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11/02/2015 A família da pós

A família da pós­modernidade: em busca da dignidade perdida
por Cristiano Chaves de Farias
 
“O que gostaria de conservar na família no terceiro milênio são
seus aspectos mais positivos: a solidariedade, a fraternidade, a
ajuda mútua,
os laços de afeto e o amor. Belo sonho”.
(Michelle Perrot)
 
1. Nota prévia: modelando a feição da família.
  Dúvida  inexiste  de  que  a  família,  na  história  dos  agrupamentos  humanos,  é  o  que
precede  a  todos  os  demais,  como  fenômeno  biológico  e  como  fenômeno  social,  motivo  pelo
qual  é  preciso  compreendê­la  por  diferentes
ângulos (perspectivas científicas), numa espécie de
“paleontologia social” [1].
 
                O ser humano supõe­se nascido
inserto no seio familiar – estrutura básica social
– de onde se inicia a moldagem de suas
potencialidades com o propósito da convivência
em sociedade e da busca de sua realização
pessoal.
 
Não se olvide, nessa esteira, que o normal
é  que  na  família  se  sucedam  os  fatos  elementares
da  vida  do  ser  humano,  desde  o  nascimento  até  a  morte.  No  entanto,  além  de  atividades  de
cunho  natural,  biológico,  também  é  a  família  o  ponto  de  partida  fecundo  para  fenômenos
culturais,  tais  como  as  escolhas  profissionais  e  afetivas,  além  da  vivência  dos  problemas  e
sucessos.  Nota­se,  assim,  que  é  nesta  ambientação  primária  que  o  homem  se  distingue  dos
demais  animais,  pela  susceptibilidade  de  escolha  de  seus  caminhos  e  orientações,  formando
grupos elementares onde desenvolverá sua personalidade, na busca da felicidade[2] – aliás, não
só pela fisiologia, como, igualmente, pela psicologia, pode­se afirmar que o homem nasce para
ser feliz.
 
A  família  abandona  um  caráter  natural,  assumindo  uma  nova  feição,  forjada  em
fenômenos culturais, motivo pelo qual RODRIGO DA CUNHA PEREIRA assevera, com total
razão, se tratar de “uma estrutura psíquica e que possibilita ao ser humano estabelecer­se como
sujeito e desenvolver relações na polis”[3].
 
Enfim, no dizer claro da eminente antropóloga CYNTHIA A. SARTI, “a família vai
ser a concretização de uma forma de viver os fatos básicos da vida”[4].
http://www.revistapersona.com.ar/Persona09/9farias.htm 1/9
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Sem  dúvida,  então,  a  família  é  o  fenômeno  humano  em  que  se  funda  a  sociedade,
sendo  impossível  compreendê­la,  senão  à  luz  da  interdisciplinaridade,  máxime  na  sociedade
contemporânea, marcada por relações plurais, aberta e multifacetárias.
 
Destaca ELISABETE DÓRIA BILAC a premente necessidade de uma “abordagem da
família  que  dê  conta  da  complexidade  desse  objeto,  em  nossos  dias”,  a  partir  exatamente  de
“uma construção interdisciplinar”, pois se trata da melhor maneira de vencer a encruzilhada a
que chegaram os estudos sobre a matéria, dada a complexidade natural do tema[5].
 
É  que  o  fenômeno  familiar  “não  é  uma  totalidade  homogênea,  mas  um  universo  de
relações  diferenciadas”[6],  que  atingirão  cada  uma  das  partes  nela  inseridas  de  modo
diferenciado,  necessitando,  via  de  conseqüência,  de  um  enfoque  multidisciplinar  para  a  sua
compreensão global. Do contrário, é possível que se enxergue menos do que a ponta do iceberg.
 
Sobreleva, assim, perceber que as estruturas familiares são guiadas por diferentes modelos,
variantes nas perspectivas espácio­temporal, pretendendo atender às expectativas da própria
sociedade e às necessidades do próprio homem.
 
