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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Licenciatura em Pedagogia
Modalidade a Distância
Cuiabá – MT
2011
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Fernando Haddad
Ministro da Educação
Celso Costa
Diretor da UAB
Carlos Rinaldi
Coordenador UAB/UFMT
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Licenciatura em Pedagogia
Modalidade a Distância
Cuiabá – MT
2011
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Conselho Editorial :
Ficha Catalográfica
C331e
CDU 37
Instituto de Educação
Núcleo de Educação Aberta e a Distância
Av. Fernando Correa da Costa, 2.367
Campus Universitário
Cuiabá, MT
Tel: 65 3615-8438 / 3628-2819
www.nead.ufmt.br
Sumário
INTRODUÇÃO 7
1 ESCOLA INCLUSIVA 13
1.1 A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 17
1.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: ASPECTOS
HISTÓRICOS E AMPARO LEGAL 21
1.2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 28
FINALIZANDO 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85
INTRODUÇÃO
Educação Inclusiva 7
Este fascículo tem como objetivo discutir a Educação Inclusiva
especificamente no que se refere à educação de crianças com necessidades
especiais. Pretende refletir sobre as mudanças sociais e educacionais
desencadeadas pelo paradigma da inclusão, compreender as necessidades
educativas especiais de crianças com deficiência, com transtornos globais de
desenvolvimento ou com superdotação/altas habilidades, visando oferecer
contribuições para a prática docente referenciada no contexto
familiar/social/escolar.
Apresenta inicialmente as representações existentes ao longo das
épocas sobre a deficiência, o processo histórico de construção de um sistema
educacional inclusivo, seus aspectos ideológicos, metodológicos e legais. Na
sequência, discorre sobre o surgimento do conceito de necessidades
educativas especiais, as consequências educacionais dele advindas, sua
caracterização - tipos de necessidades educativas especiais e suas
especificidades quanto ao desenvolvimento e aprendizagem infantil. Dando
continuidade, é desencadeada uma reflexão sobre a dinâmica familiar e a
relação pais/criança com necessidades especiais e a relação de
complementaridade que deve existir entre família e escola na busca do
desenvolvimento das potencialidades da criança.
O fascículo Educação Inclusiva deve ser compreendido na interlocução
com os demais fascículos deste Núcleo de Estudos, no que diz respeito a
Políticas Públicas, Gestão Educacional, Trabalho Pedagógico e Organização
do Espaço Escolar, com vista à criação de uma cultura educacional de
acolhimento às diferenças e à previsão de recursos e planejamento de
atividades que favoreçam o atendimento de crianças com necessidades
educativas especiais. Com o fascículo que explora o Desenvolvimento e
Aprendizagem na Infância, o diálogo pode ser mantido visto que as
contribuições do interacionismo e sociointeracionismo à Educação Infantil são
também utilizadas para explicar o desenvolvimento de crianças com
deficiência, com transtorno global de desenvolvimento e com
superdotação/altas habilidades.
Nessa vertente, espera-se que o estudante seja estimulado a analisar a
criança em suas especificidades e diante do contexto social, escolar e familiar
como um ser em formação. Espera-se também que o estudante, ao
compreender a escola como um ambiente rico em oportunidades e ao mesmo
tempo permeado por contradições, possa ser desafiado a buscar melhorias
no sentido de atender às diferentes necessidades dos alunos agindo a partir
do principio de que boas escolas são boas escolas para todos os alunos.
Começaremos nossa conversa com uma pergunta que norteia toda a
discussão deste fascículo.
Educação Inclusiva 9
O termo inclusão, segundo o dicionário Aurélio, indica uma relação de
pertencimento. Lima (2006) acrescenta que nós, seres humanos, estamos
incluídos na sociedade por uma relação de pertencimento, baseada no
princípio da igualdade. No entanto, ao mesmo tempo em que há algo que nos
aproxima e que nos identifica como seres humanos, há algo que também nos
diferencia enquanto pessoas.
10 Educação Inclusiva
parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a
equiparação de oportunidades para todos. (Sassaki, 1997:3)
O referido autor aponta ainda que a sociedade deve ser modificada a
partir do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às
necessidades de seus membros. Cabe a ela eliminar as barreiras físicas,
programáticas e atitudinais para que todas as pessoas possam ter acesso
aos serviços, lugares, informações e bens necessários a seu
desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional.
Educação Inclusiva 11
1 ESCOLA INCLUSIVA
Educação Inclusiva 11
A educação é um fenômeno social complexo, uma vez que toda
organização e funcionamento da sociedade constituem uma situação
educativa, à medida que representam as manifestações das produções e
criações humanas veiculadas por meio das relações sociais.
Segundo Marinho Araujo (2005), a origem da educação se confunde com
as origens do próprio homem, quando os processos educativos coincidiam
com o próprio ato de viver e sobreviver; também na cultura e nos processos
da socialização o fenômeno educativo está presente, em dimensões
diferentes, em virtude de suas finalidades e da natureza de cada contexto.
Educar, em seu sentido amplo, origina-se do latim “educatio” que, além de
instrução, também significa ação de criar, alimentar, alimentação, criação.
Para Codo e Vasques Menezes (1999:43), “educar é um ato mágico e
singelo de realizar uma síntese entre o passado e o futuro... é o ato de
reconstruir os laços entre o passado e o futuro, ensinar o que foi para inventar
e re-significar o que será”.
A educação, a partir da Idade Média, tornou-se produto da escola:
pessoas se especializaram na tarefa de transmitir o saber e espaços
específicos passaram a ser reservados para essa atividade. Com as
revoluções do século 18 e 19, a escola passou por transformações, cuja
principal delas é a tendência à universalização, ou seja, ela deveria, pelo
menos em tese, atender a todas as crianças da sociedade.
A relação entre educação e escola é estreita, pois a escola, ao transmitir
a cultura e, com ela, modelos sociais de comportamento e valores morais,
permite que a criança se humanize, se socialize e se eduque, apresentando-
se como uma das mais importantes instituições sociais, por fazer a mediação
entre o indivíduo e a sociedade.
Para Bock (2000), após muitas transformações a escola adquiriu as
características que possui hoje em nossa sociedade: uma instituição da
sociedade, trabalhando a serviço desta sociedade e por ela sustentada a fim
de responder a necessidades sociais. Como instituição social estabelece um
vinculo ambíguo com a sociedade, pois é parte dela e por isso trabalha para
ela formando os indivíduos necessários à sua manutenção.
Para muitos autores, a escola ao longo dos tempos veio confirmando o
modelo de sociedade no qual está inserida, e quanto mais seletiva for essa
sociedade, mais seletiva será a escola. Escola e sociedade criaram
mecanismos de ordenação, classificação e hierarquização, colocando de um
lado os que usufruem dos bens sociais, e de outro os que estão à margem
destes bens ou os recebem como benefício, dádiva, benevolência. Definiram
assim seus códigos de acesso e determinaram segundo Pinto (1999), os que
aprendem e os que não aprendem, os que aprendem mais e os que
aprendem menos, os que podem ter percurso educacional e os que devem
ser retidos, os que recebem certificação e os que não recebem ou merecem
certificação, os que têm condição de frequentar a escola e os que não têm.
