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INTRODUÇÃO
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Mestrando em Direito pela Universidade Federal do Ceará, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela
Faculdade entre Rios do Piauí. E-mail: davidssalomao@gmail.com
terceira
próxima dos princípios constitucionais e das diretrizes mais recentes da Hermenêutica
Constitucional.
Nesse contexto, o estudo da interpretação e cognição do magistrado no processo levam
à análise da limitação de sua própria atuação, nesta explanação, nos casos de concessão do
benefício previdenciário de auxílio doença. Nestes processos, pode-se observar que o âmbito
de ingerência que o juiz tem é limitado em face do desconhecimento técnico das demandas
apresentadas, e a sentença é norteada pela conclusão do laudo pericial judicial.
Diante da perspectiva do magistrado, não se faz necessário que o mesmo tenha
formação acadêmica de medicina para sentenciar processos que tenham como objeto benefícios
da Previdência Social. Contudo, na justiça federal do Ceará, não existe nenhum tipo de controle
ou avaliação dos laudos periciais, tampouco existe algum tipo de meio de defesa contra laudos
feitos com negligência, imperícia, e que acabam por determinar o direito à saúde e à vida da
sociedade.
No primeiro tópico será abordado como a formação cognitiva do magistrado traz
limites a sua pré-compreensão com fundamentos na Epistemologia e autores como Hans-Georg
Gadamer; no segundo tópico será explanado sobre a evolução da Hermenêutica Jurídica e o
pensamento dos magistrados; No terceiro tópico, explicitar-se-á com base em dados dos
processos do Juizado Especial Federal, a importância dos laudos periciais médicos nas
sentenças judiciais que analisam processos de benefícios previdenciários (auxílio doença e
aposentadoria por invalidez) e o papel que a Previdência Social tem exercido perante a
sociedade. No último tópico será exposta a relação entre os limites da pré-compreensão do
magistrado e do terceiro (perito médico judicial), as possíveis modificações e critérios para que,
com base no Direito visto como integridade, seja admissível perícias médicas judiciais mais
coerentes e que as partes tenham plenamente seu Direito de defesa garantido no processo.
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Para Gadamer, foi nesse momento que expressões como pré-conceito e pré-juízo tiveram conotações
pejorativas, sendo que tais palavras denotam a existência de conceitos e juízos anteriores a interpretação do ser
(MAGALHES FILHO 2001. p. 42).
2. A EVOLUÇÃO DA HERMENÊUTICA JURÍDICA E A CONSTRUÇÃO DE UM
RACIOCÍNIO HERMENÊUTICO JURÍDICO NA ATUAÇÃO DOS MAGISTRADOS
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Segundo HAACK, (2002, p.128), na teoria da verdade como coerência, existiria um conjunto de crenças, e seria
considerado verdadeiro aquele argumento que demonstrasse a relação dessas crenças; a verdade como
o cientista do direito deve estar atento as limitações do método que escolheu, do conhecimento
que possui e julga coerente, bem como das provas trazidas pelo próprio caso concreto.
A teoria pragmatista da verdade traz uma essência coerente para a construção do
conhecimento científico no Direito, pois considera verdadeiro aquilo que tem correspondência
com a realidade e também tem coerência com outros fatos sistematicamente. Nesse ensejo, o
papel do magistrado e a sua compreensão dos fatos e da realidade é fundamental para essa
edificação jurídica de maneira eficaz, à proporção que a ele pertence a capacidade de produzir
provas de acordo com seu livre convencimento, e efetivamente sentenciar (emitindo através de
um ato volitivo) o processo.
O conteúdo que irá acompanhar o ato final do juiz em um processo, muitas vezes é
moral, político, econômico e cultural, relacionados aos seus próprios preconceitos e forma uma
opinião e não ciência. É fato que o Direito é indissociável da política e da moral, mas não pode
ser absolutamente corrompido e ocupado em seus critérios por questões outras de ordem
econômica e politica, ao ponto de se impossibilitar a construção de uma identidade jurídica. É
o que tem ocorrido na realidade da Previdência Social no Brasil, tendo em vista que a concessão
de benefícios pelo INSS, muitas vezes, não segue os ditames previstos em leis, e de uma
maneira mais agravada, o ultimo remédio da população ( o Poder Judiciário) está limitado pela
sua própria cognição.
Antes de analisar as sentenças das ações previdenciárias, é importante observar a
relação de causa e consequência estruturada nesse enleio, que reflete uma crise dos valores da
própria Constituição. Os direitos fundamentais e sociais não podem estar submetidos
unicamente a um dimensionamento econômico, pois embora o desenvolvimento de um país
seja fundamental para que ocorra a melhoria de condições e infraestrutura para seus cidadãos,
o Estado não pode esquecer daqueles que não acompanharam esse desenvolvimento
econômico, devendo garantir condições mínimas de sobrevivência digna para todos.
No contexto brasileiro, as políticas de saúde, educação, trabalho, assistência social e
previdência social foram imprescindíveis para a manutenção da qualidade de vida dos cidadãos
e do cumprimento das funções constitucionais do desenvolvimento econômico nacional, e a
garantia da ordem social como forma de promover uma existência digna, segundo a própria
Constituição de 1988: “Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo o bem-estar e a justiça sociais”. A seguridade social é definida nos termos
constitucionais no artigo 194 como: “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
correspondência, em contrapartida, seria estabelecida com a própria realidade e não com outras crenças; sendo a
teoria pragmatista a união destes dois conceitos.
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social”. Dessa forma, o Estado tem nesses 3 direitos da seguridade social, a
implementação de importantes políticas públicas para o avanço de melhores condições sociais
para a população, sendo direitos sociais e humanos de acordo com o artigo 25 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos da ONU:
Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência fora de seu controle.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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