Induvidosamente, a família traz consigo uma dimensão biológica, espiritual e social,
afigurando­se necessário, por conseguinte, sua compreensão a partir de uma feição ampla,
considerando suas idiossincrasias e peculiaridades, o que exige a participação de diferentes
ramos do conhecimento, tais como a sociologia, a antropologia, a filosofia, a teologia, a
biologia (e, por igual, da biotecnologia e a bioética) e, ainda, da ciência do direito.
 
2.  A  travessia  histórica:  vencendo  águas  revoltas  na  busca  de  uma  arquitetura
familiar contemporânea.
                É inegável que a multiplicidade e variedade de fatores (de diversas matizes) não
permitem fixar um modelo familiar uniforme, sendo mister compreender a família de acordo
com os movimentos que constituem as relações sociais ao longo do tempo e do espaço
cultural.
 
Como  bem  percebeu  a  historiadora  francesa  MICHELLE  PERROT,  “a  história  da
família  é  longa,  não  linear,  feita  de  rupturas  sucessivas”[7],  deixando  antever  a  variabilidade
histórica  da  feição  da  família[8],  adaptando­se  às  necessidades  sociais  prementes  de  cada
tempo, lugar e situação cultural.
 
Calha à espécie a pertinente observação de LUIZ EDSON FACHIN no sentido de que
é  “inegável  que  a  família,  como  realidade  sociológica,  apresenta,  na  sua  evolução  histórica,
desde a família patriarcal romana até a família nuclear da sociedade industrial contemporânea,
íntima ligação com as transformações operadas nos fenômenos sociais”[9].
 
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No devir da família, destaca num momento o modelo patriarcal, hierarquizado[10] e
transpessoal.  Naquela  ambientação  familiar,  necessariamente  matrimonializada,  acostumava
imperar  a  regra  “até  que  a  morte  nos  separe”,  admitindo­se  então  o  sacrifício  da  felicidade
pessoal dos membros da família, em nome da manutenção do vínculo de casamento.
 
Mais ainda, compreendia­se a família como unidade de produção, vigorando os laços
patrimoniais.  Em  muitas  culturas,  as  pessoas  se  uniam  em  família  com  vistas  à  formação  de
patrimônio,  importando  menos  os  laços  afetivos.  Daí  as  dificuldades  para  a  dissolução  do
vínculo,  pois  a  desagregação  da  família  corresponderia  a  desagregação  da  própria  sociedade.
Era  o  modelo  estatal  de  família,  desenhado  com  os  valores  dominantes  naquele  período  da
revolução industrial.
 
O  outono  daquela  compreensão  familiar  era  evidente:  a  sociedade  avançou,  se
preocupando com novos valores, realçando a proteção da pessoa humana e o desenvolvimento
científico  atingiu  limites  nunca  antes  imaginadas,  admitindo­se,  exempli  gracia,  a  concepção
artificial do ser humano, sem a presença do elemento sexual. Nessa perspectiva, ruiu o império
do ter, sobressaindo a tutela do ser. 
 
Os  novos  valores  que  inspiram  a  sociedade  contemporânea  sobrepujam  e  rompem,
definitivamente, com a concepção tradicional de família. A arquitetura da sociedade moderna
traz  um  modelo  familiar  descentralizado,  democrático,  igualitário  e  desmatrimonializado.  O
escopo precípuo da família parece ser a solidariedade social e demais condições necessárias ao
aperfeiçoamento e progresso humano, regida pelo afeto, como mola propulsora.
 
Com efeito, a família tem o seu quadro evolutivo atrelado ao próprio avanço do
homem e da sociedade, mutável de acordo com as novas conquistas da humanidade e
descobertas científicas, não sendo crível, nem admissível, que esteja submetida a idéias
estáticas, presas a valores de um passado distante, nem a suposições incertas de um futuro
remoto. É realidade viva, adaptada aos valores vigentes[11].
 
De forma sintética e clara, GISELDA MARIA FERNANDES NOVAES HIRONAKA
dispara que a família é “entidade histórica, ancestral como a história, interligada com os rumos
e desvios da história ela mesma, mutável na exata medida em que mudam as estruturas e a
arquitetura da própria história através dos tempos”[12].
 
