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UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ALEX FERNANDO DA SILVA

EDIFICIO VERTICAL PARA 3ª IDADE – SOCIABILIZAÇÃO E


QUALIDADE DE VIDA

UMUARAMA
2016
ALEX FERNANDO DA SILVA

EDIFICIO VERTICAL PARA 3ª IDADE – SOCIABILIZAÇÃO E


QUALIDADE DE VIDA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade
Paranaense, como requisito parcial
para obtenção do grau de Arquiteto e
Urbanista sob orientação do Prof.
Rodrigo da Silva Rodrigues

UMUARAMA
2016
ALEX FERNANDO SILVA

EDIFICIO VERTICAL PARA 3ª IDADE – SOCIABILIZAÇÃO E


QUALIDADE DE VIDA

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de


Bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paranaense – UNIPAR, pela
seguinte banca examinadora:

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Professor Orientador Rodrigo da Silva Rodrigues
Universidade Paranaense - UNIPAR

_______________________________________________
Professor

______________________________________________
Professor

Umuarama

2016
A minha família, razão de minha
existência.

A Deus.
Agradecimento

Agradeço а Deus qυе iluminou о mеυ caminho e me deu força e coragem


durante esta caminhada.

À minha mulher pelo amor, paciência, incentivo e apoio incondicional.


Obrigada por tudo, sem vocês esta vitória não seria possível!

Ao meu orientador Prof. Rodrigo por todo apoio, paciência e incentivo qυе
tornaram possível а conclusão desta monografia. Muito obrigado, você me transmitiu
conhecimento e incentivo, nos momentos que mais precisei.

Aos meus amigos de turma, obrigada pelos momentos inesquecíveis. Cada


um de vocês tem um lugar especial no meu coração.
RESUMO

O objetivo desse trabalho é apresentar as qualidades necessárias para uma moradia


digna, segura e confortável para o idoso, através da análise de aspectos históricos,
sociais e antropológicos do idoso. Dessa forma, ao longo do trabalho será
apresentado um breve histórico da evolução da moradia do idoso, e como isso tem
recebido uma maior preocupação por parte de pesquisadores nos últimos anos, fato
que se deve ao gradual aumento de expectativa de vida do brasileiro. Tendo como
resultado a proposta de edifício residencial de apartamentos para a terceira idade,
que sejam adequadas as necessidades dos idosos, podendo oferecer-lhes
segurança, conforto, autonomia e assim também qualidade de vida, considerando
diversos fatores definidores que serão abordados no trabalho, como a preocupação
em atender as normas de acessibilidade e desenho universal, além da preocupação
em inserir a edificação a malha urbana existente, integrando os moradores e a
população.

Palavras-Chaves: Arquitetura; Sociabilização; Idoso; Moradia; Humanização.


ABSTRACT

The pourpose of this research is to present the qualities necessary for a decent
housing, safe and comfortable for the elderly, through the analysis of historical, social
and anthropological the elderly. Thus, during the work will be presented a brief
history of the evolution of the old house, and how it has received greater concern by
researchers in recent years, a fact that is due to the gradual increase in Brazilian life
expectancy. As a result the proposed residential building apartments for the elderly,
the needs of the elderly are appropriate and can offer them security, comfort,
autonomy and so quality of life, considering several defining factors that will be
discussed at work, as the concern to meet the standards of accessibility and
universal design, as well as concern entering the building the existing urban fabric,
integrating residents and the population.

Keywords: architecture; sociability; elderly; house; humanization.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Casa-Grande e Senzala ..................... Erro! Indicador não definido.

Figura 2. Perspectiva de sobrado colonial ......... Erro! Indicador não definido.

Figura 3. Modulor de Le Corbusier ................................................................. 36

Figura 4. Deslocamento de pessoas em pé.................................................... 40

Figura 5. Cadeiras de rodas manual, motorizada e esportiva......................... 41

Figura 6. Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de


rodas. ........................................................................................................................ 41

Figura 7. Deslocamento necessário para cadeira de rodas ............................ 42

Figura 8. Áreas de manobras de cadeiras de rodas com deslocamento. ....... 42

Figura 9. Princípio 1, permite o uso de todos os usuários. ............................. 44

Figura 10. Princípio 2, permite flexibilidade de uso. ....................................... 45

Figura 11. Princípio 3, uso simples e intuitivo. ................................................ 46

Figura 12. Princípio 4, informação perceptível................................................ 47

Figura 13. Princípio 5, exemplo de busca a fim de minimizar os perigos. ...... 48

Figura 14. Princípio 6, pouco esforço físico. ................................................... 49

Figura 15. Princípio 7, tamanho e espaço para aproximação e uso. .............. 50

Figura 16. Barras de apoio em boxes com chuveiro ....................................... 54

Figura 17. Layout para cozinha recomendado................................................ 56

Figura 18. Implantação do Edifício (imagem de satélite) ................................ 65

Figura 19. Setorização do subsolo ................................................................. 66

Figura 20. Setorização do pavimento térreo ................................................... 67

Figura 21. Setorização do primeiro pavimento ............................................... 68


Figura 22. Praça ambientada nos anos 50 ..................................................... 68

Figura 23. Pavimento tipo ............................................................................... 69

Figura 24. Sob o quadro está os equipamentos hospitalares de emergência.69

Figura 25. Fluxos do subsolo .......................................................................... 70

Figura 26. Fluxos do pavimento térreo ........................................................... 71

Figura 27. Revestimentos de madeira nos pilares, guarda corpo, brises e


mobiliário ................................................................................................................... 72

Figura 28. Combinação de madeira e vidro traz harmonia ao conjunto .......... 72

Figura 29. Banheiro do apartamento, piso e paredes contrastantes evitam


confusão .................................................................................................................... 73

Figura 30. Conjunto formado por elementos retangulares .............................. 73

Figura 31. Composição formal é reforçada pelos materiais ............................ 74

Figura 32. Horizontalidade reforçada pelo formado das aberturas. ................ 74

Figura 33. Solução estrutural adotada pelos arquitetos .................................. 77

Figura 34. Imagem de satélite do edifício ....................................................... 77

Figura 35. Implantação e acessos ao edifício ................................................. 78

Figura 36. Corte longitudinal do edifício ......................................................... 79

Figura 37. Planta baixa do estacionamento .................................................... 79

Figura 38. Planta baixa do primeiro pavimento............................................... 80

Figura 39. Planta baixa segundo pavimento ................................................... 80

Figura 40. Perspectiva da fachada sul ............................................................ 81

Figura 41. Detalhe das sacadas coloridas do edifício ..................................... 81

Figura 42. Fachada norte, apartamentos em balanço .................................... 82

Figura 43. Fachada Sul - Varandas dos dormitórios ....................................... 83

Figura 44. Cortes tranversais do edifício ........................................................ 83


Figura 45. Implantação do edifício .................................................................. 84

Figura 46. Entrada de moradores e visitantes ................................................ 85

Figura 47. Planta do subsolo 2 ....................................................................... 85

Figura 48. Planta Subsolo 1............................................................................ 86

Figura 49. Planta Pavimento térreo ................................................................ 87

Figura 50. Planta Primeiro Pavimento ............................................................ 88

Figura 51. Espaços de convívio do edifício..................................................... 88

Figura 52. Espaços para atividades ................................................................ 89

Figura 53. Proporção de idosos no estado do Paraná, 2010 .......................... 93

Figura 54. Localização do bairro..................................................................... 95

Figura 55. Localização do terreno .................................................................. 95

Figura 56. Fotos do terreno - Externas ........................................................... 96

Figura 57. Fotos do terreno - Externas ........................................................... 96

Figura 58. Fotos do terreno - Internas ............................................................ 96

Figura 59. Dimensões do terreno e áreas de aproveitamento ........................ 97

Figura 60. Topografia do terreno - curvas de 1m desnível ............................. 98

Figura 61. Trajetória solar no inverno e verão ................................................ 99

Figura 62. Ventos predominantes e dominantes .......................................... 100

Figura 63. Hierarquia de vias ........................................................................ 101

Figura 64. Mapa de uso e ocupação do solo ................................................ 102

Figura 65. Mapa de serviços......................................................................... 103

Figura 66. Fluxograma .................................................................................. 107

Figura 67. Plano massa ................................................................................ 108

Figura 68. Diagrama do processo projetual .................................................. 109


Figura 69. Diagrama elaboração da proposta............................................... 110
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

2. O ENVELHECIMENTO NO BRASIL..................................................................... 14
2.1. Conceitos e o processo de envelhecimento .................................................. 14
2.2. O idoso e a família ............................................................................................ 16
2.3. O envelhecimento e a qualidade de vida........................................................ 17

3. O IDOSO CONTEMPORÂNEO ............................................................................ 19


3.1. Características da população idosa no Brasil ............................................... 19
3.2. Mudanças e comportamentos ......................................................................... 21
3.3. Atividade física e longevidade ........................................................................ 22
3.4. O idoso e a tecnologia ..................................................................................... 24

4. BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA E TIPOLÓGICA DA MORADIA NO


BRASIL......................................................................................................................27
4.1. A evolução da casa .......................................................................................... 27
4.2. Asilos e instituições de longa permanência .................................................. 30
4.3. Edifícios de apartamentos e conceito de vida assistida ............................... 31

5. A CONCEPÇÃO DE ESPAÇOS DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DOS


IDOSOS .................................................................................................................... 35
5.1. Ergonomia, acessibilidade e desenho universal ........................................... 35
5.1.1. Breve Histórico da ergonomia ......................................................................... 35
5.1.2. Aplicações da Ergonomia na vida do idoso ..................................................... 37
5.1.3. Acessibilidade e a NBR 9050 2015 ................................................................. 38
5.1.4. Desenho Universal .......................................................................................... 43
5.2. Espaços elementares e suas relações funcionais ........................................ 50
5.2.1. Sala de jantar e estar ...................................................................................... 51
5.2.2. Quartos............................................................................................................ 52
5.2.3. Banheiro .......................................................................................................... 53
5.2.4. Cozinhas e áreas de serviço ........................................................................... 54
5.2.6. Considerações Finais ...................................................................................... 58
5.3. Condicionantes físicos de conforto ambiental .............................................. 58
5.3.1. O ambiente térmico ......................................................................................... 58
5.3.2. O ambiente visual ............................................................................................ 60
5.3.3. O ambiente acústico ........................................................................................ 61

6. OBRAS CORRELATAS ........................................................................................ 63


6.1. Edifício Hiléia .................................................................................................... 63
6.1.1. Partido ............................................................................................................. 64
6.1.2. Implantação ..................................................................................................... 65
6.1.3. Função/Zoneamento ....................................................................................... 66
6.1.4. Materiais .......................................................................................................... 72
6.1.5. Forma .............................................................................................................. 73
6.1.6. Aspectos de Conforto e tecnologia .................................................................. 75
6.1.7. Considerações ................................................................................................ 75
6.2. Edifício WoZoCo ............................................................................................... 75
6.2.1. Partido ............................................................................................................. 76
6.2.2. Implantação ..................................................................................................... 77
6.2.3. Função/Zoneamento ....................................................................................... 78
6.2.4. Forma .............................................................................................................. 80
6.2.5. Considerações ................................................................................................ 82
6.3. Edifício residencial para idosos em Torre Sênior .......................................... 82
6.3.1. Implantação ..................................................................................................... 84
6.3.2. Função / Zoneamento ..................................................................................... 85
6.3.3. Considerações ................................................................................................ 89

7. SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS ....................................................... 90

8. PROJETO ............................................................................................................. 93
8.1. TERRENO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 93
8.1.1. Cidade ............................................................................................................. 93
8.1.2. Terreno ............................................................................................................ 94
8.2. ENTORNO ......................................................................................................... 97
8.2.1. Topografia ........................................................................................................ 97
8.2.2. Insolação ......................................................................................................... 98
8.2.3. Ventilação ........................................................................................................ 99
8.2.4. Vias e fluxos .................................................................................................. 100
8.2.1. Entorno Imediato ........................................................................................... 102
8.3. PARTIDO ARQUITETÔNICO........................................................................... 104
8.4. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................ 105
8.6. FLUXOGRAMA ................................................................................................ 107
8.7. PLANO MASSA ............................................................................................... 108
8.8. PROCESSO DE PROJETO ............................................................................. 108

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 113


12

INTRODUÇÃO
A ideia de desenvolver o tema relacionado à terceira idade, surgiu a partir da
percepção de um envelhecimento cada vez mais saudável, com idosos ativos e
cheio de vontade de viver. Uma terceira idade que namora, circula, se diverte,
produz, participa e desfruta de uma qualidade de vida. Velhice essa que observamos
nas ruas, supermercados e clubes.

Os avanços da tecnologia e consequentemente da medicina, tem possibilitado


um aumento gradual da expectativa de vida, que aliado a diminuição das taxas de
fecundidade, fez com que a população de pessoas acima de 60 anos duplicasse ao
longo dos últimos 50 anos, atingindo a marca de 20,5 milhões, e podendo ainda
atingir 40 milhões nas próximas duas décadas, segundo o IBGE no ano de 2010.

De acordo com Matthias Hollwich (2010), arquiteto e professor na


Universidade da Pensilvânia e sócio do escritório nova-iorquino HWKN, acredita que
sustentabilidade é projetar para uma sociedade que está ficando cada vez mais
velha, são as duas maiores preocupações do arquiteto de nossos dias. Falando
sobre o que é essencial ao projetar para idosos, Hollwich diz: “Projete para si próprio
e leve em consideração que os movimentos e a socialização se tornarão mais
difíceis. Arquitetura, urbanismo, produtos e serviços precisam compensar essa
dificuldade” (SCHIVITZ, 2012).

A partir desse contexto, buscou-se constituir conhecimento acerca do tema


através de análises de dados secundários relativos aos idosos, como à ergonomia,
comportamento, limitações, saúde e a psicologia dos idosos, a fim de definir as
primícias para se projetar os ambientes necessários a esse grupo específico de
pessoas. Não se dissocia edifício e cidade, por isso a partir dessa premissa que se
levou em consideração o espaço urbano para a elaboração da proposta.

Para este novo perfil de idoso, que possui uma demanda crescente, o modelo
tradicional de casa de repouso, onde o idoso fica institucionalizado, privado de sua
liberdade e autonomia, já se tornou ultrapassado, abrindo então uma lacuna para um
empreendimento que busque atender às essas necessidades contemporâneas dos
idosos.
13

De acordo com Boka (2009,p.10), terceira idade traz consigo algumas


novidades. Antes acostumados a vitalidade da juventude, que já não se faz tão
presente, alguns idosos surpreendem-se com o envelhecimento e as consequências
da idade. De acordo com o Estatuto do Idoso, a família, a sociedade e o estado são
responsáveis por assegurar os direitos à cidadania, garantir a participação na
comunidade, defender a dignidade, bem-estar e direito a vida de toda a pessoa
idosa.

Dessa forma, o objetivo é apresentar um edifício residencial que procura se


diferenciar dos institutos de longa permanência e dos asilos que são oferecidos
como alternativas para habitação de idosos. Apresentando uma forma de morar para
idosos não-asilados, uma edificação contemporânea, em uma área privilegiada da
cidade, com um programa adequado, que traga consigo o conceito de integrar
habitação, cuidados médicos e habitação no mesmo espaço. Integrando o idoso
com a sua cidade e comunidade, oferecendo espaços que sejam adequados para as
suas necessidades, e acesso a cuidados especiais quando necessário.
Incorporando dessa forma, um conceito de vivência para terceira idade, capaz de
satisfazer as suas necessidades, mas sempre primando pela privacidade e liberdade
dos seus moradores, que são capazes de manter suas vidas e atividades diárias sob
seu controle.
14

2. O ENVELHECIMENTO NO BRASIL
O envelhecimento tem aumentado significativamente nos últimos anos, isso
se dá por razão de vários fatores. Dentre eles, as pessoas estão vivendo cada vez
mais e melhor, e isso tende a se tornar mais intenso nas próximas décadas, por
conta do aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de fecundidade. Por
isso é necessário conhecer o processo de envelhecimento que tem ocorrido no
Brasil, principalmente nas últimas décadas, alertando da necessidade de ampliação
das pesquisas e políticas que cercam esse tema, atualmente muito falado, mas
pouco aprofundado em relação às necessidades dos idosos em sua moradia
(BARRETO, 1992, p. 12-15).

2.1. Conceitos e o processo de envelhecimento


A população idosa tem aumentado rapidamente nos últimos anos, parte se
deve ao aumento da expectativa de vida das pessoas, outro ponto é a gradativa
queda da taxa de fecundidade. Avaliar o conceito de envelhecimento e como esse
processo acontece, auxilia no planejamento de medidas que possam atender à essa
parcela da população de maneira mais efetiva (IBGE, 2010).

Oficialmente, a Organização Mundial de Saúde, considera como idoso, a


pessoa com idade igual ou superior a 65 anos que moram em países desenvolvidos
e com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento, perfil onde se enquadra o
Brasil (Mazo, Lopes e Beneditti, 2001). De acordo com o IBGE (2011), pessoas com
mais de 60 anos somam 23,5 milhões, ou 12,1% dos brasileiros, mais que o dobro
do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas.
Na comparação entre 2009 e 2011, o grupo aumentou 7,6%, ou seja, mais de 1,8
milhão de pessoas.

A partir da análise das informações sobre a quantidade de idosos no Brasil


apresentadas pelo IBGE, nota-se o crescimento constante da parcela da população
com mais de 60 anos. Os idosos que representam hoje 12,1% poderão atingir
13,78% em 2025 (tabela 1):
15

Tabela 1. População Idoso no Brasil entre 1950 e 1980 e Projeção até o Ano 2025. *Os dados são
percentuais do total da população brasileira.

Faixa Etária (%)


Décadas
60-69 70-79 80 ou mais % total
1950 2,79 1,05 0,04 3,88
1980 3,78 1,80 0,50 6,06
2000 4,58 2,57 0,84 7,99
2025 8,00 4,29 1,49 13,78

Fonte: Veras, 1994, p.26.

