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oportunidades do profissional da área de finanças. ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e Suas Aplicações. 13. ed. São
Será mostrado também o funcionamento do mercado financeiro e do Paulo: Atlas, 2016
mercado de capitais, e por último serão expostas algumas hipóteses e teorias
ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira: uma abordagem prática.
que sustentam os mercados de capitais e são de fundamental importância na Curitiba: InterSaberes, 2013.
administração financeira das empresas.
CASTANHEIRA, N. P; MACEDO, L. R. D. Matemática financeira aplicada.
Boa aula!
Curitiba: Ibpex, 2010.
também destaca que o termo finanças está relacionado a processos, às npc.shtm>. Acesso em: 19 nov. 2017.
instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de KNIGHT, F. Risk, uncertainty and profit. London: Houghton Mifflin, 1921.
dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais.
_____. Risk, uncertainty and profit. 2. ed. London: Houghton Mifflin, 1933.
Seleme (2010, p.16) destaca a importância da administração financeira, a
VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática Financeira. Edição Compacta. 3. ed. São
qual permite que o gestor obtenha informações precisas e bem delineadas para
Paulo: Atlas, 2004.
solucionar problemas de ordem financeira e operacional da empresa.
Como toda ciência, as finanças corporativas incorporam em seu escopo RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos da Engenharia Econômica.
as grandes evoluções do mundo contemporâneo. Segundo Assaf Neto (2014), Curitiba: Ibpex, 2011.
as finanças das empresas vêm apresentando ao longo do tempo um processo
consistente de evolução conceitual e técnica.
O mesmo autor menciona que até a crise econômica de 1929–1930 existia
uma predominância dos aspectos externos das empresas, conhecidas como
abordagem tradicional. A função financeira até então estava centralizada na
captação de recursos, sendo a principal preocupação do administrador
financeiro a captação de recursos junto aos fornecedores de capital (acionistas,
banqueiros e poupadores).
Posteriormente a esse período e influenciado por Taylor, Fayol e Ford,
as diversas atividades de natureza repetitiva e sistemática que caracterizavam a
administração financeira sofreram fortes modificações e as empresas passaram
a direcionar seus esforços para os aspectos internos, voltados ao
Nesta aula estudamos, primeiramente, os elementos básicos do processo aperfeiçoamento e ao desenvolvimento de sua estrutura organizacional.
inflacionário, respondendo implicitamente as seguintes questões ao longo do Na década de 1940 até meados de 1950, Assaf Neto (2014, p. 4)
texto: o que é a inflação, como ela é mensurada, o que são índices de preços, menciona que as finanças voltaram a focar as decisões externas das empresas,
como eles podem ser utilizados etc. Na sequência, nosso foco foi buscar a estudando o ponto de vista de um emprestador (aplicador) de recursos, sem
compreensão sobre o que são riscos estatísticos e que relações apresentam atribuir maior destaque para as decisões internas da organização.
com os valores da Esperança estatística em dados presentes em um fluxo de Na década de 1950, contudo, a ênfase passou a ser os investimentos
caixa. Por fim, em nosso último bloco de conteúdo, essas laudas trouxeram empresariais e a geração de riqueza. Nesse contexto, as finanças corporativas
alguns elementos básicos na análise de títulos de renda fixa tanto na condição passaram a preocupar-se tanto com a alocação mais eficiente de recursos como
pré-fixada como, também, pós-fixada. com a seleção mais adequada de suas fontes de financiamentos. Nessa década
surgiram dois importantes conceitos financeiros: o retorno do investimento e o
custo de capital, com destaque para a interdependência das decisões
financeiras.
O uso de computadores, na década de 1960, permitiu que a área de
finanças aprimorasse as informações e sugerisse modelos mais sofisticados
para a tomada de decisões (Assaf Neto, 2014).
Os trabalhos de Franco Modigliani e Merton Miller, apresentados em 1958
e 1961, foram os precursores da moderna teoria de finanças, na qual os autores
abordam a irrelevância da estrutura de capital e dividendos frente ao valor de
mercado da empresa.
A partir da década de 1990, a grande evolução da teoria de finanças
priorizou outro importante segmento de estudo: gestão de risco. O mercado
financeiro desenvolveu metodologias e sofisticados modelos de avaliação de
risco que foram absorvidos pelas empresas em seu processo de decisão (Assaf
Neto, 2014, p. 5). Além da gestão de risco, a década de 1990 também priorizou
a formulação de estratégias financeiras voltadas à criação de valor econômico.
Dentro desse contexto, Seleme (2010, p. 24) ilustra o quão dinâmico é o
ambiente no qual as organizações estão inseridas, citando alguns fatos
importantes pelo qual o mundo passou nos últimos 30 anos:
a revolução tecnológica;
a interdependência global;
a reestruturação produtiva;
o surgimento de organizações de natureza pública e social de caráter não
governamental;
a circulação do capital financeiro com maior desenvoltura; novo mundo que você começou a desbravar a partir dessas aulas... Lembre-se:
o crescimento das atividades criminosas; O conhecimento é um investimento que realizamos para melhorar nosso futuro!
as novas formas de organização da sociedade;
a crise de paradigmas;
a expansão do terrorismo; Durante os cinco temas que foram vistos nesta aula, analisamos vários
a eclosão de inúmeros focos de luta armada no planeta. conceitos sobre o processo inflacionário. Agora, entre no Fórum da disciplina e,
Esses eventos, aliados a um panorama em que as distâncias espaciais usando este conhecimento geral adquirido, reflita com seus pares sobre a
não representam mais barreiras para as influências de caráter político, seguinte questão: Será que a população brasileira que se tornou
econômico, social ou cultural de um determinado grupo, permitiram um economicamente ativa após o plano real compreende qual é o verdadeiro
fenômeno denominado globalização, o qual passou a ser discutido a partir da impacto da inflação no resultado de suas aplicações financeiras? O que vocês
década de 1990. observam no comportamento dessas na gestão do próprio capital?
Seleme (2010, p. 27) caracteriza a amplitude dos estudos em finanças
sob duas óticas:
1. Ótica ampla: quando o campo de estudos financeiros se preocupa com: a. Leitura do caso
as instituições financeiras; Um investidor aplicou R$ 20.000,00 e após um ano obteve como valor
os mercados financeiros e como estes funcionam dentro do sistema montante a quantia de R$ 24.000,00. Sabendo que neste citado período a
financeiro (nacional e internacional). inflação acumulada foi de 15%, responda: qual foi o ganho real desse investidor
2. Ótica restrita: nesta ótica as finanças estudam: em forma de taxa de juros?
o planejamento financeiro; b. Identificação do que deve ser feito e teoria/conteúdo que resolve o
a captação de fundos por empresas e instituições financeiras. Para resolver esse problema precisamos utilizar o conhecimento presente
nos temas 1, 2 e 3, pois nestes encontraremos os conceitos básicos sobre o que
Para Assaf Neto (2014, p. 3), a aplicação de métodos de avaliação e
é a inflação e a essência matemática para o uso da fórmula que fornece a taxa
conteúdo conceitual dessa ciência tem assumido um papel bem mais
real de juros.
abrangente, elevando a sua importância para as empresas. O administrador
c. Apresentação da solução do problema
financeiro, por outro lado, passou a ser exigido, identificando uma necessidade
de especialização e atualização cada vez maiores. Taxa de juros efetiva aparente = -1
O ensino e a prática da administração financeira estão cada vez mais
desafiadores, pois as empresas já não são mais o que eram há uma ou duas Taxa de juros efetiva aparente = -1
décadas atrás, quando quem tinha diferenciais competitivos, como custos, preço
Taxa de juros efetiva aparente = 20%
e qualidade, garantia sua sobrevivência frente à concorrência.
Taxa de juros real = (1+20%) / (1+15%) – 1
Ou seja, primeiro aplicamos o índice e depois o juros. A relevância da função de administração financeira, para Seleme (2010),
Valor nominal líquido de tributos e taxas na data do resgate depende da complexidade das operações e do tamanho da organização: quanto
mais complexa e maior for a organização, provavelmente maiores
VNL = VNR – IR
responsabilidades serão atribuídas ao setor financeiro.
VNL = VNR – (VNR – VP) . IR%
a. Conceito
Segundo Vieira Sobrinho (2004, p.143), uma renda fixa é denominada
como pós-fixada quando:
[...] esse valor somente é determinado no dia (ou alguns dias antes) do
vencimento. As aplicações com renda pós-fixada pagam juros
calculados sobre o principal corrigido, ou seja, sobre o valor da
aplicação adicionado da correção monetária do período.
Várias são as oportunidades de carreiras que existem na administração Vamos calcular o valor de resgate de uma aplicação de R$ 100 mil feita
financeira. As nomenclaturas de cargos usadas variam consideravelmente. em título X para vencimento em 1 ano, nas seguintes condições:
Seleme (2010) descreve algumas dessas funções: I. Índice de correção TR anual = 6%;
Analista financeiro: dá aconselhamento financeiro e faz análise de II. Taxa de juros 5% ao ano;
informação econômica, financeira, estatística, entre outras. IV. 22,5% de imposto de renda retido na fonte;
ativos necessários para uma organização, sempre com o cuidado de VI. 10% de inflação do período.
188,39 mil = 100 mil . ( 1 + i L ) 36 Analista de crédito: administra a política de concessão de crédito para
terceiros por meio de análise e avaliação do solicitante. Além de conceder
36
(1+iL) = 188,39 mil / 100 mil crédito, o analista também controla o recebimento destes.
Ross et al. (2009) enfatizam que nas grandes empresas a área financeira
( 1 + i L ) 36 = 1,8839
geralmente é atribuída a um alto dirigente, tal como o vice-presidente de finanças
Solução
Valor nominal bruto na data do resgate
Gitman (2010) também destaca a importância de uma capacitação ampla VNR VF = VP . (1 + 24%/12meses) 3x12 meses
do conhecimento do gestor financeiro, pois a globalização fez com que as
empresas fossem obrigadas a ter um maior relacionamento com outros países. VNR VF = 100 mil . (1 + 2% ao mês ) 36 meses
Essas mudanças ampliaram a necessidade de contar com administradores
VNR VF = 100 mil . 2,039887 VNR = 203,99 mil
financeiros capazes de gerenciar fluxo de caixa em diferentes moedas e protegê-
lo dos riscos que decorrem naturalmente das transações internacionais. Gitman Valor nominal líquido de tributos e taxas na data do resgate
(2010) conclui que embora essas mudanças aumentem a complexidade da
função de administração financeira, podem levar a uma carreira de maior VNL = VNR – IR
Seleme (2010) destaca que não tem como falar dos profissionais de VNL = 203,99 mil – 103,99 mil . 15%
finanças sem se reportar ao contexto das empresas. Para tanto, é fundamental
VNL = 203,99 mil – 15,60 mil VNL = 188,39 mil
Neste último tópico, iremos trabalhar de forma introdutória as operações entendermos o conceito de empresa. De acordo com Bueno (2007), trata-se de
de renda fixa, tanto as do grupo de rendas pré-fixadas como, também, as do negócio, associação para explorar uma atividade econômica, associação
grupo de rendas pós-fixadas. Nesse sentido, no desenvolvimento deste tema mercantil. Frente a isso, a empresa tem um único fim: a otimização de resultados.
vamos listar alguns dos principais títulos desses dois subgrupos da renda fixa e, Essas empresas são classificadas basicamente em três tipos:
também, veremos um exemplo com um título hipotético em cada uma das duas Empresas Privadas: tem como principal característica o fato de seus
listas geradas. Quanto ao que abordaremos nesses dois exemplos, teremos proprietários serem pessoas físicas e/ou empresas particulares.
neles uma demonstração básica sobre alguns itens que devem ser ponderados Empresas Públicas: diferenciam-se basicamente pelo fato de que o
em uma análise de investimento, sendo esses: poder (federal, estadual ou municipal) é o proprietário.
a. Valor nominal bruto na data do resgate; Empresas Mistas: são aquelas cujos proprietários são compostos por
b. Valor nominal líquido de tributos e taxas na data do resgate; empresas privadas e por empresas públicas.
c. Taxa efetiva líquida de tributos; A característica comum a esses três tipos de empresa é que todas atuam
a. Conceito
Segundo Vieira Sobrinho (2004, p.143), uma renda fixa é tida como “[...]
prefixada quando o valor de resgate é conhecido no dia da aplicação”. Ou seja,
Fonte: Adaptada de Sebrae, 2017.
Dos tipos de empresas que podem ser abertas no Brasil, merecem
Possibilidade j P V (V – E) 2 . P
destaque:
Valor mais provável 1 66% 212,00 (212 - 215 ) 2 . 66% = 5,94
Microempreendedor Individual – MEI: é a pessoa que trabalha por Valor otimista 2 17% 249,66 (249,66 - 215 ) 2 . 17% = 204,22
Valor pessimista 3 17% 192,01 (192,01 - 215 ) 2 . 17% = 89,85
conta própria e que se legaliza como pequeno empresário com
Variância do momento t =3 300,02 =
faturamento anual de até R$ 60.000,00, não podendo ter participação em Desvio padrão do momento t =3 17,32 =
outra empresa como sócio ou titular. Coeficiente de variação do momento t=3 8,1% = CV %
faça parte do contrato social. financeiras: as rendas fixas e as rendas variáveis. As rendas variáveis são
aquelas em que não existem garantias sobre o que ocorrerá até a data do
resgate/término da operação realizada. Pode ser que ocorra um ganho muito
alto, pode ser que haja estagnação do capital e, também, pode ocorrer que o
resultado da operação seja prejuízo (redução do capital). Esse é o caso das
operações financeiras realizadas no mercado de ações e de mercado futuro. As
rendas fixas, por sua vez, segundo Vieira Sobrinho (2004, p.143), são assim
Para entender melhor o mercado financeiro é fundamental a compreensão
denominadas por garantirem “[...] ao aplicador determinado rendimento, fixado
dos principais títulos negociados pelas empresas de capital aberto.
no dia da aplicação, isto é, o investidor seguramente receberá no vencimento um
valor maior que o desembolsado [...] podem ser [elas] pré e pós-fixadas”.
é a variação dos dados em torno da Esperança, agora sem estarem na condição Segundo Ross et al. (2009), as empresas de capital aberto (sociedades
ao quadrado. Além do que, seu resultado é uma variação com +/- (pois é o anônimas) oferecem dois tipos básicos de títulos aos investidores:
resultado de uma raiz), ou seja, a variação pode ser para cima ou para baixo em
Títulos de dívidas, que são obrigações contratuais de devolução de
torno da Esperança. Só tem um problema: esse valor obtido é um valor absoluto,
empréstimos feitos à empresa.
sendo assim, caso seja necessário compará-lo com outros valores, teremos o
Títulos de propriedade, que são ações da empresa (ordinárias e
problema das escalas... quando isso acontece, precisamos transformá-los em
preferenciais) que representam direitos não contratuais aos fluxos de
valores relativos, o terceiro passo.
caixa residuais da empresa.
Passo 3
Os títulos de dívida e de propriedade que são ofertados ao público pela
Precisamos encontrar o Coeficiente de variação (= risco em valores
empresa passam a ser transacionais, ou seja, comercializáveis nos mercados
relativos), utilizando a seguinte fórmula:
financeiros.
CV = . 100 Mercado financeiro é definido por Seleme (2010, p. 42) como um ambiente
em que existe o relacionamento entre elementos que possuem fundos
Onde:
(poupadores) e os que são deficitários (tomadores).
: Coeficiente de variação no momento “t”
Esse ambiente possui normas e regras a fim de que haja credibilidade
: Desvio padrão no momento “t”
: Esperança no momento “t” para uma relação sem sobressaltos. Essas normas e regras são determinadas
e fiscalizadas por elementos que recebem a denominação de intermediários
Se você não multiplicar por 100 o CV nos informa qual é o desvio em torno
financeiros (autoridades monetárias e agentes financeiros), os quais estão
da Esperança a cada 1 unidade de Esperança. Agora, se você multiplicar por
representados na Figura 4.
100, teremos o desvio a cada 100 unidades de Esperança, isto é, o desvio
percentual. Vamos praticar! Figura 4 – Fluxos de recursos na intermediação financeira
Possibilidade j P V (V – E) 2 . P
Valor mais provável 1 66% 9,50 (9,5 - 10)2 . 66% = 0,17
Valor otimista 2 17% 14,05 (14,05 - 10) 2 . 17% = 2,79
Valor pessimista 3 17% 7,90 (7,9 - 10) 2 . 17% = 0,75
Variância do momento t =1 3,70 =
Desvio padrão do momento t =1 1,92 =
Coeficiente de variação do momento t=1 19,2% = CV %
Possibilidade j P V (V – E) 2 . P
Valor mais provável 1 66% - 0,90 (-0,9 - (-1) ) 2 . 66% = 0,01
Valor otimista 2 17% - 0,20 (-0,2 - (-1) ) 2 . 17% = 0,11
Valor pessimista 3 17% - 2,20 (-2,2 - (-1) ) 2 . 17% = 0,24
Variância do momento t =2 0,36 =
Fonte: Ferreira, 2014, p. 22.
Desvio padrão do momento t =2 0,60 =
Coeficiente de variação do momento t=2 60,0% = CV %
Seleme (2010) esclarece que no mercado financeiro as sobras de valor da esperança e multiplicar o resultado por 100, este valor obtido é chamado
recursos dessa intermediação são utilizadas para financiar as atividades de Coeficiente de variação. Como eles são obtidos? Por meio de três passos
empresariais e os novos projetos. O autor conclui que os bancos emprestam o bem simples:
dinheiro poupado para custear investimentos. Para os bancos realizarem essa Passo 1
transação eles cobram uma taxa do tomador, denominada spread, a qual é Precisamos encontrar a variância dos valores, por meio da seguinte
utilizada para cobrir o custo operacional e o risco do emprestador. Quanto maior fórmula:
o risco de não receber o dinheiro emprestado, maior será essa taxa.
=
Ross et al. (2009) complementam que os mercados financeiros são
compostos por:
Onde:
Mercados monetários: são os mercados de títulos de dívidas que : Variância no momento “t”;
vencem no curto prazo (geralmente menos de um ano).
: Valor estimado “V j” no momento “t”;
Mercados de capitais: são mercados de dívidas a longo prazo (com
prazo de vencimento superior a um ano). Neste mercado também são
: Esperança no momento “t”;
consideradas as ações. : Probabilidade estimada “P j” no momento “t”.
Além dos mercados monetários e mercados de capitais, Seleme (2010) Vamos entender o porquê do valor quadrado. Acontece que se a gente
destaca dois outros importantes mercados que fazem parte do segmento do subtrair de cada Vj o valor da Esperança, logicamente, obtemos o valor de
mercado financeiro: o mercado de crédito e o mercado de câmbio. variação de cada item... o problema é que, sempre que somarmos esses valores,
o resultado será zero, ou seja, assim não conseguiremos fazer a média das
Mercado de crédito: mercado em que atuam diversas instituições
variações... Para contornar esse problema, elevamos cada valor de variação ao
financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação
quadrado, assim, temos como somar os valores ao quadrado (pois todos são
financeira de recursos de curto e médio prazo para agentes deficitários.
positivos) e, desta forma, calcular variação da média “ao quadrado” desses
Os recursos disponibilizados pelas instituições financeiras são
dados em torno da Esperança. Todavia, essa solução exige a realização do
provenientes de:
próximo passo.
o depósitos captados por elas;
Passo 2
o repasses de linhas de crédito;
Precisamos encontrar o desvio padrão dos valores (risco em valores
o recursos próprios.
absolutos).
O Banco Central (Bacen) é responsável pelo controle, normatização e
fiscalização deste mercado. =
Mercado de câmbio: para melhor entender este mercado é importante
que fique claro o que é câmbio. Câmbio é a operação de troca de moeda
Onde:
de um país pela moeda de outro. Um turista que queira viajar para o
exterior precisa de moeda estrangeira. Para isso, ele se dirige a um : Desvio padrão no momento “t”;
agente autorizado pelo Bacen para efetuar a operação. Os agentes : Variância no momento “t”.
autorizados pelo Bacen para realizar operações de câmbio são: bancos,
É isso mesmo que você entendeu: o desvio padrão nada mais é que a raiz
quadrada da variância (o resultado do passo anterior). Ou seja, o desvio padrão
caixas econômicas, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e
meios de hospedagem.
Possibilidade j P V Pj.Vj
Valor mais provável 1 66% - 0,90 - 0,59 Silva (2003) destaca ainda que o mercado monetário e o de capitais
Valor otimista 2 17% - 0,20 - 0,03
podem se inter-relacionar e atuar lado a lado. O autor cita o exemplo da Bolsa
Valor pessimista 3 17% - 2,20 - 0,37
Esperança para momento t =2 - 1,00 = = de Valores de São Paulo (BOVESPA) como uma localização física onde se
realizam transações de ações. Numa agência do Banco do Brasil, por exemplo,
Possibilidade j P V Pj.Vj
pode se realizar uma aquisição de ações do próprio banco, ao mesmo tempo em
Valor mais provável 1 66% 212,00 139,92 que uma empresa também pode obter um empréstimo para capital de giro.
Valor otimista 2 17% 249,66 42,44
Silva (2003, p. 40) também destaca a complexidade do mercado
Valor pessimista 3 17% 192,01 32,64
Esperança para momento t =3 financeiro como um todo e menciona ainda que “o contexto geral da economia,
215,00 = =
com grau de maturidade, é uma condição fundamental para o funcionamento da
intermediação financeira”.
E, sendo assim, com esses dados de Esperança, o fluxo de caixa que
Em cada um dos mercados, diversos ativos são transacionados. Cada um
podemos esperar para o investimento que será feito com a compra da máquina
desses ativos tem características próprias, capazes de os diferenciarem entre si.
é...
A Figura 4 ilustra essa estrutura e classificação desses ativos financeiros:
Figura 1 – Fluxo de caixa
Figura 4 – Estrutura e classificação de ativos financeiros
visa, primordialmente, zelar pela integridade e confiabilidade das operações valores de “P”, para isso, vamos utilizar o desenvolvimento presente em Hirshfeld
financeiras e de seus registros, ou seja, o sistema tem o intuito de assegurar que (2000, p.493, grifo nosso), onde temos que “Apesar de o número de estimativa
o processo de intermediação financeira transcorra em segurança e funcione de cada contribuição do fluxo de não necessitar ser o mesmo para todas as
como um dos motores da economia. contribuições, adota-se, de forma geral, por simplificação ou sistematização,
Ferreira (2014) destaca o SFN é de fato bastante confiável e bem um número igual para todas elas”. O que Hishfeld quer dizer é que para
estruturado. Contudo, apresenta elevado grau de complexidade. A Figura 5 simplificar o procedimento de análise ou mesmo estabelecer um critério
ilustra os dois subsistemas SFN, que são o subsistema normativo e o subsistema sistêmico, na prática, utiliza-se um mesmo valor probabilístico para cada possível
operativo: ocorrência. Qual? Bem, isso depende de qual literatura você utilizar, aqui será
uma que foi citada pelo próprio Hirshfeld (2000, p. 493):
Figura 5 – Composição do Sistema Financeiro Nacional
“[...] recebe boa aceitação (principalmente do PERT) é o [número] igual
a 3 [possibilidades], onde as probabilidades mais viáveis se situam,
respectivamente, ao redor dos valores: 66% (valor mais provável), 17%
(valor otimista) e 17% (valor pessimista).” 1
1PERT significa Program Evaluation and Review Technique, trata-se de um programa elaborado
para o gerenciamento de projetos que é praticado desde meados do século passado.
trabalhoso. Dito isso, podemos encerrar esse tema e partir para nosso próximo Conselho Monetário Nacional (CMN): instituído em 1964 pela Lei
assunto: o risco de um investimento segundo a percepção estatística. n. 4.595, é o órgão máximo de deliberações do SFN. Ferreira (2014)
destaca as principais atribuições do SFN:
o constituir as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial,
orçamentária e creditícia;
Antes de começarmos, um alerta semântico! Caso você, meu caro leitor,
o regulamentar as condições de constituição, funcionamento e
queira se aprofundar na análise estatística dos riscos, saiba que em seus
fiscalização das instituições financeiras, inclusive de aplicações de
estudos encontrará certa divergência entre os autores se as modelagens que
recursos;
aqui serão vistas são análises de risco ou de incertezas. Para alguns, é a mesma
o disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial.
coisa, para outros, não. Dado esse fato, para evitar confusão, aqui usaremos
O CMN tem como presidente o Ministro da Fazenda. O órgão também é
uma das distinções que se faz presente no artigo de Andrade (2011, p.172), o
formado por mais dois membros, o ministro do Planejamento, Orçamento
conceito de Knight sobre risco e incerteza:
e Gestão, e o presidente do Banco Central.
[...] o risco é considerado como uma probabilidade mensurável, e a Banco Central do Brasil (Bacen): Silva (2003) relata que o Bacen é o
incerteza, como uma situação expressa por valores indeterminados e
não quantificáveis, isto é, refere-se a uma situação de “probabilidade executor da Política Monetária, ou seja, cumpre e faz cumprir as normas
numericamente imensurável. (Knight, 1921, p. 19)
expedidas pelo CMN, intervindo diretamente nas instituições que operam
Portanto, nesse penúltimo tema da aula, tendo como base a citação
no sistema financeiro. São de sua competência:
anterior, iremos estudar como um investimento financeiro pode ser analisado
o emissão de papel-moeda;
segundo seus valores de Esperança (média ponderada por probabilidade
o recebimento de compulsório dos bancos comerciais;
estatística) e Risco estatístico (desvio padrão em torno da Esperança).
o realização de operações de redesconto e empréstimos às instituições
financeiras;
o realização das operações de compra e venda de títulos públicos
Quando um fluxo de caixa não apresenta um comportamento estável federais;
quanto aos valores de encaixes e desencaixes de capital – isto é, quando existe o fiscalização das instituições financeiras, dentre outras atividades.
um risco de oscilação desses valores – se faz necessário estabelecer algum Comissão de Valores Mobiliários (CVM): criada em 1976, a CVM é uma
critério que permita mitigar o risco da operação realizada. Nesse caso, a primeira autarquia federal que, segundo Silva (2003), disciplina o mercado de
etapa a ser feita é definir qual é a Esperança estatística que temos para cada ações e debêntures, assegurando funcionamento das Bolsas de Valores
evento do fluxo de caixa da a presença dessa citada oscilação. Ou seja, e demais instituições auxiliares. Ferreira (2014) destaca também as
buscaremos o valor médio para cada momento “t” considerando as demais atribuições da CVM:
possibilidades que acreditamos existirem para ele; para tanto, usamos: o estimular a aplicação em poupança e sua aplicação em valores
mobiliários;
Fórmula 4 – Valor médio para cada momento “t”
o assegurar o funcionamento da Bolsa de Valores e de balcão;
o proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares
=
que venham a prejudicar o mercado financeiro;
Onde: o fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos
emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto.
