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1ª Rua Perpendicular nº 15 - Bairro da Coop-R/C | Tel.: +258 21416186 | Fax: +258 21416187 | Maputo - Moçambique
EDITORIAL
Pelos Funcionários e Direcção Geral

Ferramenta de trabalho para as PME


Apesar das chuvas e dos cenários dramáticos de desespe- tência e o papel do IPEME como entidade pública de pro-
ro e prejuízos que as chuvas estão a criar em alguns pon- moção e desenvolvimento das Pequenas e Médias. OPS a
tos do país, começamos o ano de 2015, com expectativa, elas porque perseguem Objectivos, vivem buscando a Pro-
esperança e sempre motivados na asserção de que “como dutividade e pretendem ser a referência a partir do Sucesso
país podemos e somos capazes”. alcançado.
Colocamos-lhe nas mãos esta edição da revista “PME Mo- Esta revista coloca acento tónico da moçambicanidade
çambicana”, não como mais uma tiragem com formato e como elemento de identidade e não factor de descrimina-
conteúdo, mas acima de tudo, por constituir uma ferra- ção da Pequena e Média empresa, enuncia o risco e desafios
menta que de forma simples, mas profundamente técnica, da competitividade da Pequena e Média empresa moçam-
consegue trazer o espectro real de um conjunto de Peque- bicana no contexto da SADC, através da Ordem de Conta-
nas e Médias Empresas nacionais e moçambicanas sus- bilista e Auditores de Moçambique concentra-nos sobre
tentado por uma análise económica que tem respaldo no a necessidade da estruturação empresarial como veia de
estudo “PME em Moçambique: Oportunidades e Desafios”. vitalidade das Pequenas e Médias Empresas e, pela USAID/
SPEED, único parceiro da mesma, não só temos uma aborda-
Vinte e três Pequenas e Médias empresas do conjunto das
gem económica mas como também faz jus À possibilidade
344 PME’s que participaram na edição 2014 da pesquisa
proporcionada de termos um instrumento distinto de leitu-
“100 Melhores PME, edição 2014”, que, calcoreadas em vi-
ra nas mãos. Vais apreciar e contamos com as suas críticas.
sitas nas oito Províncias do Norte, Centro e Sul do país,
constituem a base para perceber a sua cultura e modus OPS! Aceite esta revista como nosso presente e forma de
operandi, os constranguimentos, o seu ambiente, os seus dizer e desejar-lhe um próspero e triunfante ano de 2015.
receios, a sua estrutura, os seus sonhos, o seu esforço e
capacidade de empreendeder.
Nada retira, a conclusão enfática de que Moçambique é
um país de Pequenas e Médias empresas, e são elas o
motor e pilar estruturante da economia. As Pequenas e
Médias empresas são o futuro do país. É oportuna a exis-
Claire Mateus Zimba

// ESTUDO // ESTUDO // FUNCIONAMENTO

9 10 15
O IPEME juntou-se ao Há um investimento na Apesar da importância que o
Programa Speed da USAID implementação de um capital humano representa
e fez o Estudo “PME em modelo de desenvolvimento nas empresas, o que se
Moçambique – Oportunidades integrador, solidário e constata é que a maior parte
e Desafios”, com o intuito de ambientalmente responsável. das PME não possui um
criar condições de sucesso Eis a chave para o sucesso, departamento dedicado à sua
para as PME num contexto segundo Paulo Lopes, director gestão.
competitivo. da Baker Tilly.

