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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura
Resumen:
El texto presenta diferentes terminologías usadas para designar los Palabras clave:
profesionales que actúan en el campo de la organización y gestión
de la cultura, discute sus actuaciones y conceptúa aspectos del Formación en el sector
campo cultural. Muestra, también, resultados de un levantamiento cultural
nacional acerca de los espacios de formación y profesionalización
del sector cultural, en sus diversas formas: cursos de posgrado lato Gestión cultural
sensu y stricto sensu, y cursos de graduación (licenciaturas y grados Profesionalización e
de asociado). A modo de conclusión, el artículo detalla el curso institucionalización
de graduación en Producción Cultural de la Universidad Federal del área cultural
Fluminense y los caminos profesionales de sus alumnos egresados.
Abstract:
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duo três atuações básicas: pública, privada nhecer em cada cultura ou grupo seus va-
e íntima. Deste modo, as políticas culturais lores próprios e os universais.
sendo da esfera pública estão afetas tanto
ao Estado quanto à sociedade inteira. O conceito de interculturalida-
de pressupõe aceitar que os diferentes
Segundo o pensador português modos culturais não são fatos isolados
Boaventura de Souza Santos5 assiste-se, nem se produzem espontaneamente; o
hoje, a uma hiperpolitização estatal e uma que ocorre é o interrelacionamento entre
despolitização da vida cotidiana. Podemos eles. Observa-se neste processo duas
entender como ação pública aquilo que de tendências: relações de dominação e
nós pertence ou está voltado aos demais, não de reconhecimento, o que leva ao
dependendo mais do espaço em que se desaparecimento de fatos originários; re-
desenvolve. Não há, portanto, como dis- lações de diálogo e interação significati-
sociar a ação cultural de noções ligadas à va, levando à interação.
cidadania, à justiça social, à afirmação de
sociedade civil e da ação pública, e à ética. Cabe a consideração de que mul-
ticulturalidade e interculturalidade são
E os processos culturais estão cada questões que às vezes se imbricam, ou-
vez mais complexos no mundo contempo- tras vezes não. Há que se reafirmar que
râneo, onde as trocas culturais se mos- são conceitos complexos e cujos resulta-
tram cada vez mais ampliadas. Segundo dos são perpassados pelos processos de
Alain Touraine6, por multiculturalidade po- globalização, nos quais interagem simul-
demos entender a manutenção da unida- taneamente atividades econômicas e cul-
de social reconhecendo a pluralidade de turais (mensagens, produtos e bens sim-
culturas e tendo-as em permanente inter- bólicos consumidos) dispersas e geradas
câmbio entre atores sociais com visões de por um sistema de múltiplos centros, onde
mundo diferenciadas (algo que está além o que importa não é a origem geográfica e
da mera coexistência ou convivência). sim a velocidade com que se dá esta inte-
Tal noção rechaça a desigualdade entre ração. Como consequências pode-se ob-
culturas: superior, avançada, primitiva ou servar: crescente mobilidade de indivíduos
subdesenvolvida e substitui a noção de ou grupos; explosão de atores e circuitos
preservação cultural pela de equiparação internacionais; crise do modelo estatal
entre diversas culturas. (fragilidade da noção de Estado-Nação;
perda de autonomia dos Estados Nacio-
Ainda segundo o autor, multicultura- nais); crescentes reivindicações regionais
lidade pode ser identificada com: a defesa e de culturas subjugadas; busca de iden-
das minorias e seus direitos (porém há o tidades supranacionais; predomínio de in-
risco de aceitá-las, mas apartadas entre formações e/ou relações massificadas em
si); o respeito à diferença (novamente o ris- prejuízo de relações interpessoais.