: Esperança no momento “t”;
Ferreira (2014) define o Subsistema Operativo como o setor do SFN que Tabela 8 – Série Histórica do IPCA
realiza as intermediações financeiras, tendo por fim viabilizar o financiamento
dos entes econômicos superavitários a partir de excedentes de recursos dos
entes econômicos superavitários com o diferencial de juros (chamado de spread)
que remunera os intermediários financeiros.
Silva (2003) destaca ainda que o Subsistema Operativo é composto pelas
instituições financeiras (bancárias e não bancárias) e por agentes especiais que
pertencem também ao sistema normativo.
Instituições Financeiras (bancárias e não bancárias) são aquelas que
efetivamente realizam o processo de intermediação financeira buscando obter a
remuneração (spread), que é a diferença entre a taxa de juros recebida e a taxa
de juros paga aos poupadores.
Ferreira (2014) destaca as instituições financeiras pertencentes ao
Passo 1: vamos encontrar os valore de x t
Subsistema Operativo:
Bancos Comerciais: são os bancos de uso cotidiano, aqueles que X1=1+0,38% = 1 + 0,0038 = 1,0038
Taxa média = ( n=0) parte deste sistema são as Caixas Econômicas, as Sociedade de Crédito
Imobiliário e as Associações de Poupança e empréstimo.
Agentes Especiais: por sua importância e abrangência, também
b. Quando temos somente os valores percentuais
pertencem ao sistema normativo, ainda que se dediquem mais à prática
Taxa média = ( ) . 100 , sendo: x t = 1 + taxa t da intermediação financeira. Ferreira (2014) destaca esses agentes
especiais:
Onde: o Banco do Brasil (BB): uma das mais antigas instituições do país, o BB
é um dos principais bancos ligados ao governo e participa do processo
: é o produtório (o produto da multiplicação dos x t );
de intermediação financeira, além de permanecer como centralizador
x t: é o índice de cada tempo t do período (a partir do item 1).
dos depósitos compulsórios (instrumento de controle de liquidez da
Vamos exemplificar usando a fórmula na Tabela IPCA presente no Tema moeda).
2.
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES): Banco
de desenvolvimento que concede crédito pela perspectiva de fortalecer
o setor empresarial nacional, mas também se situa no sistema
normativo, pois suas operações de crédito têm grande relevância na
política creditícia do governo brasileiro.
Saiba mais Portanto, podemos concluir que esta empresa teve um péssimo primeiro
Para informações mais detalhadas sobre o Mercado Financeiro, acesse o semestre.
site do Banco Central do Brasil (Bacen): <http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/SFN>.
Exemplo 2
Sabe o que isso significa? Nada, pois se a gente não souber o valor da transacionados entre os investidores depois que foram emitidos pelas
taxa de inflação desse período, não dá para dizer se a empresa está bem ou mal empresas”.
em suas vendas. Sendo assim, vamos considerar que esses dados são
Há dois tipos de mercado secundário: os Mercados de Bolsa e os
referentes ao ano de 1994 (portanto, antes da moeda real entrar em circulação).
Mercados de Balcão.
Sendo assim, segue o IPCA de 1994, entre janeiro e junho.
Mercado de Bolsa: é o mercado em que se compram e vendem ações.
Tabela 4 – IPCA de 1994, entre janeiro e junho
Nele os clientes (compradores e vendedores) e as instituições do sistema
de distribuição de títulos e valores mobiliários viabilizam a negociação
Taxas de Taxa de
Mês Receita crescimento Inflação* com títulos e valores mobiliários.
Janeiro R$ 120,00 20% 41,31% Mercado de Balcão: o Mercado de Balcão é considerado um mercado
Fevereiro R$ 150,00 25% 40,27% virtual, pois não tem um local físico onde se vão realizar os negócios com
Março R$ 198,00 32% 42,75% ações e títulos. As negociações são realizadas pessoalmente ou por
Abril R$ 265,32 34% 42,68%
telefone pelos corretores.
Maio R$ 366,14 38% 44,03%
Junho R$ 512,60 40% 47,43%
*Observação: Não tem nenhum erro, essas são taxas mensais verdadeiras do IPCA/1994.
Agora que temos a taxa de inflação mensal do IPCA, responda: Para Famá et al. (2008), um dos assuntos mais importantes dentro da
teoria de finanças é a Hipótese de Mercados Eficientes (HME). De acordo com
b. Quais as taxas reais de crescimento ao mês da receita de janeiro a junho?
essa hipótese, o mercado seria considerado eficiente se refletisse rapidamente
Para atender esse pedido é bem fácil, pois basta aplica a fórmula da taxa
qualquer informação disponível nos preços dos ativos, impossibilitando ganhos
real de juros (ver Tema 2).
anormais. Isto significaria que a posse de informações sobre esse mercado não
Tabela 5 – Taxas reais de crescimento ao mês da receita de janeiro a junho alteraria o retorno esperado. Esse conceito foi proposto por Famá (1970), e os
trabalhos realizados nas décadas de 1970 e 1980 tentavam comprová-lo.
Taxas de
Taxa de Taxas de crescimento Os resultados obtidos por Famá (1965) corroboram o modelo Martingale,
Mês Receita crescimento
Inflação (Real)
(Nominal) pois mudanças significativas nos preços diários tendem a ser seguidas por
Jan. R$120,00 20% 41,31% [(1+20%)/(1+41,31%) -1].100= -15% grandes mudanças, cujos sinais são imprevisíveis – o que sugere que
Fev. R$150,00 25% 40,27% [(1+25%)/(1+40,27%) -1].100= -11% informações importantes não podem ser avaliadas imediatamente, mas que o
Mar. R$198,00 32% 42,75% [(1+32%)/(1+42,75%) -1].100= -08% ajustamento inicial dos preços no primeiro dia da informação é imparcial, o que
Abril R$265,32 34% 42,68% [(1+34%)/(1+42,68%) -1].100= -06% é suficiente para esse modelo.
Mai. R$366,14 38% 44,03% [(1+38%)/(1+44,03%) -1].100= -04%
Assaf Neto (2014) reitera que, em finanças, um mercado é entendido
Jun. R$512,60 40% 47,43% [(1+40%)/(1+47,43%) -1].100= -05%
como eficiente quando todas as novas informações recebidas promovem
imediata repercussão sobre os preços dos ativos. Por exemplo, se o governo
Agora sim podemos analisar o comportamento da receita dessa empresa.
prometer elevar a taxa de juros de referência da economia em 0,5%, o mercado
Nesse sentido, podemos observar que ela teve crescimento real negativo em
eficiente “precifica” essa informação. Quando a decisão de aumento dos juros
todos os meses se for considerando IPCA (isto é, a receita real contraiu).
for tomada, pouca repercussão deve ocorrer sobre os preços dos ativos, pois o
mercado foi incorporando essa expectativa ao longo do tempo.
Em um mercado eficiente, o valor de um ativo é reflexo do consenso dos Solução
participantes com relação a seu desempenho esperado.
Na hipótese de eficiência, o preço de um ativo qualquer é formado com TDM = = = 9,09%
base nas diversas informações publicamente disponíveis aos investidores,
sendo as decisões de compra e venda tomadas com base em suas Ou seja, se os preços subirem 10%, o poder de compra cai 9,09%.
interpretações dos fatos relevantes.
Saraiva Junior e Ikeda (2003) destacam que a Hipótese dos Mercados
Eficientes tem se mostrado uma das mais influentes teorias no campo das
Vamos imaginar que uma empresa obteve, ao longo de setes meses, as
finanças, sendo base para inúmeros modelos de precificação de ativos, com
seguintes receitas:
aplicações que vão desde modelos tradicionais utilizados em finanças
corporativas até avançadas teorias utilizadas na identificação do preço “justo” de Tabela 2 – Receitas de uma empresa
derivativos financeiros. Um dos pilares da HME é a possibilidade da arbitragem
como mecanismo de correção de possíveis desvios que o mercado possa sofrer Dezembro R$ 100,00
de sua forma eficiente. Pela teoria clássica dos mercados eficientes, mesmo em Janeiro R$ 120,00
Fevereiro R$ 150,00
um ambiente caracterizado pela presença de alguns investidores não totalmente
Março R$ 198,00
racionais, a possibilidade de arbitragem anularia o efeito destes sobre os preços
Abril R$ 265,32
dos ativos negociados, trazendo-os de volta ao seu valor fundamental. Maio R$ 366,14
Junho R$ 512,60
Segundo Famá (1970), o pressuposto fundamental dessa forma de Junho R$ 512,60 [ (512,60/366,14) -1 ] . 100 = 40%
Desenvolvida por Jensen e Meckling em 1976, a Teoria da Agência é uma A loja de veículos “Lata velha Ltda” financia seus veículos com uma taxa
de juros de 24% ao ano, capitalização composta mensal e postecipada. Sabendo
importante contribuição para explicar a relação contratual presente entre os
que a taxa inflacionária da Economia é estimada em 10% ao ano, qual é a taxa
principais (empresa) e os agentes (administradores).
real mensal cobrada pela loja?
Assaf Neto (2014) destaca que o fundamento da teoria de agência decorre
da celebração de um contrato (relacionamento de agência) em que o principal Solução
conclusão importante do mencionado trabalho de Jensen e Meckling é b. Cálculo da taxa real mensal:
que sempre que as partes – principal e agentes – atuem no sentido de
maximizar suas utilidades pessoais, tem-se um potencial problema de
conflito de agentes. O agente dificilmente irá atender plenamente ao
interesse do principal. r= = = 1,011931
O conflito de agentes não ocorre somente entre proprietários e
administradores acionistas e credores. Assaf Neto (2014) destaca que uma r = 1,011931 – 1 = 0,011931 r 1,19% ao mês
empresa é formada por inúmeras partes com diferentes direitos: acionistas
(minoritários e controladores), instituições financeiras credoras, fornecedores,
podem até cair ou manter seu preço... no final, o que importa é o valor final da credores por debêntures, administradores, funcionários, clientes, governos,
cesta e quanto o poder de compra de nosso capital foi alterado com a inflação. sociedade na qual está inserida. Até pouco tempo atrás, esses agentes,
Portanto, segundo essa lógica que foi vista, temos que a primeira coisa conhecidos como stakeholders, possuíam os mesmos objetivos com relação à
que precisamos fazer em uma análise financeira sobre o ganho real do capital empresa. No entanto, verificou-se que os interesses são distintos e conflituosos,
é... Reajustar a cesta de produto com o índice inflacionário! Somente depois é gerando desacordo entre os diversos grupos. O desafio que surge é o de
que devemos calcular qual foi o ganho real. Para nossa sorte, toda essa conciliar a atuação dos controladores com os objetivos dos indivíduos.
operação pode ser resumida em uma modelagem matemática bem simples: Esses objetivos podem surgir entre todos os stakeholders e gerar custos
a empresa, além de poder prejudicar o referencial de preços de suas ações no
Fórmula 2 – Cálculo do ganho real
mercado.
Brealey e Myers (2008) apontam também um agravante aos conflitos de
r= agentes, oriundo da falta das mesmas informações para os diversos grupos de
agentes.
Onde:
Para os autores, os administradores, acionistas e credores possuem
i: taxa de real entre tempo 0 (zero) e tempo t; informações diferentes sobre a situação efetiva da empresa, criando as
i: taxa de efetiva (aparente) entre tempo 0 (zero) e tempo t; assimetrias de informações entre os agentes. A maior preocupação dos
: taxa de inflação do período entre tempo 0 (zero) e tempo t. investidores (acionistas e credores) concentra-se em eventuais surpresas
negativas sobre a empresa com as quais possam se defrontar ao longo do
Vamos entender essa fórmula usando outro exemplo. Você entrou em
tempo.
uma empresa ganhando R$ 1.000,00; após 12 meses de trabalho recebeu um
aumento em seu salário no valor de 15%. Sabendo que nesse período a inflação
foi de 10%, qual foi seu ganho real com o aumento?
Solução Para Assaf Neto (2014), a assimetria de informação é identificada quando
um agente econômico detém informações desconhecidas pelo outro agente, o
Atenção Você “NÃO PODE” fazer 15% -10% = 5%. Fazer isso é muito
que conferindo a este uma posição de desvantagem na transição. São
errado!
informações relevantes mantidas por um ou mais agentes (investidor, tomador
Agora, vamos resolver o problema de duas formas: a demorada e a fácil: de recursos, acionistas, comprador etc.) e não disponíveis no mercado.
Assaf Neto (2014, p. 39) complementa que “a assimetria informacional
a. Resolvendo o problema com muito trabalho (forma demorada):
limita a capacidade dos agentes econômicos de tomarem as melhores decisões.
Primeiro, devemos ajustar o salário original com o índice inflacionário. Uma relação se estabelece em equilíbrio quando as informações estiverem
igualmente disponíveis, em extensão e qualidade, para todos os agentes”.
VP ajustado = VP original . (1 + ) VP ajustado = 1000 . (1 + 10% ) Apesar de uma companhia aberta divulgar periodicamente inúmeras
informações de seu negócio, ser monitorada de perto por diversos órgãos
VP ajustado = R$1100,00
reguladores (CVM e Bacen) e ainda ter todos seus resultados auditados por
Depois, devemos calcular o novo valor do salário com o aumento recebido empresas independentes, as principais decisões dos investidores estão
centradas nos projetos futuros das empresas e não nas decisões tomadas no
VF = VP original . (1 + i) VF = 1000 . (1 + 15%) VF = R$ 1150,00
passado. Para Assaf Neto (2014), este talvez seja o elemento essencial da
assimetria informacional entre os agentes participantes de uma transação.
O investidor de mercado não possui as mesmas informações relevantes A taxa de juro aparente, segundo Castanheira e Macedo (2010), é aquele
acessadas pela administração interna da empresa, estabelecendo uma relação valor percentual que foi efetivamente utilizado no cálculo financeiro e que
assimétrica. Não há como os acionistas potenciais terem acesso a todas as “aparentemente” satisfez a intenção de remuneração daquele que emprestou o
informações da companhia, suas intenções, estratégias e expectativas. capital. Por que “aparentemente”? Simples, dependendo do impacto do processo
Assaf Neto (2014) destaca que a presença de assimetria de informação inflacionário a taxa de juro efetiva pode perder sua força, comprometendo seu
gera o problema de “seleção adversa”, na qual o investidor (comprador), por não valor real. Ficou um pouco confuso? Então, acompanhe esse raciocínio...
ter acesso às mesmas informações dos demais agentes, avalia com a. Você tem R$1.000,00 no bolso e quer comprar o celular Top-10, porém,
desconfiança o investimento, atribuindo um maior risco à decisão, o que se ele custa R$ 1.100,00. Por $1.000,00 você poderia até comprar o celular
reflete em menor preço ofertado (desvalorização do ativo). Top-5, mas o que você quer é o modelo Top-10 e não abre mão desse
O autor conclui que se todos os agentes tivessem acesso às informações desejo.
simétricas, ou seja, todos tivessem à disposição as mesmas informações, os b. Por isso, você aplica seu dinheiro em um título de renda fixa que remunera
problemas de agentes seriam minimizados. Todos saberiam dos fatos e as efetivamente o capital em 10% ao ano. Ou seja, você vai ficar longe de
expectativas dos grupos se tornariam mais homogêneas. Para atenuar os seus R$ 1.000,00 por ano, vai ficar sem qualquer celular por um ano, tudo
problemas de assimetria de informação e os conflitos gerados pela Teoria da para aumentar em 10% seu poder de comprar e, assim, poder comprar o
Agência, recomenda-se a elaboração de uma governança corporativa, que nada Top-10.
mais é que a regulamentação da maneira como a empresa é dirigida, c. Passado um ano, você, feliz da vida, saca seus R$ 1.100,00 (R$ 1.000+
administrada ou controlada. R$100 de juro) para comprar o seu tão sonhado Top-10.
d. Ao chegar à loja você descobre que o Top-5 e o Top-10 tiveram um
reajuste de preço com base no IPCA, o qual foi de 10% no acumulado de
12 meses. O Top-10 passou a ter um preço de $1.210,00 (R$ 1.100 + R$
Segundo Prates (2014), o modelo de precificação de ativos financeiros,
conhecido pela sigla CAPM (oriunda do termo em inglês Capital Asset Pricing 110 de ajuste inflacionário) e o Top-5 passou para R$ 1100,00 (R$ 1.000
contempla aspectos inerentes a todo o sistema que envolve a precificação de que você teve na aplicação financeira foi zero. Ou seja, aparentemente
você ficou mais rico em 10%, pois seus R$ 1.000,00 viraram R$ 1.100,00,
um determinado ativo.
porém, depois de um ano, sua situação econômica real é a mesma.
Entendeu?
contexto corporativo, o CAPM pode ser utilizado para calcular o custo de capital
próprio, através da reta característica. No exemplo anterior, fizemos um exercício com um produto apenas, mas
Uma vez que o custo de capital de uma empresa é composto por uma no dia a dia essa lógica é aplicada em relação à nossa cesta de consumo. É, por
parcela de capital de terceiros e outra de capital próprio, o CAPM entra no isso, que a análise com base no índice inflacionário é válida, pois em uma cesta
sentido de estimar o custo do capital próprio, ou seja, o retorno que os acionistas alguns itens podem até subir mais ou menos em relação à inflação oficial, outros
esperam obter por terem injetado dinheiro na companhia.
A fórmula de cálculo do CAPM pode ser expressa da seguinte forma:
= = (1,0081 – 1) . 100 = 0,81%
Taxa de Retorno Requerida =
d. Inflação no ano em setembro/2017: Taxa de Juros Livre de Risco + Prêmio pelo Risco
: 4775,70 (tempo inicial para o período desejado: 0 = dezembro*) Ou, em termos matemáticos:
CAPM: Rf + . (Rm-Rf)
= = (1,0178 – 1) . 100 = 0,0178 . 100 =
Onde:
1,78%
Rf: Taxa de retorno livre de risco;
*Obs.: “t” zero é dezembro do ano anterior, pois se fosse janeiro de 2017 (Beta): risco sistemático da ação;
perderíamos o valor de inflação desse mês no acumulado do ano. Rm: Taxa de retorno esperada;
e. Inflação nos últimos 12 meses em setembro/2017: Rm-Rf: Taxa de prêmio relativa ao risco de mercado.
Assaf Neto (2014) destaca que o CAPM é bastante utilizado nas várias
: 4740,53 (tempo inicial para o período desejado: 0 = setembro/2016*)
operações do mercado de capitais, participando do processo de avaliação de
tomada de decisões em condições de risco. Por meio desse modelo é possível
= = (1,0254 – 1) . 100 = 0,0254 . 100 = 2,54% também apurar a taxa de retorno requerida pelos investidores. O autor também
menciona que o coeficiente beta, medida obtida do modelo, indica o incremento
Observação: o valor de inflação acumulado nos últimos 12 meses sempre necessário no retorno de um ativo, de forma a remunerar adequadamente seu
será o mês desejado contra o mesmo mês do ano anterior. risco sistemático.
Utilizando essa mesma lógica, poderemos obter quaisquer taxas de
Saiba mais
inflação que desejarmos, por exemplo, bimestral, quadrimestral, últimos dois
Para conhecer mais profundamente o CAPM acesse:
anos etc. Ou seja, não precisamos ficar limitados às informações de variação %
<http://www.adminconcursos.com.br/2014/05/capital-asset-pricing-model-
da tabela. Vamos fazer um teste busca a taxa de inflação bimestral:
capm.html/,2014>.
f. Inflação bimestral em setembro/2017:
Prates (2014) conclui que o CAPM faz parte do conjunto teórico das t: Número índice no tempo “t” (tempo final para o período desejado);
finanças denominado finanças tradicionais e tem como uma de suas 0: Número índice no tempo “0” (tempo inicial para o período desejado).
desvantagens a quantidade de premissas que devem ser assumidas para que o
Vamos aplicar a fórmula usando como tempo “t” a linha de set/2017,
modelo se torne confiável.
portanto:
Muitos dos princípios de administração financeira são aplicáveis à sua : 4832,27 (tempo inicial para o período desejado: 0 = junho)
vida pessoal: em transações de compra e venda, obtenção de um empréstimo,
ao poupar e investir para atingir objetivos financeiros. = = (1,0059 – 1) . 100 = 0,0059 . 100
Sobre o conteúdo visto nas aulas, reflita e responda à seguinte questão:
por que finanças é uma área importante para você, como estudante? = 0,59%
Para entender de finanças corporativas, vimos nesta aula aspectos : 4821,69 (tempo inicial para o período desejado: 0 = março)
FAMÁ, E. F. Efficient capital markets: a review of theory and empirical work. The em determinada economia, em dado período, um aumento generalizado nos
Journal of Finance, Chicago, v. 25, n. 2, p. 383-417, maio 1970. preços dos bens e serviços transacionados. Por exemplo, quando aparece na
mídia que a inflação do ano foi de 10%, isto quer dizer que, em geral, os produtos
______. The behavior of stock market prices. The Journal of Business,
da economia ficaram 10% mais caros em relação ao que custavam no início do
Chicago, v. 38, n. 1, p. 34-105, jan. 1965.
ano. Ou seja, nesse cenário tem-se que atualmente uma família, para adquirir
______. Efficient capital markets II. The Journal of Finance, Chicago, v. 46, os mesmos produtos (nas mesmas quantidades), precisará gastar 10% a mais
n. 5, p. 1575-1617, dez. 1991. do que gastou no início do ano.
FAMÁ, R. et al. Hipótese de Mercados Eficientes e Finanças Comportamentais Mas cuidado! A inflação é um conceito sobre um comportamento
– as discussões persistem. FACEF Pesquisa, São Paulo, v. 11, n. 1, 2008. agregado, isto é, trata-se de uma medição realizada para analisar a variação do
valor total de uma cesta de produto. Portanto, nessa cesta, obviamente, poderá
FERREIRA, M. A. Sistema Financeiro Nacional: uma abordagem introdutória
ter itens que subiram mais do que a inflação, itens que ficaram estáticos (sem
dos mecanismos das instituições financeiras. Curitiba: InterSaberes, 2014.
alteração de preço) e itens que abaixaram de preço (obs.: logicamente, pode
FRENCH, K. R.; ROLL, R. Stock returns variances: the arrival of information and
ocorrer que, em caso extremo, todos os itens de uma cesta aumentem).
the reaction of traders. Journal of Financial Economics, Amsterdam, v. 17,
Reforçando, na medição da inflação, o que importa é o valor final da cesta e,
n. 1, p. 5-26, set. 1986.
portanto, trata-se de uma medida que considera tanto o valor dos bens/serviços
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: como as quantidades que foram adquiridas destes (quanto maior o consumo,
Pearson, 2010. maior o impacto do produto na mensuração da inflação e vice-versa).
PRATES, W. R. Capital Asset Pricing Model – CAPM. AdminConcursos, 2 maio Existem vários índices sobre o processo inflacionário brasileiro, cada qual
2014. Disponível em: <http://www.adminconcursos.com.br/2014/05/capital- referente a um tipo específico de cesta, por exemplo, temos: IPCA (Índice
asset-pricing-model-capm.html>. Acesso em: 23 nov. 2017. [Nacional] de Preços ao Consumidor Amplo), INPC (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor), IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), IGP-
ROBERTS, H. Statistical versus clinical prediction of the stock market.
M (Índice Geral de Preços – Mercado) etc. Atualmente, o IPCA é o índice oficial
Chicago, 1967. Palestra proferida em Conference of Securities Price Analysis.
do governo federal para mensuração da inflação brasileira e, por isso, vamos
ROSS, S. et al. Administração Financeira: Corporate Finance. 2. ed. São usá-lo como exemplo para as modelagens que serão vistas nesta aula.
Paulo: Atlas, 2009.
ROSSETTI, J. P. et al. Finanças Corporativas: Teoria e Prática Empresarial no
Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2008
Olá! Seja bem-vindo à nossa última aula sobre modelagem matemática
SARAIVA JUNIOR, T.; IKEDA, R. H. Mercados eficientes e arbitragem: um
aplicada a finanças. Hoje vamos completar nossos estudos abordando os temas:
estudo sob o enfoque das finanças comportamentais. Revista Contabilidade &
1. Processo inflacionário e índices de preços; Finanças, São Paulo, v. 15, n. 34, p. 97-107, jan./abr. 2004.
2. Taxa de juros aparente e taxa real;
SEBRAE – SERVIÇOS BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROS E PEQUENAS
3. Desvalorização: Valores monetários e taxas;
EMPRESAS. Os diferentes tipos de empresa. Blog SEBRAE,
4. Mensuração estatística: esperanças e riscos;
Empreendedorismo, 11 fev. 2015. Disponível em:
5. Elementos básicos da análise de títulos de renda fixa.
<http://blog.pr.sebrae.com.br/empreendedorismo/os-diferentes-tipos-de-
Nosso objetivo com esses temas é trazer-lhes compreensão sobre qual é empresas>. Acesso em: 24 nov. 2017.
o impacto da inflação no valor do capital e, também, quais são os postos-chaves
SELEME, R. B. Diretrizes e Práticas da Gestão Financeira e Orientações
que precisam ser abordados em análises financeiras sobre os riscos
Tributárias. 1. ed. Curitiba: Ibpex, 2010.
operacionais e sobre a rentabilidade de títulos de renda fixa. Então, vamos
trabalhar! SILVA, J. P. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2003.
Curitiba: Ibpex, 2010. Serão explorados ainda como as organizações mensuram seus fluxos de
caixa incrementais associados as propostas de investimentos e também como
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo:
avaliam a atratividade econômica do empreendimento se comparado com o
Atlas, 2006.
custo do dinheiro (próprio ou de terceiros).
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos da Engenharia Econômica.
Curitiba: Ibpex, 2011.
SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: Para Neto (2014), as decisões de investimentos de uma empresa
fundamentos, técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de
capital que são efetuadas com o objetivo de produzir determinado retorno aos
proprietários de ativos.
