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Introdução:

Do conceito de direito de família.

O direito de família é ramo do Direito Civil que trata das regras que regem as relações
entre as pessoas na família[1], levando em conta a influência dessas relações sobre as
pessoas e os bens.

São princípios do Direito de Família os da afeição, da igualdade jurídica dos cônjuges e


conviventes, da igualdade jurídica dos filhos, da liberdade, do pluralismo familiar e do
superior interesse da criança e do adolescente[2].

As regras de direito de família afetam o indivíduo dentro do núcleo social restrito


(pequeno), em que ele nasce, cresce e se desenvolve, disciplinando suas relações de
ordem pessoal e patrimonial.

- Algumas regras tratam do indivíduo tendo em vista a sua pessoa (regulam direitos
pessoais do indivíduo, dentro da órbita do direito de família). Ex.: leis que tratam dos
efeitos pessoais do casamento ou da filiação, ou que conferem ao filho o direito de
promover a investigação de sua paternidade, ou que dão ao órfão o direito de ser posto
sob tutela.

- Há regras que tratam de direito de natureza patrimonial. Ex.: referentes ao regime de


bens entre cônjuges, ao regime patrimonial na união estável, à hipoteca legal, disciplinada
no direito das coisas (vimos no 4º ano), com repercussão no direito de família.

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Da importância do direito de família:

O direito de família é muito importante, por cuidar de direitos individuais (poder familiar,
direito e obrigações de prestar alimentos, dever de fidelidade se a família se tiver originado
do casamento, ou de união estável; dever de fidelidade e assistência decorrente da
condição de cônjuge; etc.).

O direito de família é importante também por seu aspecto social. Há interesse do Estado
na sólida organização da família e na segurança das relações humanas.

A família é a base da sociedade – estabelece a organização econômica e as raízes morais


da sociedade. O Estado, ao preservar a família, se preserva – e o faz por leis que
asseguram o desenvolvimento estável e a intangibilidade de seus elementos institucionais.

A lei regula as relações ligadas ao indivíduo (a lei concede alimentos ao parente pobre,
confere ao cônjuge que casou sob coação o direito de anular o casamento, defere ao
herdeiro do ausente o direito de solicitar a abertura da sucessão provisória do
desaparecido etc. Todas essas medidas visam diretamente ao interesse do indivíduo); e
as relações que interessam à ordem social.

Obs.: As leis de interesse individual indiretamente impactam a sociedade – porque


preservam a harmonia social e a estabilidade da família

Há ainda as leis que preservam a família diretamente, seu desenvolvimento e


sobrevivência. Ex.: leis que impedem casamento entre parentes consanguíneos até
terceiro grau, ou entre pessoas já casadas. Isto porque o incesto enfraquece a família.
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Natureza do direito de família:

A família é a célula básica da sociedade, alicerce de toda a organização social, de modo


que o Estado tende a preservá-la e fortalecê-la.

Por isso a CF diz que a família vive sob a proteção especial do Estado.

O interesse do Estado pela família faz com que o direito de família (que disciplina as
relações jurídicas que se constituem dentro da família) se situe mais perto do direito
público que do direito privado. Por isso quase todas as normas de direito de família são de
ordem pública (cogentes).

Trata-se de direito privado porque as normas são dirigidas às pessoas físicas, e não às
pessoas jurídicas de direito público. Mas diante da enorme importância pública no
cumprimento de tais normas, essas se caracterizam como cogentes, de ordem pública
(não podem ser alteradas por disposição contratual, salvo raríssimas exceções, como
ocorre na escolha do regime de bens para o casamento).

Só em matéria de regime de bens que as partes podem convencionar da forma como


querem (autonomia da vontade).

Daí que os direitos se perdem se mal exercidos, e não por prescrição ou renúncia. Há
mais deveres que direitos. Ex.: o poder familiar (antigo pátrio poder) é mais um dever que
um direito No Direito Romano era prerrogativa quase ilimitada do chefe de família. Hoje, é
mais um dever, para zelar pela pessoa e bens dos filhos, com severas sanções pelo
descumprimento. A chefia da sociedade conjugal, antes conferida ao marido, era o dever
de zelar pela família e sustentá-la. A tutela e a curatela são conjunto de deveres impostos
ao tutor e ao curador, que os recebe e os deve cumprir, como um munus publicus.

Então o Estado intervém no direito de família, para dar proteção. Como exemplo, o Estado
pode suspender ou destituir o pai ou a mãe do poder familiar; fiscaliza a tutela e a curatela;
fixa e modifica a guarda de filhos; confere o direito de adoção mediante ação judicial.

Como direitos individuais, subjetivos, os direitos de família são personalíssimos,


intransferíveis, intransmissíveis por herança, irrenunciáveis – ligam-se à pessoa em virtude
de sua posição na família, não podendo o titular transmiti-los ou deles se despir. Ex.:
ninguém pode transmitir ou renunciar à sua condição de filho; o marido não pode transmitir
seu direito de contestar a paternidade do filho havido por sua mulher; ninguém pode ceder
seu direito de pleitear alimentos, ou a prerrogativa de demandar o reconhecimento de sua
filiação havida fora do matrimônio.

