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Distribuição Gratuita Ano IV - Nº 15 - Setembro/Outubro de 2003

BALÍSTICA
FORENSE

Governo quer controlar


as armas no Brasil
A perícia ensina
A APCF promove cursos, palestras e seminários. O objetivo é mostrar e
provar para a sociedade que é possível ajudar a combater a
impunidade no país. Se sua entidade ou empresa quer saber mais sobre
a Perícia Criminal, venha conhecer as palestras ministradas por
experientes peritos criminais:

MÓDULOS / SEQÜÊNCIA
Introdução à Criminalística Perícias de Laboratório
Legislação Processual Pericial Balística Forense
Local de Crime Vistoria de Identificação Veicular
Obras superfaturadas Documentoscopia
Caça-níqueis Fonética Forense
Cocaína, seu DNA e suas Cores Crimes de Informática
Crimes de Trânsito Crimes Financeiros - Lavagem
Meio Ambiente de dinheiro

Educar para conscientizar


CARTA ABERTA

e
s
u
A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), entidade

d
representativa dos peritos criminais federais do Departamento de Polícia
Federal (DPF), na defesa do interesse da Justiça e da sociedade, vem denunciar

m
às autoridades públicas o tratamento dado à Perícia da Polícia Federal em todo

i
o país.
Segundo o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) do atual gover-
á no, divulgado pelo secretário nacional de Segurança Pública, pelo ministro da

t
Justiça e amplamente noticiado nos principais jornais, programas de TV, pales-
r
tras, seminários e outros eventos, o combate ao crime organizado e a resolução
O Brasil vive um momento de da crise na segurança pública nacional dependem, prioritariamente, de investi-

o
expectativa com a possibilidade mentos no segmento de inteligência e na área técnico-científica das polícias.
i

de aprovação do Estatuto do No DPF, os peritos criminais federais atuam na área técnico-científica da


Desarmamento. A criação do Polícia Federal. Os trabalhos produzidos por esses profissionais, por serem realiza-
o

r
banco de dados balístico pode dos de forma autônoma e imparcial, revestem-se de fé pública e constituem prova
ser um dos grandes avanços material em juízo. Para tal autonomia e imparcialidade é fundamental a indepen-
dência em relação aos condutores dos inquéritos policiais. Por sua vez, tal indepen-
aprovados em lei. Com esse

i
dência tem relação direta com o status das unidades de perícia na estrutura da
banco de dados será possível
organização e, conseqüentemente, com a relação de subordinação.
solucionar um maior número de
Nesse contexto, a edição do Decreto nº 4.720, que trata da reformulação
crimes, beneficiando o trabalho

a
da estrutura do DPF e cujo conteúdo foi consubstanciado em proposta do dire-
de investigação criminal. Pág. 22
tor-geral, está em franca contradição com a filosofia e as prioridades da política
de segurança pública traçada pelo governo federal.
ENTREVISTA Na reestruturação constante do decreto foram criadas diversas direto-

l
Claudio Fonteles rias sob o argumento de adequar a gestão do DPF de forma mais eficaz e de
Pág. 5 acordo com os anseios do Ministério da Justiça e da atual Direção-Geral do
DPF. A uma dessas diretorias, denominada Técnico-Científica, ficaram subor-
dinados o Instituto Nacional de Criminalística (INC) e o Instituto Nacional de
Caso Banestado Identificação (INI), duas unidades de grande importância para as atividades de
Por Renato Barbosa polícia judiciária da União, responsáveis, respectivamente, pela criminalística e
Pág. 7 pela identificação.
Ressalta-se que a estrutura foi criada sem que os peritos, que têm restri-
Monitoramento ções quanto à funcionalidade, fossem ouvidos. Destacam-se, também, os es-
cassos recursos a ela destinados: casos de repercussão e de prioridade nacio-
das Contrafações nais ficam parados porque a perícia não recebe verba no montante necessário
Por Carlos André para realizar seus trabalhos.
Xavier Villela Nas Superintendências Regionais do DPF a reestruturação também
Pág. 19 penalizou a perícia. O status das chefias dos peritos regionais, que sempre foi
equiparado ao do delegado regional de polícia, o segundo na hierarquia local, foi
Uma integração para a rebaixado. Enquanto o superintendente regional, o delegado regional de polícia,
o corregedor regional de polícia e um quarto cargo de confiança foram valoriza-
proteção da Amazônia dos, a perícia foi reduzida de Seção para Setor ou Núcleo, com rebaixamento
Por Hélio Madalena das funções de chefia. Ademais, a busca pela especialização policial ficou restri-
Pág. 14 ta nas delegacias, não ocorrendo o espelhamento necessário na análise da
prova pericial.
Vocabulário Pericial Assim, questionamos: a Polícia Federal seguirá as diretrizes do PNSP? A
Perícia será prioridade na Polícia Federal conforme está no PNSP?
Por Paulo César Pedroza
Esses fatos evidenciam que a atual Diretoria Geral do DPF não está em
Pág. 33
sintonia com a política governamental, uma vez que não está investindo nem esti-
mulando as áreas de Perícia do DPF, principalmente as projeções regionais, a se
Qualificando organizarem de forma a desempenhar eficientemente seu papel no combate ao
Por Luiz Eduardo crime e à impunidade no país, pois é imprescindível provar para apurar a verdade.
Lucena Gurgel Os peritos criminais federais desejam contribuir. Temos propostas e dese-
Pág. 13 jamos ser ouvidos e respeitados.

Peritos criminas federais

PERÍCIA FEDERAL 3
Diretoria da Executiva Nacional
Roosevelt A. F. Leadebal Júnior Renato Rodrigues Barbosa Dulce Maria P. Santana
Presidente Diretor Financeiro Diretora Técnico-Social

Antônio Carlos Mesquita Eduardo Siqueira Costa Neto Marcos de Almeida Camargo
Vice-Presidente Suplente de Diretor Financeiro Suplente de Diretor Técnico-Social

Jorilson da Silva Rodrigues Paulo Roberto Fagundes Bruno Costa Pitanga Maia
Diretor Jurídico Diretor de Comunicação Secretário Geral

Luiz Carlos de G. Horta Luiz Eduardo Lucena Gurgel Eurico Monteiro Montenegro
Suplente de Diretor Jurídico Suplente de Diretor de Comunicação Suplente de Secretário Geral

Diretorias Regionais
Acre Mato Grosso Rio Grande do Norte
Diretor: Alexandro Mangueira Lima de Assis Diretor: Waldemir Leal da Silva Diretor: Débora Gomes de M. Santos
Suplente: Flávia Freitas de Siqueira Suplente: Ruy César Alves
Suplente: Elinaldo Cavalcante da Silva
Alagoas Mato Grosso do Sul
Diretor: Nivaldo do Nascimento Diretor: André Luis de Abreu Moreira Rio Grande do Sul
Suplente: Murilo Castelões de Almeida Suplente: Everaldo Gomes Parangaba
Diretor: Dirceu Emílio de Souza
Amazonas Minas Gerais Suplente: Marcelo de Azambuja Fortes
Diretor: Fernanda Scarton Kantorsky Diretor: João Luiz Moreira de Oliveira
Suplente: Antônio Carlos de Oliveira Suplente: Lúcio Pinto Moreira
Rondônia
Bahia Pará Diretor: Abílio Jorge Leitão Felisberto
Diretor: José Carlos de Souza Ferreira Diretor: Antonio Carlos F. dos Santos Suplente: Odair de Souza Glória Júnior
Suplente: Iracema Gonçalves de Alencar Suplente: João Augusto Brito de Oliveira
Ceará Paraíba Santa Catarina
Diretor: João Vasconcelos de Andrade Diretor: Antônio Vieira de Oliveira Diretor: Maria Elisa Bezerra de Souza
Suplente: Maria Marta Vieira de Suplente: Maria Irene de S. Cardoso Lima
Melo Lima Suplente: Athos Cabeda Faria
Paraná
Distrito Federal
Diretor: Fabiano Linhares Frehse São Paulo
Diretor: André Luiz da Costa Morisson
Suplente: Magda Aparecida de A. Kemetz Diretor: Eduardo Agra de Brito Neves
Suplente: Charles Rodrigues Valente
Pernambuco Suplente: Sérgio Barbosa Medeiros
Espírito Santo
Diretor: Roberto Silveira Diretor: Rinaldo José Prado Santos
Suplente: Paulo dos Santos Suplente: Maria da Penha N. de Aguiar Sergipe
Piauí Diretor: Reinaldo do Couto Passos
Goiás
Diretor: Luiz Pedro de Sousa Diretor: José Arthur de Vasconselos Neto Suplente: César de Macêdo Rêgo
Suplente: Francisco William Lopes Caldas Suplente: Henrique Santana da Costa
Tocantins
Maranhão Rio de Janeiro
Diretor: Eufrásio Bezerra de Sousa Filho Diretor: Isaque Morais da Silva Diretor: Evaldo Oliveira de Assis
Suplente: Luiz Carlos Cardoso Filho Suplente: Délglen Jeane Bispo Suplente: Élvio Dias Botelho

Conselho Fiscal Deliberativo


O Conselho Fiscal Deliberativo é formado por cinco peritos, três titulares e dois suplentes.

Carlos Maurício José Gomes Emanuel Renan C. Paulo Ricardo Gutemberg de


de Abreu - DF da Silva - DF Coelho - DF Manfrin- SC A. Silva - BA
Titular Titular Titular Suplente Suplente

E x p e d i e n t e
Editoras As opiniões emitidas em matérias assina-
Érica Dourado - 1198/PA das, bem como os anúncios, são de intei-
Elizangela Dezincourt - 1222/PA ra responsabilidade de seus autores.
Fotos
Érica Dourado - Elizangela Dezincourt Como entrar em contato com a revista
Arquivo APCF Perícia Federal: SEPS 714/914
Centro Executivo Sabin, Bloco D,
Diagramação e capa Salas 223/224 - CEP 72390-145
Marcello Pio Brasília - DF
Telefones: (61) 346-9481 / 345-0882.
Impressão
Gráfica Athalaia E-mail: apcf@apcf.org.br
www.apcf.org.br
Tiragem
3.000 exemplares A reprodução é livre, desde que citada a fonte.

4 PERÍCIA FEDERAL
E
CLAUDIO LEMOS FONTELES
“A perícia, sem a

n
E
menor dúvida, prova”

t
A
revista Perícia Federal traz, nessa edição, uma atuar não provocaria uma confusão com individualismo?

n
entrevista com Claudio Lemos Fonteles. Atual pro- Claudio Lemos Fonteles - A garantia constitucio-

r
curador-geral da República, Fonteles é mestre em nal da independência, com a qualidade de agente políti-
Direito e já ocupou cargos como o de presidente do co, é isso: você avalia o caso que tem sob a sua respon-
Conselho Penitenciário do DF, consultor Jurídico do sabilidade segundo a sua ciência - o seu saber acumula-

e
Ministério da Justiça e subprocurador-geral da do - e a sua consciência, ou seja, faz a sua livre manifes-
República, com atuação na área criminal, no Supremo tação. É claro que se você for adotar uma posição extre-

t
Tribunal Federal. mada do conceito de independência funcional ele leva à

v
Aqui, Fonteles fala sobre o Ministério Público, a solidão e ao egocentrismo, o que, torno a dizer, é incom-
Perícia Federal, a violência no país, entre outros. patível com quem quer que se vocacione a ser
Confira! Ministério Público.

i
Perícia Federal - Qual o papel do Ministério Perícia Federal - Qual, de fato, é o papel de um

r
Público dentro de uma investiga- procurador-geral da Repú-
ção no combate a organizações blica?

s
criminosas? Claudio Lemos Fon-
Claudio Lemos Fonteles - teles - O papel do procurador-
Papel fundamental. Toda investi- geral da República, no perío-

t
gação, como é sabido, destina-se do que lhe é dado a exercer a

e
ao Ministério Público para que ele liderança de sua instituição, é
possa ter muitos dados consolida- justamente mostrar-se, apre-

a
dos, objetivos e claros para exer- sentar-se com toda clareza
cer sua pretensão punitiva contra para os colegas e para as
esses terríveis infratores que demais pessoas fora de sua
compõem as organizações crimi- instituição, apresentando di-

v
nosas. Estamos desenvolvendo retrizes muito claras. Fixar
esforços para que esse trabalho valores maiores para uma
investigatório não seja monopoli- sadia convivência em uma
zado, mas seja, sim, um trabalho sociedade que se quer sem-
partilhado por todas as entidades. pre democrática.
E, aí, destaque especial se dá ao
trabalho pericial, como de extre- Perícia Federal -
ma valia na demonstração mate- “Ministério Público significa trabalhar em equipe” Quais os maiores casos em
rial do evento. que o senhor já trabalhou?
i
Claudio Lemos Fonteles - Trabalhei em inúmeros
Perícia Federal - Há pessoas que afirmam que o casos, muitos casos: Zélia Cardoso de Melo, PC Farias,
trabalho do membro do Ministério Público é indivi- o próprio Cacciola...
s
dualista. O senhor concorda com essa afirmação?
Claudio Lemos Fonteles - Nunca! Ministério Perícia Federal - E eles foram resolvidos?
Público significa trabalhar em equipe. A palavra público Claudio Lemos Fonteles - Sim, foram definidos.
tem, dentre outros tantos sentidos, esse também. Alguns com vitórias do nosso lado, para afirmação do
Voltamo-nos para a sociedade brasileira e, ao fazermos nosso ponto de vista, que é um ponto de vista da defe-
isso, devemos fazê-lo em uma atitude partilhada dentre sa dos valores maiores e, em outros, fomos derrotados.
t

todos os colegas. Sou um incentivador, desde a primeira Enfim, essa é a vida.


hora, da formação de equipes neste Ministério Público.
Perícia Federal - Como o senhor vê a perícia
Perícia Federal - A independência que tem para nesse trabalho de combate ao crime?
a