Com o aumento gradativo da população idosa no Brasil, faz necessário um


planejamento claro e objetivo a fim de atender as necessidades dessa população,
através da criação de políticas públicas e privadas, não se pode permitir que o ato
de viver se transforme em um fardo, tornando as pessoas inseguras e infelizes ao
ingressarem nessa fase da vida.

o fato de os velhos representarem uma parcela da população cada vez mais


significativa do ponto de vista numérico tem levado a uma preocupação da
sociedade com o processo de envelhecimento, dando origem a uma série
de práticas que visam promover uma adaptação bem sucedida à velhice
(DEBERT, 1999, p. 537)

Deve-se ter uma preocupação com o processo de envelhecimento, visto que


tem se aumentado significativamente nas últimas décadas. Dando origem a uma
série de práticas que devem buscar satisfazer as necessidades desse crescente
grupo de pessoas.

Os dados apresentados revelam muito mais do que um simples crescimento


de idosos no Brasil, pois mostram que se deve haver uma preocupação de todos,
em especial os arquitetos e urbanistas em proposições de caráter social, que devem
estar sempre planejando e buscando medidas práticas que possam proporcionar a
essa importante parcela da população a satisfação de suas necessidades, a fim de
promover mais qualidade de vida.
16

2.2. O idoso e a família


Quando se envelhece, as transformações são muitas, tanto físicas e
psicológicas, como também sociais. Existe uma grande preocupação da sociedade
em cuidar dos seus idosos, mas o estilo de vida pós-moderno que vivemos hoje,
onde grande parte da família trabalha, estuda e tem sua vida, acaba por dificultar
esse convívio social com o idoso, tornando a base familiar fragilizada e gerando
ausências tanto sociais como assistenciais (AMARAL,2005).

Barreto (1992), destaca a problemática social do idoso, evidenciando ter este


um modo particular de vida e de ser, que só pode ser adquirido após muita
experiência. Ainda de acordo com Barreto (1992), a percepção de envelhecimento
modifica-se de acordo com a época histórica e há uma evolução da mudança de
atitude ao longo dos séculos.

São várias as transformações ocorridas no interior da família brasileira,


consequências do acelerado processo de urbanização e industrialização
sofrido pelas grandes cidades, cuja consequência principal foi o
desaparecimento progressivo da “grande família”: os velhos não ocupam
mais o lugar privilegiado que antes lhes era reservado e a solidariedade
familiar toma novos contornos. Entretanto, tudo pode parecer indicar que as
pessoas de mais idades criaram estratégias de sociabilidade e
solidariedade fora da rede familiar (PEIXOTO, 1998).

A casa e o grupo familiar são muito importantes para o idoso, pois fazem
parte de sua história, um elemento referencial do passado. Por isso, é necessário
que o espaço físico, ou seja, a casa, esteja adequada às necessidades físicas e
psicológicas, e que seja capaz de corresponder a esse modo particular de vida do
idoso.

Para Ferreira (1998) as casas são testemunhas do grupo familiar, de sua


dimensão mais íntima, dos ritmos diários e dos rituais, das rupturas e
descontinuidades e da sucessão de gerações. A casa passa a ser integrada ao
indivíduo através de suas vivências sendo elemento importante a identidade social
do idoso. O espaço doméstico e os objetos de uma vida inteira são elos
materializados com outros tempos, cujos sinais sobrevivem para reforçar a memória,
elemento estabilizador em um contexto descontínuo.
17

De acordo com Ferreira e Barreto, as casas refletem a vida e as relações


familiares dos idosos, é na casa onde o idoso encontra as suas referências, toda a
sua história de vida e as relações com a sua família.

A família é a referência do idoso, preservar esses vínculos, é preservar a sua


história. Por isso é essencial que a casa reforce esses laços, e que ela também
consiga integrar o idoso a sua família, principalmente nos momentos difíceis, como
nas enfermidades e doenças. De acordo com Lopes et al (2009), a solidão é o
sintoma que mais afeta o idoso.

É necessário que a proposta a ser apresentada preserve esses vínculos na


vida do idoso e que incentive o convívio social, extremamente importante para uma
qualidade de vida, por isso a proposta deve se diferenciar dos residenciais
geriátricos que assumem o perfil de enfermaria e oferecer um programa
diferenciado, que busque integrar o idoso a sua cidade e comunidade.

2.3. O envelhecimento e a qualidade de vida


Já não é mais raro chegar na terceira idade, essa conquista já foi alcançada
pela geração atual. O que se deve buscar agora, é como trazer mais qualidade de
vida para essa significativa parcela da população. Segundo Couto et al(2006, p.
315), “a aceleração do envelhecimento populacional não foi acompanhada de
planejamentos adequados para o atendimento de idosos”. Procura-se então
compreender de que forma a arquitetura pode contribuir para a melhora da
qualidade de vida do idoso.

De acordo com Barreto (2000), cerca de 60% dos idosos apresentam pelo
menos uma doença crônica que lhe traz limitações e sofrimento, e 33% tem duas
dessas doenças sobrepostas, ele ainda estima que cerca de 5% da população idosa
tenha doenças psíquicas graves, incluindo demencias avançadas e outras psicoses.
Isso tudo acarreta não só no sofrimento do próprio enfermo, mas também em seu
círculo familiar.

Nota-se que boa parte da população idosa sofre de graves problemas de


saúde, acarretando além de um sofrimento no indivíduo e da família, acaba por
gerar altos custos, ao serviço público de saúde ou ao idoso e a família.
18

Barreto (2000) afirma que em muitos casos o mau ambiente criado na família
conduz à rejeição do idoso, vítima de negligencias ou mesmo maus tratos e
agressões.

Por esses motivos muitos idosos acabam preferindo viver sozinhos, muitas
vezes sem companhia e auxilio, mas que são compensados pela maior liberdade.
Esse problema é agravado em situações onde o idoso já não possui mais a sua
família de sangue, e o idoso se encontra à guarda de parentes distantes ou
“acidentais”.

Uma das estratégias consideradas importantes para um envelhecimento


com qualidade de vida é uma postura proativa, de forma que o idoso deva
escolher seus próprios objetivos e lutar para alcançá-los, reunindo recursos
que são úteis na adaptação às mudanças e ativamente envolvido na
manutenção do seu bem-estar. Além disso, os modelos de qualidade de
vida usam conceitos de independência, controle, competências sociais e
cognitivas (INOUYE, BARHAM, et al., 2009).

O autor deixa evidente que a qualidade de vida está estritamente ligada a


independência do idoso, devendo ele escolher seus próprios objetivos e a forma
como fará para alcançá-los. Cabe ao arquiteto proporcionar formas de que ele
consiga atingir essa independência, por meio de projetos que possam facilitar a vida
do idoso, contribuindo para uma autossuficiência e controle do idoso sobre o seu
meio.

Segundo um estudo realizado por Paschoal et al (2008) por meio de


entrevistas com 193 idosos na cidade de São Paulo/SP, a qualidade de vida desta
população era composta por oito dimensões principais. São elas: saúde física,
capacidade funcional e autonomia, psicológica, social e familiar, econômica, hábitos
e estilo de vida, meio ambiente, espiritualidade e transcendência.

Esses dados nos revelam que a qualidade de vida do idoso, tem como
princípio a capacidade funcional e autonomia. Pontos esses, que devem ser
explorados na arquitetura, de modo a oferecer ao idoso, formas para que isso possa
ser alcançado, através do projeto de ambientes funcionais, seguros e confortáveis.
19

3. O IDOSO CONTEMPORÂNEO
Precisa-se compreender os idosos de hoje, quais as suas necessidades, as
suas atividades e como é o seu dia-dia. Entendendo de que forma isso pode
contribuir para uma arquitetura mais inclusiva, social e humanista. Para essa terceira
idade contemporânea é necessário que haja estruturas adequadas, que possam
corresponder às suas necessidades e expectativas, tornando a vida dessa
população mais confortável e segura.

3.1. Características da população idosa no Brasil


De acordo com Moraes, Lima e Moraes (2010), o envelhecimento biológico é
implacável, ativo e irreversível, e causa mais vulnerabilidade do organismo às
agressões externas e internas. O envelhecimento é um processo de natureza
multifatorial. Podendo ou não haver a diminuição de capacidade funcional de
algumas áreas afetadas.

O envelhecimento é um processo natural, onde pode ocorrer diversas


mudanças no organismo humano. Mas existem algumas maneiras de aliviar essas
mudanças e torna-las menos agravantes, de acordo com Ferriolli (2014):

Se durante o processo de envelhecimento ocorrem tantas mudanças no


organismo humano, elas podem ser agravadas dependendo do estilo de
vida de cada pessoa. A forma como cada um levou sua vida também pode
resultar em novos problemas para a saúde, contribuindo inclusive para uma
maior incidência de doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson
e Alzheimer. [..] É sabido que na determinação do estado de saúde de uma
pessoa até sua oitava década de vida, a genética contribui com cerca de
30%, os outros 70% ficam por conta de hábitos, dieta, meio ambiente,
atividade física, nível educacional, aspectos sociais e outros fatores
modificáveis.

Pode-se perceber que o estilo de vida da pessoa pode influenciar no


surgimento de vários problemas relacionados à sua saude ao decorrer do
envelhecimento, podendo inclusive o meio ambiente, os aspectos sociais, atividade
física colaborarem para o agravamento do estado de saúde do idoso. Por isso,
esses aspectos devem ser considerados para a elaboração de projetos que atendam
esse público.
20

Verifica-se, também, que elaborações simbólicas e práticas, como a ideia


de “terceira ou melhor idade”, vêm se impondo, em “resistência” à visão
marginalizada, à solidão e aos estigmas do envelhecimento, forjando uma
imagem de velhice bem-sucedida. “jovens velhos e velhas” podem
desempenhar atividades sociais, esportivas e culturais, como critério
inclusivo de pertinência social. Estudos que revisam criticamente essa
“ideologia da terceira idade” indicam-na como busca exteriorizada de
superação dos riscos “naturais”, numa escolha de competência individual
para adequação a modernos padrões de sociabilidade, de controle do corpo
e do envelhecimento (MACHADO, 2005)

De acordo com o autor, o idoso vem desempenhando um papel cada vez


mais ativo na sociedade. Participando de diversas atividades sociais, que o insere
de forma participativa e inclusiva. Atividades essas que corraboram para hábitos
mais saudáveis, podendo esses prolongar e trazer mais qualidade de vida ao idoso.

É fundamental também, conhcer as limitações físicas dos idoso, podendo


assim colaborar para o desenvolvimento de um projeto mais adequado. De acorado
com a Human Factors and Ergonomic Society 1, que nos anos 80 começou a medir
pessoas idosas, em função do evidente crescimento dessa população. Existem
dados disponíveis sobre pessoas com idade entre 65 e 79, somente. Há perda de
altura de 5% a 6% em relação à idade de 20 anos, com tendência a piorar com o
avanço da idade. Também a acuidade visual tende a piorar, chegando a menos da
metade aos 80 anos, além de aumentar a dificuldade em distinguir as cores verde,
azul e violeta devido ao amarelamento do cristalino. A redução da força nos
membros e o enrijecimento das articulações também criam dificuldades nos
movimentos, além de haver outras modificações físicas:

- A força das mãos é reduzida em cerca de 16-40%.

- A força dos braços e das pernas é reduzida em cerca de 50%.

- A capacidade pulmonar é reduzida em cerca de 35%.

1
Human Factors and Ergonomic Society (tradução livre: sociedade de fatores humanos e
ergonomia), é uma sociedade fundada nos EUA em 1957, sua missão é promover a descoberta e
intercâmbio de conhecimentos sobre as características dos seres humanos que sejam aplicáveis à
concepção de sistemas e dispositivos de todos os tipos, fonte:
https://hfes.org/web/AboutHFES/about.html
21

- A maioria das dimensões corporais diminui com o aumento da idade.

- O nariz e as orelhas aumentam em largura e comprimento.

- O peso pode aumentar 2 kg a cada dez anos.

(TILLEY, 2005, p.15)

Cabe ao profissional de arquitetura e urbanismo, analisar essas


características, e saber aproveita-las da melhor forma para o desenvolvimento do
projeto, facilitando as atividades do dia a dia, buscando maneiras de estimular os
idosos à terem habitos saudáveis, e também buscar formas de fomentar a
participação efetiva dos idosos em atividades sociais, esportivas e culturais.

3.2. Mudanças e comportamentos


Avaliar as mudanças e os comportamentos da população idosa no Brasil,
ajuda a compreender os interesses e as demandas desse grupo. Os idosos
enquanto sujeitos transformadores que compartilham um conjunto de valores e
experiências culturais, pretende-se dessa forma afirmar que é possível proporcionar
a estes usuários a qualidade de vida a que tem direito. Segundo Ballstaedt (2006):

Conforme pesquisa, os idosos brasileiros são responsáveis pela


manutenção de 25% dos lares nacionais, ou seja, 47 milhões de domicílios.
Apenas 15% deles não tem renda alguma. Já a renda média mensal dessa
parcela da população é de R$ 866. E eles estão em maior número na classe
A/B do que a média nacional, segundo levantamento da Associação
Nacional das Empresas de Pesquisa de Mercado (ANEP). Trinta um por
cento dos idosos pesquisados fazem parte dessa classe, contra 29% do
total nas regiões metropolitanas. E também estão em menor número na
classe D/E – 34% na pesquisa contra 35% considerando-se toda a
população avaliada pela associação (BALLSTAEDT, 2006).

De acordo com a pesquisa acima, os idosos são responsáveis por grande


parte dos lares brasileiros, e são economicamente ativos, representados boa parte
em classes sociais mais altas. Ainda de acordo com IBGE (2012), o número de
idosos que vivem sozinhos triplicou nos últimos 20 anos, passando de 1,7 milhão em
1992 para 3,7 milhões em 2012. A maior parcela é representada por mulheres, onde
elas são responsáveis por 65% do total de idosos vivendo sozinhos. Mas entre os
homens houve um crescimento na representatividade, passando de 31% para 35%
na última década.
22

Para Samorano (2014), o momento que as familias passam a pressionar o


idoso para que saida da própria casa e morar com um parente, um cuidador ou em
uma instituição, é justamente aquele em que julgam que o idoso já não consegue
mais cuidar de si – esteja esse jugamento certo ou não.

Nota-se que grande parte dos idosos só deixam o seu lar, quando se
encontram com dificuldades para morarem sozinhos. Dificuldades essas que muitas
vezes poderiam ser superadas se tivessem uma habitação adequada, que
atendesse às premícias de acessibilidade, ou que ainda possuíssem algum tipo de
auxílio para realizar as atividades cotidianas.

3.3. Atividade física e longevidade


Não se pode pensar em envelhecer com saúde, sem que além das medidas
gerais de saúde se inclua a atividade física. Alguns dados obtidos com atletas
idosos, mostram que apesar de não continuar com o mesmo nível de atividade
física, eles possuem maior capacidade física do que os seus companheiros não-
atletas (MATSUDO, 2006).

De acordo com Miranda (2012), a atividade física assume um papel muito


importante para o idoso, auxiliando na aptidão física e na capacidade funcional, pois
com o avanço da idade, ocorrem múltiplas perdas significativas, que é necessário a
realização de um trabalho tanto físico quanto psíquico para a readaptação. As
maiores perdas são principalmente a queda da força, da massa muscular, da
capacidade cardiovascular, diminuição do equilibrio, da flexibilidade, da percepção,
da memória e da sensibilidade dos sentidos.

De acordo com a autora acima, a atividade física tem um papel muito


importante para a qualidade de vida do idoso, trazendo muitos benefícios para a sua
saúde, e auxiliando na capacidade física e motora. Dessa forma, deve-se buscar
maneiras para estimular a atividade física do idoso, através da criação de espaços
para caminhada, ginástica, alongamentos, entre outras maneiras.

Para Corazza (2005), a partir do momento que o envelhecimento vai


perdendo sua imagem negativa, os grupos de idosos para práticas de exercícios vão
aumentando em número e adeptos. Esse numero se dá pelo objetivo de resgatar a
23

dignidade do idoso, reduzir os seus problemas, quebrar os preconceitos e


esteriótipos e tratar de valorizar o cidadão com mais idade. Através da criação de
espaço para lazer e diversão, proporciona-se momentos de conquista e prazer, da
satisfação e da realização de sonhos acalentados em outras etapas da vida, bem
como aprendizagem de novos conhecimentos e da aquisição de novas experiencias.

Portando, quanto mais o idoso tiver autoestima e confiança, mais teremos


pessoas aptas à praticarem exercícios, proporcionando um ganho físico e mental.
Ampliando ainda mais a sua autoestima, melhorando a sua qualidade de vida e
promovendo a sociabilização.

No Brasil houve um grande aumento de programas voltados ao idoso, como


grupo de terceira idade, escolas abertas, grupo de convivência de idoso,
tendo como objetivo encorajar o idoso na busca da autoconfiança e do
autoconhecimento, dando suporte para enfrentar a dificuldade do seu dia a
dia, como sua diminuição de habilidades cognitivas, baseadas no uso da
linguagem e na capacidade de comunicação, vitais para uma pessoa tornar-
se autônoma e aceita. Faz parte dessa autoconfiança o controle físico, ou
seja, a necessidade de controlar os movimentos do corpo, os movimentos
dos nossos membros, rosto e cabeça, o grau de capacidade motora que
envolve sentar, ficar de pé e andar, tanto quanto a capacidade de conter e
reter os fluidos corporais. E o controle emocional, visando a necessidade de
controlar a expressão das emoções, raiva, ira, inveja, ódio, choro, amor,
desejo, de modo que explosões emocionais e perda de controle somente
tomem lugar em ocasiões e de forma que possam ser socialmente
sancionadas e aceitáveis (DEBERT, 1999).

É necessário estimular no idoso uma autoconfiança mútua, criando um


ambiente de sinceridade e amizade, podendo-se desta forma realizar momentos de
lazer e bem-estar social, o que estimulara a interação pessoal, que por sua vez leva
o idoso a se reconhecer, com suas limitações, hábitos, etc, (ASSIS, 2005).

É importante que o local onde o idoso esteja inserido estimule e possibilite


que ele pratique algumas atividades físicas, por isso é recomendável que locais
destinados a terceira idade tenham em seu programa de necessidades ambientes
como academias, salas de ginástica, piscina, salas de dança, pistas de caminhada,
enfim, qualquer espaço que possibilite o idoso se exercitar, aumentando assim o seu
bem estar e a sua qualidade de vida.
24

3.4. O idoso e a tecnologia


A necessidade da inserção da tecnologia na terceira idade vem tornando-se
uma forma de sociabilização com o mundo contemporâneo, e isso pode favorecer as
relações familiares, sociais, comerciais entre outros. Entretanto, verifica-se que esta
atividade repercute também em sua qualidade de vida, auxiliando nos estímulos
cognitivos, musculares e motores (BIZELLI, BARROZO, et al., 2009).

