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Ano 2, número 3, semestral, setembro 2012

Formação e profissionalização do setor cultural -


caminhos para a institucionalidade da área cultural1

Formación y profesionalización del sector cultural -


caminos a la institucionalidad del área cultural

Education and professionalization of the cultural sector


ways to institutionalize the cultural field

Luiz Augusto F. Rodrigues2

Resumo:

Palavras chave: O texto apresenta diferentes terminologias utilizadas para designar os


profissionais que atuam no campo da organização e gestão da cultura,
Formação no setor cultural discute suas atuações e conceitua aspectos do campo cultural. Traz,
também, resultados de mapeamento nacional sobre os espaços de
Gestão cultural formação e profissionalização do setor cultural, em suas diferentes
inserções: cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, e
Profissionalização e
institucionalização cursos de graduação (bacharelados e graduações tecnológicas). Por
da área cultural fim, o artigo detalha o curso de graduação em Produção Cultural da
Universidade Federal Fluminense e os caminhos profissionais de
seus alunos egressos.

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Resumen:

El texto presenta diferentes terminologías usadas para designar los Palabras clave:
profesionales que actúan en el campo de la organización y gestión
de la cultura, discute sus actuaciones y conceptúa aspectos del Formación en el sector
campo cultural. Muestra, también, resultados de un levantamiento cultural
nacional acerca de los espacios de formación y profesionalización
del sector cultural, en sus diversas formas: cursos de posgrado lato Gestión cultural
sensu y stricto sensu, y cursos de graduación (licenciaturas y grados Profesionalización e
de asociado). A modo de conclusión, el artículo detalla el curso institucionalización
de graduación en Producción Cultural de la Universidad Federal del área cultural
Fluminense y los caminos profesionales de sus alumnos egresados.

Abstract:

Keywords: The text presents different terminologies used to describe the


professionals who act in the organization and management areas
Education in the cultural of culture, discusses their performances and conceptualizes some
sector aspects of the cultural field. It also shows the results of a national
mapping of spaces destined to the education and professionalization
Cultural management of the cultural sector, in its different types: lato sensu and stricto sensu
Professionalization and postgraduate courses, and graduate courses (bachelor’s degrees and
institutionalization of the associate degrees). Finally, the article details the graduate course
cultural field in Cultural Production at the Federal Fluminense University and the
professional paths of its former students.

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Gestor Cultural, de cunho mais


Formação e profissionalização do formulador e propositor de políticas e pro-
setor cultural - gramas culturais, viabilizando uma maior
caminhos para a institucionalidade da articulação entre as diferentes etapas da
área cultural cadeia produtiva da cultura.

No entanto, estas últimas nomencla-


Primeiro, é preciso reforçar que es- turas também não dão conta da realidade
tamos num campo do conhecimento em se analisarmos, por exemplo, o curso de
que as denominações dos profissionais graduação em Produção Cultural da Uni-
são flutuantes ou mesmo ambivalentes, versidade Federal Fluminense, lócus da mi-
e cujos sentidos diferem conforme o mo- nha fala neste ensaio. Formamos o Bacha-
mento histórico e conjuntural do país. Ve- rel em Produção Cultural, profissional cujos
jamos algumas das terminologias em uso, eixos de formação trilharam disciplinas de
ou já utilizadas pelo setor cultural. três grandes campos conceituais e práti-
cos: Fundamentos dos meios expressivos
Animador Cultural (usada para in- e linguagens artísticas; Teorias da Arte e da
dicar a mediação entre indivíduos e mo- Cultura; Planejamento e gestão cultural.
dos culturais -nos anos 80 Darcy Ribeiro
criou a figura do Animador Cultural junto à A natureza dos mecanismos de pro-
rede pública estadual (RJ) de Educação-, dução e circulação de informação e dos
hoje a expressão está mais associada à bens e serviços culturais, a complexidade
promoção do lazer). social das camadas populacionais e o tipo
de relação que mantêm com outras redes
Promotor Cultural (responsável sociais, os novos esquemas de relações ter-
pela divulgação e promoção de produtos ritoriais, os deslocamentos e trocas culturais
artísticos e culturais). e artísticas, as novas formas e valores dos
objetos e signos da cultura material e ima-
Mediador Cultural (usada para in- terial, as tensões e disputas no e a partir do
dicar o profissional que exerce a aproxi- campo cultural exigem novos olhares sobre
mação entre indivíduos e manifestações esta realidade, através dos quais a articula-
da cultura e da arte). ção das disciplinas tradicionais possa ser re-
vista para dar lugar a outros instrumentos e
O setor cultural é ainda um cam- outras abordagens teóricas e instrumentais.
po recente em relação a certas sistema- Este é um dos desafios da academia hoje.
tizações e formalizações profissionais.
Talvez possamos identificar três termi- Pode-se, sumariamente, estabe-
nologias que vêm sendo utilizadas mais lecer diferenciações entre conceitos que
recentemente. circulam junto e este campo na contempo-
raneidade. Administração cultural, Gerên-
Agente Cultural, de cunho mais cia cultural, Planejamento cultural, Gestão
comunitário; um viabilizador e estimulador cultural, como estabelecer contornos en-
de práticas culturais locais junto aos dife- tre tais noções?
rentes grupamentos sociais.
Por Administração podemos entender
Produtor Cultural, de cunho mais as atividades daqueles que executam planos
operacional e executivo junto à mediação segundo interesses traçados externamente -
entre a produção e a fruição dos bens e por uma instituição cultural por exemplo -; ou
produtos culturais. ainda: pautadas por ações, pontuais.

