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SYLVIO PORTO DA COSTA MATTOS

APLICAÇÃO DE UM
MÉTODO DE TRABALHO
(DINÂMICA DE GRUPO)

RIO DE JANEIRO - 2003


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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES


PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PROJETO: "A VEZ DO MESTRE"
PÓS-GRADUAÇÃO: TERAPIA DE FAMÍLIA
ALUNO: SYLVIO PORTO DA COSTA MATTOS
ORIENTADOR: ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY

- APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE TRABALHO –


(DINÂMICA DE GRUPO)

Monografia apresentada à
Universidade Cândido Mendes,
Projeto "A VEZ DO MESTRE",
como parte dos requisitos para
obtenção do título de especialista
em TERAPIA DE FAMÍLIA.

Rio de Janeiro - 2003


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AGRADECIMENTO

Ao meu filho DENIS que pela força de seu caráter demonstrou, e tem
demonstrado, a importância de um núcleo familiar sadio nos primeiros anos de
vida de uma criança.

“Tu te tornas eternamente responsável por


aquilo que cativas.” (disse a raposa para o
Pequeno Príncipe) – O Pequeno Príncipe.
Antoine de Saint-Exupéry.
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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os colegas do curso TERAPIA DE FAMÍLIA


que, assim como eu, estão empenhados em contribuir, de alguma forma, com a
preservação da estrutura familiar dentro de uma sociedade mais justa e
humanizada.

"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos


olhos".
(disse o principezinho) – O Pequeno Príncipe
Antoine de Saint-Exupéry.
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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar a aplicação das técnicas de


DINÂMICA DE GRUPO em sessões terapêuticas (de base reichiana)
observadas ao longo da atividade clínica de terapia familiar em grupos;
desenvolvendo esta forma de trabalho como instrumento de intervenção no
núcleo familiar, bem como extrair daí elementos conclusivos da forma de
relacionamento, o modelo sócio-familiar, os vínculos intrafamiliares, os
papéis desempenhados por cada um de seus membros, o nível de
comunicação, a relação afetiva entre seus membros e a origem e modalidade
do conflito na família.
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EPÍGRAFE

“A resignação sexual que caracteriza a esmagadora maioria das


pessoas, significa indolência, vazio na vida, paralisia de toda
atividade e iniciativa saudável ou, então, excessos brutais,
sádicos; mas, ao mesmo tempo, proporciona uma relativa
calma na vida. É como se a morte estivesse já antecipada na
forma de viver”.
Wilhelm Reich
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SUMÁRIO

CAPÍTULO ASSUNTO

I INTRODUÇÃO..........................................................

II A PERSPECTIVA REICHIANA NA TERAPIA DE FAMÍLIA.......................


2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE WILHELM REICH...........................
2.2 - A VISÃO DE WILHELM REICH SOBRE O PAPEL DA FAMÍLIA........
2.3 - A NOSSA VISÃO DA PROBLEMÁTICA TERAPÊUTICA.....................

III A TÉCNICA DA DINÂMICA DE GRUPO......................................

IV A SITUAÇÃO GRUPAL...................................................

V FINS E OBJETIVOS DO GRUPO...........................................

VI TÉCNICAS DE GRUPO...................................................

VII CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE AS


GRUPO...............................................................
• GRUPALIZAÇÃO..................................................
• SENSIBILIZAÇÃO................................................
• AÇÃO DE GRUPO.................................................

VIII VALEU A PENA?.......................................................

IX HOMENAGENS..........................................................
• PASSAGEM.......................................................
• O GRUPO É ASSIM................................................
• É TANTA LUZ....................................................

X CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................
10.1 – O PARADIGMA FAMILIAR.........................................
10.2 – O PARADIGMA REICHIANO........................................

XI CONCLUSÃO...........................................................

XII BIBLIOGRAFIA........................................................

XIII DADOS PESSOAIS DO ALUNO.............................................

I - INTRODUÇÃO
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Uma das coisas que mais me impressionaram quando comecei a estudar o pensamento vivo
de Wilhelm Reich foi a sua ênfase nos trabalhos de prevenção de neurose. Este conceito
perpassa em todos os seus escritos como forma de transformação da sociedade e de cada
um de seus indivíduos.

Reich denunciou os mecanismos de exploração econômica, alienação social, servidão


política e repressão sexual como fatores que produzem a "miséria sexual", fonte de
inumeráveis impotências orgásticas e neuroses de massa. Quem quer que venha a trabalhar
seriamente com o problema da doença emocional, tanto ao nível de prevenção quanto ao de
cura, deve estar preparado para vir a ser violentamente atacado pelos elementos que
representam a sociedade, pois estará enfrentando e manipulando o problema sexual.
Ademais todos nós sabemos do modo que pelo qual Freud foi perseguido por esse motivo e
condenado ao ostracismo (essencialmente na época da ascensão do III REICH – Hitler).
Mas, para que a miséria emocional do mundo possa acabar um dia, a sexualidade natural
deve ser aceita e enfrentada, principalmente no que tange às crianças e adolescentes. Tratar
neuroses não basta. Terapia individual? O processo é lento e infindável e o número de
terapeutas nunca chegará a ser suficiente. Só a prevenção de neurose pode ser uma solução
bem sucedida e, enquanto tal, ela implica na aceitação do funcionamento genital natural.

Prevenção das Neuroses, sem dúvida, mas sobretudo das biopatias, que são perturbações
maciças e de efeitos letais, em que se enlaçam, em terríveis emaranhados, as opressões
sociopolíticas, os desequilíbrios psicológicos, as perturbações emocionais e as desordens
orgânicas. É nas próprias origens (sociais, biológicas e psíquicas) da existência individual
que o trabalho de prevenção deve ser exercido: consideração pela mulher grávida, visando
preservar e manter uma circulação energética "calorosa" entre o útero materno e o feto;
condições para um "nascimento sem violência" e verdadeiramente convival; preservação
dos equilíbrios afetivos na maternidade: ação pedagógica preservadora e mantenedora
dos mecanismos de auto-regulação, curiosidade, espontaneidade criadora e autonomia da
criança; consideração leal e franca pela sexualidade do adolescente etc. Trata-se, em
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todos os casos, de lutar contra o medo primordial que congela as emoções, perverte as
relações, alimenta as servidões e obstaculiza a energia vital. Medo de viver, com suas
múltiplas facetas, mas idêntica ação letal, contra o qual as práticas de inspiração reichiana
tentam se opor. Para além do princípio do prazer (freudiano), o princípio da alegria de
viver (reichiano).

Como levar tudo isto ao conhecimento do maior número de pessoas e mostrar-lhes uma
alternativa de um novo caminho, de uma outra possibilidade de viver? Foi na dinâmica de
grupo que encontrei a possibilidade de transmitir de uma maneira natural e progressiva
estes conceitos para um maior número de pessoas (fora do pequeno espaço da terapia
individual). Aliado a outras técnicas (gestalt, por exemplo) e práticas (de teatro, por
exemplo) construí um modelo de atendimento de grupo onde os próprios membros do
grupo vão se trabalhando, na medida em que pouco-a-pouco eu vou transferindo conceitos
(dentro da perspectiva reichiana) e introduzindo exercícios corporais que possibilitam
trocas afetivas-emocionais visando levar o indivíduo ao encontro do outro e à revisão de
seus paradigmas.

Todos os grupos realizados por mim, foram devidamente registrados pelos estagiários que
deles fizeram parte, além de ter a presença de um assistente com a função de observador;
após cada uma das sessões, foram feitas avaliações e orientações que ao longo do período
de duração de cada grupo (nove meses), fornecem um método sistematizado e de fácil
aplicação utilizados nos treze grupos já realizados (até esta data – março/2003). O conteúdo
das anotações feitas pelos estagiários, por motivos óbvios de ética profissional, não pode
ser revelado; no entanto, forma para mim um intenso testemunho de seus participantes e a
certeza que encontrei um caminho de divulgação de pensamento reichiano, além de uma
metodologia de trabalho que pode ser ensinado e reproduzido para/por outros terapeutas.

Por fim, o presente trabalho não pretende ser um curso completo e definitivo sobre a
aplicação da dinâmica de grupo em trabalhos de terapia de família, mas tão-somente a
apresentação de uma metodologia de trabalho (com suas bases técnicas e teóricas)
desenvolvida dentro da perspectiva do pensamento reichiano.
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II – A PERSPECTIVA REICHIANA NA TERAPIA DE