De acordo com Kachar (2001), o idoso durante muito tempo, foi esquecido por
sua família, e por toda a sociedade, sentindo-se desdriminado e excluído, contudo
com o avanço da Tecnologia, por conseguinte, da Medicina, a terceira idade está
ganhando lugar de destaque junto à sociedade, pois provou que o indivíduo, mesmo
em idades bem avançadas possui potencial produtivo e participativo, e que poderá
viver com qualidade.

A tecnologia é capaz de incluir o idoso à sociedade, pois oferece a ele, formas


de torna-los produtivos e participativos mesmo em idades mais avançadas. Podendo
auxilia-los nos relacionamentos familiares, comerciais, atividades de lazer e
oferecendo uma maior comodidade e conforto ao idoso.

A tecnologia tem como um dos objetivos facilitar a vida das pessoas,


explorando as relações sociais, nesse sentido, pode-se dizer que sua virtude é
aproximar as pessoas que estão distantes. Mas não existe um consenso sobre isso,
alguns defendem que a tecnologia afasta as pessoas que estão mais próximas, e
contribui para o isolamento (CARDOSO, COSTA, et al., 2005).

Com a chegada da terceira idade, o idoso torna-se mais detalhista e mais


paciente; a vivência permite a distinção entre o banal e o fundamental; a
crescente sabedoria permite uma capacidade de julgamento melhorada; o
reconhecimento do valor da vida solicita a urgência e a necessidade de
atuação com um nível surpreendente de envolvimento pessoal, que por sua
vez estimula a criatividade; a velocidade é substituída pela acuidade, e a
capacidade de recordação aumenta, ou seja, a pessoa passa a viver mais
de recordações do que do próprio presente. Há uma diminuição da
capacidade de novas conexões intelectuais e isso é substituído pela
experiência; os envolvimentos com negócios cedem lugar às
responsabilidades no contexto familiar e comunitário; as paixões e as
volúpias são substituídas por deleites mais refinados; a questão social é
redimensionada no sentido do amor, do calor humano e da intimidade do
toque entre pessoas; atitudes e preferências ganham maior estabilidade; a
participação política e de cidadania torna-se mais efetiva; há menos temor
sobre a morte; a força do corpo é substituída pela força de espírito; entre a
situação real e a situação potencial abre-se o espaço para o compromisso
social e político e para a ação. Daí a Universidade da Terceira Idade (SÁ,
1995, p. 3)
25

O aumento da familiaridade dos idosos com a tecnologia, facilita com que os


dispositivos de tecnologia assistiva ou TA 2 sejam utilizados como forma de
incrementar capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida de idosos. Sendo
de grande importancia para os idosos, diminuindo a dependencia, incrementando
segurança e comodidade à realização de tarefas funcionais e diminuição de
episódios de reinternação e de gastos relacionados à saúde (ANDRADE e
PEREIRA, 2013).

evidências científicas concluem que o uso da TA permite ao idoso, em


muitos casos, desenvolver as atividades funcionais de vida diária com
segurança, aumentando sua independência e autonomia, prevenindo
comorbidades e, dessa forma, contribuindo para a melhoria da sua
qualidade de vida. Assim, pode-se concluir que a utilização da TA pela
população idosa poderá diminuir a necessidade de cuidadores não-formais
e formais, prevenir acidentes e quedas, hospitalizações e
institucionalizações, além de um menor gasto financeiro com o paciente
(ANDRADE e PEREIRA, 2013, p. 120).

A tecnologia assistiva pode colaborar para a qualidade de vida do idoso. Esse


é o motivo pelo qual é importante frisar nesse ponto, que o conhecimento dessas
tecnologias e sua aplicabilidade pode contribuir para um projeto mais seguro, que
ajude a prevenir acidentes e que colaborem para a independencia e segurança do
idoso.

A automoção residencial é uma tecnologia assistiva que pode contribuir no dia


a dia do idoso, de forma que facilite e torne automáticas alguas tarefas, que em uma
residencia convencional ficaria a cargo dos moradores. A tecnologia veio para
melhorar a qualidade de vida das pessoas, especialmente aqueles que tem
problemas de mobilidade ou deficiencias físicas (NICHELE, 2010).

A seguir alguns exemplos de equipamentos utilizados para automoção


residencial para idosos expostos por Nichele (2010):

2
Tecnologia Assistiva - TA é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de
recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas
com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCH & TONOLLI,
2006).
26

- Piso radiante ou piso aquecido: é um sistema de aquecimento elétrico por


meio de cabos colocados sob o pavimento, de forma a manter a temperatura
desesjada, proporcionando uma temperatura ambiente entre 21 a 25ºC;

- Cama articulável: uma cama com controle remoto onde o usuário ajuste a
cama para que se sinta mais confortável;

- Persianas com controle remoto: é o acionamento remoto de persianas,


fazendo que o usuário não tenha que se locomover até ela para fechá-la;

- Sensor de presença: pode ser utilizado de diversas formas, a sua maior


utilização é em relação a iluminação e abertura de portas, trazendo mais segurança
e comodidade ao usuário;

- Monitoramento via internet: através desse sistema é possivel monitorar um


ambiente por qualquer lugar do planeta, através da internet. Com isso a segurança
aumenta e caso venha a ocorrer algum problema com o idoso, é possível tomar
providencias para socorrer a vítima;
27

4. BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA E TIPOLÓGICA DA MORADIA


NO BRASIL
Esta sessão não tem pretensão de ser historiográfico, seu objetivo está em
compreender de que forma o idoso se relaciona com a sua moradia, e como isso
pode influenciar a sua vida, principalmente em edifícios de apartamentos. Para
então, estabelecer diretrizes para a concepção e composição de soluções
arquitetônicas, que possam atender de forma satisfatória, segura e confortável o
idoso contemporâneo.

4.1. A evolução da casa


Antes de iniciarmos, o ato de morar é uma manifestação cultural e enquanto
as técnicas construtivas e os materiais variam com o progresso, o habitar um
espaço, além de manter vínculos com a modernidade, tambem está relacionado com
os usos e costumes tradicionais da sociedade. Como o Brasil é um país
heterogêneo, as familias tem as mais diversas expectativas em relação a qustão da
moradia. Deve-se lembrar que a função primordial da casa é o abrigo. A casa tem
que ser compreendida como um abrigo seletivo e corretivo das manifestações
climáticas, enquanto ofere as mais variadas possibilidades de proteção (LEMOS,
1996, p.07).

No Brasil colônia, as principais construções eram em zona rural, primeiro as


casas de engenho, e posteriormente as “Casas Grandes e Senzalas” (figura 1), que
duraram durante os vários cliclos econômicos agrícolas (açúcar e café
fundamentalmente) até finais do século XIX, com o fim da escravidão
(ZORRAQUINO, 2006).

Ainda de acordo com Zorraquino (2006), as casas eram caracterizadas pela


utilização de técnicas e materiais simples e locais. Baseado na mão-de-obra
abundante, determinada pela existencia de trabalho escravo e falta de
aperfeicoamentos, praticamente todas as moradias tinham as mesmas
características. As pessoas mais ricas apenas aumentavam as dimensões dos
28

comodos, ou um maior número de peças, sem chegar a definir um tipo diferente de


habitação.

Já no século XIX, o livre comercio mundial e a influência dos costumes


europeus no Brasil colocam-se de manifesto na arquitetura e nas artes, marcada
também pela chegada da Missão Francesa e a criação da Academia Imperial de
Belas Artes. Inicia-se com a chegada de arquitetetos estrangeiros que produzem
uma mudança nos habitos de construção. Novas técnicas e materiais importados se
impõe aos poucos, inicia-se uma maior preocupação dos arquitetos em relação a
casa, principalmente na questão de oferecerem mais conforto e comodidade aos
seus moradores (GOULART, 1990, p. 27).

A partir de meados de 1900, a industrialização começa a produzir as


primeiras tranformações tecnologicas importantes no país. Surgem as primeiras vilas
operárias, destinadas a população de baixa renda. O surgimento do concreto
armado e a utilização de elevadores, permitem a aparição das novas tipologias da
construção vertical, imensos prédios de apartamentos, edificios comerciais e
escritórios, os chamados arranha-céus. Os apartamentos são similareas as casas
terreas, substituindo pátios por poço de luz. A substituição de paredes estruturais
por vigas e colunas de concreto permitiu uma grande liberdade de plantas em
relação à rigidez do passado (ZORRAQUINO, 2006).

As principais características da arquitetura brasileira no século XX, todas


elas decorrentes das condições históricas vigentes no país na época, são
então as seguintes: predominância da arquitetura urbana, ausência
quase total de preocupações sociais, importância fundamental dos
edifícios públicos, prioridade às realizações de prestígio, preocupação com
a personalização e com o aparato formal, nítido desejo de conceber
uma arquitetura atual, voltada para o futuro mas sem desprezar os valores
do passado, conflitos e tentativas de conciliação entre, de um lado, o
apelo revolucionário e ao apego à tradição, e, de outro, a sedução por
tudo que é estrangeiro e o orgulho nacional (BRUAND, 1991, p.29).

Observa-se que existia uma grande preocupação com a arquitetura urbana,


especialmente em relação a edificios públicos e obras que pudessem trazer
prestígio, mas pouco ou quase nenhuma preocupação social. A partir dos anos 80,
com mais efetividade nos anos 90, inicia-se um processo de pesquisas
estabelecidos pelas disciplinas de antropologia e de história, em que se coloca o
popular e suas interfaces com os temas da cidade e do urbanismo como papel
fundamental na arquitetura. No caso especifico do tema da moradia, a revisão tratou
29

de mostrar que houve a preocupação com a habitação popular e que os arquitetos


modernos não estavam mais à margem das questões da transformação da
sociedade por meio do habitar (NASCIMENTO, 2012).

Para que a casa, a moradia ou habitação, seja compreendidas como um


invólucro seletivo, é preciso que seja mais do que um mero ‘abrigo’ e necessita ser
pensada, contruída ou mesmo planejada, não como uma máquina a qual o homem é
doutrinado a habitar ou a se adaptar, mas sim como um espaço que atenda a todas
as necessidades do ser que vai habitar em qualquer época da vida. A casa distingue
um espaço de calma, repouso, recuperação e hostilidade, enfim, tudo aquilo que
define a ideia de ‘amor, ‘carinho’ e ‘calor humano’, (DA MATTA Apud ESTEFAN,
2002, p. 50).

Segundo Zorraquino (2006), os aspectos funcionais e tipológicos da moradia


estão diretamente relacionados com os condicionantes sociais e ambientais. São as
condicionantes sociais que definem o programa, os usos e o tamanho, das
diferentes peças ou quartos da moradia, em fim, a sua “tipologia social”, em função
da cultura, dos costumes e das possibilidades materiais e conomicas dos
moradores, seguindo a classe social a que pertencem. Os condicionantes
ambientais ou naturais do local, como sol, temperatura, umidade, arejamento, chuva
etc., assim como os maateriais e tecnologias da construção, próprios do locais onde
serão construídas. Elementos que sempres estiveram presentes nas construções
das moradias, em especial das mais populares. Dessa forma, as moradias mais
consequentes como a economia energética e com o respeito do meio ambiente, são
aquelas que se adaptam e utilizam eficientemente estes recursos locais e naturais
através da denominada arquitetura ecológica ou bioclimática.

De acordo com os autores acima, conclui-se que a tipologia de moradia é


muito particular de cada local onde ela está inserida, e do período que ela foi
construida. A sua forma e distribuição depende de diversos fatores, como as
possibilidades sociais e conomicas, dos materiais disponíveis para construção e das
tecnologias construtivas. Ela deve refletir o estilo de vida de sua época, devendo
atender também à todas as necessidades do ser que vai habitar em todas as suas
fases da vida.
30

4.2. Asilos e instituições de longa permanência


Os asilos são considerados, como as mais antigas modalidades de
atendimento ao idoso fora do lar. Após a Constituição de 1988, diversos tópicos
relativos aos direitos das pessoas idosas ganharam espaço, onde até então não
havia preocupação do poder público, mas com a inserção das ações de assistência
social no âmbito das políticas públicas esse tipo de serviço se tornou uma
preocupação maior do estado (IPARDES, 2008).

A história das instituições asilares remonta à Grécia Antiga, com a existencia


dos gerontokomeions, que podiam ser hospícios, hospitais, asilos, abrigos ou
albergues para velhos (REZENDE, 2001). Somente a partir do século XVIII na
Europa, que os idosos começaram a ser reconhecidos como um grupo diferenciado,
destinados a ter um local de hospitalidade. Principalmente na Holanda, onde até
hoje persistem os hofjies europeus, destinados a abrigar religiosas idosas
(CANNON, 2000).

...em 1782, autorizou-se a destinação dos workhouses 3 para o uso


exclusivo de enfermos, idosos e crianças; e que a partir de 1834 que muitos
dos novos edificios de asilos para pobres manifestaram suas claras
reminiscências de fábricas, barracos e prisões, existindo uma estreita
relação entre a arquitetura deste tipo de edifícios e a arquitetura dos
edificios industriais; caracterizados pelos altos perímetros das paredes, as
portas altas de entrada e pelo bloco de observação (DICKENS, 1976 apud
QUEVEDO, 2002).

A primeira instituição destinada para o abrigo de idosos no Brasil foi


inaugurada em 1980, na cidade do Rio de Janeiro, a Fundação do Asilo São Luiz
para a Velhice Desamparada, marcando o início de uma preocupação ao amparo da
velhice brasileira, conforme descreve Groisman (1999):

“O Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada não foi uma instituição
qualquer, mas uma instituição modelar para a sua época. Fundado por um
proeminente homem de negócios da sociedade carioca, o Visconde Ferreira
de Almeida, rapidamente passou a receber subvenções públicas e a contar
com o apoio de uma ordem de freiras Franciscanas que cedia irmãs para

3
“Workhouse” era uma instituição onde os trabalhadores pobres eram alimentados e
alojados. Os primeiros registros de workhouses datam de 1600 na Inglaterra, época em que uma
série de Leis dos Pobres foram definidas, a fim de ajudar os pobres e indigentes, instaurado por
Elizabeth I (CROWTHER, 1979).
31

cuidarem dos asilados. Em pouco mais de três décadas, ampliou


enormemente sua capacidade, inicialmente de 45 leitos, em 1892, para 260
leitos, em 1925. Para tanto, ampliou e modernizou suas instalações, numa
série de obras financiadas com o dinheiro das subvenções e dos inúmeros
donativos que a instituição recebia.” (Groisman, 1999, p. 71).

O modelo de asilo brasileiro, até hoje ainda tem muitas semelhanças com as
instituições totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de
saúde e/ou habitação para idosos (LIMA, 2011). De acordo com Goffman (2007, p.7)
define instituição total como sendo "um local de residência e trabalho, onde um
grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade
mais ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e
formalmente administrada".

A procura por essas instituições tem aumentado, mas o Brasil não está
preparado para esse aumento de demanda, e as instituições na sua grande maioria,
não estão estruturadas para receber os idosos (Ministério Público Federal (BR),
2011). Geralmente são casas inapropriadas e inadequadas às necessidades do
idoso, as quais não lhes oferecem assistencia social, cuidados básicos de higiene e
alimentação. É uma modalidade muito antiga, que mantem o idoso fora do seu
convivio familiar, favorecendo dessa forma o seu isolamento, sua inatividade física e
mental, tendo assim consequencias negativas quanto à sua qualidade de vida. Na
maioria delas, os idosos ficam esperando a morte (FREITAS e SCHEICHER, 2010).

De acordo com IPARDES (2008), no Paraná, estado onde será implantado a


proposta, possui um total de 229 instituições, local onde residem 5.393 internos com
mais de 60 anos, representando 0,5% da população com essa idade. Nessas
condições, abre-se espaço para o planejamento de politicas a serem adotadas,
encontrando soluções alternativas a partir das situações inadequadas encontradas
nesse tipo de instituição.

4.3. Edifícios de apartamentos e conceito de vida assistida


As pessoas estão constantemente em busca de uma melhor qualidade de
vida, e a moradia e a sua localização são um dos principais elementos, que
corroboram para isso. Como resultado dessa busca por melhores localizações, o
adensamento populacional proporcionado pelos agentes produtores do espaço
32

urbano acaba por se tornar uma realidade, através do processo de verticalização


(SILVEIRA e SILVEIRA, 2014).

A partir de 1914, com a Primeira Grande Guerra Mundial, viu-se uma grande
dificuldade para a importação de materiais de construção da Europa. Vidros, grades,
dobradiças, luminárias, papéis de parede, cerâmicas, torneiras não puderam mais
ser importados. O que dificultou a construção civil e impulsionou o desenvolvimento
de material nacional (LEMOS, 1996).

Desse modo, surgem ideias e propostas diferentes da forma como estavam


acostumados a construir. A habitação deveria ser racionalizada de forma a atender
as execuções de tarefas dos seus usuários em um espaço mínimo e racionalizado,
dando resposta a grande demanda que surgia (ESTEFAN, 2002).

Os pequenos edificios começavam a marcar o inicio dessa modificação,


principalmente em termos de coletivização, ocorrem principalmente em São Paulo e
Rio de Janeiro, nas décadas de 1930 e 1940. A principio em poucos pavimentos, e
posteriormente surgem mais pavimentos superiores, onde cada família morava uma
familia, impulsionando assim a habitação coletiva vertical (GOBBO e ROSSI, 2002).

A casa não será mais essa coisa espessa que pretende desafiar os séculos
e que é o objeto opulento através do qual se manifesta a riqueza; ela será o
instrumento, da mesma forma que o é o automóvel. A casa não será mais
uma entidade arcaica, pesadamente enraizada no solo pelas profundas
fundações, construída em ‘duro’ e à devoção da qual se instaurou desde
muito tempo o culto da família, da raça etc (LE CORBUSIER, 2006, p.166).