É  lícito,  pois,  concluir  que  entrelaçada  a  feição  da  família  com  o  retrato  da  própria
sociedade,  consideradas  as  circunstâncias  de  tempo  e  lugar,  infere­se,  com  segurança,  a
necessidade de uma compreensão contemporânea, atual, da entidade familiar, considerados os
avanços técnico­científicos e a natural evolução filosófica do homem.
 
É certo e incontroverso que a família caracteriza uma realidade presente, antecedendo,
sucedendo e transcendendo o fenômeno exclusivamente biológico (compreensão setorial), para
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buscar uma dimensão mais ampla, fundada na busca da realização pessoal de seus membros.
 
Composta por seres humanos, decorre, por conseguinte, uma mutabilidade inexorável
na feição da família, apresentando­se sob tantas e diversas formas, quantas forem as
possibilidades de se relacionar (ou tal vez, de expressar o amor). A família, enfim, não traz
consigo a pretensão da inalterabilidade conceitual. Ao revés, seus elementos fundantes variam
de acordo com os valores e ideais predominantes em cada momento histórico.
 
3. Um novo tempo para a família: a sua fotografia na pós­modernidade.
Entre as incontáveis mudanças que se dão no mundo contemporâneo, nenhuma é mais
importante,  nem  sentida  de  forma  tão  intensa,  quanto  aquelas  que  se  desenvolvem  nas  vidas
pessoais  dos  seres  humanos  (na  sexualidade,  no  casamento,  nas  formas  de  expressão  de
afetividade, etc.)[13].
 
Com  o  mesmo  pensar,  a  psicóloga  e  terapeuta  familiar  CRISTINA  DE  OLIVEIRA
ZAMBERLAM dispara que “nunca antes as coisas haviam mudado tão rapidamente para uma
parte tão grande da humanidade. Tudo é afetado: arte, ciência, religião, moralidade, educação,
política,  economia,  vida  familiar,  até  mesmo  os  aspectos  mais  íntimos  da  vida  –  nada
escapa”[14].
 
Desse evidente avanço tecnológico e científico decorrem, naturalmente, alterações nas
concepções jurídico­sociais vigentes no sistema. Vê­se, desse modo, uma passagem aberta
para uma outra dimensão, na qual a família deve ser um elemento de garantia do homem na
força de sua propulsão ao futuro.
 
Nesse  passo,  antevisto  esse  avanço  tecnológico,  científico  e  cultural,  dele  decorre,
inexoravelmente, a eliminação de fronteiras arquitetadas pelo sistema jurídico­social clássico,
abrindo espaço para uma família contemporânea, susceptível às influências da nova sociedade,
que traz consigo necessidades universais, independentemente de línguas ou territórios.
 
Impõe­se,  pois,  necessariamente  traçar  o  novo  eixo  fundamental  da  família,  não
apenas  consentâneo  com  a  pós­modernidade,  mas,  igualmente,  afinado  com  os  ideais  de
coerência filosófica da vida humana.
 
A transição da família como unidade econômica para uma compreensão igualitária, tendente
a promover o desenvolvimento da personalidade de seus membros, reafirma uma nova feição,
agora fundada no afeto, no amor romântico. Seu novo balizamento evidencia um espaço
privilegiado para que os seres humanos se complementem e completem.
 
A  nova  visão  da  família  afirma  “um  relacionamento  baseado  na  comunicação
emocional,  em  que  as  recompensas  derivadas  de  tal  comunicação  são  a  principal  base  para  a
continuação do relacionamento”, na magistral percepção de GIDDENS[15].
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Nesse  passo,  é  mister  afirmar  uma  releitura  dos  elementos  constitutivos  da  família.
Assim, os relacionamentos sexuais e afetivos, a amizade e a relação estabelecida entre pais e
filhos passam a ser compreendidos por uma nova ótica, a partir do turbilhão de mudanças que
se  sucederam  nos  tempos  pós­modernos.  Impõe­se  considerar  o  desenvolvimento
biotecnológico,  a  globalização,  a  derrubada  de  barreiras  culturais  e  econômicas,  etc.,
revolucionando a célula­máter da sociedade.
 
