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PROJECTOS DE COMUNICACÃO
E MARKETING
ELABORAÇÃO DE PARCERIAS
ESTRATÉGICAS
GESTÃO EDITORIAL
EDIÇÃO DE PUBLICAÇÕES
(jornais, revistas, livros, boletins,
brochuras, relatórios, catálogos)
DESIGN GRÁFICO
DISTRIBUIÇÃO
A informação
que gera Conhecimento!
1ª Rua Perpendicular nº 15 - Bairro da Coop-R/C | Tel.: +258 21416186 | Fax: +258 21416187 | Maputo - Moçambique
EDITORIAL
Pelos Funcionários e Direcção Geral
9 10 15
O IPEME juntou-se ao Há um investimento na Apesar da importância que o
Programa Speed da USAID implementação de um capital humano representa
e fez o Estudo “PME em modelo de desenvolvimento nas empresas, o que se
Moçambique – Oportunidades integrador, solidário e constata é que a maior parte
e Desafios”, com o intuito de ambientalmente responsável. das PME não possui um
criar condições de sucesso Eis a chave para o sucesso, departamento dedicado à sua
para as PME num contexto segundo Paulo Lopes, director gestão.
competitivo. da Baker Tilly.
4 PME MOÇAMBICANA
PME MOÇAMBICANA // QUAL O FUTURO DA INDÚSTRIA
Propriedade: IPEME (Instituto de Directoras Comerciais: Amália
MOÇAMBICANA?
Promoção às Pequenas e Médias Ngoca (IPEME: maly.ngoca11@
Empresas) gmail.com) / Neusa Simbine
(Mozmedia: neusa.simbine@
Projecto financiado: USAID/ mozmedia.co.mz)
SPEED
Design Gráfico: Arlindo Magaia
Estudo e Consultoria: Baker Tilly (Mozmedia)
Moçambique
Redacção e Colaboradores:
Director Geral: Claire Zimba Belizário Cumbe; Eleutério
(IPEME) Mabjaia; Mário Sitoe; Pedro A USAID teceu um comentário sobre
Director Executivo: Manuel Lopes; Sérgio Mabombo o futuro da indústria no país e consi-
Chicane (IPEME) dera que é um sector ainda pequeno
Fotografias: Gildo Mugabe; Zein
Hassan
e de baixa tecnologia, exceptuando
Directora Editorial: Helga Nunes
(Mozmedia)
o caso da indústria extractiva e de
alguns mega-projectos.
22 30
planear, organizar, liderar, controlar e caracterizado pela competitividade.
avaliar.
34 44 57
O acesso ao crédito é um A Collins Sistemas de Água A obra de Oldemiro Belchior
calcanhar de Aquiles para as providencia soluções de foi escrita com os olhos
PME. Mas, ao mesmo tempo, abastecimento de água, postos na problemática
registou uma melhoria no saneamento e drenagem, do financiamento das PME
ranking de Doing Business do tendo sido distinguida em e é um instrumento de
Banco Mundial. 2014 como PME Inovação. trabalho que poderá nortear
as decisões de muitos
empresários.
FEVEREIRO 2015 5
IPEME
6 PME MOÇAMBICANA
c. Conselho Técnico (colectivo de natureza téc- a. Centros de Desenvolvimento Empresarial PME (Core):
nica científica de aconselhamento e apoio Serviço público (Front Office) de atendimento e apoio
ao Director Geral, que o preside). ao negócio e investimento de âmbito nacional (pres-
2.7. Funcionários: O IPEME dispõe de um quadro tação pública das soluções de assistência).
de pessoal que comporta 71 lugares, estando
actualmente ocupados 46 lugares, dos quais
28 estão preenchidos por funcionários do sexo
masculino e 18 do sexo feminino.
2.8. Desafios: A relevância do IPEME foi colocada Resultados alcançados: Assistidos, desde 2010, um total de
como instrumento-resposta de remoção a mui- 12.862 empreendedores e PME.
tos dos constrangimentos enfrentados pelas b. Pesquisa “100 Melhores PME”: Plataformas PME me-
MPME’s, designadamente: canismo de registo, assistência no acesso ao merca-
a. Na falta de planificação e estruturação em- do e de promoção empresarial.
presarial.
b. Na baixa qualificação da mão-de-obra
(baixo conhecimento, experiência e poucas
externalidades positivas decorrentes das
capacidades profissionais).
c. Nas dificuldades na gestão empresarial (fal-
ta de conhecimentos básicos sobre a gestão Resultados alcançados: 685 MPME’s participantes nas edi-
empresarial e contabilidade). ções: 2012, 2013 e 2014
d. Na falta de cumprimento das obrigações c. Base de Dados PME: Serviço de registo, assistência e
contratuais e prazos. acompanhamento das MPME.
e. Actuação na informalidade. Resultados alcançados: cadastrados 11.400 PME e 500 em
f. Nos processos tecnológicos inadequados aprimoramento efectivo e pleno.
(baixo nível de qualidade e falta de econo- d. Clínica PME: Serviço de diagnóstico, assistência e
mias de escala). acompanhamento das MPME.
g. Nas dificuldades de acesso a financiamentos e. Incubadora PME: serviço de assistência integrado e
(literacia financeira, colaterais, histórico, pla- dedicada com vista a criar e fortalecer capacidade
nificação e estruturação). competitiva de empreendedores e Micro e Pequenas
h. Nas dificuldades de acesso de tecnologias empresas.
adequadas a competitividade empresarial.
i. Nas dificuldades de acesso a mercados (liga-
ções empresarias, compras públicas e mer-
cados preferenciais).
j. Nas dificuldades de acesso à informação e
conhecimento (custos, complexidade e bu- f. Formação PME: Serviço de capacitação padrão e à
rocracia). medida das MPME.
k. Nas dificuldades de estabelecimento de co- g. Acesso a Financiamento PME: Serviço de assistência
ligações/parcerias inter-empresariais. das MPME no acesso ao financiamento.
FEVEREIRO 2015 7
guesa: Instrumento de apoio e financiamento das Resultados alcançados: Foram assistidos 251 empreendedo-
MPME nacionais para a criação e consolidação da res, micro e pequenos empresários dos quais 88 mulheres
sua capacidade produtiva e competitiva (no valor dos sectores de agro-pecuária, artesanato, indústria, turismo
total de 434.343.361,00 USD/ 13.294.869,00, des- e serviços, envolvidos na cadeia de valor de 200 produtos
tinado ao financiamento das MPME e associações/ seleccionado.
cooperativas de produtores que operem nas áreas l. Ligações PME: Serviço de assistência na ligação das
da Indústria, Comércio, Turismo e Serviços através de PME aos mercados público e das grandes empresas.
modalidades de bonificação de juros e garantia de Resultados alcançados: 1.350 PME nacionais participaram
crédito - 55% quando se trate de pedidos de Peque- dos workshops de divulgação no âmbito do Memorando de
nas e Médias Empresas e 80% quando se trate de Entendimento celebrado com a Anadarko; PME capacitadas
pedidos de Micro empresas e Associação/cooperati- em procedimentos e oportunidades sobre Empreitada de
va de produtores). Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Servi-
i. Primavera Express: Software de gestão e organiza- ços ao Estado.
ção contabilística básica empresarial (stock, facturas, m. Feira Internacional de Embalagem PME – FIEI: Servi-
cotações, balancetes, mapas de registo, etc.). ço de especialidade promoção, assistência e ligação
Resultados alcançados: 250 PME beneficiárias entre a procura e oferta do sector de embalagem e
j. Promoção PME: Serviço de divulgação e promoção impressão.
das MPME’s.
k. Projecto CaDUP - Cada Distrito um Produto: Meca-
nismo de assistência empresarial para a melhoria e
maior eficiência da exploração dos recursos locais
nas províncias-piloto de Maputo, Gaza, Inhambane,
Manica e Nampula.
Resultados alcançados: 124 expositores e 1.530 visitantes
nas cinco edições da FIEI nas províncias de Maputo e Nam-
pula.