Em um primeiro momento, Le Corbusier dedicou-se ao estudo de conjugar


espaços residências a espaços de convívio e serviços coletivos. Os Immeuble-
Villas 4, podem ser considerados o ponto de partida dessa nova arquitetura. Onde as
unidades residenciais eram organizadas em torno de grandes pátios e tinham
equipamentos de lazer, salas e estar e instalações hoteleiras, com uma equipe
permanente de funcionários. Le Corbusier buscou resolver uma forma de viver em

4
. A Immeuble-Villa é a primeira casa-modelo do arquiteto Le Corbusier, que seria a principal
forma de residência em seu projeto de cidade. Inspirada nas celas dos monges de Ema, a Immeuble-
Villa (edifício vila) era uma habitação de pé direito duplo, margeada por um jardim, que poderia ser
disposta vertical ou horizontalmente, criando pequenos blocos residenciais.
33

espaços menores com qualidade de vida, elaborando atividades e recursos que


disponibilizassem aos moradores, confortos que antes eram da classe alta, através
de serviços condominiais (DREBES, 2005).

A partir da década de 90, o crescimento urbano, com edificios colados uns


aos outros e as restrições da legislação influenciaram na concepçção do projeto
arquitetônico, cuja criação deverá ater-se a alguns fatores restritivos. Isso fez com
que o arquiteto acomodasse o prédio no terreno, ao entorno, aos limites de
afastamento e a altura do gabarito da construção (BERNARDO, 2005, p.78)

Os edifícios de apartamento tomam lugar na cidade quase toda já ocupada,


mas tentam dar conforto, com produtos de alta tecnologia, a uma sociedade
totalmente globalizada. A sofisticação dos setores de serviço para atender
esta classe inclui salas de jogos áreeas e recreação, saunas, jardins,
piscinas, portões fechados e sistemas eletrônicos de segurança, que variam
de interfones e campainhas a sofisticados sensores e circuitos fechados de
televisão (GOBBO e ROSSI, 2002, p. 106).

Segundo Estefan (2002), ao projetar um edifício, o arquiteto está diante de um


cliente, o qual para atender satisfatoriamente, deve conhecer. Não importando o
método construtivo ou a faixa de renda, o que importa é que este produto deve
atender ao cliente final, o usuário. Torna-se então, importante conhecer a
necessidade dos espaços adaptáveis à terceira idade, podendo assim, desenvolver
um modelo que atenda a eles. Trazendo essa demanda como respostas à uma
sociedade que vive com sensação de desconforto e insegurança, perante aos
espaços que são oferecidos pelo merecado (BERNARDO, 2005, p. 79).

A busca por formas de conjugar o coditidiano do idoso a necessidades


particulares, tanto de caráter físico como carater fisiológico, deparamos ao conceito
de habitação assistida, o qual já é consolidado como opção de habitação nos
Estados Unidos da América, definido de acordo com Regnier (1994):

A habitação assistida é uma alternativa de cuidados a longo prazo que


envolve a integração de serviços específicos, ao nível de cuidados pessoais de
saúde num ambiente de grupo que se pretende que seja residencial em função e
imagem de modo a otimizar a independência física e psicológica dos residentes
(tradução livre, Regnier, 1994).
34

Dada a grande importância dos cuidados de saúde, com base no sistema de


habitação assistida, Regnier enfatiza ainda a importância do caráter residencial dos
edifícios. Completando a sua definição:

A combinação especial de habitação, serviços de apoio, atendimento


personalizado e serviços de saúde concebido para responder às
necessidades individuais daqueles que necessitam de ajuda nas atividades
diárias (ADL) e instrumentos das atividades diárias (IADL). Os serviços de
apoio estão disponíveis 24 horas por dia, para atender às necessidades
planeadas e não planeadas, de forma a promover a dignidade e
independência máxima para cada residente e envolva a família, vizinhos e
amigos ... (ALFA, citada em Regnier, 2002, p.3).

De acordo com a citação acima, percebe-se que a caracterização da


habitação assistida, além dos cuidados da saúde, promove também as atividades
diárias, que são necessárias para a preservação do exercício cotidiano, bem como o
esforço no envolvimento da família, vizinhos e amigos (FONSECA, 2012).

Benor (2009), fortalece o conceito de habitação assistida, onde é valorizado o


convívio social e a independência do idoso, conforme ele diz:

Unidades de habitação assistida, que também podem ser chamados de


cuidados residenciais, lares para adultos, lares protegidos ou cuidado ao
domicílio, foram desenvolvidos para dar suporte aos idosos que não podem
mais viver por conta própria, mas que ainda não precisam de um lar de
idosos. Residentes da habitação assistida são proporcionados com níveis
personalizados de cuidados diários, incluindo alguns cuidados de saúde
menores, mas não apoio o especializado abrangente que um lar de idosos
proporciona (tradução livre, BENOR, 2009, P.87).

Dessa forma, esse modelo de habitação veio a fim de atingir um patamar


elevado de qualidades, ao integrar, de forma conjunta, uma habitação onde o bem-
estar é potencializado, permitindo o idoso viver sua velhice da forma que desejar. A
reciprocidade de conhecimentos, bem como a quebra de uma habitação rígida
genericamente especializada ao idoso, aperfeiçoando assim e um modelo num
sentido de maior abrangência social. O idoso sente-se participante em uma vida
cotidiana comum, em um aspecto que deve ser reforçado de forma a reduzir os
sentimentos de alienação ao lugar. Reforçando o relacionamento familiar e com as
gerações mais novas, semelhante ao habitualmente vivenciado no dia-a-dia,
promovendo um bem-estar tanto ao nível mental como físico (BESTETTI, 2006).
35

5. A CONCEPÇÃO DE ESPAÇOS DE ACORDO COM AS


NECESSIDADES DOS IDOSOS
É responsabilidade de todos nós, manter viva a cidadania em todos os
momentos e ambientes de nossa vida. Preservando a segurança familiar e
respeitando os hábitos e costumes dos moradores (BARROS, 2010).

Por isso esse capítulo tem como objetivo, tratar as questões relacionadas ao
morar para o idoso, baseado nos princípios de Ergonomia, Desenho Universal e da
acessibilidade. Com primícias de segurança e conforto espacial, levando em conta
os requerimentos funcionais e dimensionais da terceira idade.

5.1. Ergonomia, acessibilidade e desenho universal


Alguns detalhes arquitetônicos simples que serão abordados podem fazer
toda a diferença, podendo facilitar a vida de pessoas que possuem algum tipo de
limitação, sendo temporária ou não. O conjunto da aplicação dessas diretrizes
proporciona segurança e autonomia ao indivíduo que usará o espaço.

Para que se possa elaborar um projeto arquitetônico adequado, que atenda o


maior número possível de pessoas, é necessário compreender as características e
limitações do corpo humano. A antropometria é a ciência que analisa e estuda essas
características que visa determinar grandezas médias de um grupo, como peso e
altura, estendendo suas avaliações a todo o corpo, inclusive buscando determinar o
alcance e variações de movimentos (RIBEIRO, 1997).

5.1.1. Breve Histórico da ergonomia


No século 1 AC, o arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio, escreveu um
tratado completo de arquitetura em dez livros, onde ele estudou as proporções do
corpo e suas implicações métricas, descrevendo que o ponto de partida da
arquitetura seria a construção de ambientes que respeitasse a natureza e as suas
proporções perfeitas. O tratado exerceu uma grande influência sobre a teoria da
Arquitetura durante e após o Renascimento (FERNANDES, FARIA, et al., 2010).
Figura 1. Figura 2.
36

Já em 1946, Le Corbusier criou um modelo de padrões de dimensões


harmônicas a escala humana, aplicáveis na arquitetura e no desenho industrial,
denominada por ele de Modulor (figura 3). Segundo Albert Einstein o “modulor é
uma gama de dimensões que facilita o bem e dificulta o mal” (BARROS, 2010).

Figura 3. Modulor de Le Corbusier

Fonte: El Modulor de Le Corbusier (1943-54)

Em 1906, viu-se a necessidade de criar uma organização internacional com o


objetivo de facilitar a sua coordenação e unificação de padrões industriais. Cria-se
então a ISO (Internacional Organization for Standardization), onde é hoje
responsável por diversos parâmetros utilizados em quase todos os países, desde
parâmetros organizacionais a tamanhos de cabeças de parafusos (DIAS, 2011).

No Brasil, em 1940 foi estabelecido o consenso em torno da criação de uma


entitade permanente de normalização, a ABNT, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, entidade privada sem fins lucrativos. Baseada nos moldes internacionais
de normalização. Em 1985, é criada então a NBR 9050, denominada como
“Adequação das Edificações e do Mobiliário Urbano a Pessoa Deficiente”,
complementada e renomeada em 1994 para “Acessibilidade de Pessoas Portadoras
de Deficiencias a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipaentos Urbanos” Barros
(2010).

Na norma, velhice é definida como “deficiência que reduz efetivamente a


mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção, em individuso de idade
avançada e que não se enquandram nos demais casos de deficiências”, que visa
principalemente reduzir os impedimentos e melhorar a acessibilidade de pessoas ao
meio construído e urbano, segundo Barros (2010).
37

5.1.2. Aplicações da Ergonomia na vida do idoso


A ergonomia faz o estudo da relação entre o homem e seu meio, ela é tão
antiga quanto o homem. Sempre que algum objeto era fabricado, o homem tentava
adaptá-lo visando ao conforto e à eficiência. A ergonomia está sempre presente na
vida integral de cada ser humano, não apenas na vida de trabalho (PEREIRA, 2007).

A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) define ergonomia sendo

a disciplina científica, que estuda as interações entre os seres humanos e


outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios,
dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o
desempenho global de sistemas (IEA, 2010).

Afirma, ainda que a ergonomia é dividida em três grupos distintos:

- Ergonomia Física: abrange estudos da anatomia humana, antropometria,


fisiologia e biomecânica relacionadas as atividades físicas;

- Ergonomia Cognitiva: refere-se aos processos mentais, como percepção,


atenção, cognição, controle motor, armazenamento e memória, raciocínio e atenção,
que interferem na relação entre o ser humano e o ambiente;

- Ergonomia Organizacional: tem como objetivo a otimização dos sistemas


sócio técnicos, compreende as estruturas organizacionais e os seus processos,
como motivação, satisfação, projeto e gestão participativa.

Além desses grupos descritos, existe também uma outra vertente, a


ergonomia do ambiente construído, considerado um campo de pesquisa muito
importante, pois analisa o ambiente segundo as questões relacionadas ao uso dos
espaços e sua adequação aos usuários, buscando melhorias na qualidade de vida
das pessoas. Essa melhoria é conferida ao ambiente construído pela ergonomia,
através da tecnologia de interface humano-ambiente (PAIVA, 2012).

Por conta de sua interdisciplinaridade, a ergonomia é uma ferramente de


grande importância, que contribuem para a vida do idoso, ajudando no
desenvolvimento de atividades rotineiros, de forma segura e confortável, tornando-
os assim mais independentes.
38

De acordo com Villarouco (2008), pela característica mutildisciplinar da


ergonomia, o planejamento do espaço físico não deve-se restringir ao desenho de
ambientes eficases, que atendam somente às necessidades funcionais dos
usuários, para a realização de suas atividades, com conforto e segurança. Deve
também compreender as necessidades formais e estéticas, com a intenção de lhes
proporcionar um espaço agradável, de prazer e bem-estar.

Depois da juventude e do vigor adulto, é normal que as pessoas


experimentem um declínio gradual da força física, da flexibilidade, da
agilidade e da resistência. Uma variedade de condições contribui para o
processo natural do envelhecimento e as preocupações passam com as
perdas físicas que podem gerar dificuldades no dia-a-dia das pessoas, que
envelhecem de forma diferente, algumas sofrendo perdas de visão ou de
audição, enquanto outras perdem habilidades físicas (BARROS, 2010,
p.26).

A busca para suprir as necessidades do idoso deixa claro a necessidade de


uma abordagem multidiscipinar, integrando as áreas de ergonomia e arquitetura.
Para a execução de ambientes que sejam adequados a essas necessidades. A
arquitetura tem o seu foco ao ambiente físico, e como esse se relaciona com a vida
das pessoas, adaptando o aos estilos de vida de seus diversos usuários. Dessa
forma, a ergonomia tem seu poscionamento focado na adaptabilidade e
conformidade do espaço às tarefas e atividades que nele são desenvolvidas
(VILLAROUCO e VIANA, 2008).

5.1.3. Acessibilidade e a NBR 9050 2015


Promover a acessibilidade no ambiente construído, é proporcionar condições
de mobilidade, autonomia e segurança, eliminando as barreiras físicas, tanto na
cidade, como nos edifícios, meios de transporte e de comunicação, segundo a
Norma Brasileira 9050, da ABNT 2004. Essas normas reforçam o conceito de
cidadania, pois um espaço construído, quando é acessível para todas as pessoas, é
capaz de oferecer oportunidades iguais para todos os seus usuários (ABNT, 2004).
Os ambientes devem proporcionar uma qualidade de vida adequada para os seus
usuários, por isso eles devem ser planejados para promover e encorajar a
autonomia e independência (SCHWANKE, CARLI, et al., 2012).
39

De acordo com o Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana, Ministério


das Cidades, (2006, p.1) “a acessibilidade deve ser vista como parte de uma política
de mobilidade urbana que promova a inclusão social, a equiparação de
oportunidades e o exercício da cidadania das pessoas com deficiência e idosos [...]”.

Muita gente espera viver vidas longas e realizadas, mas poucas devem
admitir envelhecer quando isso envolve deterioração nas suas habilidades
físicas e mentais. Quando isso é agravado por um desenho inadequado no
ambiente construído, a mobilidade pessoal pode facilmente ser reduzida, e
o medo de ser acidentes – particularmente de quedas – irão
justificadamente inibir o estilo de vida de muitas pessoas no
envelhecimento. (...) Os projetos de habitações adequadas para essas
pessoas idosas devem ser considerado como um subgrupo, apoiando a
manutenção da independência pessoal e da dignidade enquanto as
pessoas envelhecem (HARRISON, 2001).

O autor acima esclarece que para uma velhice saudável, depende de como é
a interação do idoso com o meio ambiente, relacionamento este que está em
constante transformação. Independentemente da existência de leis e normas, que
obrigam os projetos a se ajustarem as necessidades de acesso, deve-se sempre ter
como prioridade o conforto e a segurança do usuário.

A acesibilidade ganhou uma maior visibilidade em 2004, quando a ABNT


realizou uma revisão da norma NBR 9050, cujos principais objetivos são de
estabelecer critérios e parametros técnicos a serem observados quando ao projeto,
construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos às condições de acessibilidade (NBR9050/2004).

Em 2015, a norma foi novamente revisada pela ABNT, onde foi ressaltado os
critérios de sinalização em espaços públicos, parametros de ergonomia para
mobiliario e equipamentos urbanos, entre outros pontos. A abordagem foi ampliada,
a fim de atender aqueles que também tem dificuldades para se locomover, como
idosos, obesos, gestantes, anões e outros, seguindo o conceito de desenho
universal, onde é assegurado a acessibilidade para todas as pessoas
(NBR9050/2015).

Dessa forma a NBR9050 é de suma importância para se garantir o direito de


acessibilidade de todas as pessoas. São várias razões que reforçam a importancia
do planejamento arquitetônico acessível. Podemos citar alguns essenciais, como:
rampas com inclinações adequadas, corredores com larguras mínimas, corrimão dos
40

dois lados da escada, barras de apoio junto ao juveiro e ao vaso sanitário,


inexistencia de desníveis abruptos, portas com largura mínima. Estes são apenas
algus critérios que devem ser previstos para elaboração de qualquer projeto.

As pessoas não contemplam a arquitetura, mas criam o espaço com os


seus movimentos, desde aqueles que fazem numa cozinha até os de uma
procissão saindo da catedral. Portanto, acessibilidade não é um aspecto
colateral da arquitetura, numa especialização, mas sim a essência dela
levada às últimas consequências. Não há espaço arquitetônico sem
pessoas. Sem elas, o arquiteto apenas sonha (RIBEIRO, 97).

Pessoas com alguma dificuldade locomotiva, utilizam espaços em dimensões


diferentes de pessoas que não possuem qualquer deficiência. Na figura 4 observa-
se algumas bases dimensionais em relação ao espaço físico necessário para essas
pessoas.

Figura 4. Deslocamento de pessoas em pé

Fonte: NBR 9050. 2004

É importante a dimensão correta para cada tipo de necessidade em relação a


sua habilidade de locomoção. Deve-se respeitar as diversas limitações dos idosos,
de forma que a produção arquitetônica atenda a todos de maneira satisfatória.

Em relação ao espaço utilizado por pessoas que utilizam cadeiras de rodas


para a sua locomoção, é importante que a circulação esteja livre de qualquer
41

obstáculo, e que não exista desníveis no percurso. Pois para cadeiras de rodas, seja
manual ou motorizada, qualquer obstáculo significa um transtorno. Em relação as
dimensões utilizadas pelas cadeiras de rodas manuais, a figura abaixo relaciona-as
(figura 5).

Figura 5. Cadeiras de rodas manual, motorizada e esportiva

FONTE: NBR 9050. 2015

Em relação as áreas de circulação, é necessário assegurar que exista uma


circulação livre, preferencialmente em linha reta, e que o usuário consiga faze-la
sem o auxílio de outras pessoas. É importante que se respeite os limites referenciais
de largura para que as pessoas consigam transitar sem dificuldades, abaixo (figura
6) vê-se as dimensões mínimas necessárias para que as pessoas se desloquem
sem enfrentar dificuldades.

Figura 6. Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.


42

Fonte: NBR 9050. 2015


A figura 7 demonstra as dimensões necessários para manobras de cadeiras
de rodas, sem deslocamento. De acordo com a figura (em metros):

- rotação 90º = 1,20 x 1,20;

- rotação 180º = 1,50 x 1,20;

- rotação 360º = diâmetro 1,50;

Figura 7. Deslocamento necessário para cadeira de rodas

Fonte: NBR 9050, 2015

A figura 8 ilustra os espaços necessários para manobras de cadeiras de rodas


com deslocamento:

Figura 8. Áreas de manobras de cadeiras de rodas com deslocamento.


43

NBR 9050, 2015.

Os projetos devem estar aptos a atender todo tipo de usuário, sejam crianças,
adultos, idosos, portadores de necessidades especiais. Obstáculos e dificuldades
que possam gerar riscos ou acidentes devem ser evitados, a fim de proporcionar
autonomia e independência para a realização de atividades cotidianas.

5.1.4. Desenho Universal


O conceito de Desenho Universal foi desenvolvido na Universidade da
Carolina do Norte – EUA, entre os profissionais da área de arquitetura, com objetivo
de definir um projeto de produtos e ambientes para ser usado por todos, na sua
máxima extensão possível, sem ser necessário adaptações ou projeto especializado
para determinado grupo de pessoas. É um processo de criar produtos que são
acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas características
44

pessoais, idade ou habilidades. O objetivo é que, qualquer ambiente ou produto seja


usado independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua
mobilidade (CAMBIAGHI, 2007).