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Na Gerência podemos estender o Denominações as mais distintas são


conceito à participação na formulação de acionadas para intitular o momento da
tais planos, embora ainda segundo inte- organização da cultura e os profissio-
resses externos. Ou ainda: gerencia-se nais responsáveis por seu tratamento.
por meio de estratégias, gerais. Assim, a denominação de gerentes
e administradores culturais predomi-
Por Planejamento podemos consi- na nos Estados Unidos e na França;
derar a formulação dos planos e progra- a noção de animadores e promotores
mas de ação. culturais possui uma importante tra-
dição na Espanha; em muitos países
A Gestão Cultural pressupõe a for- da América Latina fala-se em traba-
mulação dos planos e também dos con- lhadores culturais e em outros países
ceitos que os norteiam. Neste processo podem ser utilizados termos como
atuam concretamente planejadores e usu- mediadores culturais, engenheiros
ários, buscando garantir a sustentabilida- culturais ou científicos culturais. Em
de das ações. Na gestão trabalha-se por Portugal, também se aciona a expres-
meio de políticas, estruturais e integradas. são programadores culturais para dar
conta da esfera da organização da
Como aponta Rubens Bayardo, cultura. Mas recentemente a noção de
gestão cultural vem ganhando grande
Entendemos a gestão cultural como vigência em diversos países, inclusive
uma mediação entre os atores, as dis- ibero-americanos [...].4
ciplinas, as especificidades e os domí-
nios envolvidos nas diversas fases dos Volto ao campo da gestão cultural
processos produtivos culturais. Essa por entendê-lo como a esfera mais ampla
mediação torna possível a produção, dos processos de mediação, e é sempre
a distribuição, a comercialização e o bom destacar que a própria noção de cul-
consumo dos bens e serviços culturais, tura vem se largando bastante nas últi-
articulando os criadores, os produtores, mas décadas.
os promotores, as instituições e os pú-
blicos, conjugando suas diversas lógi- Pode-se entender CULTURA como
cas e compatibilizando-as para formar um processo de sedimentação de memó-
o circuito no qual as obras se materiali- rias, a longo e médio prazo, e que opera
zam e adquirem sentido na sociedade.3 com as diferenças de toda a sociedade.
Entendida desta forma seus propósitos
O autor traz uma importante contri- são contrários aos das lógicas de imedia-
buição ao chamar atenção para todas as tismo e da estandartização.
etapas envolvidas no sistema de produ-
ção cultural para as quais os mediadores Se o agente da cultura for exclusi-
culturais devem voltar sua atenção e seus vamente o Estado, tende-se a desenvolver
cuidados profissionais, além de reforçar a políticas culturais marcadas por um “patri-
ideia de uma necessária articulação entre monialismo estadista” ou por um “dirigismo
os diferentes agentes e da mediação entre estatal”. Se o agente for exclusivamente o
o fazer e o fruir de bens culturais. Mercado, culminaria em um “mercantilismo
cultural” ou “privatização da vida cultural”.
A questão da nomenclatura de de- A história da modernidade buscou regi-
signação destes diversos agentes inseri- mentar a esfera estatal como representan-
dos na mediação cultural é trazida tam- te única da esfera pública. Pensamentos
bém por Rubim: contrários buscam articular a todo indiví-

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duo três atuações básicas: pública, privada nhecer em cada cultura ou grupo seus va-
e íntima. Deste modo, as políticas culturais lores próprios e os universais.
sendo da esfera pública estão afetas tanto
ao Estado quanto à sociedade inteira. O conceito de interculturalida-
de pressupõe aceitar que os diferentes
Segundo o pensador português modos culturais não são fatos isolados
Boaventura de Souza Santos5 assiste-se, nem se produzem espontaneamente; o
hoje, a uma hiperpolitização estatal e uma que ocorre é o interrelacionamento entre
despolitização da vida cotidiana. Podemos eles. Observa-se neste processo duas
entender como ação pública aquilo que de tendências: relações de dominação e
nós pertence ou está voltado aos demais, não de reconhecimento, o que leva ao
dependendo mais do espaço em que se desaparecimento de fatos originários; re-
desenvolve. Não há, portanto, como dis- lações de diálogo e interação significati-
sociar a ação cultural de noções ligadas à va, levando à interação.
cidadania, à justiça social, à afirmação de
sociedade civil e da ação pública, e à ética. Cabe a consideração de que mul-
ticulturalidade e interculturalidade são
E os processos culturais estão cada questões que às vezes se imbricam, ou-
vez mais complexos no mundo contempo- tras vezes não. Há que se reafirmar que
râneo, onde as trocas culturais se mos- são conceitos complexos e cujos resulta-
tram cada vez mais ampliadas. Segundo dos são perpassados pelos processos de
Alain Touraine6, por multiculturalidade po- globalização, nos quais interagem simul-
demos entender a manutenção da unida- taneamente atividades econômicas e cul-
de social reconhecendo a pluralidade de turais (mensagens, produtos e bens sim-
culturas e tendo-as em permanente inter- bólicos consumidos) dispersas e geradas
câmbio entre atores sociais com visões de por um sistema de múltiplos centros, onde
mundo diferenciadas (algo que está além o que importa não é a origem geográfica e
da mera coexistência ou convivência). sim a velocidade com que se dá esta inte-
Tal noção rechaça a desigualdade entre ração. Como consequências pode-se ob-
culturas: superior, avançada, primitiva ou servar: crescente mobilidade de indivíduos
subdesenvolvida e substitui a noção de ou grupos; explosão de atores e circuitos
preservação cultural pela de equiparação internacionais; crise do modelo estatal
entre diversas culturas. (fragilidade da noção de Estado-Nação;
perda de autonomia dos Estados Nacio-
Ainda segundo o autor, multicultura- nais); crescentes reivindicações regionais
lidade pode ser identificada com: a defesa e de culturas subjugadas; busca de iden-
das minorias e seus direitos (porém há o tidades supranacionais; predomínio de in-
risco de aceitá-las, mas apartadas entre formações e/ou relações massificadas em
si); o respeito à diferença (novamente o ris- prejuízo de relações interpessoais.
co de preservar grupos, mas mantendo-os
intactos, isto é, bolsões apartados e gre- Conforme Garcia Canclini7, a glo-
gários); a coexistência indiferenciada (na balização na ibero-américa resultou em, a
qual, de novo pode-se tê-las sem coexis- partir dos anos 70: predomínio dos meios
tência ou interação); a negação das cultu- eletrônicos em detrimento das formas mais
ras ocidentais (apologia oriental ou latina). tradicionais de produção e circulação de
cultura (popular ou erudita); esvaziamento
Por fim, o conceito correlaciona-se dos equipamentos culturais (cinemas, tea-
ao reconhecimento do outro sem a obses- tros, bibliotecas, centros culturais etc.); di-
são pela própria identidade, isto é, reco- minuição do papel das culturas locais, re-

