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O enigma Newton ou o valor da Hipótese.

Todo mundo conhece as distinções do imperialismo

inglês,ou neocolonialismo,no inicio,em relação aos

outros.De modo geral o colonialismo inglês não foi

calcado no estado,mas na sociedade civil burguesa

nascente e crescente.

Isto serviu de base para certas estratégias que

permaneceram até recentemente. Para diminuir o custo do

empreendimento colonial o estado inglês,ainda envolvido

com guerras civis ,transferiu esta responsabilidade para

piratas,sob promessa de perdão.

A estratégia foi sempre de baixar os custos da empresa

colonial,mas progressivamente,uma tendência desde o

inicio adquire força,que é o descomprometimento do

estado com os erros e crimes,no concerto das

nações:qualquer coisa de errada que é feita, recai sobre a


pessoa do aventureiro ou missionário,não sobre a

Inglaterra.

Foi assim com o pirata Francis Drake,que depois de sua

atividade criminosa em favor da Inglaterra se tornou

Sir;com Livingstone,Stanley,Paxá Gordon,Cecil Rhodes e

Lawrence da Arábia.

Uma pessoa,um aventureiro,um

missionário,aparentemente por vontade própria, vai

civilizar ou ajudar um país que ama supostamente.No

entanto,as suas atitudes favorecem claramente o

imperialismo inglês.

Qualquer qüiproquó político nesta empreitada ,a culpa

recai não sobre a Inglaterra,mas sobre o aventureiro.

Antes de continuar este artigo,tenho que colocar uma

premissa metodológica importante.


Durante a época do cientificismo,em grande parte criada

pela figura de Newton,como pretendo mostrar,a certeza

sepultou a hipótese,o juízo hipotético de Kant.

A ética do cientista foi fundada,e aí eu começo a explicar

o papel de Newton,na sua afirmação famosa “ hipótese

non fingo”.Relembremos a história que gerou este

conceito:em 1666,afastado da peste que assolava

Londres,Newton se encaminhou para o meio rural(de onde

tinha vindo)e realizou as experiências com a luz,que

provaram,segundo ele,que a mesma era composta de

cores.

Entusiasmado, o jovem Newton envia as conclusões de

suas experiências para o Presidente da Royal Society o

grande Robert Hooke.Este ao ler o trabalho disse que

aquilo era apenas uma hipótese,ao que irado,Newton

respondeu com a frase.


A importância deste episódio batido na história da ciência

é que ele fundou a ética da ciência e dos cientistas,que só

podem falar após a prova de suas hipóteses.É uma ética

das pessoas:não se deve falar do que não se

sabe(Wittgenstein “ do que não se pode falar deve se

calar”[tratactus]).

Com a expansão desta mania de ciência,impulsionada pela

Revolução Francesa ,toda a atividade de conhecimento

passou a ser fundada nesta concepção.

Contudo,a nossa época demonstra que todas as chamadas

leis científicas são provisórias e probabilísticas.Seria um

lugar-comum citar a física quântica,mas por outras vias é

possível mostrar esta verdade e aqui eu continuo

explicando as responsabilidades históricas de

Newton.Quer dizer, a certeza de Newton como exigência

de apresentação de uma proposta não é um valor absoluto.


Esta premissa ética de Newton se imbrica com a sua

concepção fechada de saber e ciência.Demonstrar dúvidas

remete o investigador ao laboratório novamente.

Mas o investigador,como o homem comum em geral,não

tem acesso ao universo inteiro.Isto é uma ilusão

racionalista.

E em virtude das imensas dificuldades históricas de

investigação(que Newton não enfrentou ,contrariamente a

Galileu[Bertrand Russel disse uma vez que se Newton

tivesse enfrentado 1% das dificuldades do italiano,não

teria feito nada),freqüentemente o conhecimento obtido é

parcial,e depois ,às vezes,tido como falso.

Mas estas tentativas não são válidas?É culpa do erro de

Ptolomeu a Inquisição? Os erros não são uma

inevitabilidade diante das imensas dificuldades postas à

investigação?
Se o ser humano pudesse ,sempre,investigar,sem barreiras

,é de pensar que a história seria menor e os erros

menores,mas conhecimento é poder e os poderes da Terra

sempre quiseram controlá-lo,por motivos às vezes

legítimos e outras vezes só de imposição.

Engels na “ Dialética da Natureza” afirmou que Descartes

poderia ter feito a prova do princípio da conservação da

matéria.Na verdade Descartes enunciou o princípio(“

Discurso do Método),mas a sua prova só veio mais tarde

com Lavoisier.Porque este princípio não foi investigado

no tempo de Descartes e por ele?