De acordo com Barros (2010, p.34), “O Desenho Universal pretende funcionar


à parte da especialização. Através da adoção dele, cada construção ou produto
servirá para todos, será utilizado pelo maior número possivel de invidíduos. É um
passo corajoso e necessário, um passo revolucionário”.

O Centro de Design Universal (1997), da Universidade da Carolina do Norte,


nos Estados Unidos, definiu os sete princípios do Desenho Universal, apresentados
a seguir:

Princípio 1 (Figura 9) – Uso Equitativo: O desenho é utilizável e


comercializável para pessoas com diversas capacidades/incapacidades:

a) Prever a mesma forma de uso para todos os usuários;

b) Evita segregação ou estigmatização de qualquer usuário;

c) Providencia igualmente privacidade, segurança e proteção para todos os


usuários;

d) Torna o desenho atrativo para todos os usuários (Centro de Design


Universal 1997).

Figura 9. Princípio 1, permite o uso de todos os usuários.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).


45

Princípio 2 (Figura 10) – Flexibilidade no uso: O desenho deve acomodar


uma larga faixa de preferências e habilidades individuais:

a) Prever escolha da forma de utilização;

b) Aceita o uso ou acesso pela direita ou pela esquerda;

c) Facilita a precisão ou exatidão do usuário;

d) Prevê adaptação de acordo com o jeito do usuário (Centro de Design


Universal 1997).

Figura 10. Princípio 2, permite flexibilidade de uso.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

Princípio 3 (Figura 11) – Uso simples e intuitivo: O uso do desenho é fácil de


ser compreendido pelo usuário, não importando sua experiência, o seu
conhecimento, as suas aptidões linguísticas ou o seu nível de concentração do
usuário:

a) Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da


experiência do usuário, do seu grau de conhecimento, habilidade de
linguagem ou nível de concentração;

b) Prevê efetiva lembrança e realimentação durante e depois da conclusão


da tarefa;
46

c) Eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as


expectativas e intuições dos usuários;

d) Disponibilizar as informações segundo a ordem de importância (Centro de


Design Universal 1997).

Figura 11. Princípio 3, uso simples e intuitivo.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

Princípio 4 (Figura 12) – Informação Perceptível: O desenho dá a necessária


informação ao usuário, independentemente das condições do ambiente ou das
habilidades sensoriais do usuário:

a) Usa modalidades diferentes para a apresentação de informações


essenciais, como símbolos, informações sonoras, táteis entre outras;

b) Maximiza a legibilidade de informação essencial;

c) Descreve os elementos de forma diferenciada, facilitando instruções ou


indicações;

d) Prevê compatibilidade com uma variedade de técnicas ou equipamentos


usados por pessoas dom limitações sensoriais (Centro de Design
Universal 1997).
47

Figura 12. Princípio 4, informação perceptível.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

Princípio 5 (Figura 13) – Tolerância ao erro: O desenho minimiza os perigos e


as consequências adversas de ações não intencionais ou acidentais:

a) Arranja elementos que minimizem os perigos e os erros; elementos mais


usados, mais acessíveis; elimina, isola ou esconde os elementos
perigosos;

b) Prevê alerta para perigos e erros;

c) Prevê a falha de peças de segurança;

d) Desencoraja ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância


(Centro de Design Universal 1997).
48

Figura 13. Princípio 5, exemplo de busca a fim de minimizar os perigos.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

Princípio 6 (Figura 14) – Pouco esforço físico: O desenho pode ser usado de
forma eficiente e confortável com um mínimo de fadiga:

a) Permite ao usuário manter uma posição neutra ao corpo;

b) Não exige grande esforço para operação;

c) Minimiza ações repetitivas;

d) Minimiza esforço físico de sustentação (Centro de Design Universal 1997).


49

Figura 14. Princípio 6, pouco esforço físico.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

Princípio 7 (Figura 15) – Tamanho e espaço para aproximação e uso: Prevê


tamanho e espaço apropriado para aproximação, a busca, a manipulação e o uso,
não importando a altura, postura ou mobilidade do usuário:

a) Prevê uma clara linha de visão para os elementos importantes, para


qualquer usuário, sentado ou em pé;

b) Torna o acesso a todos os componentes confortável para qualquer


usuário, sentado ou em pé;

c) Aceita mãos ou próteses de tamanhos variados;

d) Prevê espaço adequado para o uso de equipamento auxiliar ou de


ajudante (Centro de Design Universal 1997).
50

Figura 15. Princípio 7, tamanho e espaço para aproximação e uso.

Fonte: Manual de desenho universal, Governo Estadual de São Paulo (2010).

De acordo com Barros (2010), muitos itens do desenho universal são opções
simples sem custo adicional. Outras têm um custo muito baixo e vão se tornando
mais econômicas à medida que o seu uso se torna mais frequente. A produção em
massa, gera uma economia de escala, minimizando os custos e permite produzir
itens que possam ser padronizados e largamente utilizados, ao mesmo tempo úteis
e atrativos para todos, pode e deve se tornar uma realidade concreta.

5.2. Espaços elementares e suas relações funcionais


Como observado anteriormente, é primordial compreender as necessidades
físicas da sociedade idosa. Conhecer suas necessidades, suas limitações e seus
anseios, para que assim se possa criar espaços que atendam tanto em aspectos
qualitativos, como quantitativos de forma, que esses espaços atendam aos aspectos
funcionais necessários ao idoso, mas que também possam ser agradáveis e
apropriados para os usuários.

De acordo com MAHFUZ (1995), o processo de projeto organiza o espaço


que envolve o homem, levando em consideração todas as suas atividades físicas e
psiquicas. A arquitetura deve ordenar o ambiente humano, controlando e regulando
as relações entre o homem e seu habitat, sevindo assim a outras funções além da
funcional. O conjunto de conceitos, intenções, ideias e imagem é materializado no
51

projeto arquitetônico. Tornando claro que os critérios arquitetônicos devem buscar


atender aos aspectos quantitativos e qualitativos de cada projeto. A adoção de uma
ideia ou conceito em cada espaço (estímulo, motivação, relaxamento, contemplação,
lazer) para a definição da intenção geral do projeto (espaços humanizados,
conotações domésticas, sensação de lar) tornará estes espaços apropriado para os
idosos, pois serão concebidos em função e de acordo com os seus interesses e
perspectivas. O que preocupa, é saber como materializar a intenção da obra ou
conjunto arquitetônico (QUEVEDO, 2002).

A seguir, será exemplificado nos principais ambientes da moradia do idoso,


como se pode aplicar as recomendações vistas até aqui, destacando as
características de habitabilidade e de funcionalidade, a qual permite que os seus
moradores tenham uma condição de segurança no vivenciar o seu lar, com
facilidade, independencia, conforto e segurança.

5.2.1. Sala de jantar e estar


As salas devem ser simples, conter pouco mobiliário, eliminando-se móveis e
objetos que possam trazer riscos, como banquetas ou mesinhas muito baixas e
tapetes soutos. Os objetos devem ter cores e texturas contrataste com as paredes e
pisos. Ter a pintura fosca, lavável e também possuir as bordas arredondas, a fim de
evitar cortes e ferimentos. A iluminação deve ser mais forte, uniforme e anti-
ofuscante. Sofás e cadeiras devem se confortáveis e seguras (BARROS, 2010,
p.45).

Na mesa de jantar é necessário deixar um espaço livre suficiente para


movimentos sem restrições, inclusive com cadeira de rodas. Os fios nunca devem
ser deixados soltos, pois apresentam um perigo potencial. As estantes e armários
devem ser presos no chão ou paredes, não devem ter objetos pesados ou de vidro.
É aconselhável usar pisos antiderrapantes, madeiras tratadas com resinas foscas,
pisos sintéticos, pedras foscas, tapetes antialérgicos, de preferência desporvidos de
pelo. A luz natural deve ser filtrada. As janelas devem ser leves, sem cantos vivos, e
fáceis de manusear (BARROS, 2010, p.50).
52

5.2.2. Quartos
As portas devem ser mais largas que o convencional, conforme já foi
explicado, preferencialmente com 90cm. A maçaneta deve ser do tipo alavanca, pois
facilita o seu uso. Os interruptores devem ser simples, e de fácil acionamento, é
recomendável a utilização de interruptores paralelos ao lado, de forma que o idoso
possa desligar a lâmpada e acende-la ao deitar-se. A altura correta da cama, é
quando o idoso consiga colocar o pé no chão ao se sentar na beirada, entre 45 e 50
cm, barras de apoio na lateral da cama pode ajudar, principalmente quando estiver
sonolento (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2009).

Os armários de roupa devem apresentar uma série de inovações que facilitem


a vida do idoso, como portas de materiais leves, fáceis de abrir e fechar, e com
sistema de troca de ar, de forma que a área interna do armário esteja sempre
arejada. Os puxadores devem ser formato de alça ou alavanca. É recomendável que
também possua iluminação interna, que são acionadas ao se abrir a porta
(BARROS, 2010).

De acordo com Frank (1998), é recomendável que os quartos sejam


orientados para paisagens de maior vitalidade, com movimento e transito, o ir e vir
de pedestres, o ritmo acelerado da cidade. Direcionar a vista para esses lugares,
podem contribuir para melhorar o ânimo dos idosos.

As janelas devem garantir a visão do exterior, mesmo quando sentado, em


cadeira de rodas ou na cama. O contato com o ambiente exterior contribui para o
seu estado emocional, não se deve esquecer de facilitar o manejo das janelas e dos
sistemas de controle solar (QUEVEDO, 2002).

Ainda de acordo com Quevedo (2002), é recomendável a colocação de


varandas com pelo menos 1,20m, podendo distribuir vasos que reforcem a sensação
de segurança, além de produzir uma agradável ambientação. A sacada pode ser
orientada para espaços comunitários.
53

5.2.3. Banheiro
Este é o espaço que apresenta maior atenção, não só pela diversidade de
medidas e de acessórios que devem ser utilizados para minimizar os riscos e facilitar
o uso, mas principalmente por ser o ambiente que mais represente perigo, face às
estatísticas que mostram ser o local onde ocorre a maior parte das quedas
domiciliares. Com a popularização dos edifícios de apartamentos cada vez menores,
os banheiros diminuíram significativamente, onde antes existia um banheiro, foi-se
feito dois (BARROS, 2010, p.60).

Para o dimensionamento dos banheiros, devemos considerar o espaço para


uma cadeira de rodas, posibilitando o raio de giro no interior, é recomendável que o
banheiro tenha 1,80x2,60m, para que se possa além da entrada de cadeira de rodas
ou bengala e um espaço adicionar para o acesso de outra pessoa ao mesmo tempo,
para ajudar em situações de dificuldades (QUEVEDO, 2002).

O boxe é bastante detalhado na NBR9050. Ele deve ter espaço suficiente


para duas pessoas, desnível maximo de 1,5cm. Qualquer fechamento rígido deve
ser evitado, sendo preferível uma cortina plástica que pode ser removida com
facilidade. No caso de fechamento rígido, deve ser utilizado portas de correr, com
abertura mínima de 70cm (NBR9050, 2015).

De acordo com Barros (2010, p.61), é recomendavel que todo o piso do


banheiro seja de material cerâmico antiderrapante, mas no boxe é recomendável o
uso adicional de faixas adesivas antiderrapantes com distâncias de 30cm, essas
faixas são mais higiênicas que tapetes emborrachados, e podem ser subistituidos ao
acumular limo devido a umidade. Nos boxes também é imprescindível a instalação
de bancos fixados na parede, também é necessário a colocação de barras de
segurança, de acordo com a figura 16.
54

Figura 16. Barras de apoio em boxes com chuveiro

Fonte: NBR9050, 2015.

De acordo com a NBR9050 (2015), as bacias e assentos sanitários acessíveis


não podem ter abertura frontal e devem estar a uma altura de 0,46m. A válvula de
descarga deve estar 1,00m do piso, ao lado da bacia também pode haver a ducha
higiênica, a uma altura de 0,45m do piso, a papeleira também deve estar a 0,45m do
piso.

Acidentes no banheiro, ocorrem na sua maioria das vezes devido ao cansaço


físico e mental, misturados à fadiga por um medicamento e pelo calor da água. Uma
pessoa com artrite no joelho ou problemas nos quadris pode não conseguir levantar
após uma queda. Por isso é necessário que sejam tomados todos os cuidados
nesse local, não se pode ignorar nenhum item relacionado a segurança. E ainda, é
sempre útil a instalação de aparelhos intercomunicadores, telefones ou alarmes para
a chamada de socorro, de acordo com a idade e necessidade do usuário. Portas que
se abrem para fora, permite também um acesso mais rápido para prestar socorro,
pois as pessoas podem ser retiradas com mais facilidade (BARROS, 2010).

5.2.4. Cozinhas e áreas de serviço


Atualmente existem diversos itens para cozinha, que permite que mesmo
pessoas com grandes limitações físicas podem preparar seus próprios alimentos e
cuidar das suas necessidades de forma fácil e tranquila. De acordo com Barros
(2010, p.69), o fluxo de atividades em uma cozinha eficiente segue uma sequência
que pode ser resumida a seguir: área de preparo, que geralmente fica próxima à
55

bancada da pia, para onde são lavados os alimentos que saem do refrigerador, para
serem limpos e cortados; a área de processamento, onde os alimentos são
misturados, e a área de cocção, onde pode haver uma série de equipamentos como
o fogão, forno, micro-ondas, forno elétrico e grill.

De acordo com a North American Association of Food Equipments


Manufactures(1995) 5, o NAFEM, os princípios para uma cozinha eficiente são:

- Flexibilidade e modularidade;

- Simplicidade;

- Fácil higienização;

- Livre circulação de pessoas e equipamentos;

- Utilização de todo espaço disponível;

- Materiais de fácil manutenção e resistentes;

- Segurança;

- Temperatura e humidade adequada.

O layout mais eficiente para a cozinha segundo Barros (2010) é em linha ou


forma triangular, permitindo uma economia de energia pessoal no deslocamento
para cada um dos pontos a serem utilizados para o preparo dos alimentos,
facilitando o acesso seja qual for a altura do usuário (figura 17).

5
an Introduction to Foodservices Industry, NAFEM – North American Association of Food
Equipaments Manufactures, 1995 (Tradução livre: Associação Norte Americana de Fabricantes de
Equipamentos Alimentícios).
56

Figura 17. Layout para cozinha recomendado

Fonte: Barros (2010, p.69)

Os acessos e circulações, geralmente são as primeiras barreiras


independente da casa (...) Os armários e gabinetes devem estar dispostos a
favor dos moradores e não contra. Apesar de ser comum no mercado
brasileiro, a instalação de armários até o teto não é necessária. Atualmente
armários e gabinetes contam com inúmeros recursos que não exigem uma
ginastica olímpica para serem acessados (PERITO, 2004, p.68).

De acordo com a pesquisa realizada por Sâmia (2008), estabele alguns


parâmetros de projeto, recomendações que devem ser seguidas no projeto de uma
cozinha para o idoso:

- Marcação clara de fluxos;

- Fluxos desobstruídos para cadeira de rodas, andador, etc;

- Piso anti-derrapante e não brilhante;

- Equipamentos e utensílios próximos de onde serão usados;

- Posicionar a geladeira próximo da entrade, para evitar interrupção do fluxo;

- Cor do piso diferente dos armários;

- Paredes claras para auxiliar a iluminação;

- Paredes revestidas de azulejo ou pintura lavável;


57

- Evitar tapetes soltos;

- Forno separado do fogão, a uma altura acessível;

- Controladores de temperaturas com marcação tátil;

- Dispositivo corta gás e detector de fumaça;

- Bancada livre ao lado do fogão para apoiar objetos pesados e quentes;

- Bancadas sem gabinetes ou com gabinetes removíveis, que permitem


acesso por pessoas em cadeiras de rodas;

- Prateleiras leves e reguláveis;

- Tampos com bordas arredondadas;

- Puxadores do tipo alça;

- Gavetas com trilho deslizante e trava de segurança;

- Armários com portas transparentes, permitem a visualização do interior;

- Interior dos armários planejado, para facilitar o acesso, a profundidade e


altura;

- Luz interna nos armários;

- O alcance máximo para pessoas deve ser 1,2 vezes a sua altura;

- Armários devem estar em altura apropriada para evitar o uso de escadas ou


banquinhos;

- Utensílios grandes e pesados, devem ser armazenados em armário não


muito alto, de fácil alcance;

- Armários muito baixos, dificultam o acesso, pois o usuário deve inclinar-se.

Seguindo essas orientações, será possível tornar a cozinha um ambiente


seguro, útil e agradável em seu uso, tornando o ato de cozinhar muito mais
prazeroso, trazendo qualidade de vida e conforto a vida do idoso.
58

5.2.6. Considerações
Após as considerações, conclui-se que espaços para os idosos devem ser
concebidos para proporcionar uma atmosfera segura, acolhedora e independente
que estimule a interação social e atividades saudáveis. Os espaços podem também
serem tratados como espaços terapêuticos que ajudem na recuperação tanto física
como psicológica do idoso.

5.3. Condicionantes físicos de conforto ambiental


Conforto ambiental é uma das funções da arquitetura, que deve oferecer
condições compatíveis ao conforto ambiental humano no interior dos edifícios, não
importando as condições climáticas externas (RIBEIRO, 2007).

Para Schimid (2005), p.58:

Uma tentativa pacificadora de classificação associaria conforto a satisfação


do corpo, e a arte à satisfação da mente. Esta aparente simplicidade
encobriria o fato de ambos os valores coexistirem na arquitetura,
principalmente na arquitetura residencial, e não parecem ingredientes
independentes: da continuidade entre estes valores há muitos indícios. (...)
no seu nível de transcendência, o conforto se torna prazer, e se torna difícil
separar um prazer físico de um prazer estético.

Portanto, as edificações devem visar o bem-estar dos seus usuários, para a


execução das suas tarefas quotidianas, de forma segura e confortável. Para isso, é
necessário projetar ambientes adequados, que busquem um alto índice de conforto
ambiental. Lembrando que conforto ambiental é composto por ergonômico, já
abordado anteriormente, conforto térmico, visual e acústico. Entre os quais, conforto
térmico e acústico é alvo das maiores reclamações (ARANTES, 2013).