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gionais ou nacionais (ligadas a territórios A discussão varia entre a premência do


e histórias particularizadas) e substituição reconhecimento formal de determina-
por mensagens geradas e distribuídas por dos saberes, a necessidade de amplia-
circuitos transnacionais; redistribuição das ção de alguns cursos já existentes nos
responsabilidades entre Estado e iniciati- diversos níveis de ensino e a preocupa-
va privada, em relação à produção, finan- ção com a necessidade de criação de
ciamento e difusão dos bens culturais. cursos de formação em novas áreas.8

Por outro lado, e em reação a uma Na II Conferência Nacional de Cul-


homogeneização cultural (predominante- tura, realizada em 2010, pude constatar
mente de base norte-americana), a globa- que a questão da formação apareceu em
lização tem ensejado o fortalecimento de várias das diretrizes prioritárias aprova-
políticas culturais locais e regionais: fortale- das. Formação em vários níveis, e com
cer o “local globalizado” em substituição ao diferentes objetivos: gestores, produtores,
“global indiferenciado”. Lembrando, como técnicos operacionais, artistas.
apontou Fernand Braudel, que as frontei-
ras culturais nem sempre (ou quase nunca) O grande dilema passa, hoje, por
se justapõem às fronteiras políticas. identificar nomenclaturas adequadas e
conteúdos a serem aprofundados nas di-
Tenho apresentado em alguns tex- versas e diferentes propostas curriculares
tos e palestras a preocupação que a ideia de formação para a profissionalização do
da gestão cultural passa muito mais pela setor. O texto de Barbalho; Rubim & Costa
compreensão da complexidade dos pro- é esclarecedor quanto à terminologia des-
cessos e pela efetividade das ações do tes profissionais no âmbito das leis.
que por meros procedimentos administra-
tivos e tecnicistas. Para uma comparação com os termos
de referência oficial no Brasil, apresenta-
Daí argumentar-se que a capacita- mos a seguir os dados da Classificação
ção para atuar na área cultural não pode Brasileira de Ocupações (CBO). Neste
restringir-se ao aprendizado propiciado documento, “Produtores artísticos e cul-
pelo próprio fazer. Hoje, isto não é mais turais” constituem a família de número
satisfatório. É necessário reforçar o cam- 2621. [...] Nessa família, por exemplo,
po da reflexão como base para as ações estão presentes o “Produtor Cultural”,
de gestão na área da cultura, de modo a o “Produtor cinematográfico”, o “Produ-
não reproduzir certos consensos que ar- tor de teatro” e os tecnólogos formados
bitram para a cultura ideias fora do lugar. nesta área. [...] Em relação à formação
Em especial no novo quadro da institucio- profissional, o documento afirma que
nalização de políticas públicas. “essas ocupações não demandam nível
de escolaridade determinado para seu
Lia Calabre aponta reflexões so- desempenho, sendo possível que sua
bre a I Conferência Nacional de Cultura, aprendizagem ocorra na prática” (MTE,
realizada em 2005, na qual a 2010, p. 3999), mas destaca que “seguin-
do a tendência de profissionalização que
questão da formação dos profissionais, vem ocorrendo na área das artes, (...),
sejam eles das áreas de gestão ou das cada vez mais será desejável que os
linguagens e práticas artísticas, está profissionais apresentem escolaridade
presente em praticamente todos os ei- de nível superior” (MTE, 2010, p. 399). A
xos [os cinco eixos temáticos com pro- CBO não indica, entre suas ocupações,
postas para discussão na Conferência]. a figura do gestor cultural – trazendo

