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CAPÍTULO 1

Def: ciência social que estuda a conduta humana nas suas interações coletivas.
Estudo das decisões individuais e coletivas tomadas em ambiente de escassez (existem
muitos interesses e um número limitado de bens para os satisfazer a todos, por isso há
escassez).

A – Afetação de recursos escassos


Escassez: ausência de meios e recursos ilimitados para a satisfação de todas as nossas
necessidades. Contudo não é um postulado da economia, sendo que se pode alcançar um
ponto de saciedade relativamente a alguns meios, em abundância.
A economia trata das escolhas que a escassez de bens impõem para que as necessidades
sejam satisfeitas. Assim, a escassez impõe escolhas.
1. Problema económico: escassez
2. Objeto de estudo: encontrar soluções para minimizar a escassez
Nas escolhas impõe-se a justiça, a crise da justiça, na repartição coletiva da riqueza (se
não houvesse escassez, o debate sobre a justiça era irrelevante).
I. Corolários da escassez
1. Se não houvesse escassez as escolhas da economia seria irrelevantes, dado que
uma opção errada seria facilmente remediada;
2. É impossível atingir a saciedade de todas as necessidades. A procura excede
sempre a oferta;
3. Existem necessidades básicas de sobrevivência que nunca têm fim, pois a sua
plena satisfação não impede que hajam mais necessidades – necessidades
inesgotáveis.
4. A escassez é graduável e relativa na medida em que na medida em que a sua
intensidade depende da intensidade com que as necessidades são sentidas.
5. A abundância de um determinado meio não significa que o seu excedente possa
ser redirecionado com um mínimo de eficiência para outras necessidades.
6. Mesmo que houvesse todos os meios necessários para satisfazer as necessidades
do Homem, há um meio que será sempre escasso irremediavelmente, o tempo.
II. Objeto da economia
Estudo das decisões individuais e coletivas tomadas em ambientes de escassez. Dá-se
enfâse:
1. Ao grau de liberdade: sem um mínimo não seriam possíveis decisões genuínas.
2. À interdependência: que se gera entre decisões (ligação das escolhas de uma
pessoa) – a ideia de que ao realizarmos as nossas necessidades estamos a ajudar
os outros.
É a interdependência de decisões livres gera uma ordem espontânea.
As pessoas acabam por colaborar entre si independentemente de aceitarem ou não a
solidariedade.
Mão Invisível de Adam Smith: para satisfazermos as nossas necessidades precisamos
dos outros – harmonia do coletivo.
Todos os atos são vistos pela Economia como egoístas. Tudo tem um objetivo de
proveito próprio.
III. Institucionalismo
As instituições são balizas convencionais que estruturam as ações humanas
Visão integradora e equilibradora dos princípios dos conflitos, reciprocidade e ordem 
Aponta para a solução institucional da governação: forma estável de assegurar a
mutabilidade de ganhos através da imposição da ordem e da solução de conflitos.
IV. Análise económica da racionalidade

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OTIMIZAÇÃO DE MEIOS
Olhar para os fins e determinar a racionalidade, adequação de meios;
MAXIMIZAÇÃO DE FINS
Olhar para os meios disponíveis e tentar justifica-los e encontrar objetivos para
os quais eles se afigurem.
Racionalidade  Essencialmente procedimental. Resposta diferenciada e explicável
perante estímulos variáveis. Um indivíduo é racional quando otimiza os meios e
maximiza os fins.
V. Optimização
Princípio da otimização: (George Stigler) escolha de condutas que de entre todas as
possíveis apresenta a máxima diferença entre benefícios e custos.
Custo de oportunidade: todos os benefícios que deixamos de receber por sacrificarmos
as opções que tinham de ser preteridas em favor da conduta que escolhemos – valor da
2ª melhor escolha – opção que deixámos para trás por ter optado.
A moeda não é em si um recurso daqueles cuja escassez obriga a escolhas e a decisões optimizadoras e
maximizadoras.
Existem duas perspetivas:
1. Neoclássica (Alfred Rorshall): racionalidade perfeita  As decisões do agente
derivam de decisões básicas do agente que derivam de ponderações atribuíveis à
sua racionalidade – é essa racionalidade que facilita a produção de resultados
maximizadores ao bem-estar
2. Neoinstitucionalista (Herbert Simmon): racionalidade limitada
VI. Racionalidade Limitada
Assenta na constatação de que o tempo é limitado. Analisar tudo será impensável.
Assim, a conduta pretende ser racional para não transcende a ponderação de custos
implícitos na racionalidade (substitui-se a maximização pela satisfação, o ótimo pelo
meramente suficiente).
Essa é a razão pela qual:
1. Escolhemos um nível de ignorância racional – decisões marginais
2. Tendência para nos agregarmos em grupos – divisão de trabalho e partilha de
informação  Diminuição do erro
Tenta-se com pouco tempo e informação encontrar a melhor solução.

B – Opções ditadas pela escassez


Uma parte da vida em comum é ditada pela escassez. Têm de haver escolhas. Todas as
escolhas têm um custo – é o valor daquilo que se renuncia.
I. Eficiência e prioridades
A escassez é condicionada por conflitos: eficiência vs. justiça.
Prioridade
1. Eficiência: o emprego de meios é avaliados em termos de maximização
(capacidade de obter o maior rendimento possível a partir de um conjunto de
meios);
2. Justiça: importância à forma como o rendimento é repartido – verificação da
igualdade.
A sua incompatibilidade é o resultado da escassez de recursos.

C – As perguntas básicas da decisão económica


A complexidade do processo económico resulta da combinação e da sequência das
respostas
I. O que produzir e quanto?
Face à multiplicação das possibilidades de uso dos meios, a sua escassez aumenta.
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Este progresso civilizacional faz com que o objetivo económico mínimo passe da
sobrevivência para a qualidade de vida (necessidades secundárias tornam-se primárias).
As respostas a estas perguntas são respondidas pelos mecanismos do preço:
1. Valor que os consumidores atribuem àquilo que buscam e valor que os
produtores associam ao custo de disponibilização do bem e serviço no mercado.
 Em função das necessidades;
II. Como produzir?
Deve o produtor explorar meios alternativos para que produza os mesmos bens mas de
forma mais eficiente. O resultado provêm da comparação entre custos e benefícios.
 Em termos de eficiência, sem desperdícios.
III. Para quem produzir, e quando?
O mecanismo de preços determina quem beneficiará dos bens e serviços: beneficiará
quem tiver maior poder de compra e maior disposição para pagar.
Esta questão deve contudo ser condicionada por critérios de justiça, segurança e ordem
pública.
R: para quem tem necessidade e disposição para pagar.
IV. Quem decide e por que processo?
1. Economia de mercado: todos contribuem para a formação da vontade coletiva,
mas ninguém tem esse poder de forma individual)
 O próprio mercado (todos e ninguém)
2. Economia mista: concorrem o setor privado e o público
 Setor público e privado
3. Economia dirigista: entidade única que responde a todas as perguntas (o estado é
que decide)
 O Estado
V. Como confiar? Questão introduzida por Fernando Araújo
É o direito que oferece confiança no mercado.
R: Na liberdade, no direito e na concorrência.

D – Custo de Oportunidade e preço relativo


Def: a mais valiosa das oportunidades que é preterida quando se faz uma escolha
(segunda).
A escassez e a irreversibilidade do tempo fazem com que a ponderarão de benefícios e
custos de oportunidade seja imperativa para uma decisão racional – utilidade
ponderada (resultado da ponderarão).
Preço relativo: espelha o custo de oportunidade. Dá-nos a medida exata e objetiva do
quanto deixamos de pagar por um bem quando compramos outro.
Preço relativo A = preço de A
Preço de B

E – Raciocínio marginalista
Custo marginal: valor da mais valiosa alternativa preterida par se conseguir produzir
mais uma unidade de um bem ou serviço.
Benefício marginal: valor da unidade suplementar do bem ou serviço pelo qual se
optou.
Exemplo: A vai viajar em vez de comprar livros. Custo marginal: valor dos
livros que se viu forçado a não comprar dada a escassez de recursos; benefício marginal:
valor dos livros e outros bens dos quais prescindiu para que conseguisse fazer a viagem.
A viagem significa para A um valor marginalmente superior ao valor total dos livros.

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Raciocinar em termos marginais significa (comparativamente com o custo de
oportunidade):
1. Optar por produzir mais um bem ou serviço enquanto o benefício de mais essa
unidade exceder o correspondente custo de oportunidade;
2. Optar por produzir menos quando o custo (oportunidade) exceder o benefício
marginal;
3. Quando os dois valores coincidirem não se adquire/produz nem mais nem
menos.

F – Impacto dos incentivos na conduta


O agente económico tem liberdade para agir. Contudo essa liberdade pode ser
condicionada pelos incentivos  Valor absoluto de ganhos e perdas esperados nas suas
decisões, os pontos de referência das suas escolhas, a sua motivação para agir.
Contudo tem uma contrapartida, o sacrifício dos valores igualitários
I. O Postulado da racionalidade
Princípio de que a ação humana é dominada pela racionalidade, sendo o agente
económico livre e que opta por a solução que:
1. Apresenta maior probabilidade de alcançar resultados ótimos;
2. Perante várias alternativas com igual probabilidade de alcançar um resultado
ótimo, escolhe-se o que tem o custo inferior;
Tenta-se sempre minimizar os custos ou/e maximizar os benefícios.
Princípio hedonístico: “A lei do menor esforço” a solução que com o menor esforço se
alcança o mais elevado nível de satisfação.
O conceito de racionalidade concentra-se mais ao nível dos meios do que dos fins.
Atividade económica: conduta que recompensa o que conseguir gerir a escassez de
recursos em maior equilíbrio e poupança de esforços;
Eficiência económica: minimização de custos na produção de riqueza
independentemente de outras considerações.
II. Limitações temporais e orçamentais
Existem duas opções na afetação de recursos para satisfação de necessidades:
1. Estabelece-se a prioridade de uma necessidade e temporariamente ela beneficia
do exclusivo emprego de recursos;
2. Os recursos disponíveis têm que ser combinados que que se consiga a satisfação
simultânea e proporcionada das várias necessidades.
Nesta segunda hipótese:
4. Com o aumento da afetação de recursos à satisfação de uma necessidade,
aumenta o respetivo custo de oportunidade, dado que diminui o número de
recursos dedicados à satisfação das demais necessidades. Diminui-se o incentivo
à prossecução racional
5. Tende-se para uma posição de equilíbrio – nivelamento dos custos relativos
associados ao emprego desses recursos.
Cada agente defronta-se com um conjunto finito de oportunidades. Mas, a delimitação e
composição desse conjunto de oportunidades depende de limitações temporais e
financeiras. Quanto mais tempo e recursos se poder afetar para a prossecução de um
fim, mas optimizadora será a solução.
Estas são as limitações mais restritivas e sensíveis no plano individual da escassez.

G – A vantagem das trocas

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Todo o comércio coletivo ou individual tem de ser vantajoso para ambas as partes
(ambas têm que receber qualquer coisa, poderá é não ter o valor desejável). Nas trocas
há sempre:
1. Uma complementaridade de necessidades/interesses com valore desiguais;
2. Uma contraposição objetiva de interesses.
Na economia não existe um jogo de soma zero: valor de ganhos anula-se com o valor de
perdas.
Jogo de soma positiva: transmite a ideia de que o benefício de uma das partes não
implica necessariamente o prejuízo da outra. O total das transações vai aumentando a
utilidade total (utilidade combinada de ambas as partes).
Jogo de soma negativa: as trocas envolvem perdas totais superiores aos ganhos totais,
ambas as partes perdem.
Cada família consumirá aquilo que produzir. Para produzir mais terá de se libertar das
atividades em que será menos produtiva, concentrando-se na sua vantagem comparativa
 Especialização e intensificação das trocas.
O isolamento e a autarcia são atitudes irracionais porque fazem perder oportunidades de
ganhos recíprocos.
ADAM SMITH: as oportunidades de riqueza serão tanto maiores quanto maior for a
dimensão dos mercados – a subsistência e a preservação do mercado é a premissa
essencial para o enriquecimento generalizado.

H – Afetação social de recursos através do mecanismo dos preços


Na economia de mercado a atividade económica é condicionada essencialmente pelas
forças que animam as trocas.
As grandes decisões de que depende a eficiência e a justiça do funcionamento da
economia do mercado não são confiadas a ninguém  Presume-se que resultarão de
uma ordem espontânea centrada no mecanismo de preços. Um processo no qual as
partes comunicam: a sua disponibilidade para trocar; a adesão a valores geralmente
aceites com base de negociação; a confiança que as partes depositam no meio de
pagamento comum, etc.
Toda a iniciativa política que interfira no mecanismo de preços poderá gerar uma grave
instabilidade na atividade económica.
I – Mercado de produtos e mercado de fatores
Mercado: local de encontro entre a oferta e a procura (desmaterialização do mercado,
não tem de ser um local físico).
Numa economia de mercado existem dois tipos diferentes de mercado:
1. Mercado de produtos: outputs - bens ou serviços que são produtos finais da
atividade económica organizada, diretamente empregues na satisfação das
necessidades – MERCADO FINAL.
Indivíduos e famílias: consumidores
Empresas: fornecedores
2. Mercado de fatores (de produção): inputs – fatores produtivos, matérias-primas.
São os bens e serviços empregues num momento inicial de um ciclo económico
de atividade. MERCADO INSTRUMENTAL.
Indivíduos e famílias: fornecedores (da mão de obra; do trabalho)
Empresas: consumidores (que os contratam).
Entre os dois mercados gera-se um fluxo circular de produtos e fatores e um contra
fluxo de pagamentos.
O rendimento total = despesa total

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J – A intervenção do Estado nos mercados
Existem falhas no mercado (todo o tipo de perda de eficiência resultante do espontâneo
funcionamento) que levam à necessidade de uma intervenção do Estado nos mercados
A intervenção do Estado pode assentar em qualquer destas três razões:
3. Ignorância das leis económicas: desconhecimento dos requisitos e implicações
da atitude intervencionista
4. Imperativo de justiça: retificações dos resultados distributivos
5. Imperativo de eficiência: abre espaço à retificação de falhas
I. Justiça Social
É a principal razão de uma intervenção pública no mercado – imperativo de justiça.
O rendimento atribuído aos agentes económicos deveria ser proporcional ao seu esforço
e habilidade por eles aplicado na produção de bens.
Esta intervenção pública no sentido de incentivar as empresas a praticar a justiça social
requer um financiamento público a sustentá-la, a qual acaba por retirar rendimento aos
particulares reduzindo o seu incentivo para produzirem e pouparem.
II. As falhas do mercado
As intervenções do Estado feitas por razões de eficiência costumam ser justificadas pela
existência de falhas de mercado.
Existem três principais causas de falhas de mercado:
1. Externalidades: atuação económica que projeta irremediavelmente efeitos sobre
alguém que não o próprio agente, interferindo no nível de bem-estar dessa
mesma pessoa, sem que haja qualquer indemnização. Podem ser:
1. Positivas: o terceiro é beneficiado, não havendo compensação.
2. Negativas: o terceiro é prejudicado não havendo lugar a indemnização.
A impossibilidade de indemnização e de compensação derivam de uma falta de
um mecanismo espontâneo de contrapartida.
Externalidades em sentido amplo: toda a situação em que a conduta de uma
pessoa afeta o bem-estar de outrem por vias extra-mercado.
Neste caso a intervenção do Estado serve para contrariar a brecha entre eficiência
económica e bem-estar coletivo (limitar o nível de atividade; incentivar aquele que não
dispõe de meios para reclamar desses terceiros a contrapartida dos benefícios que lhes
causa).

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2. Poder de Mercado: circunstância em que permite a alguém a exploração do
mecanismo dos preços em proveito próprio.
O Estado intervêm para que esse poder seja esvaziado, evitando situações abusivas e
que possam comprometer o normal funcionamento do mercado.
3. Falhas informativas: problemas de informação que não estão presentes por
qualquer motivo
Nestes casos o Estado pode:
4. Intervir de forma proibitiva ou limitativa
5. Produzir diretamente os bens, serviços ou informações
6. Criar incentivos e desincentivos a produtores privados\
7. Impor certos padrões e condutas ao setor privado.
No combate às falhas estão disponíveis os seguintes mecanismos:
1. Controlo e regulação das quantidades produzidas
2. Alteração de preços
3. Criação do mercado – definição de quotas, sistemas de compensação e de
sacrifícios
4. Aumento da informação disponível
Acrescentam-se ainda medidas concretas:
1. Eliminação de subsídios que dão origem a atividades geradoras de
externalidades (-)
2. Ponderação do custo-benefício de efeitos de longo prazo
3. Formação de coligações internacionais para coordenação de esforços e melhoria
de acesso a fontes de financiamento
III. Falhas de intervenção
O próprio Estado também ele, ao intervir, apresenta falhas (falhas humanas).
Em termos burocráticos, existem critérios do agir público que tornam a sua atividade
demasiado onerosa, nomeadamente critérios de legalidade, imparcialidade e
transparência, que acabam por prejudicar a sua agilidade na tomada de decisões.
Além disso, existem problemas de incentivos, nomeadamente funcionários que tomam
decisões e que não são incentivados a tomarem as diligências que teriam se os interesses
fossem pessoais.
As falhas de mercado abrem caminho a uma intervenção do Estado. Contudo não a
reclama, na medida em que poderá a sua intervenção ser ainda pior.
O desejável é que qualquer intervenção do Estado:
1. Aumente a eficiência;
2. Tenha impacto redistributivo desejável;
3. Seja prosseguida a custo razoável.
A não verificação de qualquer uma das questões leva ao surgimento de uma falha de
intervenção.

M – O Tema da Macroeconomia
Microeconomia: trata o funcionamento do mercado de produtos e no mercado de fatores
produtivos.
Macroeconomia: incide na conduta de toda a economia. Estudo de questões que se
prendem com as interdependências dos valores médios (preço) com os valores totais
(produção, rendimento e emprego). Lida com valores agregados:
1. Oferta: conjunto total de bens e serviços que uma economia nacional produz
2. Procura: total das despesas envolvidas na aquisição e uso desses bens e serviços.

N – Produtividade

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Def: quantidade de bens e serviços que cada trabalhador é capaz em média, numa
unidade de tempo – output por hora. É um valor quantitativo.
Para que haja um crescimento, é hoje aceite que deve dar-se ênfase à garantia de
condições estruturais de produtividade, na afetação de recursos no investimento em
capital humano e físico (a atuação estadual, absorvendo mais recursos, desvia para si
meios de financiamento que poderiam ser investidos em capital humano e físico,
revelando quebras na produtividade).
Fatores que influenciam a produtividade:
1. Grau de aptidão
2. Tecnologia utilizada
3. Organização empresarial
4. Grau de confiança nas instituições e de reconhecimento social do seu esforço
5. Estabilidade política e jurídica
6. Nível do poder de compra proporcionado pelo salário obtido
“Path dependence”: efeito de irreversibilidade do progresso tecnológico. Este transporta
um risco estrutural. A tecnologia triunfante tende a converter-se em padrão e a expulsar
a tecnologia rival.

O – Fronteira de possibilidades de produção


FPP: define o que é possível produzir uma determinada economia atendendo aos
recursos disponíveis. Pretende representar as várias combinações de produção de dois
bens ou serviços.
Conjunto finito de possibilidades combinadas de bens ou serviços que são alcançáveis
pela aplicação máxima e ótima dos correspondentes fatores de produção.
Qualquer ponto da FPP representa uma situação de eficiência produtiva (EF) – todos os
recursos produtivos estão a ser utilizados no máximo.
EF: situação de impossibilidade de produção de mais de um bem sem por isso produzir
menos de outros.

A, B – Ponto de eficiência - Fronteira


C – Ponto inatingível
D – Ponto ineficiente

A fronteira não é estática e pode expandir ou retrair-se. Entre A e B existe um vale de


equilíbrio. Neste espaço, e à medida que nos aproximamos dele, o custo de
oportunidade é cada vez mais baixo. Fora deste, e à medida que nos afastamos, os
custos são cada vez mais elevados. Fora de A e B, estão as encostas de custo de
oportunidade crescente.
Fatores que levam à expansão da fronteira:
1. Tecnologia
2. Especialização
3. Aumento da matéria-prima
A poupança e o investimento revelam-se mais produtivas, no sentido de ter aumentado a
capacidade total e absoluta do consumo e de produção do futuro. MAS, falácia da
composição, o que é válido para um pode não ser para todos – cigarra e a formiga.

P – Meios de pagamento

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Inflação: subida provocada do aumento dos preços. A maior parte das situações tem
como causa o aumento da quantidade de moeda em circulação, sem o correspondente
aumento do volume de transação, desvalorizando-a.
O desemprego e a inflação têm efeitos nocivos no bem-estar coletivo. Os níveis de
emprego, de produção e de preços podem ser influenciados pelos governos e pelos
bancos através de políticas orçamentais e monetárias.