FAMÍLIA

2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE WILHELM REICH

Wilhelm Reich nasceu em 24 de março de 1897, em Dobrzynica, na Galitzia (que era


uma província fronteiriça ao Império Austro-Húngaro); por conseguinte, Reich era um
cidadão austríaco, filho de camponeses de língua alemã. Em 1911, quando Reich tinha
apenas quatorze anos, sua mãe suicidou-se. Depois, seu pai foi atacado pela tuberculose
e morreu três anos mais tarde (1914). Reich tinha um irmão três anos mais jovem que
ele. Apesar de ser ainda um simples colegial, Reich procurou administrar a fazenda da
família, até que ela se transformou (devido à 1ª Guerra Mundial) num verdadeiro campo
de batalha. Em 1916, alistou-se no exército austríaco, tendo sido feito oficial e entrado
em serviço ativo na Itália. No final da Guerra, Reich foi para Viena como um veterano
de guerra (tenente) com apenas vinte e um anos. Em 1918 matriculou-se na Faculdade
de Medicina de Viena, orientando a essência dos seus estudos para a biologia, a
sexologia e as teorias de Freud. Um ano depois da sua chegada à Viena, Reich, aos 23
anos de idade, já era membro da Sociedade Psicanalítica Internacional, a convite de
Freud. Estuda a especialidade de neuropsiquiatria com o professor Wagner-Jauregg e
publica o seu primeiro livro: "Der Koitus und die Geschlechter" (O Coito e os Sexos -
1920); e, mais surpreendente ainda, um psicanalista no exercício da sua profissão (pois
embora ainda fosse estudante de medicina, também recebeu autorização de Freud para
tratar dos pacientes que procuravam a instituição). Alguém que conheça o rigor e a
situação psicanalítica contemporânea considerará, por certo, quase incrível que um
estudante de medicina com pouco mais de vinte anos de idade, fosse autorizado a tratar
de pacientes; ou, ainda, que fosse capaz de escrever e de conseguir publicar (com a
aprovação da Sociedade Psicanalítica) quatro ensaios sobre psicanálise, sendo
exatamente isto o que aconteceu. Ao se formar em novembro de 1922, torna-se
primeiro assistente de Freud na Policlínica Psicanalítica. Reich contribuiu
notavelmente para o desenvolvimento da psicanálise. De 1924 a 1930 (portanto, durante
11

seis anos), Reich foi indicado por Freud para ser o coordenador do Seminário de
Terapia Psicanalítica (mais conhecido como "Seminários Técnicos de Viena"), no qual
se discutiam problemas práticos de tratamento psicanalítico; três dos seus ensaios sobre
técnica de atendimento psicanalítico foram incluídos num volume intitulado "The
Psychoanalytic Reader" que ainda hoje é leitura recomendada nos institutos
psicanalíticos. Pronuncia diversas conferências sobre as suas teorias bio-psiquiátricas a
propósito da etiologia social das neuroses. A sua exposição do conceito de "potência
orgástica" no Congresso Psicanalítico de Salzburgo constitui a sua primeira fissura com
a psicanálise ortodoxa. Em dezembro de 1926, pronuncia uma conferência sobre a
análise das resistências (couraças caracterológicas) à qual Freud não concorda com a
teoria apresentada. Mais ou menos durante este período em que foi diretor do Seminário
de Psicoterapia da policlínica, escreveu diversos opúsculos e livros (entre 1923 a 1934),
a saber: "Zur Trieb-Energetik" (Sobre a Energia dos Instintos – 1923); "Der Tic als
Onanieãaquivalent" (O Tique como Equivalente do Onanismo – 1924); "Die
Therapeutische Bedeutung der Genitallibido" (O Significado Terapêutico da Libido
Genital – 1925); "Der Triebhafte Charakter" (O Caráter Impulsivo - em 1925); "Uber
die Quellen der Neurotischen Angst" (Sobre a Origem da Neurose da Angústia – 1926);
"Die Rolle des Genitalitât in der Neurosentherapie" (A Função da Genitalidade na
Terapia das Neuroses – 1927); "Die Funktion des Orgasmus – Uma Psychopatologie
des Geschlechtelebens" (A Função do Orgasmo – Uma Psicopatologia da Sexualidade -
em 1927); "Ueber Charakteranalyse" (A Propósito da Análise Caracterial – 1928);
"Der Genitale und der Neurotische Charakter" (O Caráter Genital Neurótico – 1929);
"Sexualrregund und Sexyualbefriedigung" (Tensão e Satisfação Sexual – 1929);
"Dialektischer Materialismus und Psychoanalyse" (Materialismo Dialético e
Psicanálise – 1929); "Geschlechtesreife, Enthaltsamkeit, Ehemoral – Eine Kritik der
Bürgerlicher Sexualreform" (Maturidade Sexual, Continência, Moral Matrimonial –
Uma Crítica da Reforma Sexual Burguesa – em 1930); "Der Masochistische
Charakter" (O Caráter Masoquista – 1932); "Der Einbruch der Sexualmoral" (A
Irrupção da Moral Sexual - em 1932); "Der Sexuelle Kampf der Junged" (O Combate
Sexual da Juventude – também em 1932); "Charakteranalyse" (Análise do Caráter - em
1933); "Massenpsychologie des Faschismus" (Psicologia de Massas do Fascismo - em
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1934) e "Was ist Klassenbewusstein" (O Que é Consciência de Classe – também em


1934).

Para melhor entender a trajetória do pensamento reichiano, devemos observar a obra de


Wilhelm Reich a partir de três grandes etapas, onde predominam:
1) 1919 a 1927 - os estudos e pesquisas sobre psicanálise;
2) 1927 a 1938 - as preocupações e atividades político-sociais;
3) 1935 a 1957 - as investigações biológicas e energéticas.

Após 1934, suas idéias tomaram um curso muito particular; tinha seguidores que
aceitavam suas idéias, geralmente depois de terem sido seus pacientes. Mas Reich já
não era membro de qualquer organização estabelecida e as sua idéias haviam sido
rejeitadas por dois movimentos (o movimento psicanalista e o movimento comunista) a
que ele se entregara completamente. Desde então, quem tentasse seguir o
desenvolvimento de suas idéias encontrar-se-ia em sérias dificuldades, pois estaria
convertido a um modo de pensar que o colocaria, segundo as palavras de Reich, "além
da situação intelectual da atual estrutura de caráter e, com isso, da civilização dos
últimos 5.000 anos". Em 1939 aceita um convite do Dr. Theodore P. Wolfe (que era o
porta-voz da Sociedade Americana de Medicina Psicanalítica) e muda-se para os
Estados Unidos (naturaliza-se como cidadão americano) onde leciona no New School
for Social Research, de New York (até 1942). No entanto, em 1941, foi preso, sob
acusação de atividades subversivas, por dois agentes do FBI que lhe aprenderam livros
como "Mein Kampf" (A Minha Luta) e "My Life" (A Minha Vida) de Trotsky, sob a
suspeita que as suas investigações sobre o orgone fosse uma atividade de espionagem
alemã (ou russa). Depois deste incidente, muda-se para o Maine e instala seu
laboratório (ORGONE INSTITUTE), centro de seus trabalhos e pesquisas. Sua prática
terapêutica teve sucesso suficiente para lhe proporcionar fundos que permitiria conduzir
suas pesquisas numa ampla escala, criar revistas especializadas (Orgone Energy
Bulletin) e fundar uma editora para propagação de suas idéias (Orgone Institute Press).
Repensa a sua obra escrita anteriormente e escreve inúmeros trabalhos sobre
orgonomia no periódico que fundou (International Journal of Sex-Economy and
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Orgone Research - que foi publicado até 1945). Seus discípulos decidem transformar o
Instituto em "WILHELM REICH FOUNDATION" em Rangeley, no estado do
Maine. Na década de 50, Reich convenceu-se de que era possível isolar a energia da
vida na forma de ampolas, a que chamava de "bions", guardando-as em acumuladores
de orgone (conhecidos pelo nome de "caixa de orgone"). Também acreditava que era
possível curar pacientes sofrendo de câncer e outras doenças funcionais (biopatias),
colocando-as dentro dessas caixas. Em 1954 a "Federal Food and Drug
Administration" instruiu-lhe um processo criminal (amparando-se em leis federais
sobre a venda de objetos terapêuticos - no caso, uma injunção contra a distribuição dos
acumuladores de orgone sob a alegação de que suas pretensões terapêuticas eram de
natureza fraudulenta). Depois da sentença, começou uma verdadeira inquisição
macartista (a terrível "caça às bruxas" do senador Joe MacCarthy); foram destruídos os
acumuladores que a Fundação mandara fazer para fins de pesquisa e investigação
terapêutica. Reich recusou-se tanto a obedecer à interdição quanto a reconhecer a
competência dos tribunais no que se referia a emitir julgamentos sobre assuntos
científicos. Assim foi acusado de desrespeito ao tribunal e condenado a dois anos de
prisão, em 25 de maio de 1956; seus livros foram queimados por ordem judicial. Em 11
de março de 1957 é preso na penitenciária federal de Lewisburg (Pensilvânia); passa
por diversos constrangimentos e tratamentos suspeitos dentro da prisão e, finalmente,
em 3 de novembro de 1957 (aos 60 anos) morre naquela penitenciária dos EUA.

2.2 - A VISÃO DE WILHELM REICH SOBRE O PAPEL DA


FAMÍLIA

Hoje se sabe que a repressão sexual tem também uma profunda ligação com todas as
formas de autoritarismo. Quanto mais sexualmente reprimido, mais violento o
indivíduo se torna (recomenda-se a leitura de “UMA CRIANÇA É ESPANCADA” –
Uma Contribuição para o Estudo da Origem das Perversões Sexuais – Sigmund Freud).
A educação está estruturada basicamente de forma a produzir grupos de pessoas
opressoras e oprimidas, de exploradoras e exploradas; uns com predominância da
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agressão, outros com a predominância da inibição (resignação); uns com tendências


sádicas, outros com tendências masoquistas. A educação sexual não está isolada do
contexto, da estrutura e do movimento histórico que as crianças vivem. A educação
sexual corresponde à educação de como o indivíduo deve viver a vida, pois é também a
educação de seu movimento emocional. Deve-se viver resignadamente, seja de forma
sádica, seja de forma masoquista (em outras palavras: acostumar-se com a dor); ou
pode-se viver prazerosamente, de forma espontânea, mais satisfatória de acordo com as
reais possibilidades de cada momento que cada indivíduo vive (sempre em busca do
prazer).

Procurar inibir a atividade sexual e gerar a culpa é uma das formas universais de
controle. Cria-se a culpa; e, então, a raiva, que antes era para fora (numa tentativa de
superar obstáculos) é agora voltada contra si mesmo (depressão). Muitas vezes utilizada
como forma de agredir ao outro com o próprio sofrimento. A inibição da atividade
espontânea, em virtude da repressão do movimento emocional sexual, empobrece a
formação do caráter, gera medo e aumenta a dependência. Inibida a atividade, agora é
necessário que o educador repressor dê a proteção e determine as atividades (ainda
que seja de forma mecânica, com total inibição da criatividade e absorção dos
paradigmas do educador opressor).

