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EM IDOSOS
RESUMO INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA DIAGNÓSTICO
viviam na comunidade; dos que relatavam depressão. Não foram identificados acha-
medo de cair, 28,2% e 26,1% referiram, dos laboratoriais diagnósticos de um epi-
respectivamente, sintomas de ansiedade e sódio depressivo maior ou da distimia,
depressão11. entretanto, diversos achados laboratoriais
anormais foram encontrados em indivídu-
os com depressão, em comparação com os
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL não deprimidos.
A avaliação geral do idoso depri-
O diagnóstico diferencial mais mido em busca de alterações endócrinas,
importante deve ser feito entre os trans- doenças metabólicas ou outras patologias
tornos depressivos e as demências. Estas é fundamental. Orienta-se uma rotina bá-
duas patologias são muito prevalentes na sica de sangue que inclua: hemograma,
população idosa, podendo estar superpos- íons, escórias, glicemia, hormônios tireoi-
tas, dificultando o diagnóstico, tratamento dianos, ácido fólico, vitamina B12, função
e piorando o prognóstico. hepática, sorologia para sífilis, urinálise,
A “Pseudodemência depressiva” é radiografia de tórax e eletrocardiograma9.
uma entidade clínica que atribui os sinto- Anormalidades no eletroencefalo-
mas cognitivos à depressão que, se tratada grama podem aparecer de 40% a 60% em
adequadamente, reverteria o quadro cog- pacientes ambulatoriais e em até 90% dos
nitivo. Há evidências de que a depressão internados com transtornos depressivos.
poderia ser o início de um quadro demen- Achados na polissonografia tam-
cial10. O estado pré-mórbido pode ajudar a bém são comuns e incluem: 1) perturba-
diferenciar entre um episódio depressivo ções na continuidade do sono, tais como
e um processo demencial. Nesse, existe latência de sono prolongada, despertares
geralmente uma história anterior de declí- intermitentes aumentados e despertar nas
nio das funções cognitivas, ao passo que primeiras horas da manhã; 2) redução dos
indivíduos deprimidos estão muito mais estágios 3 e 4 (sono de ondas lentas) do
propensos a ter um estado pré-mórbido re- sono de movimentos oculares não rápidos
lativamente normal e um abrupto declínio (NREM), com um deslocamento da ativi-
cognitivo associado aos sintomas depres- dade de ondas lentas para longe do primei-
sivos. Diferenciar a depressão de tristeza ro período NREM; 3) latência REM dimi-
também é fundamental, pois períodos de nuída (isto é, menor duração do primeiro
tristeza são aspectos inerentes à experi- período NREM); 4) maior atividade REM
ência humana. Esses não devem ser con- fásica (isto é, o número de movimentos
fundidos com um transtorno depressivo, oculares presentes durante o sono REM);
a menos que sejam satisfeitos os critérios 5) maior duração do sono REM no início
diagnósticos previamente descritos. da noite12.
Os neurotransmissores implica-
dos na fisiopatologia da depressão incluem
EXAMES COMPLEMENTARES norepinefrina, serotonina, acetilcolina, do-
pamina e ácido gama-aminobutírico. As
Apesar do grande avanço na área evidências implicando esses neurotrans-
da propedêutica médica, até o momento missores incluem medições de seus níveis
no sangue, líquor ou urina e funcionamen-
nenhum marcador biológico laboratorial to dos receptores plaquetários. Estes exa-
ou exame de imagem pode ser utilizado mes são pouco utilizados no dia a dia da
como patognomônico no diagnóstico da prática clínica.
tos de culpa, ideação suicida, atividades, tem 30 itens e a versão reduzida tem 15
insight, retardo ou agitação, insônia, ansie- itens (EDG-15)20. Suas vantagens incluem
dade, sintomas gastrointestinais, sintomas a pequena variação das respostas: sim/
gerais, perda da libido, hipocondria e per- não, diferente de outras que comportam
da de peso. É amplamente usada e inclui múltiplas opções, é de simples aplicação,
componentes cognitivos e comportamen- não necessita de um profissional da área
tais da depressão, também avalia queixas da saúde mental para sua aplicação, pode
somáticas como as anteriores. É útil para ser autoaplicada ou por um entrevistador
avaliar a gravidade dos quadros depressi- treinado. Paradela et al. estudaram a vali-
vos, é aplicada por um entrevistador16; dade concorrente da versão em português
da EDG com 15 itens em uma amostra de
d)Escala de depressão do centro de estu- 217 idosos atendidos em um ambulatório
dos epidemiológicos: foi desenvolvida em geral, de acordo com os critérios do DSM-
1977 por Radloff et al. São 20 itens com IV para o episódio de depressão maior ou
uma ampla variedade de questões sobre o distimia. Os casos de sintomas depressivos
humor, é autoaplicável, não distingue entre detectados pela escala, após sua categori-
os efeitos emocionais de uma doença e a zação no ponto de corte 5/6, foram de 82
depressão17; (37,8%). Os casos de episódio depressivo
maior e/ou distimia diagnosticados na con-
e)Escala para depressão em dementes de sulta médica foram de 17%. Para o ponto
Cornell: esta escala foi desenvolvida por de corte 4/5, a sensibilidade encontrada
Alexopoulos et al. em 1988, avalia altera- foi de 86,5% e especificidade de 63,3%. O
ções de humor, comportamento e distúr- ponto de corte 5/6 obteve uma sensibilida-
bios físicos e de ideação em pessoas com de de 81,08% e especificidade de 71,1%21.
prejuízo cognitivo. Tem 19 itens, é aplica-
da pelo entrevistador ao paciente e ao cui-
dador, requer duas entrevistas7; TRATAMENTO
DEPRESSÃO REFRATÁRIA
DEPRESSÃO E OUTRAS DOENÇAS
CRÔNICAS A depressão não responsiva ao uso
de duas drogas de classes diferentes por
Os idosos com a Doença de Parkin- um período de 6 a 12 semanas em doses
son têm 50% de chance de evoluírem com adequadas é chamada de depressão refra-
sintomas depressivos importantes, que ne- tária; nestes casos, devem ser consideradas
Is there a significant clinical difference? Actas são utilizando tricíclicos, IMAO, ISRS e outros
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Gabriela Serfaty
Médica Residente de Psiquiatria do HUPE/UERJ.