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apenas o gestor público ou o gestor de tão dos projetos e políticas na área cultural
eventos, ligado a área do turismo.10 encontrava-se muito a reboque da iniciativa
privada, embora financiados com recursos
Os autores apresentam, também públicos. As críticas e posicionamentos que
segundo o CBO, que os produtores de viemos desenvolvendo junto ao curso, des-
rádio e TV são regulamentados pela Lei de então, apontavam o entendimento amplo
nº 6.615/78 e decreto nº 84.134/79, e vin- da cultura e a necessidade de que as po-
culados ao Sindicato dos Radialistas. Por líticas culturais (públicas ou não) deveriam
sua vez, os produtores de cinema e teatro contemplar os diversos segmentos da socie-
são regulamentados pela Lei º 6.533/78, dade, potencializando suas possibilidades
e vinculados ao Sindicato dos Artistas e de criação e de fruição cultural.
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria
Cinematográfica (Sindicine). Já o registro Os caminhos abertos pela UFF (ba-
profissional de tecnólogos em Produção charelado em Produção Cultural) e pela
Cultural e de Eventos é dado através do Universidade Federal da Bahia (que criou
Conselho Federal de Administração (Re- uma habilitação em Produção em Comu-
solução Normativa nº 374/2009). nicação e Cultura, junto à graduação em
Comunicação Social) foram seguidos pela
Coloquei no início deste texto que Universidade Cândido Mendes, no Rio de
meu posicionamento é oriundo de meu lugar Janeiro (habilitação em Produção e Polí-
profissional enquanto professor junto ao ba- tica Cultural, junto à graduação em Ciên-
charelado em Produção Cultural da Univer- cias Sociais), e –bem mais recentemen-
sidade Federal Fluminense (UFF). Criamos te- pela Universidade Federal do Pampa,
o curso em 1995 no intuito de proceder, a que criou o bacharelado em Produção e
partir de uma universidade pública, à crítica e Política Cultural (oferecido no Campus do
reflexão sobre as formas de ação no campo Jaguarão) e, junto ao curso de Relações
cultural. Naquela época, a produção cultural Públicas, uma habilitação com ênfase em
era uma atividade profissional corrente e for- Produção Cultural (ministrada no Campus
talecida pela lógica de projetos incentivados de São Borja).
através de renúncia fiscal: Lei Mendonça
(1990, cidade de São Paulo); Lei Rouanet Desenvolvi, em 2010 (atualizado até
(1991, âmbito federal); Lei do ICMS (1992, abril/2012) um Mapeamento11 da formação
estado do Rio de Janeiro); e Lei do Audiovi- na área, em parceria com a ABGC – Associa-
sual (1993, âmbito federal). Víamos, a partir ção Brasileira de Gestão Cultural, cujos resul-
do Departamento de Arte da UFF, que a ges- tados passarei esquematicamente a tratar.

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O mapeamento desenvolvido em públicas, e quando se avalia os cursos


2010 (e atualizado até abril/2012) resul- de graduação com bacharelados especí-
tou em 89 incidências. Levantamos ape- ficos (Produção Cultural, na UFF; Produ-
nas os cursos de graduação (9 bacha- ção e Política Cultural, na UNIPAMPA),
relados e 42 cursos tecnológicos) e de neste caso tem-se 100% dos cursos em
pós-graduação (6 stricto sensu e 32 lato universidades públicas.
sensu), deixando de fora outras modali-
dades como cursos livres ou cursos de Quanto à regionalização, seguem
extensão universitária, por exemplo. To- os dados.
mamos como recorte áreas de formação
em gestão e produção cultural, e tam- A pós-graduação stricto sensu12
bém de gestão de eventos, estes –em permite, pelo seu pequeno quantitativo,
sua grande maioria- cursos de graduação maior detalhamento. Os cursos são em
tecnológica (46,6% do total). Outra mo- Patrimônio Cultural e em Bens Culturais,
dalidade que se mostrou expressiva foi a além do mestrado/doutorado da UFBA em
de cursos de pós-graduação lato sensu Cultura e Sociedade. Dos seis existentes,
(35,5% do total geral), sendo que a maio- três estão na região Sudeste (todos na ci-
ria deles com abertura de turmas condi- dade do Rio de Janeiro) e dois na região
cionada a existência de demanda (30% Sul (Santa Maria/RS e Joinville/SC).
deste universo específico). Na modali-
dade PG Lato Sensu encontrou-se dois Já a pós-graduação lato sensu tem
cursos de EAD (Educação à Distância); áreas bem diversas de formação: direi-
foram as únicas incidências de EAD em to, gestão e produção do entretenimento;
todo o mapeamento. gestão e produção cultural; patrimônio e
bens culturais; gestão de políticas, de pro-
Ressalte-se que a expressiva jetos, de organizações culturais, do tercei-
maioria dos cursos pertence a institui- ro setor – ou seja, muitos são focados em
ções privadas. As exceções acontecem gestão institucional; e organização e ges-
quando avaliada a PG Stricto Sensu, na tão de eventos. Quanto à regionalização,
qual 50% dos cursos são em instituições tem-se o gráfico abaixo.

