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Quaresma é um tempo especial porque nos coloca em contacto com o centro, o coração, a
essência da fé cristã. “Deus amou tanto o mundo a ponto de dar o seu Filho
Unigénito” (Jo3,15).
Do início das primeiras comunidades cristãs não havia nem a festa de Natal nem as festas de
Nossa Senhora, nem qualquer outra festa. Há via a celebração semanal da ressurreição do
Senhor e mais nada. Celebração que não se fazia no sábado como os judeus em função da
libertação da escravidão do Egipto, mas sim no dia seguinte (Act20,6-12; 1Cor16,6), passando
assim o dia a ser chamado de «Dia do Senhor», Dominus = Domingo.
Passados alguns decénios, sentiu-se a necessidade de se celebrar de maneira mais especial este
acontecimento central de fé (Ressurreição do Senhor). Foi então que os cristãos julgaram
importante instituir a primeira das suas festas, a Páscoa, considerada «o domingo dos
domingos» a «festa das festas».
Como se sabe que nenhuma festa pode ser bem sucedida se não for preparada com dedicação,
cerca de 200 anos a.C., os cristãos desejosos de saborear plenamente os frutos espirituais da
Páscoa, introduziram o costume de a fazer preceder de três dias dedicados a oração, à
reflexão e ao jejum em sinal de luto pela morte de Cristo. Por volta do ano 350 a.C., os
cristãos, percebendo que três dias eram muito poucos, aumentaram para os 40. Nascia assim a
Quaresma
Seminarista Sérgio Francisco Vacheque Formação dos catequistas da Paroquia de São João
(Não por mérito, mas por graça de Deus) Evangelista pela ocasião do inicio do tempo Quaresmal.
3. O que fazer na quaresma?
Nos primeiros séculos da Igreja, quando os cristãos cometiam pecados muito graves e
públicos, eram excomungados, ou seja, eram expulsos da comunidade. E se mais tarde se
arrependessem e manifestassem o desejo de se reconciliar com Deus e com a Igreja, tinham
que fazer primeiro uma penitência pública. Esta penitência era bastante prolongada no tempo.
Portanto, quando a Quaresma foi instituída, foi também aproveitada como tempo de
preparação para a reconciliação. Na quinta-feira Santa, durante a missa presidida pelo bispo,
os excomungados com um hábito penitencial (vestidos de saco) e com a cabeça coberta de
cinza (símbolo penitencial), apresentava-se à comunidade e declaravam o seu arrependimento
e a sua vontade de se converter. O bispo ia ao seu encontro e abraçava-os um a um.
Portanto, apesar de passar essa praxis, ficou a Quaresma como tempo de preparação em que
todos os cristãos são convidados a aproximar-se do sacramento da Reconciliação, como que
se a pessoa se purifica-se para a grande Solenidade da Pascoa.
5. Quaresma e os catecúmenos
Por volta do ano 350, a Igreja começou a organizar uma preparação muito cuidadosa para o
baptismo em particular e os demais sacramentos em geral. Portanto, servia-se especialmente o
tempo quaresmal para tal efeito para os catecúmenos os quais os catequistas são confiados (no
período antigo eram os bispos quem os examinava). Os catecúmenos deviam frequentar
fielmente a catequese; deviam comprometer-se a levar uma vida recta para demonstrar que o
seu desejo de serem cristão era sincero; eram transmitidos e assimilados as verdades
fundamentais da fé (Credo e Pai Nosso) que são como a síntese de toda a doutrina cristã.
6. Quaresma e os catequistas
É a catequese que nos faz perceber mais profundamente quem somos nós, quem é Deus, o que
é o pecado e a liberdade, o que é fé e salvação. Tudo isso está consignado na confissão de fé
do centurião romano: “Este homem era realmente o Filho de Deus.” (Mc 15,39). E como Dom
Orlando Brandes, arcebispo de Londrina dizia: “Toda a vida de Jesus foi uma confissão de fé
no amor do Pai, uma obediência filiar, um cumprimento das Escrituras, uma realização da
vontade de Deus. Jesus é o caminho que encontramos através da porta da fé. Uma quaresma
vivida na fé é um caminho que nos leva longe, muda rotas, abre horizontes, recria vidas.
Portanto, é o catequista responsável de muito disso, pois confiado pela Igreja, é guia e
responsável para que as almas dos catequizandos tenham a vida em Cristo.
Seminarista Sérgio Francisco Vacheque Formação dos catequistas da Paroquia de São João
(Não por mérito, mas por graça de Deus) Evangelista pela ocasião do inicio do tempo Quaresmal.
O catequista deve suscitar no catequizando o desejo de saber sobre a sua vida no plano da
salvação de Deus: Deus que formou o homem; o pecado que o deformou; Jesus Cristo que
reformou o homem e o Espírito Santo que conformou o homem a imagem de Cristo.
Uma vez que o centro é a Ressurreição de Cristo, a nossa, a Quaresma como preparação, o
catequista deve falar, dar fundamentos do valor da Cruz de Cristo para as vidas dos
catequizandos. Não se limitar em falar da catequese como se fosse um ensino ou aula, não
como se ela tivesse os sacramentos como o centro, mas sim a vida dos em Cristo em que os
sacramentos sejam sinais sensíveis da mesma vida.
Seminarista Sérgio Francisco Vacheque Formação dos catequistas da Paroquia de São João
(Não por mérito, mas por graça de Deus) Evangelista pela ocasião do inicio do tempo Quaresmal.