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Introdução à

Microbiologia
Introdução a Microbiologia / FOP-UNICAMP 1

Apresentação

A vida humana está intimamente relacionada com os


micro-organismos, abundantes no ambiente, nos alimentos
e também nos animais. Organismos únicos invisíveis a olho
nu, esses seres nos oferecem evidências da sua existência
- muitas vezes de forma desfavorável, quando deterioram
objetos valorados pelo homem ou provocam doenças, e de
forma benéfica, quando fermentam álcool para a fabricação
de produtos, levedam o pão ou produzem os derivados do
leite. De incalculável valor na natureza, os micro-
organismos também ajudam na decomposição de restos
vegetais e animais.
A ciência que estuda os micro-organismos é a
Microbiologia e ela está presente na vida do cirurgião-
dentista da sua formação até a sua clínica diária.

Autores

Prof. Dr. Rafael Nobrega Stipp


Sr. Anderson Laerte Teixeira

Formatação:
Sr. Filipe Matheus Cardoso da Silva
Introdução a Microbiologia / FOP-UNICAMP 2

INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA

A Microbiologia é a disciplina da biologia que estuda os


organismos microscópicos, os quais usualmente possuem
tamanho na ordem de micrômetros. Alguns micro-organismos,
como as bactérias, podem formar colônias visíveis ao olho nu;
porém a unidade básica, a célula, só pode ser visualizada através de
microscopia.
A microbiologia estuda as algas microscópicas, os fungos
(como as leveduras, unicelulares e os multicelulares microscópicos),
protozoários, bactérias, arquibactérias e vírus (Figura 1).
Subdivisões da microbiologia incluem a bacteriologia (estudo das
bactérias) e a virologia (estudo dos vírus), entre outros. A
Microbiologia Oral estuda principalmente bactérias, além dos vírus
e dos fungos.

Figura 1 – Micro-organismos estudados pela microbiologia


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Os micro-organismos são ubíquos no ambiente, ou seja, estão


presentes em todos os lugares: no solo, na água, carreados pelo ar,
nos alimentos e também, nos seres vivos, onde desempenham
importante papel para a saúde e nas doenças. Em geral, as células
microbianas vivem associadas a outras células, formando
populações ou comunidades microbianas. O local onde uma
população microbiana vive é denominado habitat. Os micro-
organismos procariontes estão entre os seres vivos mais primitivos
que existem. Estima-se que, de toda vida na terra, 50% sejam micro-
organismos.

A Microbiologia busca conhecer os micro-organismos e a sua


relação com o ambiente. As formas, a composição celular e as
estruturas microbianas; a fisiologia, como os micro-organismos se
reproduzem; a genética, como a transmissão de caracteres é
realizada; os fatores de virulência, isto é, estruturas, produtos ou
estratégias que os micro-organismos utilizam para sobrepujar o
sistema de defesa do hospedeiro; a composição da microbiota nos
seres vivos em situações de saúde ou de doença; além de inúmeros
outros campos de estudo.
Os micro-organismos podem relacionar-se com as demais
formas de vida na terra. Assim, a microbiologia está presente em
diversas áreas, da Agricultura à Medicina. Na Odontologia, além da
prática clínica diária, a Microbiologia é utilizada como auxiliar em
diagnósticos ou em pesquisas científicas. Como exemplo, pode
se utilizar técnicas pode se utilizar técnicas microbiológicas para
conhecer quem são os micro-organismos que causam as doenças
infecciosas e quais espécies estão relacionadas ao aparecimento e à
progressão da cárie e das doenças periodontais (Figura 2).
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Figura 2 – A Microbiologia na Odontologia

