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Meu nome é Camila Barbosa. Sou graduada em Geografia pela Universidade Estadual
Paulista – Unesp/Rio Claro-SP e mestre em Geografia, com área de concentração em
Organização do Espaço, pela mesma universidade. Atualmente, desenvolvo pesquisas
voltadas ao Planejamento Urbano e à Análise Ambiental.
E-mail: barbosa_unesp@yahoo.com.br
Olá! Meu nome é Luiz Henrique Pereira, sou graduado e mestre em Geografia pela
Universidade Estadual Paulista – Unesp/Rio Claro-SP e possuo experiência na área de
Geociências, com ênfase em Geografia Física. Desenvolvo pesquisas relacionadas ao
Manejo de Bacias Hidrográficas, Sensoriamento Remoto, Geoprocessamento e Cartografia.
E-mail: e_luizh@yahoo.com.br
Os autores agradecem a colaboração do Prof. Victor Hugo Junqueira, pelas suas contribuições
aos temas desenvolvidos, bem como pela revisão técnica dos conteúdos abordados.
GEOGRAFIA REGIONAL I
Batatais
Claretiano
2015
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Versão: dez./2015
910 B196g
Barbosa, Camila
Geografia regional I / Camila Barbosa, Luiz Henrique Pereira – Batatais, SP :
Claretiano, 2015.
160 p.
ISBN: 978-85-8377-412-9
CDD 910
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
Unidade 3 – Europa
1 Objetivos.................................................................................................................................................... 65
2 Conteúdos................................................................................................................................................. 65
3 Orientações para o estudo da unidade...........................................................................................65
4 INTRODUÇÃO à unidade...........................................................................................................................66
5 EUROPA: CARACTERIZAÇÃO NATURAL E TERRITORIAL............................................................................66
6 ALEMANHA................................................................................................................................................... 81
7 REINO UNIDO............................................................................................................................................... 91
8 ITÁLIA............................................................................................................................................................ 100
9 França......................................................................................................................................................... 110
10 questões autoavaliativas...................................................................................................................119
11 Considerações......................................................................................................................................... 119
12 e-referências............................................................................................................................................ 120
13 Referências BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................122
14 Referência VIDEOGRÁFICA......................................................................................................................122
Unidade 4 – América Anglo-Saxônica
1 Objetivos.................................................................................................................................................... 123
2 Conteúdos................................................................................................................................................. 123
3 Orientações para o estudo da unidade...........................................................................................123
4 INTRODUÇÃO à unidade...........................................................................................................................124
5 ESTADOS UNIDOS......................................................................................................................................... 124
6 CANADÁ........................................................................................................................................................ 135
7 questões autoavaliativas....................................................................................................................145
8 Considerações.......................................................................................................................................... 145
9 e-referências............................................................................................................................................ 145
10 Referências BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................146
11 Referência VIDEOGRÁFICA......................................................................................................................146
Unidade 5 – Oceania
1 Objetivos.................................................................................................................................................... 147
2 Conteúdos................................................................................................................................................. 147
3 Orientações para o estudo da unidade...........................................................................................147
4 INTRODUÇÃO à unidade...........................................................................................................................148
5 Oceania: AspEctos naturais e territorais.......................................................................................148
6 AUSTRÁLIA.................................................................................................................................................... 149
7 questões autoavaliativas....................................................................................................................158
8 Considerações.......................................................................................................................................... 159
9 e-referências............................................................................................................................................ 159
10 Referência BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................................159
11 Referência VIDEOGRÁFICA......................................................................................................................159
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC
Conteúdo–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Regionalização e organização do espaço mundial. Globalização e transformações espaciais. Aspectos físicos,
econômicos e populacionais da Europa, América Anglo-Saxônica e Oceania.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Como sabemos, a Geografia é uma área do conhecimento que possui, como outras ciên-
cias, inúmeras particularidades. Uma delas é a capacidade de integrar informações de diversas
naturezas, como as físicas e as sociais, e apresentar as formas e funcionalidades do espaço que
resultam dessa interação. Logo, pode-se dizer que um dos objetivos da Geografia é compreen-
der a organização espacial.
É muito importante que estudemos esta obra a partir dessa ideia inicial. De nada adianta
enfatizar os aspectos populacionais, físicos e sociais das áreas continentais: Europa, América
Anglo-Saxônica e Oceania se não for para justificar e compreender a atual estrutura do espaço
geográfico em sua totalidade e relações.
Devemos pensar na Geografia dessa forma, diminuindo a distância entre a Geografia aca-
dêmica e a Geografia tradicionalmente transmitida em sala de aula. A Geografia escolar ainda
apresenta algumas dificuldades para se libertar da forma tradicional da descrição exaustiva dos
atributos espaciais. No entanto, somos os responsáveis por isso e podemos atribuir essa difi-
culdade à nossa própria falta de compreensão sobre o objeto de estudo da ciência geográfica.
Para cumprir o objetivo de buscar elementos que contribuam para a explicação da organi-
zação do espaço, precisamos inicialmente definir alguns conceitos fundamentais:
8 © Geografia Regional I
1) Unidade e totalidade.
2) Região e regionalização.
3) Globalização.
4) Organização do espaço mundial.
Para compreender o mundo, é comum dividi-lo em regiões que, embora sejam unidades
espaciais simplistas e genéricas, são parcelas coerentes que nos ajudam a entender a totalidade
na qual se inserem. Para Roberto Lobato Corrêa (2000), um dos estudiosos dedicados à inves-
tigação do conceito de região, a Geografia tem suas raízes na busca e na compreensão da dife-
renciação de regiões, países e continentes de acordo com as relações entre os homens e entre
eles e a natureza. O autor pontua que, se a superfície da Terra fosse homogênea e não houvesse
diferenciação de áreas, a Geografia não teria surgido.
A Geografia escolar tradicionalmente se utiliza da regionalização em diversas escalas para
estudar o mundo. É de extrema relevância, portanto, que compreendamos as diferenças entre
as inúmeras formas de regionalização e tentemos desvendar um pouco as ideologias que justi-
ficam essas formas.
As divisões podem se basear em critérios políticos, naturais, culturais ou econômicos.
Além disso, as diversas regionalizações instituídas no mundo retratam as necessidades sociais
de uma época específica e podem se tornar obsoletas perante novas relações de poder. Ou seja,
as transformações socioeconômicas e históricas tendem a condicionar novas formas e limites
das regiões.
Ao longo deste estudo, trataremos de algumas dessas diferentes formas de regionalização
e os contextos históricos nos quais elas foram formuladas, bem como os fatores que contribuí-
ram para a sua superação nos estudos geográficos.
Porém, a estrutura desta obra está assentada na regionalização por áreas continentais,
dado o seu caráter didático, menos sujeito a alterações conjunturais, e a sua permanência nas
formas de exposição nos livros didáticos, destinados à Educação Básica.
Assim, nesta obra, abordaremos as condições econômicas, sociais e populacionais da Eu-
ropa, América Anglo-Saxônica e Oceania.
É importante salientar que esta divisão não impede e nem pode ser entendida como um
empecilho ao estabelecimento de vínculos entre as áreas continentais; para exemplificar, não
é possível tratar das condições econômicas da África sem relacionar ao imperialismo europeu,
ou das características populacionais da América Latina desvinculada da colonização europeia.
Portanto, é necessário estarmos atentos às relações que se estabelecem entre as áreas na pers-
pectiva de entender o espaço geográfico em sua totalidade.
Considerando essas premissas, na Unidade 1 desta obra, partiremos de uma discussão
epistemológica sobre os fundamentos geográficos da análise regional e alguns pressupostos da
teoria sistêmica que permitirão uma leitura integrada das informações geográficas disponíveis,
no sentido de compreender as formas de regionalização no século 20 e as possibilidades de re-
gionalização do espaço mundial com a emergência da globalização.
Lembre-se de que não existe Geografia sem História: o espaço geográfico é um produto
social definido pela atividade produtiva e pelas ideias que, ao longo do tempo, se materializam
sobre a superfície do planeta. Essa temática será abordada na Unidade 2, que apresenta o his-
tórico do processo de globalização como um dos grandes eventos responsáveis pela divisão
socioespacial do mundo.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado nesta obra. Aqui, você
entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a
oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade.
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual
você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural, para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi-
lidade social.
No decorrer desta obra, estudaremos os aspectos físicos, populacionais e econômicos da
Europa, América Anglo-Saxônica e Oceania, tema relativamente simples e já conhecido de nos-
sos tempos de escola, abordado como questões políticas mundiais, especialmente a partir da
década de 1990.
Contudo, temos o desafio de atribuir a esse assunto um caráter que faça jus ao status de
conteúdo de um curso de nível superior. Ora, o que diferencia a Geografia escolar da Geografia
acadêmica? De modo simplista, pode-se dizer que a diferença está nos níveis de conhecimento
com que cada uma aborda seus temas de interesse. Nas escolas, devemos simplificar os temas
científicos para que o conhecimento concebido na academia seja transmitido conforme as po-
tencialidades características de cada etapa do desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Assim,
esperamos que os alunos adquiram as condições necessárias para construir seu próprio conhe-
cimento. Em outros termos, enquanto na academia se constrói o conhecimento que sintetiza-
mos como geográfico, cabe à Geografia apropriar-se desse conhecimento, adequá-lo, divulgá-lo
e transmiti-lo com fidelidade.
Outra questão importante que discutiremos nesta obra, mesmo que implicitamente, é o
que nos é colocado como realidade. Por exemplo, apresentam-nos extensa tabela quantitativa
do IDH dos países que compõem o planeta Terra. Esse ranking é responsável por direcionar as
estratégias econômicas e sociais adotadas pelos agentes políticos mundiais. Devemos aceitar
seus valores sem questionar os métodos pelos quais foram elaborados? Quem organizou esse
estudo? Qual é a ideia de desenvolvimento que esse grupo tem? Que realidade é essa que estão
nos apresentando?
É importante perceber a diferença entre uma tabela qualquer de dados numéricos sociais
e as informações que antecedem esses números. Os índices finais apresentados são dinâmicos
no tempo, no entanto, a compreensão dos fatores históricos que condicionam tais números são
registros perenes, que permitirão explicar os motivos que levaram cada país a ser representado
por esses números.
O que queremos dizer aqui é que não somente é importante saber que determinado país
apresenta o maior índice de desenvolvimento econômico, como também entender como a in-
tegração dos aspectos físicos, econômicos e sociais de seu território ofereceu condições para
que ele assuma tal condição de destaque no cenário mundial e como isso ocorreu ao longo do
tempo.
Diante do exposto, resumimos o propósito que norteia os estudos desta obra: mais im-
portante que aprender sobre o espaço geográfico de cada área continental de forma isolada é
compreender como se dá sua organização.
Para compreender os países em sua totalidade, é importante observá-los como a expres-
são de um longo tempo de ações humanas sobre o espaço natural. Portanto, devemos analisar
elementos naturais, antrópicos e a história que levou a tal configuração, buscando compreender
as relações entre cada um desses elementos.
Sabemos que o atual período de globalização é caracterizado pelo elevado fluxo de merca-
dorias e pela mobilidade das indústrias e empresas transnacionais. Portanto, os condicionantes
naturais e territoriais, determinantes para o desenvolvimento econômico de uma nação no pe-
ríodo neocolonial, tornam-se secundários. No entanto, as características naturais, como clima,
relevo e localização, condicionam uma estrutura cultural que contribui para alavancar ou res-
tringir o desenvolvimento econômico de um país.
Para facilitar a compreensão deste estudo, é importante que você se familiarize com al-
gumas ideias e conceitos que norteiam as discussões. Dessa forma, indicaremos, a seguir, os
principais tópicos abordados ao longo das unidades.
A Unidade 1 tem um forte caráter teórico. Sua leitura deve ser atenta, pois apresenta con-
teúdo denso e, de certa forma, filosófico, o que forçará sua reflexão em cada parágrafo. Nesta
unidade, o objetivo é desenvolver os conceitos de região e regionalização, bem como apresentar
sua evolução ao longo da história do pensamento geográfico. Esse tema será respaldado pela
apresentação dos dados históricos, incluindo fatos econômicos e políticos que conduziram a
diferentes processos de regionalização do mundo.
A partir daqui, podemos nos perguntar qual é a necessidade de ir tão longe apenas para
descrever os aspectos físicos, populacionais e econômicos das áreas continentais?
Em seu livro Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal, o
autor aponta que a globalização é perversa e não leva à integração das nações, pois, por se colo-
car a favor da acumulação do capital, contribui para que as desigualdades intrínsecas ao sistema
capitalista atinjam escalas globais. De acordo com Santos (2008, p. 38-39):
Um dos traços marcantes do atual período histórico é, pois, o papel verdadeiramente despótico da in-
formação. [...] as novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta,
dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca.
Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado
de atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são
apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação
de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais
periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a
possibilidade de controle.
É neste mundo globalizado que nos aprofundaremos um pouco mais na Unidade 2. Dis-
cutiremos os aspectos inerentes ao atual estágio de globalização e, para tanto, buscaremos nos
aprofundar em temas já apresentados na Unidade 1, além de enfatizar discussões como o de-
senvolvimento técnico, científico e informacional atual, os blocos econômicos, o papel do Esta-
do e das fronteiras nacionais e as desigualdades socioespaciais em escala mundial.
Com o entendimento dos condicionantes da organização do espaço mundial, podemos
discutir os aspectos centrais de cada grande região com segurança. O arcabouço teórico-meto-
dológico construído ao longo de nosso material nos fornecerá as condições necessárias para que
se cumpra a ideia geral deste estudo.
Nas Unidades 3, 4 e 5, abordaremos, respectivamente, as características gerais da Europa,
América Anglo-Saxônica e Oceania. Em cada uma dessas unidades, apresentaremos informa-
ções mais detalhadas sobre alguns países dessas áreas, como forma de aprofundar o conheci-
mento sobre os aspectos físicos, econômicos e populacionais.
Assim, na Unidade 3, trataremos da geografia da Alemanha, Reino Unido, Itália e França,
países representativos do poderio econômico europeu na atualidade, mas que em seu interior
carregam grandes desigualdades.
Na Unidade 4, analisaremos a América Anglo-Saxônica, que se diferencia pela formação
histórica e aspectos econômicos e socais da América Latina e abriga a maior potência econômi-
ca, política, militar e cultural do mundo desde a Segunda Guerra Mundial: os Estados Unidos e
o seu principal parceiro comercial, o Canadá.
Ao estudarmos esses dois países, veremos como a relação entre os aspectos naturais se
relacionam (mas, não determinam) aos sociais, seja na produção agrícola, seja na ocupação
humana.
Para finalizar, na Unidade 5, estudaremos a Oceania e o seu principal país, a Austrália, ob-
jetivando por meio de uma leitura integrada de diversas informações, entender a organização
do espaço em sua totalidade e complexidade.
Pretendemos, assim, oferecer as ferramentas para que você efetue uma leitura do espaço
geográfico segundo uma visão integrada e relacional, capaz de sugerir explicações para a orga-
nização espacial.
Bons estudos!
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições concei-
tuais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados.
1) Crescimento vegetativo ou natural: é a diferença entre a taxa de natalidade e de mor-
talidade. Dessa forma, é possível obter as seguintes classificações: positivo = nasci-
mentos > mortes; negativo = nascimentos < mortes; nulo = nascimentos = mortes.
2) Espaço total: segundo Ab'Saber (1998, p. 30), é definido como “[...] o arranjo e o perfil
adquiridos por uma determinada área em função da organização que lhe foi imposta
ao longo dos tempos. Neste sentido pressupõe um entendimento – na conjuntura do
presente – de todas as implantações cumulativas realizadas por ações, construções e
atividades antrópicas”.
3) Estrutura etária da população: é a classificação da população de acordo com a idade.
A estrutura etária da população de um país tem efeito nas questões socioeconômicas.
Países com populações jovens (alta porcentagem na faixa etária dos 15 anos) preci-
sam de atenção e investimento em escolas e atividades de lazer, enquanto países com
populações em que o topo da pirâmide é mais largo (alta porcentagem, acima de 65
anos), direcionam as atenções para a saúde.
4) Expectativa de vida: é a estimativa da média de anos que um habitante do país es-
pera viver. Esse conceito pode ser aplicado em um nível mais particular, como a um
município ou bairro, por exemplo. Mesmo assim, é um indicador comum de desen-
volvimento.
5) Globalização: designa um fenômeno de abertura das economias mundiais (a maioria
delas) e de suas respectivas fronteiras, favorecendo as trocas internacionais de mer-
cadorias, a integração social e política. Além do incremento da circulação de capital,
destaca-se o elevado e acelerado fluxo de conhecimento e informação, proporcionado
pelo desenvolvimento dos transportes e das comunicações. Assim, as inovações tec-
nológicas, especialmente na área da informática, são as grandes responsáveis por via-
bilizar a difusão de informações entre as empresas e instituições financeiras, ligando
os mercados do mundo. Vale ressaltar que alguns autores consideram a globalização
a fase mais avançada do capitalismo.
6) Índice de Gini: o índice (ou coeficiente) de Gini é uma medida de concentração ou
desigualdade desenvolvida em 1912 pelo estatístico italiano Corrado Gini e publicada
no documento Variabilità e mutabilità (variabilidade e mutabilidade). Denuncia a de-
sigualdade na renda domiciliar per capita. O índice pode variar de 0, em caso de desi-
gualdade nula, a 1, em caso de desigualdade máxima – quando apenas um indivíduo
concentra toda a renda da sociedade.
7) PIB per capita: é o resultado do PIB dividido pela população.
8) População economicamente ativa – PEA: intimamente vinculada à estrutura etária
de uma população, ela compreende o potencial disponível de mão de obra com que
o setor produtivo pode contar. Se analisado em longo prazo, esse índice representa a
capacidade de crescimento econômico “autossuficiente” em termos de mão de obra,
num intervalo de tempo definido. Inclui pessoas consideradas “ativas” no mercado
de trabalho, representado por todas aquelas com a idade de dez anos ou mais, que
estavam procurando ocupação ou trabalhando na semana de referência da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE).
9) Populoso: relativo à população absoluta.
10) Povoado: relativo à densidade demográfica – ou população relativa.
11) Primeiro mundo: são países que, depois da Segunda Revolução Industrial, dispunham
de parque industrial complexo, formado pelos setores de produção de bens de capital
e bens de consumo duráveis. Engloba na Europa, na América e no Pacífico os aliados
políticos dos Estados Unidos – líder político do Oriente/Oeste.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15
12) Produto Interno Bruto (PIB): representa a soma (em valores monetários) dos bens
e serviços finais produzidos em determinada região durante o período em questão
(geralmente um ano).
13) Relação centro-periferia: teoria desenvolvida em 1981 por Raul Prebisch, que atesta
que o sistema internacional se divide em dois núcleos: um pequeno núcleo de países
desenvolvidos e uma massa periférica que gravita em torno desse núcleo, acompanhan-
do seu ciclo econômico. Deve-se ressaltar que os países da periferia não podem ser
tratados como um todo homogêneo. É preciso respeitar suas especificidades, o que
requer uma análise de suas individualidades.
14) Segundo Mundo: inicialmente, o termo foi atribuído na época da Guerra Fria e aplica-
va-se à União Soviética e aos países inseridos em sua zona de influência no Leste Eu-
ropeu. Tinha como característica principal de crescimento a acelerada modernização
a partir da economia planificada e da detenção dos meios de produção pelo estado.