A nossa convicção
8 PME MOÇAMBICANA
tecido
ANÁLISE
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Baker Tilly M
FEVEREIRO 2015 9
ESTUDO
É preciso criar
condições para o sucesso
O actual contexto de crescimento sustentado em Moçambique é resultado do investimento realizado por todos os Agentes
Económicos no sentido da implementação de um modelo de desenvolvimento integrador, solidário e ambientalmente
responsável.
Pequenas, Médias
Estatuto Geral das Pequenas e Médias
Empresas define-as de acordo com o
número de trabalhadores e o volume
e Grandes Empresas?
de negócios apurado anualmente,
sendo que o volume de negócios é o
factor prevalecente na classificação.
Distinção entre empresas As PME (ou Micro, Pequenas e Médias Empresas) cons-
tituem um bloco empresarial muito importante para a
► Micro empresa - Empresa com menos de 4 economia do país sendo que 98,6% do mercado é consti-
trabalhadores ou com um volume de negócio tuído por este tipo de empresas, de acordo com o Censo
anual inferior a 1.2 milhões de meticais; de Empresas ou CEMPRE 2004. Assim, o crescimento
► Pequena empresa - Empresa com o número económico do país, a criação de emprego e a redução da
de trabalhadores compreendido entre 5 e 49 e pobreza estão altamente dependentes do sucesso das
volume de negócios entre 1.2 e 14.7 milhões de PME.
meticais; Foi notado que as pequenas e médias empresas, apesar
da sua dimensão e do seu volume de negócios reduzido,
► Média empresa - Empresa com o número de
absorvem mais força de trabalho nacional do que as
trabalhadores compreendido entre 50 e 100 e o
grandes empresas, devido à fraca automatização de pro-
volume de negócios superior a 14.7 e inferior a
cessos produtivos (de acordo com o afirmado pelo Minis-
29.97 milhões de meticais;
tério da Indústria e Comércio, em 2007).
► Grande empresa - Empresa com o número de Devido ao facto de estas estarem dispersas pelo país,
trabalhadores superior a 100 e volume e negó- mesmo em locais rurais, oferecem oportunidades de
cios superior a 29.97 milhões de meticais. trabalho não centradas na capital do país e em zonas
industriais – vantagem que apresentam em relação às sentem algumas dificuldades que impedem o seu cresci-
grandes empresas. Pelo mesmo motivo, estas assumem o mento rápido e sustentável. Os principais grupos de pro-
papel de redistribuídoras do rendimento por todo o país, blemas prendem-se com o ambiente macroeconómico em
reduzindo então as disparidades de rendimento entre as que se inserem, aspectos internos à empresa e com o papel
zonas rurais e urbanas. das instituições públicas neste processo.
Por outro lado, o facto de existir um elevado número de Como tal, o sucesso das empresas não depende exclu-
empresas a competir no mesmo sector e com capacida- sivamente do seu modus operandi. O meio envolvente
des financeiras limitadas, estas focam-se em criar facto- assume um peso significativo no desempenho da mesma,
res de diferenciação em relação à concorrência, gerando juntamente com a sua dinâmica económica associada.
um ambiente de negócios saudável e criando oportuni- Por sua vez, o ambiente económico pode ser dividido em
dades de inovação e de diversificação de produtos/servi- vários aspectos. Um deles prende-se com o estado da
ços oferecidos, o que beneficia principalmente o mercado economia em geral. Uma economia que está em fase de
e os consumidores finais. crescimento também promove oportunidades de cresci-
mento mais atractivas às empresas. Por outro lado, se a
Principais bloqueios encontrados economia estiver em fase de recessão é muito mais difícil
Apesar do desenvolvimento das PME ser benéfico para que estas se desenvolvam e consigam aumentar a quota
a economia e para o país como um todo, as empresas de mercado e obter lucros satisfatórios.
FEVEREIRO 2015 13
FUNCIONAMENTO
11% 12%
Investir Compra de empresa
em equipamento existente
% de produção %
Drivers de conhecimento escolhidos nenhum tipo de objectivos a médio-longo prazos, e, por consequência,
não dispõem de ideias ou estratégias de crescimento.
Os drivers de crescimento são as acções escolhidas pelas empresas Por outro lado, já é notável a preocupação de empresas em relação a
como forma de atingir uma taxa de crescimento mais elevada nos pró- aspectos não directamente relacionados com a produção e venda de
ximos anos. Apesar de já se evidenciar algum planeamento por parte produtos ou serviços, como a criação de valor para o cliente, o reforço
de certas empresas, este é pouco estruturado e revela uma incidência da componente de marketing e a formação e capacitação dos seus co-
apenas no curto prazo. Algumas empresas (cerca de 14%) não definem laboradores.
Em termos estratégicos, foram identificados quatro princi- ção mais comum quanto à criação das PME (representando
pais motivos para a criação das PME entrevistadas aquan- 1/3 dos empresários).
do do Estudo “PME em Moçambique – Oportunidades e Ao mesmo tempo, cerca de 27% das PME surgiram da iden-
Desafios”. Foram os mesmos o conhecimento prévio do tificação de uma necessidade no mercado nacional e da cria-
mercado (31%), a identificação de uma necessidade no ção de uma solução para satisfazê-la. É notável o empreen-
mercado (27%), o projecto de apoio (12%), a compra de dedorismo dos empresários jovens moçambicanos, visto
empresa existente (12%), entre outros (19%). que a maioria das empresas que surgiram desta forma tem
No que diz respeito ao conhecimento prévio do mercado, uma característica em comum, quadros directivos jovens.
sabe-se que alguns empresários iniciaram a sua carreira Outras empresas surgiram, por outro lado, de projectos de
no sector a trabalhar por conta de outrem como forma apoio à população, como forma de desenvolvimento da
de reunir um conjunto de competências e de acumular comunidade local pela oferta de postos de trabalho, oferta
poupanças que mais tarde lhes permitiram abrir o próprio de soluções adequadas e investimento de parte dos lucros
negócio. Nestes casos o que acontece é que o responsável na melhoria das condições de vida da população (12%), ao
pela empresa constrói a sua base e conquista o mercado passo que outra parte das empresas surgiu da oportuni-
com as competências adquiridas no passado. No fundo, vin- dade de compra de uma empresa existente que estava na
ga o seu negócio no mercado com a rede de contactos que fase de declínio, alteração do modus operandi e renovação
conseguiu juntar e com os clientes fiéis que tinha quando de estratégias. O que resultou numa PME renovada com
trabalhava anteriormente em outra empresa. Esta é a situa- potencial de crescimento.
A realidade contratual 0
A generalidade das empresas na amostra estabelece
contratos de trabalho formais com os trabalhadores
(95%). Nestas, os contratos mais utilizados são os por É notável a preocupação actual das empresas em
tempo indeterminado (57%), normalmente para co- diversificar os pacotes remuneratórios oferecidos aos
colaboradores, em especial, tratando-se de parcelas
laboradores das áreas administrativas e centrais e os
remuneratórias que mitiguem aspectos críticos para as
contratos a prazo certo (28%), usados maioritariamente organizações como:
na contratação de professores – contratos anuais - e 1) Falta de formação – empresas optam pelo
trabalhadores de empresas que funcionam com projec- pagamento das propinas das universidades
tos, como construção civil, prestação de serviços, entre ou de prémios de desempenho académico aos
outros – contratos de acordo com a duração do projecto. trabalhadores;
2) Absentismo – bónus associados à assiduidade;
São utilizados também contratos sazonais (em 10% das
3) Envolvimento e responsabilização – parcela
empresas), para trabalhadores de empresas agrícolas e variável dependente da satisfação do cliente,
em determinadas indústrias (extracção de sal e proces- alcance de objectivos e outros.
samento de madeira).
FEVEREIRO 2015 15
Práticas
de Integração
e Retenção
identificadas
Ao nível das práticas de integração, 57% das empresas referiram, aquando do
Estudo do Ipeme/USAID, que desenvolveram formação inicial, formal e informal,
aquando da entrada do colaborador, como forma de mitigar a falta de formação
dos candidatos.
Cerca de 7% das empresas contrata trabalhadores em regime de estágio (de
3 ou 6 meses) e posterior contratação por tempo indeterminado, de modo
a integrar o trabalhador, transmitir conhecimentos necessários e avaliar a
sua capacidade de aprendizagem. Foi também evidenciado que 33% das
empresas não dispõe de nenhum tipo de práticas de integração de traba-
lhadores.