Para a criança é ensinado, a todo o momento, que demonstrar os ressentimentos (os


sentimentos negativos de uma maneira em geral) é feio, que demonstrar sua insatisfação
é ruim, falta de educação, imoral, pecado etc. Mas o adulto (educador repressor) pode
demonstrar (e demonstra a todo o momento) a sua agressão, a sua insatisfação, o seu
descontentamento, a sua força e autoritarismo. É um exemplo claro da dupla moral na
educação (recomenda-se a leitura de “VÍNCULOS DUPLOS” – Paradoxos Familiares
dos Esquizofrênicos – Jean-Claude Benoit). Com a atividade reprimida, ocorre reforço
da dependência, ou seja: se tentar ser diferente, sentirá angústia, medo, culpa... Aí,
recua; acha que é falta de respeito, pecado e por aí vai...
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Demonstrar insatisfação não é falta de respeito; pode até ser desagradável,


desconfortante, agressivo (dependendo da forma como isto aconteça ou de como é
demonstrada), mas não é desrespeito. É apenas movimento emocional; o significado de
desrespeito já é expressão de valor cultural, preconceitos de ordem ética e moral.

Respeitar o desenvolvimento emocional e sexual da criança é de importância


fundamental como base para uma vida saudável. A curiosidade da criança pela
sexualidade genital deveria ser tratada de forma natural, liberal, como são tratadas as
outras situações da vida. É uma necessidade biológica como outra qualquer, tão
fundamental quanto às demais e, além disso, a de maior intensidade de prazer. A
repressão sexual corresponde também a inibições no desenvolvimento do movimento
emocional, com o estabelecimento das fixações (Freud denomina fixação de uma
tendência à radicação desta última numa determinada fase do desenvolvimento
psicológico. É um processo através do qual uma pessoa se torna ou permanece
ambivalentemente ligada a um objeto, sendo que este objeto foi adequado a uma fase de
desenvolvimento anterior; o conceito supõe que a pessoa fixada tende a empenhar-se
em padrões de comportamentos ultrapassados).

Outro fato a destacar é que, para a criança, fantasia e realidade são coisas muito
parecidas ou quase indiferenciadas. A realidade é o que ela vive emocionalmente. A
realidade maior é o emocional vivido. Assim, se contarmos para uma criança histórias
ou piadas que envolvam ameaça sexual pré-genital e genital (conteúdos de castração, de
mutilação etc. ligadas à realização do ato sexual ou à masturbação), esta criança poderá
viver a história como se fosse real e seguramente passará a temer o contato pré-genital e
genital ou a vivenciá-lo com muito medo, com muita angústia. Assumirá atitudes
corporais de retenção ou de inibição da excitação sexual naquela região. Como a
excitação genital faz parte do movimento emocional do organismo como unidade, uma
inibição a este nível repercutirá de forma negativa no movimento emocional, formação
do caráter e da personalidade global do indivíduo. Da mesma forma que a perturbação
do movimento emocional em outros níveis da personalidade (narcisismo, por exemplo)
repercutirá negativamente no funcionamento da sexualidade genital.
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A inibição do movimento emocional de um indivíduo corresponde a uma inibição da


atividade vital, com a conseqüente diminuição da capacidade de atividade, de ação, de
criação, de trabalho, de amor ao longo de sua vida. Extrema severidade ou excesso de
proteção (a ponto de impedir ou prejudicar o desenvolvimento da criança) irá
desenvolver, com certeza, atitudes inadequadas na educação de um indivíduo. “A
ansiedade é a base da repressão e subjaz a todas as contrações. Se não fosse pela
ansiedade, a emoção não seria bloqueada...” (recomenda-se a leitura de O LABIRINTO
HUMANO - E.F. Baker).

Seguramente, um dos fatores que mais influencia na formação da estrutura emocional


da criança é a forma como está estruturada a vida emocional e sexual das pessoas mais
significativas na sua educação. A idéia e a exigência de perfeição na educação acaba
contribuindo também para dificultar a relação. Não é possível partir do que não se é;
perfeição e onipotência não cabem nos limites das realidades práticas. A existência é
dialética, contraditória. O mais adequado poderia ser partir das próprias dificuldades,
das próprias limitações.

A dificuldade da entrega plena, afetiva e sensual é o ponto comum das estruturas


básicas da sexualidade contemporânea. Isto se consegue inibindo-se a motilidade
vegetativa, de forma mais intensa numa determinada fase, numa determinada época do
desenvolvimento biológico e histórico de cada indivíduo, através da educação sexual
repressiva. Quando deveria haver o predomínio na busca de uma educação libertária e
de autonomia com os limites inevitáveis e inerentes a cada momento histórico.

O conformismo social ou a reação destrutiva são as conseqüências sociais do


sadomasoquismo estabelecido socialmente; o fascismo e o autoritarismo (político ou
religioso, de direita ou de esquerda) são conseqüências da predominância do desejo de
domínio, de poder, do sadismo social. Ambos decorrem de inibições, fixações,
encouraçamento, rigidez do movimento emocional espontâneo. Se a inibição deste
movimento ocorre antes do desenvolvimento satisfatório da libido, fixará uma estrutura
em que predomina a culpa e o comportamento submisso, passivo, resignado. Se ocorrer
17

depois do desenvolvimento satisfatório, o organismo se deparará com uma frustração


repentina, violenta e repetitiva. Mesmo que, intelectualmente, o indivíduo queira
comportar-se de forma racional, não consegue. Na maioria das vezes, emocionalmente,
ele é um reacionário; aliás, isto é, na realidade, o que ele mais é: um reacionário de sua
própria vida emocional. O masoquista é resignadamente, passivamente, reacionário.

O mais desejável seria uma atitude espontânea, em harmonia com cada momento, com
o racional e o emocional constituindo uma unidade na determinação do movimento do
organismo. Ninguém é totalmente natural, sádico ou masoquista; através da
estruturação da vida emocional de cada um, haverá predominância de um ou de outro
componente. Potencialmente, e na prática, as três possibilidades estarão presentes.

Acredita-se que a razão naturalmente espontânea seja a mais adequada, criativa,


construtiva e a mais cooperativa. Mas não existe de forma absoluta; é questão de
predominância na estrutura de caráter de cada um. Na maneira como cada um foi
estruturado através da educação sexual que recebeu e das mudanças acontecida durante
o desenvolvimento da educação do seu movimento emocional.

Diríamos que um trabalho verdadeiro, dentro dos limites das possibilidades reais de
cada momento, no sentido de preservar a sexualidade natural das crianças e dos
adolescentes e de resolver o problema de fome e habitação, seriam os itens básicos e de
importância fundamental no sentido de uma tentativa da criação de uma sociedade mais
feliz e mais justa.

Wilhelm Reich, em diversas de suas obras (essencialmente em A REVOLUÇÃO


SEXUAL e em A IRRUPÇÃO DA MORAL SEXUAL), refere-se à família como "fábrica
de ideologias autoritárias e de estruturas mentais conservadoras", "célula reacionária
central", "primeiro sustentáculo da sociedade reacionária, da hierarquia do Estado, da
Igreja e das Empresas", "muralha da ordem social", "estrutura anti-sexual" etc. O seu
pensamento e sua denúncia sobre a dupla função complementar, política e sexual, da
família autoritária ou patriarcal, podem ser resumidos nos seguintes termos:
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• Ao perpetuar-se, a família patriarcal perpetua a repressão sexual e tudo o que


deriva desta: perturbações sexuais, neuroses, demências e crimes sexuais;
reproduz a si mesma mutilando sexualmente os indivíduos.
• Faz com que o indivíduo tema a vida e a autoridade, renovando, pois, sem
cessar, a possibilidade de submeter populações inteiras ao comando de um
punhado de dirigentes.

A família analisada por W. Reich, qualificada por ele como "autoritária" ou "patriarcal",
é a família tradicional, burguesa ou pequeno-burguesa, definida bem corretamente tanto
pelas regras jurídicas e disposições legais quanto por uma imagem ideológica global,
mantida por comportamentos costumeiros: é o tipo de família que prevalece, com
pequenas diferenças e matizes, em todas as sociedades modernas, seja qual for o
sistema econômico-político. Seus traços característicos são os seguintes:
• Casamento monogâmico imposto (com a implicação de fidelidade conjugal);
• Situação sócio-econômica inferior da mulher (chegando até a uma dependência
total);
• Função predominante ou exclusiva da mulher como "mãe" (ou seja, reprodutora,
genitora);
• Sujeição quase completa dos filhos (submetidos a uma ação disciplinar
generalizada, mas essencialmente a uma educação anti-sexual);
• Sistema triangular ou edipiano das relações com os pais;
• Relativo isolamento em relação ao conjunto do corpo social, qualificado como
"vida privada".

A ação familiar "padrão" entrega às sociedade "produtos" terminados, ou seja, seres


acabados, admiravelmente polidos, crianças e adolescentes sem asperezas aparentes,
sem irregularidades, reprimidos sexualmente e dispondo de uma gama variada de
sublimações e de formações reacionárias, contidos, disciplinados, resignados,
conformando-se ou restringindo suas necessidades, seus projetos suas reivindicações
aos valores predominantes nas sociedades; aptos, enfim, para passar sem maiores
tropeços pelas canalizações institucionais: escola, trabalho, exército, comportamentos
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sociais, culturais e políticos impostos pelo Estado. Multiplicada por milhões de


"exemplares", a família autoritária constitui um imenso sistema reticulado de
subcontratados que fabricam, num mesmo modelo, a "estrutura servil" que constitui os
"súditos" do Estado. "A estrutura servil, escreve Reich, é um misto de impotência
sexual, de aflição, de aspiração a um apoio, de temor à autoridade, de medo à vida e
misticismos" (vide PSICOLOGIA DE MASSAS DO FASCISMO, W. Reich).