O autor ainda enfatiza que todo o processo de decisões financeiras requer
uma compreensão dos princípios de formação e utilização das taxas de juros de
mercado, as quais são utilizadas pelos indivíduos, em geral, visando adequar as
necessidades temporais de consumo, e também pelas organizações como forma
de ajuste de seus padrões temporais de investimento.
VF = VP . ( 1 + i )n 225,61 = 201,25 . (1 + i ) 3 225,61/ 201,25 = (1 + i ) 3 tecnológicas e de mercado futuras. Uma decisão de longo prazo, em que se
inserem preocupações com a continuidade e competitividade das empresas.
(1 + i ) 3 = 1,1210 1+i = 1 + i = 1,03882 i = 3,882%
Agora, se a escolha tivesse sido feita somente pela TMA então teríamos
obtido apenas 3% de rentabilidade. As alternativas de investimentos dizem respeito às diferentes situações
4. Vamos, agora, calcular qual foi o ganho percentual que foi acrescido ao com que se pode defrontar uma empresa no momento de tomar suas decisões.
valor da TMA em decorrência dessa operação Essas situações segundo Assaf Neto (2014), ocorrem sempre que se apresentar
à empresa uma quantidade de propostas maior do que aquela que ela estiver
1+3,882% 1,03882 disposta (ou em condições físicas ou orçamentárias) a aceitar, podendo -se criar,
ROIA = = = 1,008556 – 1 = 0,008556
1+3,0% 1,03
dessa maneira, várias inter-relações entre as mesmas. Em outras palavras, o
que se objetiva afeta identificar por meio deste estudo é como um projeto de
ROIA=0,8856%*
investimento de capital afeta (ou é afetado por) outras eventuais propostas.
Importante As principais alternativas de investimento são classificadas por Rossetti
Aqui está o valor encontrado com a fórmula: ROIA = et al. (2008) da seguinte forma:
A escolha de uma das alternativas não impede a empresa de implementar término do período do fluxo teríamos que:
também as outras.
VF = PV10 . (1 + i) n - 1 + PV215 . (1 + i) n - 3
Investimentos com restrição orçamentária: Assaf Neto (2014) destaca
que muitas vezes, duas ou mais propostas de investimentos VF = R$ 10 . (1 + 3%) 3-1 + 215 . (1 + 3%) 3-3
independentes não podem ser simultaneamente implementadas por
VF = R$ 10,61 + 215
causa de condições de restrição orçamentária impostas pela empresa ou,
ainda, na situação de os custos de maiores captações atingirem valores VF = R$ 225,61
incompatíveis com os retornos produzidos pela alocação desses
A lógica é a seguinte: se comprarmos uma máquina por R$ 201,25 e ela
recursos. Nessas condições, mesmo que os vários investimentos
gera um encaixe de R$ 10 no ano 1, então esse valor precisa ser aplicado em
colocados à disposição da empresa sejam definidos como independentes,
algum lugar, e como não pode ser aplicado na própria máquina, então o melhor
a limitação orçamentária poderá inviabilizar a aceitação de todos,
lugar será na carteira que representa nossa TMA (ex. CDB 4). A escolha do fluxo
restringindo-se a decisão somente a um (ou alguns) deles.
aliada à possibilidade de aplicar os encaixes na TMA gera a renda residual.
Investimentos com dependência estatística: Para Assaf Neto (2014),
3. Vamos quantificar o que representa essa renda residual, por meio da
os investimentos com dependência estatística são os que se caracteriza
lógica que se faz presente no fluxo que segue:
por apresentarem variações conjuntas em seus resultados ao longo do
tempo. Eventuais aumentos (ou reduções) nos benefícios de caixa de um
investimento são acompanhados de variações dos outros.
Exemplo: a produção de iates ou a de carros de luxo podem ser
classificadas originalmente como independentes economicamente. No
entanto, o desempenho dessas duas alternativas está associado aos
Fórmula 5 – ROIA
Existem dois tipos de decisão de investimentos descritos por Rossetti et
ROIA = 1 ROIA = IBC 1/n 1 al. (2008):
Saiba mais
Para conhecer mais sobre decisões de investimento acesse:
<http://www.clubedospoupadores.com/investimentos/decisoes-
investimento.html>.
Como vimos no tema anterior, este fluxo de n=3 períodos tem um IBC de
1,0259, sendo assim, se aplicarmos a fórmula do ROIA, teremos que:
Assaf Neto (2014) considera o dimensionamento dos fluxos previstos de
ROIA = 1 caixa como um dos aspectos mais importantes de uma decisão de investimento.
O autor destaca que a confiabilidade sobre os resultados de determinados
investimentos é, em grande parte, dependente do acerto com que seus fluxos de
ROIA = 0,00856 entradas e saídas de caixa foram projetados.
Em todo o processo de decisão de investimento, é fundamental o
ROIA = 0,856% conhecimento não só de seus benefícios futuros esperados, expressos em
termos de fluxos de caixas, mas também de sua distribuição ao longo da vida
Bem, agora que temos o valor do ROIA, vamos entender o que ele
prevista do projeto.
significa. Para tanto, vamos realizar uma explicação de cinco passos:
Para Assaf Neto (2014) o conceito de fluxo de caixa, conforme é
1. Por uma questão didática, vamos reescrever o fluxo de caixa de modo
conhecido, não coincide normalmente com o resultado contábil da empresa,
que todos os desencaixes estejam no momento zero (basta relembrar o
apurado pelo regime de competência. Enquanto o fluxo de caixa é mesurado de
valor do custo que foi utiliza no IBC).
1 Para Samanez (2010, pg.188) o método do Valor Presente líquido (VPL) tem por finalidade
calcular, em termos e valor presente, o impacto dos eventos futuros associados a uma
alternativa de investimento, ou seja, ele mede o valor presente dos fluxos de caixa gerados
pelo projeto ao longo de sua vida útil.
acordo com as efetivas movimentações de todas as entradas e saídas de fundos
da empresa, o lucro contábil é mensurado por competência, não incorporando
em seus cálculos determinados dispêndios não desembolsáveis (depreciação,
por exemplo) e algumas saídas de caixa que não se constituem rigorosamente
em despesas (amortização de principal de dívidas, por exemplo).
O autor conclui que no dimensionamento dos fluxos de caixa, devem ser
estimadas todas as movimentações operacionais efetivas de caixa – até mesmo
o Imposto de Renda – associadas a cada alternativa de investimentos em
consideração.
Gitman (2010), classifica os fluxos de caixa associados a projetos de
investimentos em:
Fonte: Gitman, 2010, p. 329. Logicamente, não faz sentido algum utilizar o IBC em um fluxo que tem
VPL negativo, pois nesse caso já foi identificado que o investimento ou aplicação
Fluxo de caixa não convencional: é aquele onde há uma saída inicial, financeira é inviável segundo a ótica financeira. Portanto, o uso do IBC é um
seguida de uma série de entradas e saídas. Por exemplo, a compra de refinamento das informações presentes no VPL... Todavia, podemos refiná-las
uma máquina pode exigir saída de caixa inicial de $ 20.000 e gerar ainda mais utilizando o ROIA.
entradas de capital de $ 5.000 ao ano por quatro anos. No quinto ano após
a compra, pode ser necessária uma saída de $ 8.000 para reformar a
máquina, que gerará, então, entrada de $ 5.000 ao ano por mais cinco
O ROIA, segundo Souza e Clemente (2008), significa “Retorno
Adicionado sobre o investimento”, sobre a qual podemos interpretar como sendo
anos. Esse padrão não convencional encontra-se representado na linha
de tempo da Figura 2.
Neste último tópico, iremos conhecer dois itens que nos permite utilizar
com mais densidade os dados presentes em um fluxo de caixa não convencional.
Vamos estudar o “Índice Benefício-Custo” e o “Retorno Adicional sobre o
Figura 2 – Fluxo de caixa não convencional
Investimento”.
Neto (2014) enfatiza que todo o projeto de investimento deve ser avaliado
em termos de fluxo de caixa, em vez de ser com base nos lucros. Essa escolha
tem uma razão de ser, uma vez que é por meio dos resultados de caixa que a
empresa assume efetiva capacidade de pagamento e reaplicação dos benefícios
Portanto, nestes termos, a análise IBC nos fornece qual o volume médio
gerados na decisão de investimentos. Em outras palavras, é mediante os fluxos
de benefício monetário que a operação gera a cada 1 unidade monetária de
de caixa, e não dos lucros, que se mede o potencial efetivo da empresa em
custo. E, sendo assim, é possível extrair que:
implementar suas decisões financeiras fundamentais (investimento,
IBC > 1 (benefício supera o custo); financiamento e distribuição de dividendos).
IBC = 1 (benefício iguala o custo);
Saiba mais
IBC < 1 (benefício é inferior ao custo).
Para conhecer mais sobre fluxo de caixa acesse:
Vamos retornar ao nosso primeiro fluxo de caixa, visto nesta aula (aquele <https://www.treasy.com.br/blog/projecao-de-fluxo-de-caixa>.
do Tema 3), só que agora vamos desmembrar o VPL com TMA=3% em
benefícios e custos:
quais são definidos após a respectiva provisão tributária, fazendo com que o
Entendeu? Ao invés de digitar 16, 10, 5 e 18 vezes o “0 g CFj”, basta
custo de capital reduza pela economia do Imposto de Renda.
digitar uma vez a cada repetição de valores e em seguida lançar quantas vezes
Gitman (2010) enfatiza que o custo de capital é um conceito dinâmico,
esse fato ocorrerá. Por exemplo, entre o momento 18 e 27, temos 10
afetado por diversos fatores econômicos gerais e específicos da empresa. Para
lançamentos do valor zero, e entre o momento 35 e 52, temos 18 lançamentos,
identificar a estrutura básica do custo de capital é adotado algumas premissas
sendo assim:
quanto ao risco e ao Imposto de Renda.
Quadro 2 – Exemplo do comando Nj da HP12c
1. Presumimos que o risco econômico - risco de que a empresa não seja
capaz de cobrir seus custos operacionais - seja constante. Essa 0 g CFj É a mesma coisa que lançar
premissa implica que a aceitação de um determinado projeto não afeta a
10 Nj 10 vezes o comando 0 (Zero) g CFj
capacidade da empresa de arcar com o custo operacional.
0 g CFj É a mesma coisa que lançar
2. Presumimos que o risco financeiro -risco de que a empresa seja capaz
18 Nj 18 vezes o comando 0 (Zero) g CFj
de saldar suas obrigações financeiras (juros, aluguéis, dividendos
preferenciais) – seja constante. Essa premissa implica que os projetos
Bem legal, não acha? Com isso, encerramos a pauta básica de VPL e
serão financiados de tal maneira que a capacidade da empresa de horar
TIR, e agora podemos partir para nosso último tema, o da percepção avançada
seus custos de financiamento seja constante. Como exemplo temos os
em um processo de análise de um fluxo de caixa não convencional.
passivos jurídicos inesperados sobre os custos de capital (passivos
trabalhistas, fiscais, etc.).
F NPV => na tela aparece 5,2116 VPL = R$ 5,2116*. 3. Os custos relevantes são aqueles apurados após o Imposto de Renda.
*Observação: para ver 5,2216 ajuste as casas decimais da tela da Hp 12c Em outras palavras, o custo de capital é medido depois do Imposto de
com f .4 Renda. Essa premissa condiz com o contexto pós-Imposto de Renda
Bem antes de encerramos, vamos ver uma das facilidades no uso da adotado na tomada de decisões de orçamento de capital.
HP12c, por meio do seguinte fluxo de caixa cuja TMA é de 0,5%: O custo de capital, segundo Gitman (2010), é estimado em um momento
específico. Reflete o custo futuro médio esperado dos fundos de longo prazo.
Figura 5 – Fluxo de caixa cuja TMA é de 0,5%
Embora as empresas costumem levantar dinheiro em lotes, o custo de capital
deve refletir a inter-relação das atividades de financiamento. Por exemplo, se
uma empresa levantar fundos de terceiros (empréstimos) agora, é provável que
algum tipo de capital próprio, como ações ordinárias (aquelas que tem direito a
voto nas assembleias da empresa), tenha que ser usado da próxima vez que
necessitar de recursos. A maioria das empresas procura manter um mix ideal de
capital de terceiros e de capital próprio.
Olhar esse fluxo é um tanto assustador, pois ele tem 53 lançamentos. No Para Assaf Neto (2014) no estudo do custo de capital, é necessário
momento zero, saiu R$ 218.720,00 e entre o momento 1 e 16 (inclusos esses) inicialmente conhecer-se o custo de cada fonte (própria e de terceiros)
são 16 momentos de lançamentos com valor zero (16 = 16 - 1 + 1). No momento selecionada pela empresa e, então mensura-se a partir desses valores a taxa de
17 entrou R$ 28 mil e entre o momento 18 e 27 (incluso esses) temos 10 retorno desejada para as decisões de investimentos.
lançamentos com valor zero (10 = 27 - 18 + 1) e assim por diante. Imagine ficar Assaf Neto (2014) destaca que o custo de capital de terceiros é definido
digitando 16 ou 10 vezes o comando “0 g CFj”, com certeza sua chance de errar de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e
um dos lançamentos é gigantesca, por isso a HP12c trouxe para nós um financiamentos mantidos pela empresa. Esse custo representa, em outras
comando útil para esses casos de repetição sequencial de valores, o Nj. Vamos palavras, um custo explicito obtido pelo desconto que iguala, em determinado
testá-lo nesse fluxo gigantesco que acabamos de ver: momento, os vários desembolsos previstos de capital e de juros, com o principal
liberado pela empresa.
O custo de capital de terceiros é representado por Ki e, diante da
dedutibilidade fiscal permitida aos encargos financeiros, pode também ser
apurada após a respectiva provisão para Imposto de Renda, reduzindo seu custo
final. A expressão de cálculo apresenta-se:
Esse resultado, evidentemente, é idêntico ao apurado pela formulação VPL = 0). Já na função, vamos informar um valor para a variável “i” (no caso
anterior, ou seja: i=TMA=3%) e, a partir desse fator, iremos descobrir qual será o resultado do
VPL.
Ki = 20% x (1 – 0,34) = 13,2% a.a.
F REG (Esse comando limpa os registros, muitos falam F CLX, mas não
é);
200,31 CHS g CFo (“CHS” muda o sinal ; “g” aciona o comando azul);
10 g CF j;
1 CHS g CF j;
215 g CF j;
3 i (só muda isso em relação aos lançamentos dos dados);
4. Vamos testar a TIR que encontramos: Gráfico 1 – Modelos de pizza para a estrutura de capital com imposto de pessoa
jurídica
F REG (Esse comando limpa os registros, muitos falam F CLX, mas não
é);
200,31 CHS g CFo (“CHS” muda o sinal; “g” aciona o comando azul);
10 g CF j;
Fonte: Ross et al., 2009, p. 332.
1 CHS g CF j;
215 g CF j;
Assaf Neto (2014) menciona que a economia de Imposto de Renda
F IRR => na tela aparece 3,91 i = 3,91% (o valor da TIR).
demonstrada depende de lucro tributável no exercício. Empresas que convivem
Bem, vamos agora estudar como analisamos um fluxo não convencional com prejuízos no passado, mesmo que apresentem resultados positivos (lucros)
pela ótica do VPL. no período, podem também deixar de deduzir esse benefício fiscal produzido
pelos juros apropriados.
O autor também destaca que o uso do capital de terceiros promove menor
O processo de análise de um fluxo de caixa não convencional utilizando risco em relação ao capital próprio. Em verdade, na decisão de endividamento,
o VPL é muito simples, pois só é preciso adicionar o valor da TMA na operação o tomador assume um compromisso de desembolso financeiro em condições
de desconto do fluxo e verificar ser o resultado foi positivo, nulo ou negativo. Se fixas e previamente estabelecidas, não ficando seu resgate, vinculado ao
for positivo, o fluxo obteve em valores atuais o mesmo que era desejado como sucesso da aplicação desses recursos. Ao não resgatar sua dívida nas
TMA e mais um valor excedente. Se for nulo, então o fluxo obteve exatamente condições em que foi contratada, a empresa sujeita-se a ser acionada
o que a TMA exigia. Por fim, se o resultado for nulo, o fluxo teve um retorno legalmente pelo credor, podendo inclusive ter sua falência requerida.
inferior ao que era exigido pela TMA. Vamos retornar ao nosso fluxo do Tema 3:
Bem, i=3% foi muito baixo, pois teve VPL +. Vamos testar um valor de i = 4,0%.
Agora i=4% foi muito alto, pois teve VPL -, porém, conseguimos um “VPL
+” e outro “VPL –”, além de um valor bem próximo de zero... os chutes foram
Fonte: Ross et al. (2009, pg. 258)
bons.
Para Ross et al. (2009) essa discussão leva a uma regra de decisão de 3. Vamos aplicar as duas taxas do segundo passo, bem como seus
investimentos muito simples: respectivos VPL no modelo que segue:
“A taxa de desconto de um projeto deve ser o retorno esperado de um
ativo financeiro de risco comparável”.
Para Assaf Neto (2014) o custo de capital próprio, representado por Ke,
revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em suas decisões Onde:
de aplicação de capital próprio. A determinação do custo do capital próprio TIR: Taxa Interna de retorno, isto é, o valor de “i” que zero o VPL;
envolve uma dificuldade prática, principalmente ao ser dimensionado para
i1: Taxa de juro 1 (aquela que gerou “VPL + “ );
companhias com ações bastante pulverizadas no mercado. Nessas condições,
i2: Taxa de juro 2 (aquela que gerou “VPL - “ );
a definição do custo de capital próprio não pode ser efetuada diretamente com
VPL1: Valor presente líquido com i1;
os proprietários de capital, requerendo a aplicação de algum método direcionado
IVPL2 I: Valor presente líquido com i2 em módulo (isto é, sem sinal - ).
a esse cálculo.
Sendo assim:
Figura 3 – TIR
Onde:
Ou seja, o CAPM nada mais é do que uma modelagem mais densa do cálculo:
custo do capital que foi estudado na aula 1. Dessa forma, é possível deduzir que
Quadro 2 – Cálculo da remuneração
um acionista ou cotista somente realiza um aporte de capital ou mantém seu
capital em determinada empresa se ela pagar uma taxa de retorno que cubra Fonte de capital Remuneração exigida
tanto a taxa de títulos sem risco como a taxa risco do mercado ajustada ao nível Capital ordinário $ 800.000,00 x 25% = $ 200.000,00
de risco da empresa. Portanto, tem-se que se beta (o nível de risco da empresa) Capital preferencial $ 500.000,00 x 22% = $ 110.000,00
for: Financiamento $ 700.000,00 x 18% = $ 126.000,00
k t = k c . [ 1 – ( IR + CSLL ) ] Berk et al. (2010), é a externalidade do projeto, que são os efeitos indiretos
do projeto que podem aumentar ou diminuir os lucros de outras atividades
da empresa. Um exemplo deste problema é a canibalização, quando as
Onde:
vendas de um novo produto de uma empresa, substituem as vendas de
k t: custo do capital de terceiros;
um dos seus produtos existentes.
k c: custo de captação de terceiros;
4. Custo de embarque e instalação: quando uma empresa adquire ativos
IR+CSLL: Imposto de renda e Contribuição social*.
imobilizados, ela frequentemente deve enfrentar custos substanciais de
*Obsservação: em geral, usamos IR+CSLL = 25% + 9% = 34%)
embarque e instalação dos equipamentos. Esses encargos são
Vamos entender por meio de um exemplo:
acrescentados ao preço da fatura do equipamento quando o custo do
Sabendo que uma empresa de lucro real captou no mercado (isto é, com
projeto está sendo determinado.
terceiros) um capital a juros de 8% ao mês, informe o valor do custo de capital
Berk et al. (2010) também destacam mais dois problemas na
de terceiros dessa empresa.
determinação de fluxos de caixa incrementais:
Fórmula 2 – Custo de capital de terceiros
Despesas gerais fixas: as despesas gerais são associadas a
k t = 8% . [ 1 – ( 25% + 9% ) ] atividade que não são diretamente atribuíveis a uma única atividade
empresarial, mas que, em vez disso, afetam muitas áreas diferentes
k t = 8% . [ 1 – 34% ] da corporação. Como por exemplo, incluir no projeto o custo de
manutenção da sede da empresa e do salário do CEO (presidente da
k t = 8% . 0,66
empresa). Essas despesas geralmente são alocadas às diferentes
k t= 5,28% atividades empresariais para fins contábeis. No caso em que essas
despesas gerais são fixas e incorrerão de qualquer maneira, elas não
Bem, agora que já sabemos como calcular o custo de capital de uma
são incrementais ao projeto e não devem ser incluídas.
empresa e, também, o valor do capital de terceiros, precisamos aprender como
Pesquisas passadas e desembolsos com desenvolvimento: uma
estabelecer o custo do capital próprio. E, dentre as várias formas possíveis,
empresa farmacêutica pode gastar dezenas de milhões de dólares
vamos estudar aqui a do modelo CAPM. Esta forma nada mais é do que uma
desenvolvendo um novo medicamento, mas se ele não produzir efeito
maneira de quantificar o custo do capital próprio, tendo como base a diferença
nos testes (ou ainda pior, se tiver apenas efeitos negativos) ela deve
percebida pelos donos da empresa (os acionistas e cotistas) entre o risco do
continuar? A empresa não pode pegar de volta seus custos de
mercado e o risco da empresa. Sua lógica fica bem clara quando entendemos o
desenvolvimento, e o valor desses custos não deve ter nenhuma
significado presente na fórmula que segue:
influência sobre à decisão de continuar ou não desenvolvendo um
medicamento que não funciona. Para os autores a decisão de
continuar ou abandonar um projeto deve se basear apenas nos
custos e benefícios incrementais do produto que será lançado.
E, a partir dessa lógica, temos que o custo do capital de uma empresa é
simbolizada, para efeitos da modelagem matemática como sendo:
Como vimos nesta aula, os investimentos de médio e longo prazo das
empresas representam desembolsos substanciais de recursos que Figura 2 – Efeitos da modelagem matemática
Como vimos nas aulas, existem vários motivos que levam as empresas a
buscarem recursos para atender suas demandas, assim como custos distintos
para a captação desses recursos.
Do conteúdo visto nas aulas, reflita e responda as seguintes questões:
Apenas mais dois assuntos precisão ser explicadas para termos um
Quais são os principais motivos que levam as empresas a realizarem
entendimento básico sobre o que vem a ser o custo do capital e como podemos
investimentos de capital?
obter os dados necessários para seu cálculo, sendo eles: obtenção dos dados
Qual o recurso mais barato, os recursos próprios ou de terceiros?
do custo do capital de terceiro e a forma de estimação do custo do capital próprio.
Sendo esses, portanto, os dois próximos temas dessa aula.
de caixas, mas também de sua distribuição ao longo da vida prevista do Quando analisamos uma empresa cujo regime tributário é de lucro
projeto. presumido ou de micro/pequeno porte, temos que o custo de captação também
Custo de capital próprio e de terceiros: entender e avaliar o custo de é o próprio custo do capital de terceiros. Todavia, quando analisamos o custo de
capital de uma empresa para manter o mercado de sua ação, seja este capital de terceiros em empresas enquadradas no regime tributário de lucro
custo próprio ou de terceiros. real (e somente nelas), precisamos ajustar o valor de captação. Ou seja,
Custo médio ponderado de capital: como calcular o custo médio precisamos transformar o valor do custo de captação em um valor de custo que
ponderado de capital de uma empresa. esteja líquido dos efeitos dos benefícios do IR e CSLL (imposto de renda e
entidade. Sabendo que os terceiros apresentam um custo de capital de 5% ao Fluxos de caixa incrementais: o que são fluxos de caixas incrementais
mês e os donos um custo de 10%, informe: Qual o custo de capital da empresa? e quais são os problemas mais comuns para determina-los.
Paulo: Atlas, 2009. k e: Custo do capital da empresa = CMPC (expresso de forma percentual);
ROSSETTI, J. P. et al. Finanças Corporativas: Teoria e Prática Empresarial no k p: Custo do capital próprio (expresso de forma percentual);
Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2008. k t: Custo do capital de terceiros (expresso de forma percentual);
CP%: Participação percentual do capital próprio;
SAMANEZ, C. P. Gestão de investimentos e geração de valor. São Paulo:
CT%: Participação percentual do capital de terceiro;
Pearson Prentice Hall, 2010.
CP: Quantidade de capital próprio (volume de capital);
WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira.
CT: Quantidade de capital de terceiro (volume de capital);
10. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2004.
CTO: Quantidade total de capital na empresa, onde CTO = CT + CP.
Na aula 1, quando foi explicado o que era uma taxa de juro, estudamos
que aqueles que emprestam seu capital a outrem desejam receber uma
remuneração que compense oportunidades perdidas e os riscos corridos. Neste
tópico vamos aprofundar esse conhecimento trabalhando o conceito custo
médio ponderado do capital – CMPC – e, posteriormente, no Tema 2, as
formas de precificação do capital de terceiros e próprio – neste último caso, em
específico, por meio do modelo matemático denominado de Capital Asset Pricing
Model – CAPM) 1.
Se você está lendo essas páginas é porque conquistou tal direito ao
provar para esta instituição de ensino que sua base matemática lhe permite tal
feito, então, o conteúdo denominado de “média aritmética ponderada” já é
matéria consolidada para você. Da mesma forma, o significado acadêmico e
prático do que vem a ser “custo” também já lhe é algo bem próximo. Todavia,
acredito que o conceito sobre o que é “capital” talvez ainda precise ser polido,
pelo menos sobre o que é capital para uma empresa. Para tanto, vamos pedir
ajuda para Hoji (2006, p. 188) para suprir essa necessidade, no qual
encontraremos que: “[capital é um] conjunto de bens, créditos e débitos
colocados à disposição da empresa, com a finalidade de gerar resultados
econômicos”. Acredito que o professor Hoji deixou bem claro o que é o capital,
sendo assim, vamos ver agora quem é que disponibiliza esse capital para uma
empresa.