Posteriormente, cientistas políticos e historiadores direcionaram o emprego deste ter-
mo para designar os países em desenvolvimento e emergentes, independentemente
do perfil de seu sistema econômico.
15) Setores da economia: o grupo de pessoas que conduzem a economia de um país pode
ser dividido em três setores da economia: o primário, o secundário e o terciário:
a) setor primário: envolve atividades ligadas ao meio rural, como agricultura, pecuá-
ria, extrativismo vegetal e pesca;
b) setor secundário: envolve as atividades industriais;
c) setor terciário: envolve as atividades do comércio, prestação de serviços, funcio-
nalismo público etc.
16) Subdesenvolvimento: conceito elaborado depois da Segunda Guerra Mundial que
classifica os países com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ou países de
Terceiro Mundo.
17) Taxa de fecundidade: corresponde ao número médio de filhos nascidos vivos por cada
mulher até o final do seu período reprodutivo. Este período costuma começar aos 15
anos, o que faz com que, em países do Terceiro Mundo em que já existem mães abaixo
dessa idade, essa taxa possa ser subestimada.
18) Taxa de migração: representa a diferença entre o número de pessoas que entram e
saem de um país durante o ano, dividido por mil habitantes. Um excesso de pessoas
que entram no país é denominado imigração líquida (por exemplo, 3,56 migrantes/mil
habitantes); um excesso de pessoas deixando o país corresponde à emigração líquida
(por exemplo, -9,26 migrantes/mil habitantes). A taxa líquida de migração indica a
contribuição das migrações para o nível global de mudança da população. Ela não dis-
tingue migrantes econômicos, refugiados e outros tipos de migrantes e também não
identifica os imigrantes e migrantes em situação irregular.
19) Taxa de mortalidade: importante dado demográfico que exprime relação entre o nú-
mero de óbitos e a população total de uma área geográfica ao longo de um ano. Pode
ser interpretado como um importante indicador social, mas pode ser mais significati-
vo quando considera parcelas da sociedade, como a taxa de mortalidade infantil.
20) Taxa de mortalidade infantil: número de óbitos de menores de um ano de idade, por
mil nascidos vivos, na população de determinado espaço geográfico no ano conside-
rado.
21) Taxa de natalidade: o número de nascimentos ocorridos em um ano, dividido pela
população absoluta.
22) Terceiro Mundo: cunhado no período da Guerra Fria, designava os países de econo-
mia calcada na produção de bens primários e agrominerais, ausentes de um setor in-
dustrial expressivo. Algumas características dos países do Terceiro Mundo são a fraca
urbanização, a concentração populacional no campo, grande crescimento vegetativo
e índices altos de pobreza.
23) Transição demográfica: este conceito foi proposto em 1929 pelo norte-americano
Warren Thompson, que pressupôs as modificações que acontecem nas populações
que passaram de um período de altas taxas de natalidade e mortalidade para a situa-
ção oposta (taxas baixas). De forma abrangente, ela indica o processo de diminuição
de taxas de mortalidade e natalidade, sendo que a primeira diminui mais rápido que
a segunda, ocasionando um período de aumento do crescimento vegetativo e, por-
tanto, de grande acréscimo populacional. Warren Thompson ainda especificou quatro
fases de transição: pré-moderna, moderna, industrial madura e pós-industrial.
ESPAÇO
MUNDIAL
Desenvolvimento Divisão
geográfico internacional
desigual do trabalho
EUROPA
Diferentes
formas e
possibilidades de Diferenças físicas
e territoriais
regionalização
AMÉRICA
ANGLO‐
SAXÔNICA Desigualdades
econômicas e
Globalização sociais
OCEANIA E
ANTÁRTIDA
Exclusão de
espaços e
pessoas
Integração aos fluxos
internacionais de
reprodução do
capital
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con-
teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dis-
sertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões pode ser uma forma de você avaliar o seu
conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você
estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma ma-
neira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua
prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como pro-
cesso de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas,
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas
descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você obser-
va, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não
havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do
tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem
o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este estudo, entre em contato
com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
3. referências bibliográficas
AB’SÁBER, A. N. Bases conceituais e papel do conhecimento na previsão de impactos. In: MÜLLER PLANTENBERG, C.; AB’SÁBER,
A. N. (Orgs). Previsão de impactos: o estudo de impacto ambiental no leste, oeste e sul, experiências no Brasil, na Rússia e na
Alemanha. São Paulo: Edusp, 1998.
CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 2000.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 16. ed. São Paulo: Record, 2008.
Regionalização do Espaço
Mundial: Fundamentos
Teóricos e Históricos
1
1. Objetivos
• Entender os fundamentos teóricos da análise regional aplicada ao estudo do espaço
geográfico.
• Conhecer conceitos geográficos fundamentais para subsidiar a compreensão da regio-
nalização mundial.
• Identificar as diferentes formas de regionalização do espaço mundial.
• Compreender a construção das teorias geográficas relacionadas ao subdesenvolvimento.
• Entender a regionalização do espaço mundial no contexto das transformações econô-
micas e políticas do século 20.
2. Conteúdos
• Análise regional.
• Os conceitos de região e regionalização ao longo da história do pensamento geográfico.
• Diferentes concepções de regionalização nos estudos geográficos.
• Teorias do subdesenvolvimento.
• Desenvolvimento geográfico desigual.
• As regionalizações do espaço mundial no século 20.
20 © Geografia Regional I
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Antes de iniciarmos nosso estudo, pense por um instante na imagem do mundo e nas
diversas relações que se desenvolvem e interagem em seu espaço. Que relações e limites terri-
toriais aparecem em sua construção mental? Como você os desenharia?
Dedique-se por alguns minutos a esse exercício. Se possível, faça anotações ou esboce um
desenho e reflita sobre o “seu mundo”. Quem ou quais informações condicionaram seu modo
de pensar e ver o mundo? Observe a Figura 1. Ela transmite uma ideia de mundo dinâmico que
temos hoje, espaços interligados por fluxos e redes virtuais de informações, capital, poder, entre
outros. A imagem foi elaborada por um funcionário do Facebook, mostrando as conexões entre
os usuários da rede social.
© U1 – Regionalização do Espaço Mundial: Fundamentos Teóricos e Históricos 21
Figura 1 Espaço de fluxos. Representação de um planeta interligado pela dinâmica de informações sociais (Facebook – 500 milhões
de usuários em dezembro de 2010).
De acordo com Roberto Lobato Corrêa (2000), um dos estudiosos dedicados à investiga-
ção do conceito de região, a Geografia tem suas raízes na busca e na compreensão da diferen-
ciação de lugares, regiões, países e continentes, resultantes das relações humanas e naturais.
O autor destaca que se a superfície da Terra fosse homogênea e não houvesse diferença entre
as áreas, a Geografia não teria surgido. Portanto, região é um conceito-chave que devemos ter
bem definido antes de partir para a compreensão geográfica do espaço mundial.
A Geografia escolar tradicionalmente utiliza a regionalização em diversas escalas para es-
tudar o mundo. Portanto, é de extrema relevância que nós, professores e futuros professores,
compreendamos as diferenças entre as inúmeras formas de regionalização, e tentemos desven-
dar um pouco de suas ideologias.
As divisões podem se basear em critérios políticos, naturais, culturais ou econômicos.
Além disso, as diversas regionalizações do mundo retratam as necessidades sociais de épocas
específicas. Logo, podem tornar-se obsoletas perante novas relações de poder. Ou seja, as trans-
formações socioeconômicas e o desenvolver da História tendem a condicionar novas formas e
limites das regiões.
Por uma perspectiva mais específica, acrescentamos alguns elementos espaciais aos fatos
históricos, como o meio físico, que justificam ações políticas e sociais e nos permitem afirmar
que, para cada época histórica, houve distintas regionalizações do mundo, sempre prevalecen-
do aquela mais condizente com o pensamento geográfico dominante.
Dessa forma, buscaremos oferecer condições teóricas para a compreensão dos conceitos
de região e regionalização e como eles podem ajudar a compreender o espaço mundial, quais
são as regionalizações do mundo mais aceitas e, por fim, refletir qual seria a melhor forma de
regionalizar o mundo atualmente.
A partir de então, diferentes correntes teóricas utilizaram a análise regional com diversas fi-
nalidades, dentre elas, a Geografia Quantitativa, aplicando métodos estatísticos para compreen-
der a funcionalidade do espaço geográfico; a Geografia Crítica, utilizando a análise regional, mas
inserindo um novo conteúdo, no qual se entendia a diferenciação do espaço como produto da
divisão social e territorial do trabalho, gestadas a partir das contradições do capitalismo. Além
disso, tivemos a inserção de novos temas de estudo, tais como a questão da identidade regional
e dos movimentos regionalistas pela Geografia Humanista.
Em síntese, a regionalização tornou-se um processo-chave para a Geografia, apesar das
suas diferenças históricas e da base teórica e metodológica utilizada para entender a realidade
(DUARTE, 1980).
Para Corrêa (2000), todos esses conceitos podem ser utilizados pelos geógrafos porque
são meios para se conhecer a realidade, quer num aspecto espacial específico, quer numa di-
mensão totalizante.
No próximo tópico, são apresentadas diferentes noções de regionalização. Acompanhe.
Ao contrário das abordagens anteriores, esta privilegia mais as relações entre espaços
regionais do que entre espaços de uma região e seu centro. As regiões apresentam funções
específicas na funcionalidade total do espaço. A teoria sistêmica contribuiu nessa abordagem
epistemológica. Sob o enfoque sistêmico, o conceito de região era como um subsistema, e o
espaço total era o sistema regional.
Essa concepção foi um avanço teórico-metodológico nos conceitos anteriores, especial-
mente por conceituar a totalidade espacial e as relações das regiões entre si e com o todo.
Mais do que um método para identificar regiões, a regionalização passa a ser conceituada
como processo de sua formação.
Trata-se de uma dimensão espacial das especificidades sociais em uma totalidade espaço-
social (GOMES, 1995).
Haesbaert e Porto-Gonçalves (2006) afirmam que a regionalização pode ser concebida
como um recorte espacial coerente dentro de determinados princípios ou características, ou
como um espaço determinado por processos sociais específicos, especialmente os regionalis-
mos (políticos) e as identidades culturais (regionais).
Com base nessa afirmação, se você retomar a leitura das concepções de regionalização,
perceberá que há um grupo que se caracteriza pela concepção de regionalização enquanto dis-
tinção de áreas, classificação ou instrumento de ação. No outro grupo estão as concepções de
regionalização enquanto processo e identificação do espaço vivido. Em resumo, no primeiro
grupo, prevalece o princípio de regionalizar para compreender e, no segundo, o princípio de
compreender para regionalizar.
Continentes fisiográficos
A regionalização mais conhecida é a separação do mundo em continentes, que se baseia
em critérios naturais e foi feita a partir da distinção entre porções de água e terra. A definição
dos limites dessa regionalização tem por critério os processos geológicos de milhões de anos,
que configuraram os conhecidos continentes fisiográficos: América, Eurásia, África e Oceania.
Como sabemos, há centenas de milhões de anos, todos os continentes formavam um só
bloco, denominado Pangeia (do grego pan = toda e geo = terra). Com o movimento das placas
tectônicas, a Pangeia dividiu-se em duas partes: Gondwana e Laurásia. Posteriormente, essas
partes foram fragmentadas até atingir a distribuição atual.
É sob a perspectiva da Geografia Tradicional (positivista), carregada, ora de um empiris-
mo mais descritivo, ora de uma lógica determinística pautada na sobrevalorização do ambiente
físico e natural, que a regionalização por continentes foi enfatizada (HAERBAERT; PORTO-GON-
ÇALVES, 2006).
Nessa proposta de regionalização, a estabilidade dos limites é uma das principais carac-
terísticas, uma vez que suas alterações não são imperceptíveis dentro da vivência de tempo do
homem. Mas, como para toda regra há exceção, o homem, na tentativa de superar os limites
impostos pela natureza, buscou também alterar os limites dos continentes, na maioria das ve-
zes, com fins econômicos.
Nesse contexto, destaca-se a construção do Canal de Suez, em 1869, interligando o Medi-
terrâneo ao Mar Vermelho e ao Oceano Índico. Isso representou, nas palavras de Magnoli (1997,
p. 10): “[...] a capacidade humana de refazer o desenho dos continentes e das rotas marítimas”.
Podemos citar, também, o Canal do Panamá (Figura 2), inaugurado em 1914, que liga o
Oceano Pacífico ao Atlântico, e a recente construção de ilhas artificiais em Dubai (Figura 3), nos
Emirados Árabes Unidos, que atrai turistas do mundo todo.
Esta regionalização, como já dissemos, é a que estrutura este estudo. Nesse sentido, é ne-
cessário apontar que, apesar de reconhecermos seus limites e os ranços positivistas ainda pre-
sentes nesta forma de regionalização, que inclusive perpassam para os livros didáticos distribuí-
dos para a Educação Básica em todo o país, a proposta não é se ater à descrição dos elementos
físicos, econômicos e populacionais de cada área, mas, utilizando-se deles, analisá-los em uma
perspectiva crítica, objetivando entender o espaço geográfico enquanto totalidade.
Nesse sentido, o conceito de "espaço total" formulado pelo professor Ab'Sáber mostra-
nos a importância de entender que a estrutura espacial é feita por ações humanas sobre um es-
paço herdado da natureza. Esse conceito, apresentado pelo geógrafo em 1998, é definido como:
[...] o arranjo e o perfil adquiridos por uma determinada área em função da organização que lhe foi
imposta ao longo dos tempos. Neste sentido pressupõe um entendimento – na conjuntura do presen-
te – de todas as implantações cumulativas realizadas por ações, construções e atividades antrópicas
(AB'SÁBER, 1998, p. 30).
Assim, se os limites naturais do globo terrestre não são suficientes para compreender o
espaço mundial, eles também não devem ser ignorados. Da mesma forma, são importantes as
faixas climáticas, os biomas, os solos, o relevo, a hidrografia e outros elementos e características
do meio físico e natural.
O que podemos concluir com a avaliação do conceito de espaço total é que, para ser com-
preendido em sua totalidade, o espaço mundial deve ser analisado mediante uma visão integra-
da desses elementos (atributos físicos e naturais) e sua interação com os elementos antrópicos.
Gomes (1995) fala de nação como correlato de região, o que significa que os limites das
nações são, em origem, limites regionais. Tão marcante foi essa relação que, em qualquer re-
gionalização do mundo, o Estado-Nação é um dos principais pontos de partida (HAESBAERT;
PORTO-GONÇALVES, 2006).
A regionalização do espaço mundial pela perspectiva política e econômica normalmente
está vinculada: à ordem internacional; ao equilíbrio instável dos países e grupos; à disputa (ou
cooperação) entre as grandes potências mundiais características de um certo período histórico.
Para compreender a oscilação na ordem internacional, retomemos o século 20: a Inglater-
ra, grande potência mundial na ordem monopolar da segunda metade do século 18, viveu seu
declínio no fim do século 19, o que fez com que se multiplicassem os embates pela hegemonia
mundial.
A partir de então, vigorou uma ordem mundial multipolar, ou seja, com base em vários
polos ou centros de poder que disputavam a hegemonia internacional. Foi um período marcado
por acirradas disputas territoriais, mercados e recursos na África, Ásia e Europa, propiciando um
clima pré-guerra.
Nesse período, inúmeros pensadores dedicaram-se a tarefa de compreender o equilíbrio
das forças no espaço mundial e as condições que levariam determinado Estado-Nação à situa-
ção de grande potência. Segundo esses estudiosos, o fundamental para a época era a quantida-
de de recursos – mercados, povos (mão de obra e soldados), solos agriculturáveis, minérios. A
expansão territorial e o controle dos espaços configuravam-se, portanto, como formas capazes
de fortalecer e tornar hegemônico um Estado (VESENTINI, 2005).
A Figura 4 traz um mapa que representa a ordem internacional no fim desse período, que
terminou com a Segunda Guerra Mundial. Ele retrata as conquistas territoriais das potências
mundiais do mundo multipolar, ou seja, indica a distribuição territorial do domínio europeu,
materializado em suas colônias.
conquistado no Extremo Oriente. Duas novas potências mundiais – Estados Unidos e União So-
viética – destacaram-se no cenário mundial e dividiram o mundo entre si. Foi a época da bipo-
laridade, que durou cerca de 45 anos (desde o fim da Segunda Guerra até meados de 1991). O
período foi marcado pela disputa entre a economia de mercado, representada pelos Estados
Unidos, e a economia estatal, simbolizada pela União Soviética.
Para esclarecer a nova organização econômica e sociopolítica do Planeta, formulou-se a
divisão do sistema internacional nas três macroáreas, como aponta Magnoli (1996):
• Primeiro Mundo: países que, tendo realizado a Segunda Revolução Industrial, dispu-
nham de parque industrial complexo, formado pelos setores de produção de bens de
capital e bens de consumo duráveis. Englobava os aliados políticos dos Estados Unidos
– líder político do Oriente/Oeste – na Europa, América e Pacífico.
• Segundo Mundo: correspondia à União Soviética e sua zona de influência no Leste
europeu. Abrigava os países que optaram pela modernização acelerada com base no
monopólio estatal dos meios de produção e na planificação central da alocação de re-
cursos.
• Terceiro Mundo: países que não acompanharam a arrancada industrial, cuja economia
dependia da produção de bens primários, agrominerais. Apresentavam fraca urbaniza-
ção, concentração demográfica no meio rural, elevado crescimento vegetativo e alar-
mantes índices de pobreza.
O mapa da Figura 5 apresenta a regionalização conforme essa organização econômica e
sociopolítica. Observe.
Primeiro Mundo
Segundo Mundo
Terceiro Mundo
8. O SUBDESENVOLVIMENTO
Desde a publicação do livro Geografia do Subdesenvolvimento, na década de 1960, por
Yves Lacoste, a noção de subdesenvolvimento passou a ser objeto de discussão, de defesas e
de críticas no debate acadêmico, mas também passou a ser amplamente utilizada nos bancos
escolares.
Portanto, o surgimento do termo “subdesenvolvimento” é recente e está ligado à am-
pliação do conhecimento do mundo pelo processo de expansão capitalista Pós Segunda Guerra
Mundial. De acordo com Lacoste (1966, p. 12):
A aparição do conceito de subdesenvolvimento é contemporânea de duas das maiores descobertas das
ciências econômicas e humanas. Esta coincidência está longe de ser um acaso. A primeira descoberta
foi a de um fenômeno muito antigo: a miséria e a fome. A segunda foi a de um fenômeno completamen-
te novo: o extraordinário aumento da população mundial a partir do começo do século XX.
A combinação desses dois fatores motivou os debates acadêmicos, bem como os políticos,
em face da ameaça que poderia representar a estrutura de poder vigente capitalista no seu em-
bate com as ideias socialistas.
Assim, como explica Furtado (2000, p. 25), ao discutir as ideias de desenvolvimento esta-
belecidas no seio dessas relações:
Mais do que um tema acadêmico, essa reflexão foi alimentada pelo debate político nascido das grandes
transformações produzidas pela Segunda Guerra Mundial, tais como o desmantelamento, das estru-
turas coloniais e a emergência de novas formas de hegemonia internacional fundadas no controle da
tecnologia e da informação e na manipulação ideológica.