Dessa forma, o mesmo movimento que produziu a exclusão gerou, tanto
Educação Inclusiva 15
no âmbito da sociedade quanto no âmbito da escola, o seu contrário – o
movimento em prol da inclusão.
Se a tarefa da escola é zelar pelo desenvolvimento da sociedade, para
que isso aconteça ela precisa criar indivíduos capazes de produzir riquezas,
de criar, de inventar, inovar e transformar. O movimento pró-inclusão abre
essa brecha, pois possibilita o surgimento de uma escola crítica, inovadora e
transformadora.
O movimento pela escola inclusiva é parte de outros movimentos sociais
que lutam pela construção de uma sociedade mais justa e solidária,
reconhecendo as diferenças entre os diferentes sujeitos sociais e a
necessidade da sociedade e suas instituições se organizarem para atender a
estas diferenças como fundamento da igualdade de direitos.
Quando a sociedade faz opção de construir uma sociedade para todos,
pelo usufruto dos bens sociais por todos, esta opção vai refletir no modelo de
escola que a sociedade irá desenvolver. De acordo com Pinto (1999), embora
a escola não seja a única instituição capaz de realizar grandes
transformações sociais e de ser incapaz de fazê-lo isoladamente, ela é um
dos instrumentos mais importantes no processo de construção da sociedade
inclusiva.
A construção de uma escola para todos não tem caminhos prontos. Os
caminhos são construídos através das rupturas com práticas cotidianas que
se dão no interior de cada escola, de cada comunidade, às macrodecisões
políticas.
16 Educação Inclusiva
A ESCOLA FAZ A MEDIAÇÃO INDIVÍDUO / SOCIEDADE
Educação Inclusiva 17
resistência à aceitação social das pessoas com deficiência, demonstrando
que suas vidas eram ameaçadas.
Segundo Bianchetti (1998), até para os povos primitivos as pessoas com
deficiência representavam um empecilho. Isso porque, em função desses
povos serem considerados nômades, o suprimento de suas necessidades
básicas estava totalmente ligado à natureza, pois era dela que retiravam os
alimentos e o abrigo necessários para a sobrevivência. Sendo assim, cada
indivíduo deveria estar apto para buscar o sustento e a proteção tanto para si
como para seu grupo. As pessoas deficientes, por sua vez consideradas
dependentes dos outros, acabavam sendo relegadas e abandonadas ao
longo do caminho.
Na época antiga, Pessotti (1984) relata que abandono e negação da vida
aos deficientes eram atitudes amplamente evidenciadas entre os gregos, que
adotavam a filosofia da eugenia, buscavam a purificação da raça, valorizavam
o ideal de beleza, força e perfeição física, primando por uma sociedade
guerreira. Os deficientes nesse contexto, eram considerados pessoas sub-
humanas e incompatíveis com os ideais cultuados por essa civilização,
portanto não merecedores da vida.
Correia (1997) afirma que nessa época, já existiam políticas extremas de
exclusão de crianças deficientes, pois, em Esparta, essas crianças eram
abandonadas em montanhas. Como indica Misés (1977:14) em Roma,
18 Educação Inclusiva
Para o moralismo cristão-católico, de acordo com Bianchetti (1998), a
diferença e o pecado eram sinônimos, e estavam intimamente ligados.
Dessa associação, começa a ser enfatizada a segregação e a
estigmatização do deficiente, uma vez que a pessoa que não se enquadra
nos padrões de normalidade da época, ganha o direito à vida, no entanto
uma vida isolada.
No final da Idade Média e início da Idade Moderna, organizações
religiosas, como as Santas Casas de Misericórdia e Irmandades de Caridade,
começam a oferecer assistência e abrigo aos deficientes, trazendo subjacente
a concepção de ajuda aos necessitados, derivada dos ideais cristãos. O
deficiente passa assim a merecer cuidados, mas deve permanecer segregado
nessas instituições.
Na Idade Moderna, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a
deficiência deixa de sofrer o controle da Igreja e torna-se objeto de estudo da
medicina.
Sob a ênfase de filosofias humanistas e da valorização do ser humano,
iniciam-se as primeiras investigações sobre a excepcionalidade, dando
prioridade aos aspectos médicos/orgânicos tais como hereditariedade,
etiologia, descrição e caracterização de quadros típicos, distorções
anatômicas.
Os estudos acerca da excepcionalidade desenvolvidos nos séculos XV e
XVI, no dizer de Bianchetti (1998), perdem a visão teológica da diferença e
fortalecem as bases teóricas para uma interpretação organicista da
deficiência, ressaltando a visão fatalista da diferença, que leva ao
pensamento de que pouco poderia ser feito com esses indivíduos. Por
influência de uma visão mecanicista, o corpo passa a ser concebido como
uma máquina e, consequentemente, a deficiência encarada como a disfunção
de alguma peça dessa máquina. Dessa forma, a deficiência passa então a ser
representada pelo enfoque patológico, e a ser entendida como sinônimo de
doença.
Os pesquisadores da época concordavam com uma visão inatista da
deficiência e, assim, a solução seria segregar as pessoas deficientes, visto
que representavam um perigo para si e para a sociedade.
Nos séculos XVIII e XIX, estudiosos como Itard, Seguin, Montessori e
Pestalozzi, buscaram ultrapassar a concepção inatista da deficiência e,
embora com preocupações assistencialistas e com ênfase no aspecto
médico-terapêutico, esboçaram interesse pela educação dessas pessoas,
tentando encontrar condições que viabilizassem a educabilidade desses
indivíduos que, dadas as suas diferenças, não se enquadram nos padrões
considerados normais.
Jiménez (1993), citado por Cardoso (2004), indica que nessa época teve
inicio, nos países escandinavos e na America do Norte o período de
Institucionalização Especializada das pessoas com deficiências.
A partir de então
Educação Inclusiva 19
- surgiu a Educação Especial
20 Educação Inclusiva
A partir desses apontamentos, de inúmeras críticas e estudos realizados
verificou-se que
Educação Inclusiva 21
marcada por iniciativas oficiais e particulares isoladas, com a criação de
escolas especializadas.
Ano Instituições
Sociedade Pestalozzi
1926 em
APAE
diante
Centros de Reabilitação
Ano Campanhas
22 Educação Inclusiva
- os direitos do cidadão
- o respeito e direito de ser diferente
Educação Inclusiva 23
termino do processo é que o atendimento educacional é realizado com vista à
superação das habilidades falhas.
1973 – Dá-se a criação do Centro Nacional de Educação Especial
(CENESP) ligado ao Ministério da Educação e Cultura - MEC, com a
finalidade de promover em todo o território nacional a expansão e melhoria do
atendimento aos excepcionais. Esse foi transformado, em 1986, em
Secretaria de Educação Especial.
Na década de 70, segundo Ribeiro (2003), a escola brasileira adotou o
forte discurso da democratização do ensino, aumentando o número de alunos
matriculados, de todas as camadas sociais, o que gerou as primeiras
preocupações com o fracasso escolar, principalmente de grupos minoritários.