As empresas afirmam sentir dificuldades em reter os colaboradores. Isto
porque a população é motivada por ganhos a curto prazo, como o aumento
salarial, e não reflecte sobre os possíveis benefícios a longo prazo, como
avanços na carreira, melhores condições de trabalho, ambiente de trabalho
amigável e oferta de outros benefícios. Devido a este facto e à limitada ca-
pacidade financeira que impossibilita o aumento de salários dos trabalha-
dores, a taxa de rotatividade nas empresas constitui um constrangimento.
37 % 31% 29% 3%
Falta de capacidade Plano
Avaliação Plano de formação de carreira
para desenvolver
de desempenho
práticas de retenção
FEVEREIRO 2015 17
A componente
contabilística e
financeira nas empresas
O Estudo elaborado pelo IPEME e necessárias para assegurar interna- (62%) - representam em média um
o programa Speed da USAID, dedi- mente esta actividade. máximo de 25% da estrutura de
cado às oportunidades e desafios Notou-se ainda que metade das financiamento das empesas-, segui-
das PME em Moçambique, levantou empresas já foi alvo de auditorias, da dos aumentos de capital (23%) e
dados interessantes sobre a compo- sejam elas motivadas internamente das contas caucionadas (8%).
nente contabilística e de financeira por opção das empresas – auditores Mais de metade das empresas con-
das organizações entrevistadas. O externos contratados pela empresa sidera que as condições de acesso
documento revela que a totalidade - ou externas, desenvolvidas pela ao crédito bancário são desfavorá-
das empresas realiza relatórios de Autoridade Tributária de Moçambi- veis devido a processos de acesso
prestação de contas no final de cada que. e elegibilidade exigentes, morosos
período contabilístico, maioritaria- No que concerne às fontes de finan- e com custos associados; taxas de
mente trimestral nas empresas que ciamento, as organizações apresen- juros elevadas; e exigência de ga-
beneficiam do regime de tributação tam estruturas de financiamento rantias reais.
simplificado, e anual nas restantes. rígidas, centradas no reinvestimento Ao mesmo tempo, foi evidenciada
Em termos de actividade de conta- dos lucros, que limitam a capaci- na generalidade das empresas uma
bilidade, mais de metade das em- dade de novos investimentos e/ou fraca capacidade em termos de ges-
presas recorre a serviço de terceiros expansão de actividades. tão financeira, sobretudo devido à
para esta actividade (54%), contudo, Apenas metade das empresas recor- centralização da tomada de decisão
algumas destas já começam a ex- re a uma segunda fonte de financia- nas disponibilidades imediatas da
pressar a vontade de integrar co- mento. Destas, a fonte mais frequen- empresa (gestão com base no cash-
laboradores com as competências te são os empréstimos bancários flow).
de
porque subsiste uma percepção negativa das condições de acesso.
As PME apresentam uma fraca capacidade de gestão financeira, o
que limita os benefícios a médio-longo prazos.
As boas práticas na área de aprovisionamento identificadas passam
pela lógica make-to-order, com preocupação crescente em desenvolver
práticas de gestão de inventário. Ao nível da logística, as condições das
maturidade
infraestruturas de transporte representam custos adicionais para as em-
presas.
O actual foco das empresas
A boa relação com os clientes, a manutenção de conhecimentos da analisadas pelo Estudo do Ipeme/
área de negócio, a participação em concursos e feiras foram identificadas USAID, a par com as dimensões
como sendo as melhores práticas na vertente comercial. Mas a prática de vendas e produção, passa pela
da realização de estratégias ou definição de objectivos comerciais não é gestão do capital humano. O
comum. desenvolvimento de políticas e
A dimensão Marketing foi considerada como incipiente, contudo diversas práticas evoluídas é considerado
empresas definem os seus clientes-alvo e ajustam seus produtos ou servi- como prioritário de forma a assegurar
ços às necessidades do mercado. uma maior competitividade das
organizações e como meio de
A preocupação com a sofisticação organizativa e os processos internos possibilitar o desenvolvimento das
embora seja evidente, ainda não se reflecte na utilização massiva de sis- restantes dimensões da cadeia de
temas informáticos ou na contratação de colaboradores especializados. valor.
O investimento em investigação e desenvolvimento não é considera- As empresas mencionam acções como
do prioritário mas há empresas que usam soluções alternativas. diversificação de produtos e serviços
(27%), expansão de actividade para
As PME desenvolvem acções de responsabilidade social princi-
outras localizações (18%), aumento da
palmente com os objectivos de promover uma relação próxima e
carteira de clientes (16%), melhoria da
positiva com a população local, manter boas ligações com o Estado,
qualidade de produtos/serviços prestados
divulgar a marca da empresa e motivar os trabalhadores.
(14%) e investimento em equipamento
de produção (11%) como estratégias de
crescimento para os próximos anos.
A preocupação com processos não
directamente relacionados com vendas e
produção como a criação de valor para o
cliente, o reforço da componente de marketing e
a formação de colaboradores permite identificar
um crescente grau de maturidade dos responsáveis
das empresas em Moçambique.
FEVEREIRO 2015 19
As PME
na ‘Corrida
de Obstáculos’
1) Mão - de - obra pouco qualificada áreas e à existência de pequenas empresas no norte que
O problema da mão-de-obra pouco qualificada é sentido apresentam comércio com o exterior limitado e maiori-
em todo o país embora os impactos sejam mais eviden- tariamente na vertente importação.
tes no norte do país. Um fenómeno que decorre devido 6) Infra- estruturas públicas pouco
à menor concentração de instituições de ensino nessa satisfatórias
zona. O impacto por sector de actividade é transversal. Impacto mais sentido na zona norte do país devido ao
2) Gestão financeira ineficiente pior estado de conservação das vias e infra-estruturas
A falta de capacidade de gestão financeira foi eviden- com menor nível de sofisticação. Os sectores de acti-
ciada na generalidade das empresas entrevistadas, nas vidade mais afectados são o comércio, a indústria e a
três zonas do país e em todos os sectores de actividade prestação de serviços.
representados na amostra. 7) Corrupção e complexidade
3) Estrutura de financiamento rígida dos processos públicos
O impacto deste obstáculo é mais notado no norte do Obstáculo com menor impacto na zona norte do país
país, onde há maior concentração de micro e pequenas devido ao tamanho reduzido do meio empresarial e ao
empresas, e no sector do comércio, onde a actividade de elevado nível de convivência entre cidadãos, facto que
aprovisionamento é feita somente após a efectivação de reduz o nível de corrupção. Os sectores que sentem esta
encomendas. lacuna com maior intensidade são a prestação de servi-
4) Limitada capacidade de planeamento e ços, comércio, agricultura, construção e serviços associa-
visão estratégica dos e indústria.
Lacuna sentida em todo o país e transversal a todos 8) Relacionamento entre O sector público
sectores de actividade representados na amostra. Não e privado
se evidenciou a definição de planos estratégicos, planos Impacto mais sentido nas zonas norte e centro devido
comerciais ou objectivos comerciais na generalidade ao direccionamento da maior parte de iniciativas de
das empresas. apoio às PME à zona sul do país, capitais provinciais e
5) Barreiras ao comércio com o Exterior zonas de fácil acesso. As actividades financeiras e segu-
Obstáculo com mais impacto nas zonas sul e centro de- ros, a indústria e a prestação de serviços são os sectores
vido à maior concentração de médias empresas nestas mais afectados por esta lacuna.