Capítulo 2 – O modo de pensar do economista


Regularidade: comportamento de uma variável
Estatística: estuda as regularidades; o como. Refere tendências e características gerais.
Tendência: quando duas variáveis se comportam de um modo semelhante, seja em
termos paralelos ou simétricos.

D – Causalidades e correlação
Correlação: manifestação de uma variável num certo sentido que tendem a ser
acompanhadas de manifestações de outras variáveis.

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Estudo das correlações  Aplicação de testes estatísticos aos dados, multiplicando-se
as observações, de forma a entender se existe algum padrão de relacionamento entre
variáveis.
“Ceteris paribus”  Sabemos que um fenómeno tem várias causas, assim pomos de
lado todas as variáveis menos uma. Supõe-se que o fenómeno produz os mesmos efeitos
isoladamente, mantendo-se constante tudo o resto.

E – O papel da teoria
Representação simplificada da realidade (encandeamento de corolários) elaborados a
partir da estatística (análise histórica). É, normalmente, formulada em termos
hipotéticos.
A teoria é uma imposição do sentido, no qual tentamos tirar consequências práticas.

F – Descrição e prescrição nas proposições da Economia


Coexistem na economia dois tipos de proposições:
1. Descrições: as que descrevem o mundo e tentam detetar uma ordem latente –
ser;
2. Prescrições: realidades que queremos alterar, modificar ou moldar – dever ser.
Enquanto que as prescritivas podem ser alteradas, as descritivas só podem ser
modificadas se refutadas.
As prescrições podem ser postas em causa por duas vias:
1. Contradição: colocar em causa o método subjacente
2. Contestação: os métodos podem estar corretos, mas o fim não. O método é igual,
mas o quadro de valores é diferente, isto é, a solução.

G – Abstração e modelação
Arte de modelação: escolha de variáveis, a sua manipulação, a descriminação entre
aquilo que conta como variável ou não.
A forma mais primitiva de modulação é aquela que tenta isolar uma variável, como se
os restantes dados fossem constantes. Ceteris paribus – é possível que um fenómeno
produza os seus efeitos isoladamente mantendo-se tudo o resto constante.
Modelo económico: correspondem a mini-teorias, representações simplificadas da
realidade a partir da escolha de um número limitado de variáveis. Têm uma componente
mais explicativa do comportamento humano.
Conjunto de proposições sobre comportamentos económicos e suas relações, de acordo
com hipóteses que podem conferir relevância a esse conjunto de proposições como
princípios explicativos ou preditivos subsumíveis aos traços básicos da caracterização
daqueles comportamentos. Existem dois interesses conflituantes: o realismo e a
simplificação.

H – O modelo do mercado concorrencial


O modelo a ser estudado é o modelo concorrencial. A concorrência perfeita, na
realidade não existe, mas serve como paradigma para analisar os outros modelos.
Pressupostos:
1. Existência de contrapartes com interesses divergentes mas complementares;
2. Racionalidade maximizadora egoísta – lei do menor esforço.
3. Sem necessidade de intervenção do Estado – o mercado através dos preços
assegura a sua própria estabilidade.
4. Informação perfeita e sem custos
I – Questão do egoísmo

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Def: (em termos económicos) conduta orientada pela finalidade do interesse próprio
(satisfação pessoal). A mão invisível de Smith.
II – O papel dos preços
Quanto maior é a concorrência, mais benéfica ela o será; isto é, à medida que aumenta o
número de vendedores, menos peso terá cada um na definição dos preços.
Aos vendedores é-lhes retirado o poder de mercado, ficando este na posição de recetor
do nível de preços, numa posição de price taker. Isto é especialmente benéfico para os
compradores, que são também eles price takers.
Neste modelo a escolha é determina pelo preço. É difícil conceber um mecanismo mais
eficiente e justo do que o mecanismo de preços. O mercado deve ser livre e não deve ter
qualquer interferência – laissez-faire.

I – Peculiaridades terminológicas
Custo – não se trata da noção habitual de despesas diretas, mas sim do custo de
oportunidade.
Rendimento – noção-chave e que se refere à variação da riqueza durante um
determinado intervalo  Taxa de aquisição ou perda de riqueza, a capacidade de
manter, aumentar ou diminuir a mesma através de um fluxo produtivo.

Parte II – Microeconomia
Capítulo 3 – Interdependência e trocas

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A atividade económica evidencia um grau de coordenação e de harmonia, regulando a
forma como cada um de nós contribui para um todo. As opções de cada pessoa são
livres, e no exercício das suas funções estas vão contribuindo para uma economia
comum.

A – A divisão do trabalho
No mercado dá-se a coordenação de várias atividades económicas. Existe uma
interdependência no mercado, com diversos interesses e objetivos que são alvo de
interação pelos agentes económicos. Mas esta interdependência e relações económicas
não funcionam à luz de uma confiança intersubjetiva, mas sim à luz de uma confiança
institucional. Trata-se de uma confiança que a complementaridade de interesses e
aptidões torna inevitável.
Ou seja, existe uma confiança na medida em que se comprarmos algo com defeito
temos confiança em como vamos ser recompensados de alguma forma.
Nas nossas motivações incorporamos interesses alheios; convertemos a confiança numa
troca de vantagens; satisfazemos os nossos interesses satisfazendo o dos outros. Daí a
vantagem das trocas. Por existirem diversos interesses e pessoas com diversos bens.
Tratam-se de necessidades complementares.
A informação imperfeita leva a que a racionalidade dos agentes se veja obrigada a
decidir pela colaboração, pela troca (deixando em aberto qualquer informação adicional
que venha demonstrar a desvantagem da mesma). A informação pode não ser suficiente
ou ser dispendiosa (com valores superiores às trocas). São situações onde a confiança
terá de residir. Estas trocas encontram-se motivadas por um possível ganho, com uma
probabilidade de ocorrência de uma soma positiva.
Cooperação condicional: atitude racional que aceita a interdependência e a
reciprocidade, dependendo desta a sua disposição para colaborar.

B – Vantagens Absolutas
Def: atividade que traz maior vantagem e maior rendimento ao agente.
Pode alcançar-se através da especialização – dita a posição que cada pessoa ocupa nas
trocas. É esta a vantagem que determina o que é que cada um vai produzir em excesso
relativamente às suas necessidades  Troca este excedente por bens e serviços de que
precisa mas que não produz.
A especialização e a divisão de trabalho são as fontes de maior importância nas
vantagens absolutas; o trabalho em grupo e as chamadas profissões, às quais cada um
dirige os seus esforços e aptidões.
Os ganhos das trocas podem ampliar-se até ao limite consentido pela dimensão do
mercado mas sempre com as vantagens da descentralização e da liberdade induzida pelo
balizamento dos incentivos.

C – A confiança e o equilíbrio nas trocas


As trocas trazem sempre alguma vantagem para as partes. É um jogo de soma positiva.
Contudo isso não impede que uma pessoa fique insatisfeita com uma transação.
A troca é um compromisso, e permite que a parte ganhe qualquer coisa. Para que a
mesma seja voluntária, terá sempre de ocorrer um benefício objetivo (por mais que
fique atrás daquilo que subjetivamente era esperado).
Transação: unidade básica da atividade económica e que contêm os três princípios
básicos de conflito, mutualidade e ordem. Quer isto dizer que apesar da
complementaridade e a interdependência serem alicerces da prosperidade, acabam
também por ser limites também ao livre arbítrio do agente económico

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A racionalidade nas trocas  Reclama que todos os agentes beneficiem, mas não que
sejam beneficiados no mesmo montante ou na mesma proporção.
A equivalência de resultados é de certa forma utópica, e não acontece, sendo que
caracterizar a diferença como injusta é falso.
Nas trocas é inevitável o risco. Os desejos de um conhecimento perfeito e total é
incompatível com a necessidade de ação. Eliminar o risco seria eliminar toda e qualquer
confiança. Mas é possível reduzi-lo através de sinalizações e garantias.

D – Vantagens comparativas
Def: comparando os vários agentes, tenta-se aferir qual deles será o mais eficiente para
determinada função ou; compara-se as várias vantagens absolutas e tenta-se aferir qual é
comparativamente a melhor – a escassez ditará que não pode maximizar as duas.
Nas situações em que um agente tenha mais do que uma vantagem absoluta: seria
vantajoso que perante várias vantagens conseguisse maximiza-las a todas, aumentando a
sua produtividade.
Contudo, será mais benéfico para aquele agente dividir trabalho e libertar-se das tarefas
que seja comparativamente menos apto. Este concentrar-se-á na função em que tenha
uma vantagem relativa, podendo aumentar em relação a esse serviço, a sua
produtividade.
Exemplo: caso Grã-Bretanha com a lã e o vinho.
Mas, a função na qual o agente é mais eficiente, poderá não ser em relação ao mercado
a melhor. A especialização pode ser limitada pela dimensão do mercado.
Então, na sua opção racional, o agente económico deverá fazer uma ponderação de
custos de oportunidade (será mais vantajoso os mais baixos) e de taxas de
substituição (valor da troca de especialização).

E – Fontes de vantagens comparativas


I – Dotações naturais ou herdadas
Aptidões inatas dos indivíduos (ou características naturais das nações). Há pessoas
mais dotadas naturalmente para certas funções.
Não se deverá desperdiça-las, mas demasiado ênfase poderá não ser positivo, por
antecedentes históricos, pode refletir uma conduta conformista e fatalista (acabaria por
levar a um desinteresse pelo aperfeiçoamento individual.
Um dos pilares da atividade económica é a de colocar as aptidões individuais ao serviço
de um esforço progressivo tecnológico, que por sua vez apoia o progresso de aptidões
individuais, incrementando meios e recompensas para o investimento em capital
humano, para se concentrar no dom da perfetibilidade humana.
A desigualdade das dotações naturais é uma oportunidade de partilha.
II – Dotações adquiridas
Perfetibilidade: motor decisivo da conduta.
Dotações adquiridas: conceito amplo de capital  Conjunto de meios de produção que
tiveram por sua vez que ser produzidos (o stock de recursos produtivos).
III – Capital humano e especialização
1. A melhoria das qualidades humanas, por exemplo através da educação, podem
resultar em incrementos de produtividade e de riqueza.
Mas nada seria possível sem apostas em capital de risco (como o financiamento em
inovação tecnológica, que consiste num salto de fé, em direções com grandes margens
de incerteza).
2. A especialização potencia a manifestação das capacidades produtivas:
- Porque reduz o número e a diversidade das tarefas, facilita a aprendizagem;

13
- Tende a uma estabilidade guiada por tarefas repetitivas, permite que a
habilidade aumente com custos marginais decrescentes;
- A atenção deixa de estar em aspetos rotineiros mas sim em pontos críticos, nos
quais é possível um progresso técnico ou mesmo a descoberta e a invenção.

Limites da especialização:
1. Desumanização: trabalho repetitivo que leva o indivíduo ao desinteresse e ao
desgaste.
2. As pessoas caem em hábitos rotineiros, perde a ambição e fica desgastado.
Torna-se uma máquina, um robot.
3. Dimensão do mercado: num mercado pequeno, não é possível uma
especialização grande. Ex: comida japonesa numa pequena aldeia no Alentejo.
4. Capacidades físicas (trabalho manual).

F – Divisão internacional de trabalho


Nenhum país pode esperar um grande avanço económico e manter o seu nível (ou subir)
de prosperidade se furtar-se ao comércio internacional.
As trocas entre Estados podem dizer respeito a:
1. Transação de bens e serviços: as importações permitem ao consumidor terem
acesso a uma maior variedade de bens e serviços; as exportações permitem que
os produtos nacionais tenham acesso a mercados maiores, possibilitando a
formação de excedentes.
2. Deslocações de pessoas: os emigrantes procuram condições que o mercado
nacional não lhes oferece (essencialmente o mercado de fatores); os imigrantes
procuram renumerações que não lhes são possíveis nos seus mercados de
origem.
3. Movimentos de capitais: permite que hajam investimentos, poupanças,
financiamentos que transcendem as fronteiras nacionais. Muitas das trocas
assumem um caráter multilateral. Quanto maior é a dependência, mais
probabilidade há de um efeito dominó.

G – Custos de Interdependência
Comércio: designa, numa vertente de interdependência, cooperação e coordenação, toda
a atividade produtiva, aquela que se representa em minimodelos de circulação
económica.
Os ganhos das trocas implicam agravamentos de interdependência.
Capital social: conjunto de vantagens que qualquer pessoa pode retirar da sua pertença a
uma sociedade, ainda que as vantagens dependam de uma contrapartida de obrigações e
limitações (perspetiva individualista). Do ponto de vista coletivo corresponde à
sedimentação dos nexos de interdependência colocados no alicerce da sociedade.

H – Livre-cambismo, protecionismo e interdependência


1. Especializar-se nas atividades com menores custos significa um aumento global da
eficiência. Quanto mais importa mais pode importar. Melhor será importar apenas os
bens nos quais não tem vantagens comparativas.
O comércio internacional é uma vantagem para todos os países envolvidos nas trocas
internacionais. Não se trata de um jogo de soma zero.
2. Argumentos protecionistas: a concorrência é uma ameaça aos postos de trabalho ou
aos salários nacionais; o incremento das trocas e da especialização se há-de fazer em
muitos casos com elevados custos sociais e humanos. Mas não haveria progresso

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económico se estes argumentos prevalecem-se. Todas as atitudes protecionistas que o
país prossiga devem ser ponderadas.
3. A interdependência significa perda de independência do país e isso implica custos.
Mas as trocas internacionais são também um mecanismo de manutenção e preservação
da paz, pois qualquer Estado reconhece a importância dos interesses económicos.
Todas as vicissitudes da concorrência imperfeita também se verificam no comércio
internacional.

Capítulo 4 – As forças do mercado


A – Oferta e procura
Oferta: conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado para lá entregar
um bem ou prestar um serviço, que ele avalia essencialmente em função do custo
(esforço ou custo de oportunidade que para ele representou).
Procura: conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado para satisfazer
as suas necessidades, seja por aquisição de um bem ou utilização de um serviço. O valor
que atribui a algum destes é determinado pela utilidade (aptidão de um bem para
satisfazer as suas necessidades).
Quando estes dois blocos se juntam formam o mercado.
Bem ou serviço: aquilo a que o consumidor atribui um determinado valor em função da
utilidade a que lhe confere (valor marginal que lhe atribui).
Preço: resultado do jogo entre a oferta e a procura.

B – Noção de mercado concorrencial


Mercado: interação do conjunto de vendedores e consumidores, que se relacionam pelo
interesse comum relativamente a determinado bem.
Quando olhamos para o mercado a avaliação é feita através do bem que nele é
transacionado. Há tantos mercados quantos bens, serviços ou fatores transacionados. A
cada bem ou serviço corresponde um mercado, a sua própria oferta e procura.
Para estudarmos o mercado devemos separá-los (Ceteris paribus). Contudo há situações
em que não será a melhor forma, situações em que 2 produtos ou 2 fatores estão
casualmente conexos, ex. de bens:
1. De produção conjunta: bens cuja produção de um implica necessariamente a
produção de um outro oriundo da mesma fonte. Vêm da mesma fonte produtiva
(do petróleo sai a gasolina e o gasóleo). Têm um grande grau de parentesco.
2. Complementares: bens que não podem ser utilizados isoladamente, ou seja, um
sem o outro. Têm que ser utilizados conjuntamente para a satisfação e uma
necessidades (automóvel + gasolina).
3. Sucedâneos: bens que podem ser usados alternativamente, ou seja, usar uns em
vez dos outros (manteiga e margarina; coca-cola e pepsi).
A análise conjunta permite detetar-se motivações dos agentes que passariam
desperecidos numa análise separada.
Equilíbrio Walrasiano: equilíbrio que seria alcançado num mercado hipotético com um
leiloeiro capaz de ajustar todas as licitações a um preço único, o preço de equilíbrio, o
preço geral das transações. Baseia-se na ideia de que cada bem tem um preço único.

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Um mercado desorganizado pode comportar-se como se de um mercado organizado se
tratasse.
I. Desmaterialização e comércio eletrónico
A economia moderna veio trazer a ideia de que o mercado pode ser desmaterializado.
A Internet foi também uma forma de evolução dos mercados, dando origem a muitas
sinergias e a efeitos multiplicadores.
A disseminação do comércio eletrónico e o seu impacto nos custos de transação pode ter
amplas consequências na configuração do fenómeno empresarial: cada vez menos
oneroso o recurso ao mercado. Esta promove o aumento da desigualdade económica.
Propicia a concentração dos ganhos das trocas num número progressivamente mais
reduzido de participantes.
Questiona-se a eficiência dessas redes, tendo em conta que a sua formação se faz à
margem do mecanismo do mercado.
II. Atomicidade
A multiplicidade de agentes do lado da oferta e da procura que se encontram no
mercado leva a que existam uma pluralidade de decisões, e portanto que não haja um
poder de mercado.
Os agentes de cada lado contribuem coletivamente para a formação dos preços  Price
makers. Mas não dispõem individualmente de capacidade para alterarem por eles o
preço.
É possível aferir o grau de maior ou menor atomicidade do mercado consoante aquilo
que acontece a um vendedor que tenta subir o preço:
1. Elevado grau de elasticidade: vendedor atomístico sem poder de mercado
2. Grau médio de elasticidade: algum poder de mercado
3. Baixo grau de elasticidade: falta de atomicidade, grande poder de mercado
III. Liberdade
O participante do mercado tem em princípio plena liberdade de ingressar, sair,
reingressar sempre que pretenda. Os participantes têm de ser justos nas trocas, mas não
significa que tenham de ter qualquer lealdade para com a instituição.
IV. Fluidez
Conjunto de características que permitem ao consumidor não se deixar enganar pelos
vendedores. Por exemplo, possibilidade dos mesmos conseguirem comparar preços,
permitindo-lhes aceder às vantagens da concorrência perfeita e da guerra de preços entre
vendedores, adquirindo o mesmo produto ao preço mínimo, ou em maiores quantidades.
Trata-se de assegurar a transparência das motivações dos agentes, maximizar a
eficiência, equilibrando o custo marginal da obtenção de informação.
A fluidez é composta pela combinação entre informação e racionalidade.
V. O nível concorrencial
A existência deste fator deriva da verificação dos últimos três. Numa concorrência
perfeita o mercado terá total fluidez, atomicidade e liberdade. Se algum destes não se
verificar, deixará de haver um nível de concorrência.
A concorrência perfeita parece assegurar com espontaneidade a satisfação máxima do
consumidor.

F – Fatores da oferta num mercado concorrencial


Não é só do preço que depende a atitude da oferta. Existem outros fatores (dimensão do
mercado, progresso tecnológico, custo de fatores de produção, organização do mercado,
etc.).
I. Preços

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Lei da oferta: quanto mais elevados são os preços, maior é a oferta;
quanto mais baixos, mais baixa é a oferta – correlação direta
A produção de um bem tem custos, portanto quanto mais elevado é o
seu preço, maior é a possibilidade desses custos serem cobertos pelo
total das receitas das vendas, havendo a possibilidade de obtenção de
um remanescente (excedente do produtor ou lucro).
Curva da oferta: conjunto de pontos mínimos da disposição de vender
(preço mínimo a que alguém julgará compensador produzir e vender
mais uma unidade). Conjunto de respostas dos vendedores a cada
possível preço de mercado (disposição para vender).
II. Custo dos fatores
A produção é o fruto de uma combinação de fatores, assim os custos de produção
consistem essencialmente na renumeração que esses fatores reclamam por fazer parte
desse processo.
Existe aqui uma correlação inversa que consiste ceteris paribus que o aumento dos
custos tendem a reduzir os incentivos de produção e a diminuir a oferta.
III. Rendibilidade de produções alternativas
A oferta de um determinado bem fica condicionado pelo lucro das atividades
alternativas. Se houver uma flexibilidade de afetação de recursos, pode o produtor optar
pelo mais rentável.
BENS SUCEDÂNEOS: A oferta de um bem varia consoante a oferta do seu sucedâneo:
se aumentar a oferta de um bem, diminui a oferta do seu sucedâneo.
BENS COMPLEMENTARES e BENS DE PRODUÇÃO CONJUNTA: aumentando a
oferta de um bem, aumentará a oferta do outro.
IV. Tecnologia
Os progressos na tecnologia tendem a reduzir os custos de produção.
Lei de Moore: o preço da potência computacional tende a reduzir-se a metade em cada
18 meses (atualmente reduziu-se para 12 meses).
Acrescenta-se ainda a possibilidade de criação de novos mercados e de novos hábitos de
consumo.
Pode propiciar tanto a expansão da oferta como da procura, assegurando ganhos mútuos
através do mecanismo das trocas.
V. Dimensão do produtor
O incremento da dimensão do produtor pode ser ou não possível por ele próprio, mas
também pode ser limitada pelo mercado, como pode redundar em dimensões da oferta.
VI. Objetivos do produtor
A subida de preços pode não redundar de imediato num aumento da oferta se:
1. Para aumentar a quantidade de clientes, esperando que os restantes vendedores
aumentem os seus preços;
2. Não aumentar a oferta para não revelar a sua total amplitude de resposta, para
não se tornar seu refém;
3. Estando já no limite da sua eficiência, não arriscar um aumento de produção que
se traduza num agravamento progressivo dos custos.
VII. Expectativas
Efeito de Édipo: profecias que se concretizam pelo simples facto de serem proferidas.
Antecipa o futuro mesmo que fosse hipotético. Exemplo: o facto de se prever uma baixa
de preços, faz com que os produtores tentem escoar ao máximo o stock, aumentando a
oferta, e baixando os preços.

