Vous êtes sur la page 1sur 5

Doutrina do Pecado

O que é pecado original?


Muitas pessoas pensam que o pecado original foi a relação sexual entre Adão e Eva. Essa crendice popular cai por terra quando
nos deparamos com os textos de Gênesis 1.27,28 e 2.24: “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” “Portanto deixará o homem a
seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”.

Como se pode ver, ambos os textos nos remetem a um período anterior à queda e são muito claros no tocante à relação sexual
como sendo aprovada por Deus dentro do casamento (leia Sexo e casamento à luz da Bíblia). Mesmo assim, algumas pessoas
insistem em ligar a imagem “do fruto proibido” com a maçã, combinando este mito com o sexo do primeiro casal. Visto que tal
ideia acabou de ser desmitificada perante a Bíblia, resta a pergunta: o que é pecado original?

O pecado original
Para responder a essa pergunta, reportar-nos-emos às três principais linhas teológicas da ortodoxia cristã: reformada, wesleyana e
pentecostal clássica.

Louis Berkhof, teólogo reformado, explica que a doutrina foi denominada “pecado original” por três motivos: (1) porque deriva-se
da raiz original da raça humana; (2) porque está presente na vida de todo e qualquer indivíduo, desde a hora do seu nascimento e,
portanto, não pode ser considerado como resultado de imitação; e (3) porque é a raiz interna de todos os pecados concretizados
que corrompem a vida do homem.1

Orton Wiley, teólogo wesleyano, aceita a definição da Igreja Anglicana: “O pecado original é o defeito e a corrupção de todo
homem por meio da qual o indivíduo está muito distanciado da retidão original e é, por sua própria natureza, inclinado para o mal,
de maneira que a carne sempre tem desejos contrários ao Espírito; e, portanto, em cada pessoa nascida neste mundo ele (o pecado
original) merece a ira de Deus e a Sua condenação”.2

Bruce Marino, teólogo das Assembleias de Deus nos EUA, declara que o pecado original é o ensino escriturístico de que o pecado
adâmico afetou a humanidade em 4 aspectos: solidariedade, corruptibilidade, pecaminosidade e punitividade. No primeiro aspecto,
Marino ressalta como a raça humana está vinculada (ligada) a Adão; no segundo, ele enfatiza que o alcance da queda é total e
alude à total depravação; no terceiro ponto ele enfatiza a universalidade do pecado, isto é, toda a humanidade foi atingida pela
queda de Adão; e no último, integrado aos demais pontos, ele mostra que baseado em tais premissas, toda a raça humana é
merecedora de castigo, inclusive as crianças, assunto que abordaremos com mais calma adiante. 3

Desta forma, podemos concluir que, o pecado original é a herança pecaminosa que a humanidade adquiriu de Adão. É a propensão
para o mal, a inclinação para o pecado. Depois da queda, portanto, o homem passou a viver com tendência intrínseca para o mal,
nossa natureza foi corrompida e se tornou propensa para o pecado. Elucidando ainda mais essa concepção, podemos citar Sproul,
presidente da Reformation Bible College e pastor auxiliar da Saint Andrew’s Chapel na cidade de Sanford, na Flórida. Ele disse
que não somos pecadores porque pecamos, mas que pecamos porque somos pecadores, pois herdamos de Adão uma condição
corrupta de pecaminosidade.4
Quais são as origens dessa doutrina?
Embora alguns autores deem a Agostinho o primado por esse ensino, 5 podemos verificar com destreza que tal doutrina remonta ao
período apostólico. Apesar de tal nomenclatura não ser encontrada na Bíblia, seu conceito é integralmente exposto nela, conforme
podemos verificar nos axiomas infracitados:

1. A herança de Adão: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte,
assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” (Rm 5.12).
2. A universalidade do pecado: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).
3. A solidariedade adâmica: “Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados”
(1 Co 15.21,22).
4. A depravação total: “…já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; como
está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se
extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3.9-12).
5. A punição da humanidade: “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora
andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera
nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef
2.1-3).