Recomendações
apresentadas no Estudo
“PME em Moçambique – Oportunidades e Desafios”
1. Mão de obra pouco qualificada • Dinamizar acções regulares de inspecção • Prestar apoio na escolha do tipo de finan-
PME financeira às empresas ciamento mais adequado
• Criar planos de formação e capacitação INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME • Desenvolver acordos com a banca co-
• Promover frequência escolar por parte de • Consciencializar sobre a importância da mercial
trabalhadores (pós-laboral) gestão financeira • Promover protocolos com institutos de
• Apoiar no pagamento de propinas esco- • Desenvolver workshops de boas práticas micro-finanças
lares de contabilidade e gestão • Desenvolver workshops de simulação de
ESTADO financeira acesso a financiamento
• Expandir rede de institutos médios/técni- • Auxiliar no recrutamento de quadros
cos e escolas indústriais qualificados 4. Limitada capacidade
• Adaptar currículos académicos às neces- • Auxiliar na identificação e escolha de de planeamento e visão
sidades actuais do mercado empresas de contabilidade estratégica
• Consciencializar a população em relação certificadas PME
à ética profissional e hábitos • Planear a longo prazo, definir objectivos
de trabalho 3. Estrutura de financiamento e metas
INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME rígida • Separar relação familiar e gestão profis-
• Divulgar às PME os planos de formações PME sional da empresa
de diversas instituições • Procurar informação sobre o uso e bene- ESTADO
• Desenvolver o programa nacional de fícios de diversificação de . Criar políticas de favorecimento às PME
estágios profissionais e pré-profissionais fontes de financiamento, diferenciando que apresentem um conjunto de aspectos
• Criar um pacote de intercâmbios provin- necessidades de curto e longo prazos para atingir níveis de competitividade mais
ciais para estagiários ESTADO elevados
• Ajustar financiamentos para que se apli- INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME
2. Gestão financeira ineficiente quem a toda a cadeia de valor • Divulgar iniciativas que visam a capacita-
PME • Promover acordos para constituição de ção das PME em competências de gestão e
• Garantir internamente competências de fundos de co-garantia desenvolvimento empresarial
gestão financeira • Promover a captação de fundos externos • Oferecer workshops de elaboração de
• Realizar auditorias de modo a identificar com condições mais acessíveis planos estratégicos, planos de
eventuais problemas INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME marketing e comunicação e de definição de
ESTADO • Divulgar oportunidades de financiamento objectivos comerciais
• Desenvolver sistema de incentivos para existentes • Criar soluções em formatos alternativos
empresas que apresentem • Esclarecer sobre metodologias de candi- para empresas em locais de
qualidade na informação financeira datura difícil acesso
FEVEREIRO 2015 21
COMENTÁRIO
A importância
da Contabilidade Organizada
Antes de dissertar sobre a própria importância da ciên- reservas e retiradas dos sócios, registo de dissolução ou
cia de contabilidade, importar definir a sua essência. falência entre outras. Independentemente do tamanho
Com efeito, uma das disciplinas mais antigas, complexas, ou natureza jurídica, as empresas têm necessidade de
fascinantes e também importantes para a vida humana manter a sua contabilidade completa e actual não ape-
é a Contabilidade. Ciência de natureza Económica, cujo nas para atender a interesses fiscais ou tributários, mas
objecto é evidenciar a realidade, passada, presente e fu- também para o processo de gestão. As empresas podem
tura de qualquer entidade, pública ou privada, analisada optar por terciarizar o serviço de contabilidade, confiando
em termos quantitativos e por método próprio, com o -o a um escritório de Contabilidade, ou adquirir sistemas
fim de obter informações indispensáveis à Gestão, me- de gestão e contabilidade para utilização interna sob a
diante conhecimento da sua situação patrimonial, dos responsabilidade de um profissional da área, para que
resultados obtidos, do planeamento e controlo de acti- possa produzir informação bastante, para o auxílio da
vidades, visando apresentar uma imagem fiel, verdadeira gestão com eficácia e eficiência, e não só.
e apropriada da entidade para benefício dos diferentes Com efeito, a Contabilidade torna-se, por excelência, um
utilizadores, Estado, gestores, accionistas, financiadores, repositório que proporciona memória às empresas, que
parceiros, clientes, fornecedores, consumidores e público permite planear, organizar, liderar controlar e avaliar,
em geral. através das demonstrações financeiras, tais que quando
A contabilização de eventos (económicos, financeiros preparadas com independência, objectividade, integra-
e monetários) que podem alterar a situação patrimo- lidade, isenção e tempestivamente, transmitem credibi-
nial das entidades compreende actividades de com- lidade junto aos stakeholders, assim como se reveste de
pra, venda, entrada/saída do stock, constituição de uma plataforma de transparência para o mercado.
22 PME MOÇAMBICANA
Prof. Doutor, Mário Sitoe (Bastonário da OCAM)
Em muitos casos, por desconhecimento da obrigatorie- tantes de investimento, ajuda à formulação de políticas
dade e utilidade, existem empresas que funcionam há sustentáveis de redução de custos e procura promover a
muitos anos, mas não possuem uma escrituração conta- busca de recursos baseada na utilização de informações
bilística organizada. O mesmo que dizer de alguém que obtidas através de dados dos registos contabilísticos
caminha sem conhecer o destino. A contabilidade tem o credíveis.
condão de permitir o conhecimento da situação patri- A globalização e a adopção de práticas internacionais
monial no início da vida da empresa, durante e em qual- de Contabilidade – NIRF (Normas Internacionais de
quer estágio da sua vida, para que a todo o momento Relato Financeiro), tem permitido o uso de um mesmo
possa apresentar um inventário físico e documental que modelo de contabilidade em âmbito nacional e inter-
identifique bens, direitos e obrigações. nacional, que vem facilitar a integração e consolidação
das contas das multinacionais que representam o pa-
A fácil leitura de informações contabilísticas proporcio- radigma actual do mercado da era da globalização. O
na a compreensão aos investidores Compromisso de Moçambique neste capítulo, é testemu-
Para as PME, a Contabilidade afigura-se como um ins- nhado pelo esforço do Governo, que através do Decreto
trumento que quando bem explorado propicia melhor 70/2009 de 22 de Dezembro, aprova o Sistema de Con-
organização que pode ajudar a planear um crescimento tabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique
sustentável. A Contabilidade, relativamente aos aspec- (SCSEM), que procura ir ao encontro das práticas inter-
tos de gestão, ajuda na concepção de dados formais e nacionais. A facilidade de leitura de informações conta-
factíveis para a tomada de decisão por parte dos empre- bilísticas tem a vantagem de proporcionar compreensão
sários, mormente para as PME. Modela decisões impor- aos investidores.
FEVEREIRO 2015 23
Um país com contabilidade organizada e actualizada é as PME, vulneráveis em muitos aspectos do seu funcio-
um país viável namento, devido à sua débil estrutura económica e finan-
Um Plano de Contas bem elaborado oferece uma estru- ceira, é indispensável para que de uma forma sustentável
tura hierárquica para a contabilização dos eventos e sua e credível, elas possam realizar negócios, por exemplo
classificação em Activo (bens e direitos), Passivo (obri- com o Estado (contratos, licitações, etc.), com os fornece-
gações com terceiros) e Património Líquido (obrigações dores, bancos (cadastro bancário e financiamentos), etc..
para com os sócios). A escrituração através do Plano de Assim, à empresa aconselha-se que organize e mantenha
Contas proporciona a elaboração das Demonstrações um sistema de contabilidade, com o objectivo de contro-
financeiras e outras, que podem ser inúmeras, oferecendo lar e registar as variações económicas, financeiras e pa-
uma gama de informações importantes para a gestão trimoniais, obtendo a partir desses registos informações
do negócio e para as estatísticas macroeconómicas, de gestão úteis para a análise e a tomada racional de
sectoriais e nacionais que ajudem o Governo na melhor decisões.
elaboração do Orçamento de Estado e outras previsões A contabilidade permite a padronização de procedimen-
económicas em prol do desenvolvimento social do país tos e de parâmetros económico-financeiros, facilitando
e também uma plataforma de avaliação dos investidores uma melhor e mais correcta avaliação da situação e do
que procuram o país. Um país com contabilidade organi- desempenho da entidade. Além disso, somente através da
zada e actualizada é um país viável. contabilidade, a empresa pode-se mostrar oficialmente
Nos tempos actuais, caracterizados por cada vez maior aos agentes com os quais se relaciona, ou seja, o Estado/
complexidade das operações, obrigou à mudança do Governo (que cobra impostos e emite leis e regulamen-
paradigma desta essência passando de preocupação tos), os credores (que concedem empréstimos e finan-
tecnicista e legalista, características basilares do último ciamentos e analisam riscos), os clientes (que compram
século, para a actual em que a essência das operações é os produtos ou usam os serviços da empresa, exigindo
que deve nortear a acção dos técnicos. qualidade e preços adequados), os concorrentes (que
A descoberta dos recursos minerais e a sofisticação cada acompanham as estratégias e políticas para se tornarem
vez maior dos produtos financeiros, já não se compadece mais eficientes), os fornecedores (que vendem os seus
com a contabilidade da era tradicional e mais do que produtos e querem certeza de pagamento), os sócios ou
antes, a funções financeiras assumem cada vez maior accionistas (que investem recursos e querem remune-
amplitude na gestão devendo modelar a coordenação ração compensatória e cada vez de maior quinhão), os
entre o operacional e as expectativas dos accionistas na administradores/gestores (que dirigem o negócio), os
busca de cada vez melhores resultados e com meno- parceiros... enfim, o mercado de uma maneira geral. Essa
res riscos. comunicação com o mercado torna-se mais clara quando
A contabilidade organizada, principalmente para provida de informação da Contabilidade.
