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GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Terezinha L. Detoni
Administradora, Mestre em Administração pela PUC/PR, Professora do CEFET/PR
RESUMO
O presente trabalho origina-se pela preocupação com a possibilidade da escassez de água no
mundo, fato que já foi e é discutido nas camadas globais políticas e preservacionistas,
ditando normas, leis e decretos que visam estabelecer o desenvolvimento sustentável no
planeta e a correta utilização dos recursos hídricos disponíveis, como o Código das Águas, a
Agenda 21, o ECO 92, a Lei de Educação Ambiental e as campanhas contra a degradação
ambiental, enquanto as devastações na natureza se arrastam por extensas áreas. Ao ouvir uma
geração de futuros profissionais do mercado, acadêmicos das IES, PUC, UFPR e Tuiuti, da
cidade de Curitiba, Paraná, verifica-se que há o conhecimento sobre este fato e a disposição
em mudar hábitos de consumo e em aceitar punições por parte das autoridades aos usuários
que não se conscientizam sobre o problema da água. A conclusão a que se chega, na verdade,
é que há pouca informação e é menor a preocupação com o tema, por parte de segmentos
sociais, consumidores e empresas.
SUSTENTABILIDADE: NO QUE A SOCIEDADE DE CAPITAL ESTÁ
CENTRADA?
1 INTRODUÇÃO
As preocupações com as condições ambientais alcançam segmentos da esfera social,
política e econômica, no momento em que os problemas ambientais exigem reflexões sobre a
utilização dos recursos da natureza em todos os países, industrializados e em
desenvolvimento.
Não é mais segredo para ninguém que os recursos hídricos do planeta estão se
esgotando gradativamente e que, além da poluição dos rios e dos mananciais, o consumo
irresponsável e sem fundamentação sustentável no desenvolvimento econômico é um fator
relevante no processo de redução da água.
Os dados que são fornecidos pelas publicações e divulgações sobre o problema da
escassez de água no planeta informam situações possíveis de ocorrer a curto prazo, conforme
a citação de Martins (2003, p.2A): “Até 2025, a água potável que hoje é desperdiçada pelas
calçadas das grandes metrópoles fará falta para mais da metade da população do planeta”.
Tal desígnio é representativo da pressuposição de um caos que poderá se instalar na
humanidade, pelos malefícios que se pode esperar de uma situação dessas, infelizmente já
sentida e vivida por muitas pessoas no mundo inteiro.
No sentido de evitar que sejam aceleradas essas previsões, os governos das nações
legislam e decretam, assinam acordos e aceitam manifestos, recriam o sentido da ética nas
organizações e revitalizam os conceitos de responsabilidade e sustentabilidade nas
organizações.
Nunca se falou tanto em gestão ambiental, em preservação da natureza, nem se
buscou educar a humanidade para olhar para trás e tirar exemplos de seus próprios erros
cometidos; todavia, a água potável no mundo continua diminuindo. O que poderá a
humanidade esperar no desenrolar deste fato? Quais são as perspectivas de reversão desse
quadro? Qual a responsabilidade do indivíduo no papel de protagonista de uma história em
que destrói suas próprias fontes de vida? São questões que deveriam arder na consciência de
milhões de pessoas da mesma forma como arderá no bolso, no momento em que a água
custará caro demais para ser paga, o capitalismo será norteado por uma competitividade
primária – a de manutenção - e as empresas reconhecidas como éticas e responsáveis terão
preferência na escolha dos compradores e consumidores.
É a água e, mais especificamente a sua redução, aliado ao desenvolvimento
sustentável, o tema do estudo. Questiona-se: será que a preocupação manifestada por
autoridades de diversas ordens sobre a escassez de água no planeta procede? O interesse é
investigar por que a preocupação com a água vem ganhando importância nas discussões
sobre o meio ambiente em todas as nações e em muitas entidades, a ponto de tornar-se o
tema da Campanha da Fraternidade de 2004 na Igreja Católica, com mensagem sendo
veiculada em alguns canais de televisão como um chamado sobre a necessidade de
conscientização e corroborando com o alerta da ciência, pelos resultados observados em
estudos dessa natureza.