(leia nosso artigo A realidade do castigo eterno)

Além dos textos bíblicos supracitados, há inúmeras passagens que atestam o estado totalmente depravado do homem, sua
inabilidade natural e, consequentemente, a natureza corrompida da humanidade, bem como a universalidade do pecado: Gn 8.21;
Sl 51.5; Is 64.6,7; Jr 17.9; Jo 1.13,29; 3.5,6; 5.42; 6.44; 7.17-24; 8.34; 15.4,5; 16.8,9; Rm 7.18,23,24; 8.7,8; 1 Co 2.14; 2 Co 3.5;
Gl 5.17; Ef 2.1-3; 4.18; 8-10; 2 Tm 3.2-4; Tg 1.15; Hb 3.12; 11.6; 1 Jo 1.7,8.

Ainda que tenhamos evidências escriturísticas a esse respeito, encontramos pessoas que questionam tal ideia, afirmando que o
homem peca apenas quando tem entendimento do bem e do mal, isto é, quando alcança a idade da razão. 6 Negar o pecado original
significa dizer que o homem é bom em sua essência e que nasce neutro, isto é, sem pecado. Tal busca pela pedo-justificação acaba
fazendo seus proponentes caírem numa antiga heresia, condenada pelo cristianismo histórico: o pelagianismo.

Agostinho x Pelágio
Pelágio foi um austero monge e popular professor em Roma. Sua austeridade era puramente moralista, ao ponto de não conseguir
conceber a ideia de que o homem não podia deixar de pecar. Ele estava mais interessado na conduta cristã e queria melhorar as
condições morais de sua comunidade. Sua ênfase particular recaía na pureza pessoal e na abstinência da corrupção e da frivolidade
do mundo, resvalando no ascetismo.7

Ele negava a ênfase de Tertuliano ao pecado original, sob a argumentação de que o pecado é meramente voluntário e individual,
não podendo ser transmitido ou herdado. Para ele, crer no pecado original era minar a responsabilidade pessoal do homem. Ele
não concebia a ideia de que o pecado de Adão tivesse afetado as almas e nem os corpos de seus descendentes. Assim como Adão,
todo homem, segundo o pensamento pelagiano, é criador de seu próprio caráter e determinador de seu próprio destino.
No entendimento pelagiano, o homem não possui uma tendência intrínseca para o mal e tampouco herda essa propensão de Adão,
podendo, caso queira, observar os mandamentos divinos sem pecar. Ele achava injusto da parte de Deus que a humanidade
herdasse a culpa de outrem e desta forma negava a doutrina do pecado original. 8 Para Pelágio, portanto, o homem pecava por
socialização e não pela natureza corrompida.

Agostinho, por sua vez, rebateu as ideias de Pelágio e defendia a doutrina do pecado original. Para o Bispo de Hipona, uma vez
que o homem havia cedido ao pecado, a natureza humana foi afetada obscuramente pelas consequências do mesmo, tornando-se
desordenada e propensa para o mal. Sendo assim, sem “a ajuda de Deus é impossível, pelo livre-arbítrio, vencer as tentações desta
vida”. Essa ajuda divina para escolher o certo, ou retornar para Deus, era Sua graça, a qual Agostinho define como “um poder
interno e secreto, maravilhoso e inefável” operado por Deus nos corações dos homens. 9

Após tal discussão, outro grupo quis equilibrar ambas as posições e eles ficaram conhecidos como semi-pelagianos. Esta antiga
heresia é oriunda dos ensinos dos massilianos, liderados principalmente por João Cassiano (433 d.C), o qual tentou construir um
elo entre o Pelagianismo, que negava o pecado original, e Agostinho, que defendia que todos os homens nascem espiritualmente
mortos e culpados do pecado de Adão.10

Cassiano acreditava que as pessoas são capazes de se voltarem para Deus mesmo à parte de qualquer infusão da graça
sobrenatural e que “restou poder suficiente na vontade depravada para dar o primeiro passo em direção à salvação, mas não o
suficiente para completá-la”.11 As ideias semi-pelagianas foram condenadas pelo Segundo Concílio de Orange no ano de 529.

O que é depravação total?


Berkhof explica que “Em vista do seu caráter impregnante, a corrupção herdada toma o nome de depravação total”. 12 Mas o que
vem a significar essa expressão? A palavra depravação, segundo qualquer dicionário de português, significa, nada mais nada
menos, do que corrupção ou perversão. Como estaria o homem não regenerado submetido a um estado de corrupção integral?