As vigorosas análises reichianas da família permanecem no centro de todos os esforços


de que visam a uma renovação verdadeiramente estrutural da sociedade, claramente
enunciado por Reich: "Quando falo de revolução profunda da vida cultural, entendo
principalmente a substituição da família patriarcal autoritária por uma forma natural
de família".

O problema consiste, neste ponto, em saber o que Wilhelm Reich entende por família
natural. O projeto reichiano de família natural poderia ser condensado nas seguintes
afirmativas de ação imediata, como forma de resistência à família autoritária:
• Rejeitar firmemente suas coações mais brutais (tais como: despotismo,
arbitrariedade e violências dos adultos - algumas vezes cruéis e mortais);
• Repudiar seus valores mais repugnantes (espírito de grupo fechado, compulsão
ao acúmulo de bens e posições, covardia e submissão diante dos poderes);
• Ficar atento aos seus efeitos mais nefastos (geralmente protegidos pelo silêncio
das neuroses e psicoses, suicídios, império do ódio, infelicidade no viver etc.);
• Não aceitar a pior expressão dos excessos dos poderes sócio-políticos ("temos
apenas que obedecer!").

Porém, como saber, se a família consangüínea triangular, enredada em sua autarquia


(poder absoluto) erótico-emocional e fechada no quadro extremamente compacto dos
"imperativos" materiais (marcos de vida construídos, bens e objetos), econômicos
(cadências de trabalho, carreira e consumo), sociais (segmentação severa dos sujeitos,
massificação, estratificação) e culturais (imposição de sistemas autoritários e
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compulsivos de educação, influência dos meios de comunicação de massa), será capaz


de participar do projeto reichiano de família natural?

2.3 - A NOSSA VISÃO DA PROBLEMÁTICA TERAPÊUTICA

No seu livro “PONTO DE MUTAÇÃO”, Fritjof Capra diz: "Nas últimas décadas de
nosso século temos assistido uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas
afetam todos os aspectos de nossa vida - a saúde, o modo de vida, a qualidade do meio
ambiente, e das relações sociais, da economia, tecnologia e política. É uma crise de
dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem
precedentes em toda a história da humanidade. Pela primeira vez temos que nos
defrontar com a real ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta.
A dinâmica subjacente a qualquer desses problemas é a mesma. Tudo isso são facetas
de uma só crise, que é essencialmente, uma crise de percepção”.

Em nossa sociedade, quais são as opiniões, valores e métodos que nos orientam? Qual a
nossa participação na construção destes valores na formação e organização de nossa
sociedade? Estas perguntas deveriam constantemente estar presentes em nossas mentes,
como forma de nos impulsionar na busca da utopia. Cria-se o novo e no momento
seguinte já está velho e ultrapassado. A sociedade extremamente dinâmica e ávida por
mudanças, ao mesmo tempo cria normas de condutas, padrões de comportamento,
opiniões simplistas e marcadamente “definitivas”.

Vários movimentos sociais e numerosas redes alternativas estão desenvolvendo uma


nova visão da realidade, criando e experimentando uma nova fórmula de dialogação
com a totalidade dos seres e de suas relações, e são eles que formarão as bases das
novas tecnologias, sistemas econômicos e instituições do futuro.

Onde se insere a família neste contexto social? Como poderia a família promover o
equilíbrio entre o que foi conquistado e o que precisa ser “descoberto”?
21

A grande força da família consiste em que esta, de pronto, maciçamente e sem


descanso, trabalha o eros, a libido, a energia sexual. E o faz de duas formas
simultâneas:
• Trabalha com a energia sexual, que é o seu material específico, reservado,
presente por definição nas relações primárias e permanentes do homem e da
mulher, mas afirmando-se ainda mais precisamente nas relações fundamentais
entre pais e filhos; e
• Trabalha na formação da energia sexual, modelando-a, canalizando-a,
organizando-a, moldando-a...

A convocação familiar do "eros" opera uma circunscrição rigorosa da energia sexual no


espaço fechado, entrincheirado do grupo social; circunscrição esta que se realiza às
expensas de dois grandes espaços primordiais:
• O espaço interno do indivíduo (o seu corpo) – que é esvaziado ou desviado de
sua "espontaneidade" sexual, de sua autonomia, de seus ritmos e de sua
dinâmica libidinais próprias; e
• O espaço externo do indivíduo (o social) – que é excluído ou neutralizado
enquanto campo original e legítimo de expansão e de aplicação da energia
sexual, ficando, entretanto, investido de toda sexualidade "negativa", de todas as
denegações sexuais produzidas pelo meio familiar.

A família analisada por W. Reich, que é a mesma família "vitoriana" analisada por
Marx, Engels e Freud, continua sendo ainda hoje, apesar de importantes modificações, a
"família padrão", um pouco quebrantada e vacilante em sua realidade concreta, mas
com a mesma intransigência enquanto modelo e valor. É notável que, graças à inércia
das ideologias, esta mesma família, objeto dos cuidados cheios de exageros, ciúmes e
raiva das formações reacionárias, continue sendo considerada exemplar para a quase
totalidade das organizações, sejam elas socialistas ou capitalistas.

Outro conceito que Wilhelm Reich nos trás é com relação ao conteúdo "legal" (e/ou
religioso) e o conteúdo "real" (e/ou natural) do casamento. Para o homem das leis (o
22

jurista e/ou o religioso), o casamento é a união entre duas pessoas de sexos diferentes;
baseada num documento legal, oficializada numa cerimônia formal/social. Para Reich
(enquanto psiquiatra), o casamento é um laço afetivo baseado numa união sexual,
acompanhada habitualmente de um desejo de ter filhos. O ato formal, a certidão de
casamento não é em si mesmo um casamento; existe casamento quando duas pessoas
de sexos diferentes se amam, cuidam uma da outra, vivem juntas e, eventualmente, têm
filhos (constituindo uma família). Para Reich (portanto, para um terapeuta) o ato formal
de casamento não deveria ser senão a confirmação oficial de uma relação sexual
decidida, empreendida e vivida por duas pessoas; e seriam estas duas pessoas, e não os
representantes da lei, que determinariam se o casamento existe ou não.

No entanto, a estrutura sexual humana sofreu uma degenerescência moral de tal forma
que o ato formal do casamento pretende ser, para a mulher e os filhos, uma proteção
contra a "irresponsabilidade do homem". Nesta medida, e nesta medida apenas,
entendemos que o ato formal do casamento desempenha uma função social de aspecto
positivo.

É evidente que do ponto de vista de uma higiene mental racional o modelo de família
natural repousa no conceito do casamento real, e não no casamento formal. Um
comportamento mental sadio irá dar importância à responsabilidade interior e não a
uma responsabilidade imposta do exterior. Para que seja possível uma efetiva
autonomia moral, há que se lutar implacavelmente contra a miséria emocional (que
Reich denomina, com muita propriedade, de "praga emocional") dos indivíduos que
lançam opróbrios sobre as pessoas casadas sem registro civil e, principalmente, sobre
seus filhos (estes indivíduos, via de regra, são incapazes de compreender e, menos
ainda, de viver este tipo de comportamento social de alto nível moral). É necessário,
também, acabar com todas as formas imorais e patológicas de aliciamento e de
exploração financeira que as leis do casamento impõem. Acabar, enfim, com o absurdo
de continuar a considerar "casadas" pessoas cujas relações são dominadas pelo ódio,
pela mentira, pela mesquinharia, pela infelicidade etc.
23

Outro aspecto importante preconizado por W. Reich é o entendimento de que uma


relação sexual satisfatória entre duas pessoas pressupõe que elas tenham procedido a
uma harmonização dos seus ritmos sexuais próprios, que tenham aprendido a conhecer
as suas necessidades sexuais específicas, raramente conscientes, mas nem por isso
menos importantes. Só assim será possível uma vida sexual sã. Casar sem precedente
conhecimento sexual é, do ponto de vista da higiene mental, pouco são e, na maioria
dos casos, de resultados desastrosos.

Desta forma, o pensamento reichiano requer das duas pessoas que irão formar o casal:
• Potência orgástica total, ou seja, que não haja dissociação entre a sexualidade
terna e a sensualidade (em oposição à sedução histérica):
• Superação da fixação incestuosa e de ansiedade sexual infantil;
• Ausência de repressão de quaisquer pulsões não sublimadas (quer sejam
homossexuais ou não genitais);
• Reconhecimento incondicional da sexualidade e do gosto de viver;
• Superação de todos os elementos do moralismo sexual autoritário;
• Capacidade de harmonização afetivo-emocional com o parceiro.

Se considerarmos estes requisitos no contexto repressivo da sociedade em que vivemos,


temos que admitir que nenhum deles pode realizar-se, exceto, talvez, em alguns poucos
casos individuais. Dado que a negação e a repressão sexual é parte integrante da
sociedade autoritária, verifica-se necessariamente que elas determinem também a
educação sexual. Com efeito, a educação familiar favorece a fixação incestuosa em
lugar de a resolver; a inibição da sexualidade infantil gera, por outro lado, a dissociação
entre a sexualidade terna e a sensual. Portanto, a educação familiar cria nos indivíduos
uma estrutura caracterial anti-sexual que comporta tendências pré-genitais e
homossexuais as quais têm, por sua vez, de ser reprimidas. Assim se produz um
enfraquecimento da sexualidade. Além disso, sendo uma educação tendente a impor o
mito da supremacia do homem, torna-se quase impossível o companheirismo na relação
homem-mulher (normalmente o que se percebe é um alto grau de competitividade).
24

Como abordar estes conceitos, esta reformulação de paradigmas? Como, dentro de um


contexto terapêutico, desenvolver uma linha de orientação e abordagem que possa
reformular costumes e valores arraigados (em algumas situações, cristalizados!)? Pior
ainda, o que fazer quando encontramos uma enorme dicotomia de pensamento num
casal (resultante, muitas vezes, da condição: homem na rua X mulher dentro de casa)?
Como conciliar estes extremos de visão de mundo? Como definir os princípios e
admitir o imprevisível, o imponderável? De que forma estabelecer a tese e a antítese?
Onde se dará este confronto de idéias?

