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TRANSFORMADORES DE FORÇA

1 - TRANSFORMADORES ISOLADOS À ÓLEO

Os transformadores de força nas instalações elétricas, tanto comerciais como industriais e

prédios residenciais, utilizavam normalmente como meio isolante e refrigerante o óleo mineral.
Porém, após vários acidentes com incêndios e explosões, procurou-se desenvolver um líquido
isolante mais seguro.
Adotou-se inicialmente, (e por muitos anos) o óleo PCB, também denominado óleo Askarel. Os
PCBs são compostos químicos termicamente estáveis, não são biodegradáveis, tem tendência a
bioacumulação, são produtos tóxicos, cancerígenos , representando sérios riscos a vida.
Os PCBs, também denominados difenis policlorados, estão proibidos no Brasil ( e na maioria
dos países ) desde Janeiro de 1981 para novas instalações.
Como substituto do óleo Askarel vem se utilizando um fluido de Silicone, nas aplicações onde
uma maior segurança é necessária. O fluido de Silicone, apesar de mais seguro que o óleo mineral, tem
custo significativamente mais elevado ( em torno de U$12,00 / Lit. ). As exigências no que se refere ao
local de instalação são as mesmas como para transformadores isolados a óleo mineral.
O risco de incêndio e principalmente de propagação das chamas, quando o transformador está
envolvido em um incêndio, não ficam eliminados, e sim reduzidos devido as características do óleo de
Silicone em suportar temperaturas maiores que o óleo mineral, ver tabela 1.
Nenhum sistema de transformador está completamente imune contra riscos de incêndio e de
explosão. O aumento da densidade dos líquidos, o número crescente de subestações inter-conectadas e
impedâncias reduzidas, indicam um aumento no potencial para falhas nos equipamentos elétricos de
força.
A possibilidade de um arco provocar a ruptura do tanque de um transformador depende muito
da natureza do líquido isolante. Observa-se entretanto que os óleos minerais constituem risco de
incêndio maior que os fluidos de Silicone.
Em testes realizados nos EUA, quando o fluido de Silicone foi forçado a queimar, o calor
liberado foi aproximadamente a metade do liberado pelo óleo mineral. O grau de toxidade liberado
pelos gases na combustão do Silicone foi relativamente baixo.
Os testes simulados com fluido de Silicone e óleo mineral mostram que ambos podem explodir
ou estender o fogo, quando se inicia a combustão por meio de uma tocha. O óleo mineral, entretanto,
foi o único que, retirando-se a fonte de calor, entrou em combustão completa.
A combustão do fluido de Silicone liberou uma nuvem de fumaça de cor branca e menos
pesada. Dados de combustão de pirólise indicaram que os materiais desprendidos pelo silício são
menos tóxicos que os óleos minerais.
Transformadores com fluido de Silicone oferecem menores riscos, porém em casos de elevação
substancial da temperatura ( como em um incêndio ) nas proximidades do transformador ocorre uma
grande expansão do volume de óleo, podendo ocorrer vazamento no tanque de expansão, ou
vazamento por rompimento do tanque do transformador, quando este for do tipo selado, ( como
câmara de expansão ).
Os tanques ou câmaras de expansão são normalmente dimensionadas para absorver a alteração
de volume do meio isolante proveniente da variação de temperatura de trabalho e temperatura de
trabalho ambiente. Quando um transformador fica envolvido em um incêndio a temperatura do meio
isolante sobe rapidamente e ocorre uma maior expansão do líquido. No caso de fluidos de Silicone,
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teste efetuados demonstram um aumento no volume da ordem de 11% para uma elevação de
temperatura de 80°C. Ocorrendo um vazamento sob estas circunstâncias o fluido que vazou tende a
alimentar as chamas, provocando mais calor e mais vazamento.

Os transformadores refrigerados com líquidos isolantes requerem manutenção periódica.

Devem ser verificadas entre outros os seguintes itens:

1. Inspeção visual periódica;
2. Análise física química do líquido isolante;
3. Verificação de eventuais vazamentos, que podem ocorrer nas válvulas, buchas, medidores,
comutadores de taps, soldas, pontos de retirada de amostras, tubulações, válvulas de alívio de
pressão, gaxetas, etc.
4. Se a análise do líquido isolante acusar irregularidades, será necessário fazer a filtragem do mesmo
com equipamentos apropriados.
Os ítens 2 e 4 só poderão ser feitos por pessoal especializado, devidamente equipado para este
trabalho.
A solução encontrada com o passar do tempo está no uso de transformadores de força a SECO .
Os transformadores a seco não tem restrições quanto a sua instalação e localização ( não
requerem cabines especiais, com drenos para óleo, etc... , não propagam chamas, não liberam gases
tóxicos se envolvidos em incêndio e são simpáticos ao meio ambiente.

Quando falamos de transformadores de potência à seco é necessário esclarecer que estes podem
ser divididos em três categorias, a saber:

Transformadores convencionais, transformadores encapsulados sob vácuo e transformadores

encapsulados sem vácuo.