24 Educação Inclusiva
encontravam as pessoas com deficiência nos Centros de Educação Especial.
Glat e Fernandes (2005: 37) assinalam que, no âmbito das políticas
educacionais, a Integração teve como objetivo
Educação Inclusiva 25
O documento, ao fornecer a orientação de que a Educação
Especial deve funcionar separadamente da Educação Regular,
desencadeia a necessidade de pensar em:
26 Educação Inclusiva
Integração: contra ou a favor?
Educação Inclusiva 27
políticas públicas, nos objetivos e na qualidade dos serviços de atendimento a
esta clientela.
Fez também com que novos campos de investigação fossem
desenvolvidos, voltados para:
28 Educação Inclusiva
acentuada desigualdade social, é realizada em Jomtien, na Tailândia, a
Conferência Mundial sobre Educação para Todos.
1990 - A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Plano de Ação
para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem, produto da
Conferencia acima citada, destaca entre outros aspectos, a necessidade de
INCLUSÃO
É um movimento mundial desencadeado em defesa do direito de
todos os alunos estarem juntos, aprendendo e participando, sem
nenhum tipo de discriminação.
Educação Inclusiva 29
com a UNESCO, para analisar as mudanças fundamentais de políticas
necessárias ao favorecimento da educação inclusiva, capacitando as escolas
para atender a todas as crianças, sobretudo às que têm necessidades
educativas especiais. Desse encontro temos a Declaração de Salamanca e
Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais, que apresenta
as novas ideias sobre esse assunto, as diretrizes de ação a serem colocadas
em prática tanto no plano internacional como no nacional e regional.
A seguir, alguns pontos desse documento:
30 Educação Inclusiva
comuns do ensino regular àqueles que possuem condições de acompanhar e
desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no
mesmo ritmo que os alunos ditos normais.
Observa-se que, ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de
padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não provoca
uma mudança das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados
os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mas mantêm a
responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da
educação especial, funcionando ainda separadamente da educação regular.
1996 - Na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-Lei
9394, a educação especial é entendida como modalidade de educação
escolar que deveria ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino
para pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais. Para
elas, estão previstos, quando necessários, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às suas especificidades. O atendimento
educacional deve ser realizado em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,
não for possível a sua participação nas classes de ensino comum. Essa lei
prevê ainda que os sistemas de ensino assegurem aos educandos com
necessidades especiais currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica para atender às suas necessidades, bem como
professores capacitados nos diversos níveis de ensino para essa finalidade.
1998 - é apresentado o documento intitulado Parâmetros Curriculares
Nacionais: adaptações curriculares e estratégias de educação para alunos
com necessidades educacionais especiais, destinado aos professores do
ensino fundamental, com a intenção de ampliar e aprofundar um debate
educacional que envolva escolas, pais, governos, sociedade, promova às
adaptações necessárias e dê origem a um processo de transformação
positiva no sistema educativo brasileiro.
1999 - o Decreto nº 3.298 regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre
a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Em
seu artigo 24, dentre outros aspectos, assinala que o sistema educacional
deve assumir a Educação Especial como modalidade de educação
escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades
de ensino, assim como a oferta obrigatória e gratuita, da educação especial,
em estabelecimentos públicos de ensino.
2000 - A Lei 10.098 estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida.
2001 - Temos:
Educação Inclusiva 31
2- Resolução CNE/CEB nº 2, que institui as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica e apresenta a Educação
Especial como modalidade da educação escolar, como um processo
educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure
recursos e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em
alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a
garantir a educação escolar e a promover o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades
educacionais especiais.
32 Educação Inclusiva
2002 - Temos:
Educação Inclusiva 33
da transversalidade da educação especial, nos diferentes níveis, etapas e
modalidades de ensino, não se estruturou na perspectiva da inclusão e do
atendimento às necessidades educacionais especiais.
Para a implementação do PDE é publicado o Decreto nº 6.094/2007, que
estabelece a garantia do acesso e permanência no ensino regular e o
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos,
fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas.
2008 – É apresentada a nova Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, que entende a Educação Especial como
34 Educação Inclusiva
O AEE deve
- integrar a proposta pedagógica da escola,
- envolver a participação da família ,
- ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.
Educação Inclusiva 35
Antiguidade Idade Média Idade Moderna Atualidade
Significado
da deficiência
Tipo de atendimento
oferecido
36 Educação Inclusiva
2 NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Ao longo das épocas, inúmeros termos foram utilizados para identificar,
designar e categorizar as pessoas que não se enquadravam nos padrões de
normalidade estabelecidos pela sociedade, reforçando muitas vezes práticas
de exclusão social. No entanto, nos últimos anos, mudanças importantes
estão ocorrendo na terminologia utilizada para denominar as pessoas que
possuem uma deficiência. Para Telford e Sawrey (1987), “a tendência atual é
empregar termos menos estigmatizantes, mais gentis e menos carregados
emocionalmente, em substituição aos mais antigos, que adquiriram
conotações de desamparo e desesperança”.
Como exemplo, temos a expressão necessidades educacionais especiais
que vem sendo amplamente utilizada para distinguir os indivíduos em suas
singularidades. Segundo Marchesi e Martin (1995), o conceito de
necessidades educacionais especiais – NEE - se refere ao aluno que
apresenta algum problema de aprendizagem no decorrer de sua
escolarização, exigindo atenção mais específica e maiores recursos
educacionais dos que os necessários para os colegas de sua idade.
O documento intitulado Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações
Curriculares / Estratégias para a Educação de Alunos com Necessidades
Educacionais Especiais (1998), adota a expressão para referir-se a crianças e
jovens cujas necessidades especiais decorrem de uma elevada capacidade
para aprender ou de uma dificuldade de aprendizagem que pode ou não estar
vinculada a deficiência. São necessidades que podem ser temporárias (ou
não), fazendo com que a criança precise de atenção específica, da utilização
de recursos educacionais diferenciados, a fim de que alcance os objetivos
preestabelecidos para sua aprendizagem.
É importante observar que esta concepção não nega que os alunos
tenham problemas em seu desenvolvimento, no entanto a ênfase do processo
educativo consiste em oferecer a eles uma MEDIAÇÃO. Sendo assim, para
Cardoso (2004) a escola precisa analisar o potencial de aprendizagem do
aluno, como sujeito integrado em um sistema de ensino regular e, ao mesmo
tempo, avaliar quais os recursos que esse aluno necessita para que sua
evolução seja satisfatória.
Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e
diversificadas, a Política Nacional de Educação Especial (2008) aponta
para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento
educacional especializado a ser oferecido. Na perspectiva da Educação
Inclusiva, a Educação Especial integrada à proposta pedagógica da escola
regular deve promover o atendimento às necessidades educacionais
especiais de alunos com:
Educação Inclusiva 39
2.1 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
40 Educação Inclusiva
desenvolvido em determinados aspectos que seus companheiros,
mas um sujeito que se desenvolve de uma outra maneira. Sua
análise possibilita uma compreensão dialética do
desenvolvimento, na qual os aspectos tidos como normais e
especiais se interpenetram constituindo os sujeitos portadores de
deficiencia.