PERÍCIA FEDERAL 5
a
Claudio Lemos Fonteles - O trabalho da perícia Receita Federal, os setores de auditoria do INSS e nós
é fundamental. O que temos sempre que ter presente, do Ministério Público para, aí sim, conseguirmos res-
e isso vale para todos os agentes públicos, quer peri- postas muito mais prontas e eficazes. Há um fato
tos, quer delegados, quer membros do Ministério certo e inquestionável: sempre que nos unimos, temos
Público, é que devemos trabalhar sem nenhum estre- resultados muito bons. Quando nos dispersamos, não
lismo, sem nenhuma atitude de enaltecimento pes- vamos a lugar nenhum.
t

soal. Devemos nós, que temos essa missão gravíssi-


ma de perseguir a criminalidade organizada, nos des- Perícia Federal - Os peritos discutem muito a
pir de atitudes egocêntricas e partir definitivamente e questão de onde deveriam ser inseridos. Na sua opi-
decisivamente para um trabalho em equipe. Assim, nião, onde a Perícia Criminal deveria estar? Dentro
podemos ter um sucesso bastante claro em relação ao ou fora das polícias, no Ministério Público, no
crime organizado. Judiciário?
s

Claudio Lemos Fonteles - Esse é um tema extre-


Perícia Federal - Dizemos que a perícia prova, o mamente interessante. Em uma visão que tenho de
senhor acredita nessa afirmação? Ministério Público, acho que a persecução criminal tem
Claudio Lemos Fonteles - A perícia, sem a de ser dotada de profunda independência. O Ministério
menor dúvida, prova. O que não quer dizer que prova Público hoje, graças a Deus, a tem. Tem, por quê?
em termos absolutos e irrefutáveis, até porque é máxi- Porque ele não está mais ligado, como era no passado,
i

ma, e máxima correta do Código de Processo Penal ao Poder Executivo. Ora, o trabalho policial e o traba-
Brasileiro, que para o magistrado há de funcionar lho pericial são fundamentalmente trabalhos voltados
sempre o princípio da persuasão racional, ou seja, ele para a persecução criminal. Então, considero que o
deve motivar as suas decisões. E bem motivando suas Departamento de Polícia e o Departamento de Perícia
decisões, ele pode discordar do laudo pericial, como seriam instituições ligadas ao Ministério Público nesta
também assim as partes. Mas, sem dúvida alguma, o persecução criminal. Não sei se deveriam estar é na
v

dado probatório advindo do trabalho pericial é um tra- estrutura organizacional do Ministério Público. Mas,
balho de intensa e grande valia. seguramente acho que polícia e perícia não poderiam
estar, na repressão criminal ao fato acontecido, atrela-
Perícia Federal - Como o Ministério Público das a qualquer Secretaria de Justiça, Secretaria de
pode trabalhar em conjunto com os peritos na inter- Segurança Pública ou Ministério da Justiça. Essas
pretação da prova? entidades governamentais cuidariam da polícia que
e

Claudio Lemos Fonteles - Esse trabalho é funda- chamo de polícia de cidadania. Polícia do dia-a-dia, pre-
mental porque compete aos qualificados servidores da venir delitos, se envolver como um anjo da guarda da
perícia a avaliação técnica e científica de um quadro comunidade. Agora, ocorrido o fato criminoso, aí
fático que eles têm diante de si. Eu já fiz isso. Me lem- temos um outro tipo de trabalho policial e, portanto,
bro de um caso emblemático. O perito chamava-se pericial, duas tarefas magnas entregues a entidades
Lasmar, se não me falha a memória, da Polícia Federal. autônomas e, provavelmente, vinculadas, diuturna-
r

Era uma acusação a respeito de um conselheiro de um mente, ao Ministério Público. Eu caminharia por aí.
Tribunal de Contas, apontando-o como autor da morte
de sua esposa. E a perícia feita por determinado órgão Perícia Federal - A criminalidade está aí. O que
estadual era muito frágil. Ela se limitava a meia página. a sociedade pode fazer para ajudar no combate à vio-
Então, o perito Lasmar, naquela ocasião, levou os autos lência?
e meditou sobre eles. Eu já tinha feito isso. E ficamos, Claudio Lemos Fonteles - O que o brasileiro pre-
t

eu me lembro muito bem, dois ou três dias, debatendo cisa realmente começar a viver mais fortemente é o
intensamente aquele quadro que era intrincado, bonito, conceito de cidadania. Precisamos ser cidadãos que
para ser resolvido. Depois ele me produziu um trabalho também colaboram, também realizam atos e não ficar-
extremamente substancioso. Com base nesse traba- mos em uma postura ainda de sempre cobrar, sempre
lho, houve a condenação daquele, na época, conselhei- cobrar e sempre cobrar...
ro do Tribunal de Contas de um estado da Federação.
n

Perícia Federal - O senhor acredita que o Brasil


Perícia Federal - Como o senhor observa a vai sair dessa onda de violência?
atuação das polícias em relação ao combate a organi- Claudio Lemos Fonteles - A violência existe e
zações criminosas? acho que isso é uma luta eterna. Ora a violência recru-
Claudio Lemos Fonteles - Acho que precisa desce, como no momento atual, ora nós temos meios
haver uma integração muito mais forte, não só entre de diminuí-la. Não me importa saber se vai sair ou não
E

as polícias e sim entre as polícias, o Banco Central, a vai sair. O que importa é que vou continuar lutando.

6 PERÍCIA FEDERAL
CASO BANESTADO

Renato Rodrigues Barbosa - perito criminal federal - SETEC/DF - bacharel em Ciências Contábeis
Perícia Federal decifra os códigos secretos
do crime organizado no Brasil e suas conexões no exterior

N
o nosso artigo da revista Perícia Federal CONEXÃO ESTADOS UNIDOS
nº 14, mostramos como funcionava a mi- As remessas de recursos para o exterior
gração do dinheiro para as contas CC5 da foram dissimuladas com o objetivo de dar apa-
praça de Foz do Iguaçu. Como visto, na primeira rência de legalidade (branqueamento) ao capital
fase do processo os doleiros captavam recursos evadido do Brasil e a sua entrada nos EUA. O
de origem duvidosa em diversos estados brasi- processo iniciava-se no Brasil com a venda dos
leiros. Depois, depositavam o dinheiro nas con- reais acumulados nas contas CC5 dos bancos
tas correntes de laranjas, abertas em Foz. Des- paraguaios para os bancos brasileiros autoriza-
sas contas, a quadrilha sacava os reais na boca dos a fechar câmbio na praça de Foz do
do caixa, transportava-os em carros-fortes até Iguaçu/PR. De posse do dinheiro em espécie, o
Ciudad Del Leste, no Paraguai, de onde retorna- banco de Foz revendia mais caro os reais no mer-
vam para crédito nas contas CC5 no Brasil. Das cado interbancário nacional, contabilizando o
CC5, os recursos partiam para o exterior. lucro (spread) da operação. Com a fórmula, o
Neste novo estudo, a Perícia Federal mos- banco de Foz transferia a responsabilidade de
tra os principais segredos das remessas de entregar os dólares nos EUA para outro banco
dinheiro do Brasil para o exterior. São diversas nacional que, normalmente, nada tinha a ver com
fórmulas, triangulações e chaves criadas pelo contas CC5 ou contas de laranjas. Com essa
Crime Organizado e suas conexões no exterior triangulação financeira, o banco "limpo" transfe-
para escoar bilhões de dólares do país. O estudo ria para a agência do Banestado/Nova Iorque os
traz também constatações surpreendentes sobre dólares que já possuía em suas contas no exte-
o significado de algumas expressões como "con- rior sem que as autoridades dos EUA e todos
tas barriga de aluguel", "conta-ônibus", "contas de aqueles radares instalados no banco central
passagem", "remessas brindadas", "cadernetão", americano (Federal Reserve Bank, o FED) sus-
operações data neutra" e "remessas zero". peitassem da operação dissimulada.

PERÍCIA FEDERAL 7
CAMADAS DE PROTEÇÃO DO DINHEIRO E nientes do mercado interbancário do Brasil. A
DAS PESSOAS conta possuía o titulo contábil de interbancário e
O objetivo principal de qualquer esque- o seu fluxo de recursos era transferido, interna-
ma de lavagem de dinheiro é proteger todos os mente, para outras contas tituladas pelos ban-
envolvidos. No caso Banestado, a situação não cos paraguaios, casas de cambio e sociedades
foi diferente. A rede de proteção montada no off shore.
Brasil foi estabelecida com a contratação de O exame pericial detalhado de cada uma
doleiros, o aliciamento de laranjas, a abertura de das 137 contas correntes do Banestado/Nova
empresas de fachada e de casas de câmbio clan- Iorque trouxe resultados inéditos. O laudo contá-
destinas ou autorizadas. No exterior, ocorreram bil, produzido pela Perícia Federal a partir desse
as associações entre doleiros de várias naciona- extenso trabalho, abriu caminho para o maior
lidades, aberturas de contas para empresas offs- rastreamento internacional de recursos de que
hores ou de contas correntes em paraísos fis- se tem notícia na história do planeta. Para se ter
cais, entre outras manobras. uma idéia dos valores envolvidos, a movimenta-
Em um dos rastros investigados pela Perícia ção financeira apurada nas 137 contas totaliza
Federal, por exemplo, havia uma empresa ameri- recursos na ordem de 25,3 bilhões de dólares
cana de fachada pertencente a doleiros da distribuídos para mais de 44 mil beneficiários no
Guatemala e da Itália, donos de um escritório no período de 1996 a 1999.
centro de Manhattan especializado em lavar
dinheiro de países como o Brasil. Seu modo de
DEMONSTRAÇÃO DAS CONTAS DO
operar no mercado de câmbio americano era idên- BANESTADO POR PAÍS
tico à atuação de outros doleiros nos EUA, pois
executavam as ordens de pagamento comanda-
das pelos doleiros brasileiros por meio de autoriza-
ções especiais, chamadas de remessas brindadas.

PRIMEIRA CAMADA DE CONTAS


As provas indicam que o esquema Ba-
nestado criou quatro camadas de contas corren-
tes no exterior para esconder os verdadeiros
donos dos recursos evadidos do Brasil. Neste
artigo vamos falar apenas da primeira camada de Essas contas correntes possuíam pelo
contas investigadas no Banestado/Nova Iorque. menos uma característica em comum: nenhuma
A investida da Perícia Federal nos EUA delas foi registrada nos Estados Unidos. Os
começou com a autorização (subpoena1) de que- tipos mais comuns eram contas individuais (indi-
bra do sigilo bancário, concedida pela Justiça viduals accounts), de empresas (Companies), de
brasileira e pela Corte dos Estados Unidos, de bancos (banks) e contas de sociedades sediadas
15 contas correntes tituladas por pessoas jurídi- em paraísos fiscais (offshore accounts).
cas abertas na extinta agência do Banestado em
Nova Iorque. A quebra estendeu-se às contas SISTEMAS DE ORDENS DE PAGAMENTO
correntes de sociedades off shore e às demais Um brasileiro que possui conta corrente
contas que se relacionaram com os correntistas nos Estados Unidos pode realizar transferências
investigados naquela agência. Com isso, nesta de recursos de sua conta através de instruções
primeira etapa, 137 contas foram investigadas. de pagamento por simples conversa verbal, por
A princípio, o alvo da perícia era buscar as escrito ou por ordens de pagamento telegráfi-
provas de que o dinheiro negociado em Foz teria cas/eletrônicas. O mais comum é a utilização de
sido pago em Nova Iorque. Com a quebra do sigi- ordens de pagamento eletrônicas que são execu-
lo bancário das primeiras contas, descobriu-se tadas com o uso de uma linha telefônica e um
que a agência mantinha uma conta corrente modem (computador).
específica para contabilizar os recursos prove- As ordens de pagamento processadas
1
termo jurídico adotado pela Corte norte-americana quando autoriza investigar alguém ou alguma coisa.

8 PERÍCIA FEDERAL
no Banestado/Nova Iorque, no Bank Chase Iorque para remessas de dólares para fora dos
Manhattan e no Bank Audi Miami possuíam um EUA. O CHIPS também possui interação com o
sofisticado esquema de autorização bancária. FedWire.
Eram fórmulas matemáticas, até então indeci-
fráveis, utilizadas na composição dos códigos
secretos (test key) emitidos pelos clientes brasi-
leiros. Com dossiê eletrônico, a perícia decifrou
uma das tábuas de senhas de segurança (secu-
rity key) utilizadas pelos doleiros nas remessas
internacionais de recursos.
Com esta engenharia bancária, as ordens de
pagamento (remessas brindadas) estavam prote-
gidas de eventuais fraudes na linha de transmis-
são de recursos ilegais em larga escala. Foi este
mesmo recurso que permitiu o esquema brasileiro
a operar as contas CC5 abertas no Brasil sem a
ingerência dos seus próprios titulares estrangei-
ros. Na prática, os doleiros paraguaios e uru-
guaios alugaram para o esquema brasileiro as
CC5, daí o apelido contas "barriga de aluguel".