E a comunicação emocional, ou intimidade, apresenta­se como pedra de toque para o
desenvolvimento harmônico das relações familiares. Veja­se que é a partir da interlocução que
os membros das comunidades familiares se aproximam, estreitando os processos de confiança.
 
Outrossim, deixando a família de ser compreendida como núcleo econômico e
reprodutivo (entidade de produção), avançando para uma compreensão sócio­afetiva (como
expressão de uma unidade de afeto e entre­ajuda), surgem, naturalmente, novas representações
sociais, novos arranjos familiares. Abandona­se o casamento como ponto referencial
necessário, para buscar a proteção e o desenvolvimento da personalidade do homem. É a busca
da dignidade humana, sobrepujando valores meramente patrimoniais.
 
Ao colocar em xeque a estruturação familiar tradicional, a contemporaneidade (em
meio às inúmeras novidades tecnológicas, científicas e culturais) permitiu entender a família
como uma organização subjetiva fundamental para a construção individual da felicidade. E,
nesse passo, forçoso é reconhecer que além da família tradicional, fundada no casamento,
outros arranjos familiares cumprem a função que a sociedade contemporânea destinou à
família: entidade de transmissão da cultura e formação da pessoa humana digna.
 
Nesse novo ambiente, averbe­se que é necessário compreender a família como sistema
democrático, substituindo a feição centralizadora e patriarcal por um espaço aberto ao diálogo
entre os seus membros, onde é almejada a confiança recíproca.
 
Forte em GIDDENS, o que se propugna é uma verdadeira democracia das emoções
da vida cotidiana: “uma democracia das emoções é exatamente tão importante quanto a
democracia pública para o aperfeiçoamento da qualidade de nossas vidas”[16].
 
4.  O  grande  desafio  da  contemporaneidade:  garantir  a  realização  e
desenvolvimento da personalidade humana.
Afirmada  essa  nova  feição  familiar,  necessariamente  plural,  aberta,  multifacetária  e
democrática, impende evidenciar a mais importante missão do cientista do novo tempo.
 
O grande desafio da pós­modernidade, no que tange ao aspecto familiar, é identificar
os  caminhos  que  devem  ser  trilhados  para  a  garantia  de  uma  realização  dos  objetivos
originalmente almejados[17].
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Há de se ter na tela da imaginação, nesse panorama, que o problema a se descortinar
em  nossos  olhos  (muitos  ainda  atônitos  pela  velocidade  com  que  se  operam  os  avanços  da
tecnologia e da evolução social) não é mais o de reconhecer os novos modelos familiares, mas
sim,  protegê­los.  Não  se  trata  mais  de  conceber  a  existência,  ou  não,  de  novos  modelos  de
grupos familiares originados desses avanços tecnológicos, científicos, culturais e (por que não?)
humanos.  Sua  existência  e  visibilidade  são  uma  realidade  inegável.  Negá­los  seria  fechar  os
olhos a uma realidade concreta e presente e, assim, por via oblíqua, negar a própria inteligência
e capacidade humanas.
 
A grande questão que afigura­se­nos é a proteção a ser conferida aos novos modelos
familiares e, por via oblíqua, aos cidadãos.
 
Com a lição precisa de TEPEDINO, a preocupação central de nosso tempo é com “a
pessoa humana, o desenvolvimento de sua personalidade, o elemento finalístico da proteção
estatal, para cuja realização devem convergir todas as normas de direito positivo, em particular
aquelas que disciplinam o direito de família, regulando as relações mais íntimas e intensas do
indivíduo no social”[18].
 
E reconheça­se que o ponto de partida para tanto deve estar, sempre, no conceito de
cidadania[19].  Isso  porque  a  cidadania,  concebida  como  elemento  essencial,  concreto  e  real,
para servir de centro nevrálgico das mudanças paradigmáticas da sociedade, será a ponte, o elo
de ligação, com o porvir, com os avanços de todas as naturezas, com as conquistas do homem
que se consolidam. Será a afirmação de uma sociedade mais real, humana e, por conseguinte,
mais justa.
 