 4 PME MOÇAMBICANA
PME MOÇAMBICANA // QUAL O FUTURO DA INDÚSTRIA
Propriedade: IPEME (Instituto de Directoras Comerciais: Amália
MOÇAMBICANA?
Promoção às Pequenas e Médias Ngoca (IPEME: maly.ngoca11@
Empresas) gmail.com) / Neusa Simbine
(Mozmedia: neusa.simbine@
Projecto financiado: USAID/ mozmedia.co.mz)
SPEED
Design Gráfico: Arlindo Magaia
Estudo e Consultoria: Baker Tilly (Mozmedia)
Moçambique
Redacção e Colaboradores:
Director Geral: Claire Zimba Belizário Cumbe; Eleutério
(IPEME) Mabjaia; Mário Sitoe; Pedro A USAID teceu um comentário sobre
Director Executivo: Manuel Lopes; Sérgio Mabombo o futuro da indústria no país e consi-
Chicane (IPEME) dera que é um sector ainda pequeno
Fotografias: Gildo Mugabe; Zein
Hassan
e de baixa tecnologia, exceptuando
Directora Editorial: Helga Nunes
(Mozmedia)
o caso da indústria extractiva e de
alguns mega-projectos.

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE ORGANIZADA “A CONCORRÊNCIA É INTENSA E CONTINUARÁ ASSIM”


Segundo o bastonário da OCAM, Mário Sitoe, a O vice-presidente da OCAM, Abel GuaiaGuaia, abre o
contabilidade torna-se por excelência um repositório véu sobre as potencialidades da área que representa
que confere memória às empresas, e que permite para a boa gestão das organizações, num mercado

22 30
planear, organizar, liderar, controlar e caracterizado pela competitividade.
avaliar.

// DOING BUSINESS // CASO DE ESTUDO // MAIS VALIA

34 44 57
O acesso ao crédito é um A Collins Sistemas de Água A obra de Oldemiro Belchior
calcanhar de Aquiles para as providencia soluções de foi escrita com os olhos
PME. Mas, ao mesmo tempo, abastecimento de água, postos na problemática
registou uma melhoria no saneamento e drenagem, do financiamento das PME
ranking de Doing Business do tendo sido distinguida em e é um instrumento de
Banco Mundial. 2014 como PME Inovação. trabalho que poderá nortear
as decisões de muitos
empresários.

FEVEREIRO 2015 5
IPEME

Instrumento público de promoção


e assistências às PME
1. Relevância estratégica das PME em Moçambique 2.4. Valores: “Excelência, Ética, Assistência, Eficiência, Com-
As Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), para petitividade, Empreendedorismo, Parceria”.
além de constituir o maior segmento empresarial exis- 2.5. Atribuições:
tente e serem estruturantes no processo de desenvolvi- a. Fomentar a criação, desenvolvimento e moderniza-
mento sócio-económico do país, têm a particularidade e ção das Pequenas e Médias Empresas;
potencial de gerar mais empregos, diversificar a econo- b. Estimular a implementação de micro, pequenas e
mia, alargar a base tributária, mobilizar recursos sociais e médias unidades industriais de processamento de
económicos e fomentar a inovação e empreendedorismo, produtos nacionais;
acções que sempre estiveram no centro das medidas de c. Enquadrar a actividade de promoção de equipa-
políticas e programas que o Governo tem vindo a imple- mento de processamento apropriado para zona
mentar. rural dentro das estratégias sectoriais orientadas
As PME representam cerca de 98,7% do número total para o desenvolvimento rural;
(26.624) de empresas registadas em Moçambique, em- d. Criar capacidade de gestão empresarial das Peque-
pregando 24,1% (121.036) da força de trabalho formal nas e Médias Empresas;
total do país. Da totalidade da população activa (cerca de e. Facilitar a assistência técnica e coordenação da
9.8 milhões de habitantes), em 2012, somente 8% traba- acção de formação para os intervenientes;
lhavam no sector formal. f. Promover e criar incubadoras empresariais;
Apesar do seu reconhecido potencial como motor de g. Assegurar a gestão das incubadoras existentes;
crescimento, o número de PME registadas bem como a h. Facilitar o acesso ao financiamento, através de
sua produtividade continuavam ainda baixos. A sua con- protocolos estabelecidos com a Banca para a dis-
tribuição para o PIB não é mais do que 28,5% do Produto ponibilização de instrumentos complementares de
Interno Bruto. capitalização das empresas e acesso ao crédito;
i. Promover acordos para constituição de fundos de
2. IPEME co-garantia assim como a sua correcta gestão;
2.1. Natureza: O Instituto para a Promoção das Micro, j. Mobilizar recursos financeiros para o apoio ao de-
Pequenas e Médias Empresas – IPEME, entidade senvolvimento empresarial;
pública de âmbito nacional, criada pelo Decreto nº k. Promover as ligações entre as PME’s e entre estas e
47/2008, de 3 de Dezembro, com o mandato de de- as grandes empresas.
senvolver acções de promoção e apoio às Micro, Pe-
quenas e Médias Empresas (MPME) e, também, de as- 2.6. Estrutura orgânica:
segurar a implementação e monitoria da Estratégia a. Direcção Geral (Director Geral e Adjunto/Direc-
para o Desenvolvimento das PME em Moçambique. ções de Serviços Centrais: de Desenvolvimento
2.2. Visão: “Ser a plataforma institucional para promoção Técnico e Produtividade, de Serviços Internos, de
das micro, pequenas e médias empresas em Moçambi- Estudos e Estatísticas e Assistência Financeira,
que”. Organização e Marketing e respectivos Departa-
2.3. Missão: “Incentivar a implantação, a consolidação e o mentos).
desenvolvimento das micro, pequenas e médias empre- b. Conselho de Direcção (colectivo de natureza
sas”. consultiva e de apoio ao Director Geral, que o
preside).