Foi na dinâmica de grupo que encontrei a fórmula de trabalhar os casais e as famílias


de modo suave e progressivamente reformulador. A utilização da técnica de análise de
caráter de W. Reich aliada as técnicas de dinâmica de grupo, revelou-se poderoso
instrumento de trabalho terapêutico (seja de família, de casais ou de pessoas comuns).

A análise de caráter consiste, primeiramente, em um desenvolvimento da técnica de


análise de resistências, postulada por Freud e sistematizada no Seminário sobre a
Técnica Psicanalítica da Clínica de Viena. Difere desta ao reiterar a importância de o
analista compreender e dominar, transferencialmente, o padrão de resistência central (o
caráter do paciente) antes de propor interpretações mais contundentes. Além disso, a
análise de caráter incluirá, em seu repertório clínico, uma inovação significativa:
Wilhelm Reich (e também Ferenczi, separadamente) defenderá, no Congresso
Psicanalítico Internacional de Innsbruck (1927), a idéia de que não apenas o conteúdo
do discurso dos pacientes consiste em material analítico, mas também a forma dessa
comunicação, isto é, os elementos não verbais do discurso (o olhar, o tom de voz, as
expressões faciais, os tiques nervosos, o gestual, a postura, a forma de se relacionar
etc.). Reich entendia que estas manifestações corpóreas consistiam, também, em
formações do inconsciente (ou expressões diretas do que fora simbolizado) e, por isto,
julgava procedente intervir sobre as mesmas através de assinalamentos e de
interpretações. Na análise do caráter, a dissolução do represamento da excitação (a
resolução da impotência orgástica) constitui-se em um objeto crucial. Neste sentido, a
meta do trabalho analítico não poderia se reduzir a tornar consciente o material psíquico
25

inconsciente; seria necessário que o afeto associado às representações recalcadas


pudesse ser ab-reagido, a fim de se desfizesse a condição de estase (energia estagnada).
Este princípio técnico tem suas origens nas proposições freudianas acerca da função do
recalcamento, o qual não apenas torna inconsciente o representante ideativo da pulsão,
como o desliga de sua carga afetiva; a qual, uma vez livre (não ligada a uma nova
representação, cujo acesso à consciência e à motilidade permita um processo de
descarga) converte-se em angústia. Para Reich, a cura decorreria da possibilidade de
o paciente recordar com afeto suas vivências infantis, elaborando-as em análise.

Dentro desta perspectiva, a dinâmica de grupo vem a contribuir enormemente com a


possibilidade deste resgate afetivo-emocional de seus participantes. Este projeto
envolverá a denúncia e propostas de transformação da ordem social capitalista que, de
acordo com Reich, reproduziria a moral sexual repressiva (por intermédio da família
autoritária), com o intuito de desenvolver sujeitos psiquicamente frágeis, resignados e
subservientes.

“Quando a gente anda sempre para frente,


não pode mesmo ir longe...” (disse o
principezinho com um pouco de
melancolia) – O Pequeno Príncipe.
Antoine de Saint-Exupéry
26

III – A TÉCNICA DA DINÂMICA DE GRUPO

É a Kurt Lewin que devemos a expressão "dinâmica de grupo". Psicólogo alemão


emigrado para os Estados Unidos, Lewin transpôs ao plano dos grupos as noções tiradas da
Psicologia da Forma (teoria da Gestalt). Esta mostrou que, numa percepção, os elementos
tendem a constituir-se como conjunto limitado e estruturado (realizam uma forma que se
destaca de um fundo não-estruturado); assim, o indivíduo não reage a estímulos simples,
mas responde a um meio ambiente estruturado como uma forma; responde em função de
seu campo perceptivo, de seu campo psicológico específico. Ao nível de grupo, os
elementos se estruturam e esse todo cria propriedades diferentes de modo que o grupo não é
a soma de seus componentes. Os indivíduos inter-reagem e criam um estado de equilíbrio
que resulta das forças dinâmicas postas em jogo. Assim, para Lewin, os grupos devem ser
apreendidos como totalidades dinâmicas que resultam das interações entre os membros.
Esses grupos realizam formas de equilíbrio no seio de um campo de forças. Em 1943, Kurt
Lewin foi encarregado, pelo governo dos Estados Unidos, de estudar uma forma de
persuadir e fazer mudar os hábitos alimentares da população norte-americana (devido à
escassez nos estoques de carne – em função da 2ª Guerra – era necessário persuadí-la de
que as vísceras, normalmente rejeitadas, tinham as mesmas qualidades nutricionais que a
carne de primeira). Toda a sua atuação na consideração e análise do problema se deu
através de técnicas de dinâmica de grupo (desenvolvendo a idéia de que o treino das
capacidades em relações humanas era um importante mas esquecido tipo de educação na
sociedade moderna). Pouco depois de sua morte, em 1947, foi realizado, pela sua equipe e
estudantes do MIT-Massachusetts Institute of Technology, o primeiro chamado T-Group
(Training Group = Grupo de Treino), baseado em suas idéias, pesquisas e resultados.

Outra fase do movimento da experiência intensiva de grupo desenvolvia-se na


Universidade de Chicago. Imediatamente após a 2ª Guerra, Carl R. Rogers e seus
colaboradores estavam empenhados no treino de "conselheiros pessoais" para a
Administração dos Veteranos. Carl Rogers percebeu que nenhum tipo de treinamento
formal e intelectual seria possível para preparar conselheiros pessoais eficazes no
27

tratamento de problemas dos soldados regressados. Partiu, então, para uma experiência de
grupo intensiva na qual os participantes (os futuros conselheiros pessoais) se reuniam
durante várias horas por dia, a fim de se compreenderem melhor (a si próprios), de se
tornarem conscientes das atitudes que poderiam ser causas de fracassos na relação de
aconselhamento e de se relacionarem uns com os outros por formas que pudessem vir a ser
de ajuda e que eles pudessem transpor para o trabalho de aconselhamento. Forneceu muitas
experiências profundas e significativas aos participantes e foi tão bem sucedido na
seqüência de treinamento dos conselheiros pessoais que a partir daí, Carl Rogers e sua
equipe, passaram a utilizar e pesquisar este método orientado, fundamentalmente, para o
crescimento pessoal, desenvolvimento e aperfeiçoamento das comunicações e relações
interpessoais.

“A prova de que o principezinho existia é


que ele era encantador, que ele ria e que
ele queria um carneiro. Quando alguém quer
um carneiro, é porque existe...” – O
Pequeno Príncipe.

Antoine Saint-Exupéry
28

IV - SITUAÇÃO GRUPAL

Em TOTEM E TABU, Freud nos mostra que por intermédio do inconsciente a humanidade
transmite suas leis sociais. Compreendê-las é compreender como funciona a ideologia,
como adquirimos e vivemos as leis, qual é a representação da sociedade, como se reproduz
a cultura. Em PSICOLOGIA DE MASSA E ANÁLISE DO EGO, Freud nos ensina que "na
vida anímica individual aparece efetivamente o outro como modelo, objeto auxiliar ou
adversário; deste modo a psicologia individual é ao mesmo tempo e desde o princípio
psicologia social num sentido amplo, mas amplamente justificado" e mais adiante agrega:
"O instinto social não é um instinto primário e irredutível e os começos de uma formação
podem ser falados em círculos mais limitados, por exemplo a família". A partir daí, Leon
Rozitchner afirma que a psicologia não é social pelo número de pessoas, o que importa não
é a relação que o indivíduo mantém com a totalidade, um a um (psicologia) ou todos de
uma vez (sociologia), mas sim as mediações que se produzem entre a totalidade do social e
o indivíduo.

A análise de um indivíduo social deve ser referida ao mínimo social que o produziu. A
estrutura contraditória do social é mediatizada pela família. Isto é, um indivíduo por mais
isolado que viva, está determinado em sua existência individual pela estrutura social; e todo
social, por mais numeroso que seja, está por sua vez determinado necessariamente pela
relação indivíduo-indivíduo. Desta maneira, do ponto de vista da criança, a família aparece
como o todo máximo inicial; mas ao mesmo tempo, do ponto de vista social, a família
aparece como o todo mínimo. Ou seja, a família contém todas as determinações da
totalidade social mais ampla que a constituiu, a partir da qual toda conduta individual deve
ser compreendida.

Este entendimento fica bem mais claro pela conceitualização de José Bleger (em
PSICOLOGIA DA CONDUTA) com relação ao âmbito social: para ele todos os fenômenos
29

e objetos da natureza sempre têm relação entre si, como se fossem uma única totalidade. Ao
se estudar um fenômeno social teríamos três tipos de âmbito:
1. PSICOSSOCIAL - do indivíduo;
2. SÓCIO DINÂMICO - do grupo como unidade;
3. INSTITUCIONAL - relações dos grupos entre si e com as instituições que os
dirigem.

Os três âmbitos não se excluem, pois a rigor são só um espaço. Assim como os fenômenos
humanos são sociais e o ser humano é um ser social, não existiria, então, duas psicologias:
individual e social. A psicologia individual nos permite o estudo do grupo social e a
psicologia social nos permite o estudo do indivíduo; trata-se, portanto, dos âmbitos sociais.
É importante ressaltar o que diz Enrique Pichón-Rivière: "A família é uma estrutura social
básica, que se configura pelo entrejogo de papéis diferenciados (pai, mãe, filhos);
entrejogo que constitui o modelo natural de interação em grupo".
30

V - FINS E OBJETIVOS DO GRUPO

Por trás do que cada membro de um grupo diz e considera importante está o seu sistema de
valores e suas atitudes. Pelo fato de estarem trabalhando em um grupo, é necessário que se
estabeleça uma certa unidade de interesses, objetivos e propósitos bem definidos de modo
que os interesses e problemas individuais sejam atendidos em benefício do grupo e vice-
versa. Os indivíduos de expectativas, capacidades e formações diferentes encontram
dificuldade para tornarem-se um grupo de funcionamento integrado. É evidente que os
objetivos grupais devem estar intimamente relacionados com os interesses e necessidade
dos membros. A mútua manifestação e a identificação dos interesses e necessidades dos
membros é a base verdadeira para a formação do grupo e a formulação de seus fins e
objetivos.