Os três sistemas de ordens de pagamento


eletrônico mais conhecidos são:

z SWIFT
z FEDWIRE/FED
z CHIPS

SWIFT - em inglês, Society for Worldwide


Interbank Financial Telecommunications, cuja
tradução é Sociedade para as Telecomunicações
Interbancárias Mundiais Financeiras. Trata-se de
um sistema que presta serviços de comunicação
transnacional para o trânsito de ordens de paga-
mento eletrônico de transferências de fundos
entre países. Sua estrutura operacional está
sediada na Bélgica. O SWIFT também é utilizado O SISTEMA FTCNY
pelos corretores de valores, pelos sistemas de No caso do Banestado/Nova Iorque, o
compensação bancários, por governos, bolsas banco tinha o seu próprio sistema de ordens de
de valores e outras organizações ligadas ao sis- pagamento eletrônico chamado de FTCNY
tema financeiro mundial. (Funds Transfer Control New York). Esse siste-
FedWire/FED - em inglês, Federal Wire ma permitia que o cliente efetuasse remessas e
System/Federal Reserve Bank, refere-se ao siste- verificasse seus extratos bancários de qualquer
ma do Banco Central dos Estados Unidos. É utiliza- lugar do mundo, eletronicamente. Para isto, o
do para operações bancárias domésticas nos EUA. cliente do Banestado/Nova Iorque contava com
CHIPS - em inglês, Clearing House Inter- as facilidades dos sistemas que conhecemos
bank Payments System, significa "Sistema de hoje - o Home Bank.
Pagamentos da Câmara Interbancária de Na base de dados desse sistema, a perícia
Compensação". Esse sistema de ordens de paga- federal encontrou todas as ordens de pagamento
mento eletrônico é muito utilizado em Nova emitidas pelos clientes da agência do Ba-

PERÍCIA FEDERAL 9
nestado/Nova Iorque. O sistema possuía duas rências de dinheiro para estudantes, investido-
estruturas de armazenamento, o FTCO (Funds res internacionais ou para brasileiros com
Transfer Control Outing), que acomodava os depósitos em paraísos fiscais.
dados das ordens de pagamento de saída de
recursos das contas e o FTCI (Funds Transfer ESTRUTUTA DAS ORDENS DE
Control Incoming), que controlava os ingres- PAGAMENTO INTERNACIONAIS
sos. Nessas duas estruturas estavam guarda- Os principais campos das ordens de
dos os arquivos das ordens realizadas pelo sis- pagamento operadas na agência do
tema FedWire. As transferências internas a Banestado de Nova Iorque eram:
débito de uma conta corrente do Ba-
nestado/Nova Iorque se davam por meio de ABA= número atribuído aos bancos domicilia-
ordens de pagamento com o código 30 - book dos nos EUA.
transfer, ou seja, transferências internas na ORG= refere-se ao ordenante ou originador
agência. E as transferências para fora da agên- dos recursos, ou seja, o remetente da
cia eram registradas sob o código 34 - Funds primeira ordem de pagamento no pro-
Transfer Debit. cesso de transferência de fundos.
O FTCNY facilitou a vida dos doleiros. OGB= refere-se ao banco ou à conta utilizada
Por exemplo: logo cedo, o doleiro já sabia pelo originador/ordenante dos recursos
quanto seria captado na praça pela sua casa da primeira ordem de pagamento com a
de câmbio. Assim, as guias de depósitos nas conseqüente transferência de fundos.
contas dos laranjas já ficavam preparadas no BNF= é o nome do beneficiário, é o recebedor
escritório. Em seguida, os operadores trans- da transferência de fundos.
mitiam as ordens de pagamento comunicando RECEIVER_DI_NAME= refere-se ao nome do
o doleiro paraguaio sobre as remessas em banco do beneficiário recebedor dos recur-
favor das CC5 paraguaias. Com o fechamen- sos, ou seja, o nome do banco onde está
to do câmbio e a liquidação do contrato nos alojada a conta do titular da ordem de paga-
EUA, o doleiro conferia no extrato o crédito mento.
equivalente em sua conta corrente no SENDER_DI_NAME= refere-se ao nome do
Banestado/Nova Iorque, utilizando-se da sua banco remetente ou pagador dos recursos,
senha de acesso privativo no FTCNY. ou seja, do nome do banco intermediário
As instruções de pagamento nas contas entre o banco originador e o banco recebe-
correntes do Banestado/Nova Iorque eram dor dos recursos transferidos.
enviadas pelo sistema FTCNY e processadas
pelos funcionários da agência. Assim, o doleiro
no Brasil tinha um único trabalho diário: conci- EXTRATOS BANCÁRIOS
liar os saldos da sua conta corrente para ter INTERNACIONAIS
certeza de que o dinheiro confiado a ele, segu- Diferentemente do tratamento dispen-
ramente, chegaria ao seu destino final. Ou seja, sado aos clientes aqui no Brasil, os bancos nos
aos seus verdadeiros donos. EUA disponibilizam extratos bancários com
Alguns doleiros mais desconfiados toma- informações detalhadas sobre a origem e o
vam outras precauções. Por exemplo, alguns destino dos recursos movimentados nas con-
deles possuíam duas ou mais contas correntes tas correntes, facilitando a conferência e a
na agência do Banestado/Nova Iorque que conciliação das transações registradas na
serviam como uma espécie de dutos (contas conta.
ônibus) utilizados pelo doleiro para agrupar as Como exemplo, temos um padrão de extrato
remessas por tipo de cliente no Brasil. Assim, bancário (statement bank) da conta corrente (chec-
as remessas provenientes de sonegação fiscal king accounts) número (number) 1.096.767.98
eram separadas daquelas originárias de con- RRB titulada pela sociedade offshore - Shut's
tas com dinheiro de supostos parlamentares Service Corporation Inc, mantida na agência (-
que, por sua vez, eram apartadas das transfe- branch) de Nova Iorque, cuja moeda corrente (cur-

10 PERÍCIA FEDERAL
rency) é o dólar (U.S. dollar). Observe no modelo ro entre contas correntes. Por exemplo, a Perícia
que o primeiro lançamento foi feito em (04/30/97) Federal examinou instruções de pagamento
30 de abril de 1997, para o pagamento de taxa de contendo a mensagem: book=50,000.00/AC
serviço bancária (service feed) a título de Telex/Fax 1-11; 150,000.00/AC 2-22; 200,000.00/AC 3-
com o custo (charge) de 60.00 dólares. Na ocasião, 33. Nesse caso, o doleiro dava instruções para a
o saldo (balance) era de US$ 73,513.07. agência do Banestado transferir internamente
(book transfer) as quantias indicadas para
as contas correntes /AC (account) núme-
ros 1-11, 2-22 e 3-33, alojadas no próprio
Banestado/Nova Iorque. Essas remessas
de recursos com previsão de distribuição de
valores entre contas correntes foram bati-
zadas de "cadernetão" porque, na prática,
traziam a prestação de contas entre os
doleiros brasileiros e paraguaios.
"Remessas Zero" - A Perícia Federal
consolidou a base de dados das transfe-
rências de dólares e constatou diversas
ordens de pagamento com valor 0,00
(remessas zero) utilizadas para mandar
instruções específicas de pagamento para
a agência, sem deixar rastros como docu-
mentos por escrito, registros ou gravações
telefônicas. Os criminosos esperavam,
com isto, escapar de rastreamentos ban-
cários ou evitar que as autoridades encon-
trassem pistas que pudessem identificar
os remetentes. Para azar desses indiví-
duos, a Perícia Federal encontrou diversas
"remessas zero" que ajudaram na elucida-
ção do esquema.
"Operações Data Neutra" - A perícia
decifrou outro código usado pelos doleiros
No segundo lançamento, apura-se que o que foi a emissão de ordens de pagamento
ordenante (Org= ... Finance Corp. AC/...) da com datas como 01/01/01 ou 12/12/12, co-
agência de Zurique (Zuerich) na Suíça, por nhecidas por "operações data neutra". A idéia
meio do remetente (ORG=... ... ... AC/...), da organização era garantir que aquelas ins-
transferiu US$ 300,000.00 para a nossa conta truções de pagamento não fossem rastreadas.
exemplo. Tais datas ficavam fora de qualquer lapso tem-
TRUQUES BANCÁRIOS poral de investigação tanto na base de dados
Nos exames periciais das ordens e ins- quanto nos relatórios de movimentação diária
truções de pagamento veiculadas pelas con- (daily report) impressos na agência do Ba-
tas correntes do Banestado/Nova Iorque, nestado/Nova Iorque.
percebeu-se que alguns correntistas utiliza-
ram manobras para esconder ou facilitar os OPERAÇÕES BANCÁRIAS
seus atos criminosos. Vejamos alguns casos: INTERNACIONAIS
"Cadernetão" - Por meio de uma única As transações bancárias internacio-
ordem de pagamento, as casas de câmbio cor- nais mais comuns evidenciadas nas contas
rentistas do Banestado/Nova Iorque promo- correntes do Banestado/Nova Iorque estão
viam diversas transferências internas de dinhei- demonstradas no quadro a seguir.

PERÍCIA FEDERAL 11
Códigos de Histórico
code description Code 1 And 2 descrição dos códigos de históricos 1 e 2
1 Check Paid In Cash/Cash - Account Cheque pago em espécie/Conta Caixa
2 Debit Advice/Cash - Account Aviso de débito/Conta Caixa
5 Check Paid At Branch /Cash - Account Cheque pago na agência/Conta Caixa
10 Cash - Account/Check Deposit (1 Day) Conta Caixa/depósito cheque 1 dia
11 Cash - Account/Credit Advice Conta Caixa/aviso de crédito
12 Cash - Account/Cash Deposit Conta Caixa/depósito em dinheiro
15 Cash - Account/Same Day Deposit Conta Caixa/depósito cheque mesmo dia
21 Time Deposit Taken/Accounting Depósito a prazo tomado/contabilidade
22 Cleared Check/Accounting Cheque compensado/contabilidade
23 Debit Advice/Accounting Aviso de débito/contabilidade
24 Service Fee/Accounting Taxa serviço/contabilidade
25 Funds Transfer Paid/Accounting Transferência de fundos paga/contabilidade
26 Collection Debit/Accounting Débito de cobrança/contabilidade
27 Returned Deposit Check /Accounting Retorno de depósito em cheque/contabilidade
29 Credit Reversal/Accounting Estorno de crédito/contabilidade
30 Book Transfer Debit/Accounting Transferência Interna a débito/contabilidade
32 Credit Card Debit/Accounting Débito do cartão de crédito/contabilidade
34 Funds Transfer Paid-Fed/Accounting Transferência de fundos paga - FED/contabilidade
35 Collection Debit - Fed/Accounting Débito de cobrança - FED/contabilidade
37 Fee For Checks Cleared/Accounting Taxas por cheques compensados/contabilidade
38 Fee For Checks Deposit/Accounting Taxas por cheques depositados/contabilidade
40 Communication/Accounting Comunicação/contabilidade
41 Accounting/Collection Credit Contabilidade/crédito de cobrança
42 Accounting/Credit Advice Contabilidade/aviso de crédito
44 Accounting/Time Deposit Canceled Contabilidade/depósito a prazo cancelado
46 Accounting/Debit Reversal Contabilidade/estorno débito
48 Accounting/Time Deposit Interest Contabilidade/juros de depósito a prazo
50 Accounting/Book Transfer Credit Contabilidade/transferência interna a crédito
52 Accounting/Funds Trans.Receiv.-Fed Contabilidade/transferência de fundos recebida - FED
54 Accounting /Check Returned To Nych Contabilidade/cheque devolvido
56 Accounting/Reversal Of Fees Contabilidade/estorno de taxas
58 Accounting/Money Market Withdraw Contabilidade/Resgate Dinheiro Aplicado
66 Cd Purchased Interest/Accounting Juros certificado de depósito/contabilidade
70 Cd Issued/Accounting Certificado de depósito emitido/contabilidade
73 Overnigth Purchased/Accounting Aplicação overnight/contabilidade
78 Overnig.Placed Interest /Accounting Juros de overnight resgatado/contabilidade
81 Accounting/Loan Credit Contabilidade/crédito de emprétimo
83 Accounting/Overnight Purch.Matured Contabilidade/resgate principal overnight
84 Accounting/Overnight Purch.Inter. Contabilidade/resgate de juros overnight
85 Accounting/Cd Purchased Contabilidade/certificado de depósito adquirido
89 Accounting/Cd Issued Matured Contabilidade/certificado de depósito emitido vencido
90 Accounting/Cd Issued Interest Contabilidade/juros de certificado de depósito emitido
91 Accounting/Cd Issued Cancelled Contabilidade/certificado de depósito emitido cancelado
94 Accounting/Borrowed Funds Matured Contabilidade/fundos emprestados resgatado
95 Accounting/Borrowed Funds Interest Contabilidade/juros de fundos emprestados
98 Accounting/Overnight Placed Contabilidade/resgate overnight

CONCLUSÃO
Como se viu, são variados os caminhos utilizados pelas organizações especializadas em lava-
gem para escapar dos controles institucionais. Em outra oportunidade, examinaremos novas facetas
e operações dissimuladoras identificadas no caso Banestado como, por exemplo, "depósitos 10-1",
"conta stop", "cobrança pink (rosa)", "guia testa conta", “troca de chumbo”, "cheque sem praça", "con-
tas tipo A ou tipo B", "lavando com as factorings", "operação catraca", "operações cabo", "lavando com
empresas famosas e falidas", "empresas de fachada", "tangerina dos sacoleiros", "testa de ferro",
"laranjal" e outras. Acreditamos que este caso Banestado é um exemplo em que a Perícia Federal, ao
empregar, como de praxe, todo o seu espírito de luta, perspicácia e conhecimento científico na busca
de provas necessárias à aplicação da Justiça, conseguiu alcançar resultados alentadores na tarefa
de reduzir a impunidade no Brasil. Espera-se que o crime organizado não tenha mais lugar neste país.

12 PERÍCIA FEDERAL
Medidas a serem adotadas em casos de

Q
Luiz Eduardo Lucena Gurgel - perito criminal federal - chefe da Dpcrim/INC/Ditec - especialista em bombas e explosivos
suspeita de bomba

u
C
om o aumento da criminalidade em nosso Nos nossos cursos

a
país, temos verificado um número cres- de formação ou de atuali-
cente de ocorrências envolvendo o empre- zação nessa complicada
go de artefatos explosivos em ações crimino- área, alertamos no senti-

l
sas, quer sejam visando dar uma demonstração do de que, em situações
de força, vingança, atos de terrorismo, arrom- envolvendo ameaça de
bamentos e sabotagem, quer seja simplesmen- bomba, devemos seguir as seguintes orienta-

i
te por vandalismo. ções básicas:
Dentre as inúmeras atribuições ineren-

f
tes ao cargo de perito criminal federal, destaca- z proceder a uma evacuação e isolamento da
se aquela relacionada à área de bombas e área, estabelecendo um local onde todos
explosivos, que inclui trabalhos preventivos de possam estar em segurança;

i
varreduras de segurança em instalações pre- z efetuar busca minuciosa com o auxílio de
diais e em veículos, visando detectar e eliminar alguém que conheça o local;

c
situações que coloquem em risco a segurança z caso algo anormal seja encontrado, procurar
de dignitários, autoridades públicas e da popu- saber a quem pertence, em que circunstân-
lação em geral; vistorias em locais sob ameaça cias o objeto foi deixado no local etc;

a
de bomba, na adoção de contramedidas, tais z não tocar ou remover o material suspeito em
como transporte, neutralização ou destruição uma primeira aproximação e, muito menos,
de artefatos explosivos e/ou incendiários; ou manuseá-lo;

n
ainda, no trabalho de investigação pós-explo- z abrir portas e janelas, com exame prévio,
são, quando os peritos realizam um exaustivo e para facilitar o escape das ondas de choque
criterioso trabalho em locais sob suspeita da no caso de uma explosão;

d
explosão de bombas, visando a elucidação do z utilizar sempre o menor número de pessoas
atentado. no trabalho de aproximação, remoção, trans-
O exame, transporte, desativação ou des- porte ou desativação de um objeto suspeito;
truição de um objeto suspeito de tratar-se de
um artefato explosivo são operações altamente
z sempre que possível, utilizar técnicas remo-
tas como o uso de cordas e ganchos, apare- o
técnicas e perigosas e que requerem constante lhos de raios-X, canhão d'água disruptor etc,
treinamento e atualização para o bom desem- evitando, assim, a técnica de entrada manual;
penho de suas funções. z permanecer o mínimo de tempo possível
Quando nos depararmos com um dispositi- junto ao objeto suspeito;
vo explosivo improvisado, aparentemente sim- z após a aplicação de uma técnica ativa, visan-
ples ou de pequenas dimensões, não devemos do a desativação do possível artefato explo-
subestimá-lo, pois alguns já vitimaram experien- sivo, aguardar um período para então iniciar
tes técnicos em bombas pelo mundo afora. uma nova aproximação.
Assim, devemos nos preparar sempre para uma
possível explosão nesse tipo de trabalho. Seguindo estes conceitos básicos, acredi-
Existe uma forte tentação, que é própria tamos estar aptos para atender a ocorrências
do ser humano, de tocar, manusear, ou mesmo desta natureza, lembrando que, quanto mais
de tentar neutralizar o artefato, desmontando- realizarmos treinamentos e adquirirmos conhe-
o. Em caso de êxito, o perito se sentiria um cimentos nessa área, maior será a nossa segu-
herói, mas caso contrário, seria computado rança e tranqüilidade para enfrentarmos situa-
como mais uma vítima. ções reais futuras.