D – Fatores da procura num mercado concorrencial

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Para além dos preços, existem outros fatores que influenciam a procura: mudança no
rendimento dos consumidores, mudança das suas preferências, nível dos preços
relacionado com os produtos em causa, dimensão da população de consumidores,
expetativas, etc.).
I. Os preços
Lei da procura: correlação inversa, a procura tende ceteris
paribus, a aumentar com a diminuição dos preços.
Mas claro, são princípios com exceções. Por motivos fúteis e
de ostentação, poderá haver aqui uma correlação direta, ou
por gostos.
O mercado livre demonstra que não há uma única quantidade
procurada, mas tantos quantos os preços possíveis.
A escala da procura representa o panorama das escolhas
possíveis para cada nível de preços dentro de um período de tempo delimitado.
II. Rendimento disponível
Para que haja procura será necessário uma capacidade de suportar os preços. A procura
individual depende do nível de rendimento. A diferença está no destino que cada
consumidor lhe dá.
1. Bens normais: aumenta o consumo com o aumento do rendimento. Ex: carne
2. Bens superiores: aumenta o consumo com o aumento do rendimento. Ex: último
iphone
3. Bens inferiores: diminui o consumo com o aumento do rendimento. Ex: vinho
genérico
III. Existência de bens sucedâneos e complementares
BENS SUCEDÂNEOS: baixa de preço de um determina o aumento da venda do outro.
BENS COMPLEMENTARES: baixa do preço de um determina a diminuição de vendas
do outro.
IV. Os gostos
A motivação real e profunda para consumir escapa à análise económica. Encontram-se
exceções à tendência da correlação inversa que podem ser atribuídos aos gostos. Trata-
se de um fator de subjetividade que é indissociável das preferências livremente
manifestadas.
V. Efeito da publicidade
A esfera de subjetividade do consumidor não está imune a influências externas, podendo
ser sobre determinado pelo poder da sugestão associada à informação que acompanha os
produtos oferecidos no mercado.
Efeito de domínio  Existe e condiciona profundamente as preferências dos
consumidores.
É a racionalidade de uma informação imperfeita e que contribui para o sucesso de uma
concorrência monopolística.
VI. Expetativas
O nível de procura depende muitas vezes das expetativas que o consumidor tem em
relação à evolução dos preços ou dos rendimentos.
Poupança: conversão do rendimento presente em consumo futuro.

E – Totais de oferta e procura


Por norma existe uma correlação inversa entre a variação dos preços e a variação da
procura (curva da procura). Para os níveis totais de procura influenciam as preferências
de todos os consumidores; ainda contribuem efeitos demográficos.

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É possível também estabelecer uma escala da oferta. A quantidade oferecida é em
função do número de vendedores que se encontram presentes no mercado. Oferta total
 Somatório daquilo que os vendedores estão dispostos a transacionar e a produzir ou
adquirir para vender no mercado.

F – O preço e a quantidade de equilíbrio


Preço: avaliação que ambas as partes fazem nas trocas dos bens e
serviços transacionados. A estabilização do preço indica às partes
que aquele é o limite máximo do incentivo para produzir e
consumir, e que uma das partes não consegue progredir para lá
desse máximo.
Cruz marshaliana: é o ponto de interseção entre as curvas da
oferta e da procura. Esse ponto é o ponto de equilíbrio – ponto de
satisfação entre consumidor e produtor.
I. Deslocação das curvas da oferta e da procura
Quando os consumidores alteram a sua escala de
preferências, a curva poderá sofrer alterações, por retração
ou expansão. Tal não acontece se os preços modificam e os
consumidores
apenas se NOTA
adaptam a estes. Variação no preço deslocações ao longo da curva
O mesmo Variação de outos fatores  deslocação da própria curva
acontece com a
curva da oferta.
II. A formação do equilíbrio
Com a interseção existe um ponto de equilíbrio, a melhor hipótese de satisfação para
ambos. Para:
1. Um preço superior: os vendedores estariam dispostos a transacionar mais bens e
serviços do que aquilo que os compradores estariam dispostos a adquirir.
2. Um preço inferior: os consumidores manifestam uma disposição para
transacionar superior aos vendedores.
Não seria possível transacionar uma quantidade:
1. Superior: visto que reclamaria uma subida de preços para incentivar um aumento
de produção, e uma diminuição de preços para incentivar um aumento de
consumo.
2. Inferior: visto que resultava numa queda de preços que desincentivava a
produção, e um aumento de preços para restringir o consumo.
Esse ponto de equilíbrio é um ponto de estabilidade. É o máximo de satisfação
combinada. O mecanismo dos preços faz o mercado chegar a um ponto em que nada se
conseguiria fazer de mais eficiente.
Situação de equilíbrio: situação na qual não existem razões para mudar os resultados das
trocas.
Equilíbrio: ponto a que necessariamente se regressa por ser o único no qual não se
manifestam impulsos noutras direções. Tendem a ser temporários todos os excedentes e
carências geradas no mercado.
III. Deslocação do ponto de equilíbrio
O preço de equilíbrio passa a estar sujeito a pressões quando a deslocação de ambas as
curvas para um novo ponto de equilíbrio para os quais os anteriores pontos são
empurrados. Existem duas possíveis situações em que ambas as curvas se deslocam:

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1. Sentidos opostos: certeza de que os preços subirão, com a dúvida do que
sucederá com as quantidades transacionadas (com o volume dos negócios).
2. No mesmo sentido: as certezas incidem sobre as quantidades transacionadas
(aumentam se as curvas expandirem e diminuem se as curvas contraírem). As
dúvidas recaem sobre o nível de preços que equilibrará essas transações.

G – A afetação de recursos através dos preços


Funcionamento do mercado: forma espontânea de nos comportamos quando nos é
confiada a solução dos nossos problemas económicos.
Oferta: todo o universo de aqueles atos singulares com que recorrendo a bens ou
aptidões nossos, contribuímos para a satisfação de necessidades alheias – tornamo-nos
úteis
Procura: conjunto de contributos para a satisfação das nossas necessidades que podemos
retirar de bens ou aptidões alheias - utilizamos
Oferta e procura: relações intersubjetivas por meio das quais os bens e serviços são
encaminhados para quem lhes atribui maior utilidade. Melhor forma de lidarmos com a
escassez.
I. O valor da troca
O mecanismo da oferta e da procura é inequívoco quando trata do:
1. Valor de troca de um bem  Interceção das escalas da oferta e da procura
2. Valor de uso  Sobreposição de um juízo subjetivo de mérito, de uma
apreciação relativa a uma possível característica intrínseca ou invariável dos
bens ou serviços) PARADOXO DO VALOR - Adam Smith
Valor: atribuição subjetiva de contornos mais ou menos nebulosos e arbitrários
Preço: resultado objetivo de um jogo de forças no mercado.
II. Desequilíbrio e reequilíbrio
Efeito King: um bom ano agrícola pode significar a ruína dos agricultores, tal como um
mau ano pode converter-se num sucesso para os mesmos.
Isto deve-se essencialmente à inelasticidade da procura de certos produtos agrícolas.
A queda dos preços em anos abundantes e a redistribuição da riqueza em anos maus
tornam evidente a utilização de medidas de intervenção do Estado, medidas que se
dividem em constituição de reservas e estabilização direta dos preços:
1. Estabelecimento de quotas de produção para cada produtor;
2. Estabelecimento de preços mínimos acima do preço de equilíbrio e comprando
os excedentes de produção daí para cima produzidos.
Regente: isto torna justificável o recurso a estas medidas com maior ou menor
intervenção do Estado.
III. Convergência e divergência
É inevitável um desfasamento temporal entre a solicitação do mercado e a resposta dos
intervenientes e que pode influenciar o ajustamento da oferta à procura, com flutuações
de preços.
O diagrama da teia de aranha dinâmica representa a evolução temporal do estímulo –
representado pelos preços - e resposta – espelhada pela oferta.
Partindo-se de um ponto de desequilíbrio, por deslocações de uma das curvas, tenta-se
entender como se combate este rombo (ex.: situação em que o preço aumentou ficando
acima do PE):
1. Incentivados pelo preço elevado, os produtores aumentam a oferta;
2. Desce a procura, o aumento de produção não será escoado, os preços descem;
3. Com a descida de preço, os produtores restringem a sua produção;
4. Esta restrição fará com que os preços aumentem;

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5. Incentivados pela subida de preços, os produtores aumentam a oferta.
Nesta evolução espiral dinâmica, existem dois desfechos:
1. Convergência: Oferta com menor elasticidade; cada novo lance provocará
maior subida de preços do que de quantidades oferecidas, facilitando um volume
equilibrado de transações. Em cada lance é menor o desfasamento entre
quantidade oferecida e quantidade procurada. Oscilações diminuem.
2. Divergência: Oferta com maior elasticidade; as oscilações das quantidades
transacionadas serão maiores do a dos preços. O desfasamento entre as
quantidades oferecidas e procuradas é cada vez maior. As oscilações de preços
espelham a brecha e ampliam-na. Oscilações explodem

Convergência
Divergência

Estas hipóteses divergentes só não serão mais frequentes pois a oferta evitará cair nesta
armadilha, através das previsões das evolução do mercado, libertando-se da posição de
recetor passivo e desatento das oscilações do mercado, podendo constituir reservas,
stocks para que as respostas sejam mais rápidas.
Para além disso, o progresso tecnológico permite-lhes essa fuga.

H – Especialização e destabilização através da especulação


Limites à especulação: concorrência e limite temporal da oportunidade.
A especulação depende da forma como os agentes económicos reagem perante a
variação dos preços e pode ter dois efeitos:
1. Efeito estabilizador: a uma subida de preços segue-se uma reação dominada pela
expectativa de que os preços irão baixar, reação que acaba por ter as
consequências previstas.
Preços baixam: se há a convicção de que é temporário, a oferta restringe-se e a procura
expande-se, determinando uma nova subida (estabilizadora) de preços.
Preços sobem: se há a convicção de que é temporário, a oferta expande-se e a procura
restringe-se, determinando uma nova descida (estabilizadora) de preços.
2. Efeito desestabilizador: casos de ampliação das oscilações dos preços, situações
em que uma primeira subida de preços seja um prenúncio de que irão haver
posteriormente subidas mais graves, o que leva ao aumento do consumo com
medo que os preços voltem a subir o que tende a intensificar e a antecipar as
subidas de preços.
Preços baixam: se há a convicção de que irão descer mais, a oferta aumenta e a procura
diminui, determinando um agravamento (desestabilizadora) da descida dos preços.
Preços sobem: se há a convicção de que haverá uma subida ainda maior, a oferta retrai-
se e a procura intensifica-se, acentuando a tendência uma nova subida
(desestabilizadora) de preços.
Viscosidade dos preços: demora na verificação da sua variação na resposta a estímulos.
I. Princípio de Hotelling

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O preço dos recursos naturais não-renováveis tende a variar proporcionalmente à taxa
de juro real. O preço do valor presente não é mais do que o valor presente esperado para
esses recursos em períodos subsequentes, sendo o preço presente inteiramente
dominado por esse propósito especulativo.
Para Hotelling o constante aumento do preço levaria ao abandono dos recursos naturais,
antes mesmo de se esgotarem, levando à sua substituição por sucedâneos (refutado por
Julian Simon).
Este princípio desconsidera os progressos económicos que poderiam levar à sua
manutenção e eventual descida de preços dos recursos a longo prazo, facto que acabou
por ser verificar.
Contra esta teoria são apresentados argumentos, menos ambientalistas, mas a favor do
mercado, como um mecanismo espontâneo entregue a si mesmo e que conseguem
alcançar melhorias muito significativas naqueles valores ambientais, incorporando
meios de travagem.

I – A elasticidade da procura
Def: amplitude da reação dos agentes económicos à alteração de condições
fundamentais da sua atividade (variações do mercado e resultantes flutuações do preço
dos produtos ou do rendimento)
Elasticidade preço-procura: sensibilidade das reações dos consumidores às alterações
dos preços; medida percentual que se refere à amplitude das variações de quantidades
procuradas que acompanham as variações dos preços.
Esta sensibilidade depende de vários fatores:
3. Efeito de rendimento: A sensibilidade tende a aumentar se as limitações
orçamentais do sujeito estão a ser atingidas. O efeito de rendimento será tanto
mais decisivo quando maior for a parcela orçamental reservada para a despesa
com o bem cujo preço subiu.
4. Efeito de substituição: A elasticidade tende a aumentar se o consumidor dispuser
de alternativas. O mesmo pode fugir do aumento do preço de um bem utilizado
outro.
5. Essencialidade das necessidades: A elasticidade tende a ser reduzida para bens
de primeira necessidade, e tende a aumentar nas áreas de satisfação secundária.
6. Perspetiva temporal: A passagem do tempo faz aumentar a elasticidade porque
dá ao consumidor mais oportunidades de reação, permitindo-lhe aferir novas
fugas.
I. Cálculo da elasticidade
>1=∆ Qts P elástica
Procura =EPP
1 = ∆Elasticidade
Pre ç o unitária
< 1 = Procura rígida
0 = Rigidez absoluta
Inelasticidade absoluta 0 A quantidade procurada não varia com os preços
Inelasticidade [0, 1 ] O aumento do preço leva a uma diminuição menos que
proporcional das quantidades procuradas
Elasticidade unitária 1 O aumento do preço leva a uma diminuição proporcional das
quantidades procuradas
Elasticidade [1, ∞ ] O aumento do preço leva a uma diminuição mais que
proporcional das quantidades procuradas
Elasticidade perfeita ∞ O aumento do preço leva ao desaparecimento da procura

II. Elasticidade-preço e elasticidade-rendimento

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Elasticidade-rendimento: sensibilidade dos padrões de consumo às variações do
rendimento disponível do consumidor. O consumo tende a aumentar à medida que
cresce o poder de compra do consumidor.
∆ Rendimento
=ER
∆ Qts P
Bens superiores > 1 O aumento da procura é mais que proporcional ao aumento do
rendimento, e vice-versa
Bens normais [0, 1 ] O aumento da procura é proporcional, menos que proporcional, ou
indiferente ao aumento do preço
Bens inferiores < 0 O aumento da procura resulta de uma diminuição do rendimento.

III. Elasticidade-cruzada
Percebemos se um bem é complementar ou sucedâneo de outro e em que intensidade
através da elasticidade cruzada (da procura). É um conceito de maior importância para
a definição daquilo que constitui um mercado.
∆ Quantidades do bem A
EC=
∆ Pre ç o do bem B
Bens < 0 A quantidade procurada de um bem diminui se o preço do outro
complementares bem aumenta, e vice-versa
Bens = 0 A quantidade procurada de um bem não varia em função das
independentes variações de preço do outro
Sucedâneos [0, ∞ ] A quantidade procurada de um bem aumenta quando o preço do
imperfeitos outro bem aumenta, e vice-versa
Sucedâneos ∞ A diminuição do preço de um bem leva ao desaparecimento da
perfeitos procura do outro bem.

J – Elasticidade da oferta
Existe uma correlação direta entre movimento da oferta e o movimento dos preços. Há
situações em que a oferta não pode deixar de ser pouco elástica, exemplo:
1. Se a raridade do bem é inultrapassável;
2. Se há recursos fixos ou não renováveis
Fatores que fazem aumentar a elasticidade da oferta:
1. O condicionamento temporal, aumentando visivelmente com a passagem do
tempo.
2. A produção: se para a produção de um bem são utilizados recursos universais e
fungíveis, aplicáveis numa grande diversidade de empregos, é de se esperar
maior elasticidade.
Fatores que fazem diminuir a elasticidade da oferta:
1. Diminui à medida que nos aproximamos do limite da capacidade produtiva da
empresa, na medida em que quantos mais recursos estiverem empregados mais
difícil se torna encontrar reservas disponíveis para dar resposta às solicitações do
mercado.
2. O efeito rendimento, pode até conduzir a uma elasticidade negativa.
I. Forma de cálculo
∆ Quantidades oferecidas
EPO=
∆ Pre ç o
Inelasticidade absoluta = 0 A quantidade oferecida não varia com os preços
Inelasticidade [0, 1 ] O aumento do preço leva a um aumento menos que
proporcional das quantidades oferecidas, e vice-versa

23
Elasticidade unitária =1 O aumento do preço leva a um aumento proporcional das
quantidades oferecidas, e vice-versa
Elasticidade [1, ∞ ] O aumento do preço leva a um aumento mais que
proporcional das quantidades oferecidas, e vice-versa
Elasticidade perfeita ∞ O aumento do preço leva ao surgimento ou expansão infinita
da oferta; a diminuição do preço leva ao desaparecimento da
oferta

A passagem do tempo tende a aumentar a elasticidade na oferta como na procura. Assim


dizemos que dir-se-á que as deslocações de ambas as curvas, a curto prazo, tenderão a
rer um impacto maior nos preços do que nas quantidades transacionadas, que a longo
prazo, se converterá num impacto maior sobre as quantidades transacionadas do que
sobre os preços.

K – Elasticidade e poder de mercado


A intensidade com que qualquer um dos lados, oferta ou procura, reage às variações de
preços determina por sua vez o peso que cada uma tem na conformação, em seu próprio
benefício, da deslocação do PE – por vezes o avanço tecnológico permite a diminuição
do valor da produção, mas por sua vez faz o PE deslocar-se para um novo ponto no qual
os preços estão mais baixos.

I – Inelasticidade e dependência
Políticas:
1. Repressivas: levam à restrição direta da oferta de bens e serviços para os quais a
procura é inelástica significa que uma quebra da quantidade implica subidas
mais do que proporcionais do PE, o que beneficiará os vendedores, para os quais
a quebra de vendas é mais do que compensada com a subida de preços  Casos
de inelasticidade
Quando há elasticidade a repressão constitui a favor da oferta através de um incentivo
económico.
2. Educativas: procuram aumentar a elasticidade da procura através de informação
(p.ex. contra os riscos de excesso de consumo), ou fornecendo vias sucedâneas
que despertem o efeito de substituição.
Com o aumento da elasticidade gera-se a possibilidade de alterar a escala para um PE
com quantidades e preços mais baixos.

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Capítulo V – A intervenção do Estado no mercado
O Estado intervém no mercado essencialmente para retificar o mecanismo da oferta e da
procura, quando estes são tidos por injustiça nos resultados ou ineficiência no
funcionamento. A intervenção estatal acaba por intervir na espontaneidade do mercado.

A – Interferências na lei da oferta e da procura


Mão invisível  Gera equilíbrios espontâneos no mercado com efeitos maximizadores
e optimizadores.
A regulação dos preços tem levado à ocorrência de alguns destes fenómenos:
3. Carência dos bens cujos preços foram tabelados abaixo do PE;
4. Surgimento de um mercado negro, com um preço mais elevado;
5. Formação de um intervalo especulativo de disparidade entre o preço de
equilíbrio sem regulação e com regulação;
6. Os recursos não chegam aos destinatários previstos por causa desses intermédios
especuladores;
7. …

B – Controlo dos preços


O estado pode ceder aos consumidores estabelecendo preços máximos abaixo do PE.
Ou pode ceder aos consumidores, estabelecendo preços mínimos acima do PE.
I. A vida dos preços máximos
O preço máximo eficaz é uma barreira para que o preço não suba até ao equilíbrio da
oferta e da procura. Perante um desequilíbrio e a pressão para subir, o mercado
esbarrará com este limite e o preço de mercado será inevitavelmente esse preço de
mercado.
Gera uma grande procura mas diminui a oferta.
Pode haver outras formas de racionamento pelos produtores. Aqueles que são excluídos
dessas formas (que não pelos preços), não ficam numa situação de escassez, mas sim de
carência absoluta.
II. A vida dos preços mínimos
As forças da oferta e da procura ficam impedidas de fazer o preço diminuir. Neste caso
no preço que se estabelece verifica-se um excedente, um excesso de oferta em relação à
procura.
Existem vendedores que não conseguem vender acabando por serem expulsos do
mercado.