Educação Inclusiva 41
limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos
corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. (MEC, 2006)
42 Educação Inclusiva
um programa de estimulação precoce ou essencial. É de suma importância
estimular o bebê o mais cedo possível, com o objetivo de desenvolver suas
capacidades e sua independência nas atividades cotidianas, de acordo com a
fase de desenvolvimento em que ele está.
As crianças com paralisia cerebral podem apresentar uma série de
alterações na evolução de seu desenvolvimento psicomotor, da linguagem e
da interação social derivadas, de forma direta ou indireta, de seu prejuízo
neuromotor.
Considerando que a maior parte das habilidades que a criança adquire
ao longo do seu desenvolvimento tem um componente motor, a criança com
deficiência física poderá apresentar dificuldades para andar, manipular
objetos, participar de brincadeiras, falar, escrever e ter sua vivência social
reduzida, necessitando assim da mediação do adulto para que possa
participar de forma construtiva do ambiente familiar e social.
A autora ressalta que é significativo observar que essa criança nem
sempre consegue produzir os gestos valorizados socialmente (acenar, jogar
beijo, bater palmas) aos quais é atribuído um valor comunicativo, passando a
não obter, por parte das pessoas, a atenção necessária na troca de
informações e afetos. Sendo assim, o défice comunicativo poderá trazer
consigo limitações tanto para o desenvolvimento cognitivo dessa criança
como para seu desenvolvimento social e de personalidade.
A escola desempenhará papel vital no acolhimento dessa criança que,
embora com dificuldade de locomoção, apresenta curiosidade e desejo de
participar das atividades propostas, necessitando, para isso, de estimulação
intensificada, do atendimento especializado e das adaptações necessárias à
sua aprendizagem e desenvolvimento. É na escola que a criança aprende a
confiar em si mesma, percebendo que é capaz de realizar a maioria das
atividades, embora levando um pouco mais de tempo.
Na fase inicial de aprendizagem da leitura, da escrita e do cálculo, a
diferença entre o desempenho cognitivo das crianças com deficiência física e
crianças não deficientes é pequena, em geral seu desenvolvimento intelectual
é semelhante, principalmente se a criança teve uma estimulação adequada.
Sendo assim, ela precisará apenas de auxílio para se locomover, adaptações
arquitetônicas que facilitem o acesso a todos os ambientes da escola,
adaptações que possibilitem o manuseio do material escolar e ter seu ritmo
de aprendizado respeitado.
Segundo Basil (1995), o educador de um aluno com deficiência física
precisa considerar que tem, diante de si, sobretudo um aluno que deve
ajudar, como aos demais, a aproveitar ao máximo suas potencialidades de
desenvolvimento, para viver uma vida o mais independente, intensa e feliz
possível. As necessidades especiais destes alunos devem ser vistas muito
mais como um desafio do que como um obstáculo.
Para favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento da criança com
deficiência física, muitas vezes é necessário que o professor utilize recursos
Educação Inclusiva 43
materiais diferenciados, que vão possibilitar a execução das atividades por
parte do aluno. A tecnologia assistiva tem sido uma forma de facilitar esse
processo.
44 Educação Inclusiva
2.1.2 SURDEZ
Educação Inclusiva 45
diferença, o qual faz uso de uma língua visual-gestual e,
consequentemente, de uma cultura própria. Considera-se nesta
visão o respeito à Língua de Sinais, enquanto língua natural e de
direito do surdo.
46 Educação Inclusiva
estimulação sensorial, as atividades comunicativas e
expressivas, o desenvolvimento simbólico, a
participação dos pais, a utilização dos resíduos
auditivos da criança, favorece a supressão de
limitações que a perda auditiva acarreta.
Educação Inclusiva 47
mais tarde dele se apropriará, transformando o agarrar em apontar.
(Vigotsky, 1984)
Interagir com outras pessoas e construir sua linguagem são condições
imprescindíveis para que o indivíduo possa apropriar-se da cultura e se
constituir como sujeito. Se o sujeito surdo vai ter muito mais dificuldades que
o ouvinte para dominar a linguagem oral, é provável que ele fique defasado
em relação àquele, no que se refere à apropriação cultural, caso lhe seja
negado o acesso à linguagem de sinais.
Embora não se possa afirmar que a surdez afete o desenvolvimento
intelectual do indivíduo, provoca nele, sem dúvida, dificuldades de
conceituação, pela ausência de código linguístico normalmente usado no
contexto social dos ouvintes. O pensamento em decorrência se organiza de
forma bem distinta da usual dos ouvintes, da mesma idade, devido à privação
da audição ou por experiências frustrantes vividas pelos surdos no contexto
sociofamiliar.
48 Educação Inclusiva
A língua de sinais é uma linguagem visual-espacial, na qual os
gestos são traçados no espaço para serem vistos.
Ela tem parâmetros próprios, tem uma organização de escrita
peculiar, apresenta gramática própria, diferente do português oral ou
escrito.
Educação Inclusiva 49
A aquisição da escrita deve ser, assim, um processo autônomo em
relação à língua de sinais. Essa aquisição, apesar de difícil, não é impossível.
A escrita inicial não se apoiará no português oral, e sim na língua de sinais e,
em seguida, no português escrito.
Para que haja inclusão da criança surda, é necessário o atendimento das
necessidades especiais apresentadas por ela; os problemas de comunicação
precisam ser contornados e a presença do professor titular que conhece a
língua de sinais ou do professor intérprete, é essencial.
50 Educação Inclusiva
2.1.3 DEFICIÊNCIA VISUAL
Educação Inclusiva 51
Aproximadamente, 80% dos nossos conhecimentos chegam até
nós pelos olhos, que podem ser considerados a nossa “janela para o
mundo”.
52 Educação Inclusiva
desenvolvimento geral, com repercussões educacionais, emocionais e
sociais, que continuam ao longo da vida se não houver o atendimento e, se
for o caso, o tratamento adequado o mais cedo possível. Quando a pessoa
perde a visão mais tarde na vida, ela guarda memórias visuais – cores,
paisagens, objetos, rostos – e isso é útil para sua readaptação.
Rosa e Ochaitá, (1995) afirmam que o desenvolvimento do bebê cego
até os quatro meses é muito semelhante ao de um vidente, no entanto, a
partir desta idade quando é esperado o início da interação com os objetos, os
bebês cegos somente têm consciência da existência dos objetos e do espaço
que está fora do alcance de suas mãos, se estes emitirem algum tipo de som.
Quanto ao desenvolvimento motor, quando as crianças cegas são bem
estimuladas, as aquisições posturais (virar-se, sentar-se ou caminhar com
ajuda) se desenvolvem da mesma maneira e dentro da mesma faixa etária
que nos videntes. Atrasos importantes da movimentação autoiniciada, foram
encontrados, pois as crianças cegas desconhecem a existência de objetos
que não podem alcançar com os braços e, somente quando ela é capaz de
buscar objetos sonoros, começará a ter interesse em movimentar-se
espontaneamente.