2 - TRANSFORMADORES A SECO - CONVENCIONAIS

São aqueles cujos enrolamentos estão expostos diretamente ao meio ambiente, não são
encapsulados por uma isolação sólida.
São normalmente fabricados com materiais adequados a altas temperaturas, com espaçadores
no meio dos enrolamentos com a função de ventilação e de isolamento ( distância dielétrica ).
Após a fabricação os enrolamentos são impregnados em verniz. Com tudo, pelo fato da camada
ser relativamente fina, implica em o ar atuar parcialmente como meio isolante.
Esta tipo de transformador sempre encontrou restrições de aplicação devido a necessidade de
manutenção constante, não são próprios para uso em atmosferas úmidas ou contaminados por agentes
químicos, pós metálicos ou similares prejudiciais aos enrolamentos. Normalmente apresentam baixa
resistência a níveis de impulso e a curto circuitos.
Este tipo de transformador é recomendado para as classes de tensão de 0.6 e 1.2 kV.

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3- TRANSFORMADORES A SECO - BOBINAS ENCAPSULADAS EM RESINA EPOXI

PROCESSO DE MOLDAGEM A VÁCUO

São aqueles cujos enrolamentos, após bobinados são dispostos em um molde e encapsulados
sob alto vácuo, com resinas epoxídicas, seguido de um processo de cura em estufa. Este processo é
normalmente aplicado exclusivamente nas bobinas de alta tensão.
Este tipo de transformador apresenta boas características de isolamento, baixo nível de
descargas parciais, boa resistência ao meio ambiente, requer pouca manutenção, apresenta boa
resistência a esforços de curto circuito porém baixa resistência a choques térmicos.

Principalmente transformadores de potências maiores podem apresentar micro fissuras na

camada de resina devido a variação brusca de temperatura ou impactos mecânicos. Nestes casos ocorre
uma degradação do isolamento, que leva a defeito de funcionamento após algum tempo.
Devido ao alto custo de moldes, este tipo de transformador normalmente é fabricado nas
potências padronizadas, com características técnicas fixas.

3- TRANSFORMADORES A SECO – BOBINAS ENCAPSULADOS EM RESINA EPOXI

PELO SISTEMA ROFORÇADO

Esta técnica foi desenvolvida a partir do uso do filamento de vidro pré impregnado em resina
epoxi. Os fios de fibra de vidro, ( filamentos ) previamente impregnados, são enrolados sobre um
cilindro, ( ou base ) e sobre as camadas de fio alternadamente, ficando estes totalmente encapsulados.
A aplicação dos filamentos impregnados é feita de forma trançada de tal maneira que
associando-se as características elétricas da resina e as mecânicas das fibras de vidro, o enrolamento
fica extremamente resistente a choques térmicos, esforços de curto circuito e eventuais impactos
mecânicos.
O encapsulamento de bobina pelo processo de fibras pré impregnadas, mesmo sem o uso de
vácuo, garante baixos níveis de descargas parciais, boa resistência a níveis de impulso, umidade ou
outros agentes do meio ambiente, requerem pouca manutenção. As condições de uso e instalação são
iguais aos outros tipos de transformadores a seco.
Para evitar a ocorrência de descargas parciais nas bobinas encapsuladas sem vácuo, os
enrolamentos devem ser construídos de forma a terem uma distância adequada entre os pontos com
diferença de potencial acentuada. Esta técnica traz como única conseqüência, transformadores um
pouco maiores nas potências pequenas. Já nas potências maiores praticamente não há diferenças a
considerar e o uso da tecnologia de filamentos impregnados apresenta vantagem sobre o processo de
encapsulamento à vácuo, já que a ocorrência de micro fissuras em grandes massas de epoxi com
enchimento de sílica ( ou similar ), podem ocorrer com relativa facilidade bem como um maior nível
de descargas parciais pode ser observado em alguns casos.
A fabricação de transformadores pelo processo de filamentos impregnados não está
condicionada a moldes de encapsulamento, assim apresenta grande flexibilidade de projeto, para
atender às características especiais como por exemplo maior número de taps, impedância de curto
circuito especiais, níveis de impulso diferente do normalizado e outros.
Os enrolamentos de baixa tensão destes transformadores também podem ser encapsulados pelo
mesmo processo, obtendo-se assim um transformador totalmente encapsulado e protegido do meio
ambiente.
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Tabela 1 - Valores característicos de Fluidos Isolantes

PROPRIEDADES TÍPICAS SILICONE ÓLEO MINERAL

RIGIDEZ DIELÉTRICA kV 35 35
FATOR DE DISSIPAÇÃO % 25°C 0.004 0.01
PONTO DE FULGOR °C 307 150
PONTO DE COMBUSTÃO °C 360 165
AUTO-IGNIÇÃO °C 430 332
COEFICIENTE DE EXPANSÃO
( cc/cc °C ) 25°C 0.00104 0.0007

A tabela acima apresenta apenas uma parte das características dos fluidos isolantes, para maior clareza
do presente artigo. A tabela indica valores típicos conforme normas ASTM.
.

Escrito por Wilson Dickmann, gerente técnico divisão de transformadores da Waltec Eletro Eletrônica Ltda.
Bibliografia:
Artigos publicados em revistas especializadas, nacionais e estrangeiras e publicações técnicas diversas.

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