Para Celso Furtado (2000, p. 28, grifos do autor), outra importante referência ao estudo
do subdesenvolvimento:
A formação do sistema econômico mundial apoiou-se, assim, tanto no processo de transformação das
estruturas sociais como no processo de modernização do estilo de vida. Desenvolvimento e subdesen-
volvimento, como expressão das estruturas sociais, viriam a ser resultantes da prevalência de um ou
outro desses dois processos. Cabe, portanto, considerar subdesenvolvimento e desenvolvimento como
situações históricas distintas, mas derivadas de um mesmo impulso inicial e tendendo a reforçar-se mu-
tuamente [...]. Portanto, para compreender as causas da persistência histórica do subdesenvolvimento,
faz-se necessário observá-lo como parte que é de um todo em movimento, como expressão da dinâmi-
ca do sistema econômico mundial engendrado pelo capitalismo industrial.
Dessa forma, como afirma Gomes (1987-1988, p. 39), “[...] jamais podemos dissociar dois
componentes, tendo em vista que um – o desenvolvimento capitalista – é causa determinante
do outro – o subdesenvolvimento capitalista”. Essas formulações contribuíram para compreen-
der o desenvolvimento do espaço geográfico como um processo desigual e contraditório.
Por sua vez, Theis (2009, p. 249) explica que:
[...] a co-existência, simultânea e dinâmica, de espaços mais desenvolvidos e menos desenvolvidos é o
resultado do desenvolvimento geográfico desigual. Mas, também, é condição para o processo de con-
tinuada valorização do capital.
Por isso, diversas são as combinações, e diferentes podem ser os critérios de classificação
dos países subdesenvolvidos.
Yves Lacoste (1966-1970) propôs uma classificação dos países com base nos seguintes
critérios:
1) Insuficiência alimentar.
2) Recursos negligenciados ou desperdiçados.
3) Grande número de agricultores de baixa produtividade.
4) Industrialização restrita e incompleta.
5) Hipertrofia e parasitismo do setor terciário.
6) Situação de subordinação econômica.
7) Violentas desigualdades sociais.
8) Estruturas tradicionais deslocadas.
9) Ampliação das formas de subemprego e trabalho das crianças.
10) Baixa integração nacional.
11) Graves deficiências das populações.
12) Aumento do crescimento demográfico.
13) Lento crescimento dos recursos de que dispõem, efetivamente, as populações.
14) Tomada de consciência e uma situação em plena evolução.
Já Gomes (1987-1988, p. 39) defende que, para caracterizar o subdesenvolvimento, há de
existir, nos espaços nacionais:
[...] estruturas políticas subdesenvolvidas corruptas, corruptíveis e subservientes; comunidades
atrasadas, dotadas de baixo nível de consciência política, portanto, acríticas e alienadas do processo
histórico transformador; abundante potencial de recursos naturais renováveis e não renováveis, e de
matérias-primas existentes no meio geográfico do mundo subdesenvolvido; elevada mão-de-obra
disponível submetida a baixos salários, etc.
• A tendência à regionalização dos mercados, que atua na busca por erguer barreiras
protetoras, consolidando megablocos que se enfrentam em disputas comerciais e fi-
nanceiras.
Nesse cenário da globalização, a atuação do Estado-Nação é motivo de controvérsias entre
estudiosos. Alguns acreditam que o Estado-Nação tende a ocupar um lugar marginal na política
internacional, enquanto outros julgam que o Estado-Nação vai se fortalecer, pois, posicionado
no interior da economia mundial, pode escolher políticas capazes de moldar o próprio processo
de globalização.
Considerando esse contexto, em que também prevalece a ideia de uma economia unifica-
da e da dinâmica cultural sustentadas pela ação da globalização, Gomes (1995) indica que uma
sociedade só pode ser compreendida no processo de reprodução social global. Seria a globaliza-
ção, portanto, o fim da diferenciação das áreas do globo e, consequentemente, o fim da região?
A essa questão Santos (1999, p. 16) responde que:
A região continua a existir, mas com um nível de complexidade jamais visto pelo homem. Agora, ne-
nhum subespaço do planeta pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é,
individualização e regionalização.
Essas mudanças derivadas dos processos de globalização levaram alguns autores a procla-
mar o fim da região. Entretanto, como esclarece Gomes (1995, p. 72):
A tão decantada globalização parece concretamente não ter conseguido suprimir a diversidade espa-
cial, talvez nem a tenha diminuído. Se hoje o capitalismo se ampara em uma economia mundial não
quer dizer que haja uma homogeneidade resultante desta ação. Este argumento parece tanto mais
válido quanto vemos que o regionalismo, ou seja, a consciência da diversidade continua a se manifestar
por todos os lados.
9. questões autoavaliativas
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões indicadas a se-
guir, que tratam da temática desenvolvida nesta unidade, que apresenta um caráter fortemente
teórico dos conceitos de região e regionalização, bem como o papel da ciência geográfica na
interpretação do espaço mundial. Se tiver dificuldade, releia o material e, se não ficar satisfeito,
consulte a bibliografia indicada.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão
desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocor-
re de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus
colegas.
© U1 – Regionalização do Espaço Mundial: Fundamentos Teóricos e Históricos 37
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) Qual a importância do conceito de região para a ciência geográfica?
2) Regionalizar é o mesmo que classificar? Pode-se assumir qualquer critério natural ou social como parâmetro
para a delimitação de áreas?
3) Desenvolva o raciocínio sobre a seguinte afirmativa: “Regionalizar para compreender e compreender para re-
gionalizar”.
4) Atualmente, considerando o paradigma da sustentabilidade ambiental, por que é importante que o espaço
mundial seja analisado mediante uma visão integrada dos elementos físicos e naturais com os elementos an-
trópicos?
5) Quais os fatos políticos e históricos que justificaram a regionalização do Planeta em Norte e Sul?
10. considerações
Considerando os objetivos propostos para a Unidade 1, entendemos ser de grande rele-
vância que você tenha compreendido a importância dos conceitos de região e regionalização,
que, embora possam carregar diferentes concepções teóricas e metodológicas, são fundamen-
tais para a compreensão do espaço geográfico.
Como vimos, as diferentes formas de regionalização estão vinculadas a determinados con-
textos históricos, que, dado a dinamicidade da realidade, podem ser suprimidos ou entrarem
em desuso. Este é o caso da regionalização Norte/Sul, que apesar de ser central na explicação da
organização da ordem mundial bipolar, com a emergência da globalização e das novas relações
políticas e econômicas que se estabelecem entre os países, perdeu o seu poder explicativo, co-
locando a necessidade de outras explicações.
É o que veremos na próxima unidade, na qual estudaremos as possibilidades de regionali-
zação em tempos de globalização.
Até lá!
11. e-referências
Lista de figuras
Figura 1 Espaço de fluxos. Representação de um planeta interligado pela dinâmica de informações sociais (Facebook 500 milhões
de usuários em dezembro de 2010). Disponível em: <http://www.facebook.com/notes/facebook-engineering/visualizing-
friendships/469716398919>. Acesso em: 3 jun. 2011.
Figura 2 Dubai. Disponível em: <http://articles.privateislandsonline.com/wp-content/uploads/img_9272_jpg.jpg>. Acesso em:
11 abr. 2011.
Figura 3 Canal do Panamá. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/canal-panama.htm>. Acesso em 11 abr.
2011.
Figura 4 Mundo multipolar – 1945. Disponível em: <http://politics-blog.ashbournecollege.co.uk/unit-4-extended-themes-in-
political-analysis/route-d-global-political-issues/conflict-war-and-terrorism/>. Acesso em: 28 jun. 2014.
Figura 5 Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo. Disponível em: <politics-blog.ashbournecollege.co.uk/unit-4-extended-themes-
in-political-analysis/route-d-global-political-issues/conflict-war-and-terrorism/>. Acesso em: 11 abr. 2011.
Figura 6 Países do Norte e países do Sul. Disponível em: <http://paisesdesenvolvidosesubdesenvolvidos.blogspot.com/>. Acesso
em: 17 jan. 2012.
Sites pesquisados
CASTRO, J. Subdesenvolvimento: causa primeira da poluição. Reproduzido da Revista Correio da Unesco, ano 1, n. 3, mar./1973.
Disponível em: <http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/view/93/90>. Acesso em: 2 fev. 2012.
HAESBAERT, R. Região, diversidade territorial e globalização. Geographia – Revista da Universidade Federal Fluminense, Rio de
Janeiro, ano 1, n. 1, p. 15-39, 1999. Disponível em: <www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/download/4/3>.
Acesso em: 2 fev. 2012.
THEIS, I. M. Do desenvolvimento desigual e combinado ao desenvolvimento geográfico desigual. Novos Cadernos NAEA, v. 12,
n. 2, p. 241-252, dez. 2009. Disponível em: <http://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/324/510>. Acesso em: 2 fev.
2012.
1. Objetivos
• Fornecer as condições necessárias para a compreensão conceitual, teórica e histórica
dos diferentes processos de regionalização mundial.
• Compreender os processos históricos que culminaram no fenômeno da globalização e
analisar como esse fenômeno pode contribuir com as disparidades socioespaciais.
• Apresentar indicadores socioeconômicos que permitam comparar os níveis de desen-
volvimento entre países.
2. Conteúdos
• Nova Ordem Mundial.
• Globalização e fragmentação do espaço.
• Desigualdades espaciais.
• Índices para avaliação das desigualdades econômicas, sociais, tecnológicas e educacio-
nais.
• BRICS.
• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
• Índice de Gini.
40 © Geografia Regional I
4. INTRODUÇÃO à unidade
Para iniciar a Unidade 2, é interessante ler atentamente a letra da música Cibernética, de
Gilberto Gil:
Cibernética
Lá na alfândega Celestino era o Humphrey Bogart Solino sempre estava lá
Escrevendo: “Dai a César o que é de César”
César costumava dar
Me falou de cibernética
Achando que eu ia me interessar
Que eu já estava interessado
Pelo jeito de falar
Que eu já estivera estado interessado nela
Cibernética
Eu não sei quando será
Cibernética
Eu não sei quando será
Cibernética
Eu não sei quando será
Cibernética
Eu não sei quando será (LETRAS.TERRA, 2011).
A letra da música de Gilberto Gil é uma interpretação muito pertinente da atualidade. Ela
nos apresenta aspectos extremamente importantes para a compreensão do mundo atual.
O desenvolvimento técnico e científico informacional é representado pelo termo “ciberné-
tica”, e os fluxos comerciais em escala mundial é visto no trecho “Onde lia-se alfândega leia-se
pândega”. Além de apresentar elementos contemporâneos, a música revela uma preocupação
importante: a contribuição do desenvolvimento técnico, científico e informacional na desigual-
dade social, uma vez que esse desenvolvimento tem se prestado à acumulação de capitais. Essa
ideia está evidente nos trechos: “Mas será quando a ciência/Estiver livre do poder” e “A luta
pela acumulação de bens materiais/Já não será preciso continuar”.
As críticas ao discurso da globalização enquanto unificação do mundo, cantada por Gilber-
to Gil, é partilhada por um dos grandes estudiosos do tema: Milton Santos. Em seu livro Por uma
outra globalização: do pensamento único à consciência universal, o autor destaca a atuação
maléfica da globalização, que, em vez de integrar o mundo, se coloca a favor da acumulação do
capital e amplia as desigualdades intrínsecas do sistema capitalista a nível global. De acordo com
Milton Santos (2000, p. 38-39):
Um dos traços marcantes do atual período histórico é, pois, o papel verdadeiramente despótico da in-
formação. [...] as novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta,
dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca.
Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado
de atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são
apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação
de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais
periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a
possibilidade de controle.
É nesse mundo atual, descrito nas letras de Gilberto Gil e avaliado por Milton Santos
(2000), que você vai se aprofundar um pouco mais nesta unidade. Dessa forma, discutiremos
os aspectos do atual estágio de globalização, buscando aprofundar temas já apresentados na
Unidade 1 e enfatizando discussões como o desenvolvimento técnico, científico e informacional
atual, os blocos econômicos, o papel do Estado e das fronteiras nacionais na atualidade e as
desigualdades socioespaciais em escalas mundiais.
A proposta de Lei SB 1070, apresentada pelo Estado do Arizona em janeiro de 2010 e pro-
mulgada em julho do mesmo ano, é um exemplo explícito da contramão dos fluxos de pessoas
no mundo. O texto autoriza que a polícia do Estado aborde pessoas nas ruas caso suspeitem que
elas sejam imigrantes ilegais, sendo a ausência de documentação considerada um grave delito.
Lei SB 1070–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para ler na íntegra o texto de lei SB 1070, acesse o seguinte link: <http://www.azleg.gov/legtext/49leg/2r/bills/
sb1070s.pdf>. Acesso em: 2 set. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
supranacionais. Há outra perspectiva, compartilhada por inúmeros autores, que divulga a teoria
exposta na segunda citação, afirmando que o Estado está se reestruturando sob novas bases e
adquirindo distintas funções na nova geopolítica mundial, pautada pela sociedade de controle –
o novo discurso a legitimar o reforço de poder de muitos Estados.
De qualquer forma, é essencial admitir que houve mudanças muito importantes com re-
lação ao poder do Estado a partir do fortalecimento das empresas transnacionais e a formação
de grandes entidades econômicas ou político-econômicas supranacionais. Nesse processo, até
algumas funções antes consideradas essencialmente estatais passaram a ser exercidas por en-
tidades privadas. Haesbaert e Porto-Gonçalves (2006) mencionam o caso da segurança pública,
mas são inúmeros os exemplos de privatização, como serviço de água e luz, telefonia e empresas
de grande porte do setor primário, como a Vale do Rio Doce (atualmente Vale).
De fato, os Estados são desafiados pelas novas tendências de integração e globalização.
Magnoli (1997, p. 43) define muito bem atuação do Estado-Nação no contexto da globalização:
A globalização implica uma nova reformulação das relações entre o Estado e o mercado. O Estado aban-
dona uma série de funções que tinha assumido desde a década de 1930 e se reorganiza para lidar com
a economia globalizada. As empresas públicas são privatizadas. As taxas alfandegárias são reduzidas
ou, em certos casos, abolidas. As políticas econômicas são coordenadas em escala internacional. Em
conseqüência, a noção de soberania é submetida a mais uma revisão.
Essa revisão não se confunde com a sua supressão ou com o desfalecimento do Estado-Nação, que
representa a única instância capaz de conduzir o próprio processo de globalização. Ao contrário, sob
diversos aspectos, o Estado reforça a sua capacidade de operar como intermediário entre as forcas ex-
ternas e a sociedade nacional. Alguns geógrafos compreenderam perfeitamente o sentido desse nexo,
capacitando-se para afirmar como o faz Luiz Navarro de Britto, que ‘o Estado constitui a sociedade
global dos nossos dias'.
Agora que já esclarecemos o papel do Estado no cenário mundial atual, vamos buscar
compreender a atuação dos blocos econômicos.
Segundo Haesbaert e Porto-Gonçalves (2006), a ideia de formação de grandes blocos eco-
nômicos começa após as guerras mundiais, justamente em uma tentativa de minimizar o poder
de Estados com grande poder beligerante e garantir a paz e o crescimento econômico em um
período de grave crise. A iniciativa de maior sucesso até hoje, e também a primeira a se conso-
lidar, é a União Europeia.
Existem, segundo Magnoli (1997), quatro tipos de tratados econômicos e, ainda, uma mo-
dalidade de bloco regional espontâneo:
1) Zona de Livre Comércio: constitui-se de um acordo entre Estados com objetivo de
eliminar as restrições tarifárias e não tarifárias que incidem sobre a circulação de mer-
cadorias entre os integrantes. Trata-se de um acordo circunscrito à esfera comercial,
que não restringe o intercâmbio de cada Estado com países externos ao bloco. Sua
finalidade, do ponto de vista da teoria econômica, é ampliar a exposição da economia
dos países integrantes à concorrência externa, a fim de estimular ganhos de produti-
vidade. Como exemplo dessa categoria, podemos citar o Nafta, formado pelo Canadá,
México e Estados Unidos.
2) União Aduaneira: trata-se de um acordo na esfera comercial que define duas metas: a
eliminação das restrições alfandegárias e a fixação de uma tarifa externa comunitária.
Essa tarifa consiste em um imposto de importação comum cobrado sobre mercadorias
provenientes de países externos ao bloco. A finalidade desse tipo de tratado é atrair
investimentos produtivos para seu território. Os principais benefícios para as empre-
sas são o aumento do mercado consumidor e a proteção alfandegária, que eliminam a
concorrência de países que não fazem parte do bloco. Como exemplo dessa categoria
de tratado podemos citar o Mercosul, formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uru-
guai (a tendência é de que o Mercosul se torne um Mercado Comum).
© U2 – Regionalização do Espaço Mundial no Contexto da Globalização 47
Tarifa externa Definida por cada país Imposto comum Imposto comum Imposto comum
Capitais serviços e
Regras nacionais Regras nacionais Livre circulação Livre circulação
pessoas
Agora que você já conhece um pouco mais sobre os blocos econômicos, vamos analisar
uma questão relevante: a tendência à regionalização com base nos blocos econômicos seria um
obstáculo à integração global dos mercados?
De acordo com Magnoli (1997), há duas consequências da consolidação das áreas de livre
comércio:
• Redirecionamento dos fluxos comerciais para a área, restringindo as áreas de exporta-
ção e desfavorecendo a globalização.
• Criação de novos fluxos, pois a ausência das barreiras alfandegárias incentiva a impor-
tação de produtos a preços menores, favorecendo a globalização.
É importante considerar que a globalização não somente se limita ao comércio, mas tam-
bém à área de investimentos e à ampliação do campo das transnacionais. Esses aspectos tam-
bém estão por trás da estruturação de um mercado globalizado.
Logo, a regionalização do mundo em blocos econômicos pode ser classificada como “ins-
trumento de ação”, ou seja, é uma unidade espacial definida segundo atributos econômicos e
com o propósito de crescimento econômico, podendo ser entendida como sinônimo de espaço
econômico.
Dessa forma, podemos dizer que a divisão do mundo em blocos econômicos é uma forma
de regionalização muito importante para compreender o mundo globalizado. Porém, não é ex-
clusiva, tampouco esgota a compreensão do espaço mundial.
A pobreza global
Retomemos, agora, as ideias da introdução desta unidade, contidas na música de Gilberto
Gil, que denunciam as desigualdades em um mundo que ironicamente tende a se homogeneizar.
Magnoli (1997, p. 21) define globalização como o “[...] processo pelo qual o espaço mun-
dial adquire unidade [...]”, ou seja, um processo econômico e social que estabelece integração
entre todas as regiões do mundo através do fluxo de mercadorias, investimentos e informações,
como já vimos. Porém, essa globalização que unifica também separa, segrega, exclui.
O processo de globalização agravou as desigualdades entre a acumulação de riquezas e
a disseminação da pobreza. O desenvolvimento econômico assume padrões perversos, margi-
nalizando grandes parcelas da população. As novas modalidades de indústria, que englobam
tecnologia e ciência, são responsáveis pela diminuição de empregos, redução de salários reais e
supressão dos direitos trabalhistas tradicionais, atingindo diretamente as parcelas da população
de média e baixa qualificação profissional (MAGNOLI, 1996).