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Do conceito de família.

A família não é pessoa jurídica, não tem personalidade jurídica.

O CC não define, e a Constituição já a desvinculou do casamento – pode ser constituída


fora do casamento, e até por um dos genitores e sua descendência (monoparental) – art.
226, CF.

Lato sensu – família é a formada por todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue –
ancestral comum. Incluem-se dentro de família todos os parentes consanguíneos.
Stricto sensu – abrange os parentes naturais ou civis em linha reta e os colaterais
sucessíveis até o 4º grau. Alcança ainda os afins, parentes em linha reta e irmãos do
cônjuge.

Sentido ainda mais restrito – família é o conjunto de pessoas compreendido pelos pais e
sua prole. É com este sentido que certos dispositivos a ela se refere. Ex.: a proteção
ao bem de família

Mas o direito de família se refere à família no sentido mais amplo. Trata da tutela, da
ausência, dos alimentos, envolvendo relações entre pessoas que não estão
necessariamente ligadas por parentesco tão próximo.

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O direito de família no CC/1916:

No CC/1916 o assunto era tratado no Livro I da parte especial.

Dentro do direito de família (conteúdo), havia três temas:

1. Casamento (instituto básico de onde na maioria dos casos resulta a família). Aqui se
tratava da celebração do matrimônio, seus efeitos jurídicos, do regime de bens, da
dissolução da sociedade conjugal etc. (art. 226, CF/88);

O CC/1916 nesse ponto trazia capítulos sobre direitos e deveres do marido e,


separadamente, direitos e deveres da mulher. Hoje o art. 226, §5º da CF extingue as
diferenças – ambos são iguais na sociedade conjugal, e têm os mesmo direitos e
obrigações.

Na época do Código de Hamurabi, leis sobre os direitos da mulher diziam que se o homem
se deparasse com o adultério da mulher, poderia matá-la ou decidir se ela ficaria viva e
viraria escrava. E a mulher não tinha os mesmos direitos. Em caso de estupro, por ex., a
lei dizia que o estuprador seria morto, e a mulher ficava isenta de pena, como se fosse
culpada pela agressão.

2. Relações de parentesco. A CF equiparou de forma absoluta em direitos e obrigações


os filhos, no art. 227, §6º. Outras leis tratam da questão de filiação, como o ECA (Lei nº
8.069/90) e a Lei nº. 8.560/92, que trata de investigação de paternidade.

3. Institutos de direito protetivo – tutela, curatela e ausência.

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O regime do CC/1916:

O CC/1916 não tratava da família estabelecida fora do casamento, considerada


então ilegítima. Só tratava da possibilidade de reconhecimento de filho natural, tratado
como ilegítimo (o art. 358 do CC/1916 vedava o reconhecimento aos filhos incestuosos e
adulterinos).

Hoje a família estabelecida fora do casamento também tem proteção, o que teve muita
contribuição da jurisprudência.

Leis trabalhistas e previdenciárias dão à companheira prerrogativas que antes eram


somente da esposa. Art. 16 da lei 8.213/1991 – os companheiros(as) são beneficiários do
segurado (art. 226, §3º da CF); na declaração de IR companheiro pode ser posto com
dependente para fins de gastos deduzidos do rendimento tributável.

Na vigência do CC/1916 muitas eram as relações de concubinato, até porque quem só


casava no religioso, antes da CF/88 (art. 226) era só concubino, e no interior muitos de
boa-fé só casavam no religioso. E também porque não existia o divórcio, então o
indivíduo desquitado e com novo relacionamento era concubino. O casamento era
indissolúvel por determinação constitucional até 1977.

Mas a união fora do casamento era realidade social e a jurisprudência apresentava


soluções.

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Leis que encerraram a discriminação entre filhos, no concubinato, e atualizaram o


direito de família:

- Lei do Divórcio – nº 6.515/77;

- CF/88 – art. 226 (§3º, §4º etc.);

- Lei n. 8.560, de 29.12.1992, sobre investigação de paternidade e registro de nascimento


dos filhos havidos fora do casamento.

- Leis n. 8.971, de 29.12.1994 e Lei n. 9.278, de 10.5.1996, que regulamentam o art. 226
da CF. A 1ª confere aos companheiros direito à sucessão e a alimentos. A Lei nº 9.278/96
é mais abrangente – considera união estável qualquer tipo de união entre homem e
mulher, mesmo impedidos de casar, mesmo com duração menor que 5 anos, e mesmo
sem prole comum. O art. 5º desta lei cria presunção relativa de serem comuns os bens
adquiridos durante a convivência.

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Direito de família no CC/2002.

O assunto é tratado no Livro IV da parte especial.

O CC/2002 atualiza a lei para adequá-la às leis inovadoras e à CF/88.