A deficiência visual compromete a capacidade de a criança se orientar e
se movimentar no espaço, com segurança e independência. Nos primeiros
anos de vida, no período de socialização, isso prejudica ou impede o
conhecimento do mundo à sua volta e seu relacionamento com outras
pessoas – crianças e brincadeiras. Se a criança não puder brincar, vivenciar
papéis, simbolizar e fantasiar, ficará isolada e terá prejuízos em sua
aprendizagem. Para não ficar limitada em sua mobilidade, precisará
desenvolver o sentido de orientação aprendendo a usar o tato, o olfato e a
audição para que possa desenvolver a sensibilidade corporal e se relacionar
com os objetos significativos que estão ao seu redor.
Os autores destacam, ainda, a extraordinária importância que a
linguagem tem para os cegos, pois, em um número considerável de ocasiões,
será através de veículos linguísticos que estes indivíduos conhecerão e
aprenderão a manipular, mentalmente, a realidade que os cerca.
Educação Inclusiva 53
no jogo) e, por outro, devido aos problemas que, na ausência da visão, a
criança tem para imitar as ações da vida diária que constituem o argumento
dos jogos.
Deve-se levar em conta que os brinquedos, que são elementos
simbólicos para uma criança vidente, podem não ter nenhum significado para
uma criança cega. A adequação e a adaptação das atividades para incluir a
criança com deficiência visual serão feitas de acordo com a organização do
cotidiano da escola e de estratégias que estimulem a imaginação através de
jogos, de ouvir estórias, e interação com outras crianças.
54 Educação Inclusiva
- estrabismo, conjuntivite, acidentes oculares, traumas ou olho trêmulo.
- irritações crônicas dos olhos, indicadas por olhos lacrimejantes, bordas
avermelhadas das pálpebras, com crostas ou inchadas.
- dor de cabeça constante, tontura, náuseas, visão dupla e dificuldade
para ler.
- esfregar os olhos, franzir o nariz ou contrair o rosto, ao olhar para
objetos distantes.
- cautela excessiva no andar, correr com pouca frequência e aos
tropeços, sem razão aparente.
- desatenção persistente durante as atividades.
- dificuldade para copiar a matéria da lousa.
-cabeça inclinada para ler ou escrever, como se procurasse um ângulo
melhor para enxergar.
- inquietação, irritabilidade ou nervosismo excessivo após trabalho visual
prolongado.
- piscar excessivamente, em especial durante a leitura
- segurar o livro habitualmente muito perto, muito longe, ou em posições
incomuns ao ler; ser capaz de ler apenas por períodos curtos de tempo.
- fechar ou cobrir um dos olhos durante a leitura.
Educação Inclusiva 55
Para que a pessoa seja considerada alguém que possui uma deficiência
intelectual, é preciso que três condições estejam presentes, segundo a
definição da AAMR (1992) que é aceita mundialmente. São elas:
56 Educação Inclusiva
tendência a rotular pessoas como deficientes. Inversamente, as
comunidades mais competitivas, com acentuado grau de
exigência de desempenho e de habilidades para funcionar no
contexto social, identificam maior número de deficientes mentais.
Incidência Características
Educação Inclusiva 57
multissensorial e um ambiente estruturado, favorável
a seu desenvolvimento e aprendizagem.
Precisam de apoio e acompanhamento
constantes.
58 Educação Inclusiva
encontra vias de realização nas relações sociais. Acrescenta que,
na deficiência mental, nem todas as funções psicológicas estão
comprometidas no mesmo nível. O desenvolvimento das funções
psicológicas é influenciado pelo contato da criança com signos
culturalmente construídos (linguagem, gestos e outros) que, uma
vez internalizados, também auxiliam a criança a estimular a si
própria.
Educação Inclusiva 59
zonas de desenvolvimento proximal e propicia compensações às
deficiências. (Monteiro, 1998)
60 Educação Inclusiva
estabelecimento e desenvolvimento de habilidades básicas nas áreas: social,
de autoajuda e comunicação, requerendo do profissional ou de pais a
supervisão constante e ambiente protegido.
Ao longo dos tempos, essa parcela da população foi excluída das
escolas regulares e até mesmo de escolas especiais, por não se
enquadrarem nos programas de atendimento e, não se pode negar, por
representarem um desafio a toda a equipe escolar.
Com a proposta de educação especial na perspectiva da educação
inclusiva, elas passam a ter o direito de frequentar a escola comum, de
conviver socialmente com crianças da mesma faixa etária, sendo estimulada
através do atendimento educacional especializado – AEE.
Leo Buscaglia
Disponível em http//saci.org.br
Educação Inclusiva 61
impropérios, se desesperar. Protegê-las dessas experiências é evitar
que vivam.
Lembre-se de que somente as pessoas com deficiência podem lhe
dizer o que é possível para elas. Nós, que as amamos, devemos ser
observadores atentos e sintonizados.
Lembre-se de que as pessoas com deficiência devem agir por
conta própria. Podemos oferecer-lhes alternativas, possibilidades e
instrumentos necessários – mas somente elas podem colocá-los em
ação. Nós podemos apenas permanecer firmes, e estar presentes para
reforçar, encorajar, ter esperanças e ajudar quando possível.
Lembre-se de que as pessoas com deficiência, assim como nós,
estão preparadas para viver como desejarem. Elas também devem
decidir se desejam viver em paz, com amor e alegria, como são e com o
que têm, ou deixar-se ficar numa apatia lacrimosa, esperando a morte.
Lembre-se de que as pessoas com deficiência, independentemente
do grau, têm um potencial ilimitado para se tornar não o que nós
queremos que sejam, mas o que elas desejam ser.
Lembre-se de que as pessoas com deficiência devem encontrar
sua própria maneira de fazer as coisas – impor-lhes nossos padrões (ou
os da cultura) é irreal e até mesmo destrutivo. Existem muitas maneiras
de amarrar os sapatos, beber em um copo, chegar até o ponto do
ônibus. Há muitas formas de aprender e de se adaptar. Elas devem
encontrar a forma que melhor se lhes ajuste.
Lembre-se de que as pessoas com deficiência também precisam do
mundo e das outras pessoas para que possam aprender. O aprendizado
não acontece apenas no ambiente protetor do lar ou em uma sala de
aula, como muitas pessoas acreditam. O mundo é uma escola, e todas
as pessoas são professores. Não existem experiências insignificantes.
Nosso trabalho é agir como seres humanos afetuosos, com curativos
emocionais sempre prontos para uma possível queda, mas com novos
mapas à mão para novas aventuras!
Lembre-se de que todas as pessoas com deficiência têm direito à
honestidade em relação a si mesma, a você e à sua condição. Ser
desonesto com elas é o pior serviço que alguém pode lhes prestar. A
honestidade constitui a única base sólida sobre a qual qualquer tipo de
crescimento pode ocorrer. E, acima de tudo, lembre-se de que elas
necessitam do que há de melhor em você. A fim de que possam ser elas
mesmas e que possam crescer, libertar-se, aprender, modificar-se,
desenvolver-se e experimentar, você deve ter essas capacidades. Você
só pode ensinar aquilo que sabe. Se você é aberto ao crescimento, ao
aprendizado, às mudanças, ao desenvolvimento e às novas
experiências, permitirá que elas também o sejam.
