Vous êtes sur la page 1sur 12

A CIDADE DE LONDRES NO SÉCULO XIX: UMA ABORDAGEM SOBRE OS

MARGINALIZADOS

José Emerson Tavares de Macêdo1

RESUMO
O presente trabalho busca realizar uma análise da cidade de Londres no século XIX. Tendo como objetivo
mostrar os marginalizados dessa época, (operários, as prostitutas, os pobres e ladrões); não se esquecendo
de resignificar o espaço habitado por estes. Para construção textual ora proposta nos orientamos
metodologicamente em uma pesquisa bibliográfica cujos textos privilegiem a abordagem em questão.
Palavras-Chave : Cidade , Londres, Marginalizados.

Introdução

Quando resolvemos trabalhar sobre a cidade, muitas são as perguntas que


lançamos para compreendê-la. São perguntas do tipo: O que é a cidade? Como surgiu?
Que processos promovem? Qual a sua função? Entre outras, mas o nosso objetivo não é
fazer uma historização sobre cidade. O presente trabalho busca realizar uma análise da
cidade de Londres no século XIX.. Tendo como objetivo mostrar os marginalizados do
século XIX, (operários, as prostitutas, os pobres e ladrões); não se esquecendo de
resignificar o espaço habitado por estes. São eles que trazem mudanças significativas no
espaço urbanístico de Londres no século XIX, como: O aumento da camada populacional.
A desorganização nas ruas de Londres, devido às improvisações de suas moradias. As
preocupações do discurso médico sanitarista que nessa época da modernidade,
pretendeu organizar os centros urbanos no sentido de desinfetar esses centros, afastar os
subalternos já que eles eram a “imagem” da falta de higienização. Trouxeram também o
aumento da mortalidade infantil com a cólera, a fome. Nos adultos além dessas causas
doenças sexualmente transmissíveis como a sífilis eram fatores de “controle” dessa
sociedade. Enfim foram vários os aspectos que essa camada social, trouxe a cidade de
Londres no século XIX.

A Revolução Industrial e seus nefastos espectros

As origens da cidade são obscuras, enterradas ou apagadas em parte do seu


passado, e são difíceis de pesar perspectivas futuras. Para melhor compreende-la

1
Graduando em História pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB. Bolsista pela PROEG/UEPB.
<emersoncampina@hotmail.com>

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


devemos observar sobre seu período histórico, a fim de compreender os obscuros traços
de estruturas ainda antigas e de funções ainda mais primitivas.
Para alcançar uma perspectiva suficiente das tarefas imediatas no momento,
proponhamos a retroceder até o inicio de sua história, para que uma nova imagem da
cidade de Londres seja entendida, projetando essa imagem, seremos capazes de
encontrar uma nova forma para cidade.
Neste presente artigo abordaremos sobre os marginalizados de Londres no século
XIX (ladrões, pobres, operários e prostitutas), para poder abarcar a sociedade londrina em
seus respectivos espaços . A história desses marginalizados se dá com o início da
Revolução Industrial e a ascensão e o crescimento da indústria moderna, no final do
século XVIII, que levou à massiva urbanização e à ascensão de novas grandes cidades,
primeiramente na Europa, e posteriormente em outras regiões, à medida em que as
novas oportunidades geradas nas cidades fizeram com que grandes números de
migrantes provenientes de comunidades rurais instalassem-se em áreas urbanas.
Provocado pelos avanços tecnológicos, que influenciaram bastante o desenvolvimento de
cidades ao longo da história. Esses avanços tecnológicos permitiram a criação de
grandes fábricas e ferrovias, que geravam empregos e atraíam grande quantidade de
pessoas do campo para as cidades onde as fábricas estavam localizadas. Trens,
automóveis e outros meios de transporte facilitaram o transporte entre um ponto a outro
de uma cidade, bem como entre diversas cidades entre si.
A industrialização das cidades causou grandes mudanças na vida urbana. Produtos
que artesãos levavam horas para fazer eram produzidas em questão de minutos nas
fábricas, ainda mais, em grande quantidade, e a preços mais baixos. Os artesãos
passaram a ter crescente dificuldade em encontrar clientes dispostos a comprarem
produtos que passaram a ser produzidos por preços mais baixos nas fábricas. Muitos
destes artesãos desistiram de seus negócios e ficaram desempregados, vários deles
foram obrigados a trabalhar em fábricas para sustentar-se. A indústria tornou-se a
principal fonte de renda das grandes cidades do século XVIII e do século XIX. O comércio
inter-urbano tornara-se mais forte do que nunca. Grandes quantidades de produtos
industrializados, fabricados em uma cidade, eram transportados em trens e navios a
vapor até outras cidades. O imenso custo da construção e manutenção das fábricas, e da
obtenção de matéria-prima, foram um dos motivos da ascensão do capitalismo, onde
bancos e investidores, através de empréstimos e parcerias econômica, ajudavam a cobrir