- Tít. I: do direito pessoal: regras do casamento, sua celebração, validade e causas de


dissolução. Preocupa-se com a proteção dos filhos, dispõe sobre as relações de
parentesco (tratando da igualdade plena entre os filhos, cf. a CF).

- Tít. II: normatiza o direito patrimonial decorrente do casamento, com ênfase ao


regime de bens e aos alimentos entre parentes, cônjuges e conviventes. Agora trata
do bem de família, antes (CC/1916) no Livro II, que cuidava dos bens (parte geral).

- Tít. III: união estável e seus efeitos. Colocada separadamente esta entidade familiar
porque na versão primitiva do projeto, elaborado na década de 70, não se cogitava da
proteção dessa forma de estabelecimento da família.

- Título IV: regras sobre institutos de direito protetivo – tutela e curatela (a ausência
agora é tratada na parte geral, pois o assunto é de extinção da personalidade – art. 22 e s.
do CC/2002).
Obs.: O CC/2002 não inovou quanto à celebração, efeitos e causas de dissolução do
matrimônio – são as regras do CC/1916 com as modificações neste introduzidas.

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DO CASAMENTO.

Definição.

Negócio jurídico solene, passível de dissolução judicial e extrajudicial, que visa unir duas
pessoas, para regularem suas relações sexuais, com coabitação e fidelidade recíproca,
cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência.

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Natureza Jurídica:

1. Casamento como contrato – teoria contratualista ou clássica:

É contrato de direito de família.

Pensamento do começo do séc. XVIII e que certamente inspirou o legislador francês de


1804: casamento é contrato cuja validade e eficácia decorrem exclusivamente da vontade
das partes. Tal concepção é reação à ideia de caráter religioso, que via no
matrimônio um sacramento.

2. Casamento como instituição – teoria institucionalista.

Neste caso o casamento é conjunto de regras impostas pelo Estado, que forma um todo e
ao qual as partes têm apenas a faculdade de aderir, pois, com a adesão, a vontade dos
cônjuges se torna impotente e os efeitos da instituição se produzem automaticamente.

3. Casamento como mescla de contrato e ato institucional – teoria mista.

O casamento tem características de contrato por ser negócio jurídico, ato de vontade, que
se anula pelos vícios do consentimento e pode ser objeto de distrato, hoje, cumpridos os
requisitos, até no cartório de notas, via extrajudicial.

O casamento não é um contrato semelhante aos demais do direito privado, mas também
não é só instituição. Trata-se de ato complexo, em que se une o elemento volitivo
(vontade) ao elemento institucional (é contrato e instituição e, para alguns, ainda um
sacramento).

O casamento depende da vontade dos nubentes. O oficial público que preside a


cerimônia do casamento não se contenta em autenticar a vontade dos cônjuges,
como o notário que processa uma escritura. É necessária a celebração do
casamento cf. a lei (art. 1.535, CC/2002). O presidente do ato, ouvida a afirmação, dos
nubentes, de que persistem no propósito de casar por livre e espontânea vontade,
declarará efetuado o casamento nestes termos:

“De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes
por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”.
Então: casamento é instituição em que os cônjuges ingressam por manifestação de sua
vontade, feita de acordo com a lei – é contrato de direito de família, diferente dos outros
contratos de direito privado.

E como tal instituição interessa ao Estado, é regida por normas cogentes – os efeitos do
casamento são necessários, inafastáveis por vontade das partes. Ex.: dever de fidelidade,
obrigação de mútua assistência. Os efeitos ocorrem automaticamente, impostos pela lei,
para preservar na sua estrutura a instituição do casamento.

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Obs.: Antes da Lei do Divórcio, lei nº 6.515/77, a indissolubilidade do casamento decorria


do art. 175, § 1º da CF de 1967 redigida pela EC n. 1/69.

- A Igreja era contrária à dissolução do vínculo.

- A EC n. 9, de 28.6.1977, alterou o §1º do art. 175 da CF/67 e admitiu o divórcio.

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Finalidades do casamento:

1. disciplinar as relações sexuais entre os cônjuges;

2. proteção da prole;

3. mútua assistência.

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Formalidades preliminares.

O Estado disciplina celebração e formalidades preliminares.

Não pode haver impedimento matrimonial entre os nubentes. E para verificar a inexistência
de impedimentos, a celebração do matrimônio é precedida de processo de habilitação,
levado a efeito perante o oficial do Registro Civil. Neste processo as partes instruem o
pedido com os documentos exigidos por lei para mostrar que estão em condição de casar
– e no mesmo processo podem ser opostos impedimentos matrimoniais, como veremos.

O processo de habilitação envolve precauções, para impedir que o casamento ocorra sem
as formalidades legais ou com infração de algum impedimento decorrente da lei. Trata-se
de ato preventivo do Estado, para evitar casamento vedado por lei.

O Estado diante do casamento assume: 1. A atitude preventiva, no processo de


habilitação, em que se proíbe o matrimônio se se verificar empecilho. 2. Atitude repressiva,
quando o casamento se realiza mesmo com empecilho (impedimento)[3], com a nulidade,
como veremos, ou anulação.