PERÍCIA FEDERAL 13
Uma integração para a proteção da
Hélio Maralena - diretor-geral do CENSIPAM - Centro Gestor e Operacional do SIPAM

Amazônia
C
onvênios e acordos de cooperação que deste ano. A integração do SIPAM com a Polícia
estão sendo implementados entre o Federal deu-se na medida em que, após a inter-
Sistema de Proteção da Amazônia, o pretação de imagens Landsat, foi possível iden-
Departamento de Polícia Federal e a Fundação tificar, na região estudada, trinta e quatro possí-
Nacional do Índio significam o braço operacional veis campos de pouso clandestino. O que foi
da integração Casa Civil da Presidência da localizado às margens do Rio Aracá era um
República e Ministério da Justiça nas ações de deles. O estudo foi apresentado pelo SIPAM à
prevenção e combate aos ilícitos e na proteção Polícia Federal que, embora já os conhecesse,
das terras e das populações indígenas da desencadeou imediatamente outro processo de
Amazônia Legal. integração, disponibilizando por duas semanas
Um dos resultados práticos, concretos e um de seus profissionais atuantes na atividade
importantes da parceria SIPAM/DPF aconteceu de interpretação de imagens satélites.
com a desativação, pela Polícia Federal, da pista A operação para destruição do campo de
de pouso ilegal localizada às margens do Rio pouso clandestino foi acompanhada, em tempo
Aracá, cerca de 98km a noroeste do município real, no Centro Regional do SIPAM-Manaus,
amazonense de Barcelos (Latitude:00 10` 25" pela equipe formada por técnicos das duas insti-
Sul e Longitude: 63 17` 44" Oeste), em julho tuições. A monitoração do vôo das aeronaves da

14 PERÍCIA FEDERAL
PF (avião tipo " Caravam" e do helicóptero tipo na Amazônia Legal, já que em breve o SIPAM
esquilo "Bi-turbina") e a troca de mensagens será um emissor de "laudos" no que se referir ao
entre as equipes no local da operação e no trânsito de aeronaves no espaço aéreo da
Centro Regional de Manaus, por meio dos equi- Amazônia Legal.
pamentos de radiodeterminação, facilitaram e Receber as diversas demandas e trabalhar
proporcionaram maior segurança à operação. na obtenção e envio das melhores respostas é o
O planejamento e a execução dessa primei- compromisso do SIPAM, visando a integração
ra operação conjunta acabaram promovendo permanente com todos os órgãos parceiros.
uma importante integração entre as equipes téc- Com a FUNAI foi possível ao SIPAM apoiar
nicas das duas instituições, que vêm intensifi- o início das atividades formais do projeto Pró-
cando as gestões para o compartilhamento de Índio, a partir de 2001. A implementação da in-
responsabilidades na captação de dados, gera- fra-estrutura de informação foi o passo inicial
ção de informações e conhecimento das áreas e com o Projeto de Implantação do Sistema
situações dos ilícitos que devem ser combatidos. Censitário, a primeira fase da Gestão Acervos
Essa operação, além de bem sucedida, Documentais e o Registro Nacional do Pa-
também funcionou como um primeiro teste no trimônio Cultural Indígena. Para implementação
exercício de identificação de movimentos sus- das ações do Pró-Índio, com o apoio do SIPAM,
peitos por técnicos das Células de Vigilância foram ministrados cursos de capacitação e trei-
Territorial e Ambiental, além do Planejamento e namento, além da realização do seminário “Po-
Controle de Operações do Centro Regional do lítica e Diretrizes de Proteção das Terras In-
SIPAM em Manaus, cujos resultados atenderam dígenas da Amazônia Legal”.
as expectativas e as demandas da equipe da Uma das instituições federais com maior
Polícia Federal. Enquanto isso, o SIPAM-Ma- capilaridade na Amazônia Legal, a FUNAI conta
naus já está enviando diariamente, para a hoje com cerca de setenta terminais usuários
Polícia Federal, os layers sobre o movimento (equipamentos de telecomunicação) do SIPAM
aéreo na região da fronteira norte e noroeste do em ativação, instalados em comunidades indíge-
país. Esses dados, segundo o gerente da Célula nas da Amazônia Legal. Isso potencializa a infra-
de Vigilância Territorial do SIPAM, Marco An- estrutura da FUNAI, permitindo melhores resul-
tônio Veppo, estão sendo aperfeiçoados na tados nas ações para proteção das terras e das
medida em que a Polícia Federal intensifica suas populações indígenas. Mais do que o previsto
demandas. Aumenta, assim, a participação do nos primeiros convênios formais, a parceria
SIPAM no sentido de articular, verificar e iden- entre as duas instituições já atua no cotidiano
tificar ilícitos de campos de pouso clandestino das comunidades indígenas, agilizando os aten-
dimentos de urgên-
cia e emergência em
saúde, por exemplo.
Os Centros
Regionais do SIPAM
em Manaus e Porto
Velho (o de Belém
entrará em opera-
ção ainda este ano)
são os receptores
das mensagens emi-
tidas por todos os
Terminais Usuários
que são compostos
por computador, te-
lefone/fax e uma
antena parabólica
que leva as mensa-
gens aos Centros
Regionais. Com is-
so, é possível o con-

PERÍCIA FEDERAL 15
tato direto, em tempo real, por voz ou texto, nicações, instalados e em operação no estados
entre os representantes da FUNAI e os próprios do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará,
índios que, após o treinamento para uso dos Amapá, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
equipamentos, acabam reconhecendo a impor- Essa é a infra-estrutura tecnológica que produz
tância e utilidade para sua comunicação, tornan- permanentemente, e em tempo real, os dados
do-se usuários permanentes e verdadeiros guar- sobre os movimentos e situações que ocorrem
diões dos equipamentos. na região, abrangendo solo, água e ar.
Muitos fatos e histórias do cotidiano da vida Ao apresentar características únicas de
das comunidades indígenas já estão sendo regis- complexidade e abrangência, o Sistema de
tradas pelos servidores do SIPAM. Em geral, Proteção da Amazônia - SIPAM exige a adoção
elas terminam com fortes doses de emoção, de um processo contínuo de operacionalização,
como tem ocorrido na Comunidade Rio visando a integração institucional, potencializan-
Sotério/Guajará Mirim/PV. Aos 18 anos, a índia do as estruturas já existentes e implantando
Cleonice da etnia Oro nao, grávida do primeiro novas estruturas com o máximo respeito à com-
filho, enfrentou dificuldades com risco de morte petência institucional de cada parceiro.
no trabalho de parto, necessitando de atendi- Para gerenciar esse processo, o governo
mento especializado. Nesse momento, pelo tele- brasileiro criou, em abril de 2002, o Centro Ges-
fone do terminal instalado na comunidade, o tor e Operacional do SIPAM, o CENSIPAM,
Centro Regional do SIPAM, em Porto Velho, estrategicamente vinculado à Casa Civil da Pre-
recebeu o pedido de socorro e imediatamente sidência da República, com sua Direção Geral
acionou a Casa do Índio (FUNAI). Uma lancha em Brasília.
rápida, com equipe médica, chegou à aldeia do Nos Centros Regionais do sistema em
Rio Sotério em três horas. Dias depois, outro pe- Porto Velho, Belém e Manaus, que abriga tam-
dido de socorro. A mesma logística foi posta em bém o Centro de Apoio Logístico do SIPAM, os
ação para prestar atendimento de urgência a um dados produzidos pelo sistema são avaliados,
índio atingido pelo golpe de uma foice, quando tratados, difundidos e integrados, transforman-
trabalhava no cultivo da mandioca. Ele hoje está do-se em informações seguras capazes de am-
fora de perigo e passa bem. FUNAI e SIPAM, jun- pliar enormemente o conhecimento e orientar as
tos, cumpriram mais uma missão. Com isso, cres- políticas públicas para a região.
ce a confiança que está sendo estabelecida entre A concepção do SIPAM é inovadora porque
as comunidades indígenas e o SIPAM, tornando- conjuga alta tecnologia-integração institucional-
inclusão social.
os aliados nas ações de proteção da região.
Ao buscar permanentemente a racionaliza-
ção de esforços e recursos, experimentando uma
CONHECENDO MAIS SOBRE O SIPAM forma inédita de relacionamento interinstitucio-
O Sipam é uma organização sistêmica nal onde infra-estrutura e produtos são compar-
para a produção, recepção e veiculação de tilhados, o SIPAM cria um novo paradigma para a
informações, formado por uma complexa base administração pública brasileira e contribui signi-
tecnológica e uma rede integrada de organiza- ficativamente para dar uma nova direção ao
ções com atuação na Amazônia Legal nos âmbi- desenvolvimento da Amazônia.
tos federal, estaduais, municipais e não gover- Ao disponibilizar infra-sestrutura adequada
namentais, para a gestão do conhecimento, de comunicações aos programas institucionais e
proteção e desenvolvimento humano e susten- a todo e qualquer cidadão das mais distantes
tável da região. comunidades da Amazônia, o SIPAM promove a
A base tecnológica do SIPAM consiste em inclusão social.
um avançado sistema de meios técnicos, com- Ao ser considerado o maior sistema de
posto por subsistemas integrados de sensoria- proteção ambiental do mundo já implantado, o
mento por satélite, plataforma de coleta de SIPAM reveste-se de enorme importância
dados, estações meteorológicas, aeronaves de estratégica para o país e sua soberania sobre a
vigilância, estações radar e exploração de comu- Amazônia.

16 PERÍCIA FEDERAL
A
P
Ciências
Forenses

C
No mês de julho, os
representantes de dife-

F
rentes entidades se reuni-
ram em Brasília para o
segundo encontro do Fó-
rum das Entidades das
Ciências Forenses. A

e
APCF estava presente.

m
APCF diz
não à
Reforma da
Previdência

N
A APCF vestiu a camisa
e foi às ruas em defesa do

o
serviço público. A associação
participou de manifestação
contra a Reforma da Pre-

t
vidência. O movimento reivin-
dicou que a reforma seja
paralisada e que sejam man-
tidas a aposentadoria integral para todos os servidores, a paridade, bem como não seja cobrado o INSS
do aposentado e seja mantida a integralidade do valor para pensionistas e dependentes. A APCF acre-
í
c
dita que a reforma vai diminuir o interesse do servidor em se aposentar no futuro, elevando a média de
idade e fazendo com que o funcionário público tenha que buscar outras formas de garantir sua renda, o
que comprometerá a qualidade do serviço prestado.
i

PERITOS INAUGURAM SETEC NO ACRE


a

Os PCF's Flávia Freitas de Siqueira, Alexandro Mangueira Lima de Assis e Felipe


Gonçalves Murga tomaram posse oficialmente no dia 1º de agosto de 2003, durante a
s

Cerimônia da Bandeira da SR/DPF no Acre, fato que marcou a implantação do Setor Técnico-
Científico (SETEC) na SR. A cerimônia foi marcada pela presença do efetivo que compõe a
Superintendência e pelo discurso de posse da PCF Flávia. Na ocasião, a perita foi nomeada
chefe do setor. O superintendente regional, DPF Paulo Fernando Bezerra, também discursou e
deixou claro que a chegada dos peritos marca uma nova fase na Polícia Federal do Acre.

PERÍCIA FEDERAL 17
s
a
i
c
í
t

Acima, o PCF Renato Barbosa conta sua atuação nas investigações do “Caso Banestado”
o

Combatendo a impunidade
N

A APCF foi uma das promotoras do seminário "Combatendo a impunidade - crimes finan-
ceiros e lavagem de dinheiro", que aconteceu no dia 13 de agosto, em Brasília. O evento foi uma
pequena mostra do que vem sendo feito com o dinheiro brasileiro e como as quadrilhas estão
se especializando em crimes cada vez mais sofisticados. O evento reuniu palestrantes de dife-
m

rentes órgãos como da Associação Nacional dos Procuradores da República, do Sindicato


Nacional dos Funcionários do Banco Central, da Receita Federal, entre outros. A associação
foi representada pelo perito criminal federal, Renato Barbosa, que contou como desenvolveu
as investigações no "Caso Banestado". A diretoria da APCF acredita que eventos como este
e

devem ser realizados com mais freqüência para manter a sociedade informada, atenta e sem-
pre disposta a lutar contra a impunidade.

EM FLASH
F

A APCF participou, em
junho, com stand na
C

Câmara dos Deputados,


da Semana Nacional de
Combate às Drogas. O
P

perito Marcos de Almeida


Camargo mostrou para os
visitantes os diversos
A

tipos de drogas apreendi-


das e periciadas pela
Polícia Federal. Mais uma
forma de contribuir contra
a criminalidade!