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


os custos da construção e manutenção destas fábricas. Várias cidades tornaram-se
grandes centros bancários e financeiros, como Londres, Paris, Nova Iorque, Montreal e
Chicago.
A população das cidades industrializadas cresceu bastante. Isto ocorreu por causa
de dois fatores. O primeiro fator eram as altas taxas de crescimento populacional da
época, ou seja reprodução acelerada. O segundo fator foi o início de um forte êxodo rural,
onde um crescente número de agricultores passaram a deixar os campos, indo em
direção às cidades. Muitos destes agricultores mudaram-se para as cidades porque
avanços tecnológicos na área da agro-pecuária haviam reduzido a necessidade de mão-
de-obra humana, outros foram às cidades simplesmente em busca de uma vida melhor.
Ex-agricultores incluindo crianças passaram a trabalhar nas fábricas, geralmente morando
em bairros próximos dás fábricas devido o tempo imposto pelas fábricas. Segundo Decca,
E. (1990, p.15)
Essa imposição de normas e valores por um determinado setor da sociedade
pode ser percebida decisivamente quando tomamos a noção de tempo útil , produzida
pela ampliação da esfera do mercado e que não só disciplina a classe burguesa como
também procura se introjetar no âmbito da gente trabalhadora. Essa introjeção de um
relógio moral no corpo de cada homem demarca decisivamente os dispositivos criados
por uma nova classe em ascensão.

Ou seja, De Decca fala da introjeção do relógio moral, no trabalhador, pois a noção


de Tempo útil significa dinheiro. Londres era conhecida pela produção têxtil (seda), pela
construção naval e pela engenharia civil e mecânica pesada; nos anos setenta,
comparativamente a outras áreas industriais, a produção da cidade tornara-se deficiente
quanto aos têxteis, à engenharia pesada, à construção naval e, de maneira mais geral,
quanto a todo tipo de matéria-prima e produtos semimanufaturados. A instabilidade do
mercado de trabalho acentua a extrema exploração do trabalhador e força-o a residir no
centro da cidade, próximo aos lugares aonde sua busca de emprego ocasional se faz
possível a cada manhã. Com a grande quantidade de mão de obra para trabalhar nas
fábricas, elas começa abusar de seus empregados com: altas jornada de trabalho,
péssima condições de trabalho, sem direitos trabalhistas, ou seja eram verdadeiros
“escravos” dos patrões e das máquinas, já que quando essas quando foram
implementada no trabalho fabril trouxe verdadeiro desagrado entre os trabalhadores, já
que o ritmo do trabalho agora era imposto pela máquina, além do desemprego que ela
trazia consigo, cada vez mais ela vinha substituindo o trabalho do homens nas fábricas. O
rápido crescimento populacional, e a inovação tecnológica, foi suficiente para provocar os

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


mais variados sentimento e as mais diversas reações. Segundo Martinho, F. (2000,
p.187), apresenta as formas de protesto no período pré-industrial.

