CAU – Planejamento Urbano e Regional Orientadora – Valéria Aluna – Bárbara Rodrigues Tavares (UC15101962) Fevereiro de 2018 Turma: Quarta-feira A/B
RESENHA AS TEORIAS URBANAS E O PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL MONTE-MÓR
A importância do estudo das cidades, hoje, se dá principalmente por dois fatores. O fator econômico e o fator espaço-social. O primeiro, pois a cidade é o palco onde se desenvolve a metodologia capitalista atual, e o segundo, pois relaciona com a qualidade de vida que um grupo de pessoas tem em um determinado espaço. E esse estudo da cidade, torna-se muito complexo, quase se considera o aspecto multe escalar. Outro ponto importante que deve ser levantando ao falar das cidades, é o contexto econômico. Muitas das ideias pensadas para os grandes centros capitalistas, não são aplicáveis à realidade das periferias, e tornam-se “ideias fora do lugar”. O Brasil foi se formando e adaptando dessas ideias fora do lugar. Desde a colonização até os tempos atuais existe essa releitura e tradução das teorias advindas do capitalismo para a realidade brasileira.
Antecedentes: o urbanismo científico e as teorias sociais da cidade
Essa forma mais cientifica e ver o desenvolvimento urbano, começou no fim do século XIX na Europa, quando o urbanismo entra em crise devido ao crescimento da classe trabalhadora nas cidades. Um exemplo foi Barcelona, com o engenheiro urbanista Ildefons Cerdà. 13 anos após o projeto, ele escreve um livro teórico de como as cidades do século XX deveriam ser executadas. A intervenção urbana mais conhecida, é do barão Haussmann em Paris. Esse plano, é considerado o primeiro plano regulador para uma metrópole moderna. O projeto foi tão bem aceito que se mantém até hoje. O plano Haussmann, foi uma intervenção do Estado, que buscava uma melhor configuração da cidade para o crescente capitalismo de Paris. Entretanto, o plano não se adequava a escala grandiosa da arquitetura de Paris, o que acabou rompendo a fácil relação urbano-arquitetônica da cidade barroca. Essa preocupação em manter uma cidade coerente com sua arquitetura, foi substituída pelas demandas do pensamento moderno do higienismo. O plano de Aarão Reis para belo horizonte, foi o que mais aplicou no Brasil, as ideias haussmannianas, articuladas com elementos barrocos como no plano de Washington D.C. Enquanto médicos e engenheiros se preocupavam com as questões sanitárias, os arquitetos da Belas Artes se preocupavam com as questões estéticas e arquitetônicas. O século XX tem diversas influencias urbanísticas no Brasil e no mundo, como por exemplo, o progresso individual de Corbusier, o progresso social e cultural de Sitte e Ebenezer Howard e o naturalismo de Frank Lloyd. No Brasil, a corrente mais presente é a Corbusiana e seu progressismo. Isso é presente tanto na arquitetura (Ministério da Saúde no Rio de Janeiro) quanto no urbanismo (Brasília). Nós temos influencias tanto da Escola de Chicago quanto da abordagem “ecológica”. A abordagem ecológica pode ser pensada, como a primeira forma de se tentar ver a cidade com uma sensibilidade social, pois com o desenvolvimento industrial, as cidades formavam o que chamavam de “mosaico urbano”, que se caracterizava por uma justaposição de diversos tipos de uso do solo. Antes podia se caracterizar o urbanismo, como o estudo do espaço industrial, e o ruralismo, como o estudo do espaço rural. Focava-se mais no espaço urbano pois era a maior fonte econômica do espaço social. Essa visão é levada até o modernismo, onde buscava-se uma melhor divisão do trabalho e libertação do ruralismo. Essa visão econômica, levou à rigidez da Carta de Atenas, com seu intenso zoneamento, ainda mais quando foram apoiadas pelas teorias estadunidenses de retorno capital. Existia-se uma preocupação com a miscigenação de classes, crenças, etnias, etc, na cidade, porém, buscavam manter a lógica de divisão nas fábricas. Essa urbanização extensiva, causou certa desordem, o que acabou deixando as cidades á sua própria sorte. As mega cidades vieram a acontecer, por conta do crescimento da periferia urbana, o centro das cidades ficavam destinados àqueles que queriam se inserir no contexto urbano. O Brasil tem como característica, uma industrialização fordista periférica e incompleta, com serviços urbanos e sociais básicos, o que ocasiona periferias pobres e com pouca integração urbana.
O planejamento urbano: da habitação e transportes ao enfoque compreensivo
Os problemas nas cidades vem desde a época da colonização, questões como moradia, incêndios, etc. Com o surgimento da cidade industrial, o maior problema é a falta de higienização e a superlotação advinda do crescimento da classe operária nos centros urbanos. O transporte também era um problema crucial das grandes cidades. Assim surgem os conjuntos habitacionais. Com o crescimento do tecido-urbano industrial periférico da cidade, aumenta a importância e demanda do transporte. Nos países centrai, o investimento em transporte foi grande. Era símbolo de modernidade valorizar a parte central da cidade. Surge então o movimento City Beautiful de Foglesong, que acreditava que o embelezamento da cidade, resultaria em qualidade de vida e uma “boa imagem” social. O progressismo que prevalece no Brasil, busca o zoneamento e controle do uso do solo, este zoneamento, visava resolver o conflito entre a propriedade provada e as demandas coletivas de integração entre espaços.
O planejamento urbano-regional: produzindo o espaço do capital industrial
As demandas da indústria, trouxeram a organização das cidades em forma de Taylorismo, visando o melhoramento dos espaços urbanos e a construção das áreas periféricas. O problema da organização urbana, passava a ser agora, também, um problema econômico. Percebia-se que no Fordismo, não se aproveitava os recursos humanos o máximo possível. O grupo de pensadores situacionistas da França, vieram com o intuito de discutir e analisar a qualidade das cidades. No Brasil, ficou conhecida como, grupo Segmacs, que queriam rever a repolitização das cidades. O IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal, faziam pesquisas para articular o aspecto social, econômico, administrativo e político das cidades. No Rio Grande do Sul, entre 1939 e 1945, foram elaborados planos diretores, que também focavam nessas questões. Toda essa preocupação, gerou a urbanização extensiva.
Crise e explosão da cidade: a consolidação do urbano
Foram nos anos sessenta que surge uma preocupação social com as questões urbanas. Com o fordismo, muitos criticavam a forma fria com que a cidade estava se desenvolvendo. A revolução urbana que acontece atualmente, é a preocupação com o meio rural e a integração de tal na visão capitalista. O problema que rege o meio rural hoje, é a busca por terras e a desigualdade de divisão. Em sumo, o espaço urbano cresceu muito rapidamente e a qualidade de vida não conseguiu acompanhar. A reestruturação dos países periféricos como o Brasil. Esse processo começou nas cidades grandes.
Discursos contemporâneos
A globalização, é um processo contemporâneo que vem mudando as áreas urbanas, pois articula diversos espaços regionais. Para o Brasil, o mais importante é entender como se desdobra no contexto mundial e aplicar na periferia capitalista. É visto que os centro urbanos são os melhores impulsionadores do capitalismo. Lefebvre (1999b), fala da explosão da indústria e como ela tomou o tecido urbano e seu entorno. A repolitização e reformulação do espaço urbano, tem como princípio, o retorno da qualidade de vida nas cidades para todas as classes e tipos de habitantes.