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Os bacharelados já foram detalha- de Janeiro (em Nilópolis), do Rio Grande


dos anteriormente, cabendo agora algu- do Norte (em Natal) e Sul Riograndense
mas informações sobre as graduações (em Sapucaia do Sul), respectivamen-
tecnológicas. Dos 42 cursos, apenas te IFRJ, IFRN e IFSul. Afora esses, os
oito são em gestão e produção cultural; demais cursos são dois em São Paulo e
os demais (34 cursos) são em gestão e três na região sul.
produção de eventos. Quanto ao primei-
ro caso, daqueles oito apenas três são Quanto aos cursos de tecnologia
em instituições federais. São os casos em eventos (34 do total de 42 cursos tec-
dos cursos dos Institutos Federais de nológicos). Sua regionalização se dá con-
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio forme a seguir:

Como detalhamento desta regio- AVALIANDO A TRAJETÓRIA DO BACHARE-


nalização referente aos cursos tecnológi- LADO EM PRODUÇÃO CULTURAL DA UFF:
cos em eventos, temos que: a) os dois da
região norte são em Boa Vista/RR e em A estrutura da graduação em
Belém/PA; b) os do nordeste estão em Re- PRODUÇÃO CULTURAL da UFF está
cife, Aracaju e outros três em Salvador; c) apoiada em três blocos básicos que
os sete do centro oeste estão assim distri- norteiam as diferentes disciplinas: Fun-
buídos – dois em Brasília, três em Goiânia, damentos das artes; Teorias da Arte e
um em Campo Grande e um em Cuiabá; da Cultura; e Planejamento e gestão
d) os cinco da região sul estão localizados cultural. Assim como nas demais uni-
em Curitiba, Foz do Iguaçu, Joinville e dois versidades, o curso busca se estruturar
em São José/SC. A concentração aconte- a partir de um tripé baseado na indis-
ce, sobretudo, na região sudeste, com 15 sociabilidade entre ensino, pesquisa e
das incidências (ou seja, 44%), e mesmo extensão universitária.
assim dez delas no estado de São Paulo
(isto é, 66,6% dos cursos da região). Ti- Atualmente, a estruturação do
rando as de SP, têm-se uma no Rio, três curso encontra-se em fase de ajustes
em Belo Horizonte e uma em Vitória. curriculares.

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Hoje o curso é integralizado a partir de bios artístico-culturais; assistência a teatro,


2655 horas, sendo 2025 horas em disciplinas cinema, concertos, espetáculos...; Cursos
OBRIGATÓRIAS (sendo 390 referente ao livres (dança, artes, teatro, música...).
trabalho Final I e II); 570h em disciplinas OP-
TATIVAS (o Colegiado de curso estabelece o Algumas alterações significativas
rol de disciplinas entre as quais o aluno pode estão sendo implementadas a partir deste
optar cursar. Deste total, 120h podem ser semestre. São elas: alterações na perio-
computadas em Atividades Complementares dização de algumas disciplinas; transfor-
–conforme detalhamento a seguir); e 60h em mação de três obrigatórias em optativas
disciplina(s) ELETIVA (o aluno elege o que (Arte e pensamento; Estética e cultura I;
cursar, dentro do rol de toda a universidade). Direção de arte III) e inclusão de quatro
novas obrigatórias. Obrigatórias incluí-
A grade curricular é complementada das em 2012: Projetos experimentais em
pela possibilidade do aluno incorporar suas Produção Cultural; História do Patrimônio
práticas em diferentes campos, através das Cultural; Economia da Cultura; e Métodos
chamadas ATIVIDADES COMPLEMENTA- de planejamento em pesquisa cultural.
RES – AC, que integralizam até 120h do
currículo e estão divididas em 5 categorias: VER A GRADE CURRICULAR
Atividades de Ensino (participação em pa- ANEXA AO FINAL DESTA EDIÇÃO
lestras, congressos, monitorias entre ou-
tras); Atividades de Pesquisa (participação A partir de março de 2012 iniciamos
em projetos de iniciação científica, sob a tu- um mapeamento dos alunos egressos do
toria de professor doutor); Atividades de Ex- curso de Produção Cultural da Universidade
tensão (englobam cursos de extensão,e/ou Federal Fluminense. De um total de 325 for-
participação em projetos extensionistas); mados de 2001 a 2011, os dados a seguir
Atividades de Estágio Profissional (esta ca- se baseiam na participação de 89 ex-alunos,
tegoria precisa estar necessariamente for- portanto nosso universo de análise repre-
malizada na Coordenação de Curso, e de senta 27% dos egressos. O questionário foi
acordo com a legislação pertinente; o Es- bem abrangente, e buscou identificar os prin-
tágio não é obrigatório); Outras Atividades cipais caminhos destes profissionais, assim
(podendo ser: Visitas Técnicas / intercâm- como avaliações sobre a formação em si.

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Os dados sobre o tempo de per- 69% dos que vieram de fora da região
manência no curso desmistificam uma metropolitana do Rio de Janeiro são
impressão inicial. O curso tem duração oriundos do interior do estado. Os outros
de 8 semestres (4 anos), podendo ser 31% dos migrantes vieram dos estados
prolongado até 12 semestres (6 anos), de SP, ES, MG, GO e RN. Em relação
sendo que o aluno ainda pode trancar aos mais de 70% oriundos da região me-
a matrícula por outros 2 anos. Tínha- tropolitana do Rio de Janeiro, a grande
mos a impressão de que nosso alunato maioria vem da própria capital.
demorava muito tempo para se formar,
e que isto se dava por conta da am- Em sendo uma graduação muito
pla possibilidade de estagiar durante a recente, alguns alunos optam por uma
formação. Os índices, entretanto, não dupla formação. Do universo trabalha-
corroboram essa ênfase, pois 70% se do, 15% fizeram também outra gra-
forma em até 5 anos. duação além do bacharelado em Pro-
dução Cultural. Durante o curso, 31%
Outro dado esclarecedor é sobre dos alunos participantes da pesquisa
a vinculação regional dos alunos. Como participaram de projetos de iniciação
visto, são ainda poucos os cursos de à pesquisa científica e/ou de exten-
formação nesta área existentes no país, são universitária, principalmente esta
portanto os quase 30% de alunos que ti- última modalidade. Já em relação aos
veram que mudar de cidade para fazer estágios (não obrigatórios, no caso do
o curso é um reflexo desta situação. Em nosso curso), expressiva maioria dos
relação ao local de residência anterior, alunos foi estagiária.