A forma mais comum de protesto no período pré-industrial foi o ataque a


propriedades, oficinas e maquinarias, sempre exigindo a negociação com patrões ou
autoridades. De um modo geral esses levantes tinham dois objetivos: proteger os
trabalhadores contra cortes nos salários ou aumento de preços e contra o surgimento de
novas máquinas que pudessem substituir o trabalho humano.

Já no período industrial, dois movimentos se destaca o “ludismo” e o “cartismo”. O


primeiro, é lembrado como um movimento contra as máquinas, este movimento deve ser
entendido como um movimento tipicamente sindical, destinado a forçar os empregados a
concessões, podendo ser caracterizado pela revolta e pela violência. Já o cartismo foi, ao
mesmo tempo, um movimento de caráter nacional e local, sua dimensão nacional se
deve ao fato de trazer consigo segmentos sociais saudosistas do passado, como
trabalhadores das industrias domésticas e dos teares manuais, que entravam em declínio
diante do novo sistema industrial. Ao mesmo tempo, o cartismo buscou sempre privilegiar
os métodos de manifestação e as tradições de cada região, isso lhe deu um caráter local.
Esse movimento pode ser caracterizado, onde o predominaram a mobilização em torno
do Parlamento e, por isso, legalistas. Esses movimentos se fará presente na Segunda
metade do século XIX. Segundo Martinho, F. (2000, p.195)

A classe operária de meados do século XIX, sem dúvida, bastante diferente das
classes trabalhadoras da primeira metade do século. Estas trabalhavam sobretudo no
setor têxtil, e engrossavam, além disso, os setores, ainda então bastante significativos,
de artesãos (alfaiates, sapateiros, etc.). O crescimento posterior das ferrovias aumentou
o número de trabalhadores em segmentos mais “modernos” da economia, em particular
a metalurgia. Por outro lado, as ferrovias, com suas demandas, (as novas locomotivas
movidas a vapor), também povoavam as minas de carvão.

Nessas áreas, a superpopulação acelerada e piora as condições sanitários das


moradias. As péssimas condições de moradia e a superpopulação são duas anotações
constantes sobre os bairros operários londrinos. Com o pouco tempo de descanso, os
operários procura se alojar próximos das fábricas, aglomerando mais ainda a região
central da cidade, vivendo de forma precária degenerando a imagem visual das ruas de
Londres. Engels (1844), é citado por (Bresciani, 2004, p. 26) para colocar o relato de
Engels sobre os bairros operário:

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


Um lugar chocante, um diabólico emaranhado de cortiços que abrigam coisas
humanas arrepiantes, onde homens e mulheres imundos vivem de dois tostões de
aguardente desconhecidas, onde todo cidadão carrega no próprio corpo as marcas da
violência e onde jamais alguém penteia seus cabelos.