Ronald Hanko clareia o uso dessa expressão ao dizer que que a palavra “depravação” associada ao uso de “total”, quer dizer três
coisas: 1) que todos os homens, exceto Jesus, são depravados e ímpios; 2) todos os atos, pensamentos, vontades, desejos, escolhas
e emoções de todos os homens são completamente ímpios aos olhos de Deus e 3) que todos os homens são ímpios em sua
totalidade (atos, pensamentos, vontades, desejos, escolhas e emoções).13

Quando algumas pessoas leem essa definição, não compreendem como um homem que nunca matou, nunca roubou e que nunca
fez nenhum mal aparente ao próximo, poderia, mesmo sendo não regenerado, ser enquadrado nesse estado.

Berkhof elucida essa questão explicando que, muitas vezes a expressão “depravação total” é mal compreendida, e, portanto,
requer cuidadosa discriminação. Dessa forma, ele mostra que tal ensino, em consonância com o pecado original, não afirma:“que
todo homem é tão completamente depravado como poderia chegar a ser” (cf Lc 11.11-13), “que o pecado não tem nenhum
conhecimento inato de Deus, nem tampouco tem uma consciência que discerne entre o bem e o mal”, “que o homem pecador
raramente admira o caráter e os atos virtuosos dos outros, ou que é incapaz de afetos e atos desinteressados em suas relações com
os seus semelhantes” e nem “que todos os homens não regenerados, em virtude da sua pecaminosidade inerente, se entregarão a
todas as formas de pecado”.14

Em contrapartida, a “depravação total” indica que “a corrupção inerente abrange todas as partes da natureza do homem, todas as
faculdades e poderes da alma e do corpo” e que “absolutamente não há no pecador bem espiritual algum, isto é, bem com relação
a Deus, mas somente perversão”.15
Crianças estão debaixo do pecado original?
Mas, e as crianças? Elas também se encontram neste estado de “depravação total”? Será que elas herdam de Adão a
concupiscência e estão debaixo do pecado original? Por mais que seja difícil para a mente humana aceitar esse fato diante de uma
criatura aparentemente inocente, é o que a Bíblia afirma. As Escrituras não fazem distinções etárias: “… todos pecaram” (Rm
3.23).

Uma criança já nasce com a inclinação para o pecado (Sl 51.5). Podemos testificar essa verdade empiricamente. Qual é o pai que
ensina seu filho de dois anos a mentir? Mesmo assim, quando tal criança apronta alguma travessura, ela trata logo de mentir para
se livrar da bronca. Quem ensina as crianças a serem desobedientes, egoístas, briguentas, pirracentas e rebeldes? Entretanto,
naturalmente, essas mazelas aparecem livre e espontaneamente, cabendo aos pais educar tais crianças. Essas atitudes caracterizam
a inclinação natural que o homem tem para o pecado.

Mas, e em relação à salvação das crianças?16 Este seria tema para outro artigo, porém, visto que o assunto puxa automaticamente
esse questionamento, vale a pena comentar, ainda que de forma não confessional e panorâmica, visto não ser esse o objetivo do
presente artigo, que existem várias posições a esse respeito na teologia, dentre as quais podemos destacar a eleição incondicional
dentro do calvinismo;17 o pedobatismo no sistema sacramentalista; a fé preconsciente; a presciência de Deus a respeito de como a
criança teria vivido, dentro de alguns círculos arminianos; a graça preveniente na crença armínio-wesleyana; e a graciosidade
específica para crianças e incapazes.18

Considerações finais
A doutrina do pecado original é inquestionável. O homem pende para o mal, inclina naturalmente para a carnalidade e suas
decisões são malévolas, embora não tão más quanto poderiam ser. Essa pecaminosidade deixou o homem num estado de
separação de Deus, totalmente depravado e morto em seus delitos e pecados, o que torna-o por conseguinte, filho da ira. A Bíblia
é clara: “assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, porquanto todos pecaram” (Rm 5.12).