“A ocorrência de cheias e inundações no início do ano levou a que as autoridades ajustassem a meta do crescimento
do nosso Produto Interno Bruto (PIB). A informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística mostra que o
crescimento real de 6,6% nos primeiros seis meses do ano de 2013 não se afasta em demasia das previsões iniciais de 7%”
- Ernesto Gove, governador do BM.
O bom comportamento da ano, com o metical a perder terreno, animadores de inflação. Os preços
economia moçambicana, durante principalmente, para o dólar norte- sobem menos e Gove justifica que
um determinado ano económico, americano. o cenário “pode denotar uma certa
deixou de ser notícia. É verdade que o Segundo Ernesto Gove, governador maturidade no funcionamento dos
crescimento da mesma varia ano após do Banco Central, dados referentes mercados internos, importante de se
ano, mas a média de 7% registada, ao fecho de Novembro de 2014 consolidar e de se preservar da influência
aproximadamente, nos últimos 10 mostram que o dólar foi cotado em negativa de potenciais factores
anos, é incontestável. 31,22 meticais, o que corresponde a exógenos”.
Em 2014 não foi diferente, apesar uma depreciação mensal, acumulada A estabilidade dos preços no território
de ter sido antecedido por um ano e anual da moeda nacional de 1,04%, nacional, em 2014, reflectiu a
marcado por cheias e inundações, que 4,24% e 4,31%, respectivamente. conjugação de vários factores, com
forçaram o ajustamento da meta do destaque para o aumento da produção
crescimento do PIB, a economia voltou Baixa Inflação e a maturidade dos local e a oferta de bens e serviços
aos carris, apesar do cenário negativo mercados essenciais, sobretudo de frutas e
observado no mercado cambial, no Nos últimos anos, Moçambique vegetais.
primeiro e no último trimestre do tem sido caracterizado por níveis A queda dos preços internacionais
das principais mercadorias que Interbancário, em 75 pontos base, macro-económica e, segundo, da baixa
Moçambique importa, a coordenação para os actuais 7,5%, mantendo a taxa inflação.
das políticas monetária e fiscal de juro da Facilidade Permanente
visando a regulação da liquidez nos de Depósitos (o juro que o Banco 64% do crédito à economia vai para o
níveis adequados ao crescimento de Moçambique paga aos bancos sector privado
do Produto Interno Bruto (PIB) e a comerciais pelos depósitos de O crédito bancário ao sector privado
relativa estabilidade do metical face excedentes de liquidez) nos 1,50%. continua a registar uma expansão.
às moedas dos principais parceiros Mas a banca comercial continua a Até Outubro de 2014, o dinheiro
comerciais em quase todo o ano foram, responder a este impulso de forma destinado aos patrões tinha crescido
também, factores que concorreram tímida. Em 2013, Ernesto Gove disse 23.8% (ligeiramente acima dos
para a estabilidade dos preços. que o cenário se devia à ineficácia 23.4% registados no mesmo período
do mecanismo de transmissão e o de 2013), equivalente a um fluxo
Da inflação às taxas de juro tema foi levado a debate nas jornadas acumulado de 34.635 milhões de
O homem forte do Banco Emissor científicas de 2014. meticais.
revelou durante a cerimónia do Já no discurso de encerramento, no É importante destacar que uma
balanço do ano económico 2014, ano passado, o governador confrontou parcela significativa do crédito à
que o bom nível de preços criou os gestores bancários, que dominaram economia (64%) concedido pelo
espaço para a expansão do crédito o seu auditório, dizendo que as sistema bancário tem-se destinado
por via da redução da taxa de juro da instituições financeiras não têm outra ao sector empresarial, num quadro
Facilidade Permanente de Cedência alternativa que não seja a redução em que linhas de crédito dedicadas
(a percentagem de dinheiro que do custo do dinheiro no mercado. às pequenas e médias empresas
os bancos comerciais pagam pela Os factores invocados por Gove para se multiplicam, permitindo assim
dívida que contraem ao Banco de tamanha convicção não são novos. que estas assumam o seu papel na
Moçambique) no Mercado Monetário Trata-se, primeiro, da estabilidade dinamização da economia nacional.
FEVEREIRO 2015 27
INSTRUMENTOS DE APOIO Bootcamp para empreendedores
O que as empresas
arranca em Março
podem beneficiar
mercados de baixa renda podem
agora também candidatar-se a um
bootcamp especial on-line, a partir de
Março. Este bootcamp é um serviço
com o LINK?
do recém-lançado Acelerador de
Negócios Inclusivos (http://iba.
ventures). O período de inscrição
teve início a 15 de Janeiro e o prazo
para as inscrições decorrerá até 15
O mecanismo de promoção de negócios inclusivos e parcerias (LINK), tem de fevereiro.
como principal missão catalisar de forma sistemática, apoiar e expandir O tema do bootcamp on-line será
parcerias transversais e negócios inclusivos, de modo a alavancar as habili- “Marketing e Distribuição para a
dades dos intervenientes para o alcance dos resultados de desenvolvimento e Base da Pirâmide” (BoP, referindo-se
objectivos empresariais. aos 4,5 bilhões de pessoas com uma
renda de menos de 8 dólares por dia
ou inferior).
As actividades do LINK, promovido pela Organização Holandesa de A inicitaiva tem como missão a
Desenvolvimento (SNV), centram-se no desenvolvimento dos modelos mudança de comportamento e
empresariais inclusivos por meio de acessoria técnica que engloba a distribuição do produto até ao
os serviços de iniciação e incubação empresarial (por ex. diagnóstico consumidor final como a chave
empresarial, apoio na elaboração do plano de negócio, apoio legal, entre para a criação de empresas bem
outros) quer por contratação de provedores de serviços/consultores como sucedidas no grupo de baixa
por meio de especialistas internos. renda. O grupo-alvo do bootcamp
Fazem parte das actividades do projecto a promoção do matchmaking são empreendedores que estão a
entre empresas e investidores por meio de eventos específicos ou através trabalhar em produtos inovadores
da plataforma online do acelerador de negócios inclusivos (iba.ventures). e em sectores de rápida expansão,
No âmbito do seu portfolio de apoio técnico/assessoria podem-se como a energia sustentável,
destacar as seguintes empresas: alimentos, agricultura e água e
AgroServiços - empresa de agro processamento (Maputo província) saneamento.
AgroKomati & Serviços EI - dedica-se ao desenvolvimento de actividades
agro-pecuárias (Maputo província)
Processamentos Socala - especializada na produção de óleos naturais
com fins medicinais e cosméticos (Província de Inhambane, Zavala)
Winnua - (Província da Zambézia)
100%inno – dedica-se a pesquisas, desenvolvimento e comercialização
de produtos inovadores e diferenciados para o mercado moçambicano
(Maputo Cidade)
Morais Comercial - processamento e comercialização de sementes
melhoradas (Província de Nampula)
Levas Flor - exploração madeireira e produção de bríquetes (Província da
Beira e Nampula)
Após a identificação das empresas e antes de se iniciar qualquer actividade de assessoria,
estas passam pelo diagnóstico empresarial de modo a se identificar lacunas no modelo de
negócios e sectores críticos.