As condições sanitárias da cidade industrial típica da década de 1830 eram


péssimas. Elas geralmente não dispunham de abastecimento de água e esgoto nem
mesmo nos bairros onde as casas e apartamentos da burguesia e da elite estavam
localizadas. Do mesmo modo que a cidade crescia com ela vinha seus problemas. Não só
a falta d’água, mas também a ausência de lugares onde jogar a água suja após o seu
uso. O lixo, os esgotos domésticos e mesmo os dejetos urinários eram jogados na rua, ou
próximo do rio. Assim, o hábito de tomar banho, devido à falta d’água e às dificuldades de
sua eliminação, levava o banho a um hábito raro, como também o hábito da troca de
roupas ou mesmo de lavá-la. Mas gradualmente, tais serviços foram instituídos nas
cidades, primeiramente nos bairros da elite e da burguesia, ao longo do século XIX.
Somente posteriormente, já no início do século XX, os bairros da classe trabalhadora
passaram a receber estes serviços. Isto, nos países desenvolvidos. Mesmo hoje, várias
cidades industriais em países em desenvolvimento não possuem estas instalações. A
poluição tornou-se um grande problema nas cidades industrializadas. A falta de
instalações sanitárias adequadas e a poluição fizeram com que as taxas de mortalidade
das cidades industriais tornasse muito alta. A industrialização da grande maioria das
cidades ocorreu de modo totalmente desorganizado. Fábricas e bairros residenciais eram
construídos uns próximos aos outros. (Martinho, 2000, p. 192 -194)
[...] Apenas em 1850 foi criado um departamento de obras públicas, para enfrentar
os já graves problemas de higiene. Ao mesmo tempo em que o orgulho londrino buscava
apresentar uma cidade rica e próspera, espelho de todo o Reino Unido, havia, a rigor,
várias cidades dentro de uma só. Uma heterogeneidade que lhe garantia uma riqueza
cultural bastante significativa. [...] Por volta de 1900, esses hábitos começaram a mudar
na mesma medida em que a medicina sanitária avançada, defendendo novos hábitos e
costumes. A defesa da água encanada, do hábito de ferver o leite antes de tomá-lo, o
reconhecimento de que a explosão urbana podia provocar doenças endêmicas. Todos
esses fatores contribuíram para a construção de uma nova idéia de saúde higiene, ligada
à limpeza e à prevenção. Além disso, verificaremos também a mudança nos hábitos
alimentares da população, fator que possibilitaria uma vida mais saudável.

O rápido crescimento populacional levava aos problemas urbanos: pobreza,


poluição, desorganização durante os anos do século XIX, forçando a cidade de Londres a
tomarem medidas para tentar minimizar estes problemas. Durante o final do século XIX,
leis trabalhistas foram aprovadas na Inglaterra, com o intuito de proteger os trabalhadores
que até então possuíam praticamente nenhum direito. Entre outras medidas, estas leis

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


proibiam o uso do trabalho infantil nas fábricas. Outras medidas como melhorias na
assistência médica e hospitalar para a classe trabalhista, fornecimento de abrigos e
alimentos aos desempregados também foram tomadas. Para as elites dominantes, havia
a preocupação de controlar os novos segmentos populares e lhes impor um sentido de
ordem. Para as lideranças revolucionarias, o crescimento populacional, abria a
possibilidade de uma presença maior da classe operária no cenário político, fato que lhes
dava esperanças de transformações a curto prazo. Na citação abaixo podemos observar
o discurso da burguesia tentando controlar juntamente com os discursos médicos a taxa
de natalidade, da população londrina. Segundo (CHARLOT, MARX,1993, p.16)

A contradição se instala, efetivamente, já nos anos de 1860. Burguesia e aristocracia


admitem o controle de natalidade, o que facilita a descoberta dos preservativos de borracha, e
que saindo do campo dos “segredos vergonhosos”, [...] A diminuição do número de filhos
caracteriza as classes trabalhadoras já nas duas última décadas do século, e um
malthusianismo real denuncia um comportamento “racional” em matéria das relações sexuais.
O divórcio é legalmente possível, facilitado pela lei de 1857, mas ainda reservado aos que
podem pagar as pesadas despesas do processo.

Além disso, os sérios problemas causados pela desorganização e pela poluição


levaram, eventualmente, à adoção de políticas de planejamento urbano, tais como leis
anti-poluição, construção de estradas e a implementação de um sistema de transporte
público (tais como linhas de ônibus e metrô) e saneamento.
Outro fato importante mencionar era as Casas de Trabalho (“Workhouses”), seriam
prédios de cinco andares com doze setores capazes de abrigar 500 000 internos. Os
criadores dessas casas objetivavam explicitamente tornar a pobreza rentável, eliminando
assim o ônus financeiro da caridade. Essas casa não eram bem vistas pelos pobres
trabalhadores desempregados. Essas casas, chamadas pelo homem pobre de Bastilha,
se denominava como uma verdadeira prisão. Seus altos muros e a disciplina carcerária,
que previa a separação dos membros da família, trabalho pesado para os homens,
refeições magras e em silêncio, a proibição de fumar, as visitas raras sob observação e
pouquíssimo conforto, contribuíram para formar essa imagem. Segundo Bresciani (2004,
p. 44-45) ela diz que,