Descartes viveu numa época em que a experimentação era

difícil de fazer e perigosa.Descartes fugiu para a Suécia

sempre preocupado com a questão religiosa,que poderia

persegui-lo(como de fato tentou[embora ele fosse cristão

devoto]).
A experimentação de Galileu,nós sabemos para onde o

levou(quase).

Foram precisos dois séculos de luta,inclusive de

capitalismo,para que a experimentação pudesse se tornar

uma questão essencial para estes países,para o

desenvolvimento deles e da humanidade.

Os métodos,categorias,empiria,livros,teorias,têm,ao longo

da história,entre eles,barreiras difíceis de transpor, que

adiam o processo normal de descoberta, se o estudo da

natureza fosse sempre livre.Se fosse ,o homem conheceria

mais rapidamente,bem como o seu corpo e as suas

relações com a natureza e a sociedade.

Num determinado período,o mundo antigo, a própria “

imaturidade” humana ,oferece resistência,mas depois dos

gregos, a chance de crescimento era grande, e se eles


tivessem continuado ,o mundo seria outro tendo razão

Voltaire.

Para Voltaire a Idade Média foi um hiato deplorável para a

humanidade,que a atrasou profundamente.Não é que na

Idade Média não tenha acontecido nada,mas naquilo que é

essencial,a relação livre com o mundo,foi um vazio.

É com este critério de Voltaire que se pode entender certos

erros da busca do conhecimento e também admitir que

alguns deles são até úteis,na relatividade das coisas:a

teoria do flogisto para a química,os erros de Ptolomeu e

Copérnico na compreensão do universo;os erros de Tycho

Brahe,Kepler e o erro de Newton em se referir,na lei da

gravidade,ao caráter absoluto do espaço e do tempo.

O novo dogmatismo supracitado ,a partir da Revolução

Francesa e como parte da luta de emancipação definitiva

da ciência,acusou o juízo hipotético de anti-


profissionalismo,de covardia científica e pessoal,de

incerteza travestida de falsidade,endereçada ao propósito

de poder e sucesso,mas Newton cometeu um

erro,provando que a sua “ certeza” profissional não era

absoluta e que a ciência não é.

Se fosse possível reunir permanentemente as condições de

obtenção do conhecimento:liberdade de

investigação,condições sócio-econômicas e

homogeneidade histórica dos povos ,talvez não houvessem

erros e estes tateios não ocorressem.

Mas a História humana não é assim.

Num sentido mais epistemológico os erros são parte do

processo de conhecimento.Newton quis dizer que ele era

totalmente responsável e que não ia apresentar alguma

proposta ,alguma tese sem prova,mas isto não garante a

verdade da ciência,de plano.


No fundo havia um propósito( de poder)de associar a

ciência com a verdade,deixando de lado a superstição.

Após os episódios próprios da Inquisição sobre a ciência

esta apareceu como vitoriosa na luta contra a

religião,porque isto é o que estava na ordem do dia

Estamos no tempo do iluminismo e a questão social existia

sob a véu da luta contra a religião.Conhecer o mundo é a

forma pela qual se supera a superstição e isto basta para

garantir a liberdade(Tratado Teológico-Político de

Spinoza).

Ao receber a resposta de Robert Hooke de que seu

experimento sobre a luz era apenas uma hipótese(diríamos

também,uma teoria),foi como se Newton estivesse ao lado

da superstição.Não que ele,Newton ,pensasse,mas sua

época sim.
Mas no meu modo de ver há algo mais:a idéia de fazer um

modelo científico absoluto,algo muito comum na

época,tem o escopo de tornar os Ingleses os descobridores

da ordem natural real,com as suas leis objetivas e

imutáveis.

Isto é uma hipótese de trabalho e reivindico a sua

legitimidade.Toda a inimizade entre o inglês Newton e o

alemão Leibnitz,que questionou a noção de espaço/tempo

de Newton,parece ser maior do que inveja entre .Parece

apontar para uma luta entre países que querem usar a

ciência para se afirmar.

Atribuir a um cientista nacional o acesso às leis do

universo tem uma repercussão cultural e política

excepcional,porque com isto se obtém prestígio,bem

como interesses de todas as naturezas,inclusive

econômicos,se dirigem ao país.


Todas as genialidades da História são obrigadas a anos de

estudos e depois para alcançar os seus objetivos a anos de

trabalho duro.

A história pessoal de Newton dá conta de que ele saiu do

meio rural onde nasceu e onde demonstrou enormes

aptidões,para ir morar em Londres ,lugar em que leu

quatro tratados de matemática e se tornou um dos maiores

nesta área em todos os tempos.É o único caso.

Realizou a experiência com a luz,que ofereceu a Robert

Hooke,com os resultados que sabemos.

Irritado,após dizer a famosa frase,se retirou e pesquisou

durante quinze longos anos ,para voltar com o seu livro

principal,no qual revela as leis da gravidade.