O estudante de Odontologia, assim como o profissional


cirurgião-dentista, utiliza conceitos de microbiologia diariamente:
desde o controle de infecção e manutenção da cadeia asséptica
durante o atendimento clínico até o tratamento da maior parte das
doenças bucais, que são doenças infecciosas dependentes de
micro-organismos.
Mas os micro-organismos não estão associados apenas com
doenças. Eles usualmente colonizam o ser humano mantendo um
estado de equilíbrio. Esses micro-organismos rotineiramente
encontrados em determinadas áreas, sem causar doença, compõem
a microbiota normal, ou microbiota anfibionte. Em textos mais
antigos era também denominada como microbiota comensal, um
termo que está desatualizado. A relação entre hospedeiro e
microbiota normal é anfibiótica, um estado intermediário entre a
simbiose (+/+) e a competição (+/-) no qual o hospedeiro e a
microbiota coexistem sob a forma de equilíbrio estável. Se o
equilíbrio é rompido, doenças ao hospedeiro podem ser
ocasionadas.
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A colonização pela microbiota normal depende da


transmissão de micro-organismos. O feto, em condições normais,
é livre de micro-organismos. A colonização de superfícies expostas
como a pele, o trato respiratório, o sistema gênito-urinário e o trato
digestório, começa logo após o nascimento.

A microbiota normal humana desenvolve-se por sucessões,


desde o nascimento até as diversas fases da vida adulta, quando
resulta em comunidades bacterianas relativamente estáveis.
Padrões de alimentação, hospitalização e tratamento com
antibióticos são fatores que afetam a composição da microbiota
normal. Os habitats diferem em suas características, e um habitat
favorável ao crescimento de um organismo pode, na realidade, ser
inabitável a outro. Por exemplo, espécies bucais que colonizam a
boca (ambiente úmido) podem não ter sucesso na colonização da
pele, que é um ambiente mais seco e com maior concentração de
sais.
Estima-se que o corpo humano tenha cerca de 10 trilhões de
células e seja rotineiramente portador de aproximadamente 100
trilhões de bactérias. A microbiota humana desempenha funções
importantes na saúde e na doença, como veremos ao longo desse
texto.

O processo de colonização da cavidade oral começa no


período pós-natal. Os micro-organismos chamados pioneiros são
estabelecidos dentro de 24 horas do nascimento e os colonizadores
mais comuns nessa fase são cocos gram-positivos, incluindo
espécies de Streptococcus e de Staphylococcus. Após alguns meses
de vida extrauterina, o aumento da complexidade da microbiota
bucal é evidente, e a predominância é de espécies do gênero
Streptococcus.

O biofilme dental “sadio” (compatível com saúde) de um


adulto é altamente complexo. São encontradas inúmeras espécies
microbianas, mas a predominância também é de espécies do
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gênero Streptococcus. A diversidade e abundância de micro-


organismos em uma comunidade microbiana são controladas pelos
recursos (nutrientes) e pelas condições existentes no ambiente
(temperatura, pH, tensão de oxigênio), entre outros. As populações
microbianas interagem e cooperam de várias maneiras, algumas
benéficas e algumas prejudiciais. Por exemplo, os produtos das
atividades metabólicas de alguns micro-organismos podem ser
nutrientes para outros, enquanto outros subprodutos podem ser
nocivos.

Os micro-organismos da microbiota normal, quando em


equilíbrio com o hospedeiro, desempenham importantes papéis.
Servem como barreira protetora contra a instalação de micro-
organismos potencialmente patogênicos. Para exemplo, em ratos a
dose bacteriana de Salmonella typhimurium deve ser superior à 106
células para causar gastroenterite em condições usuais, enquanto
que em ratos previamente tratados com antimicrobianos que
afetaram a microbiota normal, a dose de 102 células de Salmonella
typhimurium já é suficiente para causar a gastroenterite.
Os micro-organismos da microbiota normal também
estimulam a maturação do sistema imunológico, auxiliam na
digestão e produzem substâncias assimiladas pelo hospedeiro.
Como exemplo, cepas de Escherichia coli produzem vitamina K2
que são absorvidas no intestino.