Uma empresa só tem duas fontes possíveis para obter capital. Os donos
– ex.: aporte para constituição da empresa – e os terceiros – ex.: empréstimos,
compras a prazo etc. Quando o capital é originário dos donos da empresa, ele é
denominado de “capital próprio”, quando tem origem de outras fontes – por
Gitman (2010) define dividendos em dinheiro como fluxos de caixa que a Com esses cinco temas você será capaz de compreender a importância
empresa distribui a seus acionistas ordinários. Uma ação ordinária confere a seu de um fluxo de caixa não uniforme, bem como aplicá-lo e interpretá-lo em
titular o direito de receber todos os dividendos futuros. Os dividendos não só diferentes momentos de sua vida profissional, seja na análise de um projeto
representam fluxos de caixas dos acionistas, mas também contêm informações operacional, seja nas decisões sobre aplicações financeiras. E dito isso, vamos
úteis sobre o desempenho atual e futuro. Tais informações afetam a maneira trabalhar.
como os acionistas percebem o risco da empresa. Esta também pode pagar
dividendos em ações, realizar desdobramentos ou recomprar ações. Todas
essas práticas relacionadas a dividendos podem afetar o risco, o retorno e o Na aula 4, estudamos que um fluxo de caixa pode ser, em relação ao
valor de uma empresa, em função dos fluxos de caixa e do conteúdo período de ocorrência, enquadrado como: antecipado, postecipado ou diferido.
informacional envolvidos. Nesse cenário, os administradores financeiros tentam Agora, chegou a hora de destacarmos que, além dessa classificação, um fluxo
desenvolver e implementar políticas de dividendos condizentes com o objetivo também pode ser diferenciado, segundo Assaf Neto (2016), em relação a outros
da maximização do preço da ação. três itens, os quais são: periocidade, duração e valores. No quesito periocidade,
um fluxo pode ser periódico ou não periódico, isto é, ele pode ter entradas e
saídas ocorrendo de forma padronizada ou não ao longo do tempo. Em relação
Segundo Ross et al. (2009), uma característica especial das sociedades ao aspecto duração, ele pode ser finito ou infinito, ou seja, seu fim pode ser
por ações é o fato de que emitem ações e estão autorizadas a pagar dividendos previamente definido ou desconhecido/indefinido. Por fim, sobre a questão dos
aos titulares dessas ações. O autor também destaca que os dividendos pagos valores, temos aqui que as entradas e saídas podem ocorrer em quantidades
aos acionistas representam um retorno sobre o capital fornecido direta ou monetárias iguais ou diferentes durante o período em que ocorre a análise.
indiretamente à sociedade pelos acionistas. O pagamento de dividendos fica a Pois bem, se consideramos que os períodos são periódicos, os valores
critério do conselho de administração. são iguais e a duração finita, então temos nessas condições os cenários vistos
Gitman (2010) também destaca que os dividendos em dinheiro constituem na aula 4; ou seja, temos os fluxos convencionais ou uniformes. Agora, o que
a principal variável de retorno a partir da qual proprietários e investidores teremos se as condições não forem estas? Obviamente, neste caso, teremos os
determinam o valor de uma ação. Representam um fluxo de caixa para o
acionista e fornecem informações sobre o desempenho atual e futuro da
empresa.
O mesmo autor menciona que os dividendos representam um
financiamento interno: a decisão de pagar dividendos pode afetar de maneira
significativa as necessidades de financiamentos externos da empresa. Em
outras palavras, se ela precisar de financiamento, quanto maiores os dividendos
pagos, maior o valor a ser levantado externamente por meio de empréstimos ou
pela venda de ações ordinárias ou preferenciais (lembre-se de que, embora os
dividendos sejam lançados contra os lucros retidos, são, na verdade, pagos com
caixa). A primeira coisa que precisamos entender a respeito de dividendos é o
procedimento de pagamento.
Para Assaf Neto (2014), a maior complexidade na definição de uma
adequada política de dividendos ocorre, fundamentalmente, no momento em que
a empresa abre seu capital como reflexo de seu crescimento. Nessa nova
posição, as decisões relativas aos dividendos não são mais tomadas por um
reduzido número de proprietários; deve-se buscar um consenso mais amplo que
envolva as inúmeras e diferentes expectativas do mercado acionário.
O autor destaca a importância de se definir uma política de dividendos
adequada, e de conhecer as características essenciais da legislação brasileira,
notadamente no que concerne ao dividendo mínimo e obrigatório e à tributação
dos dividendos.
Sob o ponto de vista da empresa, o pagamento de dividendos reduz a
liquidez de caixa e limita, ainda, a sua capacidade de promover novos
investimentos. A reposição de lucros distribuídos por recursos de longo prazo
apresenta um custo elevado no Brasil, além da dificuldade presente no mercado
financeiro nacional de disponibilizar fundos de maior maturidade para financiar
os investimentos da empresa.
Para Gitman (2010), a política de dividendos de uma empresa representa
um plano de ação a ser seguido sempre que uma decisão sobre dividendos tiver
que ser tomada. As empresas desenvolvem políticas de acordo com seus
objetivos. Weston e Brigham (2000
dividendos para uma empresa atinge o equilíbrio entre os dividendos correntes
a. Leitura do caso
O Sr. Kenenóis tem uma dívida no valor de R$ 2,5 mil que precisa pagar Gitman (2009) menciona que a política de dividendos de uma empresa
em 6 prestações mensais iguais. Sabendo que a taxa de juro é de 3% ao mês e deve ser formulada tendo-se dois objetivos básicos em mente: fornecer
que a dívida foi calculada por juros compostos mensais, série uniforme financiamentos suficientes e maximizar a riqueza dos proprietários. O autor
postecipada, responda: qual o valor de cada prestação? destaca as três políticas de pagamentos de dividendos mais usadas.
b. Identificação do que deve ser feito e teoria/conteúdo que resolve o
1. Política de distribuição de dividendos pelo quociente de distribuição
problema
constante. O quociente de distribuição de dividendos indica a
Para resolver esse problema, precisamos aplicar a fórmula vista no Tema 1.
porcentagem de cada unidade monetária ganha que é distribuída aos
c. Apresentação da solução do problema
proprietários em dinheiro. É calculado dividindo-se o dividendo em
dinheiro de cada ação da empresa pelo lucro por ação. Com a política de
PMT = VP PMT = 2,5 mil distribuição pelo quociente constante, a empresa estabelece que uma
certa porcentagem de lucros seja paga aos proprietários em cada período
de dividendos. O problema com essa política é que, se os lucros da
PMT = 2,5 mil 0,46149 = R$ 461,49
empresa caem ou se ocorre uma perda em um dado período, os
dividendos podem ser baixos ou mesmo inexistentes. Como os dividendos
muitas vezes são considerados um indicador da futura condição e posição
da empresa, o preço das ações pode ser afetado adversamente.
Nesta aula estudamos os juros compostos em fluxo de caixa uniforme.
2. Política de dividendos regulares. A política de dividendos regulares
Vimos as diferenças e semelhanças entre os sistemas postecipado, antecipado
baseia-se no pagamento de um dividendo fixo em dinheiro, em cada
e diferido. Também praticamos formas de obtenção da taxa de juro de um
período. Essa política fornece aos proprietários informações geralmente
sistema uniforme postecipado por meio dos artefados Karpin e Baily-Lenzi. E,
positivas, minimizando assim sua incerteza. Muitas vezes, as empresas
por fim, estudamos os sistemas de amortização: SPC, SAC, SAM, sistema
que usam essa política aumentam os dividendos regulares, se ocorrer um
alemão e sistema americano. Tudo isso foi estudado utilizando exemplos
aumento comprovado nos lucros. De acordo com essa política, os
numéricos nos quais os cenários foram mantidos didaticamente semelhantes
dividendos quase nunca diminuem.
para facilitar a sua aprendizagem sobre as diferenças e similaridades de cada
3. Política de dividendos baixo, regulares e extras. Algumas empresas
conteúdo.
estabelecem uma política de dividendos baixos, regulares e extras,
pagando um dividendo regular baixo, suplementado por um dividendo
adicional quando os lucros são mais altos que o normal em um dado
período. Ao usar a lógica de dividendos extras, a empresa evita dar falsas
esperanças aos acionistas. Essa política é comum principalmente entre
empresas que têm mudanças cíclicas nos lucros.
P 0 = J0 = S 0 . i P0 = 600 . 2% = $ 12 (Pagamento t=0)
Assaf Neto (2014) conclui que uma política de dividendos deve ser
traçada, em última análise, visando à maximização da riqueza (patrimônio) dos
P = P = = $154,58 (prestação constante)
acionistas de uma empresa. É estabelecido teoricamente que a decisão de reter
lucros deve ser tomada somente quando as oportunidades de investimentos nos
negócios da empresa forem economicamente mais atraentes do que aquelas At= A3= = $151,48 (amort. em t=3)
dispostas alternativamente aos acionistas. Em caso contrário, os resultados
retidos pela empresa serão considerados ociosos, e devem ser distribuídos aos J t= P - A t J 3= 154,58 - 151,48 = R$ 3,09 (juros em t=3)
acionistas. Na verdade, vários outros aspectos importantes podem exercer
influências sobre a política de dividendos de uma empresa, fazendo com que S t= J t / i S 3= 3,09 / 2% = R$ 154,58 (saldo final em t=3)
MARTINS, D. Dividendos: como funciona a distribuição de lucros de empresas Quadro 6 – Dados obtidos na modelagem
listadas em bolsa. 2017. Disponível em: <https://goo.gl/dArZHM>. Acesso em: 4
dez. 2017. Pt Jt At St
t Juros Amortização Saldo final
Pagamento
( 2%.SFanterior ) (Pt t) ( SI + E - S )
0 R$ 12,00 R$ 12,00 R$ - -R$ 600,00
Para Assaf Neto (2014) um aspecto bastante controvertido na área de
1 R$ 154,58 R$ 9,09 R$ 145,49 -R$ 454,51
finanças é: os dividendos são ou não relevantes para os acionistas de uma
2 R$ 154,58 R$ 6,12 R$ 148,45 -R$ 306,06
empresa? Ou seja, a fixação de determinada política exerce ou não influência 3 R$ 154,58 R$ 3,09 R$ 151,48 -R$ 154,58
sobre o preço de mercado da ação? 4 R$ 154,58 R$ 0,00 R$ 154,58 R$ -
At =
Gitman (2010) e Assaf Neto (2014) consideram que há uma relação direta
entre a política de dividendos de uma empresa e seu valor de mercado. Segundo
J t= P - A t
a teoria Pássaro na Mão, os investidores consideram os dividendos correntes
menos arriscados que os dividendos ou
S t= J t / i
Vamos testar essas fórmulas com os dados do problema sobre sistemas da teoria, o pagamento corrente de dividendos reduz a incerteza dos
de pagamento visto desde o Tema 3, considerando t=3: investidores, fazendo com que descontem os lucros de uma empresa a uma taxa
menor e, em igualdade com as demais condições, atribuam um valor mais Quadro 4 – Sistema de Armotização Misto
elevado a suas ações. Pelo mesmo raciocínio, se os dividendos forem reduzidos
Pt Jt At St
ou não ocorrerem, a incerteza do investidor aumentará, elevando o retorno e
t Juros Amortização Saldo final
reduzindo o valor da ação. Pagamento
( 2%.SFanterior ) (Pt t) ( SI + E - S )
Assaf Neto (2014) acredita que existem inúmeros argumentos contrários 0 R$ - R$ - R$ - -R$ 600,00
à posição assumida pela corrente liderada por Modigliani e Miller (1958). Os 1 R$ 159,79 R$ 12,00 R$ 147,79 -R$ 452,22
adeptos desse enfoque mais tradicional acreditam que os acionistas se 2 R$ 158,29 R$ 9,05 R$ 149,25 -R$ 302,97
3 R$ 156,79 R$ 6,06 R$ 150,73 -R$ 152,24
preocupam com a forma pela qual os resultados líquidos de uma empresa são
4 R$ 155,29 R$ 3,05 R$ 152,24 R$ -
repartidos (retidos ou distribuídos sob forma de dividendos em dinheiro), o que
vem afetar o preço de mercado de suas ações. O autor ainda destaca os
principais argumentos favoráveis à relevância dos dividendos para a
determinação da riqueza dos acionistas: Neste sistema, as prestações de cada período, para “t” valor definido
como sendo 0 < t < “n-1”, é igual ao valor juro do período, já para t=n (última
Investidores com necessidades permanentes de caixa costumam priorizar
prestação) o valor pago é definido como “juro + Principal”. Ou seja, após o
o pagamento de dividendos. Avaliam este fluxo regular como um lastro às
endividamento no “t=0”, todos os pagamentos antes do t final serão apenas de
suas necessidades de caixa. Não havendo incidência de impostos, os
juros (nada de amortização), já o último será de juros mais a quitação integral
dividendos tornam-se mais atraentes aos investidores.
dívida assumida. Portanto, sua modelagem fica:
Como a retenção dos lucros baseia-se em expectativa (esperança) futura
de maiores (e compensadores) dividendos, e como a opção de Para t 0 < t < (n-1)
distribuição envolve a certeza de seu recebimento no presente, os
acionistas são normalmente levados a atribuir diferentes graus de risco e Pt = Jt
A 3 = (151,46 do SPC + 150 do SAC ) / 2 = R$ 150,73 raciocínio básico é que, ao elevarem o volume de dividendos distribuídos,
as empresas assumem implicitamente um compromisso com seus
S 3 = (154,48 do SPC + 150 do SAC ) / 2 = R$ 152,24 acionistas, de manter os mesmos fluxos de pagamentos no longo prazo.
Esse acréscimo na distribuição de dividendos revela, ainda, uma maior
Comprovando no quadro:
capacidade de geração de caixa das empresas no longo prazo, motivando
os investidores a reavaliarem suas projeções de resultados e o valor de
mercado das ações.
a. Parcela em t=3:
Para explicar a irrelevância dos dividendos, Gitman (2010) cita a Teoria
da Irrelevância dos Dividendos, proposta por Merton H. Miller e Franco Modigliani Primeiro, precisamos calcular a amortização uniforme:
não há impostos, caso existam, a alíquota é a mesma para dividendos P 3 = 150 . 1,04 = R$ 156,00 (Parcela no momento t=3)
pagos e para ganhos de capital (valorização);
não há custo de transação, tanto em negociações de ações como em b. Juro presente na prestação em t = 3
Quadro 3 – Solução
(4º) P t (3º) J t (1º) A (2º) S t Assaf Neto (2014) destaca que, ao definir sua política mais adequada de
t Juros Amortização Saldo final dividendos, a empresa deve levar em consideração o estudo de alguns aspectos
Pagamento
( 2%.SFanterior ) (Pt t ) ( SI + E - S ) adicionais que também exercem influências significativas sobre a decisão.
0 - - - - 600,00
Algumas dessas influências que afetam a política de dividendos são as
1 162,00 12,00 $ 150,00 - 450,00
seguintes:
2 159,00 9,00 $ 150,00 - 300,00
3 156,00 6,00 $ 150,00 - 150,00 Liquidez. Um fator a ser considerado é o que se refere à liquidez da
4 153,00 3,00 $ 150,00 0,00 empresa para fazer frente aos pagamentos de dividendos. Muitas vezes,
empresas em boa posição econômica (rentáveis), podem apresentar
Vamos agora entender todo esse processo por meio de uma modelagem
sérias limitações financeiras para pagar dividendos, devido, por exemplo,
e, para tanto, vamos usar as quatro fórmulas que seguem:
a um alto grau de imobilização de seus recursos. Um esforço maior na
distribuição de dividendos, sem a devida cobertura por outras fontes de
A =
financiamentos, pode pôr em risco a liquidez a curto prazo da empresa.
Teoria da sinalização. Para Rossetti et al. (2008), apesar de ser
J t= A . i . ( n + 1 – t )
irrelevante como política de agregação de valor para a empresa e seus
P t = A . [ 1 + i . (n + 1 – t) ] acionistas, um aumento de dividendos pode transmitir conteúdo
informacional (também conhecido pela Teoria de Sinalização), capaz de
S t= A . ( n – t )
afetar a precificação da empresa pelos investidores. Pode ser um sinal
Onde: dado pela administração ao mercado de que espera que a empresa tenha
bom desempenho no futuro. A interpretação dos investidores é a de que,
A = Amortização constante;
se há comprometimento das empresas em pagar dividendos por muito
S0 = Saldo inicial em n=0;
tempo, é sinal de que as perspectivas de geração de caixa futura de longo
n = Tempo total do débito
prazo são boas. Assaf Neto (2014) complementa que os dividendos
t = Período específico dentro do tempo do débito.
podem ainda servir para reduzir a assimetria de informações entre os
Agora que já conhecemos as fórmulas, vamos exemplificar o uso da agentes. Os agentes internos da empresa costumam usar alterações na
modelagem para SAC. Sendo assim, utilizando o enunciado do exemplo anterior política de dividendos como uma maneira de oferecer informações ao
responda: mercado, e de diminuir a assimetria informacional.
a. Qual o valor de cada prestação? Alternativas de investimentos. Este aspecto diz respeito às
b. Qual o valor do juro presente na prestação no terceiro mês? oportunidades de investimentos disponíveis à empresa no
c. Qual o valor amortizado de divida na prestação no terceiro mês? desenvolvimento natural de suas atividades. Quando as alternativas de
d. Qual o valor do saldo da dívida após o pagamento da terceira prestação? aplicação de recursos em ativos forem suficientemente rentáveis para a
empresa (os retornos forem maiores que aqueles que os acionistas
Solução
poderiam auferir em outras aplicações), a retenção de lucros para
reinvestimentos pode ser justificada. Em caso contrário, os recursos “Resumindo a ópera”, temos que o uso dessas quatro fórmulas substitui
devem ser distribuídos. a necessidade de montar uma tabela completa sobre a operação para
Efeito clientela. Para Rossetti et al. (2008), há acionistas que preferem descobrirmos o que ocorre em determinado momento “t” da operação.
dividendos, pois são isentos de impostos ou suas alíquotas são baixas. Ah! Também podemos obter a soma do “J” e do “A” no SPC na Hp12c:
Há acionistas que preferem baixos dividendos, por se situarem em altas
F CLx (limpa a máquina);
faixas de pagamentos de impostos ou então por estarem focados nas
600 PV (positivo porque entrou no caixa, lá quadro é negativo, pois
possibilidades de ganho de capital. Essa multiplicidade de clientes para
dívida);
nas ações das empresas faz com que elas tenham de se ajustar a seus
157,57 CHS PMT (negativo, pois sai no caixa quando pagamos);
desejos. Quando eles tiverem satisfeitos, nenhuma empresa será capaz
2 i (taxa de juro efetiva);
de aumentar o valor de suas ações pagando mais ou menos dividendos.
3 n (pois queremos analisar o t=3);
Uma empresa só conseguirá aumentar o preço de suas ações se houver
F Amort (aparece na tela o total pago de juros até t=3: R$ 27,21);
alguma clientela insatisfeita. Assaf Neto (2014) destaca também que o
X >< y (aparece o total amortizado até t=3: R$445,50);
efeito clientela sugere que uma companhia deve estabelecer sua política
de dividendos e não alterá-la com frequência. Alguns investidores RCL PV (aparece na tela, o Saldo final após t=3 : R$154,5 ou 154,48).
Quadro 2 – Etapas da solução dividendos não devem realmente afetar o valor, desde que não afetem a política
de investimentos da empresa. Este argumento sustenta que, enquanto houver
Pt Jt At St investidores suficientes em cada clientela de dividendos, as empresas não
t Juros Amortização Saldo final
Pagamento devem ser penalizadas por adotar uma política de dividendos específica.
( 2%.SFanterior ) (Pt t ) ( SI + E - S )
Resumindo, há algumas verdades em todos estes pontos de vista e pode
0 - - - - 600,00
1 R$ 157,57 12,00 145,57 - 454,43
ser possível alcançar um consenso sobre os pontos nos quais eles convergem.
2 R$ 157,57 9,09 148,49 - 305,94 A realidade é que políticas de dividendos exigem decisões: optar entre o passivo
3 R$ 157,57 6,12 151,46 - 154,48 tributário adicional que elas podem criar para alguns investidores ou a
4 R$ 157,57 3,09 154,48 0,00 sinalização potencial e os benefícios de fluxos de caixa livres resultantes do
pagamento de dividendos.
uniformes em seu valor. Sendo assim, o SPC nada mais é do que um fluxo de
caixa uniforme.
Para Assaf Neto (2014), a política de dividendos revela um grande
potencial de conflito de interesses entre a administração da empresa, os Importante
acionistas e os credores. No ambiente de separação de propriedade de controle Aqui, iremos trabalhar com o postecipado para exemplicar sua lógica.
da empresa, os gestores têm poder de decisão na distribuição (ou não) de lucros Portanto, toda a lógica que foi trabalhada lá no Tópico 1 é válida aqui.
aos acionistas. Os gestores e os credores preferem reter lucros, visando reduzir
E, por isso, vamos partir logo para as fórmulas que são específicas sobre
o risco da empresa, e os acionistas defendem o pagamento de dividendos.
este sistema:
Ross et al. (2009) lembram que podem surgir conflitos de interesses entre
acionistas e administradores quando a propriedade de uma empresa é bastante Fórmula 8 – Fórmulas específicas
diluída (o conhecido custo de agência ou conflito de agentes). Por causa disso,
os administradores podem ser tentados a visar a objetivos egoístas às expensas
P = PMT = VP acha o preço (prestações=PMT) a partir de VP.
dos acionistas. Há vários mecanismos para ajudar os acionistas a controlar o
comportamento dos administradores, reduzindo assim o conflito.
Assaf Neto (2014) destaca que os executivos podem, ainda, para destacar J t = PMT acha o valor do juro na prestação “ t ”.
sua atuação e atender objetivos pessoais, distribuir lucros ao invés de reinvestir
os recursos em projetos que agregam valor econômico. A decisão de pagar t-1
At acha o valor amortizado na prestação “ t ”.
dividendos, nesse caso, é prejudicial aos acionistas. O autor ainda destaca que
as decisões de retenção de lucros pelos gestores podem ainda ser conflitantes
com os interesses dos acionistas, ao procurarem com os gerentes somente o S t = PMT achar o saldo final após a prestação “ t ”.
crescimento da empresa, sem produzir benefícios econômicos de caixa em
excesso aos acionistas. Vamos demonstrar essas quatro fórmulas em um exemplo.
Para Ross et al. (2009), vários estudiosos têm sugerido que os dividendos
podem servir para reduzir custos de agência. Pagando-se dividendos iguais ao
problemas de conflito de agentes, envolvendo agentes internos gestores e b. Qual o valor do juro presente na prestação no terceiro mês?
acionistas controladores de um lado e agentes externos, como acionistas c. Qual o valor amortizado de dívida na prestação no terceiro mês?
minoritários e credores. Os agentes externos reclamam muitas vezes das d. Qual o valor do saldo da dívida após o pagamento da terceira prestação?
i= i=
Importante
Logicamente, também podemos resolver esse problema com a HP12c:
Vejamos um exemplo de Fluxo de Caixa Disponível ao Acionista FCFE,
F CLx (limpa a máquina);
descrito por Assaf Neto (2014). Uma empresa tem uma política de dividendos a
Verificar se a Hp12c está na forma postecitapada;
distribuição de 25% de seu lucro líquido aos acionistas (payout = 25%). Está
4 n (lançamento dos meses com terão o valor uniforme);
avaliando a manutenção dessa política para o exercício vigente, período de forte
600 CHS PV;
crescimento de suas atividades, quando apurou um lucro líquido de $144.000.
A empresa gastou no exercício $129.800 em desembolso de capital, e 157,57 PMT;
calculou despesa de depreciação em $34.600. O investimento em capital de giro i (na tela irá aparecer o valor 2 2%).
Uma loja vendeu a prazo um bem cujo preço à vista é de R$ 600. A Depreciação (Amortização e Exaustão) $ 34.000
operação foi integralmente parcelada em quatro prestações mensais de R$ Fluxo de Caixa de Operações: $ 178.000
157,57 cada, obtidos por juros compostos postecipados. Informe qual foi a taxa Investimento de Capital Fixo ($ 129.800)
de juro efetiva mensal dessa operação. Variação do Investimento em Giro ($46.300)
Solução Pagamento Principal da Dívida ($ 46.300)
Novas Dívidas Contraídas: 20% x ($ 129.800 + $ 46.300 - $ $ 28.300
PMT = PV . 157,57 = 600 . 34.600)
Fluxo de Caixa Disponível de Operações ao Acionista - $ 30.800
FCPE
= = = 0,262624 = (Valor que pode ser distribuído aos acionistas)
considera sempre que o lucro é totalmente distribuído em cada exercício. valor da taxa “i”, a tarefa fica complicada. O motivo? Simples, não dá para
Ross et al. (2015) complementam que a Lei Societária Brasileira solucionar esse problema isolando o “i”, pois ele aparece tanto no numerado
estabelece que os acionistas têm direito a receber como dividendos obrigatórios, quanto no denominador, de tal forma que nos impede de executar tal operação.
em cada exercício, uma parcela de lucros estabelecida no estatuto; no silêncio Muitas vezes, a solução encontrada para este problema é o método de
deste, fica devido o que é estabelecido na lei. O estatuto poderá estabelecer o “tentativa e erro”. Todavia, existem alternativas que são mais eficientes por
2 i (taxa de juro efetiva de 2%); dividendo como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros
600 PV (aqui é bom não usar o CHS, pois o PV para o PMT é outro); critérios para determiná-los, desde que seja regulado, com precisão e minúcia,
FV (na tela aparece o valor futuro pós carência = R$624,24); e não sujeite os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração
CHS PV (agora vamos usar o CHS, pois o 624,24 é o PV para o PMT); ou da maioria.
Por exemplo: que a legislação societária determina que o pagamento do dividendo preferencial
fixo ou mínimo é de exigibilidade violenta, desde que exista lucro. Somente a
constituição da Reserva Legal pode impedir o pagamento. Jamais outras
PMT= VP. PMT = VP . FRC ( 2% , 4 )
reservas, quer estatutárias, quer de lucros a realizar, para contingências ou para
expansão, podem ser criadas em detrimento desses dividendos preferenciais.
PMT= VP. 0,2626238
Nesse sentido, não importa se o lucro é formado com ou sem a consequente
Importante disponibilidade de caixa.
Como os exemplos são de aplicações já conhecidas e trabalhadas nas
laudas anteriores, nos próximos itens indicaremos apenas as fórmulas.