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Atitude preventiva do Estado – habilitação.

O objetivo é dar publicidade, com editais, ao casamento, convocando pessoa que saiba de
impedimento para que venha opô-lo, evitando a realização do casamento. Ex.: pessoa já
casada.
A habilitação de casamento se inicia com o requerimento de habilitação e a apresentação,
pelos nubentes, dos docs. exigidos pela lei – art. 1.525 e s. do CC/2002.

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Documentos exigidos para a habilitação ao casamento (o requerimento para casar,


instruído com os documentos, pode ser assinado pelos nubentes ou por
procurador):

Obs.: a celebração do casamento é gratuita, mas a habilitação somente é gratuita


para quem se declarar pobre na acepção jurídica do termo, sob as penas da lei – art.
1.512, parágrafo único, CC/2002.

Art. 1.525, CC/2002.

I. Certidão de nascimento (no CC/1916 era certidão de idade) ou documento


equivalente (no CC/1916 era prova equivalente);

Para identificar o nubente, demonstrando o lugar do nascimento, filiação etc., e provar a


sua idade, evitando infringir impedimento da lei – capacidade para o casamento (art. 1.517
a 1.520, CC/2002).

Pessoas sujeitas ao poder familiar ou tutela precisam ser autorizadas pelos pais ou tutor.

No CC/1916 – art. 183, XII – não se podiam casar mulher menor de 16 e homem menor de
18 anos. Hoje o art. 5º, I da CF trata da igualdade em direitos e obrigações de homens e
mulheres.

A certidão deve demonstrar que o indivíduo tem mais de 16 anos ou deve juntar
autorização.

A lei aceita documento equivalente[4] (art. 1.525, I, 2ª parte, CC/2002). Documento


equivalente é certidão de nascimento e batismo extraídas de livros da igreja e relativas a
ocorrências anteriores à instituição do registro civil aqui no Brasil, e justificação de idade
através de depoimentos de 2 testemunhas perante juiz de paz ou civil (o que era possível
por dec. de 1890, hoje já revogado).

Hoje a certidão de nascimento (registro de nascimento) é necessária para o exercício da


cidadania e para a dignidade, que são princípios fundamentais do Estado Democrático de
Direito (art. 1º, II e III da CF). Então a lei facilita a abertura regular do assento de
nascimento, inclusive estabelecendo a gratuidade do registro e 1ª certidão respectiva,
simplificando ainda o requerimento extemporâneo, com a dispensa de multa. Assim, o
nubente não registrado no momento oportuno pode regularizar a sua situação facilmente
para instruir o processo de habilitação com a certidão respectiva.

Obs.: a idade é importante ainda para o regime de bens, pois a lei prevê o regime de
separação de bens para nubentes com mais de 70 (setenta) anos – art. 1.641, II, com a
redação de 9.12.2009, pela Lei nº 12.344).

II. Autorização por escrito das pessoas de que são dependentes legalmente, ou ato
judicial que a supra.
Art. 1517 a 1.520 e 1.537, CC/2002.

A questão relaciona-se a pessoas sujeitas ao poder familiar (antigo pátrio-poder), ou à


tutela, que dependem da anuência dos pais ou tutores, para o casamento.

Obs.: O art. 1.550, parágrafo 2º, com a redação determinada pela Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6.7.2015, estabelece que:

“A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair


matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável
ou curador”.

O menor de 16 a 18 anos pode se casar, como vimos, mas continua sendo menor, sujeito
ao poder familiar, e por isso precisa da autorização.

Então: o processo de habilitação do menor deve ser instruído ou com a prova de


emancipação ou com a autorização de um ou de ambos os pais, ou com autorização do
tutor, se o menor estiver sob tutela.

** Se o representante nega consentimento, injustamente, cabe ação[5] para que o juiz


supra o consentimento. Cf. art. 1.519, CC.

O CC não diz o que é denegação de consentimento injusta – cabe ao juiz analisar. Assim
se verificará se o pai ou tutor tem preconceito racial ou religioso, ou ciúme, ou se
realmente teme pelo enlace para exercer proteção.

Na ação, o interessado ante a recusa pede a citação do recusante para que em cinco dias
traga suas razões, sob pena de ver suprida judicialmente a anuência, à sua revelia.
Aduzidas as razões e havendo provas a ser produzidas, o juiz designa audiência de
instrução e julgamento, e profere em seguida a sentença. Se suprir o consentimento, o juiz
manda passar alvará, nele transcrevendo a sua decisão.

** Da sentença cabe recurso para a instância superior (recurso voluntário, da parte, e


não ex officio). O recurso do genitor vencido na demanda pode tornar a ação inútil,
porque o recurso se processa tão lentamente que quando sai o resultado o nubente
já é maior de idade. O CC/2002 NÃO DIZ EXPRESSAMENTE QUE A DECISÃO É
IRRECORRÍVEL, ENTÃO CONTINUA CABENDO RECURSO VOLUNTÁRIO.