18 PERÍCIA FEDERAL
O MONITORAMENTO

Carlos André Xavier Villela - perito criminal federal - SETEC/RS - villela.caxv@dpf.gov.br


DE CONTRAFAÇÕES
E
lucidar um caso de moeda "Federal Reserve", o banco cen-
falsa pode ser, em sentido tral americano, possui há muitos
estrito, apresentar à anos um sistema de monitora-
Justiça o criminoso que tentou mento de cédulas falsas baseado
introduzir em meio circulante o nas alfanumerações presentes
produto de uma falsificação. nas cédulas do dólar norte-ameri-
Entretanto, os zelosos agentes cano (sistema alfanumérico).
da Justiça, sabedores que Uma vez que um determi-
aquele indivíduo não é mais do nado derrame alcança uma sig-
que o elo mais fraco de uma nificativa importância em ter-
complexa cadeia criminosa e mos de volume ou potencial
que, por muitas vezes, sua lesivo (capacidade de penetra-
intenção fora meramente escapar do pre- ção no meio circulante) para seu conjunto
juízo lhe causado por outrem, não ficarão de dados alfanuméricos, que compreende
satisfeitos enquanto não tirarem de circu- seu valor nominal, letra de checagem,
lação os grandes empresários da falsifica- número de chapa de anverso, número de
ção. Este é o grande desafio. chapa de reverso, código do banco
Excluindo-se o falsário oca- emissor, ano da série, é atribuída
sional ou artesanal, a falsificação de uma identidade na forma de um
moeda envolve pessoal organizado código indicativo (ou designação),
e especializado: alguns bem versa- com o seguinte formato.
dos em artes gráficas, outros res-
ponsáveis exclusivamente pela dis- Exemplo:
tribuição e, finalmente, aqueles que No Brasil, o 12A8505
vão efetivamente introduzir as falsi- Módulo de É o indicativo atribuído para
ficações no meio circulante. Na Moedas identificar as falsificações no valor
quase totalidade dos casos, o indiví- Falsas está nominal de cem dólares, com letra
duo que introduz a contrafação des- incluído no de checagem "F4", número de
conhece o fabricante da mesma. SINPRO chapa de anverso "89", número de
Para este desafio, portanto, um complexo sistema chapa de reverso "40", ano da série
de inteligência precisa ser mobilizado. Os órgãos poli- "l977", banco emissor "New York".
ciais têm que provar, diariamente, que estão mais orga- Como visto, as designações utilizadas não reve-
nizados do que esses grupos criminosos. Fragmentos de lam, explicitamente, ao que se referem.
informações podem ser valiosíssimos, desde que devi- Algumas designações podem, ainda, permitir peque-
damente arquivados, cruzados e analisados. nas variações em seus dados. Nesses casos, são acrescidas
Dentro desta rigorosa política de organização novas letras ao final do código identificador da contrafação.
que se faz necessária está a criação dos sistemas de
monitoramento das contrafações. Aqui você verá a Exemplo:
apresentação de diferentes soluções encontradas 12A8505 B
para o monitoramento de moeda falsa e, finalmente, É o indicativo atribuído para identificar as falsifica-
uma proposta para o monitoramento de qualquer tipo ções no valor nominal de cem dólares, com letra de che-
de contrafação. cagem "F4", número de chapa de anverso "89", número de
chapa de reverso "40", ano da série "l977", esta, porém,
O SISTEMA NORTE-A
AMERICANO apresentando "Chicago" como suposto banco emissor.
O monitoramento das contrafações de moeda não é Esses códigos identificadores estão sendo cons-
novidade. O Serviço Secreto, órgão federal dos Estados tantemente criados e são mensalmente divulgados pela
Unidos da América, com a atribuição de investigar os cri- Interpol ("International Criminal Police Organization",
mes de falsificação da moeda nacional, juntamente com o Lion) por meio do periódico "Counterfeits & Forgeries",

PERÍCIA FEDERAL 19
publicado por "Keesing Reference Systems B.V.", Luxemburgo a estrutura organizacional ainda não é defi-
Amsterdã, em cinco idiomas: francês, inglês, alemão, nitiva). Na Grécia, Portugal, Finlândia, Dinamarca e
espanhol e árabe. Suécia, o NAC e o CNAC estão inseridos nos laborató-
O Serviço Secreto mantém, ainda, uma página na rios centrais das polícias daqueles países. Na França,
Internet(http://www.usdollars.usss.gov) exclusiva- Itália, Áustria, Bélgica e Holanda, o NAC está sob o teto
mente para usuários cadastrados, onde a estes são per- dos bancos centrais, enquanto o CNAC está dentro das
mitidas consultas ao seu banco de dados. Desta forma, o casas da moeda. No Reino Unido, o NAC está no banco
sistema responde se existe, ou não, algum registro para central e o CNAC está dentro da polícia.
uma determinada falsificação. Independentemente do O sistema SMS é, portanto, o responsável pela
resultado da pesquisa, a cada consulta realizada o siste- centralização das informações relativas a cédulas e moe-
ma armazena os dados pesquisados, juntamente com a das falsificadas de euro. Ele guarda informações sobre
localização do usuário no planeta. Com o constante todas as apreensões nos quinze países membros e, sem-
acompanhamento dos dados consultados, o sistema pre que informado, de apreensões em países externos à
consegue um permanente monitoramento das contrafa- União Européia. No CMS está a descrição técnica de
ções de dólar em todo o mundo, indicando, inclusive, a todas as contrafações cadastradas. O sistema é equipa-
necessidade de se criar um novo código para um novo e do com uma grande variedade de ferramentas de busca
recorrente conjunto alfanumérico. que permite investigar qualquer possível conexão entre
as ocorrências, excetuando-se informações pessoais
O SISTEMA EUROPEU dos envolvidos, que estão fora do escopo do sistema.
Alguns meses após o lançamento do euro como Essas informações restritas ficam sob a responsabilida-
moeda de circulação, em primeiro de janeiro de 2002, de das polícias de cada um dos países membros.
começou a ser implantado na Europa o sistema CMS Tanto os CAC's como os CNAC's podem inserir
("Couterfeit Monitoring System"). Financiado pelo Banco dados no sistema, bem como fazer consultas. O acesso
Central Europeu, banco responsável pela emissão do para inserção de dados está, evidentemente, limitado à
euro, o sistema desenvolvido pela multinacional Unisys área de atuação do centro, ou seja, um CNAC não tem
(empresa que, no Brasil, implantou o sistema de urnas autorização para inserir informações sobre falsificação
eletrônicas) teve um custo estimado em cerca de dez de papel-moeda, assim como um NAC não pode incluir
milhões de euros. O CMS começou efetivamente a entrar ocorrências de moedas metálicas falsificadas. Da
em operação na Europa por volta do final do ano de 2002. mesma forma, esses centros nacionais só podem intro-
Trata-se de um sistema basicamente alfanuméri- duzir dados relativos a seus próprios países.
co, porém, também dotado de um banco de imagens Instituições policiais envolvidas na luta contra a
(sistema gráfico), composto por uma base de dados e contrafação têm pleno acesso para consultas, mas não
duas estruturas funcionais de apoio. podem alterar o banco de dados. Além disto, a Europol
Uma estrutura central, composta pelo CAC ("European Police Office", Haia), órgão de integração
("Couterfeit Analysis Center"), Centro de Análise de das polícias européias, recebe um "download" diário
Cédulas Falsas instalado dentro da sede do Banco Central desse banco de dados, a fim de ser agregado ao seu
Europeu, em Frankfurt, e pelo ETSC ("European Technical banco de dados criminais.
and Scientific Center"), laboratório central para a análise
das falsificações de moedas metálicas, instalado na Casa Como Funciona o Cadastramento das
da Moeda francesa, em Pessac. Contrafações de Cédulas
A segunda estrutura de apoio é uma estrutura dis- Quando detectadas, as falsificações de cédulas são,
persa, com escritórios locais em cada um dos países invariavelmente, encaminhadas aos NAC's, seja pela rede
membros da União Européia, chamados de NCC's bancária ou por meio das polícias de cada país. O resultado
("National Couterfeit Centers"), instalados, invariavel- da análise de um NAC pode concluir que a contrafação per-
mente, dentro dos bancos centrais de cada um dos paí- tence a um grupo já previamente identificado. Se a contra-
ses membros e que coordenam, naqueles países, as ati- fação não se encaixa em nenhum cadastro preexistente, o
vidades na luta contra a contrafação do euro. NAC abre um "Cadastro Local" para ela, ("Local Class").
Subordinados a cada um destes NCC's encontram-se, Se, posteriormente, a central CAC, em Frankfurt, perceber
ainda, duas células organizacionais: um NAC ("National que esta falsificação extrapola em importância os limites
Analysis Center"), um centro nacional voltado à análise de seu país de origem, é então aberto um "Cadastro
das cédulas falsas, e um CNAC ("Coin National Analysis Internacional" para ela ("Common Class").
Center"), um centro nacional dedicado à análise das con-
trafações de moedas metálicas. A localização física des- Cadastro Local (ou Nacional) / Cadastro Internacional
ses dois centros, entretanto, varia em cada país. Na Cadastro Local (ou Nacional) - São os cadastros
Alemanha, Irlanda, Espanha e Luxemburgo, tanto o NAC abertos pelos NAC's. Acabam ficando para as contrafa-
como o CNAC estão inseridos nos bancos centrais (em ções de média qualidade, de relevância local e que não

20 PERÍCIA FEDERAL
ocorrem em quantidades significativas. A descrição Exemplo:
técnica de um Cadastro Local é menos extensa. EUA0050 P00023b
Entretanto, um Cadastro Local pode ser promovido a
Cadastro Internacional quando este começar a apare- Cadastros Genéricos
cer em maior número e/ou em vários países. Contrafações das quais alguns poucos exem-
Geralmente, o limite para esta promoção está na faixa plares foram encontrados podem ser agrupadas em
das 200 apreensões, se a contrafação ocorrer em ape- cadastros genéricos. Estes cadastros servem como
nas um país, ou em 70 apreensões, nos casos em que as uma "vala comum", com o objetivo de acomodar algu-
peças tenham aparecido em mais de uma nação. Cada mas contrafações sem que seja aberto um Cadastro
país pode abrir apenas Cadastros Locais para classifi- Local ou Internacional para elas. Como via de regra,
cação, ou seja, a França não pode atribuir um cadastro deve existir uma prova clara de que todas as peças
austríaco para uma falsificação nem vice-versa. A atribuídas a uma mesma designação possuam uma
designação (ou indicativo) para um Cadastro Local origem comum. Esta regra é válida para todos os
segue um determinado padrão. cadastros, exceto para os Cadastros Genéricos, os
quais permitem peças de diferentes origens. O fato
Exemplo: de algumas contrafações serem atribuídas a um
DEA0020 K00036 mesmo Cadastro Genérico não indica que exista
Este cadastro foi criado pelo NAC alemão (DE - alguma relação de origem entre elas. Os Cadastros
"Deutschland"), é relativo a cédulas falsificadas da série Genéricos podem ser identificados pelo seqüencial
"A", com valor de face de 20 euros, tratando-se de falsi- "00000" na sua designação.
ficação pertencente ao subtipo "K" ("Ink-jet" - jato de
tinta), que recebeu a numeração seqüencial "00036". Exemplo:
Outros subtipos podem também aparecer nos cadas- NLA0050 K00000
tros de nível nacional: L - "Toner Colored Copy", A - Esta é a designação para um Cadastro Genérico
"Altered Design", B - "Black and White", M - aberto na Holanda (NL - "Netherlands"), subtipo "K"
"Manipulated", S - "Composed" (quando partes autênti- (jato de tinta), denominação 50 euros.
ca e contrafeita foram utilizadas), Y - "Other".
Cadastro Internacional - São os antigos cadastros Como Funciona o Cadastramento das
locais que foram promovidos pela central CAC, em Contrafações de Moedas Metálicas
Frankfurt. Acabam sendo as contrafações de maior qua-
As moedas metálicas recebem basicamente o mesmo
lidade, com quantidade significativa e ocorrência inter-
encaminhamento das cédulas bancárias, sendo estas,
nacional. A designação (ou indicativo) para um
porém, remetidas aos CNAC's para serem analisadas.
Cadastro Internacional segue um padrão semelhante:
Cadastro Local (ou Nacional)/Cadastro
Exemplo:
EUA0050 P00023 Internacional
Este cadastro foi criado pelo CAC (EU - União
Européia), é referente a cédulas falsificadas da série Cadastro Local (ou Nacional) - Todas as falsifica-
ções fundidas estão recebendo cadastros locais pela
"A", com valor nominal de 50 euros, tratando-se de fal-
experiência de que as quantidades de moedas fundidas
sificação pertencente ao subtipo "P" ("Printed" -
são geralmente menores e não têm relevância internacio-
impresso), que recebeu a numeração seqüencial
nal. Classes locais estão sendo criadas pelos CNAC's.
"00023". Podem aparecer, ainda, os seguintes subtipos
nos cadastros de nível internacional: C - "Color Copy"
Exemplo:
e X - "Other"
CDEAC 01E00014-9 99FR
Detalhe: existem Cadastros Locais criados pela
É um cadastro de moeda metálica (C - "Coin") que
central CAC. Suas designações começam igualmente
foi criado pelo CNAC alemão (DE - "Deutschland"),
com as letras "EU". São abertos para apreensões que
relativo à contrafação de moeda metálica da série "A",
ocorram em países não pertencentes à União Européia. mediante processo de fundição (C - "Casting"). Seu
valor nominal é 1 euro (01E), no caso de centavos de
Cadastros com Variantes euro o código seria 50C para 50 centavos, e o número
Como no sistema norte-americano, é possível seqüencial deste cadastro é o "00014". O ano constante
criar-se variantes de cadastros preexistentes. Elas são na face nacional da moeda é "1999" (99) e sua face
identificadas por uma letra minúscula, adicionada ao nacional tem o motivo francês (FR). Cadastros Locais
final da designação. Para os cadastros variantes existe para moedas metálicas podem, ainda, apresentar um
uma descrição técnica específica no CMS. subtipo "A" para "All other". Ao contrário das cédulas,