Destaque-se que apenas oito alu- Porém, a percepção do aluno so-


nos não fizeram nenhuma modalidade bre estágio e trabalho apresenta varia-
de estágio, representando 9% do uni- ção. Enquanto 85% dos respondentes
verso total. Ressalte-se, ainda, que 84% da pesquisa afirmam terem feito está-
dos que fizeram estágio, o fizeram nas gio, apenas 70% afirmam ter trabalha-
duas modalidades. do. Vejamos os gráficos a seguir.

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PERFIL DO EGRESSO: Em relação ao campo de atua-


ção profissional, 57% se consideram
Embora o percentual de alunos inseridos em empregos formais, e os
que participaram de processos de ini- 43% restantes em empregos infor-
ciação científica seja relativamente pe- mais (freelancers, produtores inde-
queno, é bem expressiva a quantidade pendentes etc). A diversidade dos da-
de alunos inseridos (53%) ou desejosos dos é melhor visualizada na forma de
de se inserir (43%) na formação pós- tabela. Vamos a ela.
-graduada. Vejamos.
Interessante constatar que 80%
se percebem atuantes no campo de
formação. As tabulações da tabela
da direita são oriundas de 109 res-
postas, pois se admitiu mais de uma
opção de resposta. É referente à per-
cepção do egresso sobre sua atuação
(e não mais a especificação da área/
local de trabalho).

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Para 18% dos participantes a inser- Quanto à remuneração, têm-se fai-


ção profissional se deu como continuidade xas salariais que apontam uma remune-
no próprio local do estágio enquanto ainda ração inicial que dobra ao final de poucos
aluno. Para outros 13% a inserção foi difí- anos. Pode-se apontar ainda que o mer-
cil, pois “o mercado ainda desconhece ou cado profissional no Rio de Janeiro vem
não reconhece a formação em produção apontando padrões salariais majorados
cultural”. Há quem considere que a forma- (em todas as carreiras e áreas) por conta
ção universitária não foi essencial para a dos mega eventos que estão acontecendo
função: “o diploma não fez diferença no e virão a acontecer no curto prazo. Hoje,
mercado de trabalho, a experiência [na percebe-se salários iniciais da ordem de
universidade] contudo foi importante na R$ 2.300,00 para o produtor cultural no
conceituação de valores e no desenvolvi- Rio de Janeiro.
mento de uma apuração estética”.
Por fim, procurou-se inventariar
Retirados os 20% que consideram junto aos ex-alunos algumas avaliações
não trabalhar na área de formação, os 18% sobre o curso propriamente dito. Dos
efetivados no próprio local de estágio, os 100% do universo participante, 18% não
13% que consideram que a formação não quiseram opinar; 50% se disseram satis-
foi tão essencial, os 49% restantes conside- feitos com a formação; 25% consideraram
ram que conseguiram bons empregos e que que o curso deveria explorar mais a for-
a formação na universidade foi essencial. mação prática e/ou ampliar o foco da for-

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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura

mação teórica em disciplinas dos campos universo se encontraram distribuídos dos


da administração, gestão e planejamento anos de 2001 a 2006 e que, dos 56% dis-
cultural, e os 7% restantes apontaram ter tribuídos de 2007 a 2011, apenas 6% das
conhecimento da estruturação pela qual respostas são referentes a alunos forma-
o curso está passando e que a mesma o dos no ano de 2011.
está melhor adequando.
Bem, as análises se referiram a um
Sobre o reconhecimento do curso, universo de questionários respondidos
20% das respostas apontaram esta como que representou 27% do total de egressos
uma questão-chave para a sua melhoria. do curso da UFF. Os levantamentos estão
Indicaram que tal reconhecimento pas- ainda em andamento e, atualmente, já dis-
sa tanto pela participação/realização de pomos de 35% dos questionários respon-
eventos e participação em trabalhos aca- didos, mas acreditamos que os resultados
dêmicos na área específica da Produção se mantenham em percentuais bem próxi-
Cultural, como também por uma maior mos aos relatados neste momento.
divulgação do curso junto às empresas
que atuam no segmento cultural, amplian- É certo que o curso necessita am-
do tanto o campo de estágios como de pliar seus canais de divulgação, assim
exercício profissional propriamente dito. como reforçar seu nível de excelência.
Levantou-se, ainda, a questão dos con- Face esta realidade, a coordenação do cur-
cursos que ainda desconhecem ou não so de Produção Cultural da UFF vem em-
formalizaram o reconhecimento do profis- preendendo alguns esforços e articulando
sional graduado nesta área. algumas parcerias institucionais. Pode-se
destacar algumas ações mais recentes:
Cabe destacar tratar-se da visão
dos egressos destes onze anos (2001 a . articulação com PragMatizes – Revista
2011) e que a partir de 2012 o curso so- Latino Americana de Estudos em Cultura
freu ajustes curriculares resultantes das (www.pragmatizes.uff.br), criada em 2011;
análises desenvolvidas ao longo de 2011
por professores e alunos. Utilizou-se, . participação na criação de programa de
como metodologias para a discussão do mestrado em Cultura e territorialidades
ajuste curricular, fóruns virtuais e reuniões (projeto de 2012);
presenciais que ao longo de seis meses
discutiram as potencialidades e as dificul- . desenvolvimento do seminário interna-
dades do curso; suas forças e suas fra- cional Panorama da Organização da Cul-
quezas, suas oportunidades e seus riscos tura na América do Sul, em novembro de
para utilizar nomenclaturas do planeja- 2011. Convém destacar que um dos re-
mento estratégico. sultados deste encontro se articula com a
necessidade de pesquisa e formação na
Considerando-se que os índices de área da gestão cultural. Trata-se da Carta
participação do mapeamento desenvolvi- de intenções que norteou a criação inicial
do em 2012 e explorado nestas reflexões de uma rede de articulação entre pesqui-
anteriores foram oriundos de respostas sadores sul americanos.
de alunos formados em todos os anos de
2001 a 2011, sem que tenha havido uma
concentração muito diferenciada em al- REDE ∞ 8 PONTOS EM CULTURA:
guns períodos deste intervalo, considera-
mos que as análises são bem procedentes Um importante desdobramento do
e expressivas. Cabe destacar que 44% do seminário foi a articulação inicial entre