Se os objetivos do grupo não forem perfeitamente identificados e compreendidos pelos


membros do grupo, provavelmente os membros não concorrerão para impulsionar as
atividades que levam à sua realização, criando, ao contrário, baixo nível de motivação,
fraca coordenação de esforços e incidência relativamente alta de manifestação de
comportamentos egoísticos. A participação dos membros na definição dos objetivos
aumenta a probabilidade de serem compreendidos, aceitos e absorvidos; e, principalmente,
um alto grau de participação e cooperação para alcançar os objetivos do grupo.

Uma providência importante na determinação dos fins e objetivos do grupo é explorar e


discutir as idéias com os seus participantes. A discussão sobre as mudanças a serem feitas
deve ser permitida até que as idéias se solidifiquem em objetivos definidos. A aceitação é
garantida quando se discute e se chega ao consenso sobre a importância relativa dessas
idéias. Depois de aceitas, devem ser expostas com precisão a todos os membros do grupo.

Consideramos que devam ser adotadas quatro medidas básicas para determinação dos fins e
objetivos de um grupo:
31

1. Explorar e discutir as idéias, interesses e necessidades dos membros do grupo;


2. Estabelecer um consenso mínimo em torno das idéias, interesses e necessidades
sobre as quais serão formulados os fins e objetivos do grupo;
3. Assegurar o conhecimento, compreensão e a aceitação comum dos membros do
grupo;
4. Criar um vínculo de interesse e coesão em torno dos objetivos do grupo.

Uma vez determinados os fins e objetivos, as futuras experiências e atividades do grupo


tendem a ser moldadas e avaliadas segundos os seus termos. O grau com que as motivações
individuais estão incorporadas aos fins e objetivos grupais influenciam diretamente na
fidelidade e na participação dos membros no programa e atividades propostas durante a
dinâmica grupal.

“Então, perdendo a paciência, como


tinha pressa de desmontar o motor,
rabisquei o desenho ao lado. E
arrisquei: Esta é a caixa. O carneiro
está dentro.
Mas fiquei surpreso de iluminar-se a
face do meu pequeno juiz: Era assim
mesmo que eu queria! Será preciso muito
capim para esse carneiro?” (diálogo
32

entre o Autor e o Pequeno Príncipe) – O


Pequeno Príncipe.
Antoine de Saint-Exupéry.

VI - TÉCNICAS DE GRUPO

Os meios e métodos para provocar a ação nas situações de grupos são chamados de
técnicas de grupo. Na consecução dos objetivos definidos, a ação só se realiza através da
aplicação de alguma técnica. Quando utilizadas de maneira apropriada e dentro de um
ambiente social definido, as técnicas têm o poder de ativar as motivações e os impulsos
individuais estimulando os elementos das dinâmicas internas e acionando o grupo na
direção de seus objetivos. As técnicas (e as combinações entre elas) são os veículos que
conduzem o grupo aos seus objetivos.

O processo de grupo progride por intermédio das técnicas, por menos precisas, conhecidas
e sistematizadas que sejam. No entanto, é fundamental que as técnicas sejam
conscientemente selecionadas e aprovadas pela aplicação contínua das mesmas. Uma
liderança qualificada sabe selecionar as técnicas apropriadas, combiná-las ou inventar
técnicas totalmente novas para resolver as situações. É evidente que cada técnica tem uma
determinada capacidade para mobilizar as forças individuais e grupais e dirigi-las aos
objetivos do grupo. O conhecimento das técnicas básicas e das possibilidades de cada uma
delas permite chegar-se a uma seleção final satisfatória. Sem dúvida, o conhecimento, a
compreensão, a experiência e a capacidade criativa do mediador permitem que este
potencial seja bem aproveitado.

Qualquer aplicação de uma técnica específica deve ser precedida de uma informação
básica de seus objetivos e de uma consulta breve de aceitação de todos os membros do
grupo. Esta medida cria um compromisso (contrato tácito) entre os membros do grupo,
além de demonstrar um profundo respeito pelas dificuldades emocionais que possam estar
presentes numa determinada situação, num determinado momento, para um (ou mais de
um) determinado indivíduo participante do grupo.
33

Isto nos leva à apreciação de um aspecto fundamental na escolha das técnicas para
aplicação nas dinâmicas de grupo. Além da competência técnica, é essencial que o
mediador apresente competência interpessoal, flexibilidade perceptiva, atitude
experimental, capacidade de assumir riscos e, principalmente, padrões éticos no exercício
profissional. A responsabilidade ética é inalienável quando se tomam decisões que irão
afetar profundamente outras pessoas.

Não há justificativa moral para a inexperiência, a ignorância ou a atitude irresponsável


de não avaliar as conseqüências danosas e, muitas vezes, irreversíveis provenientes de
atividades ou técnicas que são utilizadas em trabalhos com seres humanos.

“Olhem o céu. Perguntem: Terá ou não terá o


carneiro comido a flor? E verão como tudo fica
diferente...
E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá
que isso tenha tanta importância!” (o Autor
refletindo) – O Pequeno Príncipe.
34

Antoine Saint-Exupéry.

VII - CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE AS TÉC-


NICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

W. Schutz (1955) estabelece que há três zonas de necessidades interpessoais existentes em


todos os grupos:
1. INCLUSÃO – que significa a necessidade de se sentir considerado pelos outros; da
sua existência no grupo ser de interesse para os outros;
2. CONTROLE – que significa respeito pela competência e responsabilidade dos outros
e consideração dos outros pela competência e responsabilidade do indivíduo;
3. AFEIÇÃO – que significa sentimentos mútuos ou recíprocos de amar os outros e ser
amado.

Segundo Schutz, as necessidades interpessoais serão satisfeitas normalmente por um


equilíbrio de relações destas três zonas.

Potencializando estes conceitos, estabelecemos e identificamos, ao longo de nossa


experiência profissional, que todo grupo passa por três fases distintas que denominamos:

1. GRUPALIZAÇÃO;
2. SENSIBILIZAÇÃO;
3. AÇÃO DE GRUPO.

Observamos, tanto em nossos trabalhos nas instituições quanto em nossos grupos


terapêuticos, que estas três fases estão sempre presentes; correlacionando, inclusive, a
hierarquia das necessidades básicas estabelecidas por A. H. Maslow. Mesmo quando
trabalhamos com pessoas que faziam parte de um mesmo departamento (ou seja, que já se
conheciam socialmente), vimos a necessidade de introduzir técnicas (de grupalização) que
formassem uma equipe coesa, um verdadeiro team spirit (espírito de equipe). Mesmo
35

quando trabalhamos com dinâmica de grupo em avaliações de treinamento de pessoas que


estavam concluindo um curso (ou seja, pessoas que tinham convivido uma semana em
horário integral, por exemplo), era conveniente aplicar técnicas que evidenciassem a
grupalização. Quando trabalhamos com grupos, temos sempre em mente a identificação
destas três fases e o discernimento de quando estamos passando de uma fase para a outra.
Em nosso entender, a identificação destes três momentos de vivência do grupo
proporciona uma precisão maior na escolha das técnicas que deverão ser utilizadas na
facilitação do desenvolvimento grupal e alcance de seus objetivos. Estas três fases
ocorrem independentemente do tempo de duração de um grupo. Explicaremos, a seguir, a
conceituação de cada uma delas e como relacionar estas fases com a escolha das técnicas.

GRUPALIZAÇÃO

Quando vamos trabalhar com um grupo, na verdade temos apenas um determinado número
de pessoas que estão na expectativa de algum tipo de ajuda e/ou solução de problemas.
Estas pessoas ainda não formam um grupo; estão apenas buscando caminhos comuns,
expectativas semelhantes, talvez... Mesmo com um grupo que iremos trabalhar por pouco
tempo, devemos ter em mente que precisamos introduzir exercícios de grupalização que
reforce os aspectos dinâmicos do grupo em busca de objetivos comuns. As técnicas de
grupalização se constituem em exercícios que facilitem o processo de formação de um
sentimento de grupo (necessidade de pertencimento). Cada membro do grupo procura seu
lugar, através de tentativas para encontrar e estabelecer os limites de sua participação no
grupo, o quanto vai dar de si, o quanto espera receber, como se mostrará ou que papel
desempenhará primordialmente. É uma fase de estruturação do grupo de forma ativa e
dinâmica. Encontrando seu lugar, cada membro passa a interessar-se pela distribuição do
poder no grupo e controle das atividades dos outros; neste momento, podemos considerar a
introdução de técnicas sensibilizantes, pois estaremos ingressando na segunda fase do
grupo.
36

SENSIBILIZAÇÃO

Uma vez que se obteve a interação grupal (com forte sentimento de unidade), inclusive com
a identificação dos objetivos do grupo e motivação individual, estamos aptos a promover a
expressão e busca da integração emocional. Utilizamos, então, exercícios que possibilitem
aos participantes vivenciarem situações emocionais/afetivas a nível individual e de grupo
(necessidade de estima). Cada um procura conhecer as possibilidades de intercâmbio
emocional e estabelecer limites quanto à intensidade e qualidade das trocas afetivas. O
clima emocional do grupo pode oscilar entre momentos de grande harmonia e afeto e
momentos de insatisfação, hostilidade e tensão.