Figura 3 – Transação comercial
PMT = VP VP = PMT
Ross et al. (2009) destacam que, além de pagamento em dinheiro, existe
outro tipo de dividendo, pago com ações. Este dividendo é chamado de
As fórmulas são bem simples, tratam-se de um fluxo postecipado com o
bonificação. Não se trata de um dividendo real, pois não há saída de caixa da
acréscimo de “+m” no “n” que compõe a expressão multiplicada por “i”. Agora
empresa. Em vez disso, uma bonificação geralmente é especificada por um
que temos as fórmulas, vamos fazer uma exemplificação para que você tenha
quociente; por exemplo, numa bonificação de 2%, um acionista recebe uma nova
um melhor entendimento sobre como funciona o fluxo diferido.
ação para cada 50 que possua atualmente. Assaf Neto (2014) alerta que a
participação do acionista se mantém inalterada em termos relativos, podendo ele
dispor, no entanto, de um volume físico maior de ações em sua carteira.
Uma loja vendeu a prazo um bem cujo preço à vista é de R$ 600. A Após a distribuição de bonificações, a tendência esperada, desde que não
operação foi integralmente parcelada em quatro prestações mensais iguais, com ocorra nenhuma expectativa mais favorável com relação à rentabilidade, é a de
dois meses de prazo de carência para o início da cobrança. Sendo assim, queda no preço de mercado da ação, em razão da maior diluição dos dividendos.
responda: Qual o valor de cada prestação? Teoricamente, a queda no preço de mercado é proporcional ao maior número de
Solução ações emitidas.
Como temos PV e queremos PMT, a formula é:
PMT= VP
Para Ross et al. (2009), quando uma empresa anuncia um
desdobramento de ações (também conhecida por split), ela aumenta o número
de ações existentes. Como cada ação agora dá direito a uma porcentagem
PMT= 600. PMT = R$163,94 (valor uniforme)
menor de fluxo de caixa da empresa, o preço da ação deve cair. Por exemplo,
se os administradores de uma empresa cuja ação está cotada a $90 declaram
Podemos representar esta transação comercial na seguinte forma:
um desdobramento de 3 por 1, o preço de uma ação deve cair para cerca de
$30. Um desdobramento se assemelha muito a uma bonificação, exceto pelo
fato de ser geralmente maior. Assaf Neto (2014) esclarece que o split não deve
ser confundido com bonificação em ações. Apesar de as práticas não alterarem
o patrimônio líquido total da empresa, a bonificação é fruto de aumento de capital
por incorporação de reservas, e o desdobramento é uma forma de reduzir o
preço de mercado das ações mediante alterações em seu valor nominal e na
quantidade física emitida. O principal uso do split é para melhorar os índices de
liquidez de uma ação, para torná-la acessível a uma faixa maior de investidores.
VF = 200 . 1,02
que este ficou à disposição da empresa. No entanto, em sua concepção inicial, do PMT é a mesma, vamos agora estudar o fluxo diferido.
Tabela 3 – Solução do exemplo 2 nenhuma delas isoladamente consegue prevalência em relação às demais. Por
outro lado, cada teoria é capaz de oferecer uma explicação parcial para a política
n Valor aplicado VF até o n=4 de dividendos e sua importância na formação do valor da empresa. Destaca-se
0 R$ 0,00 R$ 0,00
1 R$ 200,00 R$ 212,24 200 . (1+2%) 4 – 1 (Rende 3 meses)
ainda a importância de uma definição de política mais adequada de dividendos,
2 R$ 200,00 R$ 208,08 200 . (1+2%) 4–2 (Rende 2 meses) a partir da qual se conheça as características essenciais da legislação brasileira.
3 R$ 200,00 R$ 204,00 200 . (1+2%) 4 – 3 (Rende 1 meses) Sob o ponto de vista da empresa, o pagamento de dividendos reduz a liquidez
4 R$ 200,00 R$ 200,00 200 . (1+2%) 4 – 4 (Rende 0 meses)
Total VF até n=4: R$ 824,32 Saldo até o último depósito
de caixa e limita a sua capacidade de promover novos investimentos.
Total VF em n=5: R$ 840,81 FV = 824,32 . (1+2%) 1período
VF = 200
Tabela 3 – Fluxo de caixa antecipado
PMT= VP MILLER, M. H.; MODIGLIANI F. Dividends policy, growth, and the valuation of
shares. Journal of Business, v. 34, pg. 411-443, out. 1961.
Podemos representar esta transação comercial na seguinte forma: ROSS, S. et al. Administração financeira: corporate finance. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
Figura 2 – Transação comercial
____________. Administração financeira. 10. ed. São Paulo: AMGH, 2015.
PMT = VP
Como temos PMT e queremos FV, a formula é: VF = PMT parque fabril, contratação de funcionários, desenvolvimento de novos produtos,
etc., sem comprometer o capital de giro. Estes itens sempre devem estar
2 R$ 200,00 R$ 208,08 200 . (1+2%) 4 – 2 (Rende 2 meses) fixada, que pode ser taxa fixa ou variável, de acordo com uma taxa de referência
3 R$ 200,00 R$ 204,00 200 . (1+2%) 4 – 3 (Rende 1 meses) de mercado.
4 R$ 200,00 R$ 200,00 200 . (1+2%) 4–4 (Rende 0 meses) No atendimento das necessidades recorrentes de financiamentos de
Total VF: R$ 824,32 bens, as empresas precisam escolher uma das várias alternativas oferecidas
pelo mercador financeiro. Contudo, é necessário conhecer detalhadamente as
Como demonstra a tabela anterior, após a última aplicação dos R$ 200,00, possibilidades de financiamento oferecidas para que se possa decidir
temos R$ 824,32 de saldo, ou seja, de Valor Futuro (VF). Perceba que o último corretamente. Fatores como taxas de juros e risco influenciam diretamente na
R$ 200 não rendeu nada, isso aconteceu porque, como ele foi aplicado no mês escolha das fontes de financiamentos, e podem levar tanto a lucros como a
4 (o último mês na análise), este valor teve zero meses de capitalização. Está prejuízos.
duvidando do resultado? Então, vamos fazê-lo com a Hp12c 1. Para os financiamentos que envolvem investimentos em modernização,
F CLx (limpa a máquina); ampliação de instalações etc., normalmente as empresas não geram recursos
4 n (lançamento dos meses com valores uniformes); suficientes para bancar esses gastos. Uma das alternativas é buscar esses
2 i (taxa de juro); recursos no longo prazo (mais que um ano), junto a investidores (recursos
a forma como uma empresa deve financiar seus investimentos é uma Saldo Final =
das decisões financeiras mais importantes e deve merecer por parte Juros = J Saldo Inicial = SI Entrada = E
n Saída = S SF
da empresa e dos credores uma adequada compreensão das ( PMT )
consequências decorrentes das políticas adotadas. Isto requer uma (2% . SF anterior) (J + SF anterior) (SI + E – S )
perfeita avaliação das fontes de recursos, prazos e riscos financeiros.
0 R$ - R$ - R$ - -R$600,00 -R$ 600,00
Daí os financiamentos de longo prazo destinarem-se a suprir as empresas 1 -R$12,00 -R$ 612,00 R$157,5743 R$ - -R$ 454,43
com recursos para aquisição de bens do ativo permanente. Nesse contexto, 2 -R$ 9,09 -R$ 463,51 R$157,5743 R$ - -R$ 305,94
3 -R$ 6,12 -R$ 312,06 R$157,5743 R$ - -R$ 154,48
enquadram-se projetos de diversas modalidade, como:
4 -R$ 3,09 -R$ 157,57 R$157,5743 R$ - R$ -
implementação de fábricas;
ampliação de capacidade produtiva; No quadro acima temos que os 2% da taxa de juros incide sobre o valor
modernização do parque fabril, das estruturas administrativas e de apoio; do saldo final do período anterior (ex.: “600 . 2%” = “12 de Juros no n=1”). Por
realocação de unidades de produção, comercialização ou administração; isso, o saldo inicial de cada período é o valor do saldo anterior mais o juro do
período (ex.: “$600 do SF do n=0” + “$12 de Juro” = “612 SI do n=1”). O saldo
diversificação a partir de novos produtos, ou novos investimentos em
inicial do período sofre o impacto do resultado líquido das entradas e saídas que
outras empresas.
ocorrem naquele momento (ex.: “- $612 SI” “+ $157,5743 Entrada” “- $0 Saída”
Assaf Neto (2014, p. 498) destaca que, para que uma empresa possa
= “$ 454,43 SF no n=1”). Isso ocorre até que na última entrada tenhamos o saldo
realizar esses investimentos, o mercado brasileiro oferece duas opções de
final de dívida zerado. Convenhamos, é bem simples!
captações de longo prazo. A primeira é o mercado acionário, em que são
Como você já entendeu a lógica da fórmula, vamos ver como fica na
realizados financiamentos por meio de recursos próprios (subscrição de capital).
HP12c:
A segunda é o mercado de empréstimos e financiamentos, no qual se processam
captações de recursos de terceiros. F CLx (limpa a máquina);
F 2 (ajusta a máquina para 2 casas decimais);
Verificar se a Hp12c está na forma postecitapada:
a. Se no visor não aparece Begin, então Hp está na forma postecipada;
b. Se no visor aparece “Begin”, então a Hp está na forma antecipada e
Segundo Assaf Neto (2014, p. 496), o financiamento de uma empresa, por precisa ser alterada para forma postecipada (o “BEGIN” precisa sumir).
meio de seus recursos próprios, pode desenvolver-se pela retenção de seus Use o comando “g END” para apagar o “BEGIN”.
resultados líquidos (autofinanciamento) e, principalmente, pela integralização de 4 n (lançamento dos meses que terão o valor uniforme);
novas ações. O processo de integralização de novas ações, que se desenvolve 2 i (taxa de juro efetiva);
dentro do segmento acionário do mercado de capitais, obedece a um fluxo 600 CHS PV (CHS, para troca o sinal para negativo, pois saiu do caixa);
sequencial de atividades, o qual é ilustrado na Figura 1.
PMT = na tela aparece o valor futuro= 157,5743 (positivo, pois vai entrar).
PMT = 600 . 0,2626238 = R$157,5743 (aqui está o valor uniforme) subscrição de novas ações pressupõe que a empresa ofereça certas condições
de atratividade econômica, as quais são avaliadas, principalmente, por seus
Representando esta transação em um diagrama, pela ótica do resultados econômico-financeiros, pela conveniência de abertura de capital, pelo
comportamento do caixa da empresa que cedeu o crédito, temos que: estudo setorial, pelas características básicas de emissão e lançamento das
ações e pelo ambiente conjuntural. Essa sequência de estudos é considerada
Figura 1 – Diagrama pela ótica do comportamento do caixa
nas várias etapas do processo de subscrição, ou seja, é considerada pela
instituição financeira intermediadora e pelos diversos agentes que compõem o
mercado primário e secundário de ações.
O principal interesse do analista de uma empresa em fase de subscrição
de capital é com relação ao comportamento econômico-financeiro futuro e aos
projetos de expansão a serem implementados, o que deverá permitir uma
avaliação do potencial e da viabilidade de investimento acionário (Assaf Neto,
Ou seja, temos um VP de - R$ 600 (negativo porque saiu um bem nesse 2014).
valor) e quatro PMT de + R$ 157,5743 (positivo porque o valor entrará quatro As características básicas de emissão levam em consideração a
vezes no caixa). Vamos entender o que isso significa em cada etapa da existência de incentivos fiscais na subscrição primária das ações (processo de
diagramação. colocação de ações a venda), as condições de pagamento (integralização) da
subscrição, a existência de garantia de liquidez no mercado secundário, o preço
de lançamento das ações etc.
Finalmente, na situação conjuntural, são avaliados o desempenho e as
perspectivas do mercado acionário em geral, os níveis de taxas de juros de
aplicações alternativas, o desempenho da inflação etc.
Para Assaf Neto (2014), uma instituição intermediadora é um elo entre a Fluxo de caixa postecipado é aquele que a série uniforme “PMT” começa
empresa carente de recursos e os agentes econômicos poupadores um período pós VP (ou, como alguns preferem dizer, no fim do período zero).
(superavitários) identificados no mercado primário . Assim, uma empresa que Sua fórmula base para estabelecer os valores que serão iguais e consecutivos
deseje financiar-se mediante a integralização de novas ações procura uma na linha do tempo é definida como sendo:
instituição financeira não bancária (sociedades corretoras, distribuidoras e
Fórmula 1 – Valores iguais ou consecutivos na linha do tempo
bancos de investimento) que a subscreve, visando a sua colocação posterior no
mercado acionário. As principais formas de subscrição pública de ações
PMT = VP
(underwriting), realizadas por uma instituição ou por várias instituições
financeiras (consórcios), são (Assaf Neto, 2014, p. 497-498):
Onde:
Subscrição do Tipo Puro ou Firme: Essa modalidade de underwriting
prevê a subscrição e a integralização, por parte das novas ações PMT: Valor uniforme;
emitidas por uma empresa. Na verdade, a instituição financeira
assume amplamente o risco de sua colocação no mercado, ao VP: Valor presente;
público em geral e investidores institucionais, responsabilizando-se
pelo pagamento à empresa emitente do valor total das ações i: taxas de juro;
lançadas.
Subscrição do tipo Stand-by (Residual): Nessa forma de subscrição n: período.
pública, a instituição financeira não se responsabiliza, no momento
do lançamento, pela integralização do total das ações emitidas. Há A partir da fórmula “base”, podemos deduzir três fórmulas igualmente
um comprometimento, entre a instituição financeira e a empresa
emitente, de negociar as novas ações no mercado durante certo importantes para a pauta do fluxo uniforme postecipado, as quais são:
tempo, findo o qual ocorrerá a subscrição total, por parte da
instituição, do volume não negociado, ou seja, da parcela das ações
que não for absorvida pelos investidores individuais e institucionais. Fórmula 2 – Fórmulas a partir da fórmula base
Subscrição do Tipo de Melhor Esforço: Nessa modalidade de
subscrição a instituição financeira não assume nenhum tipo de
responsabilidade sobre a integralização das ações em lançamento, e VP = PMT , permite encontrar o VP a partir do PMT
o risco de sua colocação no mercado corre exclusivamente por conta
da empresa emitente. Existe, na verdade, um comprometimento, por
parte da instituição financeira, de dedicar o melhor esforço para
colocar o maior número de novas ações no mercado, dentro de certo
período de tempo, promovendo ainda as melhores condições VF = PMT , permite encontrar o VF a partir do PMT
possíveis para a empresa emitente. Findo o prazo estabelecido de
negociação, as ações restantes (residuais) serão devolvidas (e não
integralizadas pela instituição financeira, conforme prevê o tipo de
subscrição anterior) à empresa de origem.
PMT = VF , permite encontrar o PMT a partir do VF
preferem, no início do momento 1 (uma diferença apenas semântica, pois Assaf Neto (2014) complementa que, no mercado primário, ocorre a
na prática o início do momento 1 ocorre junto com o momento 0); canalização direta dos recursos monetários superavitários disponíveis aos
b. Fluxo postecipado: o PMT começa 1 período após o momento zero ou, poupadores, para o financiamento das empresas, pela colocação (venda) inicial
como alguns preferem, no fim do período 1 (novamente é a mesma coisa, das ações emitidas. É nesse setor que as empresas buscam, mais efetivamente,
já que o fim do momento 1 é exatamente 1 período em relação ao os recursos próprios necessários para a consecução de seu crescimento,
momento zero); promovendo, a partir daí, a implementação de projetos de investimentos e
c. Fluxo diferido: trata-se de variação do postecipado, onde o PMT começa consequentemente incrementando a riqueza nacional.
alguns períodos após o momento zero. Por exemplo, em pagamento com O autor explica que no mercado secundário são estabelecidas as
3 meses de carência, o PMT começa no momento 4; sendo assim, o renegociações entre os poupadores das ações adquiridas no mercado primário.
momento 3 (o terceiro mês) vira o novo momento zero nos cálculos. Ficou Na verdade, a existência de um mercado primário ativo somente é possível
confuso? Fique tranquilo, você vai entender tudo durante esta aula. mediante certas condições de liquidez para as ações emitidas, as quais são
Por fim, além dessas três formas puras de fluxo uniforme, precisamos citar verificadas fundamentalmente nas Bolsas de Valores (mercado secundário).
que também sugiram ramificações práticas desses conceitos. Estamos falando Dessa forma, é na Bolsa de Valores que uma ação, representativa de
dos sistemas de amortização de débitos, em que temos: determinado empreendimento, tem seu desempenho avaliado pela massa de
investidores, assumindo maior demanda e, consequentemente, maior liquidez (a
I. SPC: Sistema de Preço Constante;
que demonstrar maior sucesso empresarial).
II. SAC: Sistema de amortização Constante;
III. Sistema de amortização misto (a média entre “SPC e SAC”),
IV. Sistemas de amortização alemão (antecipação de juros) e
V. Sistemas de amortização americano (pagamento apenas do juro em
PMT). Para suprir as necessidades recorrentes de financiamentos de bens, as
A partir dessa ideia geral dos assuntos, vamos estudá-los! empresas precisam escolher uma das várias alternativas oferecidas pelo
mercado financeiro. Para tanto, é preciso conhecer detalhadamente as
possibilidades de financiamento oferecidas. Como já mencionamos, fatores
como taxas de juros e o risco envolvido influenciam diretamente na escolha das
Neste tópico, vamos estudar os três tipos básicos de séries uniformes:
fontes de financiamentos, levando ao lucro ou a prejuízos.
postecipado, antecipado e diferido, e também seus fatores de cálculos. Dessa
Para Assaf Neto (2014), as principais modalidades de empréstimos e
forma, iremos desvendar a lógica de cada uma dessas ramificações e como elas
financiamentos a longo prazo, praticadas com recursos de terceiros e
devem ser usadas nas atividades da prática comercial.
disponíveis às empresas no mercado de capitais, são:
facilitar a sua aprendizagem. Espero que tenha gostado e, sem mais para o custo de capital total da empresa. O conceito de estrutura ótima de capital
momento, desejo-lhe bons estudos e a gente se vê na aula 4! vincula-se, por outro lado, à proporção de recursos próprios e de terceiros que
devem ser mantidos por uma empresa que leva à maximização da riqueza de
seus acionistas. É marcante a existência de opiniões divergentes na teoria de
finanças sobre a existência ou não de uma estrutura de capital ótima, ou seja,
de certa composição de fontes de financiamento que promovem a redução de
seu custo total (WACC - Weighted Average Cost of Capital) ao seu valor mínimo.
A identificação dessa estrutura de custo mínimo promove a maximização do
valor da empresa, beneficiando a riqueza de seus proprietários. Apesar dos
inúmeros trabalhos teóricos e práticos desenvolvidos no ambiente das Finanças
Corporativas, esta questão ainda não está totalmente definida.
Para Gitman (2010), as pesquisas sugerem que há uma faixa ótima de
estrutura de capital. Ainda não é possível fornecer aos administradores
financeiros uma metodologia específica que possa ser usada na determinação
da estrutura de capital ótima de uma empresa. Ainda assim, a teoria financeira
ajuda a entender como o mix de financiamento escolhido por uma empresa afeta
seus valores.
Em 1958, os pesquisadores Modigliani e Miller (conhecidos por M&M),
demonstraram algebricamente que, admitindo-se mercados perfeitos (ausência
de imposto de renda, de custos de corretagem para lançamento de títulos e
informações simétricas), a estrutura de capital escolhida por uma empresa não
afeta seu valor. Muitos pesquisadores, inclusive M&M, examinaram os efeitos de
premissas menos restritivas sobre a relação entre estrutura de capital e valor da
empresa. O resultado é uma estrutura de capital ótima que se baseia nos
benefícios e nos custos do financiamento com capital de terceiros. O principal
benefício do financiamento com capital de terceiros é o benefício fiscal, que
permite deduzir os pagamentos de juros do lucro tributável.
O custo de financiamento com capital de terceiros resulta: convenção exponencial, tanto pela ótica do que cede o capital como, também,
1. da maior probabilidade de falência causada por obrigações de dívidas; pela ótica de quem o recebe.
Assaf Neto (2014) lembra que o elevado custo do dinheiro, que limita a a 10 dias, porém, ele deseja quitá-la hoje. Sabendo que o desconto contratual é
atratividade do investimento operacional, promoveu nos anos 80, e por desconto racional composto e que a taxa de juro efetiva é de 1,5% ao mês,
principalmente nos anos 90, crescente capitalização das empresas brasileiras, responda: qual será o valor atual da dívida e do desconto?
denotando um certo comprometimento em sua capacidade de crescimento e b. Identificação do que deve ser feito e teoria/conteúdo que resolve o
uma política que se preocupa com a sobrevivência das empresas. Para resolver esse problema, precisamos encontrar o valor atual racional
Por outro lado, os modelos teóricos de avaliação da estrutura de capital e o valor do desconto racional (Tema 3).
no ambiente empresarial brasileiro apresentam algumas importantes restrições, c. Apresentação da solução do problema
ditadas principalmente pela não homogeneidade das taxas de juros de mercado. Passo 1: encontrar o valor atual racional:
Mesmo em situação de reduzida taxa de inflação, como é o caso da nossa
1. Preparar os dados:
economia nos dias atuais, as taxas de juros encontram-se superdimensionadas,
principalmente em relação ao retorno-padrão produzido pelos ativos das i = 1,5% ao mês (taxa efetiva, então já está certa)
empresas.
n = 10 dias (se a taxa efetiva é mensal, então dias precisar virar mês)
O autor ainda destaca que uma observação indicativa do desequilíbrio de
mercado são os valores bastante diferenciados assumidos pelas taxas de juros n = 10 dias / 30 dias de 1 mês = 1/3 = 0,3333 meses
no Brasil, sendo definidas prioritariamente pela natureza das fontes de
financiamento (recursos oficiais, privados, recursos externos etc.) e não, como 2. Cálculo
VAr = 2,5 mil / (1+ 0,015) 0,333 VAr = 2,5 mil / 1,004975
Durante os cinco temas que foram vistos nesta aula, analisamos vários terceiros determinarão acréscimos contínuos no custo de capital total. Além
conceitos sobre o processo de capitalização composta. Agora, entre no Fórum disso, à medida que o endividamento (P/PL) começa a aumentar, o custo de
da disciplina e, usando este conhecimento geral adquirido, reflita com seus pares capital (Ke) e o custo de terceiros (Ki) também se elevam, em função da presença
quando é interessante usar a convenção linear e quando é interessante usar a crescente de risco financeiro associado ao passivo da empresa; não é
necessário, todavia, que essa elevação dos dois custos específicos ocorra da ter um lote de títulos com R$ 8 mil para 2 meses; R$ 3 mil para 4 meses; R$ 7
maneira rigorosamente paralela, como acontece na figura. mil para 5 meses.
Além disso, Agora, vamos aprofundar essa lógica, vamos ver uma situação de troca
de títulos! E, para facilitar nossa vida, vamos usar os mesmos números do
A teoria convencional concorre a ideia que, dados a estrutura de capital
de uma empresa e o seu risco, é perfeitamente possível calcular o seu exemplo anterior, porém, dentro de outra realidade transacional.
WACC. O custo de capital de terceiros, por outro lado, é dependente
do risco financeiro da empresa, e não da natureza da fonte de
financiamento e do investimento a ser financiado. Para a teoria
convencional, ainda, a economia apresenta certas características que
a colocam num estágio de desenvolvimento mais elevado, tais como a
presença de uma relativa estabilidade de índices de preços, taxas de Uma empresa tem com um fornecedor um lote com quatro títulos a pagar,
juros homogêneas e livremente praticadas no mercado, mercado de
capitais eficiente, etc. (Assaf Neto, 2014, p. 522). conforme os valores nominais (VN) e prazos em meses (n) informados na tabela
que segue.
VP = + + VP = R$ 15.209,03
Títulos VN n adotado por Modigliani e Muller (1958), servindo de suporte para sua famosa
teoria de inexistência de uma estrutura ótima de capital.
1 R$ 8.000,00 2,0
VP = VP = + +
VP = VP = + +
Assaf Neto (2014) destaca que Modigliani e Muller propuseram que o valor
m: representa a identificação do último título do lote analisado.
de uma empresa, atuando em um mercado eficiente e sem impostos,
permanecem inalterados diante de qualquer estrutura de capital escolhida. Em Resumindo a ópera, quando temos muitos títulos com diferentes datas de
outras palavras, o custo total de capital é uma constante, mesmo que as vencimento, realizamos o desconto racional em cada um deles para uma mesma
ponderações de financiamento se alterem. Essas ideias formuladas por MM data, usando um mesmo valor de taxa i. Depois, somamos os valores atuais.
tornam-se a base da moderna teoria de Estrutura de Capital. Achou difícil? Então, vamos exemplificar. A seguir, temos dois exemplos sobre
Ou seja, R$ 970,23 é o valor que o dono da loja vai receber. Ross et al. (2009) destacam que o resultado de M&M apoia-se na hipótese
de que os indivíduos podem tomar dinheiro emprestado com custo igual ao das
b. Após determinar o valor atual, encontramos o valor do desconto:
empresas. Alternativamente, se os indivíduos só puderem obter empréstimos a
Dc = VN VAc Dc = 1000 970,225 uma taxa mais alta, é fácil mostrar que as empresas poderão aumentar o valor
usando capital de terceiros.
Dc = R$ 29,775 R$ 29,78 ( valor do desconto )
Dc = Dc = 1000 . 0,029775
Veja a solução de nosso exemplo na calculadora: pesquisadores Franco Modigliani e Merton H. Miller, que demonstraram
Passo 1: Achar o valor presente (atual) algebricamente (admitindo-se mercados perfeitos), a não interferência da
estrutura de capitais escolhida com o valor da empresa.
F CLx (limpa a máquina);
Gitman (2010) destaca ainda que o resultado de uma estrutura de capital
F 2 (ajusta a máquina para 2 casas decimais);
ótima teórica está baseado nos benefícios e nos custos do financiamento de
2 n (lançamento dos meses);
capitais de terceiros. Dentre esses benefícios, destaca-se o fiscal, que permite
1,5 CHS i (taxa de desconto com sinal negativo, por ser (1 - i)n;
deduzir os pagamentos de juros de lucro tributável. Contudo, o custo de
1000 CHS PV (baixa do caixa);
financiamento com recursos de terceiros pode resultar em fatores preocupantes,
PV = na tela aparece => 970,23 (valo atual).
que são:
Passo 2: Achar o valor do desconto
maior probabilidade de falência causada por obrigações das dívidas;
F CLx (limpa a máquina); restrição à liberdade de ação da empresa pelos custos da Teoria da
1000 Enter (valor montante); Agência (conflito de interesses de quem administra com os interesses da
970,23 (valor atual); empresa);
- (na tela aparece 29,77)*.
custos associados ao fato de que os administradores têm mais n
Fórmula VA c =
informações sobre as perspectivas da empresa do que os investidores.