PERÍCIA FEDERAL 21
porém, Cadastros Locais de moedas metálicas não ter maior celeridade na obtenção de informações rela-
podem ser promovidos para Cadastros Internacionais. tivas ao crime de moeda falsa. O sistema, exclusiva-
Cadastro Internacional - Todas as falsificações mente alfanumérico, é até hoje utilizado como ferra-
cunhadas estão recebendo Cadastros Internacionais. menta básica na busca e no cruzamento de informa-
A descrição técnica para cadastro de cunhagens está ções desta modalidade criminosa.
sendo atualmente desenvolvida pelo ETSC.
A Experiência no Rio Grande do Sul
Exemplo: No mesmo ano, 1996, foi criado dentro da De-
CEUAS 02E00023-0 01BE legacia de Polícia Fazendária da Superintendência
É um cadastro de moeda metálica (C - "Coin") Regional no Estado do Rio Grande do Sul, por iniciativa do
que foi criado pela central ETSC (EU), relativo à con- delegado de polícia federal Antônio João Ruschel, o Setor
trafação de moeda metálica da série "A", mediante pro- de Controle de Moeda Falsa (SCMF), com a atribuição de
cesso de cunhagem (S - "Stamping"). Seu valor nominal alimentar o SINPRO, bem como monitorar as contrafa-
é 2 euros (02E) e o número seqüencial deste cadastro é ções de moeda em todo o estado. Para isto, dez policiais
o "00023". O ano constante na face nacional da moeda federais (incluindo este articulista) foram enviados para
é "2001" (01) e sua face nacional tem o motivo belga curso na Casa da Moeda do Brasil, no Rio de Janeiro.
(BE). Cadastros internacionais só aceitam o subtipo Sendo o SINPRO um sistema bastante limitado,
"S" de "Stamping" (cunhagem). uma vez que não é específico para o monitoramento de
Há Cadastros Genéricos tanto para cédulas contrafações, os agentes de Polícia Federal Romeu
como para moedas metálicas. Engel Weiss e João Paulo Cunha desenvolveram um
segundo banco de dados criminais, este, porém, regio-
Ferramentas para Consulta e Análise nal, bem mais completo que o primeiro (contendo os
O CMS possui ferramentas de consulta muito efi- nomes das vítimas, testemunhas, suspeitos, alcunhas,
cientes e que permitem que sejam recuperadas infor- alfanumerações, placas de veículos, números telefôni-
mações de apreensões ou cadastros de contrafações cos etc) e com melhores ferramentas de busca.
por critérios de busca bem incompletos. Estatísticas Desde o início daquele ano, a Seção de Cri-
podem ser apresentadas a qualquer momento, a partir minalística/RS já vinha cadastrando matrizes de con-
do banco de dados que está constantemente atualizado trafações, emitindo em seus laudos códigos identifica-
para toda a Europa. Na pesquisa geográfica, um critério dores que vinculassem cédulas de mesma origem,
de busca pode ser definido (p.ex.: um determinado ainda que com diferentes alfanumerações. Pioneira-
cadastro de falsificação) e o sistema irá mostrar a distri- mente, o código "OS50-001" foi a primeira designação
buição em mapas de todas as peças relacionadas. Esta utilizada no DPF para vincular falsificações com alfanu-
função pode ajudar a identificar certos locais de alta merações completamente variáveis.
incidência e padrões de distribuição (p.ex.: ao longo de Da integração desses dois procedimentos come-
uma estrada em particular). Os resultados de busca no çou a surgir um sistema verdadeiramente completo de
CMS podem ser exportados para o MS Excel, quando monitoramento, utilizando tanto o sistema gráfico
então é possível fazer-se cálculos ou usar funções de como o sistema alfanumérico.
ordenamento a fim de se identificar, por exemplo, O cadastro de matrizes de contrafações, realizado
padrões de manipulação das alfanumerações. Fi- pela Seção de Criminalística/RS, atribui uma designa-
nalmente, seus módulos gráficos permitem guardar ção específica para falsificações de mesma origem,
imagens das contrafações cadastradas e, diretamente, exclusivamente para cédulas de real, independentemen-
compará-las na tela do computador. te de suas alfanumerações, permitindo inclusive a identi-
ficação de peças inacabadas (sem alfanumeração) ou
mesmo de fragmentos de contrafações. Esses códigos
OS SISTEMAS BRASILEIROS identificadores seguem um padrão lógico do tipo:

No Departamento de Polícia Federal Exemplo:


Em julho de 1996, o Departamento de Polícia OS100-0 004
Federal (DPF), por meio da Ordem de Serviço n. Cédula falsa com valor nominal de 100 reais, pro-
001/96 – B/CCP, instituiu que o "Sistema Nacional de duzida predominantemente pelo processo ofsete, que
Procedimentos (SINPRO)" agregaria, a partir de então, recebeu o seqüencial "004".
o "Módulo de Moedas Falsas", tornando obrigatória a Exemplo:
alimentação no sistema de todas as informações relati- JT50-0038
vas a apreensões de moeda falsa no país. A partir daí, Cédula falsa com valor nominal de 50 reais, pro-
este departamento começou a montar um banco de duzida predominantemente por impressora jato de
dados verdadeiramente nacional, com o objetivo de se tinta, que recebeu o número seqüencial "038".
PERÍCIA FEDERAL
22
Na prática, mostrou-se necessária ainda uma divi- Neste sistema, o número de triângulos (C) cresce
são maior em sub-pastas, ordenadas segundo outra geometricamente com o aumento destes pontos notá-
peculiaridade gráfica da matriz, em que foram utilizadas veis (n), segundo a fórmula:
as chancelas do ministro da Fazenda e do presidente do
Banco Central. À medida em que outras Seções de C (n,3) = n! / (3! . (n-3
3)!)
Criminalística também passaram a cadastrar matrizes,
faz-se também necessário especificar a origem do A área (S) de cada triângulo seria:
Cadastro Local. S=| |/2
onde:
Exemplo: = determinante da matriz coordenadas relativas
JT10(MN)-0 015(RS)
Cédula falsa com valor nominal de 10 reais, pro- Enquanto o comprimento (l) de cada lado do triân-
duzida predominantemente por impressora jato de gulo seria de:
tinta, apresentando as chancelas de "Pedro Sampaio 1= ( (x2 - x1)2 + (y2 -yy1)2 )½
Malan" e "Armínio Fraga Neto", que recebeu o seqüen-
cial "015", segundo numeração no estado do Rio As áreas e os comprimentos dos lados dos triân-
Grande do Sul (RS). gulos são grandezas escalares e, portanto, independem
do sistema de coordenadas adotado.
No Banco Central do Brasil Daí por diante, não mais seria necessário criar-se
O Banco Central do Brasil também possui um sis- um código identificador para as contrafações de mesma
tema próprio de monitoramento, exclusivamente alfanu- origem, bastando para isto que fosse gerada uma matriz
mérico, acrescido, porém, de um código genérico, relati- característica para elas, de dimensão variável (3,C) com
vo ao processo de contrafação utilizado. a área e dois comprimentos normalizados de cada um
dos triângulos encontráveis, ordenados em ordem cres-
Impressão Cód. Avaliação Valor Papel Marca D'água cente.
Neste momento, não mais precisaríamos nos res-
515 Falsa Zero Comum – tringir exclusivamente ao monitoramento de nossos
padrões monetários, mas seria possível monitorar qual-
Ofsete 516 Falsa Zero Oficial República
quer tipo de contrafação, indiferentemente do tamanho
Úmido
Reticulado 517 Falsa Zero Oficial Bandeira do documento, desde um pequenino selo fiscal aos
grandes títulos da dívida pública.
Papel Moeda
518 Falsa Zero Oficial
Estrangeiro
CHANCELAS DO REAL
CM Fernando Henrique Cardoso
Exemplo:
Pedro Sampaio Malan
A PROPOSTA DE UM SISTEMA IDEAL
Como apresentado, o sistema europeu é, sem RM Rubens Ricupero
dúvida, o mais moderno e completo até hoje desenvolvi- Pedro Sampaio Malan
do. Entretanto, há que se pensar que o mesmo não é de
toda forma definitivo. Quanto mais automatizada for a GM Ciro Ferreira Gomes

pesquisa no sistema, mais rápido e confiável será o Pedro Sampaio Malan


resultado da consulta.
MA Pedro Sampaio Malan
Nesta linha de raciocínio, mesmo o sistema alfanu-
mérico pode ser melhorado com a inserção de mais alfanu- Pérsio Arida
merações em diferentes locais das cédulas (como ocorre
ML Pedro Sampaio Malan
nos dólares), porém com um sistema de leitura que permi-
ta automação com alfanumerações tipográficas em códi- Gustavo Jorge Laboissière Loyola
go de barras, por exemplo, como nos bilhetes aéreos.
MF Pedro Sampaio Malan
O sistema gráfico poderia ser em muito melhora-
do com a modelagem matemática das contrafações. Gustavo Henrique de Barroso Franco
Para isto, seria necessária a identificação de alguns MN Pedro Sampaio Malan
pontos peculiares da falsificação (falhas de impressão,
"fibras" impressas etc), em mesa digitalizadora, e o pos- Armínio Fraga Neto

terior tratamento geométrico destes pontos, como por FM Antônio Palocci Filho
exemplo, a criação de triângulos característicos a partir
Henrique de Campos Meirelles
de combinações destes pontos três a três.

PERÍCIA FEDERAL 23
Estatuto do
desarmamento
GOVERNO APOSTA NA CRIAÇÃO DE BANCO DE DADOS BALÍSTICO
PARA BENEFICIAR O TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
a

O
Estatuto do Desarmamento, aprovado no dastro dos acervos policiais já existentes; o
Senado Federal e que tramita na Câmara cadastramento das apreensões de armas de
dos Deputados, pretende tornar mais rigo- fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos
p

rosa a concessão de porte de armas no país e policiais e judiciais; cadastramento dos


pode levar à proibição da venda de armas em armeiros em atividade no país, bem como con-
todo o território nacional a partir de 2005. O pro- ceder licença para exercerem a atividade; o
a

jeto prevê um plebiscito para 2005, a fim de que cadastro da identificação do cano da arma, as
a população decida sobre a proibição. Todas as características das impressões de raiamento e
autorizações atualmente em vigor ficam cance- de microestriamento de projétil disparado,
C

ladas no vencimento e as novas licenças serão conforme marcação e testes obrigatoriamente


centralizadas e emitidas pelo Sistema Nacional realizados pelo fabricante.
de Armas (Sinarm), criado pelo Ministério da Estarão fora do sistema somente as armas
Justiça em 1997. Enquanto estão sendo feitas as de fogo das Forças Armadas e auxiliares, assim
discussões, o governo deverá promover campa- como as que constem dos registros próprios
nhas de esclarecimento para convencer a popu- dessas instituições.
lação a votar a favor da proibição. Ao mesmo A deputada federal Iriny Lopes (PT-ES)
tempo, fica proibida a propaganda de armas, a apresentou projeto de lei, em agosto deste ano,
não ser em publicações especializadas. exigindo a gravação do número de série de fabri-
E o Sinarm ganhará novo fôlego. O sistema cação no cano das armas produzidas, assim per-
prevê a identificação das características e da mitindo que a troca sucessiva de canos sobres-
propriedade de armas de fogo mediante cadas- salentes frustre os resultados das perícias real-
tro: o cadastro de armas de fogo produzidas, izadas na cena do crime, ao serem analisados os
importadas e vendidas no país; o cadastro de vestígios deixados em projéteis e cápsulas
portes de armas e as renovações expedidas pela deflagradas. Segundo a deputada, esse banco
Polícia Federal; o cadastro das transferências de de dados estando disponível para a polícia técni-
propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocor- ca e científica seria um avanço no processo de
rências suscetíveis de alterar os dados cadas- investigação criminal, aumentando os índices de
trais, inclusive as decorrentes de fechamento de elucidação de crimes e, em conseqüência, a
empresas de segu- redução dos índices de criminalidade.
rança privada e de "Nossa proposição pretende, portanto,
transporte de val- sanar esta lacuna da legislação vigente e pro-
ores. mover condições efetivas para que o trabalho de
Também pre- investigação policial possa chegar a bom termo
vê a identificação na apuração da autoria dos crimes praticados
das modificações com o emprego de arma de fogo", ressalta Iriny.
que alterem as car- O deputado federal Luiz Eduardo Gre-
acterísticas ou o enhalgh (PT-SP), relator do projeto na comissão
funcionamento de mista do Congresso Nacional sobre o assunto,
arma de fogo; a explica que a intenção do governo é tornar mais
O perito federal Eduardo Sato integração no ca- difícil a compra de armas e até mesmo permitir
demonstra o trabalho da Polícia Federal
24