25
Esta medida prejudica os consumidores, que não podem ver o preço baixar, e alguns
produtores em benefício de outros.
Os preços só voltam a equilibrar com uma descida, à qual a maioria dos vendedores não
se opõe pela sua disposição de vender, e por terem necessidade de escoar os bens
produzidos.

C – Reação do mercado negro


Nas situações em que existem duas pessoas (A e B) que queiram comprar x, o produtor
irá vender a uma delas, e a outra entrará em carência. Mas é um ato voluntário do
produtor.
Nas influências do mercado existe mais consumidores mas menos produtos. Isto abre
portas:
1. À venda por preços clandestinos;
2. O estado promove uma expansão da oferta
3. Ou forma-se um mercado negro, com preços superiores

D – O caso do congelamento de rendas


A curto prazo a oferta e a procura de arrendamento são muito rígidas. Assim a
imposição de um preço máximo não altera grande coisa.
Mas a elasticidade tende a aumentar ao longo do tempo, levando a um progressivo
desfasamento entre a oferta e a procura. Com este congelamento numa situação de
maior elasticidade, passa-se para uma carência muito pronunciada.

E – O caso dos salários mínimos


Exemplo de estabelecimento de preços mínimos. O salário é um preço no mercado de
fatores, e o salário mínimo é o limite que se entende lícito pagar em contrapartida pelo
trabalho.
Este estabelecimento pode levar a um excesso de oferta sobre a procura (desemprego).
Esta ideia é contudo um ponto médio para evitar extremos de desemprego e pobreza e
extremos de degradação das condições económicas da renumeração dos já empregados.
Mas as suas consequências são visíveis, provocando desfasamentos quantitativos no
trabalho:
1. No mercado de operários não qualificados, onde surgem trabalhos clandestinos,
com renumerações ao nível do equilíbrio;
2. Na busca do 1º emprego, com a falta de capital humano, os salários tendem a ser
em níveis muito baixos.
O estabelecimento de preços mínimos superior ao PE num setor produtivo tende a gerar
uma ineficiência adicional.

F – O fenómeno da repercussão dos impostos


Outra forma de intervenção é o lançamento de impostos sobre as transações,
constituindo um acréscimo dos custos para as partes envolvidas nas trocas.
Objetivo: proporcionar receitas para as entidades públicas. É com os impostos indiretos
que se verifica o maior impacto na atitude dos vendedores e consumidores.
Consequências:
1. Se o imposto é suportado só pelo consumidor, a curva da procura contrai-se.
Existe um menor incentivo para a compra a cada nível de preços.
2. Se o imposto é suportado pelos vendedores, a curva da oferta contrai-se. Existe
um menor incentivo para a venda a cada nível de preços.

26
O imposto nunca recai em exclusivo para uma das partes devido à elasticidade presente.
Se são os compradores os devedores do imposto, só em casos de rigidez perfeita da
procura é que a deslocação da escala da procura se contrai encontrando a escala da
oferta num novo PE. Se não há quebra de quantidades mas também de preços –
contração do mercado.
Repercussão: dada a elasticidade da procura os compradores conseguem repercutir nos
vendedores um pouco desta carga. Numa elasticidade infinita, a repercussão seria total,
e os vendedores suportariam na íntegra o imposto.
Existem aqui várias hipóteses:
1. EO > EP  Retração geral do mercado cria mais impacto do lado da procura.
2. EO < EP  Retração geral do mercado cria mais impacto do lado da oferta.
3. EO = EP  A repartição do imposto será igualitária
Imposto direto  Incidem sobre o rendimento pessoal. Aquilo que o trabalhador deve
suportar será mais ou menos repercutido para o seu empregador, em função da
elasticidade de cada um. O imposto gera uma clivagem entre aquilo que é pago e aquilo
que o trabalhador recebe  Líquido de imposto.

Capítulo 6 – A procura em mercados concorrências


A – Utilidade, revelação da preferência e análise de bem-estar
Utilidade: aptidão para satisfazer necessidades atribuídas a um bem ou serviço.
Crítica: é pouco objetivo
Teoria das preferências reveladas: Paul Samuelson propõe que a utilidade deve ser
complementada por uma ideia de preferências reveladas. Para ser mais objetivo, a
economia concentra-se na disposição para pagar do agente, padrão para avaliar
preferências. Através da disposição para pagar tenta-se aferir o ganho das trocas, e a
utilidade de um bem.
Disposição de pagar: limite do sacrifício monetário de que uma pessoa era capaz para
obter um produto. Acima desse valor o agente não o adquire. Mas este é um conceito
com limitações:
1. Esta pode não refletir exatamente o encadeamento psicológico que domina a
escola do consumidor;
2. O consumidor não tem sempre preferências bem definidas;
3. Os consumidores não têm uma informação perfeita;
4. Não existe no consumidor real uma disposição de pagar estável;
5. A disposição de pagar pouco nos indica nos casos em que a única informação do
consumidor é o preço do bem.
Nas trocas, quando as partes atingem um PE, elas não estão a maximizar as suas
necessidades, e raramente saem do mercado totalmente satisfeitos. Mas não será
possível conciliar a promoção da eficiência com a promoção do bem-estar das partes
envolvidas? Teremos que começar por especificar quais os benefícios particulares que
as partes retiram das trocas, pois trata-se aqui da maximização coletiva desses
benefícios, como veículos de bem-estar.

27
B – A curva da procura e a disposição de pagar
Um potencial comprador só irá consumar a troca se:
1. O sacrifício dos bens que leva à troca é mais do que compensado pelos bens que
adquire.
2. Esse sacrifício fica aquém daquele que estaria disposto a fazer para ter acesso ao
bem.
O comprador está disposto a ir até ao preço máximo a partir do qual os custos de
oportunidade já serão superiores aos benefícios que advém da aquisição do bem.
Excedente do consumidor: diferença entre o máximo que o comprador estaria disposto
a pagar e aquilo que efetivamente pagou – montante
líquido que representa o acréscimo de bem-estar que o
comprador obtém através das trocas. É representada
pela lei da procura.
Cuva descendente da procura: o consumidor retirou
uma maior satisfação das doses anteriores do que
aquela que retira da dose marginal (estaria mais
disposto a pagar pelas anteriores) – o que significa que
há excedente.
A curva da procura é a expressão da tendência evolutiva do benefício marginal, ou da
correspondente disposição de pagar. Para cada variação de quantidade de um produto,
sabe-se qual o custo marginal que o consumidor está
disposto a suportar.
Disposição para vender: é o preço mínimo que um
produtor está disposto a exigir pela venda de um
produto, ou seja, é o valor mínimo que justifica a
produção (custo de produção) e a venda (maior ou
menor lucro). É representado pela curva da oferta:
Excedente do produtor: (lucro) é a diferença entre o
preço pago e a disposição de vender. Quanto mais
elevado o excedente, maior será o seu lucro e maior
será o seu bem-estar.
II. Maximização e Leis de Gossen
Ceteris paribus sempre que os preços descem a procura aumenta, o que se traduz num
aumento do bem-estar:
1. Aumenta a área do excedente do consumidor
2. Aumenta o número de consumidores marginais, cuja disposição de pagar era
inferior ao anterior nível de preço, registando eles também um excedente do
consumidor.
Benefício marginal: máximo montante de produtos de que um consumidor está disposto
a prescindir para obter mais essa unidade de um qualquer produto, ao máximo custo de
oportunidade que esteja disposto a suportar.
Sobre isto acrescentamos três ideias:
1. Quanto mais unidades o consumidor dispõe, menos disposto está para prescindir
os demais, se todos são necessários ao seu bem-estar;
2. Quando o custo marginal é superior ao benefício marginal, deixa de haver
disposição de pagar por mais uma unidade.
3. Quando o benefício e o custo marginal se igualam, verifica-se um uso eficiente
dos recursos.
Escolhas do consumidor: irá escolher os produtos que consoante o seu rendimento e os
preços, maximize a utilidade total. Estará maximizada quando todo o seu rendimento

28
disponível estiver gasto e quando a utilidade marginal de cada unidade de rendimento
gasto for igual para todos os produtos  A utilidade marginal é dada por:
utilidade da útlima unidade consumida de A
Utilidade marginal=
preco de A
Lei de Gossen (Herman Gossen)
Primeira lei de Gossen: a utilidade de cada nova dose de um
bem tende a ser menor do que a
utilidade de doses anteriormente
aplicadas na satisfação das
necessidades (OU) a intensidade
das necessidades decresce à
medida que vão sendo fabricadas
doses excessivas do mesmo bem
até se alcançar o ponto de
saciedade (utilidade marginal
decrescente).

Segunda lei de Gossen: obtém-se a maximização da satisfação individual e do bem-estar


geral quando a utilidade marginal está perfeitamente nivelada, ou seja, não há nenhuma
necessidade a exigir prioridade. Trata-se da lei da equimarginalidade, caso em que a
utilidade do último euro é igual para todos os bens.
Já em 1738 Daniel Bernoulli tinha formulado um princípio no qual parte da observação
de que os jogadores tendem a atribuir mais valor às perdas potenciais do que aos
ganhos; ou seja, dão mais valor ao que têm do que àquilo que podem ganhar.
Eficiência do consumidor: quando tiver usado todo o seu rendimento disponível e
alcançar o limite da sua fronteira de possibilidades orçamentais  O benefício marginal
que retira das suas opções há-de ser o preço máximo que está disposto a pagar pelos
produtos pelos quais opta. A sua curva da procura irá ser a representação exata da
quantidade procurada a cada preço (a utilidade de cada euro gasto é igual para todos os
produtos).

F – Eficiência e bem-estar total


Bem-estar geral: é um excedente total = excedente do consumidor + excedente do
produtor
Excedente total: valor agregado de duas diferenças  A diferença entre disposição de
pagar e aquilo que os consumidores; e
a diferença entre aquilo que os Valor: o que o consumidor está disposto a
vendedores recebem e a sua pagar
disposição para vender. Preço: o que o consumidor efetivamente paga
ET = (valor-preço)c + (preço-custo)v
O marcado será eficiente promover uma afetação de recursos que maximize o excedente
total. E ainda:
1. Se permitir que a venda dos produtos se concentre nos vendedores com maior
disposição de vender, e a compra no lado dos consumidores com maior
disposição para pagar;

29
2. Se não se verificar, que permita que a venda dos bens se
desloque para os produtores mais eficientes e que a compra
se desloque para os consumidores com maior disposição para
pagar.
Só existem trocas voluntárias quando as partes
têm esperança de ganhos.
A eficiência será alcançada quando não se
puder produzir mais de um bem sem sacrificar a
produção dos outros.
Bem-estar: será tanto maior quanto maior for
a eficiência do mercado. Essa análise é
essencialmente quantitativa.

G – Eficiência de Pareto (ótimo de Pareto)


Def: estado de eficiência máxima da economia, grau máximo de bem-estar total
(somatório de todos os excedentes dos consumidores e produtores). A partir desta
condição, não será possível aumentar o bem-estar de alguém sem sacrificar o bem-estar
de outrem.
A ótima de Pareto implica a verificação de 3 requisitos:
1. Eficiência nas trocas: não é possível aumentar o bem-estar total através da
continuação das trocas. Os produtos foram para as mãos de quem tinha mais
disposição.
2. Eficiência na produção: A economia encontra-se no seu limite máximo de
produção. Não é possível produzir mais de um bem sem produzir menos de
outro.
3. Eficiência na criação da combinação de produtos: há uma correspondência
das preferências dos consumidores com os produtores.
A principal relevância de analisar o bem-estar coletivo reside na possibilidade de
fornecer critérios mínimos de decisão coletiva.

H – Perdas de bem-estar resultante dos impostos (deadweight loss)


Impostos: impacto negativo no bem-estar (perda de bem-estar para o credor)
Diminuição do rendimento daquele que está sujeito a pagá-lo, com perda de bem-estar.
Preço: limita o plano dos consumidores e dos produtores, que pagam mais e recebem
menos.
Quantidade: o volume das transações de equilíbrio e aquilo que realmente se verifica
corresponde a uma retração absoluta do mercado, por influência
do imposto.
Rendimento do Estado (imposto indireto) = taxa imposto x
quantidade unidade tributada
Este imposto é correspondente à perda de excedente que se
verifica em cada transação tributada. Não se verifica aqui uma
perda de eficiência, mas antes uma transferência do bem-estar.
As transações diminuem com os impostos, mas o imposto não gera
uma receita correspondente à perda de excedente total que ele
provoca. Isto porque, não havendo transações, não há imposto.
Não se trata de uma transferência de bem-estar, mas antes duma
perda absoluta do bem-estar.
Problema do imposto: o número de quantidades transacionadas é
inferior ao número de transações que ocorreriam sem imposto – retração do mercado.

30
Este efeito desincentivador faz com que seja impossível ao Estado colocar a economia
nacional num nível de eficiência e bem-estar equiparado ao existente antes do imposto,
a não ser que coloque os impostos apenas em mercados com pura rigidez.
Mas, podemos prosseguir a uma modelação do imposto:
1. A perda de bem estar será tanto maior quanto maior for a elasticidade-preço de
qualquer uma das partes.
Para minimizar impacto dos impostos no bem-estar, o Estado deve procurar concentrar a
carga tributária nos mercados cuja procura e a oferta têm maior dificuldade em retrair-se
(ex.: tabaco).
MAS, a justiça entra e colocar uma maior carga tributária em produtos inelásticos é
colocar também maior carga em produtos de 1ª necessidade, o que seria demasiado
penoso para os mais pobres.
Quando o Estado aumenta muito o imposto, as transações baixam, e o Estado diminui a
receita. Na verdade, existe um PE que fica aquém da perda de bem-estar e no qual a
receita pode aumentar:
Curva de Laffer
A taxa do imposto pode condicionar negativamente a receita
tributária.
Se uma taxa de imposto estiver a 100% ninguém irá trabalhar, e
a receita do Estado é 0. Se aumentarem pouco a taxa, a receita
irá aumentar.
O gráfico dará qualquer coisa como:
Existe um ponto no qual o aumento da taxa faz diminuir a
receita do Estado. A professora Romer e o marido chegaram à
conclusão que seria a partir dos 33%. Com isto veio surgir:
Supply-side economics
O essencial das economias macroeconómicas deve-se concentrar na criação de
condições de aumento de produtividade. Para isso os custos de produção deviam baixar
e devia-se investir em capitais. Com isto, no lado da oferta os preços baixam, os
negócios crescem, haverá maior empregabilidade. Assim as taxas marginais de imposto
poderiam baixar, e a regulamentação do Estado também.

I – Teoria do consumidor
I. Restrições orçamentais
O horizonte de oportunidade é definido pelas possibilidades de aquisição de bens e
serviços que lhe são facultados pelo seu rendimento disponível.
É possível aumentar o rendimento disponível através de poupanças e do investimento
(recurso ao crédito ou intensificação da sua participação no mercado de fatores).
Um determinado rendimento disponível permite uma certa combinação de produtos
dentro de um limite orçamental. As combinações de bens traduzem-se numa correlação
inversa.
Restrição orçamental: tudo o que se pode comprar com um determinado rendimento
disponível – limite absoluto da sua disposição para pagar.

31
II. Preferências e curvas de indiferença
Curvas de indiferença: aquilo que o consumidor deseja fazer, o modo como as suas
preferências se distribuem pelos produtos.
A maior ou menor escassez determinará uma sensível variação na taxa marginal de
substituição – disposição do consumidor que irá trocar uma
unidade de um bem por uma ou mais de outro bem.
unidadestrocas de A
Taxamarginal de substitui çã o=
unidades de B
As unidades de B foram obtidas na troca com A. A taxa
marginal diminui com o aumento de consumo de B.
Características das curvas de indiferença:
2. O consumidor prefere curvas mais elevadas que unem combinações mais
volumosas de bens e lhes proporcionam maior utilidade;
3. A curva tem uma inclinação negativa, o que reflete a TMS;
4. As curvas de indiferença não se cruzam
5. A indiferença é uma curva pois a TMS pode variar ao longo das combinações.
1. Bens complementares: curva mais inclinada
2. Bens sucedâneos: mais deitada será a curva
O consumidor como price-taker escolhe pela seleção da quantidade ótima dos bens, a
quantidade que lhe assegure que a TMS coincida com o preço relativo.
Se o preço relativo espelha a TMS (do consumidor) e a utilidade marginal (do mercado),
então a avaliação do mercado e do consumidor coincidem.
III. Efeitos de rendimento e de substituição
A diminuição do preço de um produto e o consequentemente aumento do poder de
compra, há-de levar o consumidor a consumir mais, contudo irá também dar ênfase às
preferências do consumidor - se calhar prefere comprar mais de um bem e menos de
outro, sem que se dê efetivamente um aumento proporcional do consumo dos dois bens.
Efeito de rendimento: a diminuição do preço de um bem aumento o poder de compra
em relação a todos os bens.
Efeito de substituição: a preferência do consumidor por um bem foi parcialmente
substituída pela preferência por outro bem, dada a nova relação do preço.
Bens de Giffen: bens cujas curvas da procura seriam ascendentes, respondendo com
aumentos de procura a aumentos de preço. Situações em que o aumento do preço de um
bem inferior provoca um efeito de rendimento superior ao efeito de substituição.
Têm de ser sempre bens inferiores. O ponto de viragem ocorre quando o nosso
rendimento já não chega para acompanhar o aumento do preço, e teremos de comprar
em menos quantidades.

J – Escolha do nível de trabalho


Lazer: todo o tempo que, estando disponível para a prestação do trabalho renumerado,
não é aproveitado para esse efeito, sendo desviado para outras atividades não-
renumeradas, incluindo trabalho gratuito.
A reta do rendimento é o conjunto de combinações possíveis de consumo e de lazer que
são permitidas pelas horas de trabalho e pela renumeração à hora.
Se a renumeração à hora aumentar, existem duas possibilidades:
1. O aumento da hora de trabalho aumenta o custo de oportunidade de lazer, pelo
que prevalece o efeito de substituição (lazer por horas de trabalho) – trabalha
mais

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2. A expansão da reta de rendimento significa que o agente irá ganhar mais, e que
consegue consumir mais por menos horas de trabalho, efeito de rendimento –
trabalha menos
Isto torna difícil a formulação de previsões.
Mas é importante para a política orçamental: se a curva da oferta tiver uma inclinação
negativa, porque prevalece o efeito de rendimento, é possível que o agravamento fiscal
aumente o volume de trabalho (reduz o rendimento disponível dos trabalhadores,
trabalham mais). O contrário pode não se verificar.

K – A escolha do nível de poupança


Aquele que poupa tendo em vista a reforma depara-se com o consumo do presente e
com o do futuro. O preço do consumo do presente face ao consumo do futuro é o
resultado de:
1. Uma taxa de desconto: leva no presente a desvalorizar o futuro;
2. Uma taxa de juro: renumerando a poupança, talvez elimine a desvalorização.
I. Taxa de desconto
Utilidade descontada: exprime o facto de darmos menos peso às consequências futuras
das nossas decisões, e de as consideramos tanto menos quanto mais distantes.
A taxa de desconto é uma incerteza, pelo que aumenta a preferência pelo presente.
Desconto hiperbólico: taxa decrescente de preferência que aponta para o declínio da
impaciência, uma impaciência máxima no curto prazo e que esbate, como que alcançado
uma indiferença.
Se existir uma renumeração para a poupança que ultrapasse a taxa de desconto, o agente
sacrifica o presente para consumir mais no futuro.
II. Hipótese do rendimento permanente
A decisão de poupar ou de consumir é presidida por critérios que abarcam a ponderação
da totalidade da perspetiva de vida do agente, e que visam normalizar os padrões de
consumo ao longo desta.
Esta hipótese foi teorizada por Milton Friedman e diz que: o consumo seria
determinado, não pelo rendimento disponível, mas sim pela riqueza individual.
Rendimento permanente: o consumo e a poupança podem ser determinados pelo valor
esperado do total de recursos disponíveis no total do ciclo de vida individual. Se isto for
válido, a poupança é uma expressão de simples preferência. A ideia ótima, de
consumidores mais ou menos impacientes, era a de nivelar o consumo ao longo de todo
o ciclo de vida.
Efeito de riqueza (Franco Modigliani): o nível de consumo e poupança, depende da
relação entre o rendimento presente e as expetativas de rendimento ao longo da vida do
titular do rendimento.
Contudo, o envelhecimento populacional tem vindo a demonstrar um declínio da
poupança. Essa poupança é certo que depende da incidência de impostos tal como
depende da maior ou menor generalização do crédito ao consumo.

