadas às
obstrução da sonda (ex.: haloperi-
Fármacos podem também inte- realidades clínicas dos pacientes
dol).2,7 Desta forma, nem sempre
ragir diretamente com compo- e que a avaliação da indicação,
as formas farmacêuticas líquidas
nentes da nutrição enteral como segurança e efetividade da farma-
são as mais adequadas para o
proteínas (ex.: carbamazepina) paciente sob aporte de nutrição coterapia a ser administrada por
ou fibras (ex.: digoxina), sendo enteral que já tem maior tendên- essa via seja baseada na monito-
importante levar em considera- cia a apresentar efeitos adversos, rização apropriada.8
ção a composição da dieta para sendo preferível o uso de sólidos
avaliar a terapia administrada orais devidamente preparados e A seguir, são apresentadas reco-
via sonda enteral.2 Incompatibi- administrados.2,11 mendações gerais para prevenir
lidades farmacêuticas também falhas no preparo e administra-
podem ser observadas quando Tendo em vista a elevada comple- ção de medicamentos em pacien-
dois ou mais medicamentos são xidade dos eventos adversos que tes via sonda enteral e ostomias
preparados juntos (ex.: tritura- podem ocorrer em decorrência da e exemplos de erros envolvendo
dos ou dispersados juntamente) administração de medicamentos esta prática.

Coordenadores: Fernanda Raphael Escobar Gimenes, Tânia Azevedo Anacleto.


Corpo Editorial: Adriane Pinto de Medeiros, Fernanda Raphael Escobar Gimenes, Mariana Martins Gonzaga do Nascimento, Mayara Carvalho Godinho Rigobello, Rosana
Aparecida Pereira.
Revisores: Edson Perini, Mário Borges Rosa, Tânia Azevedo Anacleto.
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RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PREVENÇÃO DE ERROS NA
TÉCNICA DE PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM
PACIENTES COM NUTRIÇÃO ENTERAL

• Higienizar as mãos antes e após o preparo e adminis- medicamento, considerando o balanço hídrico e a
tração dos medicamentos, bem como os materiais ne- idade do paciente.2,5,10,12,13,14
cessários para o preparo (ex.: trituradores).
• Caso seja necessário interromper a nutrição enteral
• Verificar a disponibilidade e compatibilidade de por um dado período de tempo, esta deve ser reini-
forma farmacêutica líquida para administração via ciada assim que possível, ou a interrupção deve ser
sonda enteral.13,14 comunicada à equipe de nutrição, para que o aporte
nutricional do paciente seja adequado às suas neces-
• Diluir o medicamento líquido em água para minimizar sidades diárias.2,5
efeitos adversos no trato gastrointestinal.2,5,12,13,14
• Realizar avaliação das prescrições contendo medi-
• Verificar se os medicamentos prescritos e dispensa- camentos a serem administrados via sonda enteral,
dos são compatíveis com a trituração e administração considerando a compatibilidade com a via e técnica
via sonda enteral.2,8 de preparo, interações entre os medicamentos e a
nutrição enteral e o potencial para ocasionar reações
• Triturar medicamentos sólidos separadamente até ob-
adversas gastrointestinais ou efeito subterapêutico.2,5
ter um pó fino e homogêneo.10,14
• Instituir barreiras preventivas, como a identifica-
• No caso de múltiplos medicamentos, triturá-los e solu-
ção dos medicamentos que não devem ser tritura-
bilizá-los separadamente em água devido ao risco de
dos (figura).8,9,15
incompatibilidade físico-química.5,14

• Manter a cabeceira do leito elevada durante a admi-


nistração dos medicamentos via sonda.