Desenvolvendo-se um bom trabalho na abordagem das manifestações afetivas (positivas ou


negativas), estaremos caminhando para uma identificação emocional do grupo, expressões
de solidariedade e cooperação na consecução dos objetivos.

Estamos, então, passando para a terceira fase de desenvolvimento grupal.

AÇÃO DE GRUPO

Quando reunimos pessoas para fazer um trabalho de dinâmica de grupo, temos por
obrigação proporcionar uma devolução do material depositado (expectativas) apresentando
alternativas de soluções de seus problemas e/ou promovendo facilidades para que o grupo
alcance seus objetivos finais. Nesta fase, trabalharemos com exercícios que provoquem a
troca de experiências e observações profundas de modo que os participantes do grupo se
sintam recompensados pelo tempo despendido e exposição de sentimentos a que esteve
37

submetido durante as atividades das dinâmicas de grupo, promovendo trocas e ações de


solidariedade (necessidade de auto-realização).
Esta responsabilidade ética deverá estar sempre presente na mente do terapeuta e/ou de
qualquer pessoa que se proponha a trabalhar com grupos. As pessoas quando procuram ou
são indicadas para trabalharem em grupo têm um objetivo em mente, uma meta a ser
atingida, uma expectativa a ser alcançada. Temos que fazer tudo para que estes objetivos
sejam cumpridos, que as pessoas se sintam motivadas a alcançar suas metas (ação de
grupo).

A conceituação de motivação baseia-se em pessoas sadias, que vivem com satisfação, que
acham que vale a pena viver, apesar dos problemas, dificuldades e frustrações inevitáveis.
Esta é uma abordagem positiva da vida e que caracteriza as pessoas empreendedoras, que
agem, lutam, vencem, sofrem, sentem satisfações e insatisfações, como parte integrante de
um processo global que é vivenciado plenamente no dia-a-dia.

As chamadas teorias reducionistas de motivação mostram um modelo mecânico de


homeostase, como se o ser humano tendesse sempre ao equilíbrio e nada mais. O equilíbrio
porém não leva à frente, apenas preserva o status quo e não explica como o homem cresce e
se desenvolve, como a humanidade tem progredido, modificando-se e modificando o
mundo, saindo do equilíbrio para novas formas e funções que significam crescimento,
movimento para frente e para cima, e não simplesmente conservação, estagnação,
deterioração e morte. O equilíbrio é necessário como base, mas insuficiente e irrelevante
como fim.

E de que forma podemos saber se o grupo que trabalhamos atingiu os seus objetivos, se
continuará o seu caminho com movimentos próprios e produtivos. Como saber se o nosso
trabalho valeu a pena...
38

VIII - VALEU A PENA?

A resposta a esta pergunta é o ponto-chave do resultado final de um trabalho com grupos.


Nada justificará termos reunido pessoas para um trabalho de dinâmica de grupo e sairmos
sem saber se os resultados foram alcançados; ou se, pelo menos, há perspectiva de
mudanças nos membros do grupo que resultará em soluções de problemas.

Todo grupo necessita fazer avaliações para que se torne o mais produtivo possível. O
processo de medição do êxito do grupo na consecução de seus objetivos constitui o cerne
da avaliação. Podemos, e devemos, promover avaliações durante todo o processo de
desenvolvimento da experiência grupal. E, sem dúvida, é primordial a avaliação final dos
objetivos alcançados. Em outras palavras, devemos promover avaliações periódicas e a
avaliação final do processo de desenvolvimento de um trabalho de dinâmica de grupo.

Há várias técnicas possíveis de avaliação do grupo; algumas bem simples e outras bem
sofisticadas (incluindo muitas vezes o acompanhamento do grupo – e de seus membros –
durante um certo período de tempo). A grande vantagem das avaliações intermediárias (ou
periódicas) é a correção de rumo do processo grupal; podemos através da avaliação
perceber que o grupo ainda precisa, por exemplo, de vivenciar exercícios de sensibilização
para poder alcançar o estágio da ação de grupo.

A avaliação não pode ser imposta quando o grupo não a quer, mas é indispensável ao
processo e produtividade do grupo em questão e dos próximos grupos. Estimular, explicar e
mostrar os benefícios da avaliação é função da liderança (do mediador, do terapeuta); mas a
sua prática e interpretação pertencem ao grupo (compromisso do sigilo). Desta forma a
prática da avaliação do grupo é, necessariamente, um consenso entre todos os membros do
grupo e do mediador. A compreensão do processo de grupo que surge de uma avaliação
39

sistemática é um dos mais potentes fatores de coesão, correção de rumo e fortalecimento da


confiança do grupo no trabalho que está sendo empreendido.

IX - HOMENAGENS

Gostaria de registrar uma homenagem (e agradecimento) a três poetas (participantes de


grupos) que vivenciaram e traduziram suas experiências internas de maneira tão bela,
através da poesia, mas que preferiram (e pediram) o anonimato:

PASSAGEM
Cenas de um domingo.
Depressões e medos, como reflexo...
Duas sessões de terapia,
Concluo por mais medo.

Medo da separação e diferenciação.


A culpada e retentiva mãe, tris in idem,
Não deixaria crescer,
Agindo de forma edipiana esperável...

Não deixaria partir em paz,


Não contrairia seus músculos,
Não teria a generosa dilatação
emocional e afetiva,
Não daria passagem...

Então, camaradas, lá vou eu!


Na força, na porrada,
Cheio de alegria, chegando neste Mundo,
Cavando com as mãos o próprio destino...
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(GRUPO TERAPÊUTICO – no dia seguinte à última sessão de um grupo de nove meses de duração)

O GRUPO É ASSIM:
Gente que é gente
e que não sabe que os outros
são gentes como a gente,
com um lado bom e outro ruim.

No grupo tem de tudo:


botocudo e tupiniquim.
Tem falador e tem mudo,
mas ninguém igual a mim.

Tem o falso polígamo


e o rapaz bem-amado,
a enamorada da vida
e também o magoado.
Tem doutores e tímidos,
agressivos e dominados,
tem mães e tem filhos,
tem até mascarados.

E o grupo vai girando,


mudando a vida da gente,
o calado sai falando,
o pessimista contente.

O grupo é como a vida:


mal se entra, já vamos
indo.
Quem ri, acaba
chorando,
quem chora, acaba
rindo.
Uma coisa a gente aprende:
que o outro é como eu.
Chora, ri, ama e sente,
Seja rico ou fariseu...

Que grupo danado, que vivência


atroz!
O EU e o TU se atacam,
mas depois eles se amam,
em benefício de NÓS.
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(GRUPO INSTITUCIONAL – no final de um grupo)

É TANTA LUZ...

É tanta luz,
Tanta, tanta, tanta luz se irradiando pelo meu peito.
Sou um chafariz de luz,
Sou fogos de artifício,
Que sobem e colam no céu.
Jorra alegria pelos meus olhos,
Pelos meus poros,
Pelos meus pelos, todos incandescentes.
Uma alegria cósmica me transborda:
Estou no sétimo dia da minha própria criação
E não quero descansar tão cedo.

O que aconteceu? Lhe conto:


Encarei meu inferno.
Indaguei os meus demônios.
Acordei os meus fantasmas.
Respirei os meus odores.
Mastiguei minhas feridas,
Vomitei todo o sangue.
Prescrevi os meu pecados, libertei o meu
desejo.

Viva, vivo.
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(GRUPO TERAPÊUTICO – por volta do sétimo mês de evolução do grupo)

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS

10.1 - O PARADIGMA FAMILIAR

"A família é uma instituição falida". Ouvir tal frase é algo corriqueiro atualmente,
principalmente, porque as estatísticas vêm reforçar este chavão. Pesquisas informam
que o número de divórcios realizados no Brasil, anualmente, é vultoso. A partir
desses dados, então, faz-se necessária uma organização familiar diferente daquela
sustentada até algum tempo atrás no sentido de mudar esse quadro e diminuir o
stress e o sofrimento decorrentes do processo de separação e dos desentendimentos
relacionais.

A estrutura pai, mãe e filhos, a chamada família nuclear, hoje é acrescentada por
figuras como: namorada do pai ou da mãe, namorado da mãe ou do pai e filhos dos
pais frutos de outros relacionamentos. Em meio a estas novidades, a convivência
harmoniosa dessas pessoas nem sempre é possível, vindo a culminar no desgaste
emocional das partes e no prejuízo significativo no desenvolvimento das crianças.

Que considerações poderiam ser feitas a respeito de tais mudanças?

Alguns autores, interessados nesse tema, enfatizam que as transformações da


família se devem, entre outros fatores, à renovação do papel e do comportamento da
mulher no decorrer dos anos. A emancipação feminina acontece a olhos vistos e a
conhecida música que dizia "Amélia é que era mulher de verdade...", usada para
enfatizar as características da boa esposa, a cada dia fica mais inadequada para
ilustrar o cotidiano do exército de mulheres que invade o mercado de trabalho,
sustenta a casa e movimenta a economia do país.
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A mudança estrutural das relações - até então bem solidificadas dos papéis feminino
(aquela que fica em casa cuidando do marido e dos filhos) e masculino (provedor
financeiro e autoridade máxima da casa) - no casamento ainda não se efetivou
plenamente, nem redefiniu seu lugar com a devida propriedade.

A gênese da variação é feminina. Ela renuncia à atividade doméstica em tempo


integral lançando-se no mercado de trabalho em nome de sua independência
financeira. O homem, surpreendido por essa novidade, nem sempre fica satisfeito,
pois além de perder seu posto de "provedor-mor", também se depara com as tarefas
de casa por fazer, ou feitas com menos eficácia que antes, devido à diminuição do
tempo da mulher, ou, ainda, tendo que dividir os afazeres domésticos com a
companheira. A partir disso é difícil identificar o tipo de sistema reinante no lar:

Patriarcado, matriarcado, ou nenhum dos dois? As referências são perdidas e um


modelo novo torna-se difícil de ser criado. A solução mais próxima e mais fácil que
a maioria tem encontrado para aliviar o desconforto é, via de regra, a
SEPARAÇÃO.