co de preservar grupos, mas mantendo-os
intactos, isto é, bolsões apartados e gre- Conforme Garcia Canclini7, a glo-
gários); a coexistência indiferenciada (na balização na ibero-américa resultou em, a
qual, de novo pode-se tê-las sem coexis- partir dos anos 70: predomínio dos meios
tência ou interação); a negação das cultu- eletrônicos em detrimento das formas mais
ras ocidentais (apologia oriental ou latina). tradicionais de produção e circulação de
cultura (popular ou erudita); esvaziamento
Por fim, o conceito correlaciona-se dos equipamentos culturais (cinemas, tea-
ao reconhecimento do outro sem a obses- tros, bibliotecas, centros culturais etc.); di-
são pela própria identidade, isto é, reco- minuição do papel das culturas locais, re-
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apenas o gestor público ou o gestor de tão dos projetos e políticas na área cultural
eventos, ligado a área do turismo.10 encontrava-se muito a reboque da iniciativa
privada, embora financiados com recursos
Os autores apresentam, também públicos. As críticas e posicionamentos que
segundo o CBO, que os produtores de viemos desenvolvendo junto ao curso, des-
rádio e TV são regulamentados pela Lei de então, apontavam o entendimento amplo
nº 6.615/78 e decreto nº 84.134/79, e vin- da cultura e a necessidade de que as po-
culados ao Sindicato dos Radialistas. Por líticas culturais (públicas ou não) deveriam
sua vez, os produtores de cinema e teatro contemplar os diversos segmentos da socie-
são regulamentados pela Lei º 6.533/78, dade, potencializando suas possibilidades
e vinculados ao Sindicato dos Artistas e de criação e de fruição cultural.
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria
Cinematográfica (Sindicine). Já o registro Os caminhos abertos pela UFF (ba-
profissional de tecnólogos em Produção charelado em Produção Cultural) e pela
Cultural e de Eventos é dado através do Universidade Federal da Bahia (que criou
Conselho Federal de Administração (Re- uma habilitação em Produção em Comu-
solução Normativa nº 374/2009). nicação e Cultura, junto à graduação em
Comunicação Social) foram seguidos pela
Coloquei no início deste texto que Universidade Cândido Mendes, no Rio de
meu posicionamento é oriundo de meu lugar Janeiro (habilitação em Produção e Polí-
profissional enquanto professor junto ao ba- tica Cultural, junto à graduação em Ciên-
charelado em Produção Cultural da Univer- cias Sociais), e –bem mais recentemen-
sidade Federal Fluminense (UFF). Criamos te- pela Universidade Federal do Pampa,
o curso em 1995 no intuito de proceder, a que criou o bacharelado em Produção e
partir de uma universidade pública, à crítica e Política Cultural (oferecido no Campus do
reflexão sobre as formas de ação no campo Jaguarão) e, junto ao curso de Relações
cultural. Naquela época, a produção cultural Públicas, uma habilitação com ênfase em
era uma atividade profissional corrente e for- Produção Cultural (ministrada no Campus
talecida pela lógica de projetos incentivados de São Borja).
através de renúncia fiscal: Lei Mendonça
(1990, cidade de São Paulo); Lei Rouanet Desenvolvi, em 2010 (atualizado até
(1991, âmbito federal); Lei do ICMS (1992, abril/2012) um Mapeamento11 da formação
estado do Rio de Janeiro); e Lei do Audiovi- na área, em parceria com a ABGC – Associa-
sual (1993, âmbito federal). Víamos, a partir ção Brasileira de Gestão Cultural, cujos resul-
do Departamento de Arte da UFF, que a ges- tados passarei esquematicamente a tratar.
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Os dados sobre o tempo de per- 69% dos que vieram de fora da região
manência no curso desmistificam uma metropolitana do Rio de Janeiro são
impressão inicial. O curso tem duração oriundos do interior do estado. Os outros
de 8 semestres (4 anos), podendo ser 31% dos migrantes vieram dos estados
prolongado até 12 semestres (6 anos), de SP, ES, MG, GO e RN. Em relação
sendo que o aluno ainda pode trancar aos mais de 70% oriundos da região me-
a matrícula por outros 2 anos. Tínha- tropolitana do Rio de Janeiro, a grande
mos a impressão de que nosso alunato maioria vem da própria capital.