33
Capítulo 7 – O investimento e a oferta em mercados
concorrenciais
A – Os custos do produtor sem poder de mercado
A disposição de vender, é do lado da oferta, essencialmente função dos custos que a
produção comporta.
O objetivo do produtor é obter uma receita, um rendimento total que supere o custo
total, para que beneficie da diferença entre estes dois valores (lucro):
1. Rendimento total: somatório de todas as vendas alcançadas pelo vendedor
2. Custo total: somatório de todas as despesas em que o vendedor incorreu para que
os bens vendidos fossem produzidos e chegassem ao mercado
Nr total de unidades produzidas x custo de cada unidade

B – Custos implícitos, lucro económico e lucro contabilístico


Custo total: engloba apenas os custos explícitos
Custo explícito: despesas contabilizáveis para com todos os custos de aquisição
de fatores necessários à produção.
Custo implícito: aquilo que se perde por se incorrer na produção de um
determinado bem, é o custo de oportunidade.
Lucro contabilístico: refletido na contabilidade (rendimento total - custo
explicito);
Lucro económico: rendimento total - (custo explicito + custo implícito);

C – Função de produção e produto marginal


Função da produção: relação quantitativa entre aquilo que é empregue na produção e
aquilo que dela resulta.
Produto marginal: variações de quantidades produzidas. Resultam da variação, em uma
unidade, da quantidade de algum dos fatores produtivos.

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Existe uma tendência para o decréscimo, porque há uma tendência para o aumento do
custo marginal. Os custos totais tendem a aumentar (a sua curva passa a ser crescente
com uma acentuada inclinação). No limite, um pequeno aumento nas quantidades
aumentará grandes incrementos de custos.

D – Custos fixos, variáveis, totais, marginais e médios


Custo fixo: aquele que é associado aos fatores cuja quantidade não se altera com o nível
de produção. Ex: renda
Custo variável: cada incremento de produção pode implicar um custo crescente. Ex:
trabalhadores
Custo total: soma dos custos fixos e dos custos variáveis
Custo marginal: o custo de produzir cada nova unidade, cada unidade adicional. Têm
tendência a crescer, e a aumentar progressivamente essa
propensão para o crescimento:
1. Valor marginal < valor médio – valor médio desce
1. Ascendente: convergirá para um ponto em que os dois
valores coincidem
1. Descendente: a amplitude dos valores divergirá
progressivamente
2. Valor marginal > valor médio – valor médio sobe
2. Ascendente: a amplitude dos valores divergirá
progressivamente
3. Descendente: convergirá para um ponto em que os dois valores coincidem
3. As variações doa valores marginais influenciam a variação dos valores médios
Custo Total
Custo médio: quanto custa produzir cada unidade = . Indica ao
Unidades produzidas
produtor quanto lhe custa produzir o produto.
Custos vari á veis
Custo variável médio: . Têm tendência para subir à
Unidades produzidas
medida que o processo de produção começa a tornar-se mais saturado. Tendência
de curto prazo para uma produtividade marginal decrescente.
Custos fixos
Custo fixo médio: . Por norma descem. Quanto mais
Unidades produzidas
unidades são produzias, mais diluídos se tornam os preços fixos.
Custo total
Custo médio total: . Trata-se da
U nidades produzidas
combinação de dois valores em sentidos opostos (CV e
CF). Graficamente representa-se por um U, isto é, começa
por decrescer, mas tem um ponto de viragem onde
comporta uma fase ascendente.
Escala de eficiência = Ponto q
Ponto de viragem em que os custos médios são mínimos. É
preciso ter atenção a esse ponto, a partir do qual os lucros por unidade nunca voltarão a
ser os mesmos. Até ao ponto q fala-se numa economia de escala. Trata-se do ponto
mínimo de eficiência.

E – Os Custos no curto e no longo prazo


I. Rendimento marginal decrescente e efeitos de escala
Curto prazo: intervalo de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produção é fixo,
e são fixos os custos inerentes a esse fator;

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Longo prazo: período que, para um determinado produtor, é necessário para tomar
variáveis todos os fatores, e portanto também os correspondentes custos. A curva a
longo prazo é a que representa os custos de produção quando já estão todos ajustados.
Em princípio não há custos fixos. MAS, existem custos que nunca deixam de ser fixos:
custos de funcionamento (overhead costs).
Lei do rendimento marginal decrescente: à medida que se combinam fatores
variáveis com uma dada quantidade de fatores fixos, o rendimento marginal dos fatores
tende a diminuir, e o custo marginal tende a aumentar (podem haver sobrecargas e até
mesmo destruição).
Só com a expansão dos fatores de produção é que o produtor pode encarar a
possibilidade de um aumento de escala de produção.
Ex: atualmente produz 500 mil, com uma só máquina. Com esse fator fixo ele não
poderá produzir muito mais. Terá de expandir os seus fatores de produção.
II. Rendimento de escala
Economia de escala: Existe uma economia de escala quando o aumento considerável de
produção tem um aumento, no máximo, menos que proporcional que os custos totais.
Isto é, um aumento da produção a longo prazo irá diminuir os custos médios de
produção. Uma variação da escala de produção pode resultar num destes três cenários:
1. Produção aumenta proporcionalmente ao aumento da escala, aumento
combinado de todos os fatores  Rendimento constante à escala
2. A produção aumenta menos do que proporcionalmente ao aumento da escala de
produção  Rendimento decrescente à escala
3. A produção aumenta mais do que proporcionalmente ao aumento da escala 
Rendimento crescente à escala
As economias de escala permitem ao produtor fazer quebras no custo médio de longo
prazo quando a produção aumenta – curva de custos médios a longo prazo descendente.
Economia de produção conjunta: produção combinada de dois ou mais bens cuja
produção separada implicaria um aumento de custos  C(x1,x2) < C(x1,0) + C(x1,x2)
Economia de produção em grupo: especialização em tarefas de complementaridade e
apoio recíproco entre produtores (como sucede em cadeias de produção).
Podemos dividir as economias de escala em:
4. Escala interna, que contam com:
1. Eficiência técnica: a capacidade de se empregar em maquinaria muito eficiente,
mas dispendiosa como custo fixo incial
2. Eficiência empresarial: a dimensão permite aumentos de especialização nas
tarefas de gestão e coordenação.
3. Vantagens financeiras: a grande dimensão pode permitir acesso mais favorável
ao crédito bancário, p.ex.
4. Possibilidade de descontos de quantidade na compra de publicidade ou de
recursos e de matérias-primas
5. Sinergias de dimensão nos esforços de investigação e desenvolvimento
5. Escala externa
Ambiente fértil que tira proveito do caráter da informação como bem público, e que por
essa via promove o crescimento.
São estas que explicam o sucesso económico do fenómeno da urbanização que assegura
um ambiente propício à polinização cruzada de produtores.
1. Presença local de uma vasta mão-de-obra especializada
2. Existência de uma rede instalada de assistência ou distribuição
3. Eficiência e dimensão das infraestruturas disponíveis

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Clusters de empresas: aglomerações geográficas de produtores justifica-se pela
possibilidade que a proximidade potencia de criação de externalidades positivas, que
são criadas dentro da aglomeração e partilhadas por todos.
NOTA: mesmo em economias de escala, existe um limite à expansão. A partir deste
começam a haver perdas de escala, por rendimentos decrescentes. O custo médio
começa a subir. Em tais casos a melhor decisão será a redução da escala.
Os fatores que contribuem para as perdas de escala, podem ter uma vertente:
6. Interna
1. Crescente manifestação dos fatores de ineficiência na divisão de trabalho;
2. Saturação dos locais ou dos instrumentos de trabalho;
3. Crescente dificuldade de supervisão e coordenação;
4. Perda de comunicação interna e aumento da complexidade das cadeias de
decisão
5. Perda da coesão, da solidariedade, e do espírito de grupo entre os trabalhadores.
Ineficiência-X: outra fonte de perda de escala, que se caracteriza pela flacidez da
empresa, a sua falta de agilidade, provocada, em geral, por falta de concorrência.
7. Externa
1. Crescente escassez da mão-de-obra especializada próxima do local de produção;
2. Crescente raridade de instalações disponíveis;
3. Crescente saturação das infraestruturas e agravamento dos tempos de acesso e
transporte.

F – Opções de investimento
Investimento: é a aquisição de um bem na perspetiva da obtenção de rendimentos na
exploração desse bem, ou perspetiva de alcance de mais-valias com a sua alienação.
8. Real: consiste diretamente na aquisição de bens de capital que sejam empregues
seguidamente num processo produtivo (ex: máquinas, instalações)
9. Financeiro: limita-se ao depósito de fundos junto de mercados ou instituições
especializadas, por sua vez estes, encaminham esses fundos em direção àqueles
que deles necessitam para realizar os seus investimentos reais.
Sistema financeiro: mecanismo através do qual os excedentes das pessoas são
encaminhados para pessoas e empresas que estejam dispostos a ganhar mais do que
aquilo que lhes é permitido pelo seu rendimento corrente.
Nível individual do investimento: há-de resultar de uma combinação de fatores:
rendimento disponível, aversão ao risco, montantes em causa, horizonte temporal do
investimento, expetativa devida à taxa individual de desconto, motivos da poupança.
O investimento justifica-se quando: for positivo o valor presente líquido dos bens 
Diferença entre o valor presente do rendimento gerado pelo capital e o custo presente
desse capital.
A decisão de investir é bastante complexa. O investidor deve:
1. Comparar as diversas taxas médias de renumeração das aplicações disponíveis;
2. Ponderar o rendimento que geram de forma periódica e a possibilidade de
obtenção de mais-valias através da revenda especulativa
3. Condicionar a sua decisão com uma comparação entre os possíveis ganhos e os
riscos nos quais se vai incorrer;
4. Oferecer um preço que varie em função: do risco, da liquidez, da esperança de
ganho e do próprio regime fiscal que recai sobre esses ganhos.
I. Depósitos e investimento direto em bens
Aqueles que revelam maior aversão ao risco, podem fazê-lo de forma mais segura,
através do depósito bancário: o levantamento do capital e o pagamento de juros parece

37
altamente assegurado, e ainda o parece um razoável nível de liquidez (suscetibilidade de
conversão rápida, a baixo custo e sem significativa perda de valor, do investimento em
moeda).
Entre os bancos e os seus clientes há geralmente um fosso de assimetria informativa, o
que pode levar a um risco moral  Capacidade que uma das partes tem para provocar
danos indetetáveis ou ininteligíveis pela contraparte.
Alguns investimentos de bens podem parecer tão seguros como os depósitos bancários,
contudo nem sempre a liquidez está assegurada, e por vezes pode o investidor ficar
preso no momento em que tenta vender o bem para realizar a liquidez pretendida, mas
não encontra comprador disposto a pagar-lhe um preço compensador.
1. Mas pode ser resolvido através de um fundo comum de investidores, onde o
investimento é feito por todos e o conjunto amortece o possível impacto da falta
de liquidez de cada bem investido.
II. Obrigações
Títulos obrigacionistas: empréstimo de capital financeiro a uma empresa, por um prazo
determinado. O investidor como credor da empresa fica numa posição segura, mas não
o impede de ficar sujeito a problemas de liquidez, e de não conseguir recuperar o capital
quando pretenda, e além disso existe sempre um risco de inflação, e portanto um risco
de não receber o capital que investiu.
As subidas das taxas de juros são más notícias para estes credores. Com a subida dos
juros os títulos obrigacionistas tornam-se invendáveis.
As taxas de juros são mais elevadas quanto mais elevado for o risco de falência, e
quanto mais longo for o prazo – daí as renumerações elevadas que deram origem aos
junk bonds.
III. Ações
Compra de partes de capital de uma empresa, que em princípio conferem algumas
prerrogativas ao investidor em relação à empresa, pois as ações colocam-no como na
posição de um sócio, de contitular da empresa. Nada garante o regresso do capital
investido, por isso representam um elevado risco. Contudo, a renumeração do
investimento é geralmente maior à dos títulos.
As ações são avaliadas pelo mercado, e por tal a questão da liquidez é altamente
problemática, e acrescenta-se ainda a exposição a um contágio especulativo – quando
um investidor começa a ficar com receio de não vender as ações, o mesmo se contagia e
dá-se uma grande expansão da oferta e retração da procura.
IV. Mercado eficiente e passeio aleatório
Num mercado eficiente, o preço refletiria perfeitamente as características dos bens de
investimento, não sendo possível a nenhum investidor obter ganhos extraordinários:
sempre que uma boa oportunidade surgisse a concorrência faria questão de fazê-la
desaparecer rapidamente.
Um dos corolários desta ideia: não é possível adotar uma estratégia racional para vencer
o mercado, ou seja para obter vantagens especulativas através de tipos de informação
que não estejam contidos no preço.
Esta ideia é apenas uma hipótese que teve o seu auge nos anos 70. Acreditavam que os
mercados financeiros seriam maximamente eficientes na incorporação de informação e
na adaptação a ela e que todas as variações de preço que se desviassem da simples
tradução do preço seriam aleatórias, insuscetíveis de previsão rigorosa e consciente.
Recentemente luta-se para provar que por muitas irracionalidades de mercado, muitos
colapsos, existem sempre algumas tendências não-aleatórias de evolução de alguns
títulos e de alguns mercados, mas é uma ideia muito frágil.

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Dada esta forma de mercado, a única maneira de vencer era apostar em variações
inesperadas de preços. Mas não é rigoroso, não é racional, nem sequer é de acordo com
as probabilidades.
As vitórias no mercado são puramente casuais, e não dependeriam de qualquer
estratégia para além de um passeio aleatório.
Aleatório: qualquer variável que não é totalmente predeterminada pelas demais
variáveis disponíveis nem pela sua própria tendência evolutiva anterior.
2. Louis Bachelier: foi o pioneiro da ideia do passeio aleatório. Considerava que
por haver demasiados fatores a influenciar o valor dos títulos mobiliários, o
rendimento a longo prazo tenderia a convergir para o 0.
3. Harry Markowitz: elucidou a forma como os investidores conseguem obter
vantagens através da simples escolha de carteiras de títulos com elevada
diversificação.
4. William Sharpe: precisou as vantagens da diversificação e introduziu o conceito
de beta: amplitude dos desvios das cotações de cada título em relação à
tendência central do mercado.
5. Markowitz e Sharpe: propuseram o CAP-M (capital asset pricing model):
fórmula de gestão de carteiras de títulos com eficiência superior à da média das
tentativas de gestão de mercado através de palpites de investimento (tentativas
que até então tinham predominado como estratégia do mercado – noise trading.
Tenta-se hoje combinar uma análise do Beta com uma análise do Value at risk – risco de
uma carteira de investimentos; ou com uma análise do índice Q.

G – As empresas
O investimento das famílias, é visto do lado das empresas, como a fonte de maior
financiamento (o restante é fornecido pelos subsídios estaduais e pelo investimento
estrangeiro).
As empresas têm uma responsabilidade limitada que facilita a captação de
investimentos individuais, porque mesmo no pior cenário, nunca será exigido aos
acionistas mais do que o capital que investiram, e portanto as suas perdas são limitadas.
Portanto será uma forma de contrariar a aversão ao risco. Estas são máquinas
externalizadoras, e são aceites, como solução desta aversão ao risco.
São requisitos económicos da existência de uma empresa:
1. Existir uma estrutura de raiz contratual que promove a produção através da
conjugação de recursos.
2. Verificar a diversa titularidade dos recursos que são cedidos para a produção;
3. Haver uma só contraparte em todos os contratos de arregimentação de recursos;
4. O empresário ter a liberdade de negociar separadamente a renumeração e as
condições de diversos tipos de recursos;
5. O empresário ter a titularidade sobre a estrutura produtiva e direito aos
resultados líquidos da renumeração de todos os recursos.
As empresas têm uma certa neutralidade perante o risco que os agentes avessos ao risco
não têm, e podem mais facilmente produzir uma riqueza enquanto que os individuais já
estariam numa situação de declínio da utilidade marginal desse esforço do
enriquecimento, o declínio das esperanças de ganho.

H – As opções de financiamento das empresas


Uma empresa consegue obter financiamento através de:
1. Recurso ao mercado de capitais, emissões de obrigações e de ações, a serem
renumerados com juros e dividendos, eventualmente com mais-valias;

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2. Recurso ao crédito bancário, a ser renumerado com juros e com reembolso
correspondente à parte do crédito que tenha sido utilizada;
3. Autofinanciamento, através de lucros não distribuídos.
A escolha do financiamento é feita de forma oposta ao particular. Quando o individuo
compra ações, o risco está a passar da empresa para ele.
O endividamento, por exemplo, são aliciantes mais altamente perigosos para uma
empresa.
Teorema de Modifliani-Miller (princípio da irrelevância da estrutura capital): afirma
que com um dado processo de fixação de preços no mercado (o típico passeio aleatório),
na ausência de impostos, de custos por insolvência, de custos de agência e de
informação assimétrica, e na hipótese de ser um mercado eficiente, o valor da empresa
não é afetado pela forma como ela é financiada. O teorema de Modigliani-Miller base
foi desenvolvido num mundo sem impostos. No entanto, quando os juros da dívida são
dedutíveis ao imposto sobre o lucro, e ignorando outras fricções, o valor da empresa
aumenta proporcionalmente ao montante de dívida adquirida.
O que interessa ao mercado é a capacidade da empresa para gerar receitas e a
volatilidade dessas receitas.
O endividamento é um sinal de que a empresa confia no seu próprio futuro,
demonstrando a margem de risco que está disposta a acarretar (mas é sempre uma
solução na qual é preciso ter cuidado).
Mas o recurso ao endividamento não é ilimitado. Os potenciais credores têm todo o
interesse em conhecer o risco dos seus créditos, e em selecionar o mercado. Se os
credores pudessem antes de emprestar conhecer os devedores, procediam a uma perfeita
descriminação de juros (juros mais altos para devedores de risco). Mas o conhecimento
é impossível, e se não o fosse, seria demasiado oneroso, pelo que os credores procedem
a formas imprecisas de segmentação do mercado em grupos de risco.
A porta do mercado acionista pode fechar-se no momento em que se fecha a porta do
crédito porque o recurso a novas emissões de ações tem efeitos perversos. A emissão de
novas ações tende a desvalorizar as já existentes, porque:
1. A emissão de novas ações representa, perante o mercado, uma emergência
perante dificuldades de acesso ao crédito sentidas pela empresa;
2. A perceção de que o recurso às ações é uma forma irresponsabilizante.
3. Perceção de que o risco de desvalorização assumido pelos controladores da
empresa correspondem à certeza que estes tenham quanto à sobrevalorização dos
títulos.

O recurso ao mercado acionista também não é uma opção ilimitada. O acesso ao


endividamento e ao mercado de ações não é facilitada logo no início do ciclo de vida da
empresa. É necessário uma reputação no mercado.

Capítulo 8 – Os fatores de tempo e risco


A – O fundamento do juro
Taxa de desconto: consiste, numa representação da nossa impaciência, que se traduz na
depreciação dos fatores presentes no futuro; há um conjunto de fatores que influenciam
a desvalorização do bem, entre eles o tempo, o que reflete a necessidade do juro;

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Para obtermos bens futuros temos de prescindir de bens presentes. O preço relativo é o
valor dos bens que terei de prescindir para obter os bens futuros – sacrifício de consumo
imediato que está implicado em no investimento e recursos de que emergirão os bens
futuros.
O valor presente de bens futuros é descontado, ou seja, se a compra for imediata o valor
dos bens será mais baixo. O valor descontado é tanto menor quanto maior for o prazo
entre o presente e o momento em que acedemos aos bens futuros.
A racionalidade impõe uma preferência pelo presente, para evitar uma taxa de juro que
aplicamos à representação presente do efeito futuro das nossas decisões.
O empréstimo de meios próprios faz com que uma pessoa não satisfaça as suas
necessidades, e portanto, deve ser compensado, através de um montante que faça
superar a preferência pelo presente: o juro.
Juro: montante que faz vencer a preferência pelo presente. A taxa de juro tem de ser
superior à taxa de desconto. A razão da sua existência deve-se ao facto de que na sua
ausência não existiriam fundos permutáveis, haveria maior procura do que oferta.
Existem dois aspetos que interferem na formação de uma taxa de juros:
1. Presença de intermédios financeiros, bancos.
2. Presença de inflação (as taxas de juro devem incorporar um prémio de inflação).
Preferência pelo presente: a taxa de desconto (desvalorização do bem) é maior que a
taxa de juro (a compensação pelo empréstimo - a perda do bem);
Preferência pelo futuro: a taxa de juro (remuneração do fator capital, como
compensação) é maior que a taxa de desconto (desvalorização do bem no futuro).
Juro nominal: somatório do juro real (renumeração do empréstimo, compensação da
taxa de desconto) e do prémio de inflação (coincide com a taxa de inflação).

B – O motivo especulação
Valores especulativos: adquirem-se bens duradouros na esperança de que possam ser
mais tarde revendidos a preço superior. As expetativas de evolução futura dos preços
condicionam decisivamente o comportamento de um mercado que se centre na revenda
especulativa.
O mercado especulativo nem sempre espelha a conjuntura real.