 6 PME MOÇAMBICANA
c. Conselho Técnico (colectivo de natureza téc- a. Centros de Desenvolvimento Empresarial PME (Core):
nica científica de aconselhamento e apoio Serviço público (Front Office) de atendimento e apoio
ao Director Geral, que o preside). ao negócio e investimento de âmbito nacional (pres-
2.7. Funcionários: O IPEME dispõe de um quadro tação pública das soluções de assistência).
de pessoal que comporta 71 lugares, estando
actualmente ocupados 46 lugares, dos quais
28 estão preenchidos por funcionários do sexo
masculino e 18 do sexo feminino.

2.8. Desafios: A relevância do IPEME foi colocada Resultados alcançados: Assistidos, desde 2010, um total de
como instrumento-resposta de remoção a mui- 12.862 empreendedores e PME.
tos dos constrangimentos enfrentados pelas b. Pesquisa “100 Melhores PME”: Plataformas PME me-
MPME’s, designadamente: canismo de registo, assistência no acesso ao merca-
a. Na falta de planificação e estruturação em- do e de promoção empresarial.
presarial.
b. Na baixa qualificação da mão-de-obra
(baixo conhecimento, experiência e poucas
externalidades positivas decorrentes das
capacidades profissionais).
c. Nas dificuldades na gestão empresarial (fal-
ta de conhecimentos básicos sobre a gestão Resultados alcançados: 685 MPME’s participantes nas edi-
empresarial e contabilidade). ções: 2012, 2013 e 2014
d. Na falta de cumprimento das obrigações c. Base de Dados PME: Serviço de registo, assistência e
contratuais e prazos. acompanhamento das MPME.
e. Actuação na informalidade. Resultados alcançados: cadastrados 11.400 PME e 500 em
f. Nos processos tecnológicos inadequados aprimoramento efectivo e pleno.
(baixo nível de qualidade e falta de econo- d. Clínica PME: Serviço de diagnóstico, assistência e
mias de escala). acompanhamento das MPME.
g. Nas dificuldades de acesso a financiamentos e. Incubadora PME: serviço de assistência integrado e
(literacia financeira, colaterais, histórico, pla- dedicada com vista a criar e fortalecer capacidade
nificação e estruturação). competitiva de empreendedores e Micro e Pequenas
h. Nas dificuldades de acesso de tecnologias empresas.
adequadas a competitividade empresarial.
i. Nas dificuldades de acesso a mercados (liga-
ções empresarias, compras públicas e mer-
cados preferenciais).
j. Nas dificuldades de acesso à informação e
conhecimento (custos, complexidade e bu- f. Formação PME: Serviço de capacitação padrão e à
rocracia). medida das MPME.
k. Nas dificuldades de estabelecimento de co- g. Acesso a Financiamento PME: Serviço de assistência
ligações/parcerias inter-empresariais. das MPME no acesso ao financiamento.

