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Vv IndicagGes e perigos da anilise i nao-sistematica e incor ente para a tematica — que, comparada com a prime! pare- ce uma cirurgia psiquica bem-planejada — sao fluidas e tao vari que € impossivel consideri-las todas a0 mesmo tempo. Contudo, é possivel estabelecer um certo niimero de critérios para se determinar quando a aniilise do cardter é indicada. Tendo em vista que afetos violentos sio despertaclos pelo afrou- samento provocado pela andlise do carater no mecanismo de defesa Nareisico, € que o paciente fica também temporariamente reduzido a um estado mais ou menos desamparado, essa técnica s6 pode ser uplicada, sem efeitos maléficos, por terapeutas que ja dominaram a tceniea analitica — fundamentalmente por aqueles que estejam prepa- rados para lidar com as reagGes transferenci Assim, nado se reco- menda seu uso por principiantes.' O desamparo temporario do pacien- te deve-se ao isolamento da neurose infantil em relagdo ao cardter ¢ a completa reativagao dela em conseqiiéncia, Obviamente essa Teativa- 1, Nota, 1945: O leitor compreendera que eu precisava ser cauteloso no comego cle minha pesquisa caractero-analitica, cerca de dezenove anos atris, A adverténcia act. tna teve abjecoes jf naquela Gpoca, baseadas em que, se essa técnica eta superior a nilise de sintomas, até os principiantes deviam aprender a pola em pritica, Hoje, ja to ha necessidade de tais cautelas. Temos agora a nossa disposigao um grande lastro «le experiéncia caractero-analitica, Por isso, a téenica pode ser ensinaca ¢ mesmo reeo- mendada aos principiantes na anilise de sintomas. J4 nio slo necessirias as restrices seu uso sugeridas neste texto. Nao se tata apenas de a anilise clo cariter poder ser sackt — ela deve ser usada em. todos ox casos de psiconeurose, para se destruir a base ¢ reagdo neuritica do caréter, Uma questo muito mais dificil ¢ saber se a-anilise do cariter pode ser feita sem a orgonorerapia. 119 cdo se dé mesmo sem anilise do carater sistematica. Nesse caso, po- rém, dado que a couraga permanece relativamente intocada, as rea- ges afetivas s40 mais fracas e, por isso, mais faceis de controlar, Se a estrutura do caso é apreendida por completo desde © comego, nao ha perigo em se aplicar a andlise do cardter. Com excecao de um ca- So sem esperanga de depressao aguda de que tratei ha muitos anos, nao tive quaisquer suicidas em minha pratica até agora, Nesse exem- plo, © paciente interrompeu © tratamento depois de duas ou tré: sess6es, antes de cu poder tomar medidas decisivas. Ao examinar mi- nhas experiéncias com 0 maximo senso critico, 0 panorama que se apresenta s6 é paradoxal na aparéncia, Desde que comecei a utilizar a analise do carater, ha cerca de oito anos, s6 perdi trés casos devido a fuga precipitaca, Antes disso, os pacientes fugiam com muito mais freqiiéncia. Isso se explica pelo fato de que, quando as reagdes nega- tivas e narcisistas s4o imediatamente submetidas a andlise, em geral é impossivel a fuga — embora a carga sobre o paciente seja maior. A anilise do earater se aplica a todos os casos, mas seu uso nado & indicado em todos eles. Na verdade, ha circunstincias que profbem formalmente sua aplicagao, Vamos comegar examinande os casos em que ela é indicada, Todos sio determinados pelo grau de incrustagéo. do cariter, isto é, pelo grau e intensidade das reagdes neuréticas que Se tornaram crdnicas e¢ foram incorporadas no ego. A analise do cara- ter é sempre indicada em casos de neuroses compulsivas, em especial naquelas marcadas nao por sintomas claramente definicdos, mas por uma debilidade geral das fungdes; naqueles casos em que os tracos de carater constituem nao s6 0 objeto do tratamento, como também o maior obsticulo a ele. De modo semelhante, ela é sempre indicada em casos de caracteres falico-narcisistas (geralmente esses pacientes tém © costume de ridicularizar todos os esforgos analiticos) e de insa- nidacde moral, de caracteres impulsivos ¢ de pseudologia fantastica. Em pacientes esquizoides ou em esquizofrénicos precoces, uma anali- se do carater extremamente cautelosa mas muito consistente é a con- dig&o prévia para se evitar a irrupcao de pulsdes prematuras e incon- toldveis, porque fortalece as fungdes do ego antes de se ativarem as camadas profundas do inconsciente. Em casos de histeria de angdstia aguda ¢ extrema seria errado comegar com uma anilise consistente da defesa do ego, como des- crevi acima, porque os impulsos do id, nesses casos, estio num esta- do agudo de agitagio, num momento em que o ego ndo esta suficien- temente forte para se fechar contra eles ¢ ligar as energias que flutuam livremente. A angdstia extrema e aguda é evidentemente uma indica- do de que a couraga se quebrou em grande parte, tormando assim su- pérfluo o trabalho imediato sobre © cardter. Em fases posteriores da 120 undlise, quando a angiistia cede lugar a uma forte ligacdo com lista € se tornam visiveis os primeiros indicios de reagoes de lumento, © trabalho analitico do carater ndo pode ser dispen ius no € a tarefa principal nas fases iniciais do tratamento. Em casos de melancolia e de maniaco-depressivos, a aplicagia ou nao da andlise do carater dependera de existir uma exacerbaghy ‘iguda ~ por exemplo, fortes impulsos suicidas ou angistia agud = ou de a apatia psiquica ser o traco dominante. Outro fator importante sera certamente © grau de relagao objetal genital ainda presente, Nui cuso de apatia, € indispensdvel um trabalho