Obs.: O CC/1916 – art. 185 e 186 determinava que ambos os pais deviam autorizar, mas,
se não concordassem, prevalecia a vontade paterna; e se o casal fosse separado ou
divorciado, ou tivesse o casamento anulado, prevalecia a vontade da pessoa que
estivesse com os filhos (redação dada pela lei do divórcio). A CF no art. 5º, I e art. 226,
§5º, estabelece a igualdade entre os cônjuges. Hoje se os pais discordam, qualquer um
deles pode recorrer à autoridade judiciária para a solução da divergência – art. 1.517 e
1.631 do CC/2002.

Obs.: casamento realizado com autorização judicial está necessariamente sujeito ao


regime da separação de bens (art. 1.641, III do CC/2002).
Obs.: a autorização voluntariamente outorgada pelos pais ou tutores pode ser revogada
até a celebração do casamento (art. 1.518, CC/2002).

III. Declaração de duas testemunhas, maiores, parentes ou estranhos, que atestem


conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar.

A prova visa reforçar a validade do casamento.

IV. Declaração do estado, domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus


pais, se forem conhecidos.

Tal declaração é feita e assinada pelos próprios nubentes, em conjunto ou


separadamente.

Visa uma identificação mais precisa, para fixação dos dados a respeito dos mesmos – se
os nubentes residem em diferentes circunscrições, o que se verifica por tal documento, o
oficial público ordena que os editais de casamento sejam publicados numa e noutra. (art.
1.527, CC/2002).

V. Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do


registro do divórcio.

Isto para evitar o matrimônio de pessoas já casadas, o que é infração a impedimento


matrimonial – art. 1.521, VI do CC/2002.

Note-se que o divórcio pode ser extrajudicial, feito no cartório de notas, preenchidos os
requisitos que serão ainda examinados.

Obs.: o CC/2002 prevê a declaração de morte presumida, para instruir o processo de


habilitação – art. 7º. Pode ser decretada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I. se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II. se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 anos após o
término da guerra. Parágrafo único: a declaração da morte presumida, nesses casos,
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
sentença fixar a data provável do falecimento.

Se o cônjuge está desaparecido, há como se provar o desaparecimento, conf. as regras da


ausência. A morte presumida decorrente da ausência, quando autorizada a abertura da
sucessão definitiva (art. 1.571, §1º c.c/ art. 6º, 37 e s.), se reconhecida a ausência, permite
a habilitação do viúvo a novo casamento. Se o ausente (presumido morto) retorna, quando
o viúvo já estabeleceu novo casamento, este casamento não se prejudica.

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Processo de habilitação:

Com os documentos apresentados pelos interessados, o oficial lavra os proclamas de


casamento por edital, fixando-o em lugar ostensivo do cartório e se publica pela imprensa.
Tal edital é convocação para que todos aqueles que saibam da existência de impedimento
capaz de infirmar o projetado casamento venham opô-lo.

Se ninguém apresentar impedimento e o oficial não descobrir impedimentos em 15 dias a


partir da afixação do edital em cartório (e não da publicação do edital), o oficial entrega aos
nubentes certidão de que estão habilitados a casar nos próximos 90 dias. Após esse
prazo, de caducidade, deve ser feita nova habilitação.
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Da dispensa de proclamas.

O parágrafo único do art. 1.527 do CC/2002 permite a dispensa da publicação de


proclamas quando houver urgência na realização do casamento.

Urgência – o juiz aprecia os casos porque a lei não disse o que é urgente para fins de
casamento. Ex.: doença grave com risco de morte; necessidade de viagem inadiável.

Para alcançar a dispensa de publicação do edital os contraentes dirigem petição ao juiz,


com os motivos da urgência e os docs. que os comprovam. A finalidade do processo é a
imediata realização do casamento, por isso deve ser rápido.

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DOS IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS.

Definição:

Consentimento e celebração são elementos sem os quais o casamento não se concebe


(elementos de EXISTÊNCIA).

Requisitos de validade (de constituição válida) do casamento, determinados por lei, são
condições relativas aos nubentes.

Casamentos que violam as regras de impedimentos são inconvenientes, ameaçam a


ordem pública, ou representam agravo aos direitos dos nubentes, por prejudicarem
interesses de terceiros. Ex.: pessoa que tem a qualidade de casada. E se tais pessoas
mesmo com a proibição se casarem, ocorre nulidade ou anulabilidade, ou ainda outra
espécie de sanção (veremos).

História: o direito canônico determinava uma série de impedimentos e, o CC/1916,


dezesseis (art. 183, CC/1916).

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Incapacidade e impedimento – diferenças:

Obs.: o 183 do CC/1916 não fazia distinção e por isso sofria crítica.

· Incapacidade matrimonial – ocorre quando a pessoa não pode se casar com ninguém.
Ex.: menor de 16; pessoa já casada.