Como podemos ver na fórmula anterior, o valor atual no desconto
Silva (2004) destaca ainda que, na alternativa de endividamento, a
comercial composto é muito parecido com a modelagem de capitalização. Na
decisão de tomar recursos emprestados dependerá do preço desses recursos,
capitalização, temos VF = VP . (1 + i)n, já no desconto comercial temos VP = VF
que deverá ser menor que o rendimento propiciado pela sua aplicação na
. (1 i)n . Ou seja, comparando com o cálculo da capitalização, temos que o VF
empresa. Ainda segundo Silva (2004, p
-
custo de dinheiro no longo é superior ao custo do dos empréstimos de curto
Observação: pelo fato do desconto comercial ser calculado em relação ao
prazo. Há porém, o efeito do crescimento do endividamento no risco da empresa,
valor nominal (ou seja, o valor futuro da dívida), ele é denominado pelo mercado
como um desconto por fora.
Silva (2004) ainda destaca que o retorno dos credores é assegurado
b. Desconto comercial (Dc):
contratualmente e de certo modo independe do lucro que a empresa venha a
apresentar. Já o risco do credor é associado à incapacidade de pagamento da Sendo, Dc VAc
empresa devedora e ao caráter dos dirigentes. A tabela abaixo ilustra o impacto
n
da dívida da empresa sobre o retorno dos acionistas, quando o custo dos fundos Onde, VA c = VN
é menor que o rendimento dos ativos.
n
Então, Dc
Tabela. 1 Opções de estrutura de capitais
n
Portanto, Dc ],
Alternativa I Alternativa II
Ativo Total 2.000 2.000 Esta é a fórmula base do desconto comercial! Todavia, nada impede que
Estrutura de Capitais
- Dívida 0 1.000
- Patrimônio líquido 2.000 1.000 Vamos exercitar!
- Dívidas como % do ativo 0% 50% de um cliente no valor de R$ 1 mil. Acontece que o dono da loja está precisando
Demonstração do Resultado de dinheiro hoje e a citada duplica só vai vencer daqui dois meses. Sendo assim,
o dono da loja vai até um amigo é pede para ele descontar a duplicada. O amigo
- Receita líquida de vendas 2.800 2.800
aceita descontar a duplicata por uma taxa de desconto de 1,5% ao mês, por meio
- Custos das mercadorias vendidas (1.960) (1.960)
do cálculo do desconto comercial composto. Qual é o valor do desconto e qual
- Lucro bruto 840 840
é o valor que o dono da loja vai receber?
- Despesas Operacionais (240) (240)
Solução
- Lajir Lucro antes dos juros e impostos (Ebit) 600 600
- Juros (Despesas financeiras) 0 150 a. No desconto comercial a primeira coisa é achar o valor atual do título:
Dr = 1000 . 0,029338
VA = VN D
Onde: Assaf Neto (2014) cita que, além de benefícios fiscais, o endividamento de
VA: Valor atual no momento do efetivo pagamento; empresas é atrativo quando os recursos são usados para projetos de alta
VN: Valor nominal = valor na data original de vencimento da dívida; rentabilidade, visando incrementar o retorno para o acionista e elevar o valor de
D: Desconto até o momento do efetivo pagamento. mercado da empresa. No entanto, essa situação mais extrema de alavancagem
não chega a ocorrer na prática. É possível que haja limites ao endividamento das
A questão chave aqui é que este cálculo isto é, o procedimento de
empresas, determinados sobretudo pelos seus crescentes custos de agência,
desconto pode ser feito tanto por dentro (desconto racional) como por fora
provenientes exatamente do endividamento (agency costs). A decisão de usar
(desconto comercial), tudo depende do contrato firmado entre quem cede e
capital de terceiros determina uma relação entre acionistas e credores. Quanto
quem recebe o capital. Neste tópico, nosso foco será o desconto racional
maior o endividamento, mais evidente é o conflito de interesses entre os agentes;
composto. Ele é assim chamado, pois seu cálculo é feito por meio do uso de uma
cada um acaba atuando de acordo com seus próprios objetivos, que muitas
razão (= uma divisão na forma de fração), dado o fato de partimos do uso da
vezes são conflitantes entre si.
a
Toda decisão de financiamento cria uma obrigação para a empresa, e
a. Valor atual racional também um risco de se tornar inadimplentes, ao deixar de pagar o principal da
dívida e os juros. O processo de falência começa nas empresas por sua
Sendo, VF = VP . (1 + i)n,
incapacidade de gerar caixa para suprir suas necessidades operacionais. As
empresas também podem falir porque recorrerem intensamente a recursos
Onde, VP = VP = VF / (1 + i) n
onerosos, acima de sua capacidade de pagamento.
Para Assaf Neto (2014), quando as empresas tomam recursos de terceiros
Então, se substituirmos o VP (Valor presente) por VA (Valor atual) e o VF
para se financiarem, elas assumem uma vantagem explícita, determinada pelo
(Valor futuro) por VN (Valor nominal), teremos:
custo mais reduzido em relação ao capital dos acionistas. O custo da dívida é
Equação 1 Valor atual racional mais barato que o uso de capital próprio, por causa do menor risco do credor
o pagamento dos juros é uma obrigação contratual, e independe do sucesso da
n empresa. Há também a dedutibilidade fiscal que é aproveitada pela empresa e
VA r = VA r = VN / (1 + i)
calculada sobre as despesas com juros.
Onde:
Por outro lado, as dívidas trazem alguns custos adicionais para a empresa,
VA r = Valor atual no momento do pagamento pelo método racional. como o aumento de seu risco financeiro pela possibilidade de não cumprimento
VN = Valor nominal = valor da dívida na data original de vencimento. das obrigações financeiras com os credores, e também acirramento dos conflitos
de agentes, envolvendo principalmente credores e acionistas. Essas
Esta é a fórmula do valor atual!
desvantagens promovem, em geral, um aumento dos custos para a empresa
b. Desconto racional
tomadora de recursos.
Sendo, D r = VN - VA r , Uma empresa entra no que se denomina dificuldade financeira quando
passa a enfrentar restrições para efetuar os pagamentos contratuais devidos aos
Onde, VA r = VN / ( 1 + i ) n credores. Uma definição clássica de dificuldade financeira é quando uma
empresa não gera fluxos de caixa suficientes para honrar com suas obrigações b. está na forma exponencial
correntes. No caso da inadimplência, a empresa deve reavaliar seu negócio e
tomar atitudes de reestruturação financeira.
Nessa situação problemática, a empresa incorre em custos explícitos e
10,5 n ;
implícitos determinados pelos seus problemas. Havendo dificuldades em cumprir
2 i (taxa);
com os compromissos financeiros, a empresa pode recorrer à renegociação de
100 CHS PV (CHS para trocar o sinal para negativo, pois é desencaixe);
dívidas com os credores, visando adequar os prazos de pagamentos e
FV (Valor futuro);
montantes estabelecidos com a geração interna de caixa.
Na tela aparece o valor do juro => R$ 123,1184 (Juros);
Essa renegociação tem como contrapartida, geralmente, o pagamento de
F 2 (ajusta a máquina para 2 casas decimais);
uma taxa de juros mais alta ou, a depender da situação, participação dos
Na tela aparece o valor futuro + R$ 123,12 (VF).
credores na gestão da empresa. Assaf Neto (2014) destaca que a saída clássica
sugerida para uma empresa que vive dificuldades financeiras é composta de três Por fim, caso você resolva refazer o cálculo com capitalização
partes: exponencial, o resultado final será menor, ele será R$ 123,1124 = R$ 123,11.
Ou seja, ele será menor que o valor linear! O motivo? Simples, porque quando a
Reestruturação dos ativos, indo desde a alienação de alguns ativos até
gente faz o cálculo de uma potência com a parte quebrada de um número,
eventual associação (fusão) com outra empresa;
estamos tirando uma raiz, veja este exemplo:
Reestruturação dos passivos, a qual envolve a renegociação de dívidas
com credores; 25 0,5 = 25 1/2 = =
Recuperação judicial e falência, as últimas alternativas para a empresa.
Assim, na avaliação de investimentos, o enfoque do valor presente ajustado Como vimos, na aula 2, uma operação de desconto é uma operação
calcula os seguintes valores: inversa ao processo de capitalização. Nela, retiramos o juro que está incorporado
no valor futuro (aqui chamado de Valor nominal) até o momento em que estamos
NPVU = valor presente líquido do projeto se fosse financiado unicamente
antecipando o pagamento, obtendo, assim, o valor atual do título:
com recursos próprios;
i = Taxa de juro efetiva (que é igual para ambos os parênteses); NPVF = valor dos efeitos colaterais (vantajosos ou desvantajosos para a
= período inteiro do tempo; empresa) passíveis de serem gerados pelo financiamento. O principal
= período fracionário do tempo; efeito do uso de recursos de terceiros é o benefício fiscal dos juros da
n . dívida (vantagem). Outros efeitos são os subsídios ao financiamento
(vantagem), custos de dificuldades financeiras e custos de emissão de
Ficou preocupado com a fórmula? Então, fique tranquilo, primeiro porque
novos títulos de dívidas (desvantagem)
não é assim tão difícil e, segundo, porque somente existe diferença nos
resultados das contas entre a forma exponencial e linear se, e somente se, o A expressão básica de cálculo do APV é a seguinte:
valor do n (isto é, o tempo) tiver valores quebrados (fracionários), por exemplo:
2,5 meses, 1,3 meses etc. Vamos ver um exemplo: APV = NPVU + NPVF
Passo 1: ajustar os dados para uso na HP 12c Como vimos, uma empresa pode adotar a estrutura de capital que desejar,
n = 10,5 meses (nada precisa ser feito, n: meses = capitalização: meses); optando por maior endividamento ou maior participação de capital próprio.
i = 24% ao ano 24% / 12 meses = 2% ao mês (lembre-se da aula 1). Porém, é sempre preciso referenciar sua avaliação pela relação risco-retorno. A
partir do conteúdo visto nas aulas, reflita e responda a seguinte questão: Qual é
Passo 2: lançar os dados
a estrutura de capital ideal para uma empresa?
F CLx (limpa a máquina);
F 4 (ajusta a máquina para 4 casas decimais);
Verificar se a Hp 12 c está na forma linear:
Para entender as finanças corporativas, estudamos aspectos
a. ; relacionados às fontes de financiamentos a longo prazo, sejam elas com a
utilização de recursos próprios ou com recursos de terceiros. Nesta aula, Na tela aparece o valor futuro => + R$ 121,90 (na HP os sinais atendem
exploramos os seguintes temas: a lógica do fluxo de caixa: se R$ 100 era desencaixe, então R$ 121,90 é
encaixe, por isso, sinal positivo).
Fontes de financiamentos a longo prazo: utilização de capital próprio;
Fontes de financiamento a longo prazo: utilização de recursos de Observação: aqui,
terceiros; número de casas decimais no visor. Todavia, quero que fique bem claro que o
Estrutura de capital conceitos básicos; número de casas decimais que aparece no visor não altera a precisão dos
cálculos na Hp12c. O motivo? Simples, a máquina continua a usar nas
Estrutura de capital avaliação do nível de endividamento e da estrutura
operações as casas decimais que não estão visíveis. Por exemplo,
de capital;
Dificuldades financeiras, endividamento e avaliação. F CLx (limpa os registros);
F 0 (zero casas decimais);
5 enter;
2 ;
Aparece 3 na tela;
4 x;
Aparece 10 na tela.
VF = VP . (1 + i)
Onde:
VF = Valor futuro;
VP = Valor presente;
Agora que você já sabe deduzir e usar o fator de cálculo, então, só falta
estudar como resolvemos a capitalização por juros compostos, condição VP e
VF, em uma calculadora financeira HP 120c. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Para realizar o cálculo dos juros compostos, na condição VP e VF, na HP FORTUNA, E. Mercado financeiro produtos e serviços. 15. ed. Rio de Janeiro:
12c, vamos precisar dos comandos que estão na primeira linha de cima da Qualitymark, 2002.
máquina. Lá, GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo:
Pearson, 2010.
Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário
JÚNIOR, J. do N. Fontes de financiamento de capital de giro de longo prazo.
que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização é
2011. Disponível em: <https://www.administradores.com.br/producao-
mensal por juros compostos, qual o juro e o valor futuro da aplicação?
academica/fontes-de-financiamento-de-capital-de-giro-de-longo-prazo/4347/>.
Passo 1: ajustar os dados para uso na HP 12c
Acesso em: 6 dez. 2017.
n = 10 meses (nada precisa ser feito, n = meses = capitalização mensal);
MILLER, M. H.; MODIGLIANI F. The cost of capital, Corporation finance and the
i = 24% ao ano 24% / 12 meses = 2% ao mês (lembre-se da aula 1).
theory of investiment. The American Economic Review, v. 48, n. 3, jun. 1958.
Passo 2: lançar os dados
PADOVEZE, C. L. Administração financeira de empresa multinacionais:
F CLx (limpa a máquina); abordagem introdutória. São Paulo: Thomson Learnig, 2006.
F 4 (ajusta a máquina para 4 casas decimais);
ROSS, S. et al. Administração financeira: corporate finance. 2. ed. São Paulo:
Verificar se a Hp 12 c está na forma exponencial4:
Atlas, 2009.
a. .
____________. Administração financeira. 10. ed. São Paulo: AMGH, 2015.
b.
SILVA, J. P da. Gestão e análise de crédito. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
aparecer na tela), us ativar . ____________. Análise financeira das empresas. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
10 n (lançamento dos dias);
2 i (taxa é lançada ao ano como se tivesse %, ou seja, não pode 0,02);
100 CHS PV (CHS para trocar o sinal para negativo, pois é desencaixe);
FV (Valor futuro);
Na tela, aparece o valor do juro => R$ 121,8994 (juros);
F 2 (ajusta a máquina para 2 casas decimais);
4 Os juros compostos que estamos estudando agora é a forma pura, ou seja, todo o período de
tempo está no expoente do cálculo, por isso, essa forma é chamada de exponencial. No próximo
item iremos estudar o que é essa tal de forma linear, por enquanto, vamos apenas usar o
comando.
Usando o fator de cálculo, uma vez que as condições são iguais, temos:
Viu? É muito fácil! E para encerrarmos este tópico sobre fatores, vamos
Tabela 1 VP para VF
Tabela 2 VF para VP
a. Investindo R$ 10, qual é o valor futuro para 90 dias de aplicação com taxa
0,5% ao dia, com capitalização composta diária?
multiplicar esse valor (= fator de cálculo) com Valor Futuro ou Valor Presente.
Esta é a lógica das tabelas dos vendedores.
Sinais no fluxo: VP = - R$ 100 (desencaixe); VF = + R$ 120 (encaixe)
b. Paulo mudou de ideia sobre a quantia que vai aplicar. Agora ele quer Olá! Na aula de hoje, vamos estudar o mercado de capitais, sua história,
aplicar R$ 300 nas mesmas condições anteriores. Isto é, 10 meses em suas funções e seus objetivos. Também serão detalhados os principais títulos e
um investimento bancário que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. valores mobiliários negociados e as funções dos principais órgãos que compõem
Sabendo que a capitalização é mensal por juros compostos, qual será o o mercado de capitais. Será explorada ainda a história da bolsa de valores no
valor futuro? Brasil e no mundo, e como é feita a negociação com títulos e valores mobiliários
Muitas pessoas fazem todos os cálculos de novo, porém não precisa. nessas instituições.
Pense comigo se todas as condições para i e n são iguais, então, basta aplicar Boa aula!
Sinais no fluxo: VP = - R$ 100 (desencaixe); VF = + R$ 121,9 (encaixe). Pinheiro (2016, p. 180) define mercado de capitais como
c. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário Iniciativas do setor público Iniciativas do setor privado
para, ao término desse tempo, ter R$ 121,90. Sabendo que a (Bovespa)
capitalização é mensal por juros composta, qual é o valor de taxa de juro Reforma da Lei das Sociedade por Novo sistema operacional:
ao ano que essa aplicação precisa ter? ações. Megabolsa - 1997
Aprimoramento dos padrões 1997 - Criação da CBLC – Clearing
VF = VP . (1 + i) n R$ 121,9 = R$ 100 . (1 + i) 10 meses
contábeis das empresas abertas e independente
R$ 121,9 / R$ 100 = (1+ i) 10 1,219 = (1 + i) 10 exigência de transparência para 1997 - Introdução do sistema Home
empresas fechadas a partir de certo Broker
1/10 =1+i 1,02 = i + 1 tamanho. 1999 - Início das operações After
Market
1,02 1=i i = 0,02 = 2% ao mês
2001 - Novo Mercado
2% ao mês. 12 meses = 24% ao ano 2007 - Desmutualização
d. Paulo quer aplicar R$ 100 em um investimento bancário para que este Revisão da Lei de Falências, 2008 - Fusão da Bovespa com a
Sabendo que a capitalização é mensal por juros simples e que a taxa de eficiente do custo do crédito.
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p. 137.
juros é de 24% ao ano, qual é o valor de tempo dessa aplicação em
meses? O site Portal do Investidor destaca as iniciativas institucionais e
governamentais que foram implementadas nos últimos anos com o objetivo de
VF = VP . (1 + i) n R$ 121,9 = R$ 100 . (1 + 24%/12) n
assegurar melhorias das práticas de governança corporativa das empresas
R$ 121,9 = R$ 100 . (1+ 2%) n 121,9/100 = (1 + 0,02) n brasileiras, como veremos a seguir.
1,219 = 1,02 n , aqui temos que usar logarítmico 2, Log 1,02 1,219 = n
1,219 = 1,02 n Log 1,02 1,219 = n n = 10 meses Segundo o site Portal do Investidor (Historia..., 2018), a origem do novo
mercado se deve a uma conjuntura conturbada no final da década de 1990, que
e. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário foi marcada por uma grande crise no mercado acionário no país.
que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização 3 Dados do site (História..., 2018) relatam que o número de empresas
é mensal por juros composta, qual será o valor do juro dessa aplicação? listadas na Bolsa de Valores Brasileira (Bovespa) tinha caído, de 550 em 1996
para 440 em 2001. Além disso, o volume de recursos negociado foi reduzido,
2 O logarítmico não é um tema da matemática financeira, trata-se de um assunto de matemática passando de US$ 191 bilhões em 1997 para US$ 101 bilhões em 2000 e US$ 65
esse o caso desse exemplo, pois queremos descobrir o va bilhões em 2001. Com o agravamento da crise, muitas empresas fechavam o
expoente da equação.
3 Lembre-se que no juro composto a forma de capitalização altera o resultado final, ou seja, uma capital, e poucas abriam.
mesma taxa nominal pode gerar diferentes valores futuros em um mesmo período de tempo (ver
aula 1, Tema 5). Por esse motivo, a condição de capitalização é mencionada sempre em
exercícios de juros compostos.
Dentro desse novo cenário, a Bovespa criou o chamado Novo Mercado, i: Taxa de juro (ajustada à condição de capitalização);
direcionado às ações de companhias que se comprometam voluntariamente a n: Período (ajustada à condição de capitalização).
adotar as boas práticas de governança corporativa. Nessa fundamental
Esta fórmula nos permite, como foi visto na aula 1, encontrar qualquer um
adaptação à realidade do mercado de ações brasileiro, foram criadas duas
dos valores das quatro variáveis do modelo (VF, VP, i, n), desde que nos sejam
etapas intermediárias: Níveis I e II, que, junto com o Novo Mercado,
apresentados, no mínimo, três valores. Veja esses exemplos:
estabeleceram compromissos crescentes de adoção de melhores práticas de
a. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário
governança corporativa, a fim de dar credibilidade a bolsa de valores.
que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização
O site Portal do Investidor destaca o principal motivo da criação do Novo
é mensal por juros compostos, qual será o valor futuro dessa aplicação?
Mercado:
Neste tópico usaremos esse diagrama para estudar como funciona o fluxo O Gráfico 1 ilustra o mercado brasileiro de ações frente aos demais
de caixa na capitalização composta dos juros, considerando o momento entre o países.
valor presente e futuro do capital. Ou seja, vamos estudar como o VP torna-se
Gráfico 1 – Desenvolvimento do mercado de ações brasileiro
VF e vice-versa, pelo uso de: (i) fórmula, (ii) fator de cálculo e, também, pela (iii)
HP 12c1.
M=P+J
Também vimos na aula 1 que esta fórmula poderia ser convertida nos
juros compostos para:
VF = VP + J VF = VP . (1 + i)n
Onde:
ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira: uma abordagem prática. captação pública de recursos.
De acordo com essa definição,
Curitiba: Intersaberes, 2013.
CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D. Matemática financeira aplicada. são valores mobiliários, quando ofertados publicamente, quaisquer
títulos ou contratos de investimento coletivo que gerem direito de
Curitiba: Ibpex, 2010.
participação, de parceria ou remuneração, inclusive resultante da
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos da engenharia econômica. prestação de serviços, cujos rendimentos advém do esforço do
empreendedor ou de terceiros. (Brasil, 1998)
Curitiba: Ibpex, 2011.
A Lei n. 10.303/2001 incorporou esse conceito ao art. 2º da Lei
n. 6.385/1976, que atualmente vigora com a seguinte redação:
O Sr. Kenenóis tem uma dívida no valor de R$ 2,5 mil que vai vencer em As vantagens de investir em ações são descritas pela BM&FBOVESPA
10 dias, porém ele deseja quitá-la hoje. Sabendo que o desconto contratual é da seguinte forma:
por desconto simples comercial e que a taxa de juro é de 15% ao mês,
Não é preciso muito dinheiro para começar;
responda: qual seria o valor do desconto do Sr. Kenenóis se o contrato fosse Você recebe dividendos periodicamente;
Potencial de boa rentabilidade no longo prazo;
de desconto racional, em vez de comercial?
Você pode comprar ou vender suas ações no momento em que
quiser;
É possível alugar suas ações fazendo um empréstimo de ativos e
b. Identificação do que deve ser feito e teoria/conteúdo que resolve o ganhar um rendimento extra;
O Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos é cobrado apenas na
problema saída do investimento e se o resgate for maior do que R$20 mil.
(Como Investir..., 2018)
Para resolver esse problema, precisamos encontrar o valor do desconto Os títulos das Dívidas Públicas Imobiliárias (DPMI), que são títulos
comercial (tema 3) e depois aplicar na fórmula de relação entre descontos públicos federais fora do Banco Central em poder do público, também são, junto
(tema 4). com as ações, títulos com grande representatividade no mercado de capitais
brasileiro, como pode ser verificado no Gráfico 2:
c. Apresentação da solução do problema
Gráfico 2 – Produtos financeiros do mercado de capitais
econômico, e para que isso aconteça é necessário que a poupança seja Vamos estabelecer o valor do lote: R$ 20 mil (igual ao exemplo anterior).
destaca três caminhos: Vamos obter o prazo médio do lote por ponderação pelos valores dos
títulos
1. Autofinanciamento, em que as empresas geram internamente seus
próprios recursos. = = 9 dias (prazo médio do lote = idem ao exemplo anterior)
2. Governo, quando financia certas atividades usando a arrecadação
de tributos ou a imposição de mecanismos compulsórios de
poupança.
3. Financiamentos por meio de mercados de capitais.
Terceiro passo:
Para Pinheiro (2006), Agora o valor do desconto nós já temos: Dr = R$ 3.166,40
Então vamos encontrar o valo atual:
os retornos esperados pelas empresas em crescimento não são
suficientes para financiar seus projetos de expansão, mesmo que VA r = VN Dr VAr = 20 mil 3 166,40 VAr = 16 833,60
esses projetos tenham um retorno superior ao custo de um
empréstimo. O risco do negócio recomenda que exista um
balanceamento entre financiamentos do projeto com recursos externos
(captações com terceiros) e próprios (captações com os sócios e/ou Quarto passo:
subscrição de ações).
Vamos encontrar o valor da taxa aplicado no desconto comercial
Pinheiro (2006) destaca ainda que desde a criação de uma empresa por simples:
um número pequeno de sócios até sua posterior entrada na bolsa uma empresa Dr = VA r . i . n 3 166,40 = 16 833,60 . i . 9 dias (valor médio)
vai passando por diferentes processos de financiamentos.
A captação de recursos por meio de fontes externas aumenta o nível de
i = 3 166,40 / (16 833,60 . 9 dias) i = 3 166,40 / 151 502,40
endividamento e, consequentemente, reduz a capacidade da empresa de
i = 2,09% ao dia
renová-los. Outro aspecto a se considerar sobre a utilização de capital de
terceiros é o risco de cobertura. Podemos comparar o lucro operacional da
Bem, assim encerramos o conteúdo desta aula. Esperamos que você
empresa com um bolo a ser dividido entre três agentes econômicos famintos: o
tenha gostado!
governo, os proprietários e credores (Gráfico 3).
Vamos obter o prazo médio do lote por ponderação pelos valores dos Gráfico 3 – Distribuição do lucro
títulos
Terceiro passo:
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p.153.
Vamos encontrar o valor do desconto dado para este lote:
acelerar o crescimento econômico e a geração de empregos; sempre teremos que o desconto racional será menor que o desconto comercial
realizar grandes projetos de infraestrutura, projetos de impacto na e o desconto comercial sempre será menor que o desconto bancário (desde
qualidade de vida da população – como os investimentos na área de água, que a taxa de administração não seja zero). Por isso, temos que: VA b < VAc <
desenvolver soluções de previdência privada complementar em regime de compreender qual foi a taxa média dessa operação em lote. Dentre as
capitalização, em que a aposentadoria de cada cidadão é basicamente possibilidades existentes, costuma-se utilizar, segundo Assaf Neto (1998), o
assegurada pelos resultados da livre aplicação dos recursos de sua valor do prazo médio ponderado na fórmula de taxa de juro. Vamos ver como
permitir a transferência de recursos na forma de capital de risco e de Uma empresa levou um lote com quatro títulos para antecipação de
financiamento para pequenas e médias empresas, democratizando recebíveis conforme os valores e prazos apresentados na tabela que segue.
oportunidades e estimulando o empreendedorismo; Sabendo que o valor recebido pela empresa foi de R$ 15,5 mil pela operação
democratizar o capital e a propriedade, permitindo que o pequeno de desconto comercial por esse lote, responda: qual foi a taxa de desconto da
Segundo passo:
1º. passo: achar a taxa de juro do período Já as ações das sociedades de capital fechado não têm um mercado
organizado de oferta ao público e têm dificuldade para sua comercialização.
c , em que n = 1,
r / VAr assim:
Pinheiro (2016) lembra que as empresas não devem abrir seu capital com
i = Dc i = 20 / 80 i = 0,25 1 = 25% ao bimestre o pensamento de atender somente a necessidades imediatas, e sim captar
recursos para pôr em prática seu planejamento empresarial, atendendo também
Ou que nos permite extrair o seguinte modelo para achar a taxa no às necessidades futuras da organização. Nessa situação, os dirigentes ou
período: acionistas devem preparar a empresa para operações maiores, com a promoção
de colocações secundárias ou primárias de pequeno porte.
i= i = i= = 25%
O Quadro 2 evidencia as principais razões pela quais as empresas
buscam a abertura de capital.