“A concorrência é intensa
e continuará assim”
A Ordem dos Contabilistas e Auditores der Moçambique (OCAM) tem vindo a desempenhar, nos últi-
mos dois anos, um papel fulcral na formação e preparação de profissionais à altura das exigências
do mercado nacional e regional. O vice-presidente daquela organização, Abel Guaiguaia, abre o véu
sobre as imensas potencialidades desta área fulcral para a boa gestão das empresas num ambiente
reconhecidamente competitivo.
Helga Nunes (entrevista) . Zein Hassan (fotos)
FEVEREIRO 2015 31
É muito bom ouvir este tipo de es- bilistas.
tatísticas, principalmente quando Se tivesse que fazer um retrato ou
falamos de auditorias externas, pois perfil das PME em Moçambique, quais
segundo a teoria de agência, o accion- seriam os elementos identificadores
ista depende dos gestores para mov- que usaria? Acha que as mesmas es-
imentar o seu negócio. Somente uma tarão preparadas para o desafio da
pessoa independente daria credibili- competitividade?
dade aos relatórios produzidos pelos Usaria o número de trabalhadores
gestores no fim do ano. conjugado com o volume de negócios.
A OCAM tem auditores externos entre Para ser classificada como PME, uma
os seus membros. Os nossos audi- empresa teria que satisfazer os dois
tores trabalham quando convidados critérios. Sobre se as nossas PME
pelas empresas, precisamente por estão preparadas, penso que sim.
serem independentes. O que importa A nossa economia tem muito mais
salientar como preocupação é a fre- pequenas e médias empresas do que
quente ocorrência de qualificações grandes empresas, sendo que a con-
ou reservas nas opiniões do auditores tribuição destas no PIB é muito sig-
em Moçambique. Temos um nível de nificativa. A concorrência é intensa e
“A médio longo termo, a OCAM
relatórios qualificados acima da média continuará assim. É característica dum
tenciona colaborar com as
regional. Pode ser que falte conheci- mercado evoluído haver muita com-
universidaddes no sentido de
mento sobre o impacto duma opinião petição. Cabe a cada empresa estudar
contribuir para a revisão de cur-
de auditoria com reservas. Esperamos o mercado e continuar a adaptar-se às
rículos de modo a que potenci-
que com o trabalho da OCAM, estas mudanças que forem ocorrendo. Neste
ais membros recebam educação
situações possam reduzir. O impor- sentido, embora nunca se possa alca-
do nível desejado pela Ordem já
tante é trabalhar na prevenção através nçar a perfeição, penso que as nossas
a partir das universidades”.
da capacitação constante dos conta- PME estão no bom caminho.
“É difícil dizer qual o nível ideal
de outsourcing mas sabe-se
que este serviço existe mesmo
no primeiro mundo. É algo que
não tem relação directa com o
desenvolvimento da profissão
no país. Estamos, entretanto, a
trabalhar para que com o andar
do tempo, as empresas de todas
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ança nos contabilistas moçam-
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FEVEREIRO 2015 35
FINANCIAMENTO
FEVEREIRO 2015 37
INDÚSTRIA
Qual o futuro da
indústria moçambicana?
Comentário da USAID/Speed disponível no website: http://www.speed-program.com/blogs/qual-o-futuro-da-industria-mocambicana
O sector industrial em Moçambique procura de moeda local, empurrando o ambiente de negócios, que acabam
é ainda pequeno e de baixa tecnolo- os preços de bens e serviços para afectando todo o sector da indústria.
gia, excluindo obviamente a indústria valores superiores aos habituais. Se hoje em dia este sector já não é
de extracção e alguns megapro- Como consequência verifica-se uma competitivo, imagine-se a redução
jectos. A contribuição por parte da valorização da moeda e um aumen- que sofreria num cenário de “doença
indústria, agricultura e serviços em to dos preços relativos ao trabalho, holandesa”.
termos de PIB não mudou significa- imobiliário, construção civil, trans-
tivamente nos últimos dez a doze portes e logística, tornando-os mais Comportamento expectável das em-
anos, nem houve, tão pouco, um au- caros. Por sua vez, esta alteração de presas
mento significativo na percentagem preços afecta negativamente a pro- É verdade que algumas empresas
de postos de trabalho criados com o dução. Este efeito é conhecido por operam em segmentos de mercado
sector da indústria. “doença holandesa” e pode resultar que lhes proporcionam alguma re-
De forma a contrariar esta tendência numa virtual eliminação do sector sistência à “doença holandesa”. Por
já verificada, a Estratégia Nacional industrial. exemplo, as empresas de capital
de Desenvolvimento (ENDE) colocou Um estudo recente encomendado intensivo que compram a maior par-
este sector no centro dos planos de pela CTA e SPEED incide sobre o es- te das matérias primas no mercado
desenvolvimento futuro de Moçam- tado actual da indústria em Moçam- internacional e produzem bens de
bique. A indústria transformadora bique e visa prever o que pode consumo para o mercado interno,
é importante pelas suas potenciais acontecer num cenário de “doença podem conseguir reduzir os seus
contribuições para a mudança es- holandesa”. O relatório observa que custos, o que lhes permite manter ou
trutural da economia, pela diversi- as empresas deste sector enfrentam aumentar as suas quotas de merca-
ficação, pela geração de empregos, uma série de obstáculos na sua ten- do, mesmo face a importações mais
atração de investimento estrangeiro, tativa de fazer negócios em Moçam- baratas.
transferência de tecnologia e au- bique. São poucas as que podem e No entanto, esta não é a perspectiva
mento da produtividade. tentam exportar. Deparam-se com in- para a maioria das empresas. Para
certezas quanto à disponibilidade e empresas que produzem produtos
Previsão possível face ao cenário de qualidade da energia eléctrica, taxas poucos diferenciados para o mercado
“doença holandesa” de licenciamento, custos de trans- interno, as importações mais baratas
Observando o que se passou noutros porte, procedimentos de importação certamente iriam “exterminá-las”.
países, constata-se que os booms e exportação, um salário mínimo Algumas dessas empresas, actual-
de recursos naturais têm como con- desenquadrado com a produtividade mente, reforçam a sua competitivi-
sequência o excessivo aumento da e outras questões relacionadas com dade ao oferecer aos consumidores
FEVEREIRO 2015 39
COMENTÁRIO
O interesse em perceber a dimen- de muitos dos Protocolos da SADC dem ser competitivas?
são endógena e exógena que pode (Southern Africa Development Com-
influenciar as Pequenas e Médias munity). Os factores ou elementos da compe-
Empresas (PME) nacionais ou mo- É a competitividade que determina titividade apontam para necessida-
çambicanas, não está no facto de a colocação dos bens e serviços nos de da PME:
actualmente elas serem um chavão mercados interno e externo nos o Ser formal e estar estrutu-
corrente, mas seguramente por se- negócios desenvolvidos pelas PME. rada.
rem aquelas que são objectivamente O alcance da competitividade em- o Possuir organização conta-
responsáveis pela geração de renda, presarial das PME nacionais requer bilística/processo adequa-
geração de emprego, diversificação, maior racionalização de recursos dos de gestão.
estímulo à inovação e à criatividade, disponíveis de tal modo que a uti- o Buscar e dominar a infor-
mobilização de recursos sociais e lização dos factores de produção mação.
económicos, e serem cruciais para a resulte em ganhos adicionais para a o Capacitar regularmente a
competitividade do país. empresa e em preços relativos mais sua mão-de-obra e especia-
E a questão é mesmo perceber, o baixos comparativamente às compe- lizar a sua actividade.
que implica a competitividade da tidoras no mercado regional. o Ter uma estrutura de ne-
PME moçambicana, se considerar- Mas será que as PME nacionais e gócio independente do seu
mos que somos um país inserido moçambicanas compreendem a sua proprietário.
e localizado na região austral de competitividade, será que sabem se o Ter e implementar planos
África e membro activo e subscritor são competitivas na SADC e se po- de reinvestimentos.