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Ano 2, número 3, semestral, setembro 2012

pesquisadores sul americanos que leva- no Auditório Macunaíma da Universida-


ram à constituição de uma rede de par- de Federal Fluminense, reconhecemos o
ceria que se comprometeu com alguns momento de transformação das relações
pontos estratégicos. Foram traçados oito políticas em nossos países, não apenas
pontos iniciais, mas que pretendem infini- na América do Sul, mas em toda a Latino
tos pontos ∞. América e Caribe.

Seguem os signatários presentes na- Consideramos que os processos


quele momento e o documento estabelecido: de desenvolvimento cultural em nossa re-
gião têm produzido condições potenciais à
BARBALHO, Alexandre - Universidade integração e cooperação. Estes processos
Estadual do Ceará (Brasil) são resultado das ações de muitas inicia-
tivas e comunidades culturais da América
BERNABÉ, Mónica – Universidad Nacio- Latina e Caribe.
nal de Rosario (Argentina)
Reconhecemos os avanços que
BRAVO, Marta Elena - Universidad Nacio- vêm sendo produzidos e discutidos nos
nal da Colombia – sede Medellin. diversos contextos e nos propomos a con-
tribuir com esta carta para tal perspectiva,
CARRASCO, Bernabé – Universidad de sempre sob posicionamentos que dialo-
Bio-Bio (Chile) guem com os diferentes agentes dos pro-
cessos culturais.
DOMINGUES, João - Universidade Fede-
ral Fluminense (Brasil) Tendo isso em vista, propomos:

GERICKE, Valeria – Universidad Nacional 1- estruturar uma rede de instituições,


de Rosario (Argentina) universidades e agentes culturais que dia-
loguem por meio de trabalhos de ensino,
MASAU, Virginia - Municipalidad de Rosa- pesquisa e extensão no campo político-
rio / Universidad Nacional de Rosario -cultural da América Latina e Caribe;

RIVAS, Patricio – Universidad de Chile 2- incentivar ações conjuntas de inter-


câmbio, cooperação e integração interna-
RODRIGUES, Luiz Augusto – Universida- cionais;
de Federal Fluminense (Brasil)
3- desenvolver seminários permanen-
tes que promovam o intercâmbio de pes-
Carta do seminário internacional quisas e reflexões com foco nas políticas
Panorama da Organização da Cultura e nas práticas de gestão e produção em
da América do Sul cultura;

(Brasil, 2011) - Niterói, 17 de novembro 4- fomentar a formação nas áreas da


de 2011 organização e profissionalização da cultu-
ra, promovendo inclusive o intercâmbio de
Nós, integrantes de universidades e alunos e docentes;
instituições culturais sul americanas, reu-
nidas e reunidos em função do seminário 5- propiciar a troca de experiências
internacional Panorama da Organização através do desenvolvimento de pesquisas
da Cultura na América do Sul, realizado comparadas;

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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura

6- estimular a criação de laboratórios Bibliografia citada:


e observatórios de pesquisa;
BAYARDO, Rubens. “A gestão cultural e a questão
7- criar uma plataforma digital que da formação”. IN: Revista OIC – Revista Observa-
funcione como suporte de divulgação das tório Itaú Cultural, nº 6 (jul./set. 2008). São Paulo:
atividades da rede; Itaú Cultural, 2008. pp. 57-65.

8- viabilizar publicações e buscar me- CALABRE, Lia. Políticas culturais no Brasil; his-
canismos de financiamento para ações tória e contemporaneidade. Fortaleza: Banco do
conjuntas. Nordeste do Brasil, 2010.