5.3.1. O ambiente térmico


Para a elaboração de um projeto que seja termicamente condicionado, é
necessário que exista um conhecimento sobre corpo humano, e como ele reage ao
meio, além do conhecimento do clima e o local para o qual se projeta. O clima define
o desenho e pauta a tomada de decisões que ajudam a criar uma arquitetura
apropriada ao lugar a ao usuário. Os fatores climáticos também influenciam nas
decisões referentes ao tipo de construção a ser adotada, à melhor organização dos
59

ambientes e à constituição dos elementos arquitetônicos. A ventilação natural, o


controle de incidência solar, associado ao uso criterioso da climatização artificial e
ao desenho integrado dos espaços ajudam a minimizar o desconforto térmico e
ampliam a eficiência energética do edifício (QUEVEDO, 2002).

Conforto e equilíbrio térmico do corpo humano estão relacionados, na medida


em que a sensação de bem-estar térmico depende do grau de atuação do sistema
termorregulador para a manutenção do equilíbrio térmico. Isso significa que, quanto
maior for o trabalho desse sistema para manter a temperatura interna do corpo,
maior será a sensação de desconforto. O conforto térmico depende de fatores que
interferem no trabalho do sistema termo regular como: taxa de metabolismo,
isolamento térmico da vestimenta, temperatura radiante média, unidade relativa,
temperatura e velocidade relativa do ar. O efeito combinado desses diversos fatores,
é que determina a sensação de conforto ou desconforto térmico (RUAS, 2001).

Iida (2005), define uma zona de conforto para ambientes destinados a idosos,
essa zona é encontrada entre as temperaturas efetivas de 20º a 24º, com uma
umidade relativa do ar de 40% a 80%, com uma velocidade do ar moderada, da
ordem de 0,2 m/s.

Os idosos de forma progressiva ficam menos ativos, e podem chegar a ser


totalmente sedentários. Ainda podem sofrer perda de apetite e baixa nutrição ou de
queda no seu metabolismo, por isso eles tendem a sofrer mais com o desconforto
térmico, além de serem mais vulneraveis a infecções e doenças respiratórias, e em
condições de desconforto térmico, podem causar ataques cardíacos e aumento de
pressão sanguínea (COLLINS, SMITH e DORE, 1981).

Face ao exposto pelos autores acima, é extremamente importante manter os


espaços em excelentes condições de conforto, determinando de acordo com a
atividade que será realizada. Por isso, quartos, refeitórios, salas de atividades físicas
e outros ambientes devem ser projetados levando sempre em consideração a
atividade a ser exercida e o calor a ser gerado pelo corpo do usuário.

É importante que se consiga obter esse conforto térmico através de soluções


naturais, conhecendo o local a ser implanto, para melhor orientação, forma dos
volumes e para a utilização racional de materiais de construção, dessa forma pode-
60

se minimizar o consumo de energia nas edificações e torná-lo mais eficiente


energeticamente (QUEVEDO, 2002).

Para Rivero (1985), no inverno ou no verão a ventilação natural deve ser


amplamamente utilizada, tanto para um maior conforto térmico, quanto para a
higiene e prevenção de doenças. No inverno, procura-se a proteção dos espaços
livres contra o vendo, especialmente aqueles destinado ao estar, recreação ou
permanencia como pátios e praças. No verão é necessário assegurar uma
ventilação eficaz nos espaços internos, procurando garantir as perdas de calor das
pessoas ou das estruturas do edifício.

De acordo com Mascaró (1991), a ventilação tem três objetivos: a) oferecer


conforto ao usuário, através da retirada de umidade do corpo através da convecção;
b) manter a qualidade do ar, através da ventilação, necessário em climas quentes e
úmidos e durante o inverno; c) resfriamento das superficies internas do local através
da convecção nos climas úmidos durante o verão.

A importância do ambiente térmico não se restringe somente a questão de ser


agradável, é também uma necessidade para a saúde do idoso. Por isso é
necessário que se mantenha condições mínimas de conforto térmico no interior dos
edifícios. Evitando assim o armazenamento de calor no edifico no verão, através da
utilização de materiais isolantes e com baixa capacidade térmica, e no inverno seja
capaz de aproveitar o calor do sol para promover um aquecimento dos ambientes,
importante para o idoso pela sua maior sensibilidade ao frio. Por isso é necessário
que os sistemas utilizados no edifício, sejam capazes de se adequar as
circunstâncias de frio e calor (QUEVEDO, 2002).

5.3.2. O ambiente visual


O ambiente visual do idoso requer uma atenção especial, pois é nesse grupo
que se apresenta a maior quantidade de indivíduos cegos ou com perda de
capacidade visual. As mudanças aceleram-se a partir dos 50 anos e a gravidade
aumenta após os 65 anos. Fica cada vez mais difícil para o idoso ver objetos com
clareza, o cristalino se torna amarelado e opaco, afetando a capacidade de discernir
cores próximas. Os olhos demoram mais para trocar de foco, e a situação fica pior
61

quanto necessitam se mover do claro para o escuro e vice-versa. Durante esses


intervalos, eles podem não conseguir enxergar algum objeto potencialmente
perigoso, como móveis ou degraus. Por isso é necessário entender essas
dificuldades e buscar atender às essas necessidades, de forma a proporcionar um
ambiente seguro e confortável (BARROS, 2010, p.26).

Para os idosos, que muitas vezes sofrem de incapacidade visual parcial, é


recomendado a utilização de cores fortes e claras nas superfícies, com uma
iluminação adequada e um bom contraste. Para os totalmente cegos, recomenda-se
utilizar outras formas de informações sensoriais, como sons, aromas e o tato
(ROBSON, NICHOLSON e BARKER, 2005, p.17).

De acordo com Bernardo (2005), a iluminação deve ser aumentada para


compensar a perda da capacidade visual inerente ao processo de envelhecimento
humano. O projeto de sistema de iluminação geral do ambiente deve possuir fontes
de iluminação natural e lampadas fluorescentes auto-reguláveis. Pois a iluminação
desigual ou irregular pode produzir reflexos de sombras e/ou criar ilusões de
degraus ou bloqueios a frente, o que pode causar confusão e produzir uma
sensação de insegurança. A redução de reflexo contribui para um conforto maior,
que ainda minimiza as possibilidades de quedas.

A luz natural é sempre a melhor forma de promover qualidade dos espaços,


proporcionado através de aberturas, janelas, átrios e zenital. Gerando contato com o
ambiente exterior, que se torna fundamental para garantir o conforto visual, térmico
e psicológico dos idosos e funcionarios. É necessário também, se atentar as
necessidades individuais, pois tão importante quanto proporcionar a luz, é
necessário oferecer controle desta iluminação pelo idoso de acordo com sua
necessidade, alguns elementos auxiliam nesse controle, como cortinas, persianas,
brises e também sistemas de controle da luz artificial com interruptores para
controla-los (SANTOS, 2008).

5.3.3. O ambiente acústico


Da mesma forma que a visão sofre um prejuízo gradual ao longo do processo
de envelhecimento, a audição também perde a sensibilidade às frequências médias
62

e altas, vindo a gerar redução na inteligibilidade da fala, que pode causar


desinteresse do idoso em conversar e culmina em seu isolamento (PAIVA, 2012).

De acordo com Silva (2008), quanto mais frágil e debilitado for um organismo,
maior será a sua predisposição para sofrer os efeitos dos ruídos. Por essa razão é
que idosos, crianças e os doentes são mais vulneráveis à ação de sons
indesejáveis.

Uma pessoa sobre efeito de um ruído pertubador necessita dispensar em


torno de 20% a mais de energia para efetuar uma tarefa. O ruído pode atuar de
forma inconsciente no sistema nervoso, piorando as condições de saúde, tornando
muitas vezes, um indaptado urbano ou até mesmo acarretar em doenças mentais
(QUEVEDO, 2002).

Os quartos devem possuir bons níveis de isolamento acústico, para que os


idosos possam ter noites de sono agradáveis. Podendo reestabelecer a sua energia
e também sua saúde de forma satisfatória, sem que haja interferências exteriores,
quer sejam os que vêm dos movimentos da cidade ou daqueles emitidos pelos
vizinhos. Com a tendencia diminuição da capacidade auditiva, hà também o
aumento da produção de sons a partir de radios e aparelhos de televisão, o que
pode criar problemas para os vizinhos, quando não existe uma preocupação
acústica (BESTETTI, 2006).

Knusden (1950) explica que grande parte das casas são projetadas e
construídas sem nenhuma preocupação acústica e o resultado disto é,
frequentemente deplorável. Os halls e escadas são tubos ruidosos, salas de jantar e
estar são extremamente reverberantes, as janelas dos quartos são muitas vezes
voltadas para ruas barulhentas. O isolamento entre os quartos e outros ambientes
são totalmente ineficazes. Os dormitórios e ambientes que requerem silêncio devem
ser voltado para os lados que cumpram essas exigências.

Esses aspectos de conforto, possibilitam interferir na composição dos


edificíos, convertendo-se a um campo amplo a ser explorado. Esse campo pode
influenciar nos revestimentos, na forma, na proporção e na distribuição dos espaços,
inclusive a vegetação que pode contribuir para reduzir a incidência dos ruídos sobre
a edificação e os espaços, além de coloborar também com o conforto ambiental.
Enfim, é necessário conceber um projeto que considere todos os aspectos, seja
63

funcionais, ambientais, de conforto, entre outros, a fim de proporcionar um ambiente


agradável, seguro e prático para os seus usuários, expõe Quevedo (2002).

6. OBRAS CORRELATAS
Será analisado três obras pertinentes ao tema, de forma que seus estudos
possam contribuir para a elaboração da proposta final, objetivo dessa pesquisa.
Dessa forma, as obras escolhidas foram analisadas desde o histórico de construção
do edifício, até mesmo a solução estrutural adotada e os materiais utilizados.

O primeiro edifício, o Hiléia, trata-se de uma obra mais completa, que


apresenta um grande número de plantas, de informações e imagens, além do fato
dela estar localizada no Brasil, e ser um dos únicos edifícios que apresenta esse tipo
de uso no país. Por isso foi realizada uma análise profunda da obra, desde as
soluções e materiais adotados, até o seu entorno e sua composição formal.

As duas próximas obras analisadas, são localizadas fora do país, locais onde
esses tipos de edifício são mais comuns. Ambas apresentam uma solução
arquitetônica relevante, pertinente ao local onde foram construídas. Dessa forma,
nessas análises focou-se na funcionalidade dos espaços e como eles se relacionam
entre sim.

6.1. Edifício Hiléia

O edifício Hiléia (figura 18) tem uma área construída total de 13.400 m²,
desenvolvido pelo escritório de arquitetos Aflalo & Gasperini em 2007. Está
localizado no Morumbi, bairro nobre da zona sul da cidade de São Paulo – SP. O
edifício integra as funções de residencial, clube e atendimento à saúde,
especializado em pessoas com mal de Alzheimer. Possui um grande programa de
necessidades, com fluxos bem definidos, com enfoque na funcionalidade, além de
possuir uma excelente volumetria e solução estética e material. Razões que fizeram
esse projeto ser escolhido para ser analisado.
64

Figura 18. Foto do edifício

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180.

A missão do Hiléia é proporcionar o máximo de independência às pessoas


com limitações. E que o idoso tivesse três opções entre os serviços oferecidos:
passar somente o dia para desenvolver algumas atividades e voltar para sua casa à
noite, ficar hospedado no final de semana ou nas férias ou ainda morar
permanentemente no edifício que oferece todas as condições de segurança e
tratamentos de saúde.

6.1.1. Partido
Era importante o edifício ter elementos que permitisse o paciente se identificar
com o lugar, e provocar nele uma sensação de familiaridade, fator importante tanto
para manter o equilíbrio emocional do idoso afastado da sua casa quanto para
atenuar a eventual sensação de desorientação do portador de Alzheimer.
65

O terreno com declive de cerca de seis metros, fez com que o edifício fosse
composto por dois volumes: um embasamento horizontal com três pavimentos de
áreas comuns do hotel e da clínica e o segundo vertical, que foi implantado no alto
do terreno onde se eleva um prédio laminar com 50m de comprimento por 17m de
largura, com oito pavimentos onde estão as suítes e na cobertura está localizada a
UTI.

6.1.2. Implantação
O edifício foi implantado em um terreno com cerca de 2.600 m². A parte
posterior do terreno foi ocupado por um volume como se fosse uma caixa, onde se
encontram os espaços destinados a lazer e múltiplas atividades.

O acesso dos usuários está localizado ao lado direito, feito pela rua
Jandiatuba, o estacionamento é acessado após o volume horizontal pela mesma rua
e o acesso dos funcionários é ao lado esquerdo, pela rua Itacaiuna, conforme
assinalado na figura 19.

Figura 19. Implantação do Edifício (imagem de satélite)

Fonte: Google Maps (2016) , editado pelo autor.


66

6.1.3. Função/Zoneamento
No primeiro subsolo, que se abre para os jardins, está localizado a piscina
coberta, as salas de atividades, a academia e os ateliês. A circulação vertical se dá
pela parte central, com circulações largas e intuitivas, sinalizadas na figura 20.

Figura 20. Setorização do subsolo

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.

No térreo está o acesso principal ao edifício, que é feito por meio de uma
grande praça de acesso, que inclusive pode ser acessada por veículos para
67

embarque e desembarque de visitantes ou moradores. O restaurante, área de


convivência, recepção e a sala de família também estão nesse nível conforme a
figura 21.

Figura 21. Setorização do pavimento térreo

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.

O primeiro pavimento é dedicado aos pacientes com Alzheimer (figura 22).


Nesse pavimento não existe muita transparência, a fim de evitar que os pacientes
percebam o cair da tarde e se deprimam. Outro dado importante é que eles
precisam ter referencias do passado (figura 23), visto que sua memória é bastante
remota. Assim a praça com pé direito duplo tem cobertura e iluminação zenital e é
ambientado por um cenário de 50 anos atrás – postes antigos, piano de cauda,
cinema com programação de filmes antigos, barbearia, livraria e mesinhas (A vida
sem limitações, 2009). Nesse pavimento também estão consultórios de diversas
68

especialidades, uma ampla praça com varandas, os banheiros são amplos para
atender os usuários.

Figura 22. Setorização do primeiro pavimento

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.

Figura 23. Praça ambientada nos anos 50 (1º Pavimento)

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180


69

O pavimento tipo (figura 24) é onde estão distribuídos os 18 apartamentos de


36 m² cada, o pavimento ainda conta com posto de enfermagem. São 119
apartamentos no total, sendo que cada um pode acomodar até duas pessoas. Foi
projetada para atender as necessidades de conforto e de locomoção dos usuários.
Atrás da cama, sob um quadro está localizado os equipamentos hospitalares para
casos de emergência (figura 25). O mobiliário e objetos de decoração pessoais dos
idosos podem ser colocados nos quartos.

Figura 24. Pavimento tipo

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.

Figura 25. Sob o quadro está os equipamentos hospitalares de emergência.

Fonte: Flickr (2016)


70

Nas figuras 26 e 27, foram analisados os fluxos no edifício, a fim de


compreender como ocorre a circulação de usuários e de funcionários. Percebe-se
que o fluxo dos usuários apesar de ser extenso através de salas e corredores, eles
são ordenados, as atividades principais são vistas logo ao se chegar pelos
elevadores. Os corredores são largos e curtos, a fim de não causar confusão e
desorientação dos usuários.

No subsolo (figura 26), onde estão algumas atividades, a circulação é feita


através de eixos, onde o eixo ao lado esquerdo estão os ambientes relacionados às
atividades na piscina, e ao lado direito estão os ateliês. Dessa forma, os usuários
conseguem facilmente se orientarem.

Figura 26. Fluxos do subsolo

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.
71

Os fluxos do pavimento térreo (figura 27) são mais simples e intuitivos. A


recepção fica logo à frente da porta de entrada, onde são tomadas as providências e
os usuários são encaminhados. Ao lado da recepção o hall de elevadores, onde os
usuários são distribuídos ao longo dos andares. Ao lado contrário dos elevadores,
está o restaurante, através de espaços amplos e organizados, a fim de trazer
comodidade e praticidade ao usuário que enfrenta dificuldades.

Figura 27. Fluxos do pavimento térreo

Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo - Março 2009 / Edição 180, editado pelo autor.
72

6.1.4. Materiais
O principal material utilizado foi a madeira, que proporciona uma sensação de
aconchego visual. A madeira é utilizada no térreo, nos terraços, na cobertura e nos
pilares estruturais (figura 28).

Figura 28. Revestimentos de madeira nos pilares, guarda corpo, brises e mobiliário

Fonte: http://aflalogasperini.com.br, editado pelo autor.

A madeira é combinada com o vidro espelhado e revestimentos de cores


claras, como é mostrado na figura 29, promovendo uma combinação harmônica e
leve. Aliado vegetação utilizada nos terraços e nas janelas dos apartamentos.

Figura 29. Combinação de madeira e vidro traz harmonia ao conjunto

Fonte: http://aflalogasperini.com.br
73

Nos apartamentos são utilizadas cores contrastantes na parede e no piso,


para evitar confusão aos usuários com problemas visuais, podendo assim identificar
onde existe parede. Os pisos também são especiais, antiderrapante e sem brilho,
para evitar acidentes (figura 30).

Figura 30. Banheiro do apartamento, piso e paredes contrastantes evitam confusão

Fonte: https://www.flickr.com/photos/hilea/

6.1.5. Forma
O conjunto formal é composto por elementos retangulares, essas formas
estão relacionadas de maneira consistente e organizada. Possuindo três elementos
bem definidos, sendo dois horizontais e um vertical, como destaca a figura 31.

Figura 31. Conjunto formado por elementos retangulares

Fonte: Autor
74

A composição formal é reforçada através da mudança de material, cor ou


textura, que articulam a existência dos planos e influenciam no peso visual da forma
(figura 32).

Figura 32. Composição formal é reforçada pelos materiais

Fonte: http://aflalogasperini.com.br, editado pelo autor.

Apesar de o edifício ser vertical, as linhas que reforçam a horizontalidade são


fortes, como as linhas da janela demonstrado na figura 33. A horizontalidade agrega
a sensação de solidez e segurança ao edifício.

Figura 33. Horizontalidade reforçada pelo formado das aberturas.