Nenhum reflexo de novos temas ou avanços sociais poderá colidir ou afrontar a idéia
de  cidadania,  que  se  constitui  marco  fundamental,  pedra  angular,  dessas  novas  relações
jurídicas, como, inclusive, ressaltado pelo Art. 1º, inciso III, da Magna Charta, que estabelece
como  princípio  fundamental  da  República  brasileira  a  dignidade  da  pessoa  humana.  Esse  o
ponto de partida.
 
Predomina, assim, um modelo familiar eudemonista, afirmando­se a busca da
realização plena do ser humano. Aliás, constata­se, finalmente, que a família é o locus
privilegiado para garantir a dignidade humana e permitir a realização plena do ser humano.
 
Eleito como princípio fundamental da República, a dignidade da pessoa humana, de
forma revolucionária, veio a se coadunar com a nova feição da família, passando a garantir
proteção de forma igualitária todos os seus membros e descendentes.
 
Vale invocar o escólio, sempre oportuno, de GUSTAVO TEPEDINO, grande
referência do Direito Civil brasileiro contemporâneo, alertando que a noção conceitual de
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família se amolda ao cumprimento de sua função social, renovando­se sempre como “ponto de
referência central do indivíduo na sociedade; uma espécie de aspiração à solidariedade e à
segurança que dificilmente pode ser substituída por qualquer outra forma de convivência
social”[20].
 
Deste modo, avulta afirmar, como conclusão lógica e inarredável, que a família
cumpre modernamente um papel funcionalizado, devendo, efetivamente, servir como ambiente
propício para a promoção da dignidade e a realização da personalidade de seus membros,
integrando sentimentos, esperanças e valores, servindo como alicerce fundamental para o
alcance da felicidade.
 
5. Notas conclusivas: a Família enquanto LAR – Lugar de Afeto e Respeito.
A entidade familiar deve ser entendida, hoje, como grupo social fundado,
essencialmente, por laços de afetividade, pois à outra conclusão não se pode chegar à luz do
texto constitucional.
 
“Mais  que  fotos  nas  paredes,  quadros  de  sentido,  possibilidades  de  convivência”,
como desfecha com sensibilidade aguçada FACHIN.[21]
 
Nesta linha de intelecção, fácil detectar­se, com segurança, que a família da pós­
modernidade é forjada em laços de afetividade, sendo estes sua causa originária e final, com o
propósito de servir de motor de impulsão para a afirmação da dignidade das pessoas de seus
componentes.
 
Prestigia­se a família como instrumento, como “meio para a realização pessoal de
seus membros. Um ideal ainda em construção”, como assinala ROSANA AMARA GIRARDI
FACHIN, em excelente monografia acerca do tema[22].
 
E a radiografia do presente é o descortino do porvir: as mudanças que se operam – e
continuarão a se operar – no âmbito da família evidenciam que só se justifica a estruturação da
sociedade em núcleos familiares se, e somente se, for encarada como refúgio para a realização
da pessoa humana, como centro para a implementação de projetos de felicidade pessoal e para
a concretização do amor.
 
Enfim, o que se há de afirmar do desenho da família na contemporaneidade é de
núcleo fecundo para o desenvolvimento dos aspectos mais positivos do ser humano, como a
solidariedade, a ajuda recíproca, a troca enriquecedora e os laços afetivos. Um verdadeiro LAR:
um Lugar de Afeto e Respeito[23].
 