Deviam ser lugares pouco atraentes para que seus ocupantes procurassem sair de lá o
mais rápido possível. Não deviam se sentir confortados em suas instalações, a vida em família
e a boa refeição representavam privilégios, a merecida recompensas que ocupam seus dias
com o trabalho produtivo. Mesmo a disciplina e a intensidade do trabalho lá dentro, deveriam
ser sensivelmente mais rigorosos do que nas fábricas, de forma a atuarem como estímulo à

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


busca de emprego. Trata-se, por tanto, de uma instituição destinada a introduzir ( ou a
reintroduzir) seres não moralizados à sociedade do trabalho .

A multidão frenética de dia era composta de figuras das mais diversas. Os


trabalhadores dos escritórios que contavam os passos à espera do horário do trabalho, os
carregadores que corriam desajeitados, as lavadeiras com suas trouxas de roupa, os
carteiros de porta em porta. Todos disciplinados pelo novo senhor das cidades, aquele
que dita o ritmo das atividades: o tempo. Quando a noite chegava, rostos mudavam,
comportamentos afloravam e nem sempre de maneira discreta. Quanto mais aglomerado
o povo era nas cidades, mais isolado o homem se sentia; misturando-se em meio à
sujeira e o mau cheiro. No final do século os bairros operários se agigantavam, tornando-
se quase cidades dentro da cidade. Nesses verdadeiros antros de degradação se
misturavam trabalhadores, beberrões e criminosos. Os ingleses viam no crescimento
econômico as causas para os males sociais de altíssimo custo. O proletariado:
trabalhadores pobres, famintos, deserdados da prosperidade, apesar de produzirem essa
prosperidade, eram vistos como bárbaros, e por isso deviam ser mantidos em seus
guetos, sem direitos, sem conforto, sem sonhos nem futuro. No final do século a imagem
do novo mundo industrial era a pior possível. O desenvolvimento econômico tendo como
aliadas as máquinas, fez do homem, simples peça, tendo sua vida reduzida não
raramente à metade. Para ele havia o mistério, como o homem que cada vez trabalhava e
vivia coletivamente como em nenhuma outra época da história humana, podia ser tão
desunido em termos de afeição, bondade e união? Era a própria negação da sociedade, a
afirmação do “anti-social”. A grande massa mostrava-se capaz de levar a sociedade para
o alto ou para o buraco quando quisesse. Os que aceitavam a ordem e o sistema
formavam a multidão produtiva, mas eram os que do trabalho fugiam a grande
preocupação. A condição dos pobres não melhorou em nada durante o século XIX, e os
romancistas se dedicaram cada vez mais a descrever francamente e sem rodeios a vida
dos humildes. Vagabundos e trabalhadores pobres, marginalizados, vivendo em
condições apartadas do mínimo conforto, essa multidão assustava, desorientava. Se a
fábrica punha o pão na mesa do trabalhador, as leis dos pobres tentavam com todas as
suas variantes, resolver a questão social dos deserdados, mão de obra não utilizável.
São os operários desempregados que acaba se tornando pobres, mendigos
algumas vezes ladrões conhecido como batedores de carteira um numero numeroso de
indivíduos de “aparência vivaz” onde as grandes cidades se encontravam infestadas, cuja