C – As respostas ao risco e o problema do seguro


George Shackle  Teoria de decisão em condições de incerta – convicção de que existe
sempre uma zona de dúvida inerradicável, insuscetível de cálculo, insuscetível de
seguro e que acompanha toda a atividade económica de conjugação de fatores
produtivos e de iniciativa empresarial, e ainda exprime a sua convicção relativa à
legitimação do lucro como contrapartida da assunção dessa incerteza.
Aversão ao risco: indisponibilidade para assumir a margem de probabilidade de
desfechos negativos que se prende com todas as nossas decisões projetadas para o
futuro. As economias modernas tendem a encontrar maneiras de distribuição e
transferência do risco.
Sem assunção de riscos e incertezas não há atividade económica, mas existem formas de
o mitigar: investir em setores diferentes, sendo que perante uma crise de um setor o
risco não se concentra todo neste, ou recorrer a seguradoras, com um custo, e com
limitações.
I. Seguro e incerteza
Há incertezas perante as quais não são possíveis cálculos de probabilidades e portanto,
não são cobertas por seguros. Ser seguradora de casos de incerteza era um mau negócio
para a seguradora que comportava todos os riscos, mas não tinha os ganhos.

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As incertezas podem respeitar a tecnologias ao às condições dos mercados. Pode haver
um cálculo de probabilidades subjetivo, quanto à sua evolução com base em eventos
passados, e com base nestes cálculos, descobrir a utilidade esperada através de uma
média de utilidades associadas a todas as alternativas (mas a falta de experiência impede
o cálculo objetivo).
Paradoxo de Ellsberg: Um apostador pode apostar em duas urnas, cada uma com 100
bolas. Supomos que aposta nas bolas azuis. Sabemos que uma das urnas tem 50 bolas
azuis e 50 bolas vermelhas, mas sobre a outra urna, nada se sabe. Apostar na urna cuja
composição se sabe, é um risco (50% hipóteses de acertar). Mas em relação à outra
urna, já estamos perante uma incerteza.
II. Seguro e seleção adversa
Seleção adversa: relativa incapacidade que as seguradoras têm em fazer contratos
discriminados e ajustados ao nível de risco que cada segurado representa, o que as leva
a nivelar o risco e que acaba por afastar os segurados de baixo risco, cujo prémio de
seguro é bastante elevado para as suas condições, e que leva a atrair segurados de alto
risco, o que faz as seguradoras aumentarem o prémio, e que novamente afasta mais
segurados.
A seleção adversa emerge da assimetria informativa. A solução podia ser resolvida por
seguros obrigatórios, mas levaria ao problema do risco moral. Poderia ser em abstrato,
resolvido através de mecanismos de informação.
Trata-se de situações cuja informação é privada e que gera grandes incertezas nas
trocas, em que o equilíbrio irá ceder perante uma retração por atitudes que conduzem a
um colapso do mercado. Se as partes insistirem numa assimetria informativa, a incerteza
prevalece, para lá dos limites do que é computável, do que é segurável.
A incerteza é contudo uma mais valia para a parte que privilegiada pela assimetria
informativa.
III. Seguro e risco moral
Risco moral: perda de incentivos para a diligência e para o cuidado na prevenção de
prejuízos cobertos pelo seguro. Situações em que o segurado pode externalizar as suas
ações, pelo simples facto dos seus custos não serem assegurados pelo próprio.
Um seguro que cobrisse todas as perdas, ou que garantisse um nível mínimo de ganhos
levaria a que os produtores reduzissem o seu grau de esforço e de diligência, e induziria
a condutas de maus segurados, e poderia levar a um encandeamento de seleção adversa.
6. Solução: reforçar as clausulas contratuais, por exemplo, restringindo o âmbito
do risco, por forma a evitar o prejuízo proveniente do risco moral intencional.

Capítulo 9 – O mercado concorrencial


A – As condições da concorrência
I. Atomicidade

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Presença no mercado de muitos agentes do lado da oferta e do lado da procura, de tal
forma que não seja possível determinar por cada um deles o nível de preços, ou outras
condições relevantes nas trocas, quando saem ou entram no mercado.
A atomicidade permite que cada parte tenha alternativas à contraparte, que tenha o
poder de escolha, o que é crucial para a elasticidade.
Se existe atomicidade, os agentes do mercado são price-takers, e assim não funcionam
como variáveis que eles possam manipular ao sabor dos seus interesses.
II. Fluidez
É o requisito duplo, cumulativo de informação e de racionalidade, suscetível de
assegurar aos consumidores uma reação e perceção adequada às condições objetivas do
mercado.
É crucial que não hajam bens no mercado com características únicas, e portanto que não
haja uma verdadeira diferença qualitativa.
Não há fluidez se for possível uma diferenciação dos produtos que os torne imperfeitos
substitutos ou sucedâneos uns dos outros.
III. Liberdade de entrada e de saída
Um terceiro requisito para a existência de um mercado concorrencial, é a ausência de
barreiras à entrada e à saída de agentes no mercado, especificamente no lado da oferta
(como barreiras corporativas, burocráticas, políticas, linguísticas, culturais e até
económicas).
Uma variante deste requisito é a de exigência de que os produtores estabelecidos não
disponham de uma vantagem competitiva perante os recém-chegados.
É difícil criar ou manter barreiros sem o apoio do Estado, mas é fácil encontrar motivos
justificáveis para esse apoio.

B – Teoria do produtor: a maximização do lucro


Lucro: diferença entre rendimento médio (preço/unidade) e custo médio. Essa diferença
há que ser maximizada até ao limite.
Num ambiente de atomicidade o seu rendimento total variará diretamente em função
dessas quantidades produzidas.
Para o price-taker, a procura é infinitamente elástica (os produtos oferecidos pelos
concorrentes são perfeitos substitutos, logo, há possibilidade de escolha do
consumidor). No mercado atomístico existe uma corrida para o futuro por parte dos
vendedores, pois o consumidor irá sempre escolher o melhor preço.
A concorrência entre vendedores baixa custos e preços e beneficia os
compradores.
Rendimento Total
Rendimento médio: Para o vendedor atomístico, RM =
Nr .unidades vendidas
preço dos bens vendidos. O RM = Rmarginal (aquilo que o vendedor recebe por mais
uma unidade vendida). Nos mercados atomísticos  RM = Rmag = Preço de mercado
Se os preços não variam  para o lucro aumentar  os custos médios têm de descer.
Enquanto Cmarginal < Rmarginal  vale a pena aumentar a produção  o lucro vai
subir (se não, o aumento da produção vai levar a uma diminuição do lucro e poderá criar
prejuízos).

C – A oferta no curto prazo


Ponto maximizador: aquele em que se da convergência entre custo marginal e
rendimento marginal e esse PM deslocar-se-á ao longo da curva ascendente dos custos
marginais, e à medida que o nível de preços também se altera.

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Para o vendedor atomístico, a curva da oferta é também a curva dos custos marginais,
mas o contrário não se verifica, pois há um limiar mínimo no qual o vendedor não está
disposto a vender.

D – A suspensão da atividade no curto prazo


Existem situações em que o produtor é forçado a retirar-se do mercado temporariamente
ou definitivamente.
1. Retirada temporária de curto prazo: existem custos fixos irrecuperáveis, já estão
pagos enão há alternativa para suportá-los.
2. Retirada definitiva a longo prazo: os custos fixos tornam-se variáveis, podendo
ponderar-se uma decisão em que todos os custos são estudados.
Custo irrecuperável: racionalmente irrelevante dado que já não há nada a fazer. Há que
se concentrar a curto prazo na reafectação dos recursos e a longo prazo na escala de
produção.
Nem todos os custos fixos são irrecuperáveis, como:
1. Custos fixos de bens utilizáveis noutras linhas de produção
2. Custos fixos de funcionamento (alguns tendem a desaparecer mal o produtor
toma decisão de abandonar a sua atividade).
Mas se o produtor não se consegue livrar dos custos fixos, não pode contudo desleixar-
se dos custos variáveis. Será mais do que racional retirar-se se as perdas resultantes da
ausência de vendas forem mais do que compensadas pela poupança obtida em sede de
custos variáveis, ou seja, quando os custos variáveis são superiores aos custos fixos
totais.
Ponto de encerramento (shutdown point): ocorre quando o rendimento total não cobre o
total dos custos variáveis, e portanto as perdas totais são superiores aos custos fixos
totais.
Esta decisão a curto prazo, em vendedores atomísticos, justifica-se quando: os custos
variáveis médios são superiores ao preço.

E – Encerramento no longo prazo


No longo prazo trata-se por decidir pelo abandono, ou não, no caso de não se decidir
por tal, qual a melhor escala de produção a adotar.
O produtor atomístico deverá abandonar o mercado a longo prazo se o seu rendimento
total não chegar para cobrir os seus custos totais (CM > RM), não pode averbar lucros.
A curva da oferta deriva da curva ascendente dos custos marginais, com ressalva de que
só haverá oferta a partir do ponto no qual é sustentável uma situação em que os custos
médios sejam inferiores aos preços.
Com a entrada e saída no mercado de vários produtores, a elasticidade-preço da oferta,
tende a aumentar com o tempo e a atingir o seu máximo no longo prazo.
A curva da oferta a longo prazo é quase horizontal: os produtores só entram no mercado
se os custos médios forem inferiores ao preço de mercado e se se mantiver esta situação,
se não saem, pelo que a expansão da oferta através do aumento do número de
produtores faz-se a custos marginais que praticamente coincidem com os custos médios.

F – A transição do curto para o longo prazo


As questões de entrada e saída do mercado surgem em longo prazo. Com esta
possibilidade, não se pode presumir que o número de vendedores seja fixo. Mas existe
um ponto de equilíbrio nos quais momentaneamente ninguém sai nem entra.
Os produtores entram no mercado quando vêm que os outros estão a obter lucros. Com
isto existe um aumento da oferta, que tende, ceteris paribus, a provocar o efeito (não-

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atomístico), da quebra de lucros – Nº total de vendas dividido por um maior nº de
vendedores.
Aquilo que os aliciou a entrar foi destruído pela sua própria entrada – Efeito Miragem.
Começam a sair aqueles produtores marginais, para quem o volume de vendas e a escala
de produção começam a significar graves prejuízos.
MAS, há um PE no qual ninguém tem incentivo para entrar nem para sair:
Ponto de equilíbrio: ponto no qual o lucro tende a desaparecer
Um mercado atomístico pode alcançar um ponto onde o lucro desaparece. Ainda, um
mercado concorrencial sem barreiras de entrada e de saída tende a longo prazo, a
alcançar um equilíbrio no qual os produtores atingem a escala de eficiência  Onde
coincide P = CM = Cmag
P = CM  Os produtores são selecionados na concorrência pelo seu padrão de custos, e
ficarão no mercado os que têm os CM mais baixos – os que conseguem o break-even.
Podem surgir casos nos quais a oferta a longo prazo deixa de ter um preço estável, e
passa a evidenciar uma tendência crescente:
1. A entrada de novos produtores faz aumentar o preço para todos os concorrentes;
2. Os CM não são homogéneos, pelo que pode dar-se que com a entrada de novos
concorrentes os CM subam – produtores mais eficientes são os primeiros a
entrar.
Teoria da Renda (David Richard): parte da constatação que nem todos os terrenos
agrícolas têm o mesmo grau de fertilidade, havia uma tendência para formulação de
uma renda económica permanente a favor dos proprietários dos terrenos mais férteis.
Hoje entende-se que renda económica é: todo o rendimento que ultrapassa o custo de
oportunidade dos recursos empregues na atividade, e por isso ultrapassa o incentivo
mínimo para que a atividade tenha lugar, convertendo-se numa renumeração
desnecessária e ineficiente.

G – O Lucro normal
O facto de ter desaparecido um lucro, não significa que não existe um lucro
contabilístico (o valor a que o produtor renuncia quando emprega o seu tempo e os seus
recursos no processo produtivo pelo qual optou).
Lucro normal: ponto mínimo aceitável de lucro sem o qual o setor é abandonado pelos
empresários. Corresponde ao RM que a atividade é capaz de gerar.
Mesmo em situações de lucro zero, o produtor integrou aqui o custo de oportunidade,
que será menor do que o custo de oportunidade da 2ª opção. Esta é a razão pela qual
apesar de não haver lucro, os produtores permanecem naquele mercado. Um agente que
analisar o lucro contabilístico perceberá que a saída do mercado para outro setor implica
um decréscimo dos lucros contabilísticos.
Ponto de Break-Even: ponto no qual o produtor está já a atingir o rendimento que
alcançaria na melhor das produções alternativas – RT = CT

H – Concentração do mercado
A intensidade da concorrência esta depende da estrutura dos custos dominantes e da
tecnologia disponível. O nível ótimo da concorrência alcança-se quando nenhum deles
impede o outro de alcançar a sua escala de eficiência.
Monopólio natural: só há lugar para um produtor que esgota o mercado a um nível de
produção em que os seus CM são ainda descendentes.
Esta concorrência não é possível nem eficiente. Cada recém-chegado, que utilize a
mesma tecnologia que o produtor já instalado só conseguirá produzir com CM mais
elevados aos CM do monopolista, sendo pois derrotado por este.

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O que determina o grau de concorrência de um mercado são os custos fixos, os custos
irrecuperáveis e os custos de funcionamento em que cada concorrente tem que incorrer
para se estabelecer num mercado – componente económica das barreiras de entrada.
Quando a escala mínima de eficiência é elevada, é de se esperar que a concentração de
concorrentes também o seja.
Formas de medir essa concentração:
1. Percentagem do mercado que é ocupada pelas vendas dos quatro maiores
produtores do setor: four-firm concentration
2. O Índice Herfindahl-Hirschman (indicador de grau de concorrência entre
empresas) usado nos processos de fusão de empresas e que trata das 50 maiores
empresas num determinado setor.
Quanto maior a concentração num mercado mais provável é que ele se afaste do seu
preço concorrencial e se aproxime dos máximos que poderão vigorar numa situação de
monopólio. A concentração é o caminho normal da evolução do mercado concorrencial
para as formas de concorrência imperfeita.

I – Interdependência dos mercados competitivos


A análise das interdependências constitutivas de um mercado competitivo reclamaria
um modelo complexo, no qual poderiam ser ponderados vários elementos na transação.
Neste modelo, deveriam ser ponderados o equilíbrio parcial e o equilíbrio geral, assente
na ideia básica de que a haver um equilíbrio geral ele se sustentava na ideia de que
todos os mercados parciais se equilibravam, como também de que a qualquer
investimento em qualquer ponto da economia devia corresponder o mesmo rendimento,
a mesma taxa de juro, etc.
Equilíbrio parcial: é um tipo de equilíbrio económico onde o comportamento
num mercado específico é obtido independentemente dos preços e das quantidades
procuradas e oferecidas. Os preços de todos os bens substitutos e complementares, bem
como os níveis de rendimento dos consumidores são considerados constantes.
Processo: ajustamento dos preços até que as quantidades oferecidas igualem as
procuradas.
Equilíbrio geral: visa explicar o comportamento da oferta, da procura e dos
preços em mercados que interagem, para que se prove que a interação entre procura e
oferta resulta num equilíbrio geral.
Esta teoria contrasta com a do equilíbrio parcial, pois esta última analisa mercados
isolados.
Equações Arrow-Debreu: caso particular do equilíbrio Walrasiano. É um caso de
equilíbrio com incerteza, ou seja, aquele em que os agentes não têm conhecimento total
do futuro. Procuram reformular as condições Walrasianas com o objetivo de definir em
que termos a combinação da procura com a oferta pode assegurar o equilíbrio em
mercados de produtos e de fatores – suporte para um laissez-faire – deixar o mercado
funcionar sozinho.
No equilíbrio geral, a convergência de todos os valores remuneratórios nos diversos
mercados parciais pode ser complementada por uma ideia de fluxo circular (de
mercados e fatores). Este modelo completa as condições básicas do equilíbrio geral.
Realça as possibilidades de repercussão de alterações: necessidade de que um
desequilíbrio num ponto seja contrabalançado a seguir, independentemente do grau de
concorrência.
O equilíbrio a longo prazo não é estável, porque se destacam incertezas provocadas pela
variação de gostos e pelos avanços tecnológicos.
I. Externalidades de rede e formação de “standards”

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Externalidades de rede: efeitos no uso de um bem ou serviço decorrentes da
circunstância de outros utilizarem o mesmo bem ou serviço, ou bem e serviços
compatíveis. O facto de o incremento do consumo de um produtor beneficiar todos os
consumidores com a multiplicação de serviços típicos desse tipo de consumo,
permitindo a mais produtores trabalhar à escala de eficiência e por isso expandir a oferta
– efeitos das externalidades positivas no consumo.
Ex: carro de marca exótica, com poucos serviços e carro bastante popular com bastante
assistência
São fenómenos característicos das tecnologias da informação.
Lei de Metcalfe: o valor de uma rede para os seus participantes é proporcional ao
quadrado do número desses participantes. A utilidade da rede para cada participante
corresponde linearmente à dimensão da rede.
Se a inovação virar “moda” permite uma rápida valorização através da intensificação da
adesão. A rápida verificação de efeitos de escala permite à rede incentivar a produção de
bens complementares ao standard que fez iniciar esses efeitos de rede.
Mas podem ter efeitos anti competitivos:
Path dependence: um determinado produto torna-se referência no mercado e determina
que os outros produtores gravitem em torno do primeiro, o que resulta numa barreira
intransponível que fica à margem do dominante, e que qualquer tentativa de ultrapassar
o standard pode resultar em grandes riscos.
Existirão inovações, mas serão sui generis. Existem essencialmente inovações do
standard que arrastam atrás de si os utentes e todos aqueles que receiam alcançar uma
situação de incompatibilidade com os que já fizeram o upgrade.
A compatibilidade nem sempre é boa para os consumidores. Cria barreiras de entrada no
mercado e pode criar rendas monopolísticas. Outra consequência é a possibilidade de
ocorrer uma entrada catastrófica: sucessão de monopólios em vez de um equilíbrio
concorrencial.
Este mercado de standards assemelha-se ao mercado de criação destrutiva: mercado no
qual os monopólios seriam varridos por assaltos de inovadores que procuravam, não
roubar-lhe os lucros, mas destruir a sua existência.
II. Congestão de recursos
Deseconomias externas: questões de descoordenação dentro do mercado. Cada
participante externaliza a congestão e apenas internaliza em compensação, os custos de
congestão.
Os preços de congestão podem variar com os picos de congestão previstos, incentivando
a dispersão de utentes.
A descoordenação é tanto maior quanto maior for a atomicidade do mercado.
Outras deseconomias:
1. Efeito Funil
Ex: professores acham que a falta de vagas significa que não vão progredir na carreira, e
emigram para outras escolas, mas assim estão a excluírem-se do concurso que poderia
levá-los a progredir na carreira.
2. Avalanche de coordenação
Ex: o medo de um alpinista põe em causa toda a expedição, visto que reduz o grau de
confiança recíproca de que depende a tomada de decisões que beneficiam o conjunto da
expedição e pode levar a acarretar tomadas imediatas de resoluções (ex: urgências).
Se isto ocorrer, o preço de equilíbrio no mercado irá variar com a própria dimensão do
mercado e com o volume de produção, o que impede a estabilidade de um PE a longo
prazo.

47
Capítulo 10 – Mercado de concorrência imperfeita
A – Monopólio
I. Tipos de Monopólio
Situação de monopólio: Há no mercado um único vendedor, ou há um vendedor com
uma preponderância esmagadora sobre os demais vencedores.
Monopólio puro: situações em que existe um único vendedor.
Poder de monopólio: a preponderância do vendedor é tal que ele pode agir como se
estivesse isolado no lado da oferta, embora não o esteja.
Na maioria das situações, o monopolista pode interferir nos preços do mercado, não
estando sujeito a aceitá-los como um dado. Terá poder de mercado nem que seja no
poder de restringir os preços e por isso é um price maker.
O poder de mercado comporta um grau. É mais usual as situações de poder de
monopólio do que as situações de limite do monopólio puro (poder de mercado
absoluto).
O equilíbrio da concorrência atomística tende para um lucro zero, os dois objetivos
dominantes são:
3. Coexistir com produtores com padrões de custos mais elevados, e desse modo
assegurar a longo prazo ganhos extraordinários – renda monopolística
4. Excluir todos os outros concorrentes para ver aumentada a sua capacidade de
maximização do lucro através da manipulação dos preços, progredindo no
sentido de se tornar num monopólio.
O vendedor atomístico limita-se a interagir com o preço do mercado como se fosse um
dado, limitando-se a expandir a sua produção até que o custo marginal coincida com
aquele preço.
O vendedor monopolista vê o preço de mercado baixar à medida que aumenta o seu
volume de produção. Daqui resulta que a curva ascendente dos custos marginais e a
curva descendente dos preços determinará uma relação preço-quantidade mais baixo do
que aquilo que consideraria possível.