Belo sonho, que precisa ser sonhado por muitos, pois, como disse o poeta, sonho que
se sonha só, é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade.
 
http://www.revistapersona.com.ar/Persona09/9farias.htm 7/9
11/02/2015 A família da pós

Bibliografia.
BILAC, Elisabete Dória. “Família: algumas inquietações”, In CARVALHO, Maria do
Carmo Brant de (org.). A família contemporânea em debate, São Paulo: Cortez, 2000.
COLARES, Marcos. “O que há de novo em Direito de Família?”, Revista Brasileira
de Direito de Família, Porto Alegre: Síntese, n. 4, jan./mar.2000.
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[1] Nesse diapasão, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, cf. Direito Civil – Alguns aspectos
de sua evolução, cit., p.167.
[2] É, portanto, a inserção definitiva da família no terreno da cultura, desprendendo de velhos
conceitos biológicos. A respeito do tema, CLAUDE LEVY­STRAUSS, com rara sensibilidade,
já percebia o fenômeno de desnaturalização da família,  retirando­a  do  campo  biológico,  para
encartá­la na seara cultural, a partir da compreensão do parentesco a partir de um laço social,
desatrelado  do  fato  biológico,  cf.  Les  structures  élémentaires  de  la  parenté,  Paris:  Mouton,
1967.
[3] Cf. Direito de Família: uma abordagem psicanalítica, cit., p.35.
[4] Cf. “Família e individualidade: um problema moderno”, cit., p.40.
[5] Cf. “Família: algumas inquietações”, cit., p.37.
[6] Cf. SARTI, Cynthia A., “Família e individualidade: um problema moderno”, cit., p.39.
[7] Cf. “O nó e o ninho”, cit., p.75.
[8] Com  o  mesmo  pensar,  a  Profa.  ELISABETE  DÓRIA  BILAC  afirma  que  “a  variabilidade
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11/02/2015 A família da pós

histórica  da  instituição  família  desafia  qualquer  conceito  geral”,  cf.  “Família:  algumas
inquietações”, cit., p.31.
[9] Cf. Elementos críticos de Direito de Família, cit., p.11.
[10] O mestre CAIO MÁRIO nota que a família “sofreu no curso da história sensível alteração
estrutural,  partindo  de  que  num  certo  momento  compreendia  todas  as  pessoas  agrupadas  em
torno de um chefe comum”, cf. Direito Civil – Alguns aspectos de sua evolução, cit., p.170.
[11] Daí a arguta observação de BONNECASE proclamando que a família deve suportar a lei
da evolução: “mais la lois de l’évolution a opere dans le domaine de famille comme dans tous
lês  autres”,  cf.  La  philosophie  du  Code  Napoléon  appliquée  au  Droit  de  Famille,  Paris:
Boccard, 1928, p.11.
[12] Cf. Direito Civil – Estudos, cit., p.17.
[13]  Com  idêntico  raciocínio,  ANTHONY  GIDDENS,  cf.  Mundo  em  descontrole  –  o  que  a
globalização está fazendo de nós, cit., p.61.
[14] Cf. Os novos paradigmas da família contemporânea, cit., p.11.
[15] Cf. Mundo em descontrole – o que a globalização está fazendo de nós, cit., p.70.
[16] Cf. Mundo em descontrole – o que a globalização está fazendo de nós, cit., p.72.
[17]  Nessa  esteira,  a  conclusão  de  ELISABETE  DÓRIA  BILAC,  inclusive  com  referência 
doutrina ianque, cf. “Família: algumas inquietações”, cit., p.29.
[18] Cf. Temas de Direito Civil, cit., p.326.
[19]  FACHIN,  com  habitual  proficiência,  leciona  que  o  “conceito  de  cidadania  pode  ser  o
continente que irá abrigar a dimensão fortificada da pessoa no plano de seus valores e direitos
fundamentais. Não mais, porém, como um sujeito de direitos virtuais, abstratos ou atomizados
para  servir  mais  à  noção  de  objeto  ou  mercadoria”,  cf.  Teoria  Crítica  do  Direito  Civil,  cit.,
p.330.
[20] Cf. Temas de Direito Civil, cit., p.326.
[21] Cf. Elementos críticos de Direito de Família, cit., p.14.
[22] Cf. Em busca da família do novo milênio, cit., p.141.
[23] A expressão é de RODRIGO DA CUNHA PEREIRA & MARIA BERENICE DIAS, cf.
Direito de Família e o novo Código Civil, Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p.xi.

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