Milton Santos (2000, p. 23) analisa o atual momento da globalização interpretando-o
como “[...] ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista [...]”, momento em
que as perversidades intrínsecas a esse sistema socioeconômico atingem escalas globais. Segun-
do o autor:
Os fatores que contribuem para explicar a arquitetura da globalização atual são: a unicidade da técnica,
a convergência dos momentos, a cognoscibilidade do planeta e a existência de um motor único na his-
tória, representado pela mais-valia globalizada. Um mercado global utilizando este sistema de técnicas
avançadas resulta nessa globalização perversa (SANTOS, 2000, p. 24).
Observando o mapa do PIB (Figura 3), podemos constatar que os maiores valores desse
índice ocorrem predominantemente nos Estados Unidos, Espanha, França, Alemanha, Japão e
China, localizados no hemisfério Norte. No hemisfério Sul, de acordo com a classificação temáti-
ca da legenda, destacam-se países com valores médios de PIB, como Brasil, Argentina, África do
Sul e alguns países do Pacífico Sul. De maneira geral, observamos uma tendência de queda dos
valores do PIB no sentido Norte-Sul.
Quanto ao PIB per capita, podemos constatar que também predominam os maiores valo-
res para os países do hemisfério Norte, com exceção da Austrália, que apresenta elevado valor
e ocupa o hemisfério Sul. No hemisfério Sul, destacam-se países como Argentina, Brasil, África
do Sul e Venezuela, que apresentam, de acordo com a classificação adotada pelo IBGE, valores
médios para o PIB per capita.
Quando se compara o PIB com o PIB per capita, observa-se que alguns países, como a
China e a Índia, embora apresentem elevados PIB, não apresentam PIB per capita elevado. Isso
ocorre porque esses países são populosos.
Outra forma de observar as desigualdades regionais em tempos de globalização é a com-
paração das exportações de mercadorias. A Figura 4 mostra a exportação mundial de mercado-
rias entre os anos de 2005 e 2010 por continentes.
Figura 4 Participação das exportações mundiais de mercadorias por regiões entre os anos 2005 e 2010.
A dívida externa, ainda que seja um problema para diferentes nações, tem efeitos mais
perversos sobre as economias mais frágeis, pois reduz a capacidade de investimento e, conse-
quentemente, a eficiência de políticas sociais.
Outro elemento novo do espaço geográfico globalizado é a combinação da aplicação das
políticas neoliberais com o crescimento do desemprego estrutural, que contribui para a amplia-
ção da diferença de renda interna em vários países, inclusive nos mais ricos.
De acordo com Castells (1999, p. 105):
[...] há uma disparidade considerável na evolução da desigualdade interna de distribuição de renda de
diversas regiões do mundo. Nas últimas duas décadas, a desigualdade na distribuição de renda cresceu
nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Peru, Tailândia e Rússia, e, nos
anos 80, no Japão, Canadá, Suécia, Austrália, Alemanha e Japão.
Observe, na Figura 6, que os países com as maiores taxas de analfabetismo estão na África,
sendo Mali o país com a maior taxa de analfabetismo (73,8%).
Já as menores taxas de analfabetismo estão nos países do Norte, incluindo países Euro-
peus, da América do Norte, Japão e Austrália. Como explica o mapa (Figura 6), nesses países o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) atribui uma taxa de 1% ao calcu-
lar o IDH. Os países da América do Sul não apresentam índices extremamente altos, com desta-
que para a Argentina, Chile e Uruguai, que possuem as menores taxas de analfabetismo.
7. Possibilidades de Regionalização
O espaço geográfico, no dizer de Santos (1978), é um acúmulo de tempos desiguais, e,
assim, a organização mundial continua a preservar velhas estruturas do passado, mas também
assume novas formas e manifestações com a emergência da globalização.
Como vimos, a regionalização é uma das formas de explicitar essas diferenças e desigual-
dades espaciais, por isso, deve estar atenta aos novos cenários sem, contudo, perder os referen-
ciais históricos da constituição do espaço.
A Figura 7 exemplifica uma das possibilidades de regionalização do mundo atual, mas que
preserva elementos históricos, como a linha que divide o Norte, desenvolvido, do Sul, subdesen-
volvido. Observe-a atentamente.
© U2 – Regionalização do Espaço Mundial no Contexto da Globalização 57
Os países nessa classificação são divididos pelo critério de participação nas relações eco-
nômicas globalizadas, ou seja, a inserção na economia de mercado; contudo, antigas desigual-
dades não foram superadas, e sim superpostas por uma nova dinâmica espacial.
Nesse momento de reordenamento da economia mundial, é fundamental destacar a pre-
sença cada vez mais significativa dos países considerados de integração autônoma, como é o
caso do Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, na cena política e econômica mundial.
Apresentando um crescimento econômico por muitos anos superior ao dos países centrais
do capitalismo, os países considerados “emergentes” alcançaram a condição de importantes
lideranças regionais e ampliam, continuamente, sua participação no mercado mundial.
Além disso, essa condição favorece a participação desses países no debate político in-
ternacional. A ascensão do G20 – grupo que reúne as economias mais avançadas e os países
emergentes, formado no final da década de 1990 –, como principal fórum de discussão da agen-
da econômica e financeira internacional, reflete a importância política dos países emergentes
diante das sucessivas crises econômicas que afetam o mundo no início do século 21.
O G20 é formado por 19 países e pela União Europeia, e conjuntamente representam cer-
ca de 90% do PIB mundial e 80% do comércio global.
A Figura 8 exibe os países que compõem o G8 – composto pelas sete economias mais
avançadas do mundo e pela Federação Russa – e os países emergentes que, somados a estes,
formam o G20.
Figura 8 G8 e G20.
Os principais países emergentes que formam o G20 são: Argentina, Brasil e México, na
América Latina; África do Sul, na África, e Arábia Saudita, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia e
Turquia, na Ásia. Em geral, esses países tiveram em comum o fato de apresentaram um passado
de dependência colonial ou imperialista, bem como estarem entre o grupo dos países subde-
senvolvidos.
No Pós Segunda Guerra Mundial, em contrapartida, o intenso processo de industrialização
a que esses países foram submetidos, impulsionadas pelo ingresso de empresas multinacionais,
garantiram-lhes um elevado nível de produção econômica que os diferencia dos demais países
subdesenvolvidos, apesar de não terem superado diversos problemas sociais.
© U2 – Regionalização do Espaço Mundial no Contexto da Globalização 59
Os BRICS
Entre os países emergentes elencados anteriormente, destacam-se, no cenário interna-
cional, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que, juntos, formam o
acrônimo BRICS.
A sigla criada em 2001, pelo economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neill, inicialmen-
te como conceito analítico da economia e das finanças mundiais, popularizou-se rapidamente
nos meios jornalísticos.
Apenas em 2006 esse conceito se transformou em um grupo político diplomático, reunin-
do Brasil, Rússia, China e Índia. Em 2011, a África do Sul também passou a fazer parte do agru-
pamento, definindo a sigla BRICS.
Os BRICS representam uma nova força econômica e política no contexto da globalização,
dispondo de extensa superfície terrestre, quase metade da população mundial, recursos naturais
abundantes, mão de obra barata, mercado consumidor em expansão e economias diversificadas
com elevado ritmo de crescimento. Esse grupo de países já representa parcela expressiva do PIB
mundial.
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (2012):
Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países (Brasil, Rússia, Índia e China) representou 65% da
expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos Estados
Unidos ou o da União Europeia. Para dar uma ideia do ritmo de crescimento desses países, em 2003
os BRICs respondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o
PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$11trilhões, ou 18% da economia
mundial.
Dados do Fundo Monetário Internacional para 2011 apontam, também, que, individual-
mente, esses países figuram no topo da lista dos maiores PIB mundiais: China (2º lugar), Brasil
(6º lugar), Rússia (9º lugar), Índia (10º lugar) e África do Sul (29º lugar).
Não há dúvidas de que o crescimento econômico desses países tem provocado um reor-
denamento na geografia mundial, ampliando a importância dos países emergentes nas decisões
políticas internacionais.
As avaliações dessas mudanças ainda não são conclusivas, e os rumos das transformações
ainda são incertos, dadas as questões particulares de cada país, combinadas com a instabilidade
da economia mundial. Dessa forma, é fundamental mantermo-nos atualizados se de fato quiser-
mos compreender o mundo no século 21.
A seguir, analisaremos dois indicadores de classificação das condições sociais dos países:
o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Gini, como forma de entendermos a
desigualdade social e econômica que caracteriza o mundo contemporâneo.
Acompanhe.
8. A QUANTIFICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
As condições de vida da população de um país também podem ser dimensionadas a partir
dos elementos quantitativos. As diferentes interpretações teóricas que analisaram a questão
do subdesenvolvimento, ou da desigualdade entre os países, procuraram fundamentar-se em
dados econômicos e sociais para proceder à classificação dos países.
Como vimos anteriormente, entre os indicadores mais utilizados nos estudos econômicos
e geográficos, está o PIB – Produto Interno Bruto per capita. No entanto, atualmente, esse indi-
De acordo com as condições mensuradas, o IDH dos países podem ser classificados como
baixo, médio, elevado e muito elevado. A metodologia de classificação do IDH pode sofrer alte-
rações anualmente, incorporando novos indicadores ou redefinido os valores das notas para um
país alcançar determinada condição de desenvolvimento.
De qualquer forma, em 2010, ao completar 20 anos de elaboração de relatórios anuais, é
possível comparar a condição dos países, bem como os progressos e retrocessos em suas con-
dições sociais.
© U2 – Regionalização do Espaço Mundial no Contexto da Globalização 61
Entretanto, o mesmo relatório indica uma acentuação das desigualdades no interior dos
países, sobretudo nos que pertenciam à antiga União Soviética e nos países da Ásia Oriental e
do Pacífico.
Apesar do IDH ser um índice amplamente utilizado em análises relacionadas ao grau de
desenvolvimento de diferentes países, sua utilização recebe muitas críticas, especialmente por
“[...] concentrar-se numa média aritmética dos desempenhos da renda per capita, da saúde e
da educação [...] como se participassem de torneios mundiais de desenvolvimentismo” (VEIGA,
2006, p. 27).
Índice de GINI
Outro indicador muito utilizado para quantificar as condições sociais de um país é o Índice
de Gini. Criado pelo estatístico italiano Corrado Gini, esse indicador é uma medida da concentra-
ção ou da desigualdade, comumente utilizada na análise da distribuição de renda.
Além da desigualdade social, o indicador pode ser aplicado para medir o grau de concen-
tração de qualquer distribuição estatística, tais como concentração de terra, urbana, industrial,
entre outras. Na prática, o índice varia de 0 a 1, em que o valor 0 representa a completa igualda-
de de renda, e o valor 1 indica a completa desigualdade.
Essa é uma das dimensões importantes para analisarmos o subdesenvolvimento, pois a
desigualdade social é um dos seus aspectos marcantes. Ribeiro (2006) argumenta que a desi-
gualdade aumenta a pobreza, dificulta o crescimento econômico e aumenta os conflitos sociais.
A Tabela 2 apresenta os valores medianos do Índice de Gini por região, entre os anos de
1960 e 1990. Acompanhe.
A análise dos Índices de Gini, combinada com outros indicadores econômicos, aponta,
portanto, para uma assincronia entre o crescimento econômico e a melhoria das condições de
vida da população, reforçando a tese de que mais do que crescimento econômico, é fundamen-
tal a distribuição social da riqueza.
9. questões autoavaliativas
Para ajudar você a pensar nesta unidade de modo integrado, sugerimos que responda às
seguintes questões:
1) Qual é a relação entre globalização e produção desigual do espaço geográfico?
6) Quais são as dimensões analisadas pelo IDH? Elas são suficientes para mensurar a qualidade de vida da popu-
lação?
10. considerações
Esta unidade apresentou diversos fatos históricos de maneira integrada e ofereceu um
método de interpretação que justifica as atuais relações de poder e a organização espacial.
Apesar de contar com forte embasamento teórico, as informações aqui descritas ultrapas-
sam o campo da teoria e articulam os fatos vividos pelas sociedades.
Dessa forma, a leitura desta unidade configura-se num grande exercício de atenção, pois o
texto apresenta ideias sequenciais, retomando inclusive informações da Unidade 1.
Assim, é primordial que, antes de avançarmos para a próxima unidade, a partir das qual
iniciaremos o estudo das grandes áreas continentais pela Europa, você tenha a percepção clara
e objetiva dos fatos e conceitos que definiram a regionalização entre hemisférios, bem como os
fatores históricos e geográficos que respaldaram, motivaram e justificam essa divisão.
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Fronteira dos Estados Unidos com o México. Disponível em: <http://ocastendo.blogs.sapo.pt/367778.html>. Acesso
em: 28 abr. 2011.
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cartotheque/21C_integration_regionale_2005.jpg>. Acesso em: 2 fev. 2012.
Figura 3 Produto Interno Bruto per capita 2010. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/en/node/2608>. Acesso em:
28 jun. 2014.
Figura 4 Participação das exportações mundiais de mercadorias por regiões entre os anos de 2005 e 2010. Disponível em:
<http://www.wto.org/spanish/res_s/statis_s/its2011_s/its11_charts_s.htm>. Acesso em: 18 jan. 2012.
© U2 – Regionalização do Espaço Mundial no Contexto da Globalização 63
Figura 5 Internautas (1991-2006). Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/cartotheque/35C_internautes_2005.jpg>.
Acesso em: 2 fev. 2012.
Figura 6 Analfabetismo, 2009. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/en/node/2412>. Acesso em: 28 jun. 2014.
Figura 7 Regionalização contemporânea. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/cartotheque/20_C_typologie%20
des%20états%20dans%20la%20mondialisation.bmp>. Acesso em: 23 mar. 2010.
Figura 8 G8 e G20. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/cartotheque/01_G8_G20.jpg>. Acesso em: 2 fev. 2012.
Figura 9 Componentes do IDH. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Complete_reprint.pdf>. Acesso
em: 18 jan. 2012.
Lista de tabelas
Tabela 1 Dívida externa e serviço da dívida por regiões em bilhões de dólares. Disponível em: <http://www.imf.org/external/
spanish/pubs/ft/weo/2009/02/pdf/tblsPartBs.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2012.
Tabela 2 Coeficiente de Gini e Medianos de Gini por região e decênios. Disponível em: <http://observatorio.iuperj.br/artigos_
resenhas/Um_panorama_das_desigualdades_na_America_Latina.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2010.
Sites pesquisados
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<http://www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismos-inter-regionais/agrupamento-brics>. Acesso em: 18 jan. 2012.
______. Ministério das Relações Exteriores. Mercosul. 2010. Disponível em: <http://www.mercosul.gov.br/>. Acesso em: 28 abr.
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______. Congresso Nacional. Área de Livre Comércio das Américas. 2010. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/mercosul/
blocos/ALCA.htm>. Acesso em: 28 abr. 2011.
LETRAS. TERRA. Cibernética. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574299/>. Acesso em: 23 de mar. 2011.
PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório de desenvolvimento Humano – 2010.
Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Complete_reprint.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2012.
RIBEIRO, A. C. Um panorama das desigualdades na América Latina. In: Observatório Político Sul-Americano. OPSA. Instituto
universitário de pesquisas do Rio de Janeiro. IUPERJ/ UCAM. 2006. Disponível em: <http://observatorio.iuperj.br/artigos_
resenhas/Um_panorama_das_desigualdades_na_America_Latina.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2010.
1. Objetivos
• Descrever os aspectos populacionais, econômicos e naturais mais representativos do
continente europeu.
• Analisar as condições econômicas e sociais dos países centrais do capitalismo, localiza-
dos na Europa.
• Inter-relacionar os atributos físicos e antrópicos dos países selecionados.
2. Conteúdos
• Caracterização da homogeneidade dos países europeus com base na apresentação de
índices demográficos e econômicos.
• Descrição de aspectos humanos e naturais da Alemanha, Reino Unido, Itália e França.
2) Para entendermos um pouco mais, o The World Factbook é uma publicação anual
da CIA, agência pertencente ao governo norte-americano, que disponibiliza informa-
ções de base (na forma de um compendio) sobre os países do mundo, fornecendo um
resumo de informações como demografia, localização, telecomunicações, governo,
indústria, capacidade militar entre outros, de todos os países e territórios do mundo
reconhecidos diplomaticamente pelos EUA.
3) Destacamos, também, que o The World Factbook é preparado pela CIA para o uso do
governo federal estadunidense, sendo assim, sua cobertura e conteúdo são elabora-
dos para prover a essa necessidade. Como se torna inviável neste material contrapor
diversos dados de um mesmo país para que se estabeleça juízo e consenso entre eles,
cabe a você, também, a responsabilidade de indagar sobre o que for apresentado!
4) É importante que você saiba que, além dos dados disponibilizados pela CIA, outros da-
dos foram obtidos de órgãos ambientais ou agências de estudos populacionais oficiais
ligados ao governo dos países estudados.
4. INTRODUÇÃO à unidade
Nesta unidade, vamos conhecer a geografia do continente europeu, analisando com mais
especificidade os seguintes países: Alemanha, Reino Unido, Itália e França.
Para compreender os países em sua totalidade, sabemos que é importante observá-los
como o resultado do longo processo de ações humanas sobre a natureza. Devemos, portanto,
analisar elementos naturais, antrópicos e históricos que conduziram tal configuração, buscando
compreender as relações entre esses elementos.
Sabemos que o atual período de globalização é caracterizado pelo elevado fluxo de merca-
dorias e pela mobilidade das indústrias e empresas transnacionais. Portanto, os condicionantes
naturais e mesmo territoriais que foram determinantes para o desenvolvimento econômico de
uma nação no período colonial tornam-se secundários. No entanto, as características naturais,
como clima, relevo e localização também podem ser consideradas condicionantes da estrutura
cultural, o que contribui para alavancar ou restringir o desenvolvimento econômico de um país.
Um exemplo é a presença ou ausência de fontes de energia que são fundamentais para o desen-
volvimento industrial.
Para que você compreenda melhor esta unidade, é importante ter claramente definido
alguns conceitos fundamentais relacionados à demografia e à economia. São eles: PIB, PEA, PIB
per capita e IDH, disponíveis no Glossário de Conceitos, para facilitar sua leitura.
Clima e vegetação
Na Europa, há uma grande variedade de climas, com significativas diferenças de tempera-
tura e precipitação entre as áreas norte e sul. Grosso modo, os climas europeus são determina-
dos basicamente pelos seguintes fatores climáticos:
1) Latitude: tendência a elevação das temperaturas no sentido norte e sul. De acordo
com a Agência Espacial Europeia (ESA):
De um ponto de vista termodinâmico, o clima divide a Europa em três partes, do Norte ao Sul. As áreas
do norte incluem as regiões polares, as áreas do sul incluem as regiões tropicais e as áreas centrais estão
localizadas nas latitudes intermédias, onde varia mais o gradiente da temperatura Norte-Sul. Por outras
palavras, é onde as massas frias de ar polar encontram o ar tropical quente (ESA, 2014, s.p.).
© U3 – Europa 69
Como as condições climáticas contribuem para a distribuição dos tipos de vegetação pre-
sentes no continente, a seguir, apresentaremos, resumidamente, as características de cada tipo
climático e as formas de vegetação a eles associadas.
Observe a Figura 3, que apresenta a distribuição da vegetação original e compare com a
Figura 2.