PERÍCIA FEDERAL
Celso Nenevê pede a
criação de sistema nacional
de identificação balística

sociais e não no desarmamento do cidadão", afir-


ma Garritano, que cita o exemplo do Reino Unido
com uma política de desarmamento severa e que
vem sofrendo com o crescimento do uso de
armas de fogo por criminosos. No Reino Unido
estão sendo desenvolvidas soluções alternati-
vas no combate ao crime como o aumento do
que o governo possa comprar armas que estão
investimento de verbas públicas nos bairros
em poder da população. Segundo o deputado, o
onde há maior desemprego e criminalidade.
custo de internação de um baleado por 15 dias é
O chefe do Instituto de Criminalística de
de R$ 3 mil a R$ 5,5 mil se o paciente tiver que
Brasília, Celso Nenevê, defende o controle de
ficar na Unidade de Tratamento Intensivo. "É
armas no país como uma das alternativas de dimi-
mais barato incentivar o desarmamento", afirma.
nuir o crime. "É engano o cidadão achar que tem
No entanto, a argumentação de que a redução
poder de defesa por estar armado. Na maioria da
do número de armas em circulação reduz a violência
vezes acaba sendo vítima. Se for necessário aca-
é criticada por estudiosos e pessoas do setor de
bar com a venda , por que não?", questiona.
armas. O consultor da Companhia Brasileira de
No Distrito Federal, de 80% a 85% dos ho-
Cartucho, Márcio Garritano, cita o exemplo da Lei
micídios cometidos são praticados com arma de
3.680 em vigor no Rio de Janeiro que dificulta a
fogo. Somente no mês de julho, o Instituto de
venda e o porte de arma. Garritano explica que
essas proibições contribuem para aumentar a crimi- Criminalística realizou 67 confrontos balísticos,
nalidade, assim como está acontecendo no Rio de 260 testes de eficiência de armas e 17 exames de
Janeiro. "As armas usadas pelas quadrilhas, como identificação. Nenevê explica que como não exis-
fuzis e pistolas, são de uso restrito e não estão à te um sistema nacional de identificação de balís-
venda para a população. Por isso, não entendemos tica o trabalho torna-se mais difícil e muitos casos
no que este projeto pode contribuir para a redução acabam sem solução. O instituto tem arquivado
dos índices de violência". No Brasil, desde 1965 a mais de 10 mil projéteis e que nunca foram encon-
venda de armas é controlada e algumas são consi- tradas as armas que fizeram o disparo. "A maioria
deradas de uso restrito das Forças Armadas e não dos crimes teria resposta mais rápida com a cria-
são vendidas à população. Atualmente, o cidadão só ção de um banco de dados", explica.
pode adquirir revólver de calibre 38, armas específi- Além de um banco de dados, Nenevê acre-
cas para prática de esporte, no caso de atletas, para dita que uma polícia mais capacitada e com um
caça e outros armamentos restritos a colecionado- número maior de peritos seria o ideal para solu-
res. Nas lojas especializadas, um revólver custa em cionar os crimes. O instituto tem 30 peritos traba-
média R$ 600. Para Garritano, "com certeza o ban- lhando na equipe de crimes contra a vida e ape-
dido não vai entrar em uma loja de arma para com- nas 8 na balística. "Infelizmente o número é redu-
prar um revólver que será de pouca utilidade nas zido e o volume de trabalho é grande. Em média
chacinas que são cometidas hoje em dia". são quatro atendimentos por dia", afirma Nenevê.
O Sistema Nacional de Armas aponta a A perícia da Polícia Federal, assim como as
existência de 5 milhões de armas registradas em polícias civis, realiza um trabalho essencial na
todo o país, mas a Polícia Federal estima que solução de crimes envolvendo disparo de arma de
outras 3 milhões de armas ilegais estejam em cir- fogo. Um dos principais trabalhos é a realização
culação. A taxa de homicídios no Brasil é de do confronto balístico. Esse é o momento em que
cerca de 26 por 100 mil habitantes por ano. Entre se pega um projétil incriminado, retirado de um
os jovens de 19 a 25 anos, sobe para 150 por 100 cadáver ou de uma vítima, e comprova-se que o
mil habitantes, com grande predominância nas mesmo saiu da arma que foi apreendida com um
regiões mais pobres das grandes cidades. determinado sujeito. Segundo o perito federal
Estima-se que existam 1.100 lojas de Eduardo Sato "isso incrimina a pessoa diretamen-
armas e que cerca de 50 mil pessoas dependam te. É a prova mais importante, no caso de homicí-
deste comércio para sobreviver. "A redução da dio. É possível determinar quem atirou em quem
violência consiste no combate as desigualdades no local do crime".

PERÍCIA FEDERAL 25
O que é e como funciona o
confronto
a
Eduardo Makoto Sato - perito criminal federal - INC/DF

microbalístico?
p

P
ara melhor compreensão, torna-se neces- Figura 1 -
a

sário conhecer a munição de arma de fogo e Ilustração


os fenômenos envolvidos durante o disparo. mostrando um
cartucho de Projétil
O cartucho de munição de arma de fogo é munição de
C

composto de quatro partes: o projétil, o estojo arma de fogo e


(ou cápsula), o propelente (ou pólvora) e a identificando
espoleta (veja figura 1). os seus
componentes
O projétil é aquele que atravessará o
cano da arma e atingirá o alvo. A força com que
o projétil será acelerado dentro do cano da
arma é proveniente da combustão da pólvora: a
queima gera grande quantidade de gás,
aumenta a pressão interna e o projétil é empur-
rado para frente. Pólvora

Entretanto, para que a pólvora queime é


necessário uma chama iniciadora, uma faísca, o
que será fornecida pela espoleta. A espoleta
contém uma pequena quantidade de explosivo
sensível a choque mecânico, o que quer dizer
que a espoleta detona com percussão. Estojo

O estojo ou cápsula é o recipiente que con-


Espoleta
tém o projétil na ponta, a pólvora, dentro, e a
espoleta na base.

Figura 2 - Cão
Ilustração mos-
trando um cartu-
cho dentro da
câmara, com a
base encostada
na culatra, na Percurtor
Cano
iminência de Culatra
ocorrer a per-
cussão.

26 PERÍCIA FEDERAL
Na arma de fogo, o cartucho é alinhado com Seguindo esta linha de raciocínio, imagine
o cano e tendo a base encostada na culatra da um microscópio onde se possam ver, lado a lado,
arma (veja figura 2). as imagens ampliadas de dois projéteis dispara-
Na culatra há uma janela por onde sai um dos pela mesma arma de fogo. O microscópio
pino percutor exatamente onde está posicionada mostraria a coincidência de marcas e micro-
a espoleta. O acionamento do mecanismo de dis- estriamentos presentes em ambos os projéteis
paro da arma de fogo por meio do gatilho fará (veja figura 6). A este processo de comparação
com que o pino percutor se choque contra a espo- denomina-se confronto balístico (ou microbalísti-
leta, provocando a sua detonação, o que lançará co), e é utilizado pelos peritos para identificar, a
chama em direção à pólvora, iniciando a sua com- partir de um projétil "QUESTIONADO" (veja figu-
bustão (veja figura 3). Como conseqüência, a ra 5), que pode ter sido retirado do corpo de uma
pressão interna na câmara irá aumentar brusca- vítima ou, simplesmente, encontrado em um local
mente e irá empurrar o projétil para frente ao de incidente de tiro, a arma de fogo que tenha
mesmo tempo em que a cápsula será empurrada efetuado o disparo. Basta para isso que o perito
para trás, contra a culatra da arma. dispare com a arma suspeita em um tanque de
O projétil será acelerado dentro do cano da água, por exemplo, para coletar projéteis sem
arma e sua superfície lateral estará em contato deformações por impacto ao que será denomina-
com a superfície interna do cano (veja figura 4), o do "PADRÃO" da arma suspeita. Este "PADRÃO"
que irá produzir marcas e micro-estriamentos será levado ao microscópio juntamente com o
sobre a superfície do projétil. São irregularidades projétil "QUESTIONADO" para que sejam con-
macroscópicas e microscópicas existentes na frontadas as marcas presentes nas superfícies:
superfície interna do cano que produzirão as mar- caso as marcas sejam coincidentes, conclui-se
cas no projétil. Tais marcas são, no seu conjunto, que ambos foram expelidos pelo cano da mesma
singulares, únicas, não havendo outra arma, ou arma de fogo, chegando-se à sua identificação.
cano, que possa reproduzi-los. Não importa o Na figura 6 é apresentado o confronto do projétil
quanto liso seja o cano, sempre existirão minúscu- questionado, o mesmo mostrado na figura 5, com
las imperfeições, diferenças na densidade e dure- um projétil padrão, coletado pelos peritos, evi-
za do aço ao longo do cano, e outros fatores na denciando a coincidência das marcas presentes
produção que farão com que cada cano possa ser nos dois projéteis.
identificado pelas marcas que produz na superfície Deve ser ressaltado que o processo permi-
do projétil. te a comparação de pequenas áreas possibilitan-

Figura 3 - Ilustração mostran-


do o momento em que ocorre a
percussão da espoleta, provo-
cando a sua detonação e a
conseqüente iniciação da quei-
ma da pólvora.

Figura 4 - Ilustração mostrando o movimento do projétil devido ao


brusco e intenso aumento de pressão resultante da queima da pólvora.

PERÍCIA FEDERAL 27
do a identificação de uma arma de fogo a partir
Figura 5 -
de um projétil bastante deformado, ou, ainda,
Fotografia de
um projétil de um pequeno fragmento.
questionado A cápsula da munição disparada também
encontrado em adquire marcas da arma (figuras 7 e 8). Primeiro
um local de
o percutor se choca contra a espoleta, deixando
crime. Na
escala os marcas no local de contato. Em seguida, a espo-
números são leta detona e inicia a queima da pólvora, o que
dados em gerará grande quantidade de gases aumentan-
centímetros.
do demasiadamente a pressão interna no cartu-
cho. O projétil é empurrado para frente e, ao
mesmo tempo, a cápsula é empurrada para trás,
chocando-se contra a culatra, o que faz com que
as imperfeições da superfície da culatra sejam
impressas na base do estojo.
O confronto microbalístico é, portanto, a
comparação das marcas e micro-estriamentos
deixados pelos canos e pelas culatras nos projé-
teis e nas cápsulas visando identificar a arma de
fogo que os tenha deflagrado.
Estas marcas analisadas podem ser com-
paradas como impressões digitais, isto é, cada
cano produzirá um conjunto de micro-estriamen-
tos que não serão reproduzidos por nenhuma
outra arma. O mesmo princípio pode ser aplicado
Figura 6 - Fotografia do confronto de marcas presentes
em marcas de instrumentos em geral: alicates,
no projétil questionado, à esquerda da linha preta, e em chaves-de-fenda, pés-de-cabra etc. Tudo que
um padrão coletado pelos peritos, à direita da linha tem que ser feito é comparar as marcas deixadas
preta. As setas indicam as marcas coincidentes mais pelos instrumentos.
evidentes e que confirmam que ambos os projéteis
foram expelidos pelo cano da mesma arma de fogo.

Marcas da culatra
Figura 8 - Fotografia do
confronto das marcas de
culatra estampadas à
esquerda do sinal de
percussão. As setas
indicam as marcas
coincidentes em ambas
as cápsulas.

Marcas de percussão

Figura 7 - Fotografia de duas cápsulas de munição de arma de fogo, ambas percutidas pela
mesma arma e apresentando marcas da culatra em forma de linhas paralelas horizontais.

28 PERÍCIA FEDERAL
Calibre

Paulo César Pires Fortes Pedroza - perito criminal federal


A
r
O
termo calibre foi derivado do latim arma, medido antes da execução do raia-
qua libra, significando quantas libras mento (calibre real). Quando é medido o

t
(peso). Foi aplicado ao peso da gra- calibre pelos fundos, resultantes do raia-
nada que os canhões atiravam. Ainda é mento do cano da arma, estamos nos refe-
comum referir-se ao 25 Libras inglês que rindo ao calibre do projétil (calibre nomi-

i
foi padrão durante a Segunda Guerra nal). Essa diferença - de diâmetros - é
Mundial, no exército inglês. necessária para que a bala (ponta da muni-

g
O comprimento em calibres exprime ção) passe por forçamento no interior do
o comprimento do tubo de uma peça, ou cano, produzindo um movimento rotatório
seja, divide-se o comprimento do tubo que estabiliza a trajetória da mesma.

o
pelo seu diâmetro. O comprimento é Quando o diâmetro é estabelecido pelo
medido da boca à face da culatra, não sistema métrico o calibre é expresso em
incluindo a culatra nem o freio-de-boca. milímetros, e quando é expresso pelo sis-
Pelo comprimento do tubo em calibres, tema inglês os valores são em milésimos
classificavam-se as peças de artilharia de polegada; no sistema americano, em
que poderiam ser um morteiro, um obu- centésimos de polegadas. Exemplificando:
seiro ou um canhão. uma munição 7,65 mm é o mesmo que. 32
Hoje a classificação de peças de arti- pol, uma munição. 303 pol inglesa perten-
lharia é feita pela trajetória em que dispa- ce ao grupo de munição. 30 americana.
ram, independentemente do comprimento Outra expressão do calibre liga a
do tubo em calibres, pois os morteiros rea- referência nominal ao comprimento do
lizam o tiro vertical, canhões atiram em cartucho, exemplo: a munição calibre 9
trajetórias mergulhantes e os obuseiros mm existe em expressões 9 X 17mm
em ambas (vertical e mergulhante) (nove curto), 9X18 mm ( Markarov), 9X19
A expressão "calibre em armamen- mm ( Parabellum) e 9X21 mm (superno-
to" pode assumir significados diversos, ve), exprimindo diferentes tipos de cula-
tais como: a idéia de diâmetro de boca de tra que deverá suportá-la.
armas, comprimento de cano de arma- Hodiernamente, é comum associar-
mento de tubo, tamanho de culatra, pois se o valor nominal do projétil ao da pres-
em um mesmo calibre de munição exis- são do propelente, exemplo: 9 mm + P, 9
tem comprimentos diferenciados de car- mm + P +, .38 Spl + P, etc. Tal fato, refe-
tuchos. Além disso, estão sendo populari- re-se à exploração da margem de segu-
zadas munições que apresentam maior rança da liga metálica de que é constituí-
nível de pressão, imprimindo maior veloci- da a arma na elaboração do cano, culatra,
dade aos projéteis que - na prática - fun- ou tambor, produzindo-se maior energia e
cionam como se fossem um calibre mais resultados diferenciados da munição do
poderoso, embora a ponta (projétil) apre- calibre padrão.
sente o mesmo calibre nominal de uma Pelo exposto, podemos notar que o
munição padrão. Nesse caso é explorada conceito de calibre está ficando cada vez
a margem de segurança da liga com a qual mais elástico, exprimindo - na maioria das
é feita a arma. vezes - as qualidades que possui determi-
Nas armas raiadas, o calibre é deter- nada peça ou munição, e não apenas o
minado pelo diâmetro interno do cano da simples diâmetro de cano ou a munição.