48
O monopolista só pode incrementar as vendas se baixar os preços de mercado (o
rendimento marginal resultante do incremento da produção em uma unidade não é igual
ao preço de mercado corrente). A tendência seria a de reduzir a produção.
O poder de mercado manifesta-se na capacidade que o vendedor tem para travar essa
queda de nível de preços através da fixação de preços acima do custo marginal. Essa
capacidade está limitada pela elasticidade-preço dos consumidores. A possibilidade da
subida de preços é também mais ampla quanto menor for a elasticidade-preço de um
bem.
I – A) A defesa do monopólio
O facto de haver um único vendedor ou um com maior preponderância deriva do facto
de existirem barreiras de entrada no mercado, sendo que estas resultarão das seguintes
circunstâncias:
1. O produtor tem o exclusivo de certas matérias-primas, fatores de produção,
recursos em geral;
2. O produtor dispõe de um exclusivo de informação, ou os consumidores não
disporem de informações sobre produtos novos que rivalizam com o dominante;
3. O produtor dispor de um monopólio natural: a estrutura do mercado torna-se
mais eficiente quando só existe um único vendedor. Isto deve-se:
1. Custos fixos muito elevados, e custos médios que só descem com níveis muito
elevados de produção
2. Na presença de economias de escala, possibilidade de um só produtor conseguir,
a qualquer nível de produção, custos médios inferior àqueles que teria
conseguido se houvesse um conjunto de vendedores.
1. O Estado conceber a um produtor direitos exclusivos de produção ou ter
estabelecido barreiras intransponíveis aos potenciais concorrentes, por interesses
privados ou públicos.
2. O produtor adotar estratégias de mercado dissuasoras da concorrência, como:
1. Prática de preços predatórios: sistemático abaixamento de preços sempre que
exista uma ameaça concorrencial, procurando o monopolista conseguir
recuperar-se dos prejuízos desta técnica com os possíveis ganhos que terá
quando regressar à sua situação normal.
2. Manutenção de uma reserva de excesso de capacidade produtiva instalada:
multiplicação ostensiva de capital físico para mostrar aos possíveis concorrentes
a possibilidade que este tem para ganhar uma possível guerra de preços.
3. Aplicação dos preços limitados: visa confundir os potenciais concorrentes acerca
da verdadeira escala de eficiência do monopolista, sugerindo-lhes uma eficiência
e uma vantagem competitiva superior àquelas que efetivamente ele tem.
O monopolista que afasta a concorrência através da prática de preços próximos dos
custos vai incorrer em custos elevadíssimos, mais elevados do que aqueles que teria se
mantendo o seu monopólio, dividiria o mercado com concorrentes.
Paradoxo da cadeia de distribuição (Reinhard Selten): paradoxo que defende que na
presença de contestação, o monopolista pode retirar-se de uma parte do mercado onde
esteja a ser mais ameaçado, e concentrar-se noutro segmento do mercado onde esteja a
ser menos ameaçado, onde exista menor elasticidade por exemplo, e que uma
concorrência monopolista subirá os preços.
Aquele que se encontra num monopólio natural não tem de se preocupar com a
concorrência, a menos que o mercado aumente, isto porque na situação originária
existem condições que são inviáveis à concorrência.
II. O poder de mercado do monopolista

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O poder de mercado faz com que os preços em cada nível de produção não sejam
sempre os mesmos, e tenda a evoluir no sentido oposto da produção.
O price maker tem à sua frente uma curva da procura descendente (sendo o único
produtor, ele é o único que tem a curva da procura do mercado). Um aumento da
produção levará a uma queda de preços, e vice-versa.
Se o rendimento médio é descendente, o rendimento marginal é-lhe inferior e puxa-o
para baio. Dada a equivalência entre rendimento médio e preço, o monopolista esta
condenado a ter um rendimento marginal inferior ao preço.
1. Cmag < Rmag  aumentar a produção  maior aumento do rendimento do que
dos custos  aumento da margem de lucro.
2. Cmag > Rmag  um aumento da produção  agravamento de custos maior do
que o aumento do rendimento  diminui a margem de lucro  aumenta o
prejuízo
Para o concorrente atomístico: interseção das escalas dos custos marginais com o
rendimento marginal coincide com o nível de preços, dada a igualdade entre rendimento
marginal e preço.
O mercado concorrencial é mais eficiente.
Para o concorrente monopolista: a interseção das escalas dos custos marginais com o
rendimento marginal dá-se abaixo do nível de preços do mercado, dado que o
rendimento marginal está abaixo do nível dos preços.
Neste mercado, o monopolista pode ajustar a sua produção a uma escala inferior àquela
a que os concorrentes atomísticos são forçados, e deve fazê-lo para aumentar os seus
lucros. A concorrência impele os produtores para uma escala de eficiência, e o
monopolista pode ficar longe dessa escala.
III. O impacto do monopólio na eficiência e no bem-estar
Avaliar o bem-estar nos monopólios importa avaliar os excedentes das partes
envolvidas.
O monopolista tende a praticar preços mais elevados do que os concorrentes atomistas.
Não se encontra sujeito à lei da concorrência que faz baixar os preços para o custo
médio dos concorrentes – o excedente do consumidor tende a diminuir.
O excedente do produtor aumenta: o monopolista suspende a sua produção quando os
custos marginais são ainda inferiores aos custos médios.
O monopolista benevolente é aquele que não se preocupa exclusivamente com o seus
bem-estar e quer também alcança-lo nas trocas. Assim, procura um preço coincidente
com o custo marginal, situando a esse nível a sua produção eficiente. Logo, para
maximizar o bem-estar, o monopolista deveria produzir uma conduta semelhante à do
vendedor atomístico e concorrencial.
Renda: renumeração da retração do volume produtivo por parte do próprio monopolista.
O monopolista não procura o bem-estar social, sendo que acaba por produzir menos do
que aquilo que seria eficiente. É possível detetar-se uma perda absoluta de bem-estar.
Na ideia do bem-estar social, não existe propriamente uma transferência, mas sim uma
perda de excedente, uma perda do bem-estar (como ocorre com os impostos). Mas fora
desse deadweight loss, cada euro a mais gasto pelos consumidores significa uma
transferência de excedentes dos consumidores para os produtores.
Mesmo a hipótese extrema de esgotamento do bem-estar do consumidor pode não
significar a diminuição do bem-estar total se ela for rigorosamente compensada pelo
incremento máximo do bem-estar do produtor.
IV. As políticas antimonopolistas

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Para que ao menos sejam aumentando o bem-estar social, existe uma intervenção
estadual que induz aumentos de produção e tenta baixar os preços para um nível mais
próximo do custo marginal.
IV – A) As Leis Anti trust
Trust: forma mais explícita de concentração de empresas – via eficaz de restringir a
concorrência. O controlo sobre uma empresa pode ser um ponto de partida para um
vasto poder económico, bastando que de uma fonte inicial jorre o poder diretor de
inúmeras empresas controladas em cascata a partir daquele ponto de irradiação. A
concentração pode ser:
1. Vertical: se o controlo alastra a produtores do mesmo processo produtivo
Pode aumentar a eficiência na produção visto que em princípio reduz os custos da
transação, quando as cadeias de produção estão dispersas, mas os produtores vêm-se
forçados a transacionar entre eles os seus contributos parcelares.
2. Horizontal: se abarca concorrentes no mesmo mercado
Pode dever-se a uma justa pretensão dos produtores no sentido de reequilíbrio do
bem-estar social e pode advir de incrementos de eficiência e benefícios sociais. A
integração de processos produtivos pode:
1. Eliminar duplicação de recursos
2. Eliminar custos de concorrência
3. Permitir sinergias e economias de escala
Leis anti trust: precedente norte-americano de combate legislativo contra práticas anti
competitivas dos monopólios e contra fusões suscetíveis de criar concentrações a níveis
indesejados.
A integração vertical pode ser para aumentar ou diminuir o bem-estar social, portanto
não é conclusiva. Nem todas as concentrações são necessariamente reprimidas, e
mesmo aquelas cujas razões são contestáveis poderão ter um motivo razoável, que
justifique, em termos de ganhos de eficiência, a restrição à concorrência.
Para essa análise é necessário uma ponderação de custo-benefício.
IV – B) A regulação
Regulação: em vez de impedir os agentes económicos de atingir uma dimensão que lhes
permita tornarem-se price makers, veda-se-lhes apenas o poder desse exercício. É-lhes
vedado essencialmente através da fixação de preços, ou do estabelecimento de preços
máximos que o monopolista é autorizado a cobrar.
A regulação:
3. Pode exercer-se por normas que estabelecem procedimentos, valores e limites;
ou por comandos por autoridades reguladoras, que avaliem as situações.
4. Envolve custos e pode por si mesmas determinar perdas de eficiência global,
pelo que é requisito básico da regulação que ela própria seja regulável;
5. Pode tomar uma forma imperativa, coerciva (o regulador público encarrega-se
de estabelecer preços, quantidades, barreiras de entrada ou de saída, etc.); ou
pode tomar uma forma orientada pelo mercado (estabelecendo-se puros
incentivos económicos, ex.).
Esta é uma solução apropriada para se lidar com monopólios naturais.
Mas essa fixação de preços depara-se com inúmeras dificuldades, p.ex:
1. Tudo o que seja fixar preços mais elevados do que o custo marginal do
monopolista é impedir a maximização do excedente total e impedir a afetação de
recursos;
2. A presença de economias de escala faz com que os custos médios tenham uma
curva descendente;

51
3. A fixação de preços em função dos custos marginais para maximização do bem-
estar total faz com que o produtor venda abaixo dos custos médios, o que causa
grandes prejuízos e força a longo prazo, a sua saída do mercado;
A fixação de preços tendo por base custos médios ou marginais é sempre uma solução
perversa.
4. O estado pode subsidiar o monopolista natural, mas isso não se faz sem recurso
a impostos, com os efeitos do deadweight loss
5. O ideal será permitir preços acima dos níveis de custos, mas irá sempre envolver
perdas de absolutas de bem-estar.
IV – C) A nacionalização dos monopólios
Esta é outra opção, essencialmente para monopólios naturais, se bem que a
monopolização, pela estadualização dos agentes económicos, envolva a possibilidade de
enfraquecimento dos incentivos para o controlo de custos, que vêm normalmente
associados à apropriação particular dos lucros.
Os gestores públicos, tendo a capacidade de transferirem custos para os contribuintes e
para os consumidores, têm a tendência de ter uma conduta orientada para outras
finalidades, que não a de maximização dos lucros.
Esta não é portanto a via mais adequada, até porque muitas vezes o estado é parte do
problema.
IV – D) A teoria dos mercados contestáveis
O monopolista que restringir a produção para níveis muito aquém da escala de
eficiência e estabelecendo preços muito acima dos custos marginais irá perceber que a
longo prazo será uma situação insustentável, e será derrotado pelos concorrentes recém-
chegados.
Um monopolista racional detetando uma situação similar, irá fazer o oposto, aumentar a
produção e baixar os preços.
O monopolista que baixe os seus lucros está a diminuir a concorrência que não
considera aquele mercado tão atrativo e está a aumentar o bem-estar social dos
consumidores, aproximando da situação maximizadora que ocorreria na concorrência.
Ele reduz o seu bem-estar e devolve aos consumidores, simulando o bem-estar de um
mercado efetivamente competitivo.
Teoria dos mercados contestáveis: (concorrência potencial) a tendência para um
produtor mesmo que isolado no mercado, reduz espontaneamente os seus lucros até a
um nível de lucro normal, como faria numa situação de contestação efetiva num
mercado concorrencial, dada a ameaça da entrada de novos concorrentes, que decorreria
da manutenção dos lucros.
Mercado contestável: mercado no qual o nível concorrencial de preços é atingido
através da mera concorrência potencial. A única exceção à teoria é a existência de
barreiras económicas de entrada e de saída, sob forma de custos irrecuperáveis,
causadores de escalas mínimas de eficiência muito elevadas.
No jogo de dissuasão de entrada, o monopolista estabelecido adota o preço competitivo
como seu equilíbrio de Nash: forma de equilíbrio estratégico não cooperativo (caso em
que todos os jogadores têm estratégias mas nenhum ganha com a mudança da sua
unilateralmente), visto que se adotar um preço monopolista, os concorrentes com preços
mais baixos retirar-lhe-iam a sua quota de mercado, sujeitando-se a perdas máximas (de
certo àquelas que perdeu com o facto de ter baixado os preços).
O equilíbrio de Nash trata-se de uma situação de não atropelamentos. Quando um
jogador só consegue mudar os seus resultados quando muda a sua estratégia, e quando
os outros também a mudam. Quando os vendedores concorrem uns com os outros

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aumentam a produção e baixam os preços até alcançar este equilíbrio. É a solução
maximizadora num contexto de interação.
V. A prática monopolista da discriminação de preços
Discriminação de preços: possibilidade que o monopolista tem de cobrar a diversos
clientes, preços diferentes por um mesmo bem.
Isto é uma prática monopolista reveladora de poder de mercado (em mercados com
atomicidade não é possível).
São os monopólios que mais ganham: a discriminação eficiente de preços como forma
de recuperação de custos fixos.
É uma estratégia na qual tenta minimizar a perda absoluta de bem-estar e ampliar os
rendimentos e lucros que a deadweight loss lhe nefa, atingindo vários segmentos de
consumidores com diferentes poderes de compra convertendo o excedente de bem-estar
dos consumidores em lucro, levando até ao limite a transferência de bem-estar.
Reclama duas condições:
1. Conseguir identificar e separar as diferentes classes de consumidores;
2. Conseguir vender um produtor que não possa ser facilmente revendido entre
essas classes de consumidores.
Essa discriminação pode assumir várias formas e vários graus (ex: estabelecimento de
tarifas por escalões de consumo; classes de passageiros nos transportes, etc.).
Esta é uma estratégia de:
1. Maximização de lucro
2. É mais eficaz quanto mais precisa e rigidamente for possível segmentar o
universo dos consumidores, devendo encontrar-se uma desmarcação rígida entre
os mercados:
1. Geográfica
2. Temporal – tem como limite a possibilidade de revenda, antes do lançamento da
versão económica;
1. Pode promover o bem-estar social, eliminando a ineficiência original dos preços
monopolistas, mas não é fácil determinar em que termos e com que amplitude
uma discriminação imperfeita se relaciona com incrementos de bem-estar social.
Há situações em que a discriminação torna aconselhável a renúncia a este expediente,
por exemplo, perante consumidores elitistas.
2. A discriminação de preços por ter efeitos pró-competitivos na chamada de novos
concorrentes.
3. Desloca os preços de equilíbrio, o incremento do bem-estar depende dos
incrementos de produção, haja ou não separação ou interdependência de
mercados; o mesmo é válido quando se trata de produtos intermédios e não de
finais.
4. Esta promoção do bem-estar social, quando ocorre, acresce sobretudo ao
excedente do produtor, visto que uma segmentação perfeita faria com que o
preço coincidisse com a disposição de pagar pelo consumidor, sem excedentes.
É isso que faz elevar os lucros, pelo que permite ao produtor que ele capture a
totalidade do excedente de bem-estar gerado nas trocas;
5. Se ele pudesse discriminar perfeitamente, o excedente total reverteria
inteiramente para ele: se ele dispusesse sem qualquer custo da informação
completa de disposição de pagar do consumidor, e ajustasse o preço a essa
disposição, teria a possibilidade de retirar qualquer excedente ao consumidor e
maximizar o seu lucro em cada transação.
Ex: TRIPS – sanciona uma recaptura de bem-estar para o lado dos produtores

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B – Oligopólio
Existem situações intermédia entre monopólios e de concorrência entre vendedores
atomísticos. Estas são situações de concorrência imperfeita:
1. Oligopólio: ganha especial relevância o facto de existir um número tão restrito
de vendedores que a atomicidade é sacrificada;
2. Concorrência monopolística: a fluidez é ultrapassada pela competição entre os
vendedores, que oferecendo bens ou serviços que se podem substituir uns aos
outros, dirigem o seu esforço para a demarcação dos seus produtos face aos
outros. Tentam fidelizar os seus clientes.
I. Mercado Oligopolista
Se num mercado o número de vendedores é restrito ao ponto de impedir a atomicidade
(Concentração > 1000) cada um dos vendedores disporá de um poder de mercado que
lhe permita influenciar o nível de preços e interferir no rendimento, nas receitas e nas
perspetivas de lucro dos seus concorrentes – interdependência de vendedores.
O oligopolista assume duas posições:
1. De concorrência
2. De cooperação – compreensão das vantagens que poderão advir de uma
coligação, que constitua um monopólio, permitindo aos seus membros dividir as
vantagens. O poder seria a única limitação  Cartel
II. A cooperação oligopolista: O cartel
Dado o nível de lucros extraordinários de um monopolista, a solução mais vantajosa
seria um pequeno grupo de vendedores aliarem-se, agirem com coesão – conduta
maximizadora monopolista – interrompem a produção aquém da escala de eficiência e
poderão cobrar um preço superior ao do custo marginal.
Esta coligação de oligopolistas, se dotada de um mínimo de estabilidade resulta num
Cartel, e pode derivar:
1. De um acordo explícito entre oligopolistas.
2. De seguir o líder, para equilibrar o nível de custos fixos irrecuperáveis e fazer
subir as barreiras de entrada no mercado;
3. Equilíbrio estratégico de não concorrência
Ex: Organização de países exportadores de petróleo
As formas de institucionalização dos carteis têm sempre deficiências que impossibilitam
a sua efetivação plena (incompletude de contratos).
George Stigler: foi o primeiro a entender a instabilidade dos cartéis, isto porque quem
neles participa tem tendência para fazer batota, incentivos ao não cumprimento, ganhos
às custas das perdas de outros. Para contrariar, é necessário que sejam incorporados
medidas de deteção da batota e de medidas adequadas de retaliação.
É sempre vantajoso não respeitar o acordo e expandir as suas vendas pelo simples
motivo de que só ele teria ganhos, enquanto que as perdas seriam suportadas por todos
os membros do Cartel.
Existem proibições jurídicas contra os Cartéis, mas há exceções. Esta repressão jurídica
fragiliza formas sucedâneas de acordo de quantidades e preço, formas sucedâneas do
cartel como:
1. Cartel tácito: conduta apaziguadora adotada espontaneamente pelos
oligopolistas;
2. Incitamento a um líder de mercado que fixa preços para todo o setor, de forma a
que os preços sejam adotados por todos sem perturbações quanto às quotas de
mercado que pertence a cada um.