Aspectos econômicos
O mapa político do continente europeu, ao longo da história, passou por várias transfor-
mações territoriais. Somente no século 20, em decorrência das duas grandes guerras mundiais,
do fim da Guerra Fria e de inúmeros conflitos regionalizados, o mapa europeu foi redefinido di-
versas vezes. Atualmente, os conflitos na Ucrânia, no nordeste da Espanha e sudoeste da França
envolvendo a etnia basca são os principais focos de disputa territorial e política.
O mapa da Figura 4 apresenta a atual configuração política e territorial da Europa. Acom-
panhe.
Como vimos na Unidade 2, neste continente consolidou-se uma das principais iniciativas
de integração regional: a União Europeia. Nascida logo após a segunda Guerra Mundial, como
forma de evitar novos conflitos e garantir a estabilidade econômica. Conforme explica Naime
(2005, p. 2):
© U3 – Europa 73
Após esse acordo inicial envolvendo o controle de carvão e aço, em 1957, os mesmos
países ampliaram as formas de cooperação com a criação da Comunidade Europeia de Energia
Atômica (Euratom) para fomentar o uso de energia nuclear para fins pacíficos e formaram, tam-
bém, a Comunidade Econômica Europeia (CEE), estabelecendo uma união aduaneira, suprimin-
do as restrições comerciais entre estados-membros e definindo uma tarifa externa comum para
o bloco (NAIME, 2005).
Outro passo importante para integração regional da Europa foi dado na cúpula em Haia,
no ano de 1969, quando ficou acordado entre os países-membros a criação de uma união eco-
nômica e monetária, além da abertura ao ingresso de novos países. Assim, de “[...] 1957 a 1995,
a ‘Europa dos Seis’ transformou-se em ‘Europa dos Quinze’, com a incorporação da Grã-Breta-
nha, Irlanda e Dinamarca (1973); Grécia (1981); Portugal e Espanha (1986); Áustria, Finlândia e
Suécia (1995)” (MRE, 2011, p. 15).
Com a expansão do bloco e a ampliação do comércio entre os países, criou-se a neces-
sidade de estabelecer mecanismos de maior controle e transparência nas políticas de desre-
gulamentação e liberalização econômica, ao mesmo tempo em que se buscava aprofundar a
institucionalidade do bloco. Em consequência, após diversas reuniões, foi ratificado, em 1992, o
Tratado de Maastricht, que criava a União Europeia.
De acordo com Naime (2005, p. 5):
O Tratado de Maastricht veio substituir os textos anteriores constitutivos do processo de integração
europeu. Isso pois agrupava em seu cerne as demais organizações previamente estabelecidas entre os
Estados membros. Assim, a UE estabelecia-se sobre três pilares: as Comunidades Européias, a Política
Externa e de Segurança Comum (Pesc), e a cooperação nas áreas da justiça e das questões internas.
É importante ressaltar que a Europa apresenta uma economia diversificada, com eleva-
da produção e produtividade industrial e agrícola. O setor de serviços emprega, atualmente, a
maior parte da população economicamente ativa, contribuindo expressivamente para o cresci-
mento econômico dos países.
Desde o século 15, os países europeus estiveram à frente do processo de expansão do
capitalismo pelo mundo e difusão de uma sociedade urbana e industrial. Nesse processo, vastos
territórios na América, África, Ásia e Oceania foram colonizados e serviram a reprodução am-
pliada do capitalismo.
O imperialismo europeu na África e na Ásia só chegou ao fim na forma de ocupação terri-
torial direta no final do século 20, o que não impediu que a dominação permanecesse. Como vi-
mos nas Unidades 1 e 2 desta obra, com a emergência da globalização e a mundialização da pro-
dução, o poderio econômico europeu, expresso na figura das empresas transnacionais continua
a ser exercido pelos mecanismos de comércio, controle tecnológico, informacional e financeiro.
Dessa forma, a expressão da riqueza em muitos países europeus só pode ser compreendi-
da pela análise das formas de reprodução do capital em nível mundial, uma vez que a descentra-
lização da produção industrial faz com que a rentabilidade das grandes empresas seja produzida
muitas vezes em outros países.
Do ponto de vista interno, também há uma dispersão espacial das indústrias pela Europa,
na medida em que as empresas buscam se aproveitar de vantagens locacionais, como isenção
de impostos, redução do custo da mão de obra e o valor do solo; porém, esse fenômeno recente
ainda não foi capaz de alterar a geografia da distribuição industrial do continente, que continua
concentrada na Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
Nesses países ocorrem grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento que con-
tribuem para o intensivo emprego de tecnologia nas atividades industriais, com destaque para
Como pode ser observado na Figura 9, as áreas mais povoadas estão nos Países Baixos,
Alemanha, Reino Unido, norte da Itália, regiões próximas a Moscou, Barcelona e em capitais
como Paris e Madri. Já as áreas mais despovoadas estão ao norte dos países escandinavos e no
norte da Rússia.
© U3 – Europa 79
Vale ressaltar que a maioria dos países europeus já passou pela chamada transição demo-
gráfica, que é definida pela redução significativa da mortalidade e a posterior redução nas taxas
de natalidade.
De acordo com o relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) de 2011:
Na Europa, de norte a sul e de leste a oeste, são as baixas taxas de fecundidade – e não o crescimento
populacional – que causam alarme. Alguns países adotaram programas de incentivo para estimular as
pessoas a terem mais filhos. Tais políticas, chamadas natalistas ou pró-nascimento, quase sempre são
acompanhadas de apelos às famílias para terem mais filhos em nome da sustentação do crescimento
econômico nacional (UNFPA, 2011, p. 55).
Esses dados são exemplares para evidenciar que, sob a aparência da generalização de uma
pretensa Europa rica, há profundas desigualdades entre os países e o seu interior. Na própria
União Europeia existem “[...] atualmente cerca de 116 milhões de pessoas que vivem abaixo do
limiar de pobreza ou em risco de pobreza e de exclusão social, o que corresponde a cerca de 23%
da população total" (UNIÃO EUROPEIA, 2013, p. 4).
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6. ALEMANHA
Para darmos início a este tópico, observe a Figura 11.
A Alemanha localiza-se na Europa central, entre o mar do Norte e o mar Báltico e entre os
Países Baixos e a Polônia, logo ao sul da Dinamarca. Ocupa uma extensão de 357.022 km2.
Por ostentar a maior economia e a segunda maior população da Europa (depois da Rús-
sia), a Alemanha é muito importante nas organizações econômicas, políticas e de defesa de todo
o continente europeu. Durante a Guerra Fria, o país foi dividido em dois Estados (1949): a Oeste,
a República Federal da Alemanha, e a Leste, a República Democrática da Alemanha Oriental
(CIA, 2010).
O declínio da União Soviética e o fim da Guerra Fria ocasionaram a reunificação alemã
(1990). Desde então, a Alemanha gastou fundos consideráveis para equiparar a produtividade e
os salários do setor oriental aos do setor ocidental.
A Alemanha integra o mais importante bloco econômico do mundo, a União Europeia,
que, desde janeiro de 1999, compartilha uma moeda comum de câmbio, o euro, com dez outros
países. A Alemanha unificada compreende 16 estados, dos quais três (Berlim, Bremen e Ham-
burgo) são cidades-estado. Observe no mapa da Figura 12 a divisão política do país.
Relevo
Observe o mapa físico da Alemanha na Figura 13.
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Relevo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O relevo é um dos elementos físicos mais importantes de um país ou região, pois determina seus tipos de solo e
aptidões, influencia o deslocamento de massas de ar e condiciona o uso e a forma de ocupação humana.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Clima
O clima da Alemanha configura-se como a transição entre os climas atlântico e continen-
tal. Ou seja, possui temperaturas suaves com chuvas abundantes e regulares e, no inverno,
temperaturas baixas e menos umidade. Observe as Figuras 14 e 15.
Para compreender o clima da Alemanha, você mesmo pode elencar algumas características a
partir da observação dos mapas de precipitação e temperatura (Figuras 14 e 15). O que pode contri-
buir ainda mais para sua análise é tentar estabelecer relações com a topografia. Por exemplo:
É possível dividir o país em duas regiões com base na análise da densidade: Leste e Oeste.
Você sabe responder o que justifica essa diferença?
Economia
A economia alemã está entre as maiores do mundo se considerado o Produto Interno Bru-
to. Seu PIB per capita, em 2010, era de cerca de 34.200 dólares. O país é um dos principais ex-
portadores de máquinas, veículos, produtos químicos e equipamentos de uso doméstico. Conta,
também, com uma mão de obra altamente qualificada (CIA, 2010).
A Alemanha enfrenta significativos desafios demográficos para manter seu crescimento a
longo prazo. As baixas taxas de fecundidade e a diminuição dos fluxos migratórios líquidos estão
aumentando a pressão sobre o sistema de bem-estar social do país, que necessita de reformas
estruturais.
A modernização e integração da economia da Alemanha Oriental – em que o desemprego
pode ultrapassar os 20% em alguns municípios – continua a ser um processo caro e com resulta-
dos de longo prazo. São transferidas, anualmente, do Oeste para o Leste, altas cifras, totalizando
(apenas em 2008) cerca de 12 bilhões de dólares (CIA, 2010).
Neste momento, é interessante lembrar que, ao observarmos o mapa de densidade po-
pulacional (Figura 16), já havíamos refletido sobres as heranças da Guerra Fria na determinação
da organização espacial do país. Agora sabemos que esse período histórico influencia, inclusive,
na economia atual do país.
Algumas reformas lançadas pelo governo no período de 1998 a 2005 para resolver o pro-
blema do desemprego crônico contribuíram com um forte crescimento em 2006 e 2007 e com a
diminuição das taxas de desemprego. A atuação do governo, com a redução da jornada de tra-
balho, ajudou a explicar o aumento relativamente modesto no desemprego durante a recessão
da Alemanha em 2008 e 2009 – a mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial.
A Alemanha saiu da recessão no segundo e terceiro trimestres de 2009 graças à manu-
tenção da produção e das exportações – especialmente para países de fora da Zona Euro – e à
demanda do consumidor relativamente constante (CIA, 2010).
A maior parte da População Economicamente Ativa da Alemanha está empregada no setor
terciário da economia. Este setor também é responsável pelo maior percentual da composição
do PIB nacional. Observe os gráficos nas Figuras 18 e 19.
Figura 18 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Figura 19 Quantificação do setor da economia segundo a PEA.
7. REINO UNIDO
Para darmos início a este tópico, observe a Figura 21.
O Reino Unido é um estado insular que se localiza na costa noroeste da Europa continental
e ocupa uma área de 243.610 km2. Engloba a ilha da Grã-Bretanha, a parte Nordeste da ilha da
Irlanda e muitas outras ilhas menores. É cercado pelo Oceano Atlântico, o Mar do Norte, o Canal
da Mancha e o Mar da Irlanda. A Irlanda do Norte é a única região do Reino Unido com fronteira
terrestre, limitando-se com a República da Irlanda.
Para compreender um pouco mais da divisão política do Reino Unido, observe a Figura 22.
O Reino Unido é um Estado formado por quatro países: Inglaterra, Escócia, País de Gales
e Irlanda do Norte. O chefe de Estado é um monarca (rei/rainha), e o de governo, um primeiro-
ministro eleito por um Parlamento Central, em Londres. As grandes questões de governo, como
a política econômica, são decididas pelo Parlamento. Mas a Escócia, o País de Gales e a Irlanda
do Norte também têm assembleias nacionais, com certa autonomia para tratar de questões de
cunho local, como saúde.
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Relevo
Para compreender o relevo do Reino Unido, vamos observar a Figura 23.
Clima
Observe, nas Figuras 24 e 25, os mapas de precipitação média anual e temperatura média
anual. Por meio deles, podemos entender um pouco do clima no Reino Unido.
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Devido à sua localização latitudinal e à configuração do relevo, o Reino Unido possui clima
temperado, com chuvas bem distribuídas por todo o ano, sendo pouco comuns os extremos
de temperatura. A média anual varia de 7°C a 12°C, podendo atingir temperaturas mínimas de
-12°C (dezembro e janeiro) e máximas de 32°C (julho e agosto) (BRASIL, 2011; ICID, 2011).
Podemos constatar que o Sul da ilha da Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte apresentam as
maiores temperaturas médias anuais, enquanto as menores médias anuais ocorrem na Escócia.
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Como vimos, nos demais países representativos do poder econômico atual, a estrutura
etária e os dados demográficos refletem a riqueza e as boas condições de vida do país. Chama-
se a atenção para a sua baixa taxa de crescimento (0,563) e de fecundidade (1,92) (CIA, 2010).
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A expectativa de vida atinge quase 80 anos e revela que o Reino Unido apresenta boas
condições de vida. No entanto, assim como as demais economias de livre mercado, o país apre-
senta desigualdade socioeconômica e uma taxa de desemprego de 7,6%.
Economia
De acordo com a CIA (2010), o Reino Unido, potência comercial e centro financeiro, é
uma das principais economias da Europa Ocidental. Possui uma agricultura intensiva, altamente
mecanizada e eficiente para os padrões europeus, produzindo cerca de 60% das necessidades
alimentares com menos de 2% da força de trabalho. O país tem grandes reservas de carvão, gás
natural e petróleo, mas suas reservas de petróleo e gás natural estão limitadas, o que gerou a
importação de energia a partir de 2005.
Em 2008, a crise financeira global atingiu a economia do Reino Unido devido à importância
de seu setor financeiro. O declínio acentuado dos preços das casas, a dívida dos consumidores
de alta renda e a desaceleração econômica global agravaram os problemas econômicos do país,
ocasionando uma recessão no segundo semestre de 2008. Deste modo, o governo teve de im-
plementar uma série de medidas para estimular a economia e estabilizar os mercados financei-
ros.
O setor de serviços destaca-se expressivamente em relação à proporção do PIB, enquanto
a indústria tende a diminuir sua importância. É também no setor de serviços que se concentra a
maior parte da população economicamente ativa (CIA, 2010). Observe os gráficos das Figuras 28
e 29, os quais demonstram a composição do PIB e a distribuição do PEA por setor da economia.
Figura 28 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Figura 29 Quantificação do setor da economia segundo a PEA.
As principais atividades do setor primário são agricultura e pecuária, com destaque para
o cultivo de cereais, oleaginosas, batata, verduras, a criação de bovinos, ovinos, aves, a pesca e
a extração de carvão, petróleo e metais.
No setor secundário destacam-se as indústrias voltadas para a produção de máquinas-
ferramentas, equipamentos de energia elétrica, equipamentos de automação, ferroviários, de
construção naval, aeronaves, veículos automóveis, produtos eletrônicos e equipamentos de co-
municações, produtos químicos, papel e derivados, processamento de alimentos, têxteis, ves-
tuário e outros bens de consumo.
O setor terciário é característico de economias de livre-mercado, com fluxos de mercado-
rias no cenário internacional.
8. ITÁLIA
Como você pode ver na Figura 30, a Itália situa-se ao centro-sul do continente europeu,
ocupando toda extensão da península que se prolonga sobre o Mar Mediterrâneo. Apresenta
uma área de aproximadamente 301.340km².
De acordo com a CIA (2010), o país tornou-se um Estado-Nação em 1861, quando os esta-
dos regionais da península, junto com a Sardenha e a Sicília, foram unidos pelo rei Vítor Emanuel
II. Um longo período de governo parlamentar chegou ao fim no início de 1920, quando Benito
Mussolini estabeleceu uma ditadura fascista. Sua aliança com a Alemanha nazista lhe rendeu a
derrota na Segunda Guerra Mundial. A república democrática substituiu a monarquia em 1946,
e foi caracterizada pela recuperação econômica do país.
A Itália foi um dos membros fundadores da Comunidade Econômica Europeia (CEE), hoje
União Europeia. Desde então, está na vanguarda da unificação econômica e política do conti-
nente.
Entre os principais problemas atuais do país estão a imigração ilegal, o crime organizado,
a corrupção, o desemprego, o lento crescimento econômico e os baixos rendimentos do Sul em
comparação aos do Norte.
Na Figura 31, você pode observar a divisão política do país.
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Relevo
Para compreender o espaço geográfico da Itália, iniciaremos nossa análise pelas caracte-
rísticas do relevo. Observe o mapa da Figura 32.
Clima
A Itália tem um clima temperado mediterrâneo que se caracteriza por ser quente e seco
no verão e ameno no inverno. No entanto, há variações regionais devidas a diferentes latitudes,
a variação topográfica e a influência do mar. As temperaturas mais baixas ocorrem nas regiões
do Norte e as temperaturas mais elevadas nas regiões do Sul. Em particular no inverno de 2010,
no nível nacional, a temperatura média foi de 5,3°C, 0,2°C abaixo do inverno de 2009 e 0,6°C
inferior à média invernal do período 1971-2000 (BRASIL, 2011d).
No Norte da Itália, os invernos são mais rigorosos. As temperaturas anuais médias variam
pouco, entre 11°C e 19°C.
Observe as Figuras 33 e 34.
As precipitações são mais abundantes nas montanhas que nos vales e diminuem de Norte
a Sul, como você pode observar no mapa de precipitação (Figura 33).
Há grande variação da temperatura, sobretudo no inverno. A média em janeiro da Planície do
Pó é de 3°C, em Turim é de 11°C e, em Milão, de 1,5°C. Na região da Sicília e da Calábria, as médias
de janeiro atingem os 10°C. As médias em julho vão dos 23°C, em Milão, aos 26,2°C, em Palermo.
População
Para que compreendamos o espaço geográfico da Itália em sua totalidade, lançaremos mão
de algumas características humanas e buscaremos estabelecer a relação entre os atributos físicos
e humanos. Para tanto, vamos avaliar a organização espacial e estrutural de sua população.
A população atual da Itália é de cerca de 60 milhões de habitantes, dos quais 68% ocupam
as áreas urbanas. Embora seja uma taxa de urbanização elevada, ela é menos expressiva do que
as que apresentam os demais países analisados nesta unidade (CIA, 2010).
O Norte é a região com o maior número de habitantes, (45,7%). No centro estão 19,7% dos
habitantes, enquanto que no sul 34,6% (BRASIL, 2011d).
A Figura 35 demonstra a densidade de ocupação no território italiano.
Tente sobrepor este mapa (Figura 35) aos mapas físicos e estabeleça comparações entre a
densidade de ocupação e as características naturais de clima e relevo.
Como no Norte observamos um relevo com elevadas altitudes, há possibilidade e dispo-
nibilidade para geração de energia hidroelétrica, que é fundamental para o desenvolvimento
industrial. Além disso, é no Norte que se encontra a fronteira com países europeus, com os quais
a Itália realiza intenso fluxo comercial. Tais fatos justificam a alta densidade populacional que
está sempre atrelada ao elevado desenvolvimento econômico.
Para compreender a estrutura etária dessa população, vamos agora observar o gráfico da
Figura 36 e a Tabela 3.
.
Figura 36 Estrutura etária da Itália.
Economia
O país apresenta uma economia industrial diversificada, e é dividido entre o Norte, que
possui um parque industrial desenvolvido e dominado por empresas privadas, e o Sul, menos
desenvolvido, voltado para atividades agrícolas e com elevada taxa de desemprego.
A economia italiana é impulsionada em grande parte pela fabricação de bens de consumo
de alta qualidade, produzidos por pequenas e médias empresas, muitas delas familiares.
A maior parte do PIB do país vem do setor terciário, que emprega a maioria da população
economicamente ativa do país, como você pode observar nos gráficos das Figuras 37 e 38.