62 Educação Inclusiva
2.2 ALUNOS COM TRANSTORNO GLOBAL DO
DESENVOLVIMENTO
Ao longo das épocas, vários obstáculos foram colocados, impedindo ou
dificultando o atendimento educacional de crianças com transtorno global de
desenvolvimento, que, de alguma forma, não atendiam às expectativas da
escola, em razão de seu modo particular de ser, dos comportamentos
estereotipados que apresentavam, das falas descontextualizadas, e das
dificuldades de escrita e leitura. Além dessa situação, fatores tais como -
ausência de informações sobre estas crianças e adolescentes, poucos e
recentes estudos, dificuldades de interlocução entre as diferentes áreas que
se ocupam da temática, ausência de uma sistematização do conhecimento
por parte do campo pedagógico e a tendência de perceber a diferença como
falha ou défice a ser corrigido - fizeram com que essas crianças ficassem
vinculadas a escolas especiais, ou, até mesmo, fora delas.
O conceito de Transtorno Global do Desenvolvimento - TGD surge no
final dos anos sessenta, quando estudiosos do assunto passam a
compreender o autismo não mais como um problema mental, mas, sim, como
um transtorno do desenvolvimento que é explicado e descrito a partir de um
conjunto de sintomas ou comportamentos que estão atrelados a funções
envolvidas no desenvolvimento humano.
Atualmente, as pessoas com TGD passaram a ser oficialmente
reconhecidas pelas Nações Unidas como beneficiários da Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e, na perspectiva da educação
inclusiva, a escola também deverá acolhê-los.
Para Grabois (2010), muitos são os medos e desafios que invadem a
escola com a chegada de crianças com TGD, no entanto as experiências
educacionais com esses alunos demonstram que as mudanças realizadas na
sala de aula para sua inclusão com qualidade podem beneficiar a todos,
desde a rotina, a forma de ensinar, até a legitimação da condição e do
reconhecimento de novas possibilidades.
Para a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva – MEC/SEESP (2008), os alunos com transtorno global
do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das
interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses
e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo
alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil.
O TGD costuma se manifestar nos primeiros cinco anos de vida, de
maneiras as mais diferentes.
Educação Inclusiva 63
- comprometimento na comunicação,
- repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo.
Idade de
TGD Características principais
Manifestação
- Prejuízo no desenvolvimento da
interação social e da comunicação.
Pode haver atraso ou ausência do
desenvolvimento da linguagem.
Naqueles que a possuem, pode
haver uso estereotipado e repetitivo,
ou uma linguagem idiossincrática.
Antes dos
- Repertório restrito de interesses e
Autismo 3 anos
atividades.
de idade
- Interesse por rotinas e rituais não
funcionais.
- Pode ser acompanhado de outras
manifestações inespecíficas, por ex.
fobias, perturbações de sono ou da
alimentação, crises de birra ou
agressividade (autoagressividade).
- Prejuízos funcionais do
desenvolvimento dos seis meses aos
primeiros anos de vida e
desenvolvimento de múltiplos défice
específicos após um período de
funcionamento normal nos primeiros
meses de vida.
- É um problema de ordem neurológica
Primeiras e de caráter progressivo, que
ocorrências se acomete, em maior proporção,
Síndrome dão no crianças do sexo feminino.
de Rett período de Compromete o crescimento craniano.
6 a 24 meses - Acarreta regressão da fala, prejuízo
de vida. do desenvolvimento da linguagem
expressiva ou receptiva; regressão
das habilidades motoras adquiridas,
da marcha e em particular o
movimento ativo da mão, que passa a
ser caracterizado por movimentos
estereotipados semelhantes ao de
lavar ou torcer as mãos.
64 Educação Inclusiva
- Pode ser acompanhada de
alterações comportamentais e de
aparecimento de crises convulsivas
em 50 a 70% dos casos, e de
alterações respiratórias e do sono.
- O interesse social diminui após os
primeiros anos de manifestação do
quadro, embora possa se
desenvolver mais tarde.
- É um transtorno da organização do
eu e da relação da criança com o
meio ambiente.
- Caracterizado pela presença de um
período de desenvolvimento
completamente normal, seguido de
É observável
Transtorno uma perda das habilidades
no período
Desintegrativo anteriormente adquiridas em vários
entre
da Infância domínios do desenvolvimento.
2 e 10 anos
- Estas manifestações se
de idade.
acompanham tipicamente de uma
perda global do interesse com
relação ao ambiente, condutas
motoras estereotipadas, repetitivas e
maneirismos, e de uma alteração da
interação social e da comunicação.
Educação Inclusiva 65
e avaliações, e aos recursos do atendimento educacional especializado.
Para Taveira (2010), os alunos com TGD, por maiores que sejam as
variações de comportamento que eles apresentem, não podem prescindir do
trabalho escolar com os pares da mesma faixa etária na escola regular. Para
eles, a sala de aula é considerada ambiente altamente estimulador e
desafiante, visto que traz benefícios no que tange aos processos de interação
humana, às rotinas de grupo estabelecidas e à realização de leitura e manejo
de regras sociais.
Dessa forma, espera-se que o educador também possua algumas
características e habilidades que se fazem necessárias na interação com as
crianças que possuem TGD. Dentre elas, que o educador seja uma pessoa
acolhedora, observadora, criativa, ágil, que procure conhecer o contexto
social do aluno, ter acesso aos recursos adequados, às redes de apoio e, se
possível, ter a família como parceira da escola.
É importante que o educador possa buscar mais informações sobre o
assunto em questão, visto a multiplicidade de situações que encontra em seu
dia a dia de trabalho. Na Internet encontramos material interessante e de fácil
acesso tais como
66 Educação Inclusiva
todos, a escola começa a discutir a necessidade de o professor estar
equipado para atender também a criança com altas habilidades/superdotação,
desenvolvendo seus talentos, competências e habilidades diversas.
Diferentemente do que acontecia na década de 70, quando a
superdotação era considerada sinônimo de genialidade e que apenas o
aspecto intelectual superior era supervalorizado, temos hoje uma concepção
ampliada da temática e a valorização de aspectos que incluem habilidades
em várias áreas, assim como o potencial criativo e produtivo.
Alencar e Fleith (2001), ponderam que a superdotação pode se dar em
diversas áreas do conhecimento humano (intelectual, social, artística, etc.),
num continuum de habilidades, em pessoas com diferentes graus de talento,
motivação e conhecimento.
A definição adotada pelo Ministério da Educação considera o educando
com altas habilidades/superdotação aquele que apresenta grande facilidade
de aprendizagem que o leve a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitudes (Brasil, 2001, art. 5º, III). Segundo Virgolim (2007),
essa definição ressalta duas características marcantes da superdotação: a
rapidez de aprendizagem e a facilidade com que estes indivíduos se engajam
em sua área de interesse.