40 PME MOÇAMBICANA
o Identificar e estabelecer quadro de incentivos PME As acções de promoção e assistên-
parcerias/evitar a ausência à exportação e produção cia as PME’s que o Instituto para a
de espírito de cooperação nacional de produtos nacio- Promoção das Micro, Pequenas e
empresarial. nais (aquisição bonificada Médias Empresas (IPEME), pode e
o Buscar inovar ou empreen- de certificação de qualida- deve continuar a desempenhar, deve
der para superar a concor- de, outros) – programa de estar orientado também para:
rência/iniciativa de promo- internacionalização PME; o PME do sector de exporta-
ver melhorias. o Necessidade de estabe- ção
o Encarar os desafios como lecimento obrigatório de o Identificação de PME com
oportunidade (visão estra- regime de compras públi- potencial de exportação.
tégica). cas de produtos nacionais o Desenvolvimento e estrutu-
o Evoluir e continuamente num mínimo percentual e ra empresarial.
implementar gestão quali- destinar exclusivamente a o Disponibilizar e opera-
tativa. contratação pública as PME cionalizar plataformas e
o Saber explorar competiti- em certas modalidades. serviços de apoio ao de-
vamente especificidades da o Necessidade de estabele- senvolvimento de negócios
sua estrutura empresarial/ cimento de esquemas de e investimento que pro-
desenvolvimento estrutural. incentivos através de sub- movem e facilitam o em-
o Controlar e minimizar per- sídios à produção nacional preendedorismo, inovação,
das na estrutura de custos. (por exemplo, a operacio- criatividade bem como o
o Proceder à aquisição e uso nalização do Mecanismo fortalecimento de capacida-
de tecnologias. de Subsídio Empresarial na des competitivas das PME
o Criar, manter actuar o perfil fase II). nacionais que já operam no
e lista de clientes, concor- o Necessidade de se adoptar mercado.
rentes e do mercado. em sede de investimentos o Facilitação na certificação
regimes de benefícios fis- de qualidade.
As PME nacionais e hoje cada vez cais diferenciados quando o Operacionalização do pro-
mais, as PME moçambicanas, en- se trate de pedidos solicita- cesso do estabelecimento
frentam estes desafios de competi- do por PME moçambicanas. de ligações com as compras
tividade. o A obrigatoriedade de trans- públicas e com as grandes
O Mercado da SADC é composto por formação local mínima de empresas.
cerca de 250 milhões de habitantes alguns produtos nacionais o No âmbito de programas
e dominado por um gigante econó- por capital estrangeiro cuja PME, desenvolvimento de
mico, que é a economia sul-africana, cadeia obrigatoriamente cadeias de valor de produ-
o que acentua a preocupação sobre deve envolver. tos com vantagens compa-
a competitividade das PME nacional o Necessidade de ser obri- rativas a nível local.
e moçambicana. gatória a coligação em-
Moçambique tem vantagens compa- presarial num percentual A actuação do IPEME em prol do
rativas em áreas como a agricultura, mínimo entre uma empresa desenvolvimento da competitivida-
e agro-indústria, turismo, pescas e estrangeira e uma PME mo- de das PME é feita visando remover
outras, produtos com qualidade in- çambicana. os constrangimentos à competitivi-
questionável, o que coloca as PME o Necessidade de esquemas dade empresarial tanto endógenos
numa posição favorável na medida de financiamento público como os exógenos a actuação das
em que pode servir de instrumento e privado orientado para a empresas.
para parcerias estratégicas. competitividade das PME’s. Apesar da provável entrada em
Entretanto, existem factores exó- o Necessidade de adopção de vigor do regime de mercado adua-
genos à competitividade que, se contratação e subcontrata- neiro e comum a nível da SADC, as
eliminados ou minimizados, podem ção obrigatória mínima a PME nacionais e moçambicanas têm
fortalecer a capacidade competitiva uma PME quando se trate fortes possibilidades de concorrer
das PME: de grande empresa. competitivamente no âmbito da
o Necessidade de adoptar um SADC.
FEVEREIRO 2015 41
100 melhores PME Moçambique
3ª EDIÇÃO
FEVEREIRO 2015 43
Dar água a
CASO DE ESTUDO
44 PME MOÇAMBICANA
sejam produtivas e sirvam de contributo para os planos dessas mesmas organizações.
Portanto, pensamos que a COLLINS pode complementar o prestigiado trabalho que essas
ONG desenvolvem. A COLLINS, Lda actua no negócio da água, um negócio de um bem
essencial à vida humana, por isso o seu envolvimento com Organizações que actuam na
área da água é indiscutível. Veja que a água é essencial para a nutrição, saúde, saneamento
e agricultura, por isso onde onde houver necessidade de soluções de água estamos certos
que podemos apoiar.
A instalação de novas soluções de abastecimento de água decorre muitas vezes da
contratação de trabalhadores sazonais. Esse processo de contratação acaba por desenvolver
competências locais e propiciar o desenvolvimento da manutenção das infraestruturas de
água?
Sem dúvida. A água é imprescindível para a vida humana. A COLLINS implementa soluções,
providencia treinamento e acompanhamento nos casos em que este é necessário. Parte
considerável dos recursos humanos, usados na gestão dos sistema é local. Isso obriga
uma componente de treinamento forte e uma monitoria permanente das actividades
desenvolvidas. Depois de algum tempo acaba-se criando alguma competência local que
FEVEREIRO 2015 45
Simulação
empresarial
virtual em 7
universidades
Sérgio Mabombo (texto)
46 PME MOÇAMBICANA
ITIS é vencedora do prémio Inovação
O Instituto de Tecnologias, Inovação e Serviços (ITIS) é a vencedora do Prémio PME Ino-
vação da iniciativa “200 Melhores PME”, na edição de 2014.
O prémio permitiu que a empresa encaixasse cerca de 280 mil meticais. Para a referida
distinção contribuiu bastante o facto de a ITIS ser um organismo orientado para a ino-
vação. Com efeito, a empresa aposta na criação de Tecnologias de Informação e Comu-
nicação (TIC) e tem contribuído para que mais pessoas sejam abrangidas pelas soluções
tecnológicas.
No mesmo concurso foi igualmente distinguido o Lake View Resort na principal categoria
do concurso, o Prémio BCI-Melhor PME do Ano. A empresa arrecadou pelo prémio, um
valor monetário de um milhão de meticais.
Para a categoria de PME Inclusiva, equivalente a um prémio monetário de 300 mil meti-
cais, foi para os cofres da empresa Levas Flor, sediada em Cheringoma. O conceito empre-
sarial da Levas Flor baseado no envolvimento das populações de baixa renda contribuiu
significativamente para a distinção.
FEVEREIRO 2015 49
A cultura e os hábitos influenciam a captação de clien-
tes, especialmente nas áreas da educação - em que a
população não reconhece a sua importância, e na de mi-
cro-finanças e seguros, onde a população desconhece e
desvaloriza estes serviços.
Outro factor evidenciado foi a elevada dependência na
tomada de decisões por parte da população do sexo
feminino. Empresas cujo público-alvo são as mulheres
deparam-se com constrangimentos resultantes da neces-
sidade de aprovação dos maridos das clientes para que
estas possam procurar serviços da empresa.
A falta de hábitos de trabalho afecta a assiduidade dos
trabalhadores. Diversas empresas afirmam que as faltas
de trabalhadores são frequentes, por vezes durante dias
consecutivos, e há atrasos significativos na hora de entra-
da. De igual modo, é notado o fraco sentido de responsa-
bilidade dos trabalhadores, pelo abandono dos postos de
trabalho sem aviso prévio e sem retorno do equipamento Ambiente tecnológico
de trabalho fornecido pela empresa. Embora as PME considerem que se encontra, com relativa
facilidade, sistemas informáticos de apoio à gestão no
mercado local, 31% ainda não adopta nenhum sistema
Dificuldades no recrutamento de pessoal deste tipo. Ainda assim, evidenciou-se que 35% das em-
Algumas empresas sentem muitas dificuldades no re- presas já usam e 15% revela interesse em vir a adoptar
crutamento de pessoal devido ao nível de habilitações um no futuro.
da mão-de-obra local. Estas dificuldades resultam da Das empresas entrevistadas, 23% requer grandes investi-
fraca qualificação média ou técnica da população. Nas mentos em tecnologia, sendo a maior parte desses inves-
zonas mais rurais esta situação agrava-se pelo facto das timentos em equipamentos de produção ou informático
pessoas não saberem ler e escrever. Para colmatar este – tendencialmente no sector da agricultura, construção,
problema, as empresas tendem a optar pela contratação indústria ou empresas que comercializam estes equipa-
de pessoal, preferencialmente recém-formado (ensino mentos. A principal lacuna sentida é a dificuldade em
médio/técnico) e capacitá-los internamente - embora os comprar este tipo de equipamentos no mercado local,
custos associados a esta prática sejam muito elevados. classificando a facilidade de compra no mercado nacio-
Ainda no que diz respeito aos recursos humanos, e de- nal como sendo médio a inexistente. Assim, estas têm a
vido aos diferentes estilos de comunicação dos traba- necessidade de importar este tipo de bens, o que repre-
lhadores, as empresas sentem alguma dificuldade em senta custos adicionais elevados.
manter um nível de atendimento ao cliente constante.