O vínculo entre microbiota e hospedeiro vem, cada vez mais,


sendo reconhecida. Pesquisas recentes mostram que a microbiota
normal intestinal de pessoas com depressão e Parkinson tende a ser
de composição diferente daquelas que não possuem essas
enfermidades. Composições específicas da microbiota normal
intestinal estão associadas também com a obesidade, tipos de
câncer de cólon e a artrite reumatoide, o que destaca a importância
da microbiota para com o hospedeiro.
Quando comparamos a microbiota normal entre pessoas,
observamos que muitos micro-organismos são comuns, isto é,
amplamente distribuídos nos seres humanos. Por exemplo,
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espécies de estreptococos que colonizam a cavidade bucal,


Staphylococcus epidermidis que colonizam a pele e Staphylococcus
aureus que colonizam as narinas, estão presentes na microbiota de
quase todas as pessoas. Entretanto, uma parte dessa microbiota
difere entre pessoas e o quão isso é significativo vem sendo objeto
de estudo na Microbiologia.

A colonização implica em presença, multiplicação e


persistência dos micro-organismos em uma área na qual são
esperados/habituais. Como exemplo, Streptococcus oralis
coloniza a cavidade bucal. O termo infecção implica em
colonização microbiana usualmente em local não esperado. Como
exemplo, Streptococcus oralis pode infectar a válvula cardíaca. Por
vezes é utilizado como sinônimo de colonização, se esperada uma
consequência danosa. Como exemplo, quando o HIV está presente,
e é enunciado “aquele paciente é infectado pelo HIV” e não “aquele
paciente é colonizado pelo HIV”.
Como vimos nesse texto, os micro-organismos possuem uma
relação íntima com o hospedeiro. Assim, os micro-organismos são
classificados como micro-organismos anfibiontes (“comensais”)
quando fazem parte da microbiota normal, isto é, são residentes
permanentes em seus locais, em tipo e em quantidades
compatíveis com saúde. As espécies que podem, com alguma
facilidade, em situações particulares, causar doença, levam o nome
de patógenos oportunistas. Como exemplo, temos os
Staphylococcus aureus, que é um micro-organismo anfibionte que
coloniza as narinas, porém, é um patógeno oportunista em infeções
hospitalares, em situações que o sistema imunológico ou condições
do hospedeiro permitem o sucesso da invasão microbiana. Poucos
micro-organismos são, de fato, patógenos estritos; como exemplo
o vírus Ebola e HIV, que sempre causarão doença quando infectam
o hospedeiro.
Quando o equilíbrio entre a microbiota normal e os micro-
organismos oportunistas é alterado, o resultado pode ser o
surgimento de doenças (Figura 3). Por exemplo, a microbiota
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bacteriana normal vaginal da mulher adulta mantém o pH local em


torno de 4. A presença dessa microbiota normal inibe o crescimento
excessivo do fungo leveduriforme oportunista Candida albicans. Se
a população bacteriana é afetada de alguma forma significante,
como em casos de variação hormonal, ou uso de determinados
antibióticos, o pH local torna-se elevado e C. albicans passa a ter
condições favoráveis de crescimento, podendo causar infecção
local, conhecida como candidose (“candidíase”).

Figura 3 – Equilíbrio (saúde) e Desequilíbrio (doença)

Para causar doença, os micro-organismos seguem etapas


que podem ser generalizadas em (1) exposição ao agente
infectante, (2) aderência do micro-organismo ao tecido, usualmente
facilitada por proteínas da superfície bacteriana, (3) invasão e
penetração no tecido, usualmente mediada por fatores de virulência
como enzimas que digerem os tecidos, (4) crescimento, do qual
originam-se os danos locais, sejam mediados por toxinas ou pelo
próprio crescimento e metabolismo microbiano (Figura 4).
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Figura 4 – Mecanismo de patogênese dos micro-organismos

Fator predisponente é aquele que torna o hospedeiro mais


suscetível a uma doença e pode alterar seu curso. O sexo algumas
vezes é um fator predisponente. As mulheres, por exemplo,
apresentam uma maior incidência de infecções urinárias que os
homens. Por outro lado, os homens apresentam maiores taxas de
ocorrência de pneumonia e meningite. Outros aspectos de fundo
genético podem desempenhar um papel semelhante.