· Impedimento matrimonial – baseia-se em falta de legitimação, cf. o direito processual;


Não se trata aqui de incapacidade genérica, mas de inaptidão do nubente para se casar
com determinada pessoa. Ex.: ascendente com descendente; colaterais em 2º grau. A
pessoa não é incapaz para o casamento, pode casar com outrem – só não pode casar
com certa pessoa por falta de legitimação (não pode casar com o pai, o filho ou o irmão).

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Das espécies de impedimentos matrimoniais – classificação:


Obs.: a classificação é cf. os efeitos que decorrem de sua infração.

1. Impedimentos dirimentes.

Conceito – são os que levam a infirmar o casamento: o casamento é nulo ou anulável.

1.1. impedimentos propriamente ditos (chamados de absolutamente dirimentes no


CC/1916) –

Art. 1.521, CC. Levam à nulidade absoluta do casamento.

Isto porque são proibições impostas no interesse da sociedade (para preservar a família e
a moral). Então não há transigência da lei se forem desobedecidos os seus termos. A
infração é ofensa à ordem pública e aos interesses da sociedade. Cf. art. 1.548, CC.

Objetivos: impedir núpcias incestuosas, vedando casamento entre parentes


consanguíneos ou afins, ou entre pessoas que se apresentam, dentro da família, em
posição idêntica à dos parentes; preservar a monogamia; evitar casamento que tenha raiz
no crime.

Dos casos: não se podem casar -

a) ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil. (art. 1.521, I


do CC/2002).

Não podem se casar ainda adotante e adotado. Neste caso o impedimento não é
fisiológico, mas moral – o adotante é pai ou mãe.

b) afins em linha reta (no CC/1916 falava-se ainda: “seja o vínculo decorrente ou não
do casamento”).

1.521, II, CC/2002.

Parentesco por afinidade é o que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge. A
afinidade só impede o casamento se em linha reta – afins em linha colateral podem se
casar.

Então não se podem casar genro e sogra, nora e sogro. Mas podem se casar os
cunhados. A afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do
casamento. Cf. art. 1.595, §2º do CC. Obs.: de acordo com o CC (§1º do art. 1.595), o
parentesco por afinidade se limita aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge ou
companheiro.

c) o adotante com o cônjuge do adotado e o adotado com o cônjuge do adotante.

Art. 1.521, III, CC.

O adotante em face da viúva do adotado figura como sogro – a adoção imita a natureza, e
o impedimento é de ordem moral – parentesco civil (antes o impedimento já existia, e nem
se falava ainda em parentesco civil entre adotante e adotado).

Obs.: Hoje, nem há necessidade deste dispositivo no Brasil, porque o art. 1.521, II já traz o
impedimento para afins em linha reta – e adotante e adotado são parentes por afinidade
em linha reta.
d) irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 3º grau inclusive.

Art. 1.521, IV do CC.

Colaterais são parentes que descendem de tronco comum, sem descenderem uns dos
outros.

BILATERAIS OU GERMANOS – SÃO OS IRMÃOS QUE TÊM O MESMO PAI E A


MESMA MÃE.

Unilaterais – são os irmãos que tem só um genitor comum.

Obs.: até 1890 não podiam se casar até colaterais em 4º grau (primos-irmãos). Em 1890,
dec. reduziu a proibição para colaterais de 2º grau – então tios e sobrinhas podiam se
casar. O CC/1916 que determinou impedimento até (inclusive) colaterais em 3º graus e o
CC manteve tal regra.

Para Silvio de Salvo Venosa[6], o casamento entre colaterais em terceiro grau – tio(a) e
sobrinha(o) é possível, desde que apresentado atestado de sanidade que afirme não
existir inconveniente para o matrimônio sob o ponto de vista da saúde dos cônjuges e da
prole – sem tal documento o casamento é nulo. Isto por força do Dec.-Lei nº 3.200/1941.
Esta também a opinião de doutrinadores como Maria Helena Diniz e Flavio Monteiro de
Barros. O Projeto de Lei nº 6.960 prevê acréscimo de parágrafo ao dispositivo para
permitir o casamento de colaterais em terceiro grau.

e) o adotado com o filho do adotante.

Art. 1.521, V, CC. A lei é redundante, porque adotado e filho do adotante são irmãos,
portanto colaterais em segundo grau, impedidos de se casar pelo inciso anterior.

Quando editado o CC/1916, só podia adotar quem não tinha filho (e contava com 50 anos),
então o impedimento era de casar com filho superveniente, do adotante. Com a
possibilidade de adoção por quem já tinha filho, a redação da lei mudou – não pode casar
com filho do adotante (não mais superveniente, porque o filho já poderia existir).

f) as pessoas casadas.

Para preservar a monogamia.

A bigamia é assim punida no campo civil e no penal[7].