A guisa de conclusão, é impor- GARCIA CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. Mé-


tante destacar que a implementação das xico: Grijalbo, 1989.
políticas em cultura vem ganhando força
e tentativas de sistematicidade e desen- MinC – Ministério da Cultura. Cultura em núme-
volvimento qualificado. A que se conside- ros: anuário de estatísticas culturais 2009. Brasília:
rar, no entanto, que para se ter políticas MinC, 2009.
é necessário que se posicione e se con-
ceitue a partir de que preceitos as políti- MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Clas-
cas serão norteadas, além de se precisar sificação Brasileira de Ocupações. Brasília: MTE,
de recursos (financeiros, técnicos, físicos, SPPE, 2010.
materiais e humanos) para executá-las. A
formação é, então, um requisito básico. RODRIGUES, Luiz Augusto F. Mapeamento ‘For-
Tanto do quadro técnico envolvido quanto mação em gestão, produção cultural e entrete-
–e principalmente, ouso dizer- dos propo- nimento – graduação e pós-graduação’. Rio de
sitores e gestores responsáveis pela im- Janeiro: ABGC/Associação Brasileira de Gestão
plantação e acompanhamento das políti- Cultural, 2010 (atualizado abril/2012). Disponível
cas traçadas. Os dados dos indicadores em www.gestaocultural.org.br/estudos.
culturais que vêm sendo construídos pelo
Ministério da Cultura são elucidadores. As RUBIM, A. A. C. ; BARBALHO, A. ; COSTA, L.
estatísticas referentes à escolaridade dos “Formação em organização da cultura: a situação
gestores públicos dos municípios brasilei- latino-americana”. IN: PragMatizes – Revista La-
ros13 indicam que a maioria apresenta for- tino Americana de Estudos em Cultura. Ano 2, nº
mação superior (em média, apenas 36% 2, março 2012. Niterói, RJ: Universidade Federal
dos gestores dos municípios de todas as Fluminense/Laboratório de Ações Culturais, 2012.
cinco regiões possuem apenas a gradu- pp 125-149. Revista disponível em www.pragmati-
ação; se somarmos os percentuais da- zes.uff.br.
queles que possuem só a graduação com
aqueles que possuem também pós-gra- RUBIM, Antonio Albino Canelas. “Formação em
duação, chega-se à média de 70,8%). As organização da cultura no Brasil”. IN: Revista OIC
regiões sul e centro oeste apresentam os – Revista Observatório Itaú Cultural, nº 6 (jul./set.
percentuais mais elevados em relação aos 2008). São Paulo: Itaú Cultural, 2008. pp. 47-55.
gestores pós-graduados (respectivamente
49% e 46%). Resta, porém, nos perguntar- SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Ali-
mos: em que áreas os gestores públicos ce: o social e o político na pós-modernidade. São
brasileiros são formados? Até que ponto Paulo: Ed. Cortez, 1996.
nossos gestores públicos municipais estão
realmente qualificados para os desafios da TOURAINE, Alain. Critique de la modernité. Paris:
gestão cultural e de suas políticas? Fayard, 1992

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Ano 2, número 3, semestral, setembro 2012

1
Texto norteador da palestra apresentada no Encon- 9
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação
tro Internacional Formação em Gestão Cultural, reali- Brasileira de Ocupações. Brasília: MTE, SPPE, 2010.
zado de 1 a 3 de agosto de 2012 no SESC Vila Maria-
na. São Paulo. 10
RUBIM, A. A. C. ; BARBALHO, A. ; COSTA, L. “Forma-
ção em organização da cultura: a situação latino-ameri-
2
Arquiteto/urbanista, doutor em História social pela Uni- cana”. IN: PragMatizes – Revista Latino Americana de
versidade Federal Fluminense/UFF. Professor do bacha- Estudos em Cultura. Ano 2, nº 2, março 2012. Niterói,
relado em Produção Cultural da UFF, e coordenador do RJ: Universidade Federal Fluminense/Laboratório de
Laboratório de Ações Culturais – LABAC/UFF. Ações Culturais, 2012. pp 125-149. p. 135. Revista dis-
ponível em www.pragmatizes.uff.br.
3
BAYARDO, Rubens. “A gestão cultural e a questão da
formação”. IN: Revista OIC – Revista Observatório Itaú 11
RODRIGUES, Luiz Augusto F. Mapeamento ‘For-
Cultural, nº 6 (jul./set. 2008). São Paulo: Itaú Cultural, mação em gestão, produção cultural e entretenimento
2008. pp. 57-65. p. 57. – graduação e pós-graduação’. Rio de Janeiro: ABGC/
Associação Brasileira de Gestão Cultural, 2010 (atuali-
4
RUBIM, Antonio Albino Canelas. “Formação em orga- zado abril/2012). Disponível em www.gestaocultural.org.
nização da cultura no Brasil”. IN: Revista OIC – Revista br/estudos.
Observatório Itaú Cultural, nº 6 (jul./set. 2008). São Pau-
lo: Itaú Cultural, 2008. pp. 47-55. p. 52. 12
Quantificou-se a pós-graduação stricto sensu por
instituição, ou seja, quando da existência de mestrado
5
SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: o e doutorado, computou-se apenas uma instituição. Fo-
social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Ed. ram apenas dois casos: o curso de pós-graduação em
Cortez, 1996. “História, Política e Bens Culturais” da Fundação Getúlio
Vargas (Rio) tem os dois níveis (mestrado e doutorado),
6
TOURAINE, Alain. Critique de la modernité Paris: e o curso da Universidade Federal da Bahia –pós-gra-
Fayard, 1992. duação multidisciplinar em “Cultura e Sociedade”- que
também tem os dois níveis.
7
GARCIA CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. México:
Grijalbo, 1989. 13
Os municípios brasileiros foram tratados no suplemen-
to cultural dos levantamentos do IBGE – Munic 2006. Os
8
CALABRE, Lia. Políticas culturais no Brasil; história e dados apresentados aqui são oriundos da publicação de
contemporaneidade. Fortaleza: Banco do Nordeste do 2009 do MinC: Cultura em números: anuário de estatís-
Brasil, 2010. p. 87. ticas culturais 2009

Contato:

Luiz Augusto F. Rodrigues


- luizaugustorodrigues@id.uff.br

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