PERÍCIA FEDERAL 29
CONVÊNIO SINAPI
s

Mais informações e
agilidade nos trabalhos
a
t

No dia 15 de setembro, foi assinado, boração da lei orçamentária de 2003 e dá


na sede da Polícia Federal, um convênio outras providências).
entre o Instituto Nacional de Criminalística Com a assinatura do convênio, a Polícia
r

e a Caixa Econômica Federal para possibili- Federal passa a ter acesso ao sistema, através
tar o acesso às informações registradas no do Instituto Nacional de Criminalística e suas
SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de descentralizadas, para auxílio na elaboração de
u

Custos e Índices da Construção Civil). O laudos que envolvam obras de engenharia. Esse
sistema oferece informações sobre custos e é o primeiro convênio técnico na história da
índices da construção civil nas áreas de Criminalística da Polícia Federal. Com o acesso
C

habitação, saneamento, infra-estrutura ao sistema, a pesquisa de custos se efetivará de


urbana e rural nas 27 capitais da Federação maneira mais ágil, o que contribui para a redu-
com séries históricas desde 1969 elabora- ção de tempo da elaboração dos laudos.
das pelo IBGE e serve de instrumento técni- A Revista da APCF ressalta a participa-
co referencial para órgãos governamentais, ção do diretor técnico-científico, PCF Geraldo
tais como o Tribunal de Contas da União, Bertolo, na conquista desse convênio inédito
Ministério da Defesa, Ministério da para a Criminalística e Departamento de
Cultura, de acordo com a Lei 10.524/02 Polícia Federal, em especial, para a Divisão de
(que dispõe sobre as diretrizes para a ela- Projetos e Obras (Deob-CEPLAM).

Peritos criminais federais participam de encontro sobre


tráfico de animais silvestres em São Paulo
Os peritos criminais federais Rodrigo
Ribeiro Mayrink (médico veterinário) e
Estevão Cardoso de Almeida Bôdi (biólogo),
ambos do SETEC/SP, participaram, em 18
de setembro, de uma visita técnica ao
CEMAS - Centro de Estudo e Manejo de
Animais Silvestres, da Fundação Florestal
de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria
de Meio Ambiente daquele estado e respon-
sável pela recepção, triagem, tratamento e Policiais em visita técnica ap CEMAS
reintrodução na natureza dos animais oriun-
dos das apreensões realizadas em operações de combate ao tráfico no estado de São Paulo.
Na ocasião, estavam presentes também técnicos do próprio CEMAS, integrantes da Polícia
Militar Ambiental e policiais ambientais do estado do Amapá.
Com apresentações técnicas sobre o tema e visita às instalações do Centro, o encontro serviu de
fórum de discussão de relevantes aspectos técnicos, jurídicos e operacionais relativos à problemática
ambiental brasileira, incluindo o tráfico de espécies animais nativas, a biopirataria e os danos à flora, den-
tre outros. De acordo com o PCF Luiz Guimarães Alves, chefe do setor Técnico-científico da
Superintendência Regional em São Paulo, a oportunidade de intercâmbio e de abertura para futuras par-
cerias entre as instituições lá representadas é muito importante para o DPF, já que há nesse momento
uma ampliação da estrutura do Departamento em relação ao combate aos crimes ambientais.

30 PERÍCIA FEDERAL
IX Joids

C
Peritos se destacam nos Joids

u
Pela oitava vez, a delegação do Distrito “ Os Jogos Nacionais de Integração
Federal conquistou o título de Campeão Geral dos da Polícia Federal foram uma rica experiên-

r
Joids, resgatando assim a hegemonia na lideran- cia, pois além de poder competir com cole-
ça da competição. O Rio de Janeiro, que detinha o gas de todos os estados do país, foi uma
título de campeão do VIII Joids de Natal/RN, ótima oportunidade para reencontrar os

t
ficou com a segunda colocação. Os Jogos amigos, fazer novas amizades, e aumentar a
Olímpicos de Integração do Departamento de integração entre os profissionais do DPF.
Polícia Federal (Joids) foram realizados no perío- Em Belo Horizonte participei pela segunda

a
do de 19 a 30 de julho desse ano na cidade de Belo vez das "Olímpíadas" do DPF, competindo
Horizonte, em Minas Gerais. A APCF parabeniza no tênis de mesa, e foi possível conquistar a
a todos os atletas da competição. inédita medalha de prata no torneio por

s
equipe, juntamente com os colegas
Schamne e Sérgio. Agora é treinar e aguar-
Próxima parada dar o próximo encontro", promete o PCF
Em 2006, Salvador será sede dos Joids. A Rogério Mesquita.
decisão foi do Conselho dos Representantes.
Em assembléia, o Conselho de Representantes,
decidiu reativar e regulamentar o Fundo Olím- “O time de Brasília sagrou-se bicam-
pico Nacional, criado nos JOIDS de Maceió. As peão invicto (7 vitórias, nenhum empate ou
propostas ainda estão em discussão. derrota), já que em Natal (2000), durante o
Outra novidade foi a criação do Comitê VIII JOIDS, também fomos campeões com a
Nacional Permanente dos JOIDS - CNPJ. O mesma campanha (7 vitórias, nenhum
Comitê visa estabelecer, coordenar e supervi- empate ou derrota).Ou seja, medalha de
sionar a política de integração dos jogos. ouro. Para minha alegria e satisfação, fui
capitão do time nas duas oportunidades

Eu fui (BH e Natal). Em Belo Horizonte enfrenta-


mos os times de Alagoas (8 x 2), Goiás (10 x
"Foi a minha primeira participação como 1), Amazonas (3 x 0), São Paulo (5 x 0),
atleta. Integrei a equipe de futebol de campo Maranhão (W x O), Rio
que alcançou a medalha de ouro, invicta na Grande do Norte na semifi-
competição. Foi uma experiência interessante, nal (5 x 0) e novamente São
embora bastante cansativa, pois possibilitou Paulo na final (2 x 0)", come-
reencontrar e contatar novos colegas, peritos e mora o PCF Amaury.
de outras categorias funcionais. Espero poder
estar em condições de participar das novas
edições", confessa o PCF Delluiz.

PERÍCIA FEDERAL 31
Conheça aqui as sugestões que a APCF traz para você. Boa leitura!
e
t

SONHANDO A GUERRA cas; subsídios para a avaliação econômi-


GORE VIDAL ca de impactos ambientais.
n

Nesse livro, o escritor


americano Gore Vidal apro- LAUDO PERICIAL - ASPECTOS
funda suas severas críticas TECNICOS E JURIDICOS
a

à política dos EUA, contradi- JOSE LOPES ZARZUELA


zendo a gloriosa trajetória
da história oficial do país. Esta obra, da editora Revistas dos
t

Esse livro tem como princi- Tribunais, possui múltiplas facetas, con-
pal alvo o presidente norte- forme o profissional que o estuda e aos
americano. A obra reúne oito ensaios e uma fins que se destina. A obra representa
s

entrevista - na edição da Nova Fronteira um denominador comum, que se presta à


(2003), acrescido de um prefácio de Luis condução de uma multiplicidade de pos-
síveis efeitos, técnicos e jurídicos. É
E

Fernando Veríssimo. No livro, Vidal afirma


que a eleição de George W. Bush, em 2000, constituída de 20 capítulos, cada um
foi uma fraude a Al Gore, também candidato analisa um aspecto de relevante interes-
à presidência e que teria recebido a maioria se criminalístico.
dos votos, mas ficou fora da Casa Branca,
vítima do abuso de poder da família Bush. “LAVAGEM DE DINHEIRO -
a

UM PROBLEMA MUNDIAL”
AVALIACAO E PERICIA
N

AMBIENTAL A parceria entre o


Conselho de Controle de
SANDRA BAPTISTA DA CUNHA
Atividades Financeiras e
O livro da editora o Programa das Nações
Bertrand, "Avaliação e Unidas para o Controle
Internacional de Drogas
Perícia Ambiental", é o
resultou na publicação
quinto livro da série de
"Lavagem de Dinheiro -
publicações relaciona- Um Problema Mundial". Nas duas últimas
das ao meio ambiente. décadas, a lavagem de dinheiro e os
Destinado principalmen- crimes correlatos - todos de natureza
te a todos os profissinais da área de con- grave, dentre os quais o narcotráfico, a
sultoria ambiental, o livro possui cinco corrupção, o seqüestro e o terrorismo -
capítulos: agentes e processos de inter- tornaram-se delitos cujo impacto não pode
ferências, degradação e dano ambiental; mais ser medido em escala local. Se antes
essa prática estava restrita a determi-
licenciamento ambiental brasileiro no
nadas regiões, hoje os seus efeitos perni-
contexto da avaliação de impactos
ciosos se espalham para além das fron-
ambientais; diagnose dos sistemas teiras nacionais, desestabilizando sis-
ambientais - métodos e indicadores; temas financeiros e comprometendo ativi-
perícia ambiental em ações civis públi- dades econômicas.

32 PERÍCIA FEDERAL
Stopping

Vocabulário Pericial
Paulo César Pires Fortes Pedroza - perito criminal federal
Power
Poder de Parada II
S
topping Power é a capacidade de ções de calibre muito utilizado no Brasil,
determinada munição de neutrali- ou seja, 0.38 Special, munição própria
zar um atacante ou oponente com para arma curta, de porte tipo revólver, em
apenas um tiro. A idéia que encerra a que se analisa a constituição e geometria
palavra é a incapacitação momentânea, da bala, seu peso em grains, o número de
a morte pode ocorrer, mas não é o obje- tiros estudados e, finalmente, a eficiência
tivo buscado. resultante.
O Stopping Power é determinado
CPO =
pela prática, sendo expresso em percenta- CPO 158 302 78% Chumbo com
gem de casos reais, que o indivíduo foi neu- ponta oca
tralizado com apenas um tiro. A idéia de
CPO 158 209 77%
neutralização significa que a vítima do tiro
CPO 158 143 70%
entrou em colapso antes de reagir de qual-
SEPO =
quer forma.
SEPO 125 106 73% Semi-Encamisado
Imaginemos um exemplo: foram cole- com ponta oca
tadas informações de que a munição .380
SEPO 95 119 66%
ACP, FMJ (Hollow Point), de determinada
EPO 125 214 73%
marca e peso, foi utilizada em 109 comba-
EPO = Encamisado
tes e que em 75 casos houve a neutraliza- EPO 110 35 71%
e com ponta oca
ção dos agressores com apenas um tiro,
EPO 125 74 70%
logo 75/109 X 100 = 69%.
O valor percentual nos permite avaliar EPO 125 65 65%
a eficiência do conjunto: calibre + tipo de SVC = Semi-Canto
SCV 158 278 52%
Vivo
projétil + peso do projétil + carga de pólvo-
ra, entre outros valores. De um modo geral, levando-se em con-
Lembramos que o valor calculado do sideração as variáveis que estão embutidas
"Stopping Power" de determinada muni- na concepção de "Poder de Parada" é razoá-
ção não pode ser levado em consideração vel admitir que, utilizando-se de estudos
como algo definitivo, pois é muito impor- semelhantes ao exposto na tabela acima,
tante - como já foi explicado - que o fator para os calibres mais difundidos, mundial-
crucial para que determinada munição mente, o Stopping Power seria o seguinte:
produza o efeito adequado é o ponto de
impacto e penetração do projétil, portan-
to o tipo de traumatismo é importante, .25 ACP < .22 LR < .32 ACP < .380
pois traumatismo em um braço em nada ACP < .38 Spl < 9 mmP < .40 S&W =
se assemelha ao que ocorre quando no .45 ACP < .357 Magnum < .223
ventre. Remington < .308 Winchester.
Vejamos um estudo feito com muni-

PERÍCIA FEDERAL 33
CARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCAR-
ARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTAS
TASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTAS-
RTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTAS
ARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCAR-
ASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTASCARTAS-

C a r t a s
Acuso o recebimento da revista Perícia Federal, contendo informações a
Perícia Federal, edição nº 14, que mais respeito das atividades desenvolvidas por
uma vez reafirma o competente trabalho essa associação. Grato pelo envio.
dessa Associação prestado à Polícia
Federal em benefício da sociedade. José Eduardo Machado de Almeida,
Parabenizo pelo destaque da matéria "É desembargador do Tribunal de Justiça do
crime!". É sempre oportuno tratar dos Ceará
assuntos relacionados à violência e à
impunidade, pois são essenciais para uma
boa informação da sociedade e para a
busca de melhorias. Agradeço o envio do Agradecemos o envio da revista
excelente trabalho. "Perícia Federal" ano IV - nº 14 - Ju-
nho/Julho de 2003.
Francisca Hélia Leite C. Cassemiro, presiden-
Orlando Pessuti, vice-governador do
te da Associação Nacional dos Servidores de
Paraná
Apoio Logístico da Polícia Federal - ANASA

Agradecemos o exemplar da revista Acuso recebimento da revista


Perícia Federal, em nome do presidente Perícia Federal, da Associação Nacional
do Tribunal de Justiça Alagoas, desem- dos Peritos Criminais Federais, nº 14,
bargador Geraldo Tenório Silveira. bimestre junho/julho de 2003, dirigida à
Secretaria de Política Agrícola - SPA.
José Álvaro Costa Filho, chefe de gabi- Em nome do secretário da SPA , Ivan
nete da Presidência do Tribunal Wedekin, agradeço a gentileza da
remessa e apresento sinceros cumpri-
mentos a todos.
Acuso o recebimento da revista
Itazil Fonseca Benício dos Santos,
"Perícia Federal", editada por essa asso-
chefe de gabinete - SPA/Ministério da
ciação. Além da primorosa qualidade téc-
Agricultura - Brasília-DF
nica e interessante visual, esse órgão de
comunicação permite que membros do
Ministério Público compartilhem temas
atuais de grande relevância com os inte-
Por recomendação do desembarga-
grantes da importante categoria dos peri-
tos criminais da União. Cumprimento à dor Marcos Antônio Souto Maior, acuso o
Diretoria da APCF e à equipe de produção recebimento da revista "Perícia Federal" -
da revista. nº 14 - Junho/Julho/2003 -, agradecen-
do a gentileza do envio.
Péricles Aurélio Lima de Queiroz, corre-
gedor-geral do Ministério Público Militar Maria Amália Pessoa Jurema, secretária
Comunico o recebimento da revista do Tribunal de Justiça da Paraíba

34 PERÍCIA FEDERAL
APCF
em sede
própria

A APCF deixou o prédio do GDF e funciona agora em


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foi totalmente reformada para atender melhor aos
associados. A mudança, que era sonho de muitos anos,
tornou-se realidade no mês de outubro.
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DF. Tel.: (61) 346-99481/345-00882
Crime sem prova e sem perícia:

incompetência
Crime com prova e sem perícia:

impunidade
Crime com prova e com perícia:

VERDADE

Qualquer dúvida, ligue:


(61) 346-9481 / 345-0882

Agindo no presente, pensando no futuro!

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