demorava muito tempo para se formar,
e que isto se dava por conta da am- Em sendo uma graduação muito
pla possibilidade de estagiar durante a recente, alguns alunos optam por uma
formação. Os índices, entretanto, não dupla formação. Do universo trabalha-
corroboram essa ênfase, pois 70% se do, 15% fizeram também outra gra-
forma em até 5 anos. duação além do bacharelado em Pro-
dução Cultural. Durante o curso, 31%
Outro dado esclarecedor é sobre dos alunos participantes da pesquisa
a vinculação regional dos alunos. Como participaram de projetos de iniciação
visto, são ainda poucos os cursos de à pesquisa científica e/ou de exten-
formação nesta área existentes no país, são universitária, principalmente esta
portanto os quase 30% de alunos que ti- última modalidade. Já em relação aos
veram que mudar de cidade para fazer estágios (não obrigatórios, no caso do
o curso é um reflexo desta situação. Em nosso curso), expressiva maioria dos
relação ao local de residência anterior, alunos foi estagiária.
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8- viabilizar publicações e buscar me- CALABRE, Lia. Políticas culturais no Brasil; his-
canismos de financiamento para ações tória e contemporaneidade. Fortaleza: Banco do
conjuntas. Nordeste do Brasil, 2010.
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1
Texto norteador da palestra apresentada no Encon- 9
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação
tro Internacional Formação em Gestão Cultural, reali- Brasileira de Ocupações. Brasília: MTE, SPPE, 2010.
zado de 1 a 3 de agosto de 2012 no SESC Vila Maria-
na. São Paulo. 10
RUBIM, A. A. C. ; BARBALHO, A. ; COSTA, L. “Forma-
ção em organização da cultura: a situação latino-ameri-
2
Arquiteto/urbanista, doutor em História social pela Uni- cana”. IN: PragMatizes – Revista Latino Americana de
versidade Federal Fluminense/UFF. Professor do bacha- Estudos em Cultura. Ano 2, nº 2, março 2012. Niterói,
relado em Produção Cultural da UFF, e coordenador do RJ: Universidade Federal Fluminense/Laboratório de
Laboratório de Ações Culturais – LABAC/UFF. Ações Culturais, 2012. pp 125-149. p. 135. Revista dis-
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3
BAYARDO, Rubens. “A gestão cultural e a questão da
formação”. IN: Revista OIC – Revista Observatório Itaú 11
RODRIGUES, Luiz Augusto F. Mapeamento ‘For-
Cultural, nº 6 (jul./set. 2008). São Paulo: Itaú Cultural, mação em gestão, produção cultural e entretenimento
2008. pp. 57-65. p. 57. – graduação e pós-graduação’. Rio de Janeiro: ABGC/
Associação Brasileira de Gestão Cultural, 2010 (atuali-
4
RUBIM, Antonio Albino Canelas. “Formação em orga- zado abril/2012). Disponível em www.gestaocultural.org.
nização da cultura no Brasil”. IN: Revista OIC – Revista br/estudos.
Observatório Itaú Cultural, nº 6 (jul./set. 2008). São Pau-
lo: Itaú Cultural, 2008. pp. 47-55. p. 52. 12
Quantificou-se a pós-graduação stricto sensu por
instituição, ou seja, quando da existência de mestrado
5
SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: o e doutorado, computou-se apenas uma instituição. Fo-
social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Ed. ram apenas dois casos: o curso de pós-graduação em
Cortez, 1996. “História, Política e Bens Culturais” da Fundação Getúlio
Vargas (Rio) tem os dois níveis (mestrado e doutorado),
6
TOURAINE, Alain. Critique de la modernité Paris: e o curso da Universidade Federal da Bahia –pós-gra-
Fayard, 1992. duação multidisciplinar em “Cultura e Sociedade”- que
também tem os dois níveis.
7
GARCIA CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas. México:
Grijalbo, 1989. 13
Os municípios brasileiros foram tratados no suplemen-
to cultural dos levantamentos do IBGE – Munic 2006. Os
8
CALABRE, Lia. Políticas culturais no Brasil; história e dados apresentados aqui são oriundos da publicação de
contemporaneidade. Fortaleza: Banco do Nordeste do 2009 do MinC: Cultura em números: anuário de estatís-
Brasil, 2010. p. 87. ticas culturais 2009
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