Aprendizado musical do aluno de violão: articulações entre práticas e
possibilidades.
TOURINHO, Cristina. Aprendizado musical do aluno de violão: articulações entre
práticas e possibilidades. Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, p. 77-85, 2003.
A autora inicia sua abordagem explanando sobre as transformações sofridas
pelo conceito de aprendizado musical nos últimos anos em virtude do pensamento formado por jovens e crianças a respeito do que seja “tocar um instrumento” e “aprender música”. Para tanto, Karina Tourinho argumenta que a mídia e o fácil acesso a musica comercial disseminam um volume de informações diversificadas que aparentemente possuem influencia sobre o pensamento dos jovens e crianças. De forma que o conteúdo ensinado em outros tempos já não desperta o mesmo interesse nos alunos. Em atenção a isso, Tourinho sinaliza a importância do professor de música acompanhar as súbitas transformações demandadas pelo oficio profissional, certificando que fazer diferente é arriscado e desafiador. Tourinho apresenta em seu texto o IMIV, Iniciação Musical com Introdução ao Violão, curso realizado na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, cujo objetivo é a musicalização de crianças de seis a dez anos utilizando o violão como instrumento principal. Consequentemente, a autora também apresenta as bases de criação do projeto, citando outro projeto da Escola de Música voltado para o ensino de teclado, do qual foram adotados os mesmo métodos e procedimentos para a realização do curso de violão. Nessas aulas as crianças são apresentadas aos conceitos teóricos somente após vivencia-los na prática. Abordando um mesmo conteúdo de várias maneiras em atividades diferentes através de dinâmicas atrelando a música ao universo do aluno. Oferecendo aos alunos um repertório sem rótulos. Sobre o desafio de acompanhar as rápidas transformações solicitadas pelo exercício profissional, Tourinho discorre sobre as dificuldades de se capacitar profissionais para trabalhar com crianças no ensino de violão. Comenta sobre o obstáculo de sensibilizar grupos de professores egressos do curso de música da UFBA a participarem do projeto, bem como a inexistência de formação pedagógica por parte de alguns, e o reforço da ideia de ensino de música exclusivamente no aspecto motor, reafirmam os desafios apontados pela autora no inicio do seu texto. Tourinho enfatiza que nas aulas do IMIV a qualidade antecede a quantidade, investindo na qualidade musical e expressiva de cada peça e de cada aluno. Ela ressalva que muitas aulas de instrumento acabam esquecendo que tocar deve ser sinônimo de prazer e realização. Reforça a ideia de que a metodologia e a formação profissional do professor exercem um papel fundamental na associação de teoria e prática nas aulas. A autora finaliza avaliando dispensável o talento para tocar de um instrumento, uma vez que os talentos afloram em tempos determinados. Defende que todos, dentro da escola, deveriam ter a oportunidade de tocar um instrumento musical tão acessível como o violão. E conclui que o professor deve respeitar os limites, crenças e ambições de seus alunos.