Adoração e louvor
Culto agradável (reação do leitor)
Marcos Timm
N
a edição passada do Mensageiro
Luterano foi publicado o artigo
“O Culto Agradável”, pelo pas-
tor David Karnopp. Creio que em razão
da falta de linhas disponíveis o pastor
não pôde responder todas as perguntas
iniciais como: “Afinal, o que é um culto
agradável e como deveria ser? A quem o
culto deve agradar? Será que o que agra-
da aos humanos é o mesmo que agrada
a Deus?”
O que está acontecendo?
O artigo diz: “Se o culto está centra-
lizado na Palavra de Deus e nos sacra-
mentos, (...) meios pelos quais Deus nos
mostra a grandeza do seu amor, nos cha-
ma ao arrependimento, nos acolhe, per-
doa e salva. Através deles recebemos pela
fé, de graça, tudo o que Cristo fez pela
nossa salvação”. Logo, sabemos que um
culto com essas características deve agra-
dar nosso coração.
Entretanto, no final do artigo, para
explicar a frieza dos membros em rela-
ção ao culto, o cansaço que pode causar
ou sua suposta falta de atratividade, o
autor desenvolve apenas duas possibili-
dades: na primeira hipótese a culpa é
do pastor mal preparado, ou a culpa é
dos membros que não se envolvem com
o culto, apenas participam. A segunda
possibilidade é uma compreensão equi-
vocada do culto, que faz pensar que ele
tem que ser um culto-show.
Certamente o culto deve agradar a
ambos. Agradar a nós com o receber da
Palavra e dos sacramentos e agradar a
Deus, com a nossa resposta de louvor.
Diversas passagens bíblicas fazem refe-
rência ao culto que agrada a Deus, como
Romanos 12, Hebreus 10, e vários sal-
mos mostram como Deus se agrada dos
cânticos, hinos e salmos.
Mas será que conseguimos agradar
a Deus com nosso culto? Será que por
vezes ele não pensa: “Poxa, bem que es-
ses luteranos poderiam colocar um pou-
co mais de vontade nesse hino”. É possí-
14 Mensageiro Luterano | Abril 2009 | Nº 4 | Ano 92
vel que sim. E nós, lideranças da Igreja,
o que temos feito para mudar esse qua-
dro, para ajudar os membros a partici-
par ativamente do culto, cantar com
mais vontade? Será que a substituição
daquele órgão velho por um teclado aju-
da? E se acrescentar violino, flauta, vio-
lão, quem sabe um instrumento de per-
cussão? Será que alguma alteração na
liturgia tradicional, cuidando para que
não se perca o conteúdo, ficaria melhor?
Talvez. Já tentaram?
Qual o enfoque central?
Com certeza o enfoque central do
culto está no que Deus faz por nós. Em
contrapartida, qual resposta oferecemos
a Deus? Qualquer hino? Qualquer lou-
vor? De qualquer jeito? Não! Com certe-
za queremos oferecer o melhor. O me-
lhor hino, cantado da melhor maneira
possível, com a maior alegria que temos.
Por vezes, o receio de que o culto lu-
terano seja transformado em culto-show
acaba por sufocar as tentativas de tor-
ná-lo agradável também a Deus, tratan-
do-as como simples tentativas de trans-
formar o culto em um show.
Não que o receio seja sem sentido.
Devemos estar atentos para que as con-
gregações não adotem cultos que percam
o verdadeiro sentido, o enfoque princi-
pal. Da mesma forma devemos identifi-
car aquelas congregações onde os cultos
se tornaram momentos frios, cansativos
e sem atratividade. Pois estas estão no
mesmo grupo de risco daquelas que trans-
formaram os seus cultos em shows, ou
seja, das duas maneiras o culto não é
agradável a Deus. O culto perdeu o enfo-
que principal, que precisa ser retomado.
O que podemos fazer?
A primeira providência seria afastar
o preconceito de que o uso de uma ban-
da com diversos instrumentos musicais
(além do órgão), ou o uso de projetores
de imagens, por si só, é um show. Pode-
mos reconhecer que um culto com músi-
cas bem tocadas é agradável, sim. Que
a liturgia tradicional pode ser substituí-
da por uma liturgia que contenha pala-
vras conhecidas e usadas no dia-a-dia e
que contêm o mesmo conteúdo da litur-
gia tradicional. E que, se a Palavra de
Deus e os sacramentos estiverem no lu-
gar certo em nosso culto, as “ferramen-
tas auxiliares” (instrumentos e lingua-
gem) não são o problema. Ao contrário,
vão contribuir para que tenhamos um
culto muito agradável, para nós e para
Deus.
Se em algumas congregações o culto
anda meio “arrastado”, vamos incentivá-
las a procurarem alternativas, uma nova
maneira de celebrar o mesmo culto, agra-
dável a Deus e às pessoas. Talvez isso
passe pela preparação, pela forma como
a congregação encara seu culto, pela
substituição de parte da liturgia tradici-
onal, pela aquisição de instrumentos
musicais e de mídia, seja com a contra-
tação de um profissional da área de
música, etc. O objetivo deve ser sempre
o de responder ao amor de Deus com o
melhor.
Aproveito para parabenizar a equipe
do Mensageiro e dizer que a revista está
ótima. Continuem assim.
Marcos é membro da Cel. “Sião”, santo Ângelo, RS.
E-mail: marcostimm@yahoo.com.br
Comentário:
Fico feliz com suas observações. Elas
ajudam a conhecer melhor as necessida-
des da IELB sobre o assunto “culto”. E
vindas de um líder leigo, revelam que a
IELB busca um caminho saudável em
termos teológicos, e agradável em ter-
mos práticos para seu culto. De fato, o
artigo poderia ter sido mais amplo. Mas
isso não aconteceu por dois motivos: 1)
Falta de espaço; 2) Porque planejamos
publicar neste ano outros temas ligados
ao culto. Assim, esse tema terá diferen-
tes abordagens nas próximas edições que,
de alguma forma, respondem às suas
observações.
Pastor David Karnopp, membro da Comissão de
Culto da IELB. E-mail: dkarnopp@gmail.com