Assim, estas têm necessidade de desenvolver formações
específicas para colmatar essa lacuna. Sugestões apresentadas
Tendo em vista a melhoria deste entrave, as empresas
sugeriram algumas iniciativas a serem tomadas, como
Impacto dos aspectos sócio-culturais por exemplo:
Promoção de pontos de venda de equipamentos
Volume de negócios da empresa em zonas tipicamente agrícolas/industriais, de
10 36% forma a evitar pausas na produção devido a via-
gens à capital do país sempre que seja necessá-
Absentismo de trabalhadores
18 36 ria uma troca de peças;
36% Isenções/benefícios para importação de tecno-
Capacidade de recrutar logias avançadas que permitem um desenvolvi-
18% mento do país;
Apoios ao investimento em equipamento de pro-
Qualidade do atendimento ao cliente
36 dução e em tecnologias de produção.
10%
FEVEREIRO 2015 51
CONTEXTO
Infraestruturas rodoviárias
Há um sentimento generalizado das empresas que as infraestru-
turas de transporte apresentam necessidades de melhoria, em
especial, para o meio de transporte rodoviário. Mais de metade
das empresas utiliza a via rodoviária como principal meio de
transporte de mercadoria e produtos e, destas, 78% considera que
as infraestruturas rodoviárias são fracas a medianas.
Não existe uma boa ligação, em termos de infraestruturas rodo-
viárias, entre o norte e o sul do país. As estradas existentes apre-
52 PME MOÇAMBICANA
sentam condições desfavoráveis ao transporte de mer- entrevistadas. Os principais motivos alegados para a não
cadoria, tais como estradas esburacadas, estreitas ou não utilização da mesma prendem-se com o nível de serviço
alcatroadas. Um cenário que dificulta o acesso a algumas limitado e pouco frequente, a ocupação total de vagões
empresas, especialmente em épocas chuvosas, afectando nacionais por parte de grandes empresas e o mau trata-
ao mesmo tempo a assiduidade dos trabalhadores. mento da carga. Já a via aérea não é utilizada por nenhu-
Estas características traduzem-se em custos elevados de ma das empresas das amostras por representar custos de
transporte, custos de manutenção de viaturas, maior tem- transporte elevados.
po de transporte de mercadoria e danificação de merca-
doria frágil.
Infraestruturas marítimas
A via marítima é a mais usada para o transporte de mer-
cadoria para o estrangeiro. As empresas consideram que
esta é a que apresenta melhores infraestruturas no país
(67% das empresas classificou as infraestruturas maríti-
mas como sendo “boas” a “muito boas”). Esta classificação
resulta da existência de portos com condições satisfató-
rias, equipamento adequado e modo de funcionamento
interno minimamente organizado.
FEVEREIRO 2015 53
FORMAÇÃO
PARCERIA
Financiamento PME”,
uma obra e um guia
Trata-se de um livro escrito por Oldemiro Belchior com os olhos postos na problemática do financiamento das Pequenas e
Médias Empresas moçambicanas. A obra será editada pela Texto Editores, no primeiro trimestre deste ano, e apoiada pelo
Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME). Claire Zimba, director geral do IPEME, tece aqui o seu
comentário sobre um instrumento de trabalho, que poderá nortear as decisões de muitos empresários no futuro.
Oldemiro Belchior
PME
como uma ferramenta de gestão para o
desenvolvimento da educação financeira. O Consultoria
livro em várias vertentes, nomeadamente, Empresarial
educacional, consultoria empresarial,
formação profissional, pesquisa e
Formação
Um Guia Prático no Acesso ao Crédito
Crédito para
FINANCIAMENTO PME
o Apoio às
profissionalismo dos empresários e dos impossível.”
quadros bancários e assim promover o Claire Mateus Zimba
desenvolvimento do tecido empresarial.” Director Geral do IPEME - Instituto para a Promoção das
Empresas
Pequenas e Médias Empresas
José Filipe Rafael
Director-Geral para África - Católica Lisbon School of Business
and Economics - Universidade Católica Portuguesa
Quase todo Empreendedor e/ou Pequena e Média Em- outras vezes, os procedimentos exigidos, não raras ve-
presa (PME) tem no financiamento bancário ou não, zes, a sua fraca estrutura empresarial ou, até mesmo, a
público ou privado, uma solução para uma necessidade ausência de alternativas aos esquemas normais) o que
por certo, importante para a melhoria da sua competi- também o leva a concluir que obter financimento “não
tividade. Esse mesmo empreendedor e/ou PME vezes é para si! é procurar problemas! não o vai ajudar!não está
sem conta, vê-se confrontado com questões de acesso preparado! Não tem certeza ou desconhece o produto ade-
ao financiamento (algumas vezes, o custo do dinheiro, quado! etc.”
FEVEREIRO 2015 57
Será que faz sentido falar em Moçambique de Financiamento para PME?
Será que os bancos comerciais como um dos pilares do sistema finan-
ceiro moçambicano estão orientados para o financiamento as PME?
Que papel as instituições públicas de apoio ao desenvolvimento
empresarial, nas quais o Instituto para a Promoção das Pequenas e
Médias Empresas (IPEME) é exponencial podem jogar na questão
do acesso e disponibilização de financiamento as PME? Muitas
questões, que a presente Obra, pode ajudar a compreender as
possíveis respostas ou caminhos para respostas.
Não tenho dúvidas, de que financiar ou colocar soluções de
financiamento dedicadas para PME, não é só uma opção de ne-
gócio para as instituições financeiras, ou mesmo uma intervenção
de alcance limitado como o fazem alguns programas, mas é também
seguramente um mecanismo necessário para o desenvolvimento do
país, uma vez que as PME são vitais e estruturantes na economia pelas
diferentes váriáveis de contribuição que a nível social e económico tem
(emprego, renda, inovação/empreendedorismo) maior expressão. O
Estado, seja através de medidas de políticas, seja através da dis-
ponilização ou promoção de produtos específicos para finan-
ciamento as PME, é incontornável.
O Dr. Oldemiro Belchior ao se propor a partilhar na forma
de livro, a temática do Financiamento as PME, facilita e
aguça algumas respostas às nossas inquietações e intro-
duz-nos para uma dimensão de relevância na competivi-
dade desse segmento de empresas, cuja indiferença é
quase impossível.
O autor da Obra “Financiamento PME”, discorre
sobre uma temática em que ele mesmo na
forma de repto se propôs, alcancando-se por
isso na mesma, cariz académico, a vivência
pessoal e profissional e um esforço de
integração dos actores institucionais
importantes no desenvolvimento
empresarial na qual gravita a
questão do financiamento.
Por todos predicados e moti-
vos que seria difícil elencar e
avançar, em nome dos funcioná-
rios do IPEME, considero a obra
“Financiamento PME”, oportuna,
relevante, didática e instrumental na
assistência e auto assistência as PME’s.
Como o IPEME e os demais parceiros, convido
o prezado(a) leitor, a acompanhar cada uma das
partes sistematicamente estrututuras do livro, acre-
ditando que sempre é um contributo que juntamen-
te com o seu, seguramente poderão ajudar a PME na
compreensão e uso eficaz do fenómemo financiamento.
DEFINA
PADRÕES
DE EXCELÊNCIA
E LANCE-NOS
O DESAFIO
DE CONSTRUIR
O FUTURO
CONSIGO.
info@bakertillymocambique.co.mz
www.bakertillymocambique.co.mz