Figura 37 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Figura 38 Quantificação do setor da economia segundo a PEA.
Observe o mapa da Figura 39. Ele mostra a distribuição do PIB por região da Itália no ano
de 1999.
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Comparando este mapa (Figura 39) com o de densidade populacional (Figura 35), é pos-
sível relacionar as regiões de maior densidade populacional e, portanto, que oferecem maior
possibilidade de remuneração e emprego.
Cabe ressaltar que no Norte se destaca a atividade industrial, na região central o turismo,
enquanto no Sul predomina a agricultura.
A Figura 39 também evidencia a desigualdade socioespacial no país, uma vez que o Norte
é mais desenvolvido e rico do que o Sul.
9. França
Para começarmos nossos estudos sobre a França, observe o mapa disponível na Figura 40.
A França localiza-se na Europa Ocidental. Seu território é limitado pelo Oceano Atlântico
a Oeste, pelo Canal da Mancha (que a separa do Reino Unido) e o Mar do Norte, ao Norte, pela
Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça e Itália ao Leste, e pelo Mar Mediterrâneo, Andorra, Mô-
naco e Espanha, ao Sul.
Possui territórios no Norte da América do Sul (Guiana Francesa), no Caribe (Guadalupe e
Martinica) e no Oceano Índico (Reunion). Ocupa uma área de 551.500 km2, e com os seus terri-
tórios fora da Europa soma 643.427 km2.
Atualmente, a França é um dos países mais modernos do mundo e é líder entre as nações
europeias. Nos últimos anos, sua reconciliação e cooperação com a Alemanha provaram ser
fundamentais para a integração econômica da Europa, incluindo a introdução de uma moeda
comum de troca, o euro, em janeiro de 1999. Atualmente, a França está na vanguarda dos esfor-
ços para desenvolver as capacidades militares da UE para complementar o progresso em direção
a uma política externa da UE (CIA, 2010).
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Relevo e paisagem
Geograficamente, a França pertence tanto ao Norte quanto ao sul da Europa e tem uma
costa mediterrânea e outra atlântica. Todas as fronteiras – exceto no Nordeste, perto da Bélgica
– são naturais, quer sejam mares, altas montanhas, ou amplos rios, como o Reno.
Vamos conhecer um pouco mais a França partindo do entendimento do seu relevo. Para
tanto, observe atentamente o mapa físico da França na Figura 42.
Os cumes mais altos são os vulcânicos ao sul de Clermont Ferrand, atingindo até 1.886m
no Puy de Sancy. Ao Sul estende-se a ampla meseta calcária dos Causses, cortada pela garganta
do Rio Tarn e por outros desfiladeiros de grande profundidade.
A Sudeste dos Causses fica a cadeia das Cevenas, cujas montanhas de granito e xisto estão
cobertas de bosques de pinheiros e de castanheiros. Finalmente, o maciço Armoricano, basi-
camente granítico, atravessa o centro da Bretanha e o sul da Normandia, e seu pico mais alto
alcança somente 417m, e é, mesmo assim, o ponto mais elevado de todas as planícies ocidentais
da França (GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES, 1997).
Os Pirineus são montanhas muito mais jovens, que remontam ao período Terciário ou
Quaternário – de 65 a 2 milhões de anos – formando uma barreira natural comprida entre a
França e a Espanha, e com cumes de 3.404m, como o pico Aneto, do lado espanhol da fronteira.
Os alpes franceses estão apenas na parte ocidental da grande cadeia alpina, mas neles estão o
cume mais alto, o Monte Branco (4087m), e as duas maiores regiões de glaciares e neves perma-
nentes da Europa. Os picos centrais dos Alpes são de rocha cristalina, enquanto as mais baixas
montanhas do Jura e Norte, e ao longo da fronteira suíça, são pregas de pedra calcária e formam
uma série de mesetas cortadas por vales profundos e que se elevam a 1.723m na Crête de La
Neige (GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES, 1997).
Entre essas cadeias montanhosas e a costa estendem-se algumas planícies. As mais impor-
tantes são a bacia de Paris, formada por baixas mesetas férteis que vão diminuindo à medida
que se aproximam da depressão onde está Paris. A Norte e a Leste se encontram as planícies
calcárias da Normandia, Picardia e da Champanha.
A vasta planície do vale bastante fértil do Loire está dominada pela meseta baixa e cristali-
na de Anjou e pelas mesetas calcárias da Turena. A bacia da Aquitânia, a Sul, é atravessada pelo
rio Garona e por seus afluentes, que provêm do maciço central. É nela que se encontra a grande
extensão de areia das Landes, que foi artificialmente transformada em bosque de pinheiros no
século 19.
A Leste, o rio Ródano, à medida que se aproxima do mar, corta uma vasta planície dividida
por colinas de arbustos baixos e de pedras conhecidas, como garrigues. Finalmente, na paisa-
gem francesa, surge a fértil planície do Rossilhão, que se estreita entre o mar e as colinas do
Leste dos Pireneus.
As águas dos quatro grandes rios: Rodna, Garona, Loire e Senna e dos seus afluentes cor-
rem entre essas mesetas até o mar (GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES, 1997).
A paisagem da costa francesa é variada. No Norte, o cabo Griz Nez é o mais alto de uma
série de falésias calcárias que continuam até o Leste da Normandia, alternando com praias de
areia. No Oeste da Normandia e da Bretanha, a costa é mais acidentada, com saliências de gra-
nito e pequenas enseadas de areia.
A longa costa ocidental francesa é, em sua maioria, plana, pantanosa em alguns pontos
e com muitas ilhotas próximas. A costa das Landes, a Oeste de Bordéus, tem uma ilha contínua
de praia de areia fina, protegida por dunas altas. No mediterrâneo, a costa do Vermelhão, jun-
to à fronteira da Espanha, é de altos penhascos avermelhados e enrugados. Na costa plana do
Languedoc há muitas lagoas, preparadas para o veraneio. No delta do Ródano está a Camarga,
que é uma atrativa e estranha região de lagoas e pântanos, repleta de pássaros e outros animais
(GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES, 1997).
Clima
Situada na encruzilhada da faixa ocidental da Europa, a França é influenciada por três
tipos diferentes de clima: atlântico, continental e mediterrâneo. Estes se combinam para dar
variedade a um clima que é geralmente temperado, com pluviosidade suficiente para atender
às necessidades agrícolas.
Para compreender o clima da França, analise atentamente as Figuras 43 e 44.
Na Bretanha, os ventos ocidentais que sopram do oceano trazem muita umidade e inver-
nos quentes (esses ventos atravessam a França, que está exposta às depressões ciclônicas que
vêm do Atlântico). A Leste, a influência continental gera diferenças extremas de temperatura,
com invernos gelados, limpos e verões quentes, mas com tempestades frequentes.
Perto do Mediterrâneo, os verões são prolongados, quentes e secos, o que é propício a
incêndios florestais, e os invernos são temperados, porém um vento frio e violento do Norte
atinge a região durante vários dias (GRANDES IMPÉRIOS E CIVILIZAÇÕES, 1997).
Economia
Atualmente, a economia francesa está na transição de uma economia caracterizada pela
propriedade extensiva do governo para uma economia moderna, com maior liberdade de mer-
cado. O governo tem privatizado grandes empresas, total ou parcialmente, como bancos e se-
guradoras, e cedeu participações em empresas líderes, tais como a Air France, France Telecom,
Renault e Thales (CIA, 2010).
Com cerca de 75 milhões de turistas estrangeiros por ano, a França é o país mais visitado
do mundo e mantém a terceira maior renda proveniente do turismo. Seus líderes continuam
comprometidos com um capitalismo que visa a manter a equidade social, por meio de leis, polí-
ticas fiscais e gastos sociais que reduzam a desigualdade de renda e o impacto do livre mercado
na saúde pública e bem-estar (CIA, 2010).
A França tem resistido à crise econômica global melhor que a maioria das grandes econo-
mias da UE, por ter um mercado consumidor mais resistente, mais gastos do governo e menor
exposição à desaceleração da demanda global.
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No entanto, o PIB real da França contraiu 2,2% em 2009, enquanto a taxa de desemprego
aumentou de 7,4%, em 2008, para quase 10%. Em resposta à crise econômica, o governo apro-
vou um plano de estímulo de 35 bilhões de dólares em fevereiro de 2009, que centra no investi-
mento em infraestrutura e incentivos fiscais para pequenas empresas (CIA, 2010).
A maior parte do PIB nacional compõe-se do setor terciário. É esse setor também que em-
prega a maioria da população economicamente ativa. Observe a composição do PIB (Figura 47)
e a distribuição da PEA (Figura 48) por setores da economia.
Figura 47 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Figura 48 Quantificação do setor da economia segundo o PEA.
As principais atividades do setor primário são o cultivo de trigo, cereais, beterraba, batata,
uvas para vinho, criação de animais para produção de carne e produtos lácteos e pesca.
No setor secundário, destacam-se indústrias voltadas para a produção de maquinário,
produtos químicos, automóveis, metalurgia, aeronaves, eletrônica, têxtil e processamento de
alimentos.
No setor terciário, destacam-se os serviços do turismo e o comércio em escala internacio-
nal (CIA, 2010).
3) Faça uma linha cronológica de criação da UE. Quais são as suas principais características?
4) Qual a importância das migrações para o continente europeu e quais os problemas isto tem acarretado?
11. Considerações
Nesta unidade, examinamos as características naturais, econômicas e sociais dos países
europeus. Inicialmente apresentamos as características gerais para, em seguida, enfocar nas
particularidades de quatro países com importância econômica significativa para a dinâmica in-
terna do continente, mas também para o conjunto das relações internacionais.
É importante ter clareza de que a descrição dos principais aspectos populacionais, eco-
nômicos e físicos de alguns dos países mais representativos do poderio econômico mundial
objetivou aprofundar o conhecimento sobre a realidade europeia. No entanto, esta exposição
traz um retrato e as perspectivas de uma realidade que não é estática, por isso, a necessidade
da atualização e do estudo constante.
Além disso, os atributos dos países selecionados foram descritos em tópicos individuais
(com pequenas ligações entre os condicionantes físicos e as atividades sociais), mas reafirma-
mos a necessidades de interpretá-los de modo integrado, pois vimos que o espaço geográfico é
materializado pelos processos históricos e pela relação do homem com a natureza.
Dessa forma, nossa capacidade de explicar a organização do espaço mundial será tão sa-
tisfatória quanto for a compreensão das partes que o constituem. Assim, observamos que os
métodos utilizados pela Geografia fornecem-nos a sistemática necessária para avaliar indivi-
dualmente um conjunto de países, indicando aqueles que apresentam homogeneidade segun-
do determinados atributos.
Seguindo esta compreensão, na próxima unidade, estudaremos a América Anglo-Saxônica.
Até lá!
12. e-referências
Lista de figuras
Figura 1 Europa Físico. Disponível em: <http://www.europa-turismo.net/mapas/europa-mapa.htm>. Acesso em: 10 jul. 2014.
Figura 2 Europa: tipos climáticos. Disponível em: <http://geografiapraquemnaosabia.blogspot.com.br/>. Acesso em: 10 jul.
2014.
Figura 3 Europa: vegetação. Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/11/vegetacao-europa.
jpg>. Acesso em: 22 jan. 2015.
Figura 4 Europa: político. Disponível em: <http://geografia-mgf.blogspot.com.br/2013/06/jogo-paises-da-europa.html>. Acesso
em: 10 jul. 2014.
Figura 5 União Europeia. Disponível em: <http://www.bbc.com/news/world-middle-east-24367705>. Acesso em: 17 jul. 2014.
Figura 6 Participação da UE nas exportações mundiais de bens e serviços. Disponível em: <http://europa.eu/pol/pdf/flipbook/
pt/trade_pt.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014.
Figura 7 Exportações da UE por setor. Disponível em: <http://europa.eu/pol/pdf/flipbook/pt/agriculture_pt.pdf>. Acesso em:
18 jul. 2014.
Figura 8 Produção anual dos agricultores europeus. Disponível em: <http://europa.eu/pol/pdf/flipbook/pt/agriculture_pt.pdf>.
Acesso em: 18 jul. 2014.
Figura 9 Densidade demográfica da Europa. Disponível em: <http://kids.britannica.com/comptons/art-143547/Population-
density-of-Europe>. Acesso em: 18 jul. 2014.
Figura 10 Melhores e piores IDHs da Europa. Disponível em: <http://www.mapsofworld.com/europe/thematic/european-
countries-with-hdi.html>. Acesso em: 18 jul. 2014.
Figura 11 Localização da Alemanha. Disponível em: <http://www.mapsofworld.com/europe/thematic/european-countries-with-
hdi.html>. Acesso em: 19 jul. 2014.
Figura 12 Divisão política da Alemanha. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/paises/alemanha/mapa_alemanha.htm>.
Acesso em: 19 jul. 2014.
Figura 13 Mapa dos aspectos físicos da Alemanha. Disponível em: <http://www.viewsoftheworld.net/?p=914>. Acesso em: 21
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Figura 14 Média anual de precipitação na Alemanha. Disponível em: <http://www.stadtentwicklung.berlin.de/umwelt/
umweltatlas/ed408_01.htm>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Figura 15 Temperatura média anual na Alemanha. Disponível em: <http://www.europeanunionmaps.com/wp-content/
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Figura 16 Densidade populacional da Alemanha. Disponível em: <http://www.viewsoftheworld.net/?p=914>. Acesso em: 21 jul.
2015.
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Figura 17 Estrutura etária da população. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/
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Figura 18 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
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Figura 20 Uso da terra na Alemanha. Disponível em: <http://www.mapcruzin.com/free-maps-thematic/german_dem_rep_
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Figura 27 Estrutura etária do Reino Unido. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/
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Figura 28 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
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Figura 29 Quantificação do setor da economia segundo a PEA. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
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Figura 30 Localização da Itália. Disponível em: <http://musicadogol.blogspot.com.br/2012_10_01_archive.html>. Acesso em: 26
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Figura 31 Mapa político da Itália. Disponível em: <http://www.mybigmaps.info/map-of-italy/>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Figura 32 Mapa físico da Itália. Disponível em: <http://media.maps.com/magellan/Images/italyrah.gif>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Figura 33 Precipitação anual da Itália. Disponível em: <http://www.justin-lucas.podserver.info/geog3000/ItalyPrecipitationMap.
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Figura 35 Mapa de densidade populacional da Itália. Disponível em: <http://www.italy-map.info/mapimages/italy-population-
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Figura 36 Estrutura etária da Itália. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
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Figura 37 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
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Figura 40 Localização da França. Disponível em: < http://mariliserolino.blogspot.com.br/> Acesso em: 26 out. 2014.
Figura 41 Mapa político da França. Disponível em: <http://www.franca-turismo.com/imagens/mapa.gif>. Acesso em: 21 jul.
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Figura 42 Mapa físico da França. Adaptado do site disponível em: <http://srtm.csi.cgiar.org/SELECTION/inputCoord.asp>.
Acesso em: 22 ago. 2011.
Figura 46 Estrutura etária da França. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
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Figura 47 Quantificação do setor da economia segundo o PIB. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
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Figura 48 Quantificação do setor da economia segundo o PEA. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Lista de tabelas
Tabela 1 Aspectos demográficos da Alemanha. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Tabela 2 Dados demográficos do Reino Unido. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Tabela 3 Dados demográficos da Itália. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-
factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Tabela 4 Dados demográficos da França. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-
factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Sites pesquisados
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União Europeia, 2013b. Disponível em: <http://europa.eu/pol/pdf/flipbook/pt/fisheries_pt.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014.
1. Objetivos
• Conhecer os aspectos populacionais, econômicos e naturais mais representativos dos
países da América Anglo-Saxônica.
• Analisar as condições econômicas e sociais dos países centrais do capitalismo atual:
Estados Unidos e Canadá.
• Inter-relacionar os atributos físicos e antrópicos dos países selecionados.
2. Conteúdos
• Aspectos naturais, econômicos e populacionais dos Estados Unidos da América.
• Aspectos naturais, econômicos e populacionais do Canadá.
4. INTRODUÇÃO à unidade
O continente americano apresenta a maior extensão latitudinal, do norte do Canadá ao
sul da Argentina, e é marcado por uma grande diversidade de paisagens e diferenças sociais.
Quando considerados os aspectos físicos, este continente pode ser dividido em três grandes
áreas: América do Norte, Central e do Sul. Porém, quando consideramos os processos históricos
e culturais, o continente pode ser regionalizado em duas grandes áreas: América Latina e Amé-
rica Anglo-Saxônica.
Esta denominação está relacionada a influência dos povos colonizadores e as formas de
colonização. Enquanto a América Latina apresentou uma colonização baseada no sistema de ex-
ploração mercantilista aplicado predominantemente por portugueses e espanhóis, os territórios
da América Anglo-Saxônica tiveram uma colonização inglesa denominada povoamento.
Dessa forma, a América Anglo-Saxônica é formada por Estados Unidos e Canadá, cujo
processo de colonização foi realizado especialmente pelos ingleses e, por isso, apresentam im-
portantes laços históricos, étnicos, linguísticos e culturais com povos saxões.
Estes dois países têm em comum também o fato de apresentarem os maiores índices de
desenvolvimento econômico e social, que em muitos aspectos contrasta com a maioria dos
países latinos.
Cabe destacar que, no decorrer deste estudo, nos aprofundaremos nos aspectos físicos,
econômicos e populacionais dos Estados Unidos e do Canadá.
Bons estudos!
5. ESTADOS UNIDOS
Antes de começarmos a falar sobre os Estados Unidos, observe nas Figuras 1 e 2, respec-
tivamente, sua localização e seu mapa.
© U4 – América Anglo-Saxônica 125
Relevo e hidrografia
Como sabemos, o relevo é um dos elementos físicos mais importantes de um país ou re-
gião, pois determina seus tipos de solo e suas aptidões, além de influenciar o deslocamento de
massas de ar e determinar a forma de ocupação humana. Desse modo, para conhecermos um
pouco melhor os Estados Unidos, vamos compreender seu relevo e hidrografia.
A divisão dos Estados Unidos em províncias geomorfológicas, mais utilizada atualmente,
foi produzida pelo United States Geological Survey (USGS) e divide o país em 25 províncias geo-
morfológicas. Cada província geomorfológica tem relativa semelhança quanto à forma do relevo
e à estrutura e história geológica. Porém, de maneira mais simplificada, podemos compreender
o relevo dos EUA a partir de seis grandes unidades de relevo. Observe a Figura 3, que apresenta
o mapa físico dos EUA.
Clima
A grande variação de temperatura no país deve-se à extensão norte-sul. O país caracteri-
za-se pela diversidade de domínios climáticos. No norte do Alasca predomina o clima polar, de
menor representatividade espacial. O clima continental úmido aparece a Leste do Rio Mississipi
e dos montes Apalaches, na metade norte desta região e também ocorre em alguns pontos a
Oeste das Montanhas Rochosas (PACIEVITCH, 2010).
Nas latitudes médias, o clima é seco e aparece nas zonas centrais dos Estados Unidos, a
Leste do rio Mississipi e nas depressões das Montanhas Rochosas. O clima marítimo da costa
oeste limita-se a uma estreita faixa da costa do Pacífico (desde o norte da Califórnia até a fron-
teira com o Canadá e na costa do Alaska). Na costa oeste, também em faixa estreita, aparece o
clima mediterrâneo. Em todo o Sudoeste, predomina o clima subtropical úmido. Já nas imedia-
ções do deserto do sul e nos vales sul das montanhas rochosas aparece o clima subtropical seco
(PACIEVITCH, 2010).