Estes dados nos permitem observar que a taxa do desconto simples novo relacionamento com funcionários;
comercial tende a ser menor que a taxa efetiva da operação por juro simples, imagem institucional.
apesar de ambas resultarem em um mesmo valor nominal. Isso ocorre porque,
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2016, p. 255.
em verdade, se a taxa de desconto comercial for transformada em taxa de
desconto racional, veremos que ela é bem superior aos 10% ao mês. Vejamos. Além de vantagens, outro fator importante desencadeado pela abertura
Se usarmos o valor do desconto comercial e o valor atual comercial na de capital nas empresas, destacado por Pinheiro (2016), é a aceleração da
fórmula racional, teremos que: profissionalização das companhias. Esse processo atinge os dirigentes e todos
os funcionários da organização. Em princípio, ele é consequência da
Dr = VA . i . n 20 = 80 . i . 2 n i = 20 / 160 = 0,125 i = 12,5% ao regulamentação das empresas de capital aberto, que obriga o Conselho de
Ou seja, para termos o mesmo valor de desconto na fórmula de Considerada uma fonte alternativa de capital para as empresas, a
desconto racional, teríamos que usar uma taxa de 12,5% de juro. É, por isso, abertura de capital possui grandes vantagens sobre os recursos captados com
que a taxa efetiva encontrada acima foi de 11,8034%. instituições financeiras. Segundo Pinheiro (2006), a obtenção de recostos junto
a bancos “tem prazos limitados e padronizados, e a empresa é obrigada a aderir
a cláusulas contratuais estabelecidas unilateralmente. No lançamento de ações Dr = VA . i . n Dr = 83,33 . 10% . 2 Dr = 16,67 (desconto)
e debêntures, por sua vez, são os subscritores que aderem às condições e
cláusulas impostas pela empresa emissora”. Sobre esse cenário, podemos obter a taxa implícita efetiva, pela ótica do
O autor (Pinheiro, 2006) ainda evidencia outra vantagem de abrir o capital, juro composto, por meio de dois passos bem simples:
que é a obtenção de melhores condições para as empresas se expandirem pela
aquisição ou incorporação de outras companhias. A empresa pode entrar com 1º. passo: achar a taxa de juro do período.
suas ações ou debêntures na transação sem precisar desembolsar dinheiro do
caixa. , em que n = 1,
r = VAr
Vale lembrar que nem todas as necessidades podem ser satisfeitas com
r / VAr endo assim:
a abertura de capital. Normalmente, esse recurso está ligado às necessidades
i = 16,67 / 83,33 i = 0,2 = 20% ao bimestre (em dois meses)
de financiamento dos projetos de expansão como, por exemplo, ampliação da
produção, modernização da empresa, criação de novos produtos, informatização
2º. passo: achar a taxa equivalente de juro composto (tema 5, aula 1)
etc.
As principais vantagens e desvantagens destacadas por Pinheiro (2006)
iq = ( 1 + i t) nq/nt-1 i q = ( 1 + 20%) 1 mês / 2 meses 1
na utilização das ações como fonte de fundo das empresas estão descritas na
Tabela 1:
iq = 1,095445 1 i q = 0,095445 = 9,5445% ao mês (taxas efetiva
Tabela 1 – Vantagens e desvantagens da utilização de ações
implícita).
Vantagens Desvantagens Estes dados nos permitem observar que a taxa do desconto simples
não acarretam encargo fixo para a venda de novas ações ordinárias racional tende a ser maior que a taxa efetiva da operação por juro simples,
empresa; estende o direito de voto ou apesar de ambas resultarem em um mesmo valor nominal.
VAr = 83,33
Para que [as bolsas de valores] desempenhem suas funções, o No tema anterior, vimos duas formas desconto (ou três, se
ambiente de negócios do país tem que ser livre e as regras devem ser
considerarmos o desconto bancário um caso à parte). Agora vamos ver quais
claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneficiar todos os
indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de as relações que esses descontos apresentam entre si.
companhias abertas.
a economia é um dos fatores determinantes na formação dos valor que o dono da loja vai receber?
importantes indicadores conjunturais; No desconto racional, a primeira coisa é achar o valor atual:
ao favorecer o financiamento empresarial, constitui um VAr = VN / (1 + i . n) VAr = 1000 / (1 + 1,5% . 20) VAr = 1000 /1,3
Economia
importante elemento na expansão e no crescimento VAr = R$ 769,23 (valor que o dono da loja vai receber)
econômico;
submete as empresas a um julgamento de racionalidade; Após determinar o valor atual, encontramos o valor do desconto:
a cotação versátil reflete o desempenho da empresa. Dr = VA . i . n Dr = 769,23 . 1,5% . 20 Dr = 769,23 .0,3
facilita a poupança de pequenos poupadores e a oportunidade Dr = 230,77 (desconto cobrado pelo amigo para ficar com a duplicata)
de investimento;
facilita o conhecimento do preço do mercado, o que serve de
proteção à poupança; O desconto comercial é assim chamado por seu cálculo ser
Social
favorece a estabilidade social, ao tornar possível o incremento amplamente utilizado nas operações comerciais de desconto de títulos para
do número de poupadores investidores; antecipação de recebíveis (por exemplo, se uma loja quer antecipar o valor de
favorece a organização bursátil da segurança ao tráfico jurídico uma duplicata que iria receber daqui a 20 dias, o banco antecipa o dinheiro por
mercantil. meio deste desconto). Seu cálculo é feito em relação ao valor nominal (o valor
Fonte: Adaptado de Pinheiro (2006, p. 183). de face da dívida) e, na mesma forma que o racional, tem duas fórmulas:
A origem da bolsa de valores é bastante remota. Pinheiro (2016, p. 306) Dc = VN . i . n. Esta é a fórmula-base do desconto comercial.
relata que “alguns escritores, como Váquez de Prada, buscaram sua definição Obs.: Pelo fato de o desconto comercial ser calculado em relação ao valor
no emporium dos gregos, outros no collegium mercatorum dos romanos ou nos nominal (ou seja, o valor futuro da dívida), ele é denominado pelo mercado
bazares dos palestinos”. O autor prossegue: como um desconto por fora.
Não há uma definição histórica clara sobre esse fato. Sabe-se que b. Valor atual a pagar comercial (VAc):
surgiram, em épocas distantes, com atribuições que não a vinculavam
especificamente a valores mobiliários. E mais, o comportamento dos VAc= VN Dc
mercados sintetizava o comportamento comercial que daria vida as
bolsas: a negociação à viva voz, superando barreiras geográficas, VAc= VN VN . i . n
linguísticas e ideológicas. (Pinheiro, 2016, p. 306)
VAc = VN . ( 1 i . n ). Esta é a fórmula-base (mas recomendamos: VN
Pinheiro (2016) complementa que a palavra bolsa nasceu em Bruges, Dc).
cidade da Bélgica onde eram realizadas assembleias de comerciantes na
propriedade de Van der Burse, em cuja fachada existia um escudo com três
VN: valor nominal = valor na data original de vencimento da dívida; bolsas (o brasão do proprietário), simbolizando honradez e méritos por sua
D: Desconto até o momento do efetivo pagamento. atuação na área comercial.
Frankfurt Stock n i
9ª 1,6 Alemanha
Exchange
1º. Exato Exato
Bombay Stock
10ª 1,6 Índia 2º. Ordinal Ordinal
Exchange
3º. Exato Ordinal
Australian Securities
11ª 1,4 Sydney (Austrália) 4º. Ordinal Exato
Exchange
Sabendo que a capitalização é diária, por regime de juros simples com período Para facilitar a negociação desses títulos no mercado secundário,
foram criadas instituições que têm por objetivo administrar sistemas
de capitalização ordinal e taxa de juro com contagem exata, qual é o valor centralizados, regulados e seguros para a negociação desses títulos.
São exemplos destas instituições as bolsas de valores e as entidades
futuro dessa aplicação? administradoras do mercado de balcão organizado. Essas instituições
têm como função básica proporcionar liquidez aos valores de emissão
de companhias abertas, ou seja, ajudar o investidor que adquiriu esses
títulos a vendê-los de forma eficiente e segura
A atuação nas bolsas de valores e nos mercados de balcão, Quando é dito que a condição é comercial ou ordinária, o que temos é
organizado e não organizado, é restrita aos integrantes do sistema de
distribuição de valores mobiliários, dentre estes as instituições que tanto o n como o i serão ajustados à condição de capitalização segundo a
financeiras e sociedades corretoras e distribuidoras devidamente
autorizadas a funcionar pela CVM e pelo Banco Central do Brasil, que
contagem aproximada do tempo. Portanto, os anos terão sempre 360 dias e os
atuam em nome de seus clientes, os investidores, comprando e meses terão 30 dias (todos eles).
vendendo ações, debêntures e outros títulos e valores mobiliários
emitidos pelas companhias abertas. Exemplo: no ano de 2017, Paulo quer aplicar seu capital em um
Para investir na bolsa de valores o investidor precisa ter uma conta em
uma corretora de investimentos, ou corretora de valores. Elas são as investimento bancário que paga uma taxa de juro de 32,85% ao ano. Serão
instituições que distribuem as ofertas de ações, fundos ou títulos e
fazem o intermédio das negociações entre compradores, vendedores aplicados R$ 100, durante o período entre o dia 1º de junho e 1º de setembro.
e a bolsa. (Entendendo..., 2018)
Sabendo que a capitalização é diária, por regime de juros simples na condição
A Figura 3 detalha como como funciona o fluxo de negociações do temporal comercial, qual é o valor futuro dessa aplicação?
mercado de ações: Como a condição temporal comercial foi genérica, vamos tratar o n e o i.
Assim: i = 32,85% a.a. / 360 dias = 0,09125% a.d.; n = 30 dias . 3 meses = 90
Figura 3 – Passos para negociação com ações
dias.
Sendo assim:
VF = VP . ( 1 + i . n) VF = R$ 100 . (1 + 0,09125% . 90)
VF = R$ 100 . 1,082125 VF = R$ 108,21
Sinais no fluxo: VP = R$ 100 (desencaixe); VF = +R$ 108,21 (encaixe)
Na Hp 12 c fica:
F CLx (limpa a máquina)
90 n (lançamento dos dias)
32,85 i (taxa é lançada ao ano como se tivesse o %)
100 CHS PV (o CHS é para trocar o sinal para negativo)
F INT (o F é para acessar o INT, que é na cor laranja)
= R$ 8,21 (juros)
+ (para somar o juro que está na tela ao valor presente)
Na tela aparece o valor futuro = +R$ 108,21 (VF)
Exemplo: no ano de 2017, Paulo quer aplicar seu capital em um Embora pareça demorado o processo, tudo isso acontece em uma fração
investimento bancário que paga uma taxa de juro de 32,85% ao ano. Serão de segundos e de forma extremamente prática, no conforto da sua casa, por
aplicados R$ 100, durante o período entre o dia 1º de junho e 1º de setembro. meio de uma ferramenta chamada Home Broker 1. Aquela sala cheia de pessoas
Sabendo que a capitalização é diária, por regime de juros simples na condição gritando e falando ao telefone, como imaginávamos que era a bolsa, não existe
temporal exata, qual será o valor futuro dessa aplicação? mais. As negociações são realizadas de forma eletrônica e automática e
Como a condição temporal exata foi genérica, vamos tratar o n e o i registradas em um grande computador da BM&F Bovespa.
assim: A Figura 4 ilustra toda a transação de ações junto à bolsa de valores:
I = 32,85% a.a / 365 dias = 0,09% a.d.; n = 30 dias + 31 dias + 31 dias =
Figura 4 – Transação de compra de ações
92 dias.
Sendo assim: VF = VP . ( 1 + i . n) VF = R$100 . ( 1 + 0,09% . 92)
VF = R$ 100 . 1,08280 VF = R$ 108,28
Sinais no fluxo: VP = R$ 100 (desencaixe); VF = + R$108,28 (encaixe)
Na Hp 12 c, fica:
F CLx (limpa a máquina)
g.DMY (ajusta a HP 12c para dia/mês/ano.
01.062017 (ano de início da aplicação) ENTER
01.092017 (ano de término da aplicação)
DYS (comando para calcular a diferença entre as datas)
Na tela aparece o valor de dias entre as datas = 92 dias
92 n (lançamento dos dias)
32,85 i (a taxa é lançada ao ano como se tivesse o %)
100 CHS PV (CHS é para trocar o sinal para negativo)
F INT (o F é para acessar o INT, que é na cor laranja)
Na tela aparece o valor do juro = R$ 8,39 (juro comercial) Fonte: Bolsa..., 2016.
R (rola a pilha de registro da HP 12c)
Na tela aparece o VP = R$ 100 1 Home Broker: processo que permite a negociação de ações via internet. O Home Broker está
+ (para somar o juro exato, que está na pilha de registro, ao VP) interligado ao sistema de negociação da BM&FBovespa e permite que sejam enviadas ordens
de compra e venda de ações pelo site de corretoras na internet. Para negociar via Home Broker
Na tela aparece o valor futuro = +R$ 108,28 (VF) é necessário ser cliente de uma corretora membro da BM&FBovespa e que esta disponha do
sistema.
Para Pinheiro (2016), existe um objetivo básico na regulamentação dos Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário
negócios na bolsa: que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização é
mensal por juros simples, qual o juro e o valor futuro da aplicação?
Permitir que os preços efetivamente reflitam as condições de oferta e
procura. Daí surge a obrigatoriedade de se fechar negócios ao melhor 1º passo: ajustar os dados para uso na HP 12c:
preço possível, permitindo-se a interferência; e também a pronta
divulgação das operações e condições em que foram realizadas, de n = 10 meses = 10 meses x 30 dias = 300 dias (a HP 12c no juro simples
forma a permitir aos demais participantes avaliar as condições de
mercado. (Pinheiro, 2016, p. 313) sempre tem lançamentos em número de dias);
i = 24% ao ano (por mais que a capitalização seja mensal, no juro
Para conhecer mais sobre a negociação em bolsa de valores, acesse:
simples a HP 12c sempre recebe a taxa na condição anual).
<https://www.tororadar.com.br/blog/bolsa-de-valores-como-funciona>.
mercado de capitais; Tendo como base os conceitos vistos no tema 1 desta aula e todo o
valores mobiliários; conteúdo visto na aula 1, vamos explorar algumas possibilidades de aplicação
da capitalização simples dos juros.
mercado de capitais e as empresas;
a bolsa de valores no Brasil e no mundo;
negociações com ações na BM&FBOVESPA.
Sinais no fluxo: VP = R$ 300 (desencaixe); VF = +R$ 360 (encaixe).
Viu? É muito fácil. Então vamos ver duas tabelas para encerrarmos ANDREZO, A. F.; LIMA, I. S. Mercado financeiro: aspectos históricos e
este tópico sobre fatores, em que n é o número de dias e taxa é o valor efetivo: conceituais. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002.
VALORES Mobiliários – Introdução. Portal do Investidor. Disponível em: Então, o fator de cálculo: = 0,83333
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/valores_mobiliario
Portanto: VP = R$ 120 . 0,8333 VP = R$120 . 0,8333 VP = R$
s/introducao.html>. Acesso em: 2 jan. 2018.
100,00
WAWRZENIAK, D. Maiores bolsas de valores do mundo. Bússola do Sinais no fluxo: VP = R$ 100 (desencaixe); VF = +R$ 1200 (encaixe).
Investidor, 7 out. 2013. Disponível em: b. Caso o Paulo queira ter R$ 360 ao término de um investimento bancário
<https://blog.bussoladoinvestidor.com.br/maiores-bolsas-de-valores-do- nas mesmas condições vistas acima, qual é o valor que ele precisa
mundo/>. Acesso em: 2 jan. 2018. colocar na aplicação hoje (= Valor Presente)?
Usando o fator de cálculo, temos que: VP = R$ 360 . 0,8333 VP = R$
300.
capitalização1 é mensal por juros simples, qual será o valor do juro
dessa aplicação?
VF = VP . ( 1 + i . n) VF = VP + VP . i . n
Sendo: VF = VP + J; Então: J = VP . i . n
J = R$ 100 . 24% / 12 . 10 J = R$ 100 . 2% . 10 J = R$ 100 . 0,2
J = R$ 20,00
Ou , ainda, você pode fazer o VF e depois aplicar a seguinte conta:
VF = VP + J R$ 120 = R$ 100 + J J = R$ 120 R$ 100 J = R$ 20
Muitas vezes, certo valor presente (VP) precisa ser calculado para
diferentes valores de n, porém considerando uma mesma taxa de juro. Outras
vezes é o valor da taxa que varia é o n é o valor constante. Nesses casos, é
conveniente usar o fator de cálculo.... Talvez você esteja achando que é
conversa fiada. Vamos provar que não. Sabe aquelas tabelas de números que
quase todo vendedor tem atrás da calculadora de quatro operações que
carrega no bolso? É essa mesma, aquela que eles usam para dizer quanto um
produto vai custar se ele for pago em 30, 60 ou 90 dias. Pois é, aqueles
números são os fatores de cálculos. O vendedor só precisa multiplicar o preço
à vista (valor presente) pelo fator e já tem o preço a prazo (valor futuro).
A ideia do fator é a seguinte. Se a fórmula financeira da capitalização
simples de juro é
partindo do VP. P
partindo do VF. Então, quando esses valores são conhecidos, basta multiplicá-
los pelo VP ou VF para alcançarmos o valor desejado. Veja estes exemplos:
a. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário
que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização
Agora vem o pulo do gato ! Na fórmula, não usamos os sinais de
negativo e positivo, que foram discutidos na explicação do fluxo de
Olá! A aula de hoje tem caráter instrumental para pessoas que pretendem caixa, porém no final fazemos os ajustes necessários. Sendo assim,
compreender e utilizar o mercado de capitais. Nesta aula serão conceituadas e nesse exemplo, temos que: VP = R$100 (desencaixe); VF = + R$ 120
apresentadas as principais ferramentas de uma análise técnica de ações. Serão (encaixe).
explorados todos os conceitos e definições de análise técnica e as teorias que b. Paulo quer ter R$ 120 ao término de um investimento bancário de 10
suportam esse método. meses que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a
Serão expostas também as diversas formas de análise gráfica, além da capitalização é mensal por juros simples, qual é o valor que Paulo
maneira como são elaborados e analisados os indicadores técnicos utilizados precisa colocar na aplicação hoje (Valor Presente) para ter o que deseja
para mostrar as tendências do mercado acionário. no futuro?
Boa aula! VF = VP . ( 1 + i . n) R$ 120 = VP . ( 1 + 24% / 12 . 10)
R$ 120 = VP . (1 + 2% . 10 ) R$ 120 = VP . ( 1 + 0,2 )
VP = R$ 120 / (1 + 0,2) VP = R$ 120 / 1,2 VP = R$ 100,00
As duas maiores vertentes para análise técnica de ações são a análise (Resposta)
fundamentalista e a grafista. A análise fundamentalista tem como objetivo Sinais no fluxo: VP = R$ 100 (desencaixe); VF = + R$ 120 (encaixe)
descobrir, entre as alternativas existentes no mercado, as ações com melhores c. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário
perspectivas em termos de valorização e pagamentos de dividendos após sua para ao término desse tempo ter R$ 120. Sabendo que a capitalização é
seleção, bem como qual o momento oportuno para compra. Já a análise técnica mensal por juros simples, qual é o valor de taxa de juro ao ano que essa
ou grafista é um estudo que se dedica à observação da evolução dos mercados aplicação precisa ter?
com base em sua representação gráfica. O principal pressuposto desta técnica VF = VP . ( 1 + i . n) R$ 120 = R$ 100 . ( 1 + i . 10 meses)
é que os preços das ações se movem em tendências que de alguma forma R$ 120 = R$ 100 . (1 + i . 10 ) 120 / 100 = ( 1 + i . 10 meses)
Aqui a lógica é a mesma vista na aula 1, ou seja: considerados para estimar o valor de uma ação:
VF = VP + J VF = VP . ( 1 + i . n ) (1) Além desses pontos, o autor destaca alguns fatores para a determinação
do valor da empresa:
J: Juros (valor total) J = VP . i . n Pinheiro (2006) destaca que para utilização da análise fundamentalista
i: Taxa de juro ajustada à condição de capitalização deve-se adotar a hipótese denominada Mercado Eficiente, ou seja, este mercado
n: Período de capitalização deve ter a capacidade de refletir toda a informação relevante disponível e ajustar-
Esta fórmula nos permite, como foi visto na aula 1, encontrar qualquer se a uma nova informação de forma instantânea, podendo ainda ocorrer
um dos valores das quatro variáveis do modelo (VF, VP, i , n), desde que nos ineficiências na valorização a curto prazo, que estas sejam corrigidas ao longo
sejam apresentados no mínimo três valores. Veja esses exemplos: do tempo.
a. Paulo quer aplicar R$ 100 por 10 meses em um investimento bancário Fortuna (2003, p. 440) também destaca que “a análise fundamentalista é
que paga uma taxa de juro de 24% ao ano. Sabendo que a capitalização fundamental para o stock picking (escolha de ações), ou seja, a escolha da
é mensal por juros simples, qual será o valor futuro dessa aplicação? empresa cuja ação deve ser adquirida e, como consequência, a determinação
VF = VP . ( 1 + i . n) VF = R$ 100 . ( 1 + 24% / 12* . 10) de qual deve ser vendida em um determinado intervalo de tempo”.
Lembre que a taxa precisa ser coerente com a condição de O autor menciona os principais indicadores diretos que influenciam os
capitalização, por isso dividimos 24% ao ano por 12 meses, para assim investidores na decisão de aquisição ou venda de uma ação:
termos 2% a.m.
o beta com o índice de bolsa (movimento da ação em relação ao
VF = R$ 100 . (1+ 2% . 10 ) VF = R$ 100 . ( 1 + 0,2 ) movimento do índice);
o preço da ação no mercado;
VF = R$ 100 . 1,2 VF = R$ 120,00 (Resposta)
o lucro por ação; Figura 1 Diagrama do fluxo de caixa
o índice preço/lucro;
o índice preço/valor patrimonial da ação;
o índice dividendo/preço de mercado da ação;
o índice de dividendo/lucro – pay-out;
o índice preço/fluxo de caixa operacional. (Fortuna, 2003, p. 440)
Aqui temos que R$ 10 mil reais que saíram do caixa, por isso o sinal
negativo e a localização abaixo da linha do tempo. Este valor presente de R$
Para Pinheiro (2016), na etapa da pesquisa o analista deverá coletar
10 mil foi capitalizado (rendeu juros) por 9 períodos (n é número total de
todas as informações sobre a companhia. Para tanto, ele deve ter conhecimento
períodos) em aplicação financeira com uma taxa de juros i igual a 20%. Isso,
de todas as variáveis que envolvem o desempenho e funcionamento da
por sua vez, gerou um valor futuro de R$ 12 mil que entrou no caixa. Bem
empresa. As principais fontes de pesquisa utilizadas para esse levantamento
simples, não acha? Para encerrar este exemplo, observe a explicação a seguir:
são:
capitalização simples dos juros, em que vamos estudar cinco temas básicos
sobre esse assunto. São eles: (i) valor presente e valor futuro fórmulas,
fatores de cálculo e calculadora financeira; (ii) algumas operações financeiras Esta etapa corresponde ao desenvolvimento da análise e nela será
comuns; (iii) desconto racional e comercial; (iv) relação entre os descontos e a demonstrado o conhecimento do tema. A transformação da informação em
taxa implícita presente no desconto simples e (v) desconto médio para vários ideia é o principal valor agregado pelo analista. Por isso, utiliza as seguintes
títulos. Com esta lista de assuntos, objetivamos que, ao término desta aula, ferramentas:
você seja capaz de aplicar os instrumentos básicos de análise de um fluxo de
habilidade para conseguir a informação;
caixa por capitalização simples de juros e, logicamente, explicar o significado
dos resultados numéricos que eles geram. Agora, vamos trabalhar! informática;
conhecimento de métodos analíticos;
bom-senso;
Uma empresa, uma pessoa, um governo, enfim, qualquer entidade que experiência.
vislumbre ao longo do tempo entrada(s) e saída(s) de capital em seu bolso ou
em sua conta bancária observa, em verdade, o comportamento de seu capital
segundo o conceito do fluxo de caixa. Nesse sentido, essa pessoa (física ou Para que uma análise possa ter valor ela deve ser bem elaborada e
jurídica) precisa analisar quanto vale seu capital hoje e no futuro. Ou seja, ela transmitida de forma adequada a seu demandante. Por isso, é necessária uma
precisa verificar se o Valor Presente do capital (VP) é maior ou menor em boa comunicação de ideias entre o analista e o cliente.
comparação ao seu Valor Futuro (VP). Por que isso é importante? Para que ocorra essa comunicação, Pinheiro (2016, p. 485) elenca os
Simplesmente porque assim ela poderá decidir se vai aplicar o capital ou, tipos de clientes para quais o analista trabalha:
provocam alta nos preços das ações. P do capital sofre incrementos ao longo de um período de aplicação, em virtude
Já quando as taxas de juros aumentam, os investidores passam a do impacto que a taxa de juro efetiva i tem sobre ele. Todavia, para que o juro J
considerar a atratividade das aplicações de renda fixa e migram seus e o valor montante M possam ser definidos, é necessário conhecer, antes de
investimentos para esse tipo de operação, ocasionando queda nos preços tudo, as condições de capitalização estabelecidas entre a parte que cede e a
das ações. parte que recebe o capital (quando o juro será criado). O motivo? Somente assim
podemos transformar o período da aplicação/empréstimo em um valor de n
Taxas de juros baixas supõem menos custos financeiros para as
períodos de capitalização e também ajustar os valores das taxas nominais para
empresas e maior consumo de famílias e empresas. Tudo isso faz
valores de taxas efetivas. Além disso, vimos que, para realização dos cálculos,
crescerem os lucros empresariais, o que se traduz em cotações mais altas
também precisamos saber se a capitalização dos juros será realizada de maneira
de suas ações.
simples (apenas sobre o principal) ou composta (juros sobre juros). Convém
Quando as taxas de juros da economia estão baixas, as pessoas tendem
lembrar que nesta rota também vimos que a taxa de juros é composta por duas
a consumir mais, e os custos financeiros das empresas passam a ser
variáveis (custo de oportunidade e prêmio de risco) e que ela, além de poder ser
menores. Esses fatores geram um aumento no potencial de ganho das
tratada de como informação nominal e efetiva, pode ser analisada segundo a
empresas e se refletem nas cotações de suas ações, que passam a ter
percepção da equivalência (taxa proporcional para juros simples, taxa
preço mais alto.
equivalente para juros compostos). Antes de terminarmos, não se esqueça de
sempre ajustar o período de aplicação para período de capitalização e de
equalizar as unidades das taxas de juros para a condição de capitalização. Isso
Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 94) conceituam inflação como é tudo pessoal... por enquanto!