Fonte: http://aflalogasperini.com.br, editado pelo autor.


75

6.1.6. Aspectos de Conforto e tecnologia


A estrutura do edifício é de concreto armado, que foi distribuída de forma
modular, conforme podemos observar na planta, a estrutura faz parte da
composição, deixando os pilares evidentes na fachada, que são revestidos por
madeira, deixando as vedações independentes da estrutura.

6.1.7. Considerações
O edifício Hiléia apresenta uma proposta arquitetônica pertinente, mesmo
tendo como público alvo pessoas que possuam mais recursos financeiros ela busca
atender de uma forma mais humanizada os idosos, oferecendo privacidade,
autonomia e segurança, além de um leque de atividades oferecidas tanto a
residentes como ao público.

Apresenta uma arquitetura pertinente, preocupada com o local onde está


inserido, apresentando uma preocupação urbana por parte dos arquitetos envolvidos
na elaboração do projeto. A solução plástica do edifício é agradável e equilibrada,
proporcionando uma harmonia a obra.

6.2. Edifício WoZoCo


O Wozoco é um edifício que abriga pessoas com mais de 55 anos (figura 34).
Localiza-se em um distrito a oeste de Amsterdam, na Holanda. A construção ocorreu
entre 1994 e 1997, e foi feito pelo escritório de arquitetura MVRDV que é formado
por Winy Mass, Jacob van Rijs e Nathalie de Vries. O escritório produz diversos
estudos na área de paisagismo, arquitetura e urbanismo.
76

Figura 34. Edifício Wozoco

Fonte: http://leejungha.blogspot.com.br/2012/09/wozoco-housing-by-mvrdv.html

6.2.1. Partido
Os arquitetos encontram diversas dificuldades durante o projeto. Inicialmente
eram previstos apenas 87 apartamentos, que estariam condizentes com as
restrições do zoneamento, porém esse número foi posteriormente aumentado para
100 apartamentos. A solução então encontrada para acomodar essas 13 unidades
adicionais sem violar a legislação foi deixa-las na fachada norte em balanço.

A diversidade das posições das janelas, tamanhos e materiais das varandas,


dão características únicas a peculiar fachada do edifício. Para compensar os custos
adicionais das unidades em balanço foi necessário utilizar materiais baratos. Dessa
forma o edifício de habitação social para idosos se tornou um dos mais baratos da
Holanda, mesmo sendo necessário reforços estruturais para suportar os grandes
balanços (figura 35).
77

Figura 35. Solução estrutural adotada pelos arquitetos

Fonte: http://leejungha.blogspot.com.br/2012/09/wozoco-housing-by-mvrdv.html

6.2.2. Implantação
O edifício fica em um bairro característico dos anos 60, chamado de Osdorp,
um distrito a oeste de Amsterdam, considerado um jardim da cidade. Fica em uma
via de fácil acesso, chamada de Rua Ookmmerweg. Ao se observar a figura 36,
nota-se que o edifício é cercado por diversos prédios e grandes áreas verdes.

A principal dificuldade está no fato do edifício estar localizado em um bairro


distante, carente de alguns serviços básicos e de atividades para os idosos. Em
contrapartida é um local tranquilo e calmo.

Figura 36. Imagem de satélite do edifício

Fonte: Google Earth (2016)


78

A implantação foi realizada a fim de proporcionar amplas áreas livres, de


modo a permitir que os moradores e os visitantes circulem livremente, o edifício
possui grandes recuos, tanto frontais quanto laterais. O acesso a implantação é livre,
podendo qualquer pessoa se aproximar do edifício sem nenhum muro ou
fechamento. Os acessos de veículos são feitos por duas ruas, a rua principal, na
qual está voltada a fachada norte, e a rua na lateral esquerda (figura 37).

Figura 37. Implantação e acessos ao edifício

Fonte: GRANGER (2012), editado pelo autor.

6.2.3. Função/Zoneamento
O edifício é constituído de 9 pavimentos sobre o solo, e mais o
estacionamento no subsolo (figura 38). Ele possui um programa de necessidades
bem enxuto, somente com alguns depósitos, o estacionamento e os apartamentos.
79

Figura 38. Corte longitudinal do edifício

Fonte: GRANGER (2012)

O estacionamento localizado no subsolo, possui somente 35 vagas,


correspondendo a pouco mais de 1/3 das unidades habitacionais, no pavimento do
estacionamento está também a caixa de escadas e elevador.

Figura 39. Planta baixa do estacionamento

Fonte: GRANGER (2012)

O primeiro pavimento possui um grande pátio, onde está a entrada principal


do edifício, posterior esta os elevadores, e ao lado esquerdo o corredor de acesso
aos apartamentos. Esse pavimento também possui uma sala onde está localizado
as máquinas e um depósito.
80

Figura 40. Planta baixa do primeiro pavimento

Fonte: GRANGER (2012)

O segundo pavimento é ocupado exclusivamente pelos apartamentos, assim


como os pavimentos sequentes. A única diferença entre os andares, é a disposição
do apartamento em balanço, que ora fica mais à esquerda e ora mais à direita, sem
nenhuma organização aparente (figura 41).

Figura 41. Planta baixa segundo pavimento

Fonte: GRANGER (2012)

6.2.4. Forma
A solução formal foi condicionada pelo terreno e pela legislação, o edifício é
do tipo lamina, tendo um grande comprimento longitudinal. Possuindo 8 andares, o
edifício se destaca pela horizontalidade (figura 42).
81

Figura 42. Perspectiva da fachada sul

Fonte: https://br.pinterest.com

Um dos destaques do edifício são suas sacadas de vidro colorido, que trazem
alegria e energia para o edifício. As sacadas foram dispostas de forma aleatória
(figura 43), uma diferente da outra, representando a diversidade dos moradores,
cada morador com sua personalidade, sua história e seus costumes.

Figura 43. Detalhe das sacadas coloridas do edifício

Fonte: https://br.pinterest.com
82

Na fachada norte, estão as unidades suspensas (figura 44), que se destacam


por seus grandes vãos, são dispostas de forma a atender os requisitos de insolação
e ventilação.

Figura 44. Fachada norte, apartamentos em balanço

Fonte: https://br.pinterest.com

6.2.5. Considerações
O edifício WoZoKo é singular, a solução encontrada pelos arquitetos para
resolver a necessidade de aumentar o número de apartamentos, colocando-os em
balanço é muito criativa. Apesar do edifício ser de interesse social, possui uma boa
qualidade arquitetônica no que está proposto a oferecer, os apartamentos são
amplos, bem iluminados e ventilados e são todos acessíveis.

Existe uma falta de atividades e áreas de convívio no edifício, dessa forma os


moradores ficam a maior parte do tempo em seus apartamentos. O local de
implantação é deficiente na oferta de alguns serviços e equipamentos, fato que se
deve pela intenção de ser localizado em um bairro mais distante para se baratear os
custos de implantação.

6.3. Edifício residencial para idosos em Torre Sênior


Este edifício residencial para idosos Torre Sênior é localizado em Santo Tirso,
Portugal. Foi concluído em 2013, o projeto é do escritório Atelier d'Arquitectura J. A.
Lopes da Costa, onde teve a participação dos arquitetos José António Lopes da
83

Costa, Tiago Meireles. A área total da construção é superior a 10.000m², com 56


quartos de 3 tipologias distintas, podendo acomodar até 112 residentes.

O partido foi obtido a partir da forma triangular do terreno e sua topografia


acidentada que condicionaram a proposta do edifício (figura 45), onde o arquiteto
optou por projetar um edifício constituído de 2 volumes, perpendiculares entre si,
formando uma espécie de “T”.

Figura 45. Fachada Sul - Varandas dos dormitórios

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2016

Por conta do desnível do terreno, o edifício possui quatro pavimentos, onde


dois deles são abaixo do nível da rua. Os dois pavimentos abaixo do nível de acesso
são o subsolo 1 e o subsolo 2 (figura 46).

Figura 46. Cortes tranversais do edifício


84

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2016

6.3.1. Implantação
A implantação foi proposta procurando privilegiar os dormitórios com a
iluminação natural do sol e a vista para o rio (figura 47). O acesso é feito por uma
importante via de acesso (figura 48), a entrada de serviço é ao lado esquerdo,
enquanto a entrada de moradores e visitantes fica ao lato direito, setorizando dessa
forma os acessos. O acesso principal é feito por uma praça ajardinada, e possui
algumas vagas para visitantes.

Figura 47. Implantação do edifício

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.


85

Figura 48. Entrada de moradores e visitantes

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, 2016

6.3.2. Função / Zoneamento


A planta do pavimento do subsolo 2 (figura 49), está a área técnica do
edifício, nesse nível está também os apartamentos dos idosos independentes, que
não necessitam de nenhum auxilio profissional.

Figura 49. Planta do subsolo 2

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.


86

Na planta do subsolo 1 (figura 50) está localizado o estacionamento, e


apartamentos para idosos independentes e semi-independentes, que necessitam de
algum eventual auxílio, por isso próximo a esses quartos possui uma enfermaria na
qual funcionários revezam para auxiliar os idosos desse andar.

Figura 50. Planta Subsolo 1

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.

No térreo (figura 51), por onde é feito o acesso dos moradores, visitantes e
funcionários. Não possui apartamentos nesse pavimento, somente áreas de
convívio, área médica e o setor dos funcionários do edifício. As áreas de convívio e
lazer possui grandes aberturas para um terraço, com vista para o rio.
87

Figura 51. Planta Pavimento térreo

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.

O primeiro pavimento (figura 52) é destino em grande parte somente para


apartamentos, os apartamentos para idosos totalmente dependentes ficam todos
nesse pavimento, um total de 15 apartamentos, que conta com salas para
funcionários que auxiliam no cuidado aos idosos, os demais apartamentos são
destinados para idosos semi-dependentes que também necessitam de algum auxílio
dos funcionários.
88

Figura 52. Planta Primeiro Pavimento

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.

O edifício conta com diversos espaços de convívio para os moradores,


buscando deixá-los confortáveis e acolhidos. O edifício possui espaço para chá,
restaurante, salas de estar (figura 53). Conta ainda com piscina aquecida e
hidromassagem, salão de beleza e sala para pilates (figura 54).

Figura 53. Espaços de convívio do edifício

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.


89

Figura 54. Espaços para atividades

Fonte: http://www.archdaily.com.br/, editado pelo autor.

6.3.3. Considerações
O edifício é versátil, capaz de atender a idosos em diversas situações, desde
totalmente dependentes, podendo ser temporário ou não, mas que exigem cuidado
profissional, equipamentos especiais e uma equipe médica sempre disponível, a até
idosos independentes, que não necessitam de nenhum auxílio. Oferecendo algumas
atividades importantes, como pilates, hidroginástica e espaços de convívio, que
contribuem diretamente para a qualidade de vida e bem estar do idoso.

Os arquitetos responsáveis pelo projeto conseguiram extrair o potencial do


terreno e adoram como partido na elaboração do projeto, dessa forma, o terreno
aproveita completamente o desnível do terreno, evitando grandes movimentações
de terra e custos desnecessários, além de privilegiar a vista do rio para os
dormitórios e espaços de convívio.

O edifício apresenta uma arquitetura limpa e racional, possui uma clareza de


volumes e de materiais. A racionalidade é notada tanto na distribuição dos
ambientes internos, como na solução formal.
90

7. SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS


No Brasil, a Norma de Desempenho (NBR 15575) é um importante ponto de
discussão em relação ao conceito de custo global da construção civil, indicando os
critérios mínimos para a vida útil do edifício e de seus principais sistemas,
considerando o adequado processo de manutenção e a correta utilização do edifício.
De acordo com o National Institute of Building Sciences (NIST), os custos
iniciais de uma construção de um edifício residencial representam aproximadamente
cerca de um terço dos custos de operação e manutenção do empreendimento. Por
conta disso, é importante que o sistema construtivo bem como os materiais e
acabamentos atendam as normas de desempenho, balanceando os resultados
econômicos e ambientais do edifício no longo prazo, mudando a mentalidade onde o
custo inicial das alternativas recebe o maior peso na tomada de decisão.
Para Silva (1996):

“A seleção tecnológica como parte deste processo de concepção do produto


encerra, portanto, um papel fundamental na metodologia de gestão da
qualidade no projeto com enfoque na manutenção. A qualidade da solução
de projeto é, em parte, resultante das opções de produtos realizadas pelo
projetista e construtor. No entanto, essas opções por sua vez já são
delimitadas pela concepção projetual”.

Para o autor, a qualidade da solução do projeto é o resultado da escolha do


produto a ser utilizado, que por sua vez é delimitado pela concepção do projeto. Ou
seja, é necessário que a escolha do material ou sistema construtivo atenda a
intenção projetual do arquiteto, e atenda também ao mesmo tempo as necessidades
de desempenho e manutenção do edifício.

Os edifícios em sua maioria são constituídos por fundação, pilares, lajes,


cobertura, paredes internas e externas, portas, janelas e outros itens. Apesar de que
cada parte desempenhe uma função importante dentro do edifício, a função de apoio
estrutural que garante a integridade do edifício é propriedade exclusiva dos
componentes que têm a função de suportar toda a carga (KNNACK; MEIJS, 2009).
Por isso é importante que o sistema estrutural seja minuciosamente analisado, a fim
de atender em totalidade a proposta do edifício, oferecendo-o flexibilidade,
resistência e desempenho, aliado à facilidade de execução local e custo-benefício.

O crescimento industrial a partir do século XIX, permitiu o uso da pré-


fabricação e da racionalização construtiva. A produção em série marcou um passo
91

importante, no desenvolvimento da pré-fabricação, fator ligado intimamente à


invenção do automóvel e as linhas de montagem (COBBERS; JAHN, 2010). O uso
do concreto pré-fabricado em edificações está diretamente relacionado à forma de
construir econômica, durável, estruturalmente segura e com versatilidade
arquitetônica (ACKER, 2002).

De acordo com Acker (2002), os sistemas pré-fabricados quando comparados


aos métodos de construção tradicionais e outros materiais de construção possui
diversas vantagens, dentre elas estão:

- Produtos feitos na fábrica: um processo de produção mais eficiente e


racional, trabalhadores especializados, controle de qualidade, etc.

- Uso otimizado de materiais: possui um maior potencial econômico,


desempenho estrutural e durabilidade do que as construções moldadas no local, por
causa do uso altamente potencializado e otimizado dos materiais.

- Menor tempo de construção: menos da metade do tempo necessário para


construção convencional moldado no local.

- Oportunidade para boa arquitetura: no contexto da pré-fabricação aberta, o


projeto não está restrito aos elementos de concreto produzidos em série. Não se usa
mais a industrialização em larga escala de unidades idênticas; pelo contrário, um
processo de produção eficiente pode ser combinado com trabalho especializado que
permite um projeto arquitetônico sem custos extras. Neste sentido, a padronização
de soluções construtivas apresenta-se como uma ferramenta ainda mais importante
do que a modulação dos elementos.

- Eficiência estrutural: o concreto pré-fabricado oferece recursos


consideráveis para melhorar a eficiência estrutural. Vãos grandes e redução da
altura podem ser obtidos usando concreto protendido para vigas e lajes, os vãos
podem chegar a 40m ou mais.

- Construção menos agressiva ao meio ambiente: no contexto de


sustentabilidade, o concreto pré-fabricado apresenta uma alternativa com uso
reduzido de até 45% dos materiais; redução de energia em até 30% e diminuição do
desperdício de demolição em até 40%.
92

Dessa forma, optou-se pela utilização da estrutura pré-fabricada, com pilares


de concreto modulados a cada 6 ou 12 metros, tornando assim os fechamentos
livres de função estrutural, decorrente da intenção em obter-se uma planta livre e
flexível, que permita as mudanças necessárias de acordo com os usos empregado
ao edifício ao longo do tempo.

O mercado dispõe de uma grande variedade de sistemas pré-moldados para


pisos, o adotado na proposta foi o piso com painéis nervurados protendidos. A
escolha foi feita baseada na capacidade desse sistema de lajes serem capazes de
vencer grandes vãos, mesmo sob uma ação de cargas elevadas.

Para os fechamentos externos será utilizado a fachada ventilada, sistema que


permite uma melhoria estética e funcional da fachada, além da ausência da
manutenção comparada com sistemas tradicionais. Melhoria estética, uma vez que
este sistema não só evita a deterioração do edifício, como não coloca entraves aos
criadores, pelo contrário, permite criar obras de elevada beleza estética. Melhoria
funcional, devido às qualidades inerentes ao sistema: excelente isolante térmico;
maior durabilidade (protegendo a própria estrutura interna do edifício); diminuição
dos problemas relacionados com humidade e infiltrações (devido à ventilação);
redução do consumo de energia do edifício (MADEICÁVADO, 2008).

As vedações verticais internas serão executadas em drywall, que consiste na


fixação de placas de gesso acartonado em estruturas de aço galvanizado. Uma das
vantagens é a possibilidade de utilização de isolantes termo acústicos em seu
interior, garantindo mais conforto e qualidade para o ambiente, outra significativa
vantagem é a versatilidade e facilidade de instalação e manutenção, permitindo que
as paredes sejam modificadas, sem nenhum prejuízo estrutural (MADEICÁVADO,
2008).
93

8. PROJETO

8.1. TERRENO E JUSTIFICATIVA


8.1.1. Cidade
A cidade escolhida para a implantação da proposta é Umuarama, localizada
na região noroeste do Paraná, fundada em junho de 1955 pela Companhia
Melhoramentos Norte do Paraná (PREFEITURA MUNICIPAL DE UMUARAMA,
2016). Umuarama é conhecida também como a Capital da Amizade, e atualmente
desponta como um dos principais polos da região de Entre Rios, tendo seu
desenvolvimento econômico e populacional acentuado nos últimos anos (BAZZO,
2007). Umuarama possui um total de 106.387 habitantes segundo o senso do IBGE
em 2013.

Umuarama se destaca pela grande quantidade de idosos, cerca de 11,48%


da população possui mais de 65 anos de idade, superando dessa forma a média
nacional que é de 10,80%, segundo o IBGE, 2010. A figura 55 demonstra que
Umuarama-PR está inserido em uma região com elevadas proporções de idosos.