Cerca de 254 milhões de habitantes (82% da população dos Estados Unidos) concentram-
se nas áreas urbanas (CIA, 2010). Destaca-se a região Nordeste com maior densidade popula-
cional e, na sequência, a região Sudeste e costa oeste. A região Nordeste concentra algumas
megalópoles: entre Boston e Washington, entre Chicago e Pittsburg. O mesmo ocorre na costa
oeste, no estado da Califórnia, entre Los Angeles e San Francisco.
Tentemos analisar simultaneamente a distribuição espacial da população e os atributos
físicos que acabamos de conhecer.
Relacione os atributos naturais, políticos e a densidade de ocupação. Como vimos nas uni-
dades anteriores, a organização espacial é fruto de inter-relações de diversos fatores, entre eles,
os históricos. Não restrinja seu raciocínio aos fatores indicados. Recorde-se de que o povoamen-
to dos Estados Unidos começou na costa Leste, devido à chegada dos colonizadores europeus.
Depois disso, diversas iniciativas de ocupação foram empreendidas pelos governantes.
Pode-se dizer que esse processo de ocupação também determinou a distribuição da po-
pulação pelo país. Seguindo esse raciocínio, podemos considerar que os fatores históricos são
condicionados pelo meio físico? Vejamos alguns dados:
• As maiores concentrações populacionais estão no Nordeste, na região dos Grandes La-
gos, e em algumas áreas da costa Sul e Oeste. A região Nordeste, do ponto de vista
geomorfológico, compreende a Planície Litoral Atlântica, passando pelos Montes Apa-
laches e chegando à Planície Central, na região dos Grandes Lagos. As temperaturas
da região variam de 10°C a -30°C, e diminuem à medida que avançamos para o Norte.
© U4 – América Anglo-Saxônica 131
• No Oeste, a região que apresenta maior densidade possui clima marítimo, com tempe-
raturas e máximas mínimas elevadas (de 20°C a 30°C).
• O Centro-Oeste do país (a Norte de Denver) caracteriza-se por áreas desérticas e semi
-áridas, com baixa ocupação humana.
Ressalva-se que o Alasca, ao Norte e Leste do Canadá, apresenta baixíssima densidade
populacional que é justificada pela localização latitudinal (parte do seu território está na Zona
Polar) que determina um clima muito frio e certo isolamento geográfico.
Atualmente, os Estados Unidos têm a terceira maior população do mundo, com 310.232.863
habitantes. Destes, 20,2% tem entre 0 e 14 anos, 67% entre 15 e 64 anos e 12,8% tem 65 anos
ou mais. Essa distribuição pode ser observada na Figura 5.
A pirâmide etária da Figura 6 mostra com mais detalhes a distribuição da população por
faixa etária para o ano 2000.
Observe que a base da pirâmide ainda é relativamente larga, ampliando ligeiramente a lar-
gura na faixa adulta e estreitando-se no topo (Figura 6). Se compararmos a pirâmide dos Estados
Unidos com a do Japão, notaremos que a base da primeira é mais larga, devido à maior taxa de
natalidade (13,83 contra 7,41), vinculada à maior taxa de fecundidade (2,06 filhos por mulher
nos Estados Unidos contra 1,2 no Japão).
Os fatores que condicionam essa estrutura estão apresentados na Tabela 1.
A estrutura etária dos Estados Unidos é também influenciada pela migração, com a taxa
de 4,25 migrantes/mil habitantes, a 22ª maior do mundo. Grande parte desse percentual cor-
responde à população de países da América Central e do Sul, que migram para o país em busca
de oportunidades de trabalho. Quanto à expectativa de vida, o país está em 49º lugar. Essa ca-
racterística e o elevado IDH (um dos maiores do mundo) demonstram que o país oferece ótimas
condições de vida para a sua população.
No entanto, há desigualdade social. Em 2004, 12% da população vivia abaixo da linha da
pobreza. Cabe ressaltar que a pobreza dos Estados Unidos atinge especialmente os negros e
hispânicos.
Observe o gráfico da Figura 7, que demonstra a composição étnica do país.
Economia
Atualmente, os Estados Unidos têm a maior e, tecnologicamente, mais poderosa econo-
mia do mundo, com um PIB per capita de 46 mil dólares. As empresas particulares tomam a
maioria das decisões, e até os governos federal e estadual compram bens e serviços do mercado
privado.
Tais empresas têm mais flexibilidade do que as instaladas na Europa Ocidental e no Ja-
pão em inúmeras decisões, como expansão de capital, demissão coletiva e desenvolvimento de
novos produtos. As indústrias norte-americanas estão na vanguarda dos avanços tecnológicos,
especialmente em computação e na indústria aeroespacial, médica e militar (CIA, 2010).
No entanto, a liberdade das empresas no cenário norte-americano tem diminuído diante
da crise econômica iniciada em 2008. O país enfrenta problemas estruturais, como investimen-
to insuficiente em infraestrutura econômica; rápido aumento dos custos médicos e de pensão,
devido ao déficit comercial de envelhecimento da população; e estagnação da renda familiar
dos grupos econômicos mais baixos. O déficit da balança comercial atingiu um recorde de 840
bilhões de dólares em 2008, antes de recuar para 450 bilhões em 2009 (CIA, 2010).
A crise econômica atingiu escalas globais: houve a crise das hipotecas, falhas de bancos de
investimentos, os preços dos imóveis caíram e o crédito apertado colocou os Estados Unidos em
uma recessão em meados de 2008 (CIA, 2010).
O PIB contraiu-se até o terceiro trimestre de 2009, caracterizando essa como a maior re-
cessão desde a Grande Depressão (CIA, 2010). Dessa forma, foi inevitável a intervenção do Con-
gresso norte-americano, por meio da criação de alguns fundos em outubro de 2008 para ajudar
a estabilizar os mercados financeiros. O governo usou alguns desses fundos para comprar parti-
cipações em bancos dos Estados Unidos e de outras corporações industriais.
Em janeiro de 2009, o Congresso aprovou uma lei que estimulou a criação de empregos
para ajudar a recuperar a economia. Em julho de 2010, o presidente estabeleceu metas para
promover a estabilidade financeira e proteger os consumidores contra abusos. Destinou o apoio
monetário a empresas financeiras e a grandes bancos em crise para otimizar a responsabilidade
e a transparência no sistema financeiro, impondo mecanismos favoráveis à regulamentação e
supervisão do governo (CIA, 2010).
Devemos destacar que essa crise econômica levou inúmeros estudiosos a defenderem a
interferência do Estado na economia capitalista.
Setores da economia
No setor primário, destaca-se a produção de trigo, milho, frutas, hortaliças, algodão, car-
ne bovina, suína, aves, produtos lácteos, produtos florestais, peixes e extração de petróleo (3º
maior produtor, 1º consumidor e 13º maior exportador do mundo). O cartograma da Figura 8
apresenta a organização em cinturões das principais atividades desse setor no país (CIA, 2010).
Retome, mais uma vez, o mapa de densidade populacional (Figura 4) e tente estabelecer
relações com o mapa de atividades agropecuárias (Figura 8). Observe que:
• O cinturão de laticínios está próximo aos setores de maior densidade populacional – a
região Nordeste. Ou seja, está próximo ao mercado consumidor.
• O setor de criação extensiva de gado localiza-se nas áreas de menor densidade popula-
cional. No entanto, os centros abatedores se aproximam dos grandes centros urbanos.
No setor secundário, destacam-se indústrias relacionadas ao petróleo e à mineração,
além de siderurgia, veículos automotores, aeroespacial, telecomunicações, química, eletrônica,
processamento de alimentos, bens de consumo, madeira e minérios. Com um parque industrial
altamente diversificado e tecnologicamente avançado, o país é considerado uma potência in-
dustrial.
É o setor terciário o mais importante para a economia do país, com maior percentual de
empregos e com maior participação no PIB do país. Cabe destacar que a rede comercial norte
-americana se estende pelo mundo e coloca o país como um dos mais poderosos atualmente
(MAGNOLI, 2005).
Os gráficos das Figuras 9 e 10 demonstram a importância de cada setor da economia na
composição do PIB e na geração de empregos (PEA).
© U4 – América Anglo-Saxônica 135
Figura 9 Quantificação dos setores da economia segundo o Figura 10 Quantificação do setor da economia segundo a PEA.
PIB.
6. CANADÁ
Observe a Figura 11 e veja que o Canadá se localiza na América do Norte, limitando-se ao
Sul com os Estados Unidos, a Leste com o Oceano Atlântico, a Oeste com o Oceano Pacífico e
ao Norte com o Oceano Ártico. Ocupa uma área de 9.984.670km², o que lhe confere a segunda
colocação em extensão do mundo. Sua capital é Otawa e está na região Sudeste, próxima à
fronteira com os Estados Unidos.
Relevo
O relevo do Canadá é muito diversificado, composto de várias regiões fisiográficas, ou
seja, regiões que relacionam diretamente as características de uma paisagem. Cada unidade
fisiográfica tem sua própria topografia e geologia. Observe a Figura 13; nela estão identificadas
as principais regiões fisiográficas.
© U4 – América Anglo-Saxônica 137
Observe (Figura 13) que o Canadá pode ser divido em duas grandes regiões fisiográficas:
The Shield (o escudo) e The Borderlans (bordas ou regiões fronteiriças). A região denominada
The Shield é geologicamente caracterizada por rochas cristalinas que datam do Pré-Cambriano,
enquanto a região The Borderlans é formada por rochas mais jovens que cercam o escudo. Nos
territórios mais próximos ao escudo, o relevo caracteriza-se por planícies e planaltos de baixas
altitudes, geralmente formados por rochas sedimentares. Afastando-se do escudo, a formação
do relevo é de áreas descontínuas de montanhas e planaltos. Cada uma dessas grandes regiões é
subdivida em regiões com características peculiares de topografia e geologia (CANADÁ, 2011a).
Retorne ao mapa das unidades administrativas (Figura 12, divisão política) e tente
estabelecer a relação entre a área ocupada pelas unidades administrativas e a província
fisiográfica predominante. Esse exercício é muito importante para compreender a relação entre
a organização espacial e as feições naturais do Canadá.
Vamos agora nos atentar às características peculiares de cada região:
• The Shield: por ser mais antigo, apresenta uma paisagem caracterizada pelo nivela-
mento do relevo. Por milhares de anos, a paisagem sofreu ações erosivas que propi-
ciaram um horizonte plano, interrompida por cumes arredondados ou achatados no
topo e serras isoladas. A superfície da shield é essencialmente resultado de glaciação, e
grande parte é coberta de lagos, lagoas e pântanos. A característica mais marcante do
escudo é a homogeneidade do terreno em regiões como Labrador, norte de Quebec e
Ontário, nos territórios do Noroeste.
• The Borderlans: divide-se em:
a) Planície Costeira do Ártico (Acrtic Coastal Plain): inclui o terreno costeiro ao longo das
margens do Oceano Ártico a partir da Ilha de Meighen até o Alaska. É dividido em três
sub-regiões, cada uma com características fisiográficas distintas: a Ilha Costeira, que
Clima e vegetação
Clima, relevo e vegetação são variáveis da paisagem que estão diretamente inter-relacio-
nados. As formas do relevo são resultado do trabalho dos agentes do intemperismo ao longo
dos anos e variam de acordo com o tipo climático da região. Também associada a esta variabili-
dade climática está a vegetação, é o que denominamos domínio climatobotânico.
No Canadá, a variedade de paisagens geomorfológicas e de vegetação denuncia a diver-
sidade de tipos climáticos. No Norte, a baixa precipitação e as frias temperaturas favorecem o
permafrost, que dificulta o crescimento de vegetação. O resultado é uma região em que predo-
mina a vegetação de tundra sem árvores.
A Sul da tundra, na região do Escudo Canadense, os verões são curtos e quentes, e os
invernos, longos e frios. A precipitação anual é abundante, permitindo o crescimento das flores-
tas de coníferas. Na costa do Pacífico, a combinação de chuvas fortes e temperaturas amenas
durante o ano todo faz com que as florestas temperadas se desenvolvam.
Nas pradarias, há grande quantidade de dias de sol, o que pode afetar o desenvolvimento
agrícola. No litoral, a proximidade com o Oceano Atlântico ameniza o clima, favorecendo in-
vernos longos e suaves, e os verões são curtos e frescos. Essas condições são favoráveis para o
desenvolvimento das florestas.
© U4 – América Anglo-Saxônica 139
Finalmente, em torno dos Grandes Lagos e ao longo do rio St. Lawrence, tanto a jusante
como a cidade de Quebec, o clima é caracterizado por verões relativamente quentes e invernos
frios. Essas condições são adequadas para o desenvolvimento de vegetação de porte arbóreo
com folhas largas (CANADÁ, 2011b).
Para avançarmos na análise do clima do Canadá, vamos observar nas Figuras 14 e 15 os
mapas de temperatura. Cabe lembrar que a temperatura é apenas uma das variáveis para defi-
nir tipos climáticos de uma região.
Figura 14 Variação das temperaturas mínimas para o mês de janeiro. Figura 15 Variação das temperaturas mínimas para o mês de julho.
Como podemos observar nos mapas (Figuras 14 e 15), janeiro marca o auge do inverno
no Canadá e, com exceção das regiões costeiras do sul da Ilha de Vancouver, as temperaturas
mínimas abaixo de zero são normais. A baixa incidência de sol faz que, na maior parte do país,
as temperaturas fiquem abaixo de -15°C. A fraca luminosidade, ou mesmo a ausência de luz do
sol, não possibilita variação de temperatura durante o dia. O extremo norte permanece coberto
de gelo com temperaturas máximas em torno de -30°C. A temperatura máxima aproxima-se do
ponto de fusão em Ontário e em partes das províncias do Atlântico. As temperaturas máximas,
acima de zero, ocorrem apenas no litoral da Colúmbia Britânica e no extremo sul da Nova Escó-
cia (CANADÁ, 2011c).
Em julho, as temperaturas mínimas abaixo de zero ocorrem apenas em altitudes mais ele-
vadas e no extremo norte do Canadá. Em grande parte do sul do país predominam temperaturas
mínimas superiores a 10°C. Ao longo da costa norte, do Lago Erie e Lago Ontário, e ao longo do
vale do rio St. Lawrence, tanto a Leste como em Montreal, as temperaturas mínimas ultrapas-
sam os 15°C. As temperaturas máximas em julho ficam acima de zero em todo o Canadá, com
exceção das grandes altitudes na ilha de Ellesmere (CANADÁ, 2011c).
As temperaturas máximas superam os 25°C nos vales do sul da Colúmbia Britânica, nas
pradarias do Sul, no sul de Ontário e ao longo do vale do rio St. Lawrence, e prolongam-se até
perto de Quebec e em partes da região central de Nova Brunswick.
Para uma visualização melhor dessa distribuição espacial da temperatura, observe os ma-
pas de temperaturas em janeiro (Figura 14) e julho (Figura 15) juntamente com o mapa de divi-
são política do Canadá (Figura 12) (CANADÁ, 2011c).
Observe na Figura 16 que o volume de precipitação diminui à medida que avançamos para
o Norte. Isso se deve em parte à baixa temperatura do ar, que restringe a formação de vapor de
água e, portanto, a produção de precipitação (CANADÁ, 2011d).
Na maior parte do território continental do Canadá, a precipitação atinge seu máximo
anual nos meses de verão. Outubro marca a transição do período de chuvas para o período de
neve, principalmente na região Norte (CANADÁ, 2011d).
Em janeiro, a precipitação em todo o país caracteriza-se especialmente pela neve. A costa
oeste recebe fortes precipitações na forma de chuva nas altitudes baixas e na forma de neve
nas altitudes mais elevadas. Na costa leste, onde massas de ar frio continental se chocam com
massas de ar quente do Atlântico, há uma mistura de chuva e neve, com prevalência de chuva
perto do Atlântico e de neve na região de Quebec Sul e Labrador (CANADÁ, 2011d).
Abril é um mês de transição no sul do Canadá, quando a neve ainda ocorre, mas chuvas
começam com muito mais frequência (CANADÁ, 2011d).
© U4 – América Anglo-Saxônica 141
Agora que você já conhece um pouco das características físicas do Canadá, vamos pensar
na seguinte situação: Imagine que você vive no Canadá, na cidade de Yelowkinfe. Localize-a no
mapa de divisões políticas (Figura 12). Como seria viver nessa cidade? Observe o mapa de pre-
cipitação (Figura 16) e os de temperatura (Figuras 14 e 15). Analisando-os, você pode constatar
que, nos meses de janeiro, você sentiria um frio de cerca de -30°C, e em julho, você se sentiria
bem menos desconfortável numa temperatura de cerca de 10°C. A precipitação seria predo-
minantemente em forma de neve. Volte no mapa de regiões fisiográficas (Figura 13) e imagine
como seria a paisagem desse lugar. A que domínio fisiográfico a cidade pertence?
Para conseguir imaginar como seria a vida nessa cidade, você precisa saber um pouco
mais. Em que você trabalharia? Para responder à pergunta é preciso conhecer a economia da
região.
Para avançar em nossa reflexão, precisamos compreender um pouco mais os aspectos
humanos e econômicos do Canadá. Vejamos.
CANADÁ
Atualmente, o Canadá possui cerca de 33.759.742 habitantes, dos quais 80% estão em
área urbana. O setor mais populoso do país é o Sul, paralelamente à fronteira com os Estados
Unidos e a região Sudeste, destacando as cidades de Toronto, Otawa e Montreal. Essa ocupação
se justifica pelas amenidades climáticas, uma vez que o inverno é muito rigoroso. Compare a
Figura 17 com os mapas de temperatura (Figuras 14 e 15). Veja que os setores com maior den-
sidade populacional coincidem com as temperaturas mais elevadas.
Observe agora a Tabela 2, com as características populacionais do Canadá, e o gráfico da
estrutura etária da Figura 18.
Constata-se que, quanto à estrutura etária populacional, destaca-se a faixa etária entre 15
e 64 anos. A taxa de natalidade do país é de 10,28 nascimentos/mil habitantes, e a de mortali-
dade é de 7,87. O nível de vida do canadense mostra-se elevado, com taxas de analfabetismo de
apenas 1%. Ao mesmo tempo, a maioria da população (76%) vive nas cidades, o que contribui na
qualidade de vida (em função da infraestrutura que as áreas urbanas oferecem). O crescimento
da população, assim, apresenta-se como na maioria dos países desenvolvidos, muito baixo, com
dados indicando que pouco menos de 30% da população têm menos de 19 anos e 15% tem mais
de 60, o que denota seu envelhecimento acentuado (CIA, 2010).
© U4 – América Anglo-Saxônica 143
Outro fator que interfere na estrutura etária canadense é a elevada taxa de migração
(5,64 migrantes/mil habitantes) caracterizando-o como o 15° maior país do mundo em fluxo
migratório. A população de imigrantes é geralmente adulta, contribuindo no aumento da
população entre 15 e 64 anos (CIA, 2010).
Quanto à expectativa de vida, o país possui a décima melhor do mundo, indicativo de
ótima qualidade de vida da população, junto com um dos maiores IDHs do mundo. No entanto,
assim como no caso dos Estados Unidos, o país convive com a desigualdade socioeconômica.