Condições climáticas parecem ter algum efeito na incidência


de doenças infecciosas. Em regiões temperadas, a incidência de
doenças respiratórias aumenta durante o inverno. Esse aumento
pode estar relacionado ao fato de que, quando as pessoas
permanecem em ambientes fechados, o contato entre elas facilita a
transmissão de espécies patógenos oportunistas que causam
infecções respiratórias.

O sucesso da transmissão microbiana depende de diversos


fatores que vão desde o ambiente de colonização até a fisiologia de
cada espécie.
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O ambiente de colonização é um importante fator para a


transmissão microbiana com sucesso. As diferentes espécies
microbianas são mais adaptadas às determinadas condições de
alguns locais. Como exemplo, bactérias bucais vivem em um
ambiente com temperatura de 35ºC e alta umidade, diferentemente
de espécies que colonizam a pele, com menor temperatura, menor
umidade relativa e maior concentração de sais.

A fonte da transmissão e a quantidade de células


transmitidas influenciam a eficiência da transmissão microbiana.
Em condições de saúde, micro-organismos acidogênicos,
potencialmente causadores da cárie, estão em proporção diminuída
na microbiota bucal. Em condições de cárie severa, micro-
organismos acidogênicos estão em proporção aumentada na
microbiota bucal e, devido a essa quantidade aumentada, serão
mais facilmente transmitidos a partir dessa pessoa em comparação
a outra com saúde.

A transmissão de micro-organismos depende também do tipo,


do tempo e da frequência do contato. A transmissão por contato
direto, também chamada de transmissão pessoa a pessoa, é a
transmissão direta de um agente por contato físico. Para se
proteger contra a transmissão pessoa a pessoa, profissionais da
saúde usam luvas. A transmissão por contato indireto ocorre
quando o agente é transmitido por meio de um objeto inanimado. A
transmissão por gotículas (perdigotos) é um tipo de transmissão
que potencialmente pode ocorrer na prática Odontológica. Para se
proteger contra a transmissão durante o atendimento odontológico,
os profissionais devem usar os equipamentos de proteção pessoal,
que incluem óculos, máscara, gorro, luvas e jalecos.

Por último, as características de cada espécie influenciam de


sobremaneira a capacidade de transmissão. Algumas espécies são
mais resistentes às condições adversas; por exemplo, células de
Staphylococcus aureus podem manter-se viáveis em objetos
inanimados, no ambiente, por dias, o que aumenta a chance de sua
transmissão indireta. Já o vírus HIV é altamente sensível ao
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ambiente e ao ressecamento, perdendo sua viabilidade em pouco


tempo fora do corpo humano.

As microbiotas normais dos seres humanos podem ser


afetadas por diversos fatores. Fatores do hospedeiro que
influenciam a composição da microbiota normal incluem a idade,
como visto no início desse texto; a higiene, como nos casos doença
periodontal; a regulação hormonal, como nos casos de candidose; o
ganho de peso e a gravidez alterando a microbiota intestinal.

Os fatores microbianos que alteram a microbiota normal


incluem a terapia com antibióticos, os quais podem suprimir a
microbiota normal e favorecer a instalação de micro-organismos
externos; uma eventual “maior virulência” de cepas externas à
microbiota, ou cepas produtoras de bacteriocinas, adquiridas do
ambiente, podem ter instalação facilitada; e outras condições da
microbiota local que, se afetada, exerce o seu papel protetor de
forma não tão eficiente.

Os fatores ambientais exercem uma importante modulação


na composição da microbiota normal. Mudanças na temperatura, no
pH, na umidade, na oxigenação, na alimentação, na remoção
mecânica – ou não remoção, afetam a proporção entre as diferentes
espécies microbianas. Na Odontologia, um exemplo claro é a
doença cárie, a qual é dependente do consumo frequente de
sacarose (Figura 5).

Figura 5: Mudança na microbiota normal e desenvolvimento da cárie


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Bibliografia

MADIGAN et al. Microbiologia de Brock. 14ª Edição. Porto


Alegre. ArtMed, 2016.

TORTORA et al. Microbiologia. 10ª Edição. Porto Alegre.


ArtMed, 2013.

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