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sobre-praticas-sustentaveis

Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Março | 2015

Planejamento

5 perguntas sobre práticas


sustentáveis
Uso da sacola plástica, reciclagem, consumo consciente da
água: não existe uma resposta simples quando o tema é
sustentabilidade. Conheça um pouco mais sobre algumas das
atitudes mais comentadas atualmente
Bruno Mazzoco

Sustentabilidade. Essa palavra já está em voga há algum tempo e tem ganhado


cada vez mais importância. Em tempos de escassez de água em certas regiões e
dúvidas em relação ao potencial energético do país, o conceito tem cada vez mais
deixado de ser uma questão de modismo ou de apelo ao politicamente correto.
Isso sem falar nas questões planetárias, como o efeito estufa, o aquecimento
global, a extinção de espécies e a diminuição da camada de ozônio. Mas você
sabe realmente o que ela significa?

A definição mais difundida do termo surgiu no Relatório Brundtland, lançado em


1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU.
O documento preconiza que as bases para o desenvolvimento sustentável devem
levar em conta a satisfação das necessidades presentes sem comprometer as
gerações futuras.

Com o passar do tempo - e muito trabalho dos ativistas - o termo se popularizou,


espraiando-se para as mais diferentes atividades humanas. Áreas tão distintas
como a indústria, a administração pública, o turismo e o entretenimento
passaram a utilizá-lo para agregar valor (outro termo muito difundido hoje em
dia) aos mais diversos produtos e serviços.

"A sustentabilidade não é feita em um só caminho. Não existe apenas uma


solução para cada assunto. É preciso analisar as circunstâncias de cada local",
analisa Andrée Vieira, consultora em educação pela sustentabilidade.
Respondemos a seguir cinco perguntas sobre práticas sustentáveis que têm
estimulado discussões sobre o tema.

1. A sacolinha plástica é a grande vilã da sustentabilidade?


O problema não é a sacola em si, mas o uso que se faz dela e a forma como ela é
produzida. A falta de padronização e a baixa qualidade das sacolas oferecidas
pelos supermercados e pelo comércio em geral fazem dela um item descartável.
Depois de carregar as compras, elas viram, na melhor das hipóteses, sacos de
lixo. Ou então são simplesmente descartadas como tal.

É aí que mora o problema. Esse uso indiscriminado faz com que cerca de 1 trilhão
de sacolas sejam consumidas anualmente em todo mundo. No Brasil, apenas os
supermercados distribuem em torno de 1 bilhão de unidades por mês. Essa
quantidade colossal de plástico causa o entupimento de bueiros, a
impermeabilização dos solos - dificultando a decomposição do lixo orgânico em
aterros sanitários, entre outras coisas - e a morte de milhares de aves e animais
marinhos. E há ainda o desperdício indireto de água e petróleo cada vez que uma
delas é descartada.

Mas qual a solução? Bani-las? Não. O melhor seria usá-las de forma mais racional.
"A questão é o uso que a gente faz desse recurso. O material plástico facilita
muito a vida, mas usá-lo para fazer produtos descartáveis é um desperdício muito
grande", comenta Silvia Sá, gerente de Educação do Instituto Akatu. De acordo
com uma estimativa da entidade, as sacolas plásticas duráveis podem ser
utilizadas mais de 350 vezes e substituem, a cada uso, até oito sacolas
descartáveis. Uma conta rápida: considerando uma pessoa que vai quatro vezes
às compras por mês, a vida útil da sacola seria de pouco mais de 7 anos. Isso
equivaleria ao uso cerca de 2.700 sacolinhas descartáveis no mesmo período.

Para a jornalista e ambientalista Maria Zulmira de Souza, a questão da sacolinha é


só "a ponta do iceberg" da falta de implementação efetiva da política de resíduos
sólidos no país. "A solução passa pelo entendimento de que deve haver
racionalidade no consumo de qualquer produto que gere resíduos", argumenta.

2. É necessário lavar as embalagens que vão para coleta seletiva?


A resposta técnica para essa pergunta é não. O processo para reciclagem da
maioria dos resíduos sólidos envolve o uso de fornos industriais de alta
temperatura, o que elimina qualquer resquício de resíduo que tenha ficado na
embalagem. Além disso, boa parte desses materiais passam por lavagem em
alguma etapa do processo, o que torna a higienização desnecessária.

Por outro lado, há outros aspectos que devem ser levados em consideração. Um
deles é o sanitário. O acúmulo de material orgânico junto às embalagens pode ser
um convite para ratos e baratas. Se um deles na sua área de serviço já é
inconveniente, imagine famílias inteiras de animais vagando sobre pilhas e pilhas
de latas de leite condensado, potes de maionese ou garrafas de refrigerante nos
depósitos das cooperativas. Em casos como esses, lavar as embalagens antes do
descarte poderia diminuir a proliferação de insetos e outros animais que podem
ser nocivos à saúde.