Entretanto, há uma boa notícia, pois “não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos,
muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou para com muitos (…) assim como o
pecado veio a reinar na morte, assim também veio a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor”
(vv. 15,21). Por Adão veio a morte, mas por Cristo a ressurreição! Por Adão entrou o pecado, mas por Cristo a vivificação! O
primeiro Adão, alma vivente. Mas o último… Espírito vivificante!

Notas
1
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã, 2012, p. 227.
2
WILEY, Orton H. Introdução à teologia cristã. Casa Nazarena de publicações, 2009, pp. 187,188.
3
MARINO, Bruce. Origem, natureza e consequências do pecado. In: HORTON, Stanley (Org.). Teologia Sistemática: uma
perspectiva pentecostal. CPAD, 1996, pp. 269-271.
4
SPROUL, R. C. Boa Pergunta! Cultura Cristã, 1999, p.98.
5
Conferir a expressão Péché originel na Encyclopædia Universalis.
6
Conferir FISHER, Gary. As Crianças nascem no pecado? Acesso em 12 de Junho de 2014; Igreja Monte Sião. A natureza do
pecado infantil e suas explicações. Acesso em 12 de Junho de 2014; RUFINO, Natan. Realidades da nova criação. Apostila.
7
MCGIFFERT, Arhur Cushman. A History of Christian Thought, Volume 2. Charles Scribner’s Sons, 1953, p. 125.
8
KELLY, J. N. D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã. Vida Nova, 1994, p. 270.
9
COUTO, Vinicius. Livre-arbítrio: uma introdução ao conceito histórico do arminianismo. Acesso em 12 de Junho de 2014.
10
KELLY, J. N. D. Op. Cit., pp. 289-291.
11
WILEY, H. Orton. Christian Theology. Beacon Hill Press, 1941. p.103
12
BERKHOF, Louis. Op. Cit., p. 229.
13
HANKO, Ronald. Doctrine According to Godliness. 2004, Reformed Free Publishing Association, pp. 113,114.
14
BERKHOF, Louis. Idem.
15
Vale a ressalva de que, tanto a teologia calvinista quanto a teologia arminiana (clássica e wesleyana) acreditam na depravação
total do homem. As ideias de que o homem está doente espiritualmente e que ele foi parcialmente afetado pelo pecado de Adão
correspondem ao semi-pelagianismo, heresia já comentada acima e que ganhou grande popularidade entre os evangelicais através
dos ensinos do avivalista Charles Finney. Atualmente muitos cristãos que se intitulam arminianos defendem equivocadamente a
ideia semi-pelagiana da depravação parcial, confundindo esse ponto na teologia arminiana. Para uma melhor compreensão da
doutrina da depravação total, conferir COUTO, Vinicius. Conhecendo o arminianismo (parte 3) – Depravação Total. Acesso em
12 de Junho de 2014.
16
As principais bases bíblicas para salvação das crianças são 2 Sm 12.22,23; Mt 18.1-6 e 19.13-15.
17
Apesar da crença na eleição incondicional, alguns calvinistas interpretam-na de forma diferenciada em relação à salvação
infantil e dos incapazes. A diferença não reside no fato da condicionalidade. Na visão dos que aceitam a salvação de todos os
infantes, toda criança que morre era, na verdade, eleita. Nomes como John MacArthur, Charles Hodge, A. A. Hodge, J. Oliver
Buswell, Charles Spurgeon, B. B. Warfield, e Loraine Boettner creem/criam que todos os que morrem na infância, bem como os
mentalmente incapazes são salvos. Conferir em SANTOS, João Alves dos. Os que morrem na infância: são todos salvos? Uma
avaliação teológico-confessional reformada. Fides Reformata, 1999, 4/2; MACARTHUR, John. A salvação dos bebês e outros
“incapazes”. Acesso em 12 de Junho de 2014; SPURGEON, Charles. Infant Salvation. Sermão pregado na Metropolitan Baptist
Church em 29 de Setembro de 1861; LYONS, Gordon. O Pecado original. Acesso em: 12 de Junho de 2014.
18
MARINO, Bruce. Op. Cit., p. 271.

http://www.saberefe.com/blog/o-que-e-pecado-original/

Acesso: 28/02/2018

Horas: 11:00

Vous aimerez peut-être aussi