Conforme o CC, o casamento só se dissolve com a morte, o registro de sentença de


divórcio (lei 6.515/77), o divórcio no cartório de notas, e a morte presumida decorrente de
ausência, quando autorizada a abertura de sucessão definitiva (art. 1.571, §1º, c.c/ art. 6º,
37 e s. do CC), ou nos casos de declaração de morte presumida do art. 7º, mesmo sem a
decretação de ausência (antes, no CC/1916, a ausência não dissolvia o casamento, nem
em caso de sucessão definitiva – e o cônjuge que ficava não podia se casar de novo. No
CC/1916, cf. art. 315, só a morte e, depois de 1977, o divórcio, dissolvia o casamento).

g) o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte.

Art. 1.521, VII do CC/2002.


O impedimento existe mesmo que não haja cumplicidade no homicídio ou tentativa do
homicídio. O cônjuge sobrevivente não precisa estar conivente com o criminoso, com
quem agora quer se casar. Antes, por lei de 1890, a cumplicidade era exigida para haver o
impedimento.

O impedimento só abrange o homicídio doloso, e não o culposo. No culposo não há o


intuito de eliminar um dos cônjuges, para desposar o outro, de modo que não há razão
para punir o autor com um impedimento matrimonial.

- É preciso que o delinquente tenha sido condenado por tentativa de homicídio ou por
homicídio. Se foi absolvido, ou se o crime prescreveu, não há impedimento – extinguiu-se
a punibilidade.

Obs.: O CC/1916 trazia a hipótese de impedimento sob pena de nulidade para o


casamento entre o cônjuge adúltero e seu corréu, exigindo prova do adultério, o que
era difícil, e com o intuito de punir o adultério, o que era criticado por muitos.

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1.2. Causas de anulabilidade (chamadas no CC/1916 de impedimentos relativamente


dirimentes).

Da invalidade do casamento – 1.550, CC: é anulável o casamento de quem não


completou a idade mínima para casar; do menor em idade núbil, mas não autorizado
pelo representante legal; por vício da vontade, cf. art. 1556 a 1558 do CC.

Sua infração leva à anulabilidade do casamento. Isto porque as proibições aqui interessam
menos à sociedade do que às próprias pessoas mencionadas na lei. E a lei visa proteger
mais tais pessoas que a sociedade. De modo que tais pessoas podem requerer a
anulação do casamento, ou silenciar (ficando inertes o casamento convalesce do vício que
portava).

Os impedimentos visam proteger pessoas cujo consentimento é defeituoso, ou são ainda


imaturas para o matrimônio. Então a lei permite que em certo prazo desfaçam o vínculo
matrimonial.

Espécies (não se podem casar, sob pena de anulabilidade):

a) pacientes de coação.

O caso é de vício do consentimento – coação. Obs.: temor reverencial não é coação para
fins de anulabilidade.

b) os sujeitos a poder familiar ou tutela, enquanto não obtiverem, ou lhes não for suprido, o
consentimento do pai ou tutor.

Art. 1.518, CC/2002 com a redação determinada pela Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6.7.2015: “Até a celebração do casamento
podem os pais ou tutores revogar a autorização”.
Art. 1.550, parágrafo 2º, com a redação determinada pela Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6.7.2015:

“A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair


matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável
ou curador”.

O consentimento da pessoa sujeita a poder familiar ou tutela só é válido se houver


assistência. Isto para todos os atos jurídicos, o casamento inclusive – vimos os casos de
suprimento judicial do consentimento.

c) menores de 16 anos.

O menor de 16 é imaturo para o casamento. As idades antes de 1890 eram de 12 para a


mulher e de 14 para o homem, nos direitos civil e canônico. Em 1890 aumentou para 14 e
16 para mulher e homem, respectivamente, e no CC/1916 era 16 e 18 anos.

Antes a idade se fixava por inaptidão física, hoje por inaptidão intelectual.

- se o casamento ocorre antes do 16, podem pedir anulação o cônjuge menor, seus
representantes legais e seus ascendentes (art. 1.552, CC).

- Exceção (art. 1.520, CC): menor de 16 pode casar sem impedimento em caso de
gravidez. É melhor que o filho tenha lar constituído. Não é conveniente a anulação do
casamento de seus pais.

Obs.: não há casamento que evite imposição de pena criminal – a redação do CC original
trata de casamento válido antes dos 16 anos para evitar a imposição de pena, estando a
vítima de acordo. Para tanto era preciso obter em juízo o suprimento de idade da
menor.

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2. Causas suspensivas (ou impedimentos proibitivos, ou impedientes).

A infração a esses impedimentos provoca reação mais tênue da lei, que não o proclama
nulo nem permite a sua anulação. O casamento continua válido, mas os infratores ficam
sujeitos ao regime obrigatório de separação de bens.

Aqui as proibições são impostas no interesse da prole do casamento anterior ou para


evitar a dúvida quanto à paternidade; ou então no interesse do nubente presumivelmente
influenciado pelo outro cônjuge.

Espécies (não devem casar):

Art. 1.523, CC.

I. Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.

Finalidade da lei: impedir o matrimônio para evitar a confusão entre o patrimônio do novo
casal com o patrimônio dos filhos do casamento anterior. Com inventário e partilha dos
bens do 1º casal, apura-se o que pertence aos filhos do casamento anterior, evitando-se a
confusão.