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


enormidade do punho de suas camisas deveria traí-los imediatamente. No
questionamento de Henry Solly em 1868, pode-se observa a presença dos policiais
numero de policiais, “era de uma força policial de 8 000 ou 9 000 homens contra 150 000
indivíduos violentos e rufiões, os quais podem ser vistos na Metrópole investindo-se
contra a lei e a ordem?” Algumas mulheres entram no mundo da prostituição, então
podemos observar que uma fato se liga ao outro, ou seja um ex-operário pode virar
mendigo como ladrão, uma mulher que trabalhava na fábrica além de mendiga ou
ladrona, poderia vim a ser uma prostituta. Esse é o mundo dos marginalizados, vivendo
nos subalternos da cidade de Londres. Segundo Bresciani (2004, p. 39)

Também se afirmava que “em cada esquina um moleque maltrapilho arrasta uma
vassoura suja na nossa frente e alegremente nos impõe uma taxa; em intervalos pequenos e
regulares, encontramos o lamento ininterrupto do robusto irlandês sempre invocando o nome de
Deus em vão. Se entramos numa casa de lanches para uma refeição modesta de biscoito ou
bolo, toda uma família de enraivecidos vagabundos se põe a olhar para cada bocado que
introduzidos na boca.

Esses pobres não se encaixavam na figura de maus elementos, eram antes


considerados pessoas que por suas fraquezas físicas e morais não haviam ainda
respondido ao chamamento do trabalho. Com eles, elabora-se a figura da pobreza, onde
o trabalhador, o desempregado e o vadio se confundem numa mesma imagem
ameaçadora para a sociedade, devido a desorganização, a falta de higiene na qual
sobreviviam.
A uma mudança no espaço das mulheres, sabemos que elas ocupavam espaço
nas fábricas, principalmente nas têxteis devido o baixo pagamento em relação aos
homens, nessas fábricas eram assediadas por trabalhadores, patrões e supervisores.
Mas algumas mulheres começam reivindicar direitos, como o do voto, a mulher começa a
ganhar a rua, a ocupar seu tempo não mais com lar de sua casa, mas como “feministas”
onde busca direitos civis e políticos e da igualdade em relação ao homem, mas esses
fatores estão ligados mais as mulheres da classe média, as mulheres pobres por sua vez
auxiliava a renda familiar utilizando-se da prática da prostituição, algumas colocam que
recebem bem mais do que trabalhando nas fábricas.
Ao contrário da reputação que tinha na primeira metade do século, o teatro se
tornara um lugar respeitável, e não se viam prostitutas no público. Mas nas ruas próximas
havia uma infinidade de mulheres ardosas. Cerca de 500 podiam ser encontradas todos
os dias, à meia-noite, segundo um testemunho de um policial era quase impossível uma
http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP
mulher honesta, descer a rua, de Haymarket até o Strand, por volta das três horas da
tarde. Segundo Robbins (1993 p. 112-113) ela diz que,

Todas as importantes cidades da Grã-Bretanha vitoriana, grandes ou pequenas,


conheciam evidentemente o comércio do corpo, mas Londres era, sem dúvida, a capital da
prostituição... O número total de prostitutas em Londres sempre foi um mistério. As estatística
da policia, no fim dos anos 1850, o fixam em 8.600, mas as estimativas da imprensa elevam
esta cifra para 120.000.