Quando penso em tudo isto,lembro destes heróis

ingleses,especialmente Lawrence da Arábia.Lawrence

nunca quis se tornar aquele personagem.As suas relações


com o Foreign Office sempre foram de conflito até a sua

morte estranha em 1935.

Um jornalista brasileiro,vivendo em Londres na

época,disse que o acidente de motocicleta que o matou foi

montado pelo próprio governo porque ele queria se passar

para o lado árabes contra os judeus,mas eu não acho que

seja isto.

Para mim a história de que Lawrence achou sozinho o

caminho de viabilização militar estratégica da Revolta

Árabe contra os turcos,tomando a cidade de Akaba,é

falaciosa.Ele saiu do Cairo já com a decisão tomada pelo

estado-maior anglo-francês.Foi instruído para colher os

louros desta vitória,em nome dos ingleses e

franceses,aceitando este personagem.

Todos sabem que ele ficou isolado na cidade de

Damasco,visivelmente contrariado,supostamente porque


algumas de suas reivindicações não terem sido

atendidas;ou,por outra,teria ele ficado estarrecido ao

descobrir que o interesse anglo-francês era

econômico(petróleo)e não a proteção da Arábia,país pelo

que Lawrence possuía “amor”,como se um militar inglês

fosse ingênuo a este ponto.

Tudo isto me impõe a hipótese de que existem em torno de

Newton outras questões a serem analisadas.

O problema epistemológico da hipótese

À parte a narrativa histórica,há o problema propriamente

epistemológico,qual seja o método de tentativa e erro é

inerente à atividade de conhecimento.Não tenho como

imaginar a história nos moldes da visão de Voltaire.Nós só

a temos assim,com idas e vindas e com uma recorrente

repressão à liberdade humana de investigação.


Com os fatos que eu narrei e os demais nós vemos que a

tentativa e erro é o método e que a certeza é uma invenção

de poder.

Logo após a ciência moderna aparecer foi necessário criar

justificativas para a sua cada vez maior ascensão,contra a

superstição e o estado.Realmente havia uma questão da

religião e da superstição,mas antes o da relação de conflito

entre o estado e a religião,mais decisiva.E por trás do

estado,a nação.

Por hipótese eu já expus aquilo considero ser

investigável:a idéia de que a ciência não erra e está na mão

dos ingleses induz um crescimento da “ ciência

britânica”,se é que isto existe.

Esta investigação é a segunda parte deste meu trabalho.A

hipótese está recuperada diante dos erros e limites da


concepção de Newton,mas o que avulta é que,de todos os

modos ,a certeza não se pode afirmar absoluta.

A certeza acaba adquirindo um significado ideológico de

justificação que prejudica o progresso do conhecimento.A

responsabilidade de quem enuncia um pensamento,um

conhecimento é de ter esta certeza,mas a história

desautoriza esta possibilidade e epistemológicamente

reconhece a validade da tentativa e erro,bem como a

imensa dificuldade de adequação do sujeito cognoscente

com a realidade(Hume),com a complexidade da natureza e

da sociedade.

As afirmações de Newton iniciam o cientificismo,que

prossegue até hoje de diversas maneiras.Mas estas são

enfeixadas na perspectiva de um modelo adequado à

natureza ,à toda ela,uma pretensão que provém também da

religião.
O homem tende a rejeitar o acaso,o risco.De alguma forma

os poderes deste mundo racionalizam-no para evitar o

medo do casual.O casual,o risco,o acaso,no entanto fazem

parte da vida humana e o conhecimento busca a totalidade

num esperança vã de provar o contrário.

O marxismo ,como forma de cientificismo aduziu um

novo elemento:existe uma explicação para a pobreza e um

caminho seguro e rápida para superá-la.É o paroxismo do

iluminismo,do ultra-racionalismo.

O existencialismo mostrou que a consciência da presença

inevitável do acaso não impõe o suicídio ,mas uma maior

responsabilidade do homem e mais ainda ,que mais

importante do que o conhecimento é a relação com o

outro,que diminui a sensação de desamparo.


A hipótese parece ser um obstáculo.Ao colocá-la supõe a

impossibilidade do conhecimento,mas é ela a sua

condição.

Conclusão

O desenvolvimento da tradição anglo-saxônica,como se

vê,é muito distinta,dentro do crescimento do capitalismo

inglês e depois estadunidense.Não existe uma “ciência

inglesa”,como também não uma ciência “ soviética” ou

socialista”,mas cada país que progride na ciência,adquire

avanços políticos na relação com outras nações e aí os

truques aparecem e o cientificismo,a visão de um modelo

absoluto, é um deles,porque paralisa a investigação

científica em nome da política e do poder.


Bibliografia:Althusser-“Lenin e a Filosofia”,trad. de de Herberto Helder e A.C.Manso Pinheiro-

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