Se o viúvo ou a viúva casam, desrespeitando o impedimento, o novo casamento não sofre


ameaça de anulação – as núpcias são válidas. Mas o infrator sofre a pena do art.1.641, I
do CC.

Obs.: art. 1.523, parágrafo único: é possível ação solicitando ao juiz a não aplicação da
pena caso se prove que não há prejuízo (para o herdeiro).

II. Viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou por ter sido anulado,
até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal
– 1.523, II, CC/2002.

Obs.: salvo se antes de findo o prazo provar nascimento de filho ou inexistência de


gravidez. (parágrafo único do art. 1.523, CC).

- tal impedimento visa evitar a turbatio sanguinis, possível confusão quanto à paternidade
de filho.

III. Divorciado(a), enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal.

IV. Tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou


sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Obs.: parágrafo único do art. 1.523 – salvo se provar inexistência de prejuízo ao tutelado
ou curatelado.

- Tal impedimento visa impedir o casamento de pessoas que se encontram, de certo


modo, sob o poder de outrem, que se poderia valer de seu poder para conseguir anuência
não espontânea.

- A lei quer que por o tutor que cuidou mal dos bens da tutelada não queira usar seu poder
(ascendência) para casar com a mesma e, confundindo os patrimônios, livrar-se de prestar
contas.

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Oposição dos impedimentos matrimoniais.

Trata-se de ato de pessoa legitimada, praticado antes da celebração do casamento,


indicando ao oficial perante quem se processa a habilitação, ou ao juiz que celebra a
solenidade, a existência de um dos fatos indicados na lei como obstativo do matrimônio.

Preventivamente, a lei amplia as possibilidades de oposição, permitindo a qualquer pessoa


maior a apresentação de impedimento. E a apresentação do impedimento é obrigação
de quem está ciente da existência do impedimento.

Os impedimentos são opostos por declaração escrita, instruída com as provas do fato
alegado, e assinatura do opoente. Se não tiver prova, o opoente deve dizer o lugar onde
as provas podem ser encontradas (ex.: município em que o nubente está registrado como
casado), ou nomear 2 testemunhas, residentes no município, que afirmem o impedimento.
A oposição do impedimento susta a realização do casamento até decisão final. Então o
dispositivo possibilita sério abuso, alcançável por interposição maliciosa de impedimento.
O legislador correu tal risco, para facilitar a oposição de impedimentos, evitando a
realização de casamentos portadores de defeitos insanáveis.

Os nubentes podem fazer prova contrária ao impedimento, sujeitando o opoente de má-fé


a responder civil e criminalmente por seu ato.

Obs.: as causas suspensivas só podem ser opostas por parentes em linha reta, ou
colaterais, em 2º grau, dos nubentes, quer o parentesco seja consanguíneo, quer seja
afim. São impedimentos que interessam apenas aos nubentes e à sua família, de
sorte que se os interessados não os querem levantar, para a sociedade e perante a
lei é irrelevante que o casamento se realize.

Nesses casos, a infração não implica o desfazimento do casamento – as consequências


legais decorrentes da realização do casamento, como a obrigação do regime de bens de
separação de bens (total), passam a incidir automaticamente, remediando os efeitos da
desobediência ao impedimento.

O CC trata como impedimentos propriamente ditos apenas os óbices antes considerados


dirimentes absolutos, a eles reservando a oposição por qualquer pessoa capaz. – art.
1.522, parágrafo único, inova: se o juiz, ou oficial de registro, tiver conhecimento da
existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo, impondo uma obrigação
antes de caráter facultativo.

· O procedimento para a oposição tanto dos impedimentos como das causas suspensivas
é estabelecido pelos art. 1.529 e 1.530 do CC.

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[1] Silvio Luís Ferreira da Rocha, Direito Civil – 4 – Direito de Família. São Paulo:
Malheiros Editores. 2011. P. 14.

[2] Idem. Ibidem.

[3] Porque a sociedade hoje é complexa e numerosa, e mesmo com a publicação de


editais, na fase preventiva, pode ser que ninguém apareça para dizer que há impedimento,
como o fato de o nubente já ser casado.

[4] Prova equivalente era a expressão no CC/1916.

[5] Ação supletória do consentimento (dos pais para o casamento do filho menor, por ex.) –
o ônus da prova é de quem negou consentimento, para que justifique a sua oposição. O
autor não precisa produzir nenhuma prova – o que negou se explica e o juiz toma
conhecimento das razões da denegação do consentimento e julga. É exceção à regra de
que quem alega prova – inversão do ônus da prova – o réu deve provar que seu motivo é
justo, ou perde a ação.

[6] Silvio de Salvo Venosa, “Código Civil Interpretado”. 2ª ed., Ed. Atlas. São Paulo, 2011.
P. 1569.

[7] Nas Ordenações a pena para o bígamo ou para a bígama era de morte, com
indenização material feita com os bens do delinquente.

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