Em Londres, no século XVIII, existiam os bordéis que atendiam os mais variados


desejos da clientela. Entre eles, a vontade de se satisfazer com garotas mais jovens. Por
isso, havia o aliciamento de meninas vindas do campo e a compra de crianças postas à
venda do lado de fora das igrejas. Além disso, caso as mulheres operárias que não eram
respeitadas e trabalhavam até 16 horas por dia ficassem desempregadas, o roubo, a
pobreza e a prostituição eram conseqüências. No século XIX, as prostitutas atuavam
em bordéis caros ou nas ruas, onde corriam o risco de ser presas. Além disso, as
trabalhadoras das fábricas eram consideradas prostitutas ou futuras prostitutas.
No século XIX podemos vislumbrar esta situação de forma bastante acentuada, é
nesta época que a mulher ascende ao espaço público para falar de assuntos sexuais,
porém, de forma limitada aos conceitos culturais já existentes. A figura da prostituta
também é muito polemizada neste século, a distribuição do mundo da prostituição é
bastante abrangente, vai desde os bairros nobres até aqueles freqüentados por
marinheiros e operários; em várias cidades era comum que, assim que chegasse, o
homem adquirisse o ‘guia do cavalheiro’, onde constavam os preços, serviços e
localização dos principais bordéis. Um outro aspecto da prostituição é a ‘interação’ que
esta possui com as demais profissões das classes média e baixa. Muitas prostitutas
residiam em bairros onde, tradicionalmente, moravam os operários. Operárias e
trabalhadoras em geral complementavam seus baixos salários prestando serviços
sexuais na rua; ademais, a prostituição se estabelecia como um refúgio para as jovens
mais pobres, nestes casos o papel do bordel é de extrema importância já que ele se
constitui num sistema de amparo às mulheres.
As prostitutas do século XIX era facilmente identificadas andavam usando muito pó
e rouge no rosto, era identificada como “pintada” ou “vestida com exagero”, suas roupas
se assemelhava um pouco das damas, ela podia usar seda, mas brilhante demais ou de
má qualidade, e a musselina dos seus vestidos estava sempre suja, usavam um chapéu

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


de plumas espalhafatoso, as roupas íntimas eram reduzidas ao mínimo possível. No
entanto, algumas conseguiam se vestir tão bem que enganavam, aqueles que julgavam
reconhecer as prostitutas pelo vestuário. Os habitantes de Londres, aconselhavam às
suas primas da província que usassem um chapéu muito discreto, para mostrar a todos
que não eram prostitutas. Robbins (1193, p.114-115) afirma que,

Entre as que chegam à capital, muitas são, no entanto, de origem inglesa, já prostitutas e
profissionais experientes. Escolhem Londres intencionalmente: é o lugar onde se pode ganhar
dinheiro e onde o exercício da profissão é menos dificultado pelas autoridades. Assim a filha de
um fazendeiro de Chesterfield contou a A.L. Munby como decidira vir a Londres a fim de
prostituir-se, dizendo à família que queria torna-se uma vendedora na loja de um comerciante
de tecidos. [...] Sarah Tanner, embora não pertencesse a esse círculo, conduzia friamente os
seus negócios e fazia suas contas. Começara como empregada doméstica, depois passara
voluntariamente para a prostituição, antes de aposentar-se aos vinte e seis anos, tendo
economizado o necessário para comprar um café e levar uma vida respeitável. Naturalmente,
esses poucos casos eram a exceção e não a regra.

A partir da segunda metade do século XIX, inicia-se uma tentativa de


regulamentação da prostituição: por exemplo, no caso de Londres, surge em 1839 o
Metropolitan Police Act ( Lei de segurança urbana), no qual tentou livrar as ruas das
prostitutas, mas só serviu para deslocar a atividade para outros locais. Alguns excessos
da polícia contra as prostitutas levaram cidadãos respeitáveis a tomar a defesa das
prostitutas. Mas estatísticas médicas revelaram que em 1864 um terço das doenças no
exercito era de origem venérea. Foi então que foram aprovadas as leis sobre as doenças
contagiosas de 1864, 1866 e 1869. As prostitutas notórias e as suspeitas deveriam se
submeter a um exame médico, sob pena de serem processadas. As leis pressupunham
que a responsabilidade pela propagação da doença era das mulheres, e não dos
homens, e só elas eram submetidas aos exames.
Estas legislações provocam um fenômeno muito particular na distribuição e nas
associações para a prostituição, as prostitutas foram obrigadas a mudar sua área de
atuação e arranjar alojamentos em outras zonas da cidade; iniciou-se uma distinção entre
pobres respeitáveis e não respeitáveis como tentativa da destruição dos laços que uniam
as prostitutas às camadas mais pobres da sociedade; havia até mesmo inspeções às
residências dos operários. A intensificação da política repressora abriu uma brecha entre
as prostitutas e a comunidade operária pobre, o que ligou as primeiras aos meios
delinqüentes. O bordel perde o prestígio anterior, tanto homens quanto mulheres