Mas como saber quando lavar ou não? A dica é avaliar caso a caso. Passar uma
água em uma garrafa de vidro ou numa caixa de leite não custa nada e quase não
gasta água, se você se organizar para isso. Já para uma lata de creme de leite, por
exemplo, pode não valer o gasto de água. "É possível usar uma bacia ou água de
reuso para lavar as embalagens", orienta Maria Zulmira. Outro procedimento
importante é secar as embalagens antes de descartá-las.

3. É melhor optar por utensílios descartáveis para economizar a água da


lavagem?
Absolutamente não. Essa é uma prática em voga ultimamente no comércio de
regiões que estão enfrentando problemas de abastecimento de água, mas está
longe de ser a opção mais indicada. Ela ataca o problema de um ponto de vista
emergencial - o da falta de água na torneira -, mas pode ter um impacto muito
prejudicial ao meio ambiente a médio ou longo prazo. Uma pesquisa da
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) mostrou que a quantidade de água
utilizada para produzir um único copo descartável pode ser até 10 vezes maior do
que a necessária para lavar um copo de vidro.

Recentemente, o professor Bruno Gianelli, especialista em tecnologia de materiais


do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), em
Itapetininga, no interior de São Paulo, respondeu a essa pergunta para o blog do
jornalista Afonso apelas Jr., no portal Planeta Sustentável. Ele estimou em meio
litro o gasto de água por copo descartável enquanto o processo de lavagem de
um copo durável, se otimizado pelo uso de uma lavadora ou da indefectível bacia,
gastaria apenas 100 ml. Some-se a isso o gasto de água e combustível embutido
no transporte, estocagem e revenda dos copos plásticos. Ainda pior: a quantidade
de lixo - nem sempre encaminhado para reciclagem - que essa prática gera.

4. Reciclar é sempre a melhor opção?


Pode parecer improvável, mas a resposta é não. A reciclagem deve ser a última
opção no tratamento dos resíduos. O processo de transformação de um material
descartado em matéria-prima para novos produtos envolve custos, trabalho e uso
de recursos naturais. Especialistas em consumo consciente falam em quatro
atitudes que o consumidor deve levar em consideração ao consumir. São os "4
Rs": repensar, reduzir, reutilizar e reciclar. Esses conceitos seguem uma ordem
lógica para que reflitamos sobre nossos hábitos a fim de evitar o consumo
supérfluo. "Os projetos de reciclagem estão muito presentes na escola, mas é
preciso deixar claro que essa é a última alternativa possível. A gente tem que
pensar se precisamos consumir tudo o que a gente consome", avalia Silvia.

5. Reduzir e reaproveitar é tudo o que se pode fazer para economizar água?


Você fecha a torneira para escovar os dentes e durante o banho, só dá descarga
com água de reuso, recolhe a água do enxágue da máquina de lavar e acabou de
instalar uma cisterna para recolher a água da chuva? Sem dúvida, você está no
caminho correto e faz muito mais pelo uso racional da água do que a maioria da
população.

Mas, aí, você encontra um pedaço de carne esquecido no fundo da geladeira, que
deveria ser seu almoço quatro dias antes. Ao abrir o embrulho, o cheiro já
denuncia que o produto não está bom para consumo. Vai ter que ir pro lixo. Se a
peça em questão tiver meio quilo, lá se foram cerca de 7.500 litros de água pelo
ralo.

Das atividades humanas, a agricultura é a que mais consome água. Segundo


dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),
70% da água doce disponível no planeta é usada para irrigação de campos
cultiváveis. E o pior, ainda de acordo com a agência, é que o destino de um terço
de todo alimento produzido no mundo acaba sendo a lata de lixo. A cultura do
consumo e da abundância é uma das responsáveis pelo gasto desmedido. "Antes
existiam as frutas de época. Agora, temos tudo o ano inteiro. Mas isso se faz à
custa de muito mais água e energia", afirma Maria Zulmira.

Você pode nunca ter parado para pensar nisso, mas praticamente tudo o que
consumimos precisa de água em algum momento de sua cadeia produtiva. Esse
conceito é chamado de água virtual. Para dar mais um exemplo: uma simples
calça jeans, peça obrigatória no guarda-roupa da maioria das pessoas
atualmente, precisa de 10 mil litros de água para ser confeccionada. Então, antes
de comprar algo é importante sabermos o qual é o impacto que aquele produto
gera e pensar duas, três, quatro vezes antes de consumir - e descartar - por
impulso.

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