analitico do carater, cau tcloso, mas pormenorizado sobre a defesa do ego (agressdo reprimi- da), para se evitar uma anélise interminavel Nao € preciso dizer que o afrouxamento da couraga pode ser fel- (o sempre gradualmente, dependendo nao s6 do caso individual mas também da situacdo individual. Ha muitas maneiras diferentes de se hizer isso: pode-se aumentar ou diminuir a intensidade e a consistén- cia da interpretagio, de acordo com a tenacidade da resisténcia; a profundidade da interpretagao da resisténcia pode ser também au- nientacla ou diminuida; o aspecto negativo ou positivo da transferén- cia pode ter maior relevo, dando-se rédea solta ao paciente, por ve- ves, sem considerar a forga da resisténcia e sem fazer qualquer esfor \o para dissolvé-la, O paciente deve ser preparado para reagoes tera- peuticas violentas quando esta prestes a vivé-las. Se o analista é suli- cientemente clastico em suas interpretagdes e€ em sua influéncia, se Superou sua apreensao € inseguranca iniciais e, acima de tudo, tem grande dose de paciéncia, nao encontrara grandes dificuldades, Nao sera facil aplicar a andlise do cariter a casos incomuns, Oo analista tera de tentar compreender e ser guiado pela estrutura do «go muito lentamente, passo a passo. Devera, certamente, evitar in- lerpretagdes das camadas profundas do inconsciente se quiser se prow teger contra reagdes imprevisiveis desagradaveis. Se evitar as inter pretacoes profundas até que se revelem os mecanismos da defesa do ego, é verdade que tera perdido uma certa quantidade de tempo, mal estard muito mais seguro de saber tratar daquele caso particular. Muitas vezes colegas e analistas principiantes me perguntauran 4 andlise do carater pode ser introduzida quando o paciente apres (a uma situagdo caética ha varios meses. Nao é possivel um julga to final, mas parece que, em alguns casos, de qualquer forma, mudanga de técnica ¢ seguramente acompanhada do éxito, A ap! cto da andlise do carater 6 muito mais facil quando o proprio 4 pode iniciar esse tratamento, mesmo que o paciente tenhi se tido a uma aniilise extensa com outro analista, com pouce nhum resultado. ‘ & importante notar que, na andlise do carater consistente, nao diferenga se 0 paciente tem ou nao qualquer conhecimento intelectua da andlise, Dado que as interpretagdes profundas s6 sao aplicadas d pois que © paciente tenha relaxado sua atitude basica de resisténe abrindo-se a experiéncia afetiva, ele ndo tem oportunidade de de monstrar seus conhecimentos, E se, mesmo assim, ele tentar fazé-lo, isso constituiré apenas uma parcela de sua atitude geral de resisténcii e podera ser desmascarado dentro do esquema de suas outras re: gOes narcisicas, O uso da terminologia analitica nado é impedido, m: simplesmente tratado como defesa e icentificagao narcisica com analista. Qutra pergunta freqtientemente colocada: qual € a porcent de casos em que pode ser iniciada € prosseguida consistentemente andlise do carater? A resposta é: ndo em todos os casos, de qualqu modo; depende muito da pratica, da intuigao e das indicagoes. Du rante os tltimos anos, porém, mais da metade de nossos casos pod ser tratada com a andlise do carater. Isso também possibilitou uni comparagio de métodos intensivos e consistentes com métodos nos rigidos de ai e da resisténcia. Até que ponto é necessaria uma mudanga do carter na andlise até que ponto ela pode ser conseguicla? Fundamentalmente, s6 ha uma resposta para a primeira perg ta: 0 carater neurético deve ser mudado para que deixe de ser a bi de s gozo sexual. A segunda pergunta pode ser respondida empiricamente. grau em que a mudanga conseguida se aproxima do desejado depet de, em cada caso, de um vasto ntimero de fatores. Mudangas de car ter qualitativas nao podem ser realizadas diretamente com os mét dos psicanaliticos existentes. Jamais sera possivel mudar os caracter de compulsivos para histéricos, de paranGides para neurdticos-co pulsivos, de coléricos para fleumiticos ou de sangilineos para mela célicos. Contudo é definitivamente possivel efetuar mudangas qua yativas com mudancas qualitativas aproximadas quando estas atingé determinado grau, Por exemplo, a atitude levemente feminina do ciente neurético-compulsivo intensifica-se cada vez mais durante andlise até assumir as caracteristicas da personalicdade histérico-fet nina, enquanto as atitudes masculino-agressivas enfraquecem. Desse modo, todo © ser do paciente sofre uma “mudanca”, q aparece mais para as pessoas que nao véem o paciente com a me: freqiiéncia que o analista. A pessoa inibida se torna mais livre; a drosa, mais corajosa; a ultraconscienciosa, relativamente menos esét pulosa; a ineserupulosa, mais conscienciosa; mas nunca desapa 122 ‘ijucle “trago pessoal” indefinivel. Este permanece, nao importa quan: » mudangas ocorram. O carater compulsivo ultraconsciencioso tor- W-se orientado para a realidade em sua conscienciosidade; o impulsi- » curado continuard impetuoso, mas menos do que o nao curado; o eiente curaco de insanidade moral nunca levard @ vida demasiado serio e, conseqiientemente, ira sempre pelo caminho mais facil, en- Minto © compulsivo curado tera sempre algumas dificuldades por ist da sua inabilidade. Assim, embora esses tragos persistam mes- » depois cde uma andlise do cardter bem-sucedida, eles permane- ) dentro de limites que nado constrangem a liberdade de movimen- ida a ponto de interferirem na capacidade de trabalho e de

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