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


pretendem ter mais liberdade e se esquivar do papel legislador das normas, aumenta a
prostituição em cafés, nos teatros e em outros pontos de reunião das cidades.
Nesta mesma época e também em decorrência das medidas regulamentadoras,
várias feministas se uniram a outras senhoras e religiosos; seu objetivo era o de revogar
estas medidas, com a denúncia de que a prostituição era o resultado dos baixos salários,
falta de oportunidades para emprego e restrições ao trabalho feminino na indústria. Para
elas, era o sistema de regulamentação e não a prostituição em si, que condenava as
mulheres a uma vida de ‘pecado’ impedindo-as de encontrar um emprego alternativo e
respeitável, em suma, a legislação as estigmatizava. Faz-se necessário ressaltar que a
intenção das feministas não era o simples fim do controle da prostituição, mas o fim da
mesma; baseavam-se no ideal da castidade feminina, criticavam o comportamento sexual
compulsivo, agressivo e dominador masculino.
É neste contexto que a mulher da classe média constrói a sua identidade, em
contraste com a ‘mulher perdida’. Uma, cheia de virtudes, boa filha, boa mãe, possuía
um comportamento sexual passivo. As mulheres da classe operária trabalhadora também
acentuavam as suas diferenças das prostitutas, tanto através de sua apresentação visual
quanto pela sua identidade privada, como esposas e mães. Estas mulheres também
estavam preocupadas com as comparações perigosas que a riqueza relativa das
prostitutas poderia exercer em seus filhos; várias são as cartas que estas enviaram às
autoridades para que fechassem as casas de ‘má fama’.
Logo, percebemos que, apesar de constituírem uma população relativamente
grande e que se infiltrava em diversas camadas da sociedade do século XIX, as
prostitutas eram, assim como hoje o são; discriminadas em diversos aspectos, ora com
uma visão romântica de seu ofício, o que implicava a total ausência do desejo e do prazer
sexual feminino ou, obrigadas a permanecer em uma vida de clandestinidade, como se
nunca fossem dignas de respeito como as demais mulheres.

Conclusão

Portanto este artigo teve por finalidade apresentar os marginalizados da capital


inglesa, Londres no século XIX. Apresentamos o espaço e o contexto de cada indivíduo.

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP


Com eles, elabora-se a figura da pobreza, onde o trabalhador, o desempregado, o
mendigo, os batedores de carteira, a prostituta e o vadio se confundem numa mesma
imagem para a alta sociedade londrina, a de pobreza, mas é essa pobreza que nos
mostra um verdadeiro espectáculo.

Bibliografia

BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da


pobreza. São Paulo: Brasiliense, 2004.

CHARLOT, Monica; MARX, Roland. Londres, 1851-1901: a era vitoriana ou triunfo das
desigualdades, Rio de Janeiro: Jorge Zahar 1993.

DE DECCA, Edgar Salvadori. O Nascimento das Fábricas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
1990.

MARTINHO, Francisco Carlos Palomanes. Resistência ao capitalismo: plebeus, operários


e mulheres. IN FERREIRA, Daniel Deão Jorge. ZENHA, Celeste. O século XX: O Tempo
de certezas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

MUMFORD, Lewis. A Cidade na História. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

PECHMAN, Robert Moses. Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro: ed. UFRJ, 1994.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica,


2005.

RODRIGUES, José Carlos. O Corpo na História. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.

http://eduep.uepb.edu.br/alpharrabios - UEPB - EDUEP

Vous aimerez peut-être aussi