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3. Técnicas que venda que oferecem ao consumidor o melhor preço da
concorrência e que acabam por nivelar, com algum automatismo, o preço
praticado por cada um dos oligopolistas.
A necessidade de um Cartel é tanto maior quanto maior for o número de oligopolistas, e
maior os correspondentes custos de coordenação multilateral.
Mas a verdade é que os acordos não fogem de limitações naturais.
Teoria económica das alianças: (Olson) necessário enfâse para a cooperação militar e
outras cooperações internacionais, nas quais existem uma margem de tolerância à batota
de alguns elementos na partilha do bem público – hipótese de exploração, que pode
conduzir a um equilíbrio de Nash, nos quais o aliado contam com a desproporção dos
contributos e tentam parasitar o aliado mais poderoso, com a agravante de ações
retaliatórias são incompatíveis com a subsistência da aliança.
III. A concorrência oligopolista
As dificuldades que existem na formação de cartéis não impede que se forme, de forma
espontânea, um equilíbrio entre oligopolistas rivais, no sentido de conduzir a uma
posição monopolista.
Quando existe um acordo entre os oligopolistas podem acontecer três situações:
1. Todos o respeitam
2. Alguns respeitam e outros não
3. Ninguém respeita o acordo – fazem batota (com batota os ganhos são maiores)
Na falta de acordo, os ganhos que poderiam obter são inferiores aos que poderiam obter
numa situação perto da conduta monopolista. Sem o acordo, atinge-se um equilíbrio no
qual podem produzir mais, mas os preços de mercado são inferiores.
Este acordo fica aquém do possível alcançável se se encontrassem num mercado
concorrencial. O equilíbrio entre oligopolistas é o da batota generalizada, e o
acatamento generalizado do acordo é uma posição de desequilíbrio.
A concorrência entre oligopolistas provoca uma erosão recíproca no respetivo poder de
mercado, o que devolve algum do excedente de bem-estar aos consumidores. Esta
erosão está limitada a um ponto de equilíbrio – a partir do qual os concorrentes deixam
de ter incentivo para prosseguirem as suas estratégias unilaterais. A competência entre
os rivais tem ela também limites  Equilíbrio de Nash: nenhum concorrente beneficia
com a mudança de estratégia se nenhum dos outros mudar a sua também. Dá-se pela
não cooperação. O resultado tende a ser melhor através da cooperação.
À medida que aumenta os concorrentes no mercado, que vai aumentando a incerteza e
os fatores de aversão ao risco, torna-se mais difícil chegar a um acordo e fazer todos
cumpri-lo.
Estratégia retaliatória:
1. Taco a taco: se fazes também faço
2. Trigger strategy: jogo enquanto jogares, se fizeres batota nunca mais jogarei
Jogo evolutivo: processo dinâmico de adaptação recíproca de agentes racionais
suscetíveis de aprendizagem.
Na medida em que só um jogador pode ganhar, não existem estratégias vencedoras,
existe apenas estratégias optimizadoras:
1. Minimax: tenta minimizar a probabilidade de perdas máximas
2. Maximin: tenta aumentar a probabilidade de ganhos
O aumento do mercado, traduz-se em princípio, numa dimensão de poder de cada um
dos concorrentes.
Na estratégia dos oligopolistas é necessário uma incorporação de uma representação
imediata às suas atitudes concorrenciais, e que pode ser uma das seguintes hipóteses:

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1. Concorrência de Cournot: Quantidades. O oligopolista parte do princípio que os
concorrentes não aumentarão a sua produção, e aumenta a sua para se expandir
no mercado. Os concorrentes reagirão com um corte de preços. Não existe
incentivo para aumentarem as suas produções, chega-se a um equilíbrio de Nash.
2. Concorrência de Bertrand: Preços. O oligopolista parte de pressuposto que faça
o que fizer os concorrentes não mudam o seu preço, o que lhe abre a hipótese de
aumentar o número de vendas e diminuir o preço, que os outros não
acompanharão. Contudo se os bens dele não forem perfeitos substitutos e o
mercado não for fluído o suficiente, pode ele estar a comprometer o seu
rendimento.
Este modelo é mais suscetível de promover a eficiência e o bem-estar.
3. Procura quebrada: O oligopolista sabe que os concorrentes
reagem a diminuições de preços, mas não a subidas, pelo que
a curva da procura é quebrada por duas elasticidades distintas:
1. Inelástica às descidas de preços
2. Elasticidade quase infinita às subidas
IV. Estratégia e teoria dos jogos
A especial relevância desta teoria advém de:
4. Os oligopolistas disporem de suficiente poder de mercado para se prejudicarem
uns aos outros, mas sem poder suficiente para transitarem para uma situação
monopolista;
5. Nem sempre se afiguram óbvias as vantagens de cooperação face à posição do
equilíbrio de Nash, à qual cada um conseguirá chegar.
IV – A) O dilema do prisioneiro
Duas pessoas que não puderam comunicar nem definir uma estratégia são colocadas
numa situação de lance único, em que ambas ganham se cooperarem e perdem se
hostilizarem, e que, para cada um deles, a estratégia dominante é a de não cooperação
isto porque:
1. Prejuízo máximo: gesto de cooperação não correspondido
2. Benefício máximo: gesto de hostilização não correspondido
Assim, temos que:
1. Se um for o delator e o outro não, o delator terá pena mínima e o outro máxima.
Isto convidará ambos à delação, e ambos terão pena superior àquela que teriam
se houvesse um silencia cúmplice.
2. Se um falar, interessa ao outro falar para não levar pena máxima;
3. Se o primeiro não falar, interessa ao outro falar para levar pena mínima;
4. Qualquer que seja a atitude da outra parte, terá sempre vantagem falar, pois
equivale a uma pena menor.
Silêncio de ambos  Ótima de Pareto Denúncia recíproca  Equilíbrio de Nash

IV – B) Jogos com Aprendizagem


Em geral, os oligopólios não se encontram em situações puras de dilema do prisioneiro
porque:
1. Não estão limitados a único lance do qual depende tudo;
2. Mantém-se em aberto as possibilidades de comunicação, negociação e
renegociação;
3. Os rivais não se movem numa grelha restrita e pré-determinada de ganhos e
perdas, não sendo por isso possível determinar um estratégia dominante, um
conjunto de soluções ganhadoras independentes da outra parte.

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Depois de alcançar o equilíbrio de Nash, e se houver possibilidades de uma segunda
chance, podem os concorrentes mudar a sua opinião e optar pela cooperação.
Na teoria estratégica dos jogos é obvio que existe uma capacidade adaptativa. Num jogo
repetido há-de se acrescentar a reputação dentro de um contexto de reciprocidade,
tranquilizando os parceiros com a previsibilidade e fiabilidade da conduta.
Ganham importância decisiva pontos como:
1. Cooperação e abstenção do parasitismo
2. Formação e sedimentação de normas sociais e de instituições que incentivam
condutas promotoras de bem-estar.
O acordo de Cartel impõe alguma disciplina para limitarem os níveis de produção ou de
vendas, para partilharem os lucros extraordinários, acordo contrário à estratégia
dominante que tende a empurra-los para o equilíbrio de Nash, pois qualquer dos
oligopolistas adquire grandes vantagens se fizer batota, e nenhum quererá ficar numa
posição de desvantagem.
Assim, e apesar do acordo, é natural que o oligopólio tenda a sobre reproduzir
relativamente ao nível que seria ótimo para o bem-estar de todos os membros, pois cada
um tem uma racionalidade individual que tenderá a impor-se à perspetiva coletiva, que
o mandaria ser paciente.
Mas a não-cooperação tende a reverter-se em benefício para os consumidores. Será
tanto maior o benefício quanto maior o dilema do prisioneiro dificultar o pacto de
silêncio.
V. Política anti oligopolista
A cooperação diminui o bem-estar social, então justifica-se uma intervenção estadual
contra a mesma. O principal esforço de combate tem sido a repressão dos acordos de
preços e de quantidades – restrições verticais.
Mas a impossibilidade jurídica de formação de cartéis tácitos ou expressos, não impede
não impede que os oligopolistas tentem restringir alguns efeitos da entrada no mercado
de novos concorrentes.
Para além das práticas dissuasoras existem também práticas restritivas da concorrência
mediante a qual um produtor tenta controlar as condições do mercado através de
imposições feitas aos vendedores dos seus produtos.
Exemplos de práticas restritivas verticais:
1. Tabelamento de preços de revenda, que os impede de entrar em concorrência de
preços;
2. Acordos de concessão exclusiva (só podem distribuir aqueles produtos);
3. Acordos exclusivos de distribuição geográfica;
4. Imposição de vendas de bens em conjunto (impõe a compra de outro bem do
oligopolista).
Todas estas práticas visam a redução da pressão competitiva. A pressão exercida contra
estas tem levado à formulação de defesas credíveis por parte dos oligopolistas:
1. Controlo de qualidade na distribuição
2. Preservação na reputação das marcas
3. Possibilidade da criação de efeitos de rede, externalidades no consumo, de
reputações comerciais;
4. Aumento do nível de informação que circula no mercado.
A simples eliminação de barreiras à entrada de concorrentes bastará, muitas vezes, para
disciplinar o mercado oligopolista e para evitar a formação de cartéis, pelo que todo o
esforço do mesmo pode ser inútil pela entrada de não-membros no mercado.
O monopólio natural é particularmente resistente à política de contestação do mercado.
Medidas reguladoras de combate aos cartéis:

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1. Imposição de quotas de produção aos oligopolistas
2. Soluções de regulação direta
3. Proibição legal de abusos de posição dominantes.
A maioria dos economistas contudo dizem que perante uma falha de mercado o melhor
será deixar o mesmo funcionar livremente, dado que uma possível intervenção poderá
levar a políticas anti trust, que pode constituir um pretexto para um avanço
intervencionista.

C – Concorrência monopolística
I. O sacrifício da fluidez
A concorrência por exemplo entre restaurantes, não se faz através da guerra de preços,
mas da diferenciação de produtos. Disputam o mesmo mercado e a mesma clientela, e
tentam seduzi-los através dos seus elementos diferenciadores e da publicidade, tentando
criar um nicho monopolístico, dentro do qual poderão ser price makers.
A fluidez aqui é posta de parte. Os produtores concorrem mas fazem-no com um esforço
de diferenciação dos seus produtos que ao mesmo tempo permita reduzir o nível
concorrencial.
Tentam ser substitutos imperfeitos de outros produtores, não optando por comparação
direta de características que pudessem através da fluidez, levar a uma escolha racional
dos consumidores.
Na concorrência monopolística, existe uma tentativa de manter a elasticidade cruzada:
nem tão pouca para criar concorrência, nem muita para que deixasse de haver uma
inelasticidade na procura.
Mercado relevante: mercado no qual os produtores se apresentam como suficientemente
sucedâneos.
Este mercado é um mercado híbrido, com elementos de concorrência perfeita e
monopolísticos:
1. Tem elevado atomicidade: não há barreiras de entrada nem de saída
2. Não existe fluidez contudo, ou esta é frequentemente desprezada.
A ideia de concorrência monopolística é ela própria um paradoxo na medida em que:
1. Existem produtos diferentes uns dos outros, que não o são tanto, podendo
satisfazer o mesmo público alvo;
2. Os consumidores dispõem de um leque de serviços que não sendo totalmente
idênticos, satisfazem os seus fins, as mesmas necessidades – sucedâneos
imperfeitos
II. Concorrência monopolística e concorrência perfeita
Dentro do nicho monopolístico que cada consumidor consegue criar, o poder de
mercado ressurge similar aos monopolistas, e o vendedor defronta-se, ao nível de preços
do mercado com uma curva da procura descendente.
Concorrência perfeita:
1. Atomicidade no lado da oferta faz com que as decisões de cada um
relativamente aos preços que pratica, não dependam das decisões doa outros.
Não há retaliação. Decisões independentes;
2. Liberdade de entrada e de saída do mercado
3. Tendência para o desaparecimento de lucros extraordinários a longo prazo
Concorrência de monopólio:
1. Cada produtor detém algum poder de mercado, nicho de mercado; poder de
isoladamente influenciar o preço em virtude de não uma homogeneização de
produtos;
2. Não há fluidez

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3. Dificuldade de entrada e de saída.
Concorrência Monopolista:
1. Existe diferenciação suficiente para que cada concorrente exerça poder de
mercado – como um monopolista a procura é inversamente proporcional aos
preços
2. Atomicidade: cada concorrente pode tomar decisões sem se importar com o
impacto das duas atitudes sobre os outros concorrentes.
3. Liberdade de entrada e de saída que vai perdendo, a longo prazo, o caráter
monopolista
Divergência entre monopólio e concorrência monopolista
A entrada de cada novo concorrente reduz a parcela do mercado que cabe aos
vendedores já instalados no mercado, e retrai a procura até a um ponto em que é
tangente com os custos médios, ponto em que a produção do concorrente monopolista
equilibrará, mas sem lucros.
Divergência entre concorrência perfeita e concorrência monopolista
Uma situação de concorrência monopolista produz menos com preços mais elevados,
sendo menos eficiente: os produtores da concorrência monopolista não são incentivados
a alcançar a sua escala de eficiência, não há incentivos para produzir mais.
1. Produção aquém da escala de eficiência
2. Excesso de capacidade instalada: possibilidade de diminuição dos CM com
aumento da produção
3. Procura da soberania, a reputação de qualidade. A publicidade desempenha um
papel crucial neste mercado
4. Desaparecimento de lucros extraordinários a longo prazo
III. O impacto da concorrência monopolística na produção do bem-estar
Existe uma perda absoluta de bem-estar na concorrência monopolística, devido à
disparidade que existe entre nível de preços e custo marginal.
Poderia haver uma intervenção administrativa que aproximasse as duas variáveis,
contudo significava:
1. Prejuízo económico para concorrentes que a longo prazo já não alcançam lucros;
2. É de se perguntar se esta ineficiência não advém da eficiência acrescida que ele
proporciona no mercado de informação, por via de publicidades; e ainda
externalidades positivas advindas da diferenciação, que aumentam o grau de
informação disponível e a amplitude das escolhas dos consumidores.
A combinação de externalidades positivas e negativas associadas à entrada de
concorrentes faz com que seja difícil determinar o nível ótimo de competição nesse tipo
de mercado.
A inexistência de barreiras e o facto de que cada entrada de um concorrente é uma
externalidade negativa para os concorrentes, deveria fazer que estes primassem pela
inovação. Mas é mais fácil tentar mostrar aos consumidores que o produto é diferente
em relação aos demais.
A maximização da capacidade produtiva não é sinónimo de maximização do bem-estar
na medida em que não é ilimitada a procura de cada produto.
IV. O papel da publicidade e das marcas
Publicidade: subproduto da concorrência monopolística, é um veículo de diferenciação
e de promoção de vendas.
Do ponto de vista da procura, é de saber se as perdas de eficiência desta concorrência é
ou não compensada pelos ganhos de informação advindas pela publicidade e pelos
ganhos de informação. Para alguns não ocorre. Associam a publicidade a um exercício

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de manipulação e de condicionamento, que cria mais necessidades ao invés de informar
o consumidor.
Para outros, estes propósitos manipuladores não chegam para desviar o olhar do
consumidor das características essenciais do produto.
Por outro lado, a publicidade permite ao consumidor conhecer novos produtos e alargar
o seu leque de escolhas, aumentando com um custo mínimo, a probabilidade de que a
escolha recaia sobre o produto mais eficiente.
A publicidade tem um efeito pró competitivo, em que dá hipótese aos concorrentes e dá
escolha aos consumidores.
Search goods: bens cujas características podem ser razoavelmente aferidas, e a baixo
custo, antes da compra. Prevalece a função informativa.
Experience goods: bens cuja qualidade em rigor só pode ser avaliado após a compra.
Prevalece a função persuasiva. Ocorre a seleção adversa nestas situações e o risco
moral.
Muitos defendem que o preço mais elevado que se paga pela marca está associado
também ao pagamento de um preço de confiança, que se deposita como sinal de
qualidade de um produto.
A presença de uma marca tranquiliza o consumidor que saberá mais do que o simples
preço do produto.

RESUMO
Número de Barreiras de Poder de Índice de
vendedores Produtos Mercado Mercado Herfindahl-
Hirschman
Monopólio Um único Únicos, sem Elevadas Máximo 10.000
sucedâneos
Oligopólio Sem Qualquer tipo
Intermédias Médio 1000 – 9999
atomicidade
Concorrência Com Diferenciados Inexistentes Limitado 100 – 999
Monopolística atomicidade
Concorrência Com Indiferenciados Inexistentes Nulo Até 100
Perfeita atomicidade

E – Efeitos da inovação tecnológica


Espera-se que exista só um estádio de desenvolvimento tecnológico, na media em que
presumindo que a partilha de informação é quase instantânea, gratuita e universal.
A inovação tecnológica é um objetivo primordial dos produtores em mercados
competitivos, visto que através da mesma é possível esperar lucros extraordinários.
Concorrência Schumpeteriana: chave para o dinamismo inovador do sistema capitalista.
Nos mercados mais ferozes em níveis concorrenciais, o que conta é a competição pelo
novo produto, pela tecnologia, e não uma guerra de preços.
Estratégia evolucionista: consiste na adoção de uma conduta racional orientada para
hipóteses de sobrevivência na qual qualquer diferença de armas é fatal, isto é, a resposta
mais eficiente é a criatividade, a inovação, o desenvolvimento e rápida adoção de alta
tecnologia.
Esta ideia é problemática, na medida em que a longo prazo com o desaparecimento dos
lucros extraordinários vai-se perdendo financiamento para investigação e
desenvolvimento tecnológico.
Quanto a assimetrias e imperfeições concorrências, elas devem-se a:

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1. Vantagens de prioridade na introdução de inovações no mercado, que permitem
o alcance de benefícios concorrenciais para que se possa formar novos nichos de
mercado;
2. Necessidade de proteção da investigação através de direitos de propriedade
intelectual, que conferem ao produtor o monopólio, seja por segredo industrial
ou proteção de patentes;
3. Existência de custos fixos elevados e irrecuperáveis em função da necessidade
de acompanhamento de inovações tecnológicas;
4. Diminuição rápida de custos médios através da tecnologia;
5. A maior dificuldade dos concorrentes recém-chegados a setores de mercados
com grande intensidade de inovação tecnológica envolve um risco associado ao
investimento.
A proteção jurídica da inovação tecnológica é um crucial incentivo. Mas o grau de
proteção depende da sofisticação que já se tenha alcançado. Pode não o ser também por:
dificuldade de apropriação e de tributação; dificuldade de coordenação internacional.
Todavia, qualquer grau de proteção jurídica ajuda a criar um mercado da tecnologia,
permitindo uma divisão de trabalho a exploração das inovações.
I. O problema da partilha de ficheiros
A pirataria é hoje em dia uma das consequências da tecnologia e que põe em causa o
direito à propriedade intelectual.
Condicioná-la não será contudo uma solução. Mas muitos são os esforços para que este
crime tenha fim.
A principal medida que os produtores alvos desta difusão não autorizada podem tomar é
a de baixar os preços dos seus produtos.
Mas a solução não está na destruição, pois criaria um sinistro precedente para o futuro.
Para além disso não se pode afastar a ideia de que este processo cria grandes aumentos
no bem-estar dos consumidores, que no fundo é do que se trata todo o processo
económico.

F- Efeitos da informação imperfeita


A informação imperfeita é um bem suscetível de trazer informação direta e ainda um
bem para aumentar a produtividade e o benefício marginal do seu detentor. Este
pressuposto era um dos critérios da concorrência perfeita, a fluidez.
I. Mercado de informação
A informação tem um custo de obtenção e um custo de oportunidade, e é portanto
tratada como um bem.
Num mercado em que os custos de informação sejam demasiados elevados, os
vendedores praticam preços diferenciados. Uma diminuição dos mesmos não será
propriamente benéfico, na medida em que os consumidores poderão nem notar. Isto
deve-se à pouca fluidez existente.
Nada disto impede, contudo, a formação de um preço de equilíbrio, nem invalida a
concorrência perfeita, embora haja maior probabilidade de formação de nichos.
II. Seleção adversa
Incide sobre experience goods em que qualquer nível racional de busca é insuscetível de
vencer a assimetria informativa e interpretativa.
A aversão ao risco leva o consumidor a oferecer um preço mediano, o que afasta
produtores cuja qualidade esteja acima desse nível, deixando estes o mercado. Restam
apenas os vendedores com qualidade abaixo da mediana.
Esta constatação poderia baixar o nível mediano de preços, o que entraria numa espiral
e que conduziria ao colapso do mercado.

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Assim, os vendedores terão interesse em diminuir a assimetria informativa que
inicialmente lhes era favorável.
III. Sinalização
A sinalização é uma forma de fugir à seleção adversa, com informação gratuita e
credível e que permite ao consumidor ver todas as suas possíveis escolhas, segmentando
o mercado em classes, e evitar o recurso a preços medianos.
Este sinal pode ser incompleto, mas basta certas informações para que o consumidor
possa tomar uma decisão convicta.
Uma das consequências da seleção adversa é a sinalização de preços. Perante preços
mais elevados o consumidor considera que estamos perante bens com maior qualidade.
Esta é um meio adequado para situações monopolistas, em que não haja guerra de
preços, ou quando o nível de informação é baixo.
IV. O Risco moral
Tende a emergir no decurso de uma relação contratual duradoura, durante a qual uma
das partes, abusando da sua vantagem informativa, não cumpre, ou cumpre
deficientemente as obrigações assumidas para com a outra, fiando-se na dificuldade
gerada pela assimetria informativa.
O remédio clássico é o de estipulação contratual, que confere à outra parte o poder de
supervisão sobre a outra.
Mas três dificuldades podem surgir nesse ponto:
1. Impossibilidade de deteção, dada a assimetria informativa de que dispõe o
faltoso;
2. Morosidade e onerosidade nos contratos completos;
3. Morosidade e onerosidade implicados na reparação judicial dos danos
emergentes do risco moral, com custos tanto maiores quanto mais complexo for
o contrato.
Outro remédio é o da reputação, que permite a difusão a baixo custo das características
dos agentes económicos.
Mas, em casos de reputação não existe incentivo à concorrência, pelo que os bens são
inelásticos, tomando uma vez mais o preço como indicador de qualidade.
Por outro lado, a reputação é também ela uma barreira à entrada e saída de concorrentes.
Todas estas falhas informativas reclama intermediários e fornecedores de informação, e
que tendem a complementar o nível informativo gerado pelo mercado.
A racionalidade assenta numa informação dispendiosas, pelo que muitas das decisões
individuais são eficientemente tomadas com informação incompleta, e muita da
interdependência se funda em informação assimétrica.
Teoria da Agência: Os problemas de agência têm origem na separação da propriedade e
da gestão das organizações. O proprietário (principal), objetivando maximizar seus
lucros, delega ao gestor (agente) o poder de comandar o empreendimento,
estabelecendo metas de resultados esperados e limites de riscos admissíveis. Para
regular essa relação, a Teoria de Agência, também conhecida como Teoria da Firma,
estabelece mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e incentivos) para
garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse dos
acionistas.

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