Figura 55. Proporção de idosos no estado do Paraná, 2010

Fonte: Ipardes (2010)


94

8.1.2. Terreno
O terreno a ser escolhido deve ter uma localização privilegiada. Os critérios
da escolha do terreno foram os seguintes:

- Proximidade com a área central da cidade: para não incentivar o isolamento


dos moradores, inserindo-o na vivencia da cidade. Para isso deve ser um local
urbano com grande atividade;

- Próximo de supermercados, lojas e comércio: facilitar as compras,


incentivando o morador a realizar o trajeto a pé;

- Próximo de praças, parques e atividades culturais: contato com a natureza,


possibilidade de atividades físicas ao ar livre e locais de atividades culturais torna os
idosos mais sociais, e incentiva-os a realizar atividades físicas;

- Próximo de farmácias: o uso de medicamentos se intensifica com a idade,


por isso é importante que tenha farmácias próximas da residência;

- Próximo de bancos: com a aposentadoria e investimentos há uma


necessidade maior de frequentar bancos por isso é importante facilitar o acesso a
eles.

Além desses itens acima descritos, é necessário que o plano diretor municipal
permita atividade residencial multifamiliar e edifícios acima de 2 pavimentos, o
terreno ainda deve possuir as dimensões mínimas necessárias para que se
estabeleça o programa de necessidades básico do edifício.

Dessa forma, o terreno a ser trabalhado, é denominado como zona Armazém,


como demonstrado nas figuras 56. O bairro está localizado próxima a área central
do município, favorecida por equipamentos urbanos, estabelecimentos comerciais e
serviços.
95

Figura 56. Localização do bairro (Zona Armazém)

Fonte: Elaborado pelo Autor.

A localização do terreno é demonstrado na figura 57, esquina com duas


importantes avenidas e próximo a área central da cidade, contando com diversos
equipamentos urbanos, serviços e atividades para os moradores.

Figura 57. Localização do terreno

Fonte: Elaborado pelo Autor.

O lote nº 01 pertence a quadra 43 desse bairro, e tem uma área de 5.428,40


metros quadrados, resultante da subdivisão do lote único dessa mesma quadra. Nas
figuras 58 a 60, vê-se algumas fotos tiradas no local da implantação da proposta.
96

Figura 58. Fotos do terreno - Externas

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Figura 59. Fotos do terreno - Externas

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Figura 60. Fotos do terreno - Internas

Fonte: Elaborado pelo Autor.

De acordo com o plano diretor municipal de Umuarama, o lote está


compreendido na zona de comércio e serviços. Esse zoneamento permite que o
terreno seja utilizado para o fim de edifício residencial multifamiliar, que é o objetivo
dessa proposta. A tabela 2 evidencia as taxas permissíveis para esse zoneamento.

Tabela 2. Índices permissíveis – Zona de Comercio e serviços;


ZONA DE COMÉRCIO E SERVIÇOS - ZCS

RECUOS
TX. TX.
C.A. ALTURA (PAV.)
OCUPAÇÃO PERMEABILIDADE FRONTAL LATERAL FUNDO

4 75% 20% 12 4,00 2,5 2,5

Fonte: Elaborado pelo Autor.


97

Figura 61. Dimensões do terreno e áreas de aproveitamento

Fonte: Elaborado pelo Autor.

8.2. ENTORNO

8.2.1. Topografia
A formação topográfica do local de implantação escolhido foi um ponto
determinante, visto que para evitar rampas e escadas longas seria necessário que o
terreno tivesse uma topografa suave, proporcionando assim aos pedestres um
caminhar confortável e acessível.

O terreno escolhido possui um pequeno desnível (figura 62), de pouco menos


de 1 metro ao longo de toda sua extensão, desnível esse que pode facilmente ser
resolvido através de calçadas com suaves inclinações e rampas adequadas.
98

Figura 62. Topografia do terreno - curvas de 1m desnível

Fonte: Elaborado pelo autor.

8.2.2. Insolação
Aspectos climáticos interferem de modo direto no processo projetual,
considerando que tais aspectos não podem ser alterados, o projeto deve se adequar
a esses fatores, a fim de tirar proveito deles e proporcionar conforto e qualidade ao
usuário, favorecendo assim a execução de suas atividades.

De acordo com o Simepar (2008), Umuarama-PR é uma região de Clima


Subtropical Úmido Mesotérmico: com verões quentes, sem estação seca e com
poucas geadas. A média das temperaturas do mês mais quente é superior a 22ºC, e
a do mês mais frio é inferior a 18ºC.

Visto as altas temperaturas apresentadas no local, é importante que a


edificação tenha uma orientação solar adequada, evitando aberturas expostas em
orientações de grande incidência solar, que causam o efeito estufa no interior do
edifício, reduzindo o seu potencial enérgico e causando desconforto aos usuários.
Na figura 63 podemos observar a trajetória solar no sitio escolhido.
99

Figura 63. Trajetória solar no inverno e verão

Fonte: Elaborado pelo autor.

8.2.3. Ventilação
A ventilação natural pode reduzir o consumo energético do edifício e
proporcionar ambientes mais confortáveis termicamente, essencialmente em regiões
de climas quentes como o da cidade de Umuarama-PR. Para isso é necessário que
possua ferramentas de avaliação e análise dos ventos, a fim de potencializar as
decisões projetuais relacionadas ao aproveitamento da ventilação natural.

A tabela 3 demonstra os percentuais e direções do vento no município de


Umuarama-PR, a figura 64 elucida isso de forma mais clara, demonstrando a
orientações onde ocorre a maior incidência dos ventos.

Tabela 3. Direção dos ventos em Umuarama-PR


PERCENTUAIS DE HORAS NAS DIREÇÕES
V. Média m/s
2,076 N NE E SE S SW W NW
7,12% 33,22% 8,36 3,10% 8,92% 10,68% 2,44% 2,70%
Fonte: SANEPAR (2005)
100

Figura 64. Ventos predominantes e dominantes

Fonte: Elaborado pelo autor;

8.2.4. Vias e fluxos

As vias que compõem o entorno do local também são importantes para a


viabilização do fluxo de pessoas e de veículos.

O Capítulo II da Hierarquia do Sistema Viário de Umuarama no Art. 6º


classifica as vias de acesso da forma:

- Anel central: acesso às Avenidas Centrais, com desvio do tráfego da Praça


Santos Dumont;

- Avenidas Centrais: acesso à Praça Santos Dumont, com tráfego lento e


estacionamento. Incentivo ao adensamento de atividades comerciais e serviços no
seu entorno;

- Vias Estruturais: estruturam a organização funcional do sistema viário na


sede urbana. Acumulam os maiores fluxos de tráfego da cidade;
101

- Via Perimetral: utilizada para deslocamentos urbanos de maior distância,


desviando do centro urbano todo o tráfego advindo das avenidas coletoras e
estruturais, promovendo um contorno viário de ligação;

- I Vias de Penetração: PRs e estradas rurais, a partir do cruzamento do


perímetro urbano. Penetram na malha urbana da sede municipal, até o anel de
contorno;

- Vias Locais: permite o acesso às propriedades privadas e/ou áreas e


atividades específicas, com pequeno volume de tráfego (Figura 65).

Figura 65. Hierarquia de vias

Fonte: Elaborado pelo autor.


102

8.2.1. Entorno Imediato


O terreno localiza-se em um tecido diversificado, composto por edificações de
pequeno porte (até 2 pavimentos); por edificações de maior gabarito (até 15
pavimentos), e em algumas situações por edifícios especiais com tipologia de
pavilhão. A zona é predominantemente residencial, mas também com atividades
comerciais e de uso misto, principalmente nas avenidas (figura 66).

Figura 66. Mapa de uso e ocupação do solo

Fonte: Elaborado pelo autor.


103

A área de intervenção localiza-se em um tecido diversificado, com diversos


serviços próximos como bancos, supermercados, farmácias e outros serviços
importantes. Importante ressaltar, ainda, a proximidade de área verdes e
arborizadas, como praças e bosque, ideal para prática de exercícios físicos, passeis
e contato com a natureza.

Dessa forma, estabeleceu-se um raio de 500m (figura 67) que é considerado


uma distância ideal para a mobilidade sustentável incentivando o uso de caminhada
e bicicleta, associadas às caracteristicas de uso do solo que propiciam a utilização
desses meios para satisfazer as necessidades e atividades diarias da população
residente de uma região (CAMPOS e RAMOS, 2012).

Figura 67. Mapa de serviços

Fonte: Elaborado pelo autor.


104

8.3. PARTIDO ARQUITETÔNICO

O partido arquitetônico do edifício explora a conexão com o entorno


compatibilizando os condicionantes projetuais, dessa forma obteve-se uma massa
edilícia formada por dois volumes principais, com lojas no térreo e salas de
atividades no pavimento superior, seguido dos apartamentos. Essa configuração
resultou em um edifício em “lâmina”, constituindo na área restante do terreno uma
praça a qual o edifício envolve e utiliza para se relacionar com o meio urbano e os
moradores.

Remeter o edifício a sua função principal, que não é somente de abrigar os


idosos, mas também integrá-los à comunidade. Partindo do princípio que os idosos
devem permanecer o menor tempo possível dentro dos seus apartamentos. Grandes
aberturas para a praça e para a rua faz com que os idosos acompanhem o que
acontece fora do quarto e sinta-se motivado a participar das atividades externas.

Dessa forma, o edifício não seria utilizado somente pelos moradores, mas sim
por toda a comunidade, oferecendo atividades e serviços que atraíssem os
pedestres e moradores da vizinhança para utilizá-lo, promovendo dessa forma a
sociabilização de moradores do edifício e a comunidade.

O princípio estrutural adotado também serviu de partido a proposta, que


consiste em uma estrutura mista de pilares e vigas de concreto pré-fabricado e lajes
protendidas, formando assim uma estrutura independente das vedações, garantindo
a flexibilidade e adaptabilidade da proposta, podendo no futuro o edifício ser
adaptado para novas necessidades, sem que haja o comprometimento de sua
estrutura.

Resultando então, em um edifício com uma grande preocupação urbana, no


que diz respeito a forma que o edifício se relaciona com a cidade, por isso se buscou
no projeto que houvesse uma inserção urbana pertinente, atendendo além das
exigências legais, o edifício deve respeitar e valorizar o seu entorno, não
constituindo uma arbitrária decisão estética individualista, mas sim um intenso
diálogo com a paisagem e os edifícios existentes no entorno. No item 8.8 –
105

“Processo de Projeto”, será demonstrado de forma mais clara as soluções adotadas


para o partido.

8.4. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

A elaboração do programa de necessidades e o pré-dimensionamento foi


baseado nas necessidades da proposta a fim de atender o usuário idoso regular,
com total ou relativa mobilidade, oferecendo-o conforto e segurança. De acordo com
Carli (2004):

“Um dos grandes desafios que se apresentam na tomada de decisões de


projeto ocorre quando surgem os conflitos relacionados aos usuários, seu
comportamento e suas necessidades, e de que forma eles se relacionam ao
ambiente construído. A resolução bem sucedida desses conflitos se baseia
no claro entendimento das necessidades. Métodos para estabelecimento de
prioridade nas decisões, com o reconhecimento e entendimento do
comportamento do usuário, são pré-requesitos para a formação dos
objetivos do programa de projeto. O projeto deve contemplas os valores
contemporâneos da arquitetura e vários programadores desenvolveram
listas de valores que incluem os aspectos culturais, tecnológicos, temporais,
econômicos, estéticos e de segurança.”

Para a definição do programa que daria suporte a elaboração da


proposta arquitetônica, utilizou-se o conhecimento adquirido em relação as
características do usuário, encontrado no capítulo 3, “O idoso contemporâneo”, as
diretrizes e recomendações organizados e expostos no capítulo 5, “A concepção de
espaços de acordo com a necessidade do Idoso” e também as análises das obras
correlatas realizadas no capitulo 6.

Dessa forma, apresenta-se o programa adotado, considerando também um


pré-dimensionamento, a quantidade de usuários fixo e variável e o equipamento
básico necessário para sua utilização.

USUÁRIOS ÁREA EQUIPAMENTOS /


AMBIENTE QNTD MÍNIMA
FIXO VARIÁVEL (módulo 3m²)
REQUISITOS
Mesa recepcionista,
Recepção 1 2 8 72 m²
cadeiras
ADMINISTRAÇÃO

Sanitário 2 - 5 24 m² Sanitário PNE

Secretaria 1 1 3 12 m² Mesa e cadeira

Contabilidade 1 2 - 9 m² Mesa e cadeiras

Gerência 1 1 2 12 m² Mesa e cadeiras


106

Mesa de reunião para


Sala de reuniões 1 - 15 18 m²
12 pessoas
HABITAÇÃO

Cozinha, estar,
Apartamentos 70 1-2 2-4 45 m² dormitório e banheiro
PNE

Equipamentos de
Academia 1 - 30 120 m²
ATIVIDADES (usuários externos

ginastica
Piscina Térmica 1 - 30 180 m² -
Equipamentos de
e residentes)

Fisioterapia 3 1 2 30 m²
fisioterapia
Equipamentos para
Pilates 1 - 30 60 m²
pilates
Atelier 2 - 15 30 m² Mesas e cadeiras

Massagem 2 1 2 12 m² Maca e armário


Duchas, armários,
Vestiário 4 - 10 30 m²
sanitários e pias
SOCIAL

Restaurante 1 - 75 300 m² Mesas e cadeiras

Biblioteca / Leitura 1 - 5 30 m² Estantes e poltronas

Tanque, máquina e
Lavanderia 1 - 2 45 m²
MANUTENÇÃO / SERVIÇOS

armários

Depósito de lixo 1 - 2 15 m² -

Depósito de Limpeza 1 - 2 12 m² -

Estar funcionários 1 - 10 24 m² Poltronas, tv, sofá


Mesas, cadeiras,
Copa funcionários 1 - 10 24m² armários, fogão, pia e
geladeira
Duchas, armários,
Vestiário funcionários 2 - 5 30 m²
sanitários e pias
COMERCIAL

Lojas 4 1 10 60m² -
OUTROS

Estacionamento 60 - - 15m² -

Carga / Descarga 1 - - 30m² -

Fonte: Elaborado pelo autor.


107

8.6. FLUXOGRAMA
A partir do pré-dimensionamento foi criado um fluxograma para
delimitação dos fluxos ocorridos entre os ambientes, prevendo futuros problemas
quanto à orientação dos ambientes e fluxos de usuários e funcionários, conforme
representados na Figuras 68.

Figura 68. Fluxograma

Fonte: Elaborado pelo Autor.


108

8.7. PLANO MASSA

A partir do pré-dimensionamento onde se pode estimar as áreas que seriam


ocupadas por cada setor do edifício, foi possível elaborar uma proposta volumétrica
inicial, podendo estabelecer o volume ocupado por cada setor e suas relações com
a adjacência e o terreno.

Na figura 69, pode-se perceber de que forma o edifício se estabelece no


terreno, qual o volume aproximado que ele ocupa e a sua relação com os edifícios
do entorno. A partir do partido arquitetônico e dos estudos realizados, procurou-se
setorizar as atividades social no térreo e na cobertura do edifício, as atividades estão
em um volume anexo ao volume principal, se estendendo transversalmente no
terreno. Dessa forma, cria-se um amplo espaço livre, que será utilizado para
atividades dos moradores e da vizinhança.

Figura 69. Plano massa

Fonte: Elaborado pelo autor.

8.8. PROCESSO DE PROJETO


O processo de elaboração do projeto, pode ser exemplificado no diagrama
abaixo (figura 70). Iniciando-se a partir da análise das condicionantes pré-existentes
no terreno, como topografia, insolação, ventos predominantes e entorno elaborou-se
a seguinte proposta, onde no primeiro momento analisou-se o máximo
aproveitamento do terreno e as condicionantes legais do mesmo (etapa 2), em
seguida, baseado no partido arquitetônico, recuou-se o edifício, apresentando-o em
109

forma de lâmina (etapa 3), em seguida, o espaço livre resultante buscou-se integrar
ao entorno, propondo uma grande praça.

Dessa forma, o resultado é um edifício integrado a cidade, que possui uma


grande preocupação urbana, que além de oferecer qualidade de vida e conforto aos
moradores do edifício, procura integra-los a comunidade, não isolando-os mas sim
promover uma relação saudável entre moradores, visitantes e pedestres, como é
mostrado com detalhes na figura 71.

Figura 70. Diagrama do processo projetual

Fonte: Elaborado pelo autor.


110

Figura 71. Diagrama elaboração da proposta

Fonte: Elaborado pelo autor.


111

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos a respeito da arquitetura para terceira idade no Brasil ainda são


poucos, a maior parte de edifícios residenciais para idosos estão na Europa, onde
existe a vários anos essa preocupação com a população idosa. No Brasil começou-
se a perceber a importância da pesquisa sobre esse tema somente nos últimos
anos, despertado pelo aumento significativo da parcela de idosos no país.

É importante que todo produto arquitetônico seja acessível para qualquer


indivíduo, independentemente de sua limitação. Nos últimos anos as pesquisas
sobre acessibilidade e desenho universal tem se intensificado, demonstrando a
importância da aplicação desses conceitos.

Por isso é importante criar condições de moradia adequadas às necessidades


dos seus usuários, para que possam viver com conforto, segurança e qualidade de
vida, independentemente de sua condição física. Evitando assim a processos de
segregação ou exclusão social, onde o indivíduo que apresenta algum tipo de
limitação é institucionalizado.

Neste trabalho, foram apresentadas algumas orientações a respeito de


características necessárias para atender a necessidades básicas dos idosos. Tanto
a análise de aspectos funcionais, como a análise de aspectos espaciais, abordando
parâmetros de flexibilidade e de circulação. Observou-se a importância do
atendimento as normas de acessibilidade e desenho universal, como características
para a criação de espaços adequados para a terceira idade.

A proposta arquitetônica desenvolvida no estudo trouxe a compreensão de


que as necessidades mínimas recomendadas em relação ao conforto,
acessibilidade, funcionalidade e manutenção devem ser atendidas. Mas também
vale ressaltar, que além dessas necessidades é importante que a proposta projetual
proporcione um local de interação e desenvolvimento social, integrando os
moradores a cidade, incentivando-os ao convívio com os outros moradores e com a
população do entorno.

Houve também uma preocupação quanto a flexibilidade de uso do edifício,


para que se evite uma futura demolição, gerando prejuízos e uma grande produção
112

de resíduos. Dessa forma a solução estrutural proporciona uma grande liberdade de


uso, pois a estrutura é independente dos fechamentos, de forma que as paredes
podem ser alteradas ou removidas sem prejuízos estruturais.
113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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