• Conferir o posicionamento correto da sonda antes de


administrar os medicamentos.9

• Não adicionar medicamentos nas fórmulas enterais.2,5,14 • Realizar educação permanente na instituição so-
bre o aporte de nutrição enteral e estimular o tra-
• Dois ou mais medicamentos prescritos para o mes- balho interdisciplinar entre médicos, farmacêuti-
mo horário devem ser preparados e administrados cos, nutricionistas e equipe de enfermagem, com
separadamente, sendo necessário lavar a sonda o objetivo de promover a segurança do paciente.
com 5 a 15 mL de água entre as administrações.2,5,10,13,14 Ressaltar nos treinamentos as práticas com maior
potencial de dano ao paciente, bem como o fluxo
• Antes de administrar o medicamento, interromper de notificação caso identifiquem um medicamento
a dieta e lavar a sonda com 15 a 30mL de água. La- não triturável prescrito para ser administrado via
var a sonda novamente após a administração do sonda ou ostomia.8,915,16

3
EXEMPLOS DE ERROS NO PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DO PRÁTICAS SEGURAS
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS VIA PROBLEMA E RISCOS RECOMENDADAS
SONDA ENTERAL ASSOCIADOS
Mulher de 38 anos, com múltiplos problemas de
saúde, foi internada com pneumonia e edema pul- Medicamento incompatível
monar. Após estabilização inicial, recebeu uma com a técnica de trituração.
prescrição de hidralazina, labetalol e nifedipino
de liberação prolongada. Todos estes medicamen- Toxicidade medicamentosa
tos foram triturados e administrados via sonda com liberação imediata do
nasogástrica. A paciente apresentou hipotensão princípio ativo.
e parada cardíaca com assistolia, e foi ressusci-
tada. Na manhã seguinte, os medicamentos foram Erro recorrente com potencial
novamente triturados e administrados via sonda falha no fluxo de notificação e
nasogástrica. A paciente apresentou outra parada divulgação institucional. • Avaliar a compatibilidade
cardíaca evoluindo para óbito.1 da forma farmacêutica
com a forma de preparo e
Mulher de 66 anos com degeneração ganglionar cor-
administração.
ticobasal recebia nutrição enteral em casa, adminis-
trada por seu marido por uma gastrostomia há 22
meses. Depois de ajuste na terapia medicamentosa,
foram prescritos 90 mL de baclofeno (solução oral), • Não triturar comprimidos de
10 mL de sulfametoxazol-trimetoprima (suspensão liberação prolongada.
oral), 30 mg de lansoprazol (pó para solução oral) Administração de grande
e 500 mg de paracetamol (comprimido efervescen- volume de solução
te) diariamente. Após a administração dos medica- hiperosmolar e alto teor
• Utilizar etiquetas de alerta
mentos, a paciente apresentou distensão abdominal, de sorbitol presente nas
para identificação de sólidos
meteorismo e diarreia. Após análise da prescrição fórmulas farmacêuticas dos
orais não trituráveis.
e das fórmulas dos medicamentos realizada pelo medicamentos.
farmacêutico, foi identificado que a paciente estava
tomando 38 g de sorbitol diariamente, sendo então
recomendada a troca por comprimidos trituráveis • Realizar educação
em vez de soluções orais, pós e comprimidos eferves- permanente dos
centes. Os sintomas da paciente melhoraram após a profissionais responsáveis
troca das formas farmacêuticas.11 pela prescrição, preparo
Homem de 63 anos com politrauma foi ad- e administração de
mitido em unidade de terapia intensiva e sub- medicamentos via sonda.
metido à passagem de sonda nasogástrica para
aporte nutricional. Os medicamentos prescritos
(pramipexol, entacapona, levodopa-carbidopa) • Realizar análise farmacêutica.
foram administrados via sonda durante o perío-
Levodopa apresenta
do de internação. Após a troca da nutrição en-
importante interação com
teral para formulação hiperproteica, o paciente
nutrição enteral, sobretudo
apresentou deterioração do estado mental com
hiperproteica.
desenvolvimento de síndrome neuroléptica ma-
ligna e necessitou de intubação. A nutrição en-
teral foi então alterada para hipoproteica e foi
administrada bromocriptina 5 mg, 3 vezes ao dia
via sonda nasogástrica. Dentro de 24 horas o es-
tado mental do paciente melhorou.17

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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