Educandos com altas habilidades/superdotação são os que apresentam
notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos aspectos
abaixo, podendo estes se apresentar de forma isolada ou combinada.
Aspectos Características
Educação Inclusiva 67
sociais complexas, poder de persuasão e de
influência no grupo, habilidade de desenvolver uma
interação produtiva com os demais.
Para Virgolim (2007), a definição acima é vantajosa, uma vez que chama
a atenção para
68 Educação Inclusiva
A autora ressalta que é essencial, portanto, acompanhar o desempenho
da criança superdotada, registrando habilidades e interesses demonstrados
no decorrer dos primeiros anos de escolarização, oferecendo várias
oportunidades estimuladoras e enriquecedoras a seu potencial. Entre as
características mais comumente encontradas em crianças superdotadas em
idade pré-escolar, destacam-se:
Características
Educação Inclusiva 69
critério determinante para que o indivíduo obtenha acesso a um
currículo e experiências acadêmicas mais adiantadas. A aceleração
pode incluir:
70 Educação Inclusiva
observar suas necessidades, acompanhar suas descobertas e localizar suas
necessidades e interesses.
As experiências pedagógicas com crianças superdotadas têm
demonstrado que elas podem e devem desenvolver suas habilidades
especiais sem perder o gosto pelas brincadeiras infantis. Ao propiciarmos a
elas novas e estimulantes experiências de vida, precisamos ajudá-las a
entender e a aceitar sua forma de ser e incentivar sua independência.
Educação Inclusiva 71
objetos, pessoas e locais. Para tal, faça algumas experiências juntamente
com os colegas.
Responda:
a) Você já ouviu falar em currículo ecológico-funcional? O que sabe
sobre ele?
72 Educação Inclusiva
b) Entre no site indicado e faça uma análise da proposta educacional
para crianças que apresentam deficiência múltipla.
Atividade 6 - Leia o texto abaixo e efetue uma reflexão sobre como você
trabalharia com uma criança autista.
Educação Inclusiva 73
Atividade 7 - Discuta com os colegas os mitos existentes sobre a
superdotação. Multiplique seus conhecimentos e auxilie na ressignificação
desse conceito. Disponível em: http://claudiaferreira.psc.br/psicologia/
psicologia-mitos-crianca-superdotada.htm
74 Educação Inclusiva
3 BEM-VINDO À HOLANDA!
Freqüentemente sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz
uma criança com deficiência. É uma tentativa de ajudar pessoas, que não têm
com quem compartilhar essa experiência única, a entendê-la e imaginar como
é vivenciá-la. Seria como...
Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de férias para a Itália!
Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu.
O Davi de Michelangelo. As gôndolas em Veneza. Você pode até aprender
algumas frases simples em italiano. É tudo muito excitante.
Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia! Você
arruma suas malas e embarca. Algumas horas depois você aterrissa. O
comissário de bordo chega e diz: - “BEM-VINDO À HOLANDA! Holanda? diz
você, o que quer dizer Holanda? Eu escolhi a Itália! Eu devia ter chegado à
Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália”.
Mas houve uma mudança de plano de voo. Eles aterrissaram na Holanda
e é lá que você deve ficar. A coisa mais importante é que não te levaram a um
lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas
um lugar diferente. Logo, você deve sair e comprar novos guias. Deve
aprender uma nova linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de
pessoas que nunca encontrou antes.
É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a
Itália. Mas, após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor...
e começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até
Rembrandts e Van Goghs. Mas todos que você conhece estão ocupados
indo e vindo da Itália... e estão sempre comentando sobre o tempo
maravilhoso que passaram lá.
E por toda a sua vida, você dirá: “Sim, era onde eu deveria estar. Era
tudo o que eu havia planejado”. E a dor que isso causa, nunca, nunca irá
embora. Porque a perda desse sonho é extremamente significativa.
Porém... se você passar sua vida toda remoendo o fato de não haver
chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas muito
especiais... sobre a Holanda.
Educação Inclusiva 77
3.1 A FAMILIA E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA
78 Educação Inclusiva
nossa vida termos expectativas em relação a cada filho, esperar que ele seja
capaz de realizar coisas que nós não conseguimos, ou seja, em cada filho
depositamos determinados sonhos e desejos. Quando isso não acontece, e
as expectativas são contrariadas pela chegada de um bebê com deficiência,
o sentimento que predomina é o de frustração. Os pais sentem tristeza, raiva,
choram a perda do bebê esperado/idealizado e vêem seus sonhos e
fantasias quebrados.
Educação Inclusiva 79
compreensão e de aceitação da deficiência. Com relação aos pais, é comum
se perguntarem:
À luz dessa situação, os pais percebem que sua vida mudou e que não
possuem muito domínio sobre ela. Vivenciam, no entender de Telford (1986) e
Regen (1994), momentos de incertezas, de hostilidade contra o mundo e de
profunda tristeza, somados a questionamentos de crenças religiosas e
sentimento de culpa por terem gerado uma criança deficiente. Diante do
contexto social, sentem-se, na maioria das vezes, inferiorizados com
tendência a negar que algo de diferente aconteceu, procurando alternativas
para provar que tudo não passa de uma grande confusão. Com o passar do
tempo, a esperança e o interesse pela criança começam a surgir.
Buscaglia (1993) afirma que é absurdo esperar que os pais se resignem
imediatamente ao nascimento de um filho deficiente e que estejam dispostos
a participar do processo de educação da criança, pois cada família passa por
esse período de uma maneira muito particular e em seu próprio tempo. É
preciso então fazê-los compreender que seus sentimentos são normais e que
é natural que se sintam desapontados, deprimidos, que padeçam dor,
incerteza e medo, e que desejem que esse pesadelo seja desfeito.
À medida que os pais conseguem superar o sentimento de “perda” da
criança que haviam esperado, e o seu filho com deficiência começa a
apresentar reações positivas e cativantes, inicia-se a formação de um vínculo
afetivo entre eles. Uma vez passado o choque inicial ante a notícia de que
esse filho é diferente e desde que os pais se permitam entrar em contato e
manter trocas afetivas com ele, aos poucos vão se habituando a seu modo de
ser e de se desenvolver.
O referido autor indica que o papel da família deve ser compreendido em
um contexto sociopsicológico, em que, como no caso de uma família comum,
há efeitos recíprocos contínuos entre pai, mãe, irmãos e a criança deficiente,
uns sobre os outros. Dessa maneira, qualquer mudança em um integrante
desse grupo afetará todos os demais, dependendo do estado psicológico do
grupo. Diz ainda que a família poderá atuar de forma bastante positiva como
mediadora entre a sociedade em que seu filho terá que viver e o ambiente
mais consciente e receptivo que ela pode lhe oferecer. Para tal, cada membro
- pai, mãe, irmãos - deverá adaptar seus próprios sentimentos em relação à
deficiência e à criança deficiente. A família deve entender que somente dessa
forma ela poderá ajudar a criança a ajustar seus sentimentos em relação à
própria deficiência e, por fim, a si mesma, como uma pessoa completa.