“um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Ou seja, os
movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com
altas esporádicas de preços”.
Para Pinheiro (2016, p. 496), a inflação pode ser causada por:
(respectivamente, temas 4 e 3). como “o preço de uma moeda expresso em outra. Ela se apresenta como o
número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira".
c. Apresentação da solução do problema
Segundo os autores, uma desvalorização da moeda nacional faz com que
1. Encontrar a taxa efetiva mensal do Banco A. os bens oriundos do exterior sejam mais caros no mercado nacional.
As taxas de câmbio de uma economia dependem de variáveis como, por
18% ao ano com capitalização mensal => 18% / 12 meses => i = 1,55% a.m.
exemplo:
2. Encontrar a taxa efetiva equivalente anual da taxa efetiva mensal. Aumento de preços dos produtos (inflação): uma alta da inflação
provoca a necessidade de ajustes na taxa de câmbio, para que este passe
i q = (1 + i t) nq / nt 1 i q = (1 + 1,55%)12 meses / 1 mês 1 = 20,27%
a refletir o poder de compra real da moeda local.
3. Encontrar a taxa efetiva anual para transferência. Balança de comercial: de forma geral, a relação entre as entradas de
recursos externos (exportações) e suas saídas (importações).
i = COp + PR i = 20,27% + 2,73% i = 23% Balanço de pagamentos: outra forma de entrada e saída de moeda
externa na economia é por meio dos investimentos estrangeiros que o
4. Ajustar o período para o cálculo do juro composto.
país recebe. Quando ocorre grande entrada ou saída de capitais em uma
Condição de capitalização anal economia, há um respectivo aumento na oferta e na demanda de moeda
externa e, como consequência, a taxa de câmbio se altera.
Período de aplicação 6 meses = Período de capitalização 0,5 ano
i q = (1 + i t) nq / nt 1 i q = (1 + 0,06667%) 360 dias / 1 dias 1 Depois de analisar a macroeconomia, a próxima etapa é a determinação
da análise do setor específico em que a empresa atua.
i q = 1,000667 360 1 i q = 1,271147 1 i q = 27,1147%
Essa análise tem como foco não só as estimativas do setor de atuação,
Comprovando a taxa de equivalência: período de aplicação de 2 anos: mas também a evolução futura das principais variáveis na história do próprio
setor e na diferenciação de cada uma das empresas que o compõem em função
M = P.(1 + i )n => M = R$ 10.(1 + 0,06667% ao dia ) 720 dias => M = R$ 16,16 de suas estratégias de crescimento.
Para Pinheiro (2016, p. 502), "a análise setorial é um estudo de
M = P. (1 + i )n => M = R$ 10.(1 + 27,1147% ao ano) 2 anos=> M = R$ 16,16
agrupamentos setoriais que examina a posição competitiva de um dado setor em
Conclusão: montantes iguais, portanto as taxas são equivalentes. relação a outros".
Ela aborda os seguintes aspectos:
b. Taxa equivalente mensal da taxa efetiva diária 0,06667% (ano comercial):
regulamentação e aspectos legais: avaliar o quanto o segmento sofre
i q = (1 + i t) nq / nt 1 i q = (1 + 0,06667%) 30 dias / 1 mês 1 regulamentação;
ciclos de vidas do setor: avaliar em que estágio se encontra a empresa
i q = 1,000667 30 1 i q = 1,020195 1 i q = 0,020195 = 2,0195%
dentro do seu ciclo de vida (inicial, consolidado, maduro ou em queda);
Comprovando a taxa de equivalência: período de aplicação de 24 meses: estrutura da oferta e exposição à concorrência estrangeira;
sensibilidade à evolução da economia: setores cíclicos, acíclicos e contra
M = P.(1 + i )n => M = R$ 10.(1 + 0,06667% ao dia) 720 dias => M = R$ 16,16
cíclicos;
M = P. (1 + i )n => M = R$ 10.(1 + 2,0195% ao mês)24 meses => M = R$ 16,16 exposição a oscilações de preços;
tendências a curto e médio prazo. (Pinheiro, 2006)
Conclusão: montantes iguais, portanto as taxas são equivalentes.
i q = (1 + i t) nq / nt (10)
Em que:
n = 2 anos
Como você pode ver, agora não temos com o uso das taxas proporcionais
valores iguais de montante. O motivo? O valor de n no juro composto é utilizado
na forma de potência. Por isso, na capitalização composta de juros, para
obtermos um mesmo valor montante para certo valor de principal, em um mesmo
período, é necessário o uso de uma taxa de equivalência. Ou seja, não basta
simplesmente fazer a taxa proporcional de uma mesma taxa nominal. Veja como Fonte: Pinheiro, 2016, p. 512.
essa taxa efetiva equivalente pode ser obtida, por meio deste exemplo: vamos
É importante destacar que a análise de um único índice não nos possibilita
encontrar a taxa equivalente anual da taxa efetiva diária 0,06667%:
avaliar toda a empresa. Para isso, torna-se necessária a utilização de um
M = R$ 10 . 1,48 => M = R$ 14,80 Segundo Cruz, Andrich e Mugnaini (2012), este tipo de análise ajuda o
analista a entender e identificar os problemas de compatibilização entre prazos
c. Capitalização anual, juros simples:
de renovação dos estoques, recebimentos de duplicatas e pagamento a
1. Ajuste das taxas e do período à condição de capitalização:
fornecedores. Eventuais descompassos de prazos podem gerar sérios
i = 24% ao ano (taxa efetiva) problemas financeiros que podem comprometer a continuidade dos negócios da
empresa.
n = 2 anos Os indicadores que são calculados para avaliar o ciclo operacional são:
Se a taxa é de 15% ao ano e a Pinheiro (2016) destaca que as tendências sugeridas por Dow têm esse
capitalização é mensal, temos comportamento por causa da velocidade da difusão das informações relevantes
aqui apenas taxa nominal de juro. para sua formação.
M= 200. (1 + 0,625%.12) M = 200. (1 + 0,625/100. 12) M = 200. (1 Elliot conseguiu demonstrar e provar graficamente que o movimento dos
+ 0,00625 .12) preços das ações tem um comportamento cíclico formando padrões
geométricos, os quais eram gerados pelo comportamento do emocional de
M= 200 . (1 + 0,075) M = 200 . 1,075 M = R$ 215 mil (montante) massa no mercado financeiro.
Pinheiro (2016) destaca que, para a Teoria Elliot, cada decisão do
Fórmula para encontramos o juro: J = P . i . n
mercado é resultante de informações relevantes, que por sua vez também
J = 200 . 0,625% . 12 J = 200 . 0,625/100 . 12 J = 200 . 0,00625 .12 produz informação significativa no mercado. Essa trama nos revela a
interdependência de decisões e informações no mercado de capitais.
Com essas constatações, Elliot estudou o comportamento dos preços das
bolsas e identificou o surgimento de figuras e formações no mercado que
É importante deixar claro que nem todos usam o termo taxa efetiva para a taxa utilizada no
cálculo de capitalização simples de juros. Em geral, reserva-se o termo taxa efetiva para a refletem o comportamento de seus participantes. Após conhecermos essas
capitalização composta de juros, assim, no juro simples, o termo mais usado é taxa proporcional.
Entretanto, por uma questão de coerência semântica, usamos aqui na aula o termo taxa efetiva,
dado o fato que é ela (essa taxa proporcional) que efetivamente é usada no cálculo.
formações, sabemos que elas se repetem ao longo do tempo e podem ser
reconhecidas, possibilitando assim a previsão de comportamento da ação. Em que: J1 = P . i ; J2 = P . i ; Jn = P . i;
Ou seja: J1 = J2 = ...= Jn = J J j = n . J ou J . n
Elliot destaca que as atividades humanas apresentam três aspectos Assim: M = P + Jj M=P+J.n M= P +P.i.n
distintos: padrão, tempo e razão, interpretados com auxílio das séries de
Fibonacci e expressos por meio de ondas. Quando compreendidas, as ondas Portanto, todos os juros que serão gerados terão o mesmo valor e, por
servem como parâmetro para acompanhamento dos movimentos das ações no isso, para acharmos o valor do juro total ( J), basta multiplicar quantas vezes
mercado. esse valor único de juro aparece: J . n ou P. i . n. Agora, se deixarmos em
Pinheiro (2016) destaca que depois de concluir seus estudos, Elliot evidência P na fórmula M = P + P . i . n, temos a modelagem matemática que
chegou à conclusão de que uma tendência de alta ou de baixa é composta por representa a capitalização simples dos juros:
cinco ondas, sendo que as três primeiras correspondem à tendência
M = P . (1 + i . n) (8)
predominante e as duas seguintes a um ajuste ou correção nessa tendência, ou
seja, apresentariam um sentido contrário às três primeiras (ver Figuras 4 e 5). Em que:
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579. em regime de cálculo por juros simples. Quanto será cobrado de juro nesse um
ano e quanto será o montante a ser pago ao final do empréstimo? (Obs.: para
facilitar a demonstração, e adicioná-lo somente
no final).
base em uma taxa de juro i. Até aqui, essa lógica estava expressa no seguinte Figura 5 – Tendências de baixa
modelo: M = P + J M=P+P. i M= P . (1 + i).
Acontece que esse modelo trata o processo de capitalização como sendo
n = 1, ou seja, a capitalização somente ocorreu uma vez no período de tempo
da aplicação. Todavia, como vimos anteriormente, em um período de aplicação
o processo de capitalização pode ocorrer também com valores de n < 1 (uma
fração do período de aplicação) ou com valores de n > 1 (mais de uma vez
conforme o período de aplicação). Dado esse fato, precisamos evidenciar a
variável n em nossos cálculos. Para tanto, devemos considerar que J é, na
verdade, um caso de n =1 e, assim, devemos mudar nossa fórmula:
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579.
M=P+ Jj M = P + (J 1 + J 2 +...+J n)
Em que:
J = somatório dos juros formados no período (de j = 1 até j = n); pilares da análise técnica. Muitos analistas técnicos baseiam-se exclusivamente
J1 = juro formado na primeira capitalização (j = 1); nos gráficos para fazer suas recomendações e por isso são chamados de
grafistas.
J2 = juro formado na segunda capitalização (j = 2);
Introduzida no Brasil a partir da década de 1970, a análise gráfica foi
capitalização; j = n).
baseada no modelo norte-americano, por isso foram necessários alguns anos
O pulo do gato aqui é saber que existem duas formas diferentes de gerar
para sua “tropicalização”.
os juros: capitalização simples de juros e capitalização composta de juros. A
A hipótese básica desta análise é que as expectativas dos investidores a
capitalização simples é uma forma na qual a taxa de juro i somente terá impacto
respeito do desempenho de determinada ação refletem-se no seu
sobre o valor principal (valor original do capital). Já na capitalização composta,
comportamento bursátil. Com isso, torna-se possível a realização de previsões
a taxa i, por sua vez, impactará em cada etapa da capitalização tanto no principal
mais precisas de seus movimentos futuros em função de suas oscilações
como também no valor do juro acumulado até então. Vamos entender essa
passadas. Podemos dizer que o principal objetivo dessa análise seria a
lógica!
identificação de “tendências” e “pontos de reversão” por meio da análise de
formações anteriores.
M=P+ Jj M = P + J1 + J2 +...+Jn É muito importante que o investidor tenha uma compreensão completa
sobre o gráfico de análise técnica porque, caso contrário, tópicos mais
avançados como os diferentes tipos gráficos, padrões de figuras,
indicadores e regras para compra, venda, entrada, saída e
gerenciamento de risco dificilmente serão bem aplicados. Nesse x = 0,24 . i efetivo = i nominal . (7)
contexto, para usar corretamente um gráfico de análise técnica é
preciso entender cada elemento que o compõe, para isso é necessário
compreender todos os tipos de gráficos utilizados nesta análise.
(Guia..., 2018) Vamos fazer alguns exercícios com esse modelo com a ajuda de
Castanheira e Macedo (2010, p. 68-69):
ou
Viu? O ajuste da taxa é muito fácil; todavia, este exige atenção. Agora que
Fonte: Pinheiro (2016. pág., 581) já sabemos ajustar os períodos e as taxas de juros às condições de
capitalização, no próximo tema estudamos quais são as duas principais formas
O gráfico pode ser construído com base em distintas formas de cotações,
de geração de juro: capitalização simples e capitalização composta.
conforme a necessidade: abertura; fechamento; máxima; mínima; e
média.
Gráfico de volume: por volume compreendemos o valor monetário das
O processo de capitalização, como já vimos de maneira sintética no tema
transações realizadas num período determinado ou o número de ações
1, consiste no ato de gerar um valor de juro em certo período de tempo, com
negociadas num período (ver Figura 7).
O gráfico de volume pode representar as seguintes unidades:
real. Todavia, neste tema, abordamos apenas as duas primeiras taxas no • volume negociado, em dinheiro (somente para ações);
próximo tópico. • quantidade de lotes negociados (somente para ações);
• número de negócios (somente para ações);
• contratos em aberto (somente para mercadorias);
• volume (somente para mercadorias).
A taxa de juro nominal é o nome que uma taxa recebe quando não
sabemos qual é a capitalização que será feita ou quando a unidade de tempo da Figura 7 – Modelo de gráfico de volume
taxa não bate com a unidade de tempo da capitalização. Por exemplo, se alguém
falar para você que a taxa de juro é de 12% ao ano e não disser qual é a
capitalização, então 12% ao ano é uma taxa nominal. Da mesma forma, se lhe
for dito que a taxa de juro é de 12% ao ano e a capitalização é mensal, então
12% ao ano também é uma taxa nominal, pois nesse caso a unidade de tempo
da taxa é ano e a unidade da capitalização é mês.
A taxa efetiva, por sua vez, nada mais é que uma taxa que efetivamente
é usada no cálculo de matemática financeira, pois sua unidade de tempo é igual
à unidade de tempo da condição de capitalização. Por exemplo, 12% ao ano com
capitalização anual é uma taxa efetiva, assim como 2% ao mês com Fonte: Pinheiro, 2016, p. 581.
capitalização mensal também é uma taxa efetiva. Quando recebemos uma taxa
Gráfico de barras: este gráfico registra a evolução das cotações ao longo
de juro e ela não apresenta igualdade para com a unidade de tempo da
do tempo por meio de barras verticais. Nele, as cotações para cada
capitalização, dizemos que ela é apenas uma taxa nominal e, assim, precisa ser
período de tempo são representadas por uma linha vertical que liga os
convertida em uma taxa efetiva de juro para poder ser usada nos cálculos. Por
pontos de cotação máxima e mínima.
exemplo, 36% ao ano com capitalização mensal é uma taxa nominal, porém,
Pinheiro (2016) destaca que o gráfico de barras é muito utilizado pelos
utilizando o conceito de proporcionalidade, podemos transformá-la em 3% ao
analistas, não só porque apresenta a evolução dos preços de forma
mês. A mágica é a seguinte:
simples (máximo, mínimo e fechamento), como também porque permite
uma visualização da quantidade negociada diariamente nas bolsas (ver
Resolução por Taxas de juro Período
Figura 8).
regra de três simples (i) (unid. capitalização)
Taxa nominal => 36% = 0,36 12 meses
Taxa efetiva => x. 1 mês
1. x = 1 / 12 . 1 x= n = 0,0833 capitalizações
Figura 10 – Representações gráficas do gráfico candlesticks M = P. (1 + i) M = R$ 300 mil . (1+ 7,5%) M = R$ 300 mil . 1,075 =
R$ 322,5 mil
b. Juros:
ou
Viu? O valor obtido com o modelo ficou igual ao valor feito por regra de
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 585. três, só que o cálculo foi bem mais fácil com ele. Acredito que você está
começando a entender como é legal aplicar a modelagem matemática em
finanças. Vamos complicar um pouco mais as coisas? Que bom que você
Para Pinheiro (2016, p. 586), “a tendência representa a direção para a concordou! Então vamos lá, vamos para o tema 3.
qual o mercado se movimenta. Nesse sentido, ela pode ser alta, de baixa ou
lateral. A explicação para a existência dessas tendências é o desequilíbrio entre
a oferta e a demanda”. No exemplo que fizemos até agora, eu disse que o empréstimo do Sr.
O autor enfatiza que João Honesto ocorria em certo período, porém não disse qual era a unidade de
Em que:
M=P+J => M = R$ 300 mil + R$ 22.500 => M = R$ 322.500,00 indicadores de tendência (média móvel etc.);
osciladores (momentum, índice de força relativa, estocástico etc.).
Convenhamos, é bem legal! Mas pode ficar melhor, pois podemos
modelar tudo isso. Pense comigo:
a. Montante:
COp = custo de oportunidade (valor em %);
PR = prêmio de risco (valor em %).
Conforme descrito por Pinheiro (2016, p. 596), “nem sempre o mercado
Dica: considerando o modelo 1 e o modelo 4, o modelo 4 é o mais
encontra-se em tendência de alta ou de baixa. Pode estar, simplesmente, sem
importante, porque usa taxas em vez de unidades monetárias e tanto o mercado
tendência ou numa tendência que não fornece parâmetros para análise. É nesse
como a academia preferem analisar o custo do capital por meio de percentagens.
caso que utilizamos os parâmetros que poderemos obter com utilização dos
Por quê? Ora, porque assim é mais fácil comparar as aplicações, pois
osciladores”.
precisamos olhar apenas as variações percentuais que elas oferecem. Da
O autor define os osciladores como linhas que flutuam num movimento
mesma forma, fica mais fácil para simularmos operações com outros valores de
horizontal, que buscam expressar a velocidade com que variam os preços de
empréstimos com as mesmas condições de oportunidade e risco. Por exemplo,
uma ação em relação aos anteriores.
caso o Sr. Honesto quisesse emprestar mais dinheiro para o amigo, veja só como
seriam os juros e o montante para uma quantia de R$ 300 mil de dinheiro cedido
a uma taxa de 7,5% para o período:
Este indicador, segundo Pinheiro (2016), mede a velocidade com que
variam os preços das ações em relação aos anteriores, ou seja, mede a taxa de
a. Forma de regra de três simples:
incremento da variação ascendente ou descendente dos preços das ações. O
seu cálculo é obtido com a diferença de preços num intervalo fixo de tempo: R$ %
300 mil (valor original) . 100
x (valor do juro) . 7,5 (taxa de juro)
em que:
b. Dados da regra de três na forma de razão:
C = cotação de fechamento do último pregão;
Cn = cotação de fechamento desde n sessões.
A interpretação deste indicador é feita em função da relação entre
evolução dos preços e a linha do momentum. Se o preço da ação está num c. Aplicando a 1ª propriedade fundamental da proporção:
processo de alta e a linha do momentum também, isso representa uma
aceleração da taxa de variação dos preços e consequentemente um sinal de x=
alta.
Ou seja: d. Como sempre estarão presentes nesse tipo de conta tanto o valor 100 da
Se M aumenta é um sinal de compra. % e o valor da taxa de juros, vamos destacá-los:
Se M diminui é sinal de venda.
;
Se M permanece constante representa perda de força da
tendência, podendo haver mudança no
O que, por sua vez, é o mesmo que dizer:
seu sentido.
d. Como sempre, teremos o 100 da % nesse tipo de conta, vamos destacá- O índice de força relativa (relative strenght index – RSI) é um indicador
lo: desenvolvido por J. Welles Wilder Jr. que tem como objetivo ajudar o investidor
a determinar os melhores momentos de compra e venda de ações. Este
indicador mede a extensão na qual a ação tem tido um desempenho superior ou
inferior ao mercado todo ou ao seu setor em particular. A força relativa é
e. Resolvendo a razão, isto é, dividindo em cima e em baixo por 200 mil: determinada ao calcular o quociente do preço do título para um índice de preços
para o setor.
O índice de força relativo possui alto poder de predição, já que detecta
quando uma ação está supercomprada (overbought), sinalizando um momento
f. Efetuando a multiplicação da fração em cima e em baixo por 100: de venda, ou supervendida (oversold), sinalizando um momento de compra.
Seu cálculo requer observação de, no mínimo, 14 pregões para termos
= 7,5 por 100 = 7,5% (esse valor é chamado de taxa de juro) uma ideia de representatividade.
A fórmula de cálculo do RSI é a seguinte:
g. Como em finanças o símbolo da taxa de juro é a letra i (por causa de
interest), substituímos x por i para indicar a taxa de juro desse
empréstimo: i = 7,5%.
M=P+J (2)
Em que: Como vimos nesta aula, existem várias ferramentas para análise de ações
M = montante = valor original acrescido de juro; como opção de investimento. Dentre os conjuntos de técnicas para a
P = principal = valor original do dinheiro emprestado; determinação do valor de uma ação no mercado de capitais existem duas que
J = juro = custo do capital. são mais conhecidas: a análise fundamentalista e a análise técnica de ações.
A respeito do conteúdo visto na aula, reflita e responda à seguinte
Portanto, logicamente, é possível deduzir que se forem conhecidos dois
questão: Quais as características principais de cada uma dessas técnicas
dos três elementos desse modelo de análise, o terceiro pode ser facilmente
na determinação do valor de uma ação?
encontrado. Vamos retornar ao caso do Sr. João Honesto, porém transformando-
o em quatro questões para ilustrar a aplicação do modelo:
a. Qual é o valor pago para quitar uma dívida cujo valor emprestado foi de
Para compreender e utilizar o mercado de capitais e as diversas técnicas
R$ 200 mil e o juro cobrado foi de R$ 15 mil?
de avaliação de uma ação, nesta aula foram explorados os seguintes conteúdos:
Resolução
análise fundamentalista de ações;
M=P+J M = R$ 200 mil + R$ 15 mil M = R$ 215 mil
análise macroeconômica e setorial;
b. Qual foi o valor emprestado sabendo que uma dívida foi quitada com um análise dos fundamentos da empresa;
pagamento de R$ 215 mil e o juro cobrado foi de R$ 15 mil? análise técnica de ações;
Resolução análise gráfica e indicadores técnicos.
c. Qual foi o valor do juro cobrado sabendo que uma dívida de R$ 200 mil
foi quitada por R$ 215 mil?
O valor principal P pode aparecer em alguns livros como C, pois eles tratam o valor original
como capital. Nesses casos, a fórmula será: M = C + J. Todavia, o conceito teórico é o mesmo.
Quanto ao risco, sabemos que no banco o risco do Sr. João Honesto é
praticamente zero, pois lá ele tem liquidez diária (pode sacar seu dinheiro a
CRUZ, J. A. W.; ANDRICH, E. G.; MUGNAINI, A. Análise das demonstrações
qualquer momento) e, além disso, como o banco é sólido (tradicional e bem
financeiras: teoria e prática. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2012.
capitalizado), o risco de o banco não devolver o dinheiro é inexpressivo. O
FINANCIALS. Guia de introdução a análise fundamentalista de ações. [S.l.]: mesmo não ocorre com o amigo do Sr. Honesto, pois ele pode perder o emprego,
[s.n.], 2007. Disponível em: http://financials.com.br/wp- fugir etc. Seja qual for o caso, acabou o dinheiro e a amizade. Por isso, para que
content/uploads/2017/04/Ebook-Analise-Fundamentalista.pdf>. Acesso em: 3 o Sr. João Honesto seja convencido a tirar seu dinheiro do banco, ele precisa ter
jan. 2018. alguma vantagem nesse empréstimo para o amigo. Quanto de vantagem? Pelo
FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 15. ed. Rio de Janeiro: menos um valor que supere os ganhos do banco, dado o risco que ele precisará
Qualitymark, 2003. assumir. Em outras palavras, ele precisa receber um valor adicional que cubra,
segundo sua análise, o risco que está assumindo pelo tempo que ficará longe de
GUIA de análise técnica. Bússola do investidor. Disponível em:
seu dinheiro. Ele precisa receber um valor denominado pelo mercado como
https://www.bussoladoinvestidor.com.br/analise-tecnica>. Acesso em: 3 jan.
prêmio de risco.
2018.
Convém ressaltar que o valor de um prêmio de risco é algo muito pessoal,
KERR, R. B. mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice por isso alguns estipulam quantias maiores e outros valores menores que
Hall, 2011. aquelas que, muitas vezes, acreditaríamos ser certo e(ou) justo. Para
MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar o seu dinheiro. resumirmos a história, vamos supor que o Sr. João considere justo receber um
[S.l.]: Atlas, 2008. prêmio de risco de R$ 5 mil pelo empréstimo dos R$ 200 mil. Assim, temos que
o juro a ser cobrado pelo nosso personagem para ceder o empréstimo é de R$
MICHELS, E.; OLIVEIRA, N.; WOLLENHAUPT, S. Fundamentos da economia.
15 mil (R$ 10 mil de custo de oportunidade mais R$ 5 mil de prêmio de risco).
Curitiba: InterSaberes, 2013.
Com base nesse conceito, podemos elaborar nosso primeiro modelo matemático
PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 3. ed. São
a ser aplicado em finanças:
Paulo: Atlas, 2006.
K = J = COp + PR (1)
______. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.