Fatalmente, sabe-se que numa situação dessa os maiores prejudicados sempre são
os filhos. Em fase de desenvolvimento da personalidade em que precisam de uma
referência solidificada para se constituírem como pessoas saudáveis, vivem
justamente em face da falta dela. Sendo assim não é raro encontrar menores
toxicômanos, agressivos, emocionalmente perturbados ou mesmo doentes
(somatização). Buscam, desesperadamente, algo a que se apegar em meio à diluição
de suas famílias, seja seguindo o caminho das drogas, da violência ou do grupo a
que pertencem.

Independente da situação do casal, uma coisa é imprescindível: o desempenho do


papel materno e paterno adequado à educação e desenvolvimento saudável dos
filhos. Cada um, pai e mãe, têm sua função implicitamente definida e precisa ser
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devidamente exercida. O pai não supre o papel da mãe e esta por sua vez não supre
a função paterna.

A Terapia de Família e a Terapia de Casal costumam apresentar bons resultados


nesses casos. A intervenção de uma terceira pessoa, o terapeuta, agindo com
imparcialidade, propicia a mediação entre o homem e a mulher em conflito,
favorecendo o entendimento entre os dois, quando possível, ou contribuindo para
uma separação menos sofrida; logicamente beneficiando sobremaneira a
convivência da criança com esta nova forma de relação familiar.

10.2 - O PARADIGMA REICHIANO

O paradigma reichiano se define por uma autêntica fé na vida, desde que esta
encontre meios para se realizar. Reich apostava na esperança de que as sociedades
do futuro serão capazes de construir a verdadeira civilização humana, onde o
sistema social não se oporá as leis da natureza que se manifestam no homem desde
a sua concepção em fase embrionária. A vida seria preservada pelas regras sociais
desde o seu surgimento até o último suspiro de cada ser vivente e tal preservação se
daria pela compreensão clara de todas as necessidades básicas do humano nas
principais fases de desenvolvimento, desde a infância (princípio da auto-
regulação). Atualmente, quase 50 anos após sua morte, suas idéias vêm sendo
postas em prática por famílias e escolas que perceberam a importância de se
minimizar os efeitos danosos de um sistema educacional autoritário.

Embora saibamos que as mudanças sociais propostas pelos melhores pensadores da


vida só são absorvidas ao longo do processo histórico, e levam muitos anos para
serem integradas ao cotidiano das pessoas, podemos dizer que Reich, com seu
pioneirismo, demonstrou que tão cedo não veremos uma sociedade tão boa e justa
para se viver, porém, podemos em muito melhorar nossa qualidade de vida desde já.
45

A partir do conhecimento das leis de organização e funcionamento da vida,


Wilhelm Reich propõe uma mudança de paradigma que permite ao homem se
reconhecer não somente pela sua inscrição social (profissão, função familiar,
capacidade de liderança etc.), mas também por sua relação com a natureza. O
conceito de cerne biológico nos permite estarmos abertos para uma relação com a
vida onde as prioridades são determinadas pelo contato com a essência de cada um.
Inclusive, escreveu Freud, "é impossível não perceber que o edifício da cultura se
apóia, em grande medida, sobre o princípio da renúncia às pulsões instintivas, e
até que ponto ele postula precisamente a não-satisfação (repressão, rejeição ou
qualquer outro mecanismo) de poderosos instintos".

Sejam quais forem os métodos de tratamento adotados ou elaborados por Wilhelm


Reich (psicanálise freudiana, análise caracterial, vegetoterapia e/ou organoterapia)
visam sempre ao mesmo objetivo: restituir ao indivíduo uma certa capacidade de
auto-regulação sexual, ou seja, o resgate de sua potência orgástica ou amor natural.
Exatamente as últimas linhas de seu livro ANÁLISE DO CARÁTER, sublinhadas
pelo próprio Reich, reafirmam com muita nitidez esta posição: "Somente uma
medida é capaz de eliminar as neuroses caracteriais e com elas todo o cortejo das
diferentes pestes emocionais: o restabelecimento do amor natural nas crianças, nos
adolescentes e nos adultos".

O princípio reichiano de auto-regulação é o limiar de uma "nova era social". É mais


do que pode suportar uma sociedade de mortes, de assassinatos e de infelicidades
(ameaçada na própria raiz de seu ser). Compreende-se o balanço lucidamente
preparado por Wilhelm Reich: "Nenhum elemento de minha teoria atraiu sobre meu
trabalho e minha existência maiores perigos que a afirmativa de que a auto-
regulação é possível, existe atualmente e é suscetível de uma extensão universal".
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Faz parte do meu respeito pelas


pessoas expor-me ao perigo de dizer-
lhes a verdade.
- Wilhelm Reich -

X - CONCLUSÃO

Penso que a grande contribuição deste trabalho foi ressaltar a possibilidade de aplicação da
técnica da dinâmica de grupo como forma de trabalho nas intervenções e resoluções de
conflitos familiares. Especificamente foi apresentado e desenvolvido o pensamento de
Wilhelm Reich e a sua constante preocupação no combate à família autoritária que deforma
e resigna o indivíduo frente aos seus futuros enfrentamentos sociais.

Embora não seja um trabalho definitivo, é a efetiva utilização de uma técnica (dinâmica de
grupo) numa abordagem terapêutica de base corporal (terapia reichiana). Considero que
ainda há muito o que se pesquisar e fundamentar para que se possa estabelecer parâmetros
de avaliação na aplicação desta metodologia de trabalho. No entanto, resultados finais de
cada um dos grupos já realizados, me permitem considerar como altamente promissor e
eficaz a aplicação das técnicas de DINÂMICA DE GRUPO, utilizando-se a abordagem de
prevenção de neuroses preconizadas por WILHELM REICH, em intervenções terapêuticas
e na resolução de conflitos de família.

Constitui-se o desenvolvimento desta forma de trabalho, um excelente instrumento de


intervenção no núcleo familiar, assim como permite extrair, através da aplicação desta
metodologia, elementos conclusivos da forma de relacionamento, o modelo sócio-familiar,
os vínculos intrafamiliares, os papéis desempenhados por cada um de seus membros, o
nível de comunicação, a relação afetiva-emocional entre seus membros (essencialmente
trabalhando a falta de afeto) e a origem e modalidade do conflito na família.

Assim como Reich, acredito na substituição da família patriarcal autoritária por uma
forma natural de família e, desta maneira, no restabelecimento do amor natural nas
crianças, nos adolescentes e nos adultos.
47

XI – BIBLIOGRAFIA

1. AMADO, Gilles e GUITTET André. A Dinâmica da Comunicação nos Grupos.


Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

2. BAKER, Elsworth F. O Labirinto Humano. São Paulo: Summus Editorial, 1980.

3. BAREMBLITT, Gregório. Grupos: Teoria e Técnica. Rio de Janeiro: Edições


Graal, 1982.

4. BEAL, George; BOHLEN, Joe e RAUDABAUGH, J. Neil. Liderança e Dinâmica


de Grupo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972.

5. BENOIT, Jean-Claude. Vínculos Duplos. Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A.,


1982.

6. BIANCHI, Thais. Seu Corpo – Sua História. Petrópolis/RJ, 1984.

7. BOADELLA, David. Nos Caminhos de Reich. São Paulo: Summus Editorial Ltda.,
1985.

8. ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado.


Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1985.

9. FREUD, Sigmund. Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1967.

10. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos Editora, 1975.

11. NAVARRO, Federico. Metodologia da Vegetoterapia Caractero-Analítica. São


Paulo: Summus Editorial Ltda., 1996.
48

12. NAVARRO, Federico. Terapia Reichiana (1º e 2º volume). São Paulo: Summus
Editorial Ltda., 1987.

13. REICH, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Editora Brasiliense S.A.,
1975.

14. REICH, Wilhelm. A Revolução Sexual. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1972.

15. REICH, Wilhelm. As Origens da Moral Sexual – Lisboa – Portugal: Publicações


Dom Quixote, 1988.

16. REICH, Wilhelm. Análise do Caráter. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora
Ltda., 1989.

17. REICH, Wilhelm. O Assassinato de Cristo São Paulo: Martins Fontes, 1983.

18. ROTHGE, Carrie Lee. Freud - Resumo Da Obras Completas. São Paulo: Livraria
Atheneu, 1984.

19. SOIFER, Raquel. Psicodinamismos da Família com Crianças. Petrópolis/RJ:


Editora Vozes, 1983.

20. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. 20ª ed. Rio de Janeiro: Agir,
1980.
49

XII – DADOS PESSOAIS DO ALUNO

SYLVIO PORTO DA COSTA MATTOS


Rua Dr. Mário Viana, 376 aptº 1002 – Santa
Rosa
Niterói/RJ – CEP: 24241-002

Tel.: (21) 2704-9990 e 9957-4291


E-mail: sylvioporto@hotmail.com

ADMINISTRADOR (CRA-RJ/4247) e PSICÓLOGO (CRP-05/10840)


com formação em TERAPIA REICHIANA pelo CIO - CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO ORGONÔMICA WILHELM REICH (Rio de Janeiro).

Terapia Individual e em Grupo.


Adultos, Adolescentes, Casais e Família.
Supervisão de Terapeutas.
Cursos e Palestras.

... Talvez não tenhamos conseguido fazer o


melhor,
mas lutamos para que o melhor fosse feito.
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... Não somos o que deveríamos ser,


mas somos o que iremos ser.
Mas, graças a Deus, não somos mais o
que éramos.
- Martin Luther King -

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