Tendo como base este preâmbulo introdutório, segue-se o estudo delimitando-se os
procedimentos metodológicos necessários à pesquisa.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa orienta-se com a investigação junto a publicações sobre a água, sobre o
desenvolvimento sustentável, leis e acordos sobre o uso da água e dados sobre a quantidade
de água potável e seu consumo.
O levantamento busca trazer informações e registros sobre a água como mantenedora
da vida de todas as criaturas, de como o desenvolvimento sustentável pode diminuir o
impacto negativo do consumo e da degradação da natureza pelo homem.
Uma segunda etapa realizou pesquisas junto a acadêmicos de 3 Instituições de Ensino
Superior da cidade de Curitiba, Paraná, sendo que duas são públicas e uma privada,
especificamente a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e a Tuiuti. O instrumento de coleta de dados foi o questionário.
Como premissa, elege-se a seguinte afirmação: a água é a fonte da vida. Dessa
premissa parte a composição do trabalho para obter-se uma resposta que venha ao encontro
das expectativas do trabalho.
esses dados.
Fonte: Levantamento de campo, 2004.
Figura 2 – Medidas tomadas pelas autoridades em relação ao comportamento
Uma forma de represália/punição foi cogitada para as pessoas, diante de seu
compromisso em preservar as fontes de vida. Sobre essa punição, os acadêmicos
manifestaram uma possível solução, apoiada por 68,81%: desconto na conta de quem
consumisse abaixo do limite estabelecido. Esta alternativa evidencia, não uma punição a
quem excede os limites razoáveis de gastos de água, mas premia aqueles que agem em
acordo com o esperado pela sociedade, ou seja, utilizam-se com parcimônia dos recursos
hídricos disponíveis. A punição, por certo, é menos atrativa, pois nas alternativas: a) ter a
água cortada por exceder os limites estabelecidos; e, b) pagar três vezes mais a cada litro de
água consumida além do limite estabelecido, as respostas alcançaram índices de 20,18% e
21,10%, respectivamente.
5 CONCLUSÃO
A busca de informações sobre a água e sua escassez permitiu a composição deste
artigo, que recebeu a contribuição da opinião de 109 acadêmicos de IES da cidade de
Curitiba, Paraná, permitindo constatar a existência da consciência sobre os problemas da
água no mundo, com pequenas mudanças de comportamento em relação ao consumo
individual, mas com aceitação de critérios no âmbito das atitudes governamentais.
Percebe-se que há descrença ou falta de informações acerca da real problematização
sobre a água no mundo, aliada a pouca vontade em adotar novos hábitos de consumo,
embora os índices apresentados como favoráveis a uma possível punição aos consumidores,
somadas as duas alternativas, totalizem 41,28%.
Os resultados desta pesquisa de campo inferem um novo questionamento: se os
acadêmicos estão cientes das condições globais da água e das regulações a serem tomadas
para evitar seu consumo indevido, como futuros profissionais do mercado de trabalho não
cabe a eles a promoção de divulgar informações? Ou, o quadro apontado por Luna (2004)
será viável: “A ONU prevê que, em 2025, a escassez de água afetará 5 bilhões de pessoas em
áreas urbanas. Isso significa que, se for mantida a concepção de mercadoria, seu preço vai
disparar e poucos terão condições de arcar com os custos”.
Apostas essas indagações e pressupostos, cumpre finalizar este trabalho concluindo
que o conhecimento sobre a possibilidade de escassez de água no mundo é limitado a poucas
pessoas e que, ainda essas pessoas podem não estar agindo conscientemente, debalde as
legislações em vigor, os movimentos sociais, das ONGs, a responsabilidade social e o
desenvolvimento sustentável em voga nos debates sociais, políticos e econômicos. O fato é
este: a água no mundo está em vias de escassez, seus reflexos já estão sendo sentidos a nível
global e as mudanças para reverter este quadro são imperceptíveis. Repete-se aqui, a
pergunta do trabalho: no que a sociedade de capital está centrada? Talvez o que preconize
Luna (2004): “Cientistas e analistas internacionais lembram que o esgotamento dos recursos
hídricos pode afetar a estabilidade econômica e política do planeta nas próximas duas
décadas. [...] Alguns deles já trabalham, inclusive, com a possibilidade de guerras pelo
controle dos mananciais de água doce”.
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