80 Educação Inclusiva
A família exerce um papel de grande importância, pois é neste campo
de experiências “seguro” que os indivíduos deficientes primeiro
aprenderão e comprovarão continuamente que apesar de suas graves
limitações, lhes é permitido serem eles mesmos.
Educação Inclusiva 81
3.2 FAMÍLIA E ESCOLA
82 Educação Inclusiva
A criança com deficiência deve frequentar a escola comum desde a
educação infantil.
Gil (2005) aponta que não há receitas prontas para trabalhar a escola
inclusiva e afirma que o professor é uma peça-chave para promover a
integração entre escola e família. Considerando que o educador é quem tem
mais proximidade com a criança, ele deve desenvolver as habilidades de
acolhimento, de observação, ser sensível às necessidades do aluno, ter
flexibilidade e criatividade ante os desafios que se instalam.
A autora aponta que, para desenvolver um bom trabalho, o professor
precisa ter acesso a informações familiares importantes, tais como
Educação Inclusiva 83
A escola dependerá da família para possibilitar a troca rápida de
informações sobre o que está sendo oferecido à criança e qual seu
aproveitamento, pois as soluções para as dificuldades encontradas também
dependerão do envolvimento e da responsabilidade dos pais.
O professor deverá ainda procurar manter um canal de diálogo com a
família, estimulando sua participação nas reuniões da escola e construindo
um clima de confiança para que os pais possam manifestar suas dúvidas e
angústias sobre a escolarização dos filhos. Poderá orientá-los a promover a
socialização do filho, estimulando a participação deles nas festas escolares,
da comunidade; orientar sobre os deveres de casa, as adaptações
necessárias para sua realização, uma vez que a situação geralmente
desencadeia muita ansiedade e expectativa.
FINALIZANDO...
84 Educação Inclusiva
objetivo de identificar os procedimentos de exclusão em todos os processos
escolares e sociais para negá-los, desfazê-los, destruí-los, substituindo-os por
novas práticas.
Apesar de existirem inúmeras leis, decretos e projetos que asseguram os
direitos das pessoas com deficiência, acredito que a verdadeira
transformação só acontecerá graças à mudança de atitudes e propósitos com
relação a essas pessoas. Esse processo pode se dar de forma lenta e
gradual, no entanto permitirá que o contexto escolar seja reorganizado, que
um novo modo de pensar seja instituído e que, acima de tudo, as crianças
com ou sem deficiência possam aprender e se desenvolver tendo as suas
necessidades atendidas, sua dignidade preservada, suas potencialidades
destacadas, em favor de uma vida mais bem vivida e mais bem sucedida.
Espero que com os conteúdos deste fascículo, o estudante seja
desafiado a refletir sobre sua prática futura e esteja disposto a enfrentar os
desafios cotidianos que são desfilados quando se pretende trabalhar com a
escola inclusiva e com as pessoas que possuem necessidades especiais.
Acolhimento, respeito, flexibilidade, desejo de aprender e de ensinar são
palavras-chave para quem quer ser professor/educador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Educação Inclusiva 85
BRASIL(1998). Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares. Estratégias para a
Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Brasília:
MEC/SEF/SEESP.
86 Educação Inclusiva
CORREIA, L.M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes
regulares. Porto: Editora Porto, 1997.
FIERRO, A. As Crianças com Atraso Mental. In: COLL, C.; PALACIOS, J.;
MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Necessidades
Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
GIL., M. Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? São
Paulo: CECAE Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de
Atividades Especiais/USP, 2005. Disponível em www.saci.org.br
Educação Inclusiva 87
JANUZZI, G.A Luta pela Educação do Deficiente Mental no Brasil. São Paulo,
Memnon, 1997.
REGEN, M.; ARDORE, M.; HOFFMAN, V.M.B. Mães e Filhos Especiais: relato
88 Educação Inclusiva
de experiências com grupos de mães de crianças com deficiência. CORDE.
Brasília, 1994 (Ministério do Bem Estar Social).
INDICAÇÃO DE LEITURA
Educação Inclusiva 89
2- Orientações para Promover a Aprendizagem do Aluno com Transtornos
Globais do Desenvolvimento (TGD) na Sala de Aula e na Escola.
Disponível em: http://www.scribd.com/doc/33332487/Orientacoes-Sobre-a-
Inclusao-do-Aluno-com-Transtornos-Globais-do-Desenvolvimento-14-de-
Junho-de-2010.
INDICAÇÃO DE FILMES
- Meu pé esquerdo. Esse filme relata a história de uma criança com paralisia
cerebral, as interações familiares e sociais e os atendimentos especializados
pelos quais ela passa.
- A primeira vista. Filme que conta a história de um adulto cego e como seu
mundo está organizado. Mediante uma cirurgia, recupera a visão e precisa
aprender a enxergar e a reorganizar a sua vida.
90 Educação Inclusiva
- O milagre de Anne Sullivan. Conta a história de Helen Keller, uma jovem
com deficiência múltipla, e seu processo educacional.
- Mentes que brilham: conta sobre um garoto que possui altas habilidades e
os conflitos vivenciados por ele no que se refere ao desenvolvimento de seu
potencial acadêmico, suas habilidades artísticas e o ser criança.
- Uma lição de amor: é a história de um homem com deficiência mental que
cria sua filha com a ajuda de amigos. Porém, quando a criança se alfabetiza
e começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, algumas dificuldades
começam a surgir.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Educação Inclusiva 91
No jardim ninguém percebeu a diferença. E com festa receberam a nova
joaninha.
A joaninha sem bolinhas, que a tudo assistia de cima de uma folha, pediu
um minuto de atenção e, limpando a pintura que disfarçava o besouro preto,
perguntou:
- Quem é a verdadeira joaninha?”
PARA RELEMBRAR
- As pessoas com deficiência nem sempre foram vistas e tratadas da
mesma forma pela humanidade.
92 Educação Inclusiva
- A partir dos anos 60/70, segundo os autores Marchesi e Martin
(1995), começa-se a entender que a deficiência tem relações com
os fatores ambientais. Isso quer dizer que o ambiente em que
vivemos pode contribuir para que sejamos mais ou menos
dependentes e nos ensinar a ser de uma forma ou de outra.
- Vigotsky (1989) nos ensinou que a aprendizagem que temos em
nosso meio cultural abre caminhos para o desenvolvimento e que
estes se inter-relacionam: quanto mais aprendo, mais me
desenvolvo, quanto mais me desenvolvo, mais aprendo.
- Vimos que, historicamente, a concepção sobre a deficiência foi se
modificando. A visão educacional também foi se transformando e, se
em dado momento, as pessoas acreditavam que não adiantaria
ensinar nada a uma pessoa com deficiência mental, hoje há estudos
que comprovam que essas pessoas poderão aprender muito se
fizerem parte de um ambiente solicitador, que objetive a construção
de suas estruturas mentais.
- Não é a deficiência que define a pessoa, entretanto influi nas
relações sociais que explicarão sua forma de agir, de ser, de pensar
e de se relacionar com o mundo.
- O ambiente social deve ser estimulador, livre de segregação, que
não reforce as limitações, mas desafie o desenvolvimento e a
aprendizagem.
Educação Inclusiva 93