2.9. Plataformas de Apoio PME


O IPEME prossegue a promoção e desenvolvimento
das PME, com recurso acções de assistência integra-
da: Resultados alcançados: beneficiadas 619 PME.
h. FECOP – Fundo Empresarial de Cooperação Portu-

FEVEREIRO 2015 7
guesa: Instrumento de apoio e financiamento das Resultados alcançados: Foram assistidos 251 empreendedo-
MPME nacionais para a criação e consolidação da res, micro e pequenos empresários dos quais 88 mulheres
sua capacidade produtiva e competitiva (no valor dos sectores de agro-pecuária, artesanato, indústria, turismo
total de 434.343.361,00 USD/ 13.294.869,00, des- e serviços, envolvidos na cadeia de valor de 200 produtos
tinado ao financiamento das MPME e associações/ seleccionado.
cooperativas de produtores que operem nas áreas l. Ligações PME: Serviço de assistência na ligação das
da Indústria, Comércio, Turismo e Serviços através de PME aos mercados público e das grandes empresas.
modalidades de bonificação de juros e garantia de Resultados alcançados: 1.350 PME nacionais participaram
crédito - 55% quando se trate de pedidos de Peque- dos workshops de divulgação no âmbito do Memorando de
nas e Médias Empresas e 80% quando se trate de Entendimento celebrado com a Anadarko; PME capacitadas
pedidos de Micro empresas e Associação/cooperati- em procedimentos e oportunidades sobre Empreitada de
va de produtores). Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Servi-
i. Primavera Express: Software de gestão e organiza- ços ao Estado.
ção contabilística básica empresarial (stock, facturas, m. Feira Internacional de Embalagem PME – FIEI: Servi-
cotações, balancetes, mapas de registo, etc.). ço de especialidade promoção, assistência e ligação
Resultados alcançados: 250 PME beneficiárias entre a procura e oferta do sector de embalagem e
j. Promoção PME: Serviço de divulgação e promoção impressão.
das MPME’s.
k. Projecto CaDUP - Cada Distrito um Produto: Meca-
nismo de assistência empresarial para a melhoria e
maior eficiência da exploração dos recursos locais
nas províncias-piloto de Maputo, Gaza, Inhambane,
Manica e Nampula.
Resultados alcançados: 124 expositores e 1.530 visitantes
nas cinco edições da FIEI nas províncias de Maputo e Nam-
pula.

Serviços de Assistência PME


Nº Linhas de Financiamentos PME Capacitações PME Beneficiárias
01 FinAgro 144 29
02 Pro jovem 260 90
03 Mese 437 e desembolsados
USD 2 milhões

A nossa convicção

O IPEME, Instituto para Promoção das Pequenas e Médias


Empresas é uma entidade pública, é um mecanismo, é uma M – Significa que o IPEME desenvolve modelos e soluções
metodológicas para assistência empresarial
solução, é um grupo:

I– Significa que o IPEME promove e contribui para concreti-


zação da inovação
E - Significa que o foco do IPEME são empresas de micro, pe-
quena e média dimensão

P – Significa que o IPEME orienta-se por processos e facili-


ta-se por parcerias Buscamos em cada atitude, momento e acção dar sentido a

E – Significa que o IPEME vê no empreendedorismo uma


oportunidade de criação e fortalecimento empresarial
esta evocação:
“Juntos construindo um IPEME sempre ao Dispor das MPME”

 8 PME MOÇAMBICANA
tecido
ANÁLISE

do s obre o
Um estu p ela s PMEs
arial s u s tentado
empres

Económico e de
lítico e Legal, c-
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oçambique,
Baker Tilly M
FEVEREIRO 2015 9
ESTUDO

É preciso criar
condições para o sucesso
O actual contexto de crescimento sustentado em Moçambique é resultado do investimento realizado por todos os Agentes
Económicos no sentido da implementação de um modelo de desenvolvimento integrador, solidário e ambientalmente