Economia
Agora vamos compreender um pouco melhor a estrutura econômica do Canadá. Com uma
sociedade industrial de alta tecnologia, o país assemelha-se aos Estados Unidos em seu sistema
econômico de mercado, padrão de produção e padrões de vida, e que atualmente tem o nono
maior PIB do mundo e um PIB per capita de 38.100 dólares.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o crescimento impressionante da indústria, mineração
e setor de serviços transformou uma economia basicamente rural em uma economia industrial
e urbana. Em 1989, Estados Unidos e Canadá firmaram um acordo de livre comércio que, e em
1994, se transformou no NAFTA (North American Free Trade Agreement) depois da inclusão
do México. Tal acordo gerou um aumento significativo no comércio e na integração econômica
com os Estados Unidos, seu principal parceiro comercial. O Canadá tem um grande excedente
comercial, e os Estados Unidos absorvem quase 80% das exportações canadenses a cada ano
(CIA, 2010).
O Canadá está entre os maiores produtores mundiais de energia e fornece a maior parte
da energia importada pelos EUA. Quase todas as exportações canadenses de energia são para
os EUA e inclui óleo, gás natural, carvão e eletricidade (BRASIL, 2011b).
A estreita relação econômica com os Estados Unidos fez com que o país também fosse
afetado pela crise imobiliária americana em 2007 (que teve como algumas das causas a
desvalorização do dólar e a quebra de bancos americanos em 2008).
Vale destacar que o Canadá foi o último dos países do Grupo G-8 a entrar em recessão e o
que experimentou o melhor desempenho entre as economias industrializadas (BRASIL, 2011b).
Setores da economia
Observe os gráficos das Figuras 19 e 20.
Figura 19 Composição do PIB por setor da economia. Figura 20 Quantificação do setor da economia segundo a PEA.
Por meio das informações, podemos constatar que a PEA do Canadá concentra-se no
setor terciário, e é esse setor o responsável pelos maiores percentuais do PIB do país. O grande
desenvolvimento desse setor caracteriza a sociedade canadense como uma sociedade de con-
sumo e altamente inserida no mercado internacional.
No setor primário, os principais produtos do Canadá são: trigo, cevada, sementes olea-
ginosas, tabaco, frutas, legumes, peixes, produtos lácteos, produtos florestais, petróleo e gás
natural.
No setor secundário, destacam-se equipamentos de transporte, produtos químicos, mi-
nerais, processados, produtos alimentícios, produtos de madeira e papel e produtos da pesca.
Observe no mapa da Figura 21 a distribuição das atividades econômicas no território ca-
nadense.
Observe que as baixas latitudes limitam, além da ocupação humana, o uso do solo, devido
à cobertura de gelo sobre ele (Figura 21).
Agora que você já conhece um pouco mais das características humanas, econômicas e
populacionais do Canadá, volte a refletir sobre o modo de vida na cidade de Yelowknife.
Podemos constatar que, para viver lá, certamente você deveria se ocupar com atividades
voltadas à comercialização de produtos florestais. Caso prefira trabalhar no setor terciário da
economia, você deve analisar cidades ao Sul. Faça a mesma avaliação para as cidades de Otawa
e Regina: observe as características climáticas, paisagísticas e as principais atividades econômi-
cas de cada cidade, assim como a densidade populacional. Esse exercício é importante para que
você compreenda a organização espacial do país e a relação entre o homem e o espaço natural.
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7. questões autoavaliativas
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) Observe a estrutura etária dos dois países apresentados nesta unidade e avalie se elas apresentam semelhan-
ças. Além disso, reflita sobre a relação entre a economia e a estrutura etária da população dos espaços geográ-
ficos estudados.
2) Explique as principais características da agricultura dos Estados Unidos e sua distribuição espacial.
4) Avalie as informações apresentadas para um dos países aqui descritos, faça a integração dos dados e reflita
sobre sua organização espacial.
8. Considerações
Nesta unidade, aprendemos um pouco mais sobre a geografia dos Estados Unidos e do
Canadá, duas importantes economias no cenário das relações internacionais. Além disso, é im-
portante ressaltar que os Estados Unidos são a principal potência econômica, militar e cultural
da atualidade, com peso determinante para a configuração do quadro geopolítico e comercial
mundial; por isso, é sempre importante estar atento às mudanças no quadro político desse país.
Na próxima unidade, estudaremos a Geografia da Oceania.
Até lá!
9. e-referências
Lista de figuras
Figura 1 Localização dos Estados Unidos. Disponível em: <http://caminhandopelasamericas.blogspot.com.br/2012/05/
hidrografia-do-norte.html>. Acesso em: 21 jul. 2014.
Figura 2 Mapa político dos Estados Unidos. Imagem adaptada do site disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/
geografia-dos-estados-unidos/>. Acesso em: 10 ago. 2010.
Figura 3 Mapa físico dos Estados Unidos. Imagem adaptada do site disponível em: <http://srtm.csi.cgiar.org/SELECTION/
inputCoord.asp>. Acesso em: 22 ago. 2011.
Figura 5 Estrutura etária dos Estados Unidos da América. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/
publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 6 Pirâmide etária dos Estados Unidos (2000). Imagem adaptada do site disponível em: <http://factfinder.census.gov/
servlet/STTable?_bm=y&-geo_id=01000US&-qr_name=ACS_2009_5YR_G00_S2601A&-ds_name=ACS_2009_5YR_G00_>.
Acesso em: 5 ago. 2011.
Figura 7 Quantificação da composição étnica dos Estados Unidos em 2007. Imagem adaptada do site disponível em: <https://
www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 8 Atividades agropecuárias dos Estados Unidos. Imagem adaptada do site disponível em: <http://www.geografiaparatodos.
com.br/img/infograficos/cinturoes_agricolas.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2010.
Figura 9 Quantificação dos setores da economia segundo o PIB. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 10 Quantificação do setor da economia segundo a PEA. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 11 Localização do Canadá. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/paises/canada/mapa_canada.htm>. Acesso em:
26 out. 2014.
Figura 12 Divisão política do Canadá. Imagem adaptada do site disponível em: <http://www.eia.gov/countries/cab.cfm?fips=CA>.
Acesso em: 21 jun. 2011.
Figura 13 Regiões fisiográficas do Canadá. Imagem adaptada do site disponível em: <http://atlas.nrcan.gc.ca/site/
english/maps/environment/land/arm_physio_reg?scale=42051275.911682&mapxy=1008657.3563084113%20
610607.9978815261&mapsize=525%20466&urlappend=>. Acesso em: 22 jun. 2011.
Figura 14 Variação das temperaturas mínimas para o mês de janeiro. Imagem adaptada do site disponível em: <http://atlas.
nrcan.gc.ca/site/english/maps/environment/climate/temperature/temp_winter>. Acesso em: 22 jun. 2011.
Figura 15 Variação das temperaturas mínimas para o mês de julho. Imagem adaptada do site disponível em: <http://atlas.nrcan.
gc.ca/site/english/maps/environment/climate/temperature/temp_summer>. Acesso em: 22 jun. 2011.
Figura 16 Média anual de precipitação em mm no Canadá. Imagem adaptada do site disponível em: <http://atlas.nrcan.gc.ca/
site/english/maps/environment/climate/temperature>. Acesso em: 22 jun. 2011.
Figura 17 Densidade populacional do Canadá. Disponível em: <http://geodepot.statcan.ca/Diss/Highlights/Page3/
AnimatedMap_e.cfm>. Acesso em: 5 ago. 2011.
Figura 18 Estrutura etária do Canadá. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 19 Composição do PIB por setor da economia. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/
publications/the-world-factbook/index.html>Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 20 Quantificação do setor da economia segundo a PEA. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Lista de tabelas
Tabela 1 Dados demográficos dos Estados Unidos. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/
the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Tabela 2 Dados demográficos do Canadá. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Sites pesquisados
CANADÁ. Natural Resources Canadá. Physiographic Regions. Disponível em: <http://atlas.nrcan.gc.ca/site/english/maps/
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ICID – Internacional Commission on Irrigation and Drainage. Great Britain. Disponível em: <http://www.icid.org/v_uk.pdf>.
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PACIEVITCH, T. Geografia dos Estados Unidos (2009). Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/geografia-dos-
estados-unidos/>. Acesso em: 20 jun. 2011.
USA. The U.S. Geological Survey (USG). Water Resources of the United States. Disponível em: <http://water.usgs.gov/>. Acesso
em: 23 jun. 2011.
1. Objetivos
• Conhecer os aspectos populacionais, econômicos e naturais mais representativos da
Oceania.
• Analisar as condições econômicas, sociais e naturais da Austrália.
• Inter-relacionar os atributos físicos e antrópicos da Austrália.
2. Conteúdos
• Aspectos naturais, econômicos e populacionais da Oceania.
• Características geográficas da Austrália.
4. INTRODUÇÃO à unidade
A Oceania também é conhecida como "Novíssimo Mundo" por integrar a história ociden-
tal europeia apenas no século 18, quando os ingleses passaram a colonizar a Austrália.
Esse continente, formado em sua maioria por ilhas situadas no Pacífico Sul, tem em co-
mum o fato de, no passado, ter sido ocupado por potências coloniais, sendo que algumas delas
ainda mantêm o domínio sobre várias ilhas nesta região. Assim, nesta unidade, conheceremos
um pouco mais sobre a geografia deste continente, destacando os aspectos populacionais, eco-
nômicos e naturais da Austrália.
Como vimos na primeira unidade deste estudo, é importante entender o espaço geográfi-
co como uma totalidade em sua unidade e diversidade. Por isso, é importante atentar-se a cor-
relação dos aspectos históricos e econômicos, objetivando entender como cada área faz parte
do conjunto das relações que se desenvolvem a nível global.
Bons estudos!
Além dos países independentes, muitas ilhas são possessões de países externos. Observe
o Quadro 1 as principais dependências do continente.
Clipperton França
Guam Estados Unidos
Havaí Estados Unidos
Ilhas Cook Nova Zelândia
Ilhas Marianas do Norte Estados Unidos
Ilhas Midway Estados Unidos
Ilha Norfolk Austrália
Ilhas Pitcairn Reino Unido
Ilhas Wake Estados Unidos
Ilhas Wallis e Futuna França
Niue Nova Zelândia
Nova Caledônia França
Pascoa, Sala e Gómez Chile
Polinésia Francesa França
Samoa Americana Estados Unidos
Toquelau Nova Zelândia
Fonte: National Geographic (2008).
6. AUSTRÁLIA
A Austrália localiza-se na Oceania, entre o Oceano Índico e o Pacífico Sul, como você pode
ver na Figura 1. Ocupa uma extensão de 7.741.220km2, classificando-se como o 6º maior país do
mundo em extensão territorial. Sua capital é Camberra (NATIONAL GEOGRAPHIC, 2008).
O território da Austrália está dividido em Austrália Ocidental, Austrália Meridional, Queens-
land, Nova Gales do Sul, Victoria e Tasmânia. Observe o mapa político na Figura 2.
Relevo
A Austrália é o país mais plano, com uma altitude média de apenas 330 metros. Seus solos
são muito antigos e pouco férteis. A maior parte do território é ocupada por deserto ou terras
semiáridas, conhecidas como Outback. Também é o país habitado mais seco: apenas as regiões
Sudeste e Sudoeste têm um clima temperado. Observe na Figura 3 a topografia da Austrália.
© U5 – Oceania 151
É uma terra de opostos geológicos, com alguns dos recursos mais antigos do mundo ao
lado de rochas que ainda estão em processo de formação. Existem ali rochas datadas de mais de
3 bilhões de anos, enquanto outras são resultado da atividade vulcânica que se manteve apenas
alguns milhares de anos atrás. Embora a formação da Austrália se deva, em grande parte, à de-
corrência de movimentos tectônicos da Terra e mudanças do nível do mar, a maior parte de sua
topografia resulta da erosão prolongada pelo vento e pela água. Muitas das características no
padrão de drenagem demonstram uma história geológica muito longa, e alguns vales individuais
têm mantido sua posição durante milhões de anos.
O Rio Finke, que está no centro da Austrália, é um dos mais antigos do mundo e os lagos
salgados da região Yilgarn, a Oeste, testemunham um padrão de drenagem que estava ativo an-
tes de a deriva dos continentes separar a Austrália da Antártica. A Austrália começou sua viagem
pela superfície terrestre como um continente isolado de 10 a 55 milhões de anos atrás, e ainda
move-se para o Norte, em média, sete centímetros por ano. O relevo atual é resultado de pro-
cessos prolongados (de milhões de anos) e contínuos de movimentação e erosão, dando origem
a uma variedade de paisagens. Esses processos continuam a sofrer transformações conforme o
movimento do continente para o Norte (AUSTRALIAN GOVERNEMENT, 2010).
Clima
A Austrália é a terra de extremos climáticos, com temperaturas variando entre máximas
de 40°C nas regiões do deserto central e registros de temperaturas abaixo de zero nas regiões
mais altas do Sudeste do país. Do Cabo York até o sul da Tasmânia, o país experimenta quase
todas as condições climáticas de outras partes do mundo e ainda algumas características únicas.
Entre essas características estão verões longos, quentes e muitas vezes secos. Observe o mapa
da Figura 4. Ele apresenta a variação da temperatura média anual no território australiano.
Como você pode ver no mapa da Figura 5, o regime de chuvas na Austrália é bastante
variado, com baixa precipitação média anual sobre a maior parte dos continentes e intensas
quedas sazonais nos trópicos.
© U5 – Oceania 153
A população, que se concentra em grande parte nos centros urbanos, apresenta algumas
características demográficas importantes. Analise o gráfico da Figura 9 e a Tabela 1.
Economia
A diversidade e a abundância de recursos naturais na Austrália atraem elevados níveis de
investimento estrangeiro. O país possui extensas reservas de carvão, minério de ferro, cobre,
ouro, gás natural e urânio, além de fontes renováveis de energia. A Austrália também tem um
grande setor de serviços e destaca-se como país exportador de recursos naturais, energia e ali-
mentos.
A economia australiana cresceu por 17 anos consecutivos antes da recente crise financeira
global. Posteriormente, o governo introduziu um pacote de estímulo fiscal no valor de mais de 50
bilhões de dólares para compensar o efeito da desaceleração na economia mundial, enquanto o
Banco Central da Austrália cortou as taxas de juros para mínimos históricos. Essas políticas – e a
contínua demanda por commodities, especialmente da China – ajudou a economia da Austrália
a se recuperar, depois de apenas um trimestre de crescimento negativo. A economia cresceu
1,5% durante os três primeiros trimestres de 2009. O desemprego, inicialmente previsto para
atingir entre 8% e 10%, atingiu 5,7% no final de 2009 e caiu para 5,3% em fevereiro de 2010.
Como resultado da melhoria da economia, o déficit orçamental deve atingir o pico abaixo
de 4,2% do PIB e o governo poderia voltar a superávits antes de 2015. Além disso, a Austrália
está engajada nas negociações de acordos de livre comércio com a China e o Japão.
Atualmente, o PIB da Austrália está entre os 18 maiores do mundo, e o PIB per capita che-
ga a 39.900 dólares (19º maior do mundo).
Os principais ramos de atividade do setor primário são: o cultivo de trigo, cevada, cana,
frutas, a criação de gado, ovinos e aves, a exploração de minerais, com destaque para bauxita,
carvão, minério de ferro, cobre, estanho, ouro, prata, urânio, tungstênio, níquel, chumbo, zinco,
diamantes, gás natural e petróleo.
Fluxos de mercadorias
A prova de que a Austrália está inserida no processo de globalização atual está no fato de
ela estar classificada em 24º no ranking mundial quanto ao montante de exportação e em 21º
quanto ao montante de importações.
Os principais produtos exportados pela Austrália são carvão, minério de ferro, ouro, car-
ne, lã, alumina, trigo, máquinas e equipamentos de transporte. Os países receptores de gran-
de maioria destes produtos são: China (21,81%), Japão (19,19%), Coreia do Sul (7,88%), Índia
(7,51%), Estados Unidos (4,95%), Reino Unido (4,37%) e Nova Zelândia (4,1%) (CIA, 2010).
Quanto às importações, o destaque é das máquinas e equipamentos de transporte, com-
putadores e máquinas para escritório, equipamentos de telecomunicações; petróleo bruto e de-
rivados. Os principais países fornecedores desses produtos são: China (17,94%), Estados Unidos
(11,26%), Japão (8,36%), Tailândia (5,81%), Cingapura (5,54%) e Alemanha (5,3%) (CIA, 2010).
7. questões autoavaliativas
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) Retome os mapas de relevo (Figura 3), de clima (Figuras 4, 5 e 6) e uso do solo (Figura 8) e anote as suas conclu-
sões sobre a relação entre a dinâmica da natureza e a agricultura na Austrália.
3) Observe a participação da Austrália nos fluxos comerciais internacionais e responda: Qual o papel do país no
contexto econômico da globalização?
4) Reveja as Figuras 10 e 11 e estabeleça relações entre a composição do PIB e a distribuição da população por
setores econômicos.
8. Considerações
Esta unidade encerra os objetivos fundamentais deste estudo. Nele, foram descritos os
principais aspectos populacionais, econômicos e físicos de alguns dos países mais representati-
vos do poderio econômico mundial. Todavia, é necessário destacar que essa classificação não se
esgota e que novas relações de poder condicionam novas formas de regionalizar e interpretar o
espaço mundial.
Os atributos dos países selecionados foram descritos em tópicos individuais (com peque-
nas ligações entre os condicionantes físicos e as atividades sociais), mas reafirmamos a necessi-
dade de interpretá-los de modo integrado, pois vimos que o espaço geográfico é materializado
pelos processos históricos e pela relação do homem com a natureza.
9. e-referências
Lista de figuras
Figura 1 Oceania Político. Disponível em: <http://santamariapaulaivannablog.blogspot.com.br/2013/05/mapa-politico-de-
oceania.html>. Acesso em: 23 jul. 2014.
Figura 2 Divisão política da Austrália. Disponível em: <http://paragrafogeografico.blogspot.com.br/>. Acesso em: 23 jul. 2014.
Figura 3 Mapa físico da Austrália. Modificado de SCIAR-CSI, 2004. Disponível em: <http://srtm.csi.cgiar.org/SELECTION/
inputCoord.asp>. Acesso em: 22 ago. 2011.
Figura 9 Estrutura etária da Austrália. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 10 Distribuição do PIB por setor da economia. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/
publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Figura 11 Quantificação do setor da economia segundo a PEA. Imagem adaptada do site disponível em: <https://www.cia.gov/
library/publications/the-world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Tabela
Tabela 1 Dados demográficos da Austrália. Adaptado do site disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-
world-factbook/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2010.
Sites pesquisados
AUSTRALIAN GOVERNEMENT. Geoscience Australia. Landforms ant their History. Disponível em: <http://www.ga.gov.au/
education/geoscience-basics/landforms/australian-landforms-and-their-history.html>. Acesso em: 22 nov. 2010.
CGIAR – Consortium for Spatial Information: SRTM Data Selection Options. Disponível em: <http://srtm.csi.cgiar.org/SELECTION/
inputCoord.asp>. Acesso em: 22 ago. 2011.
CIA – Central Intelligence Agency. The World Factbook. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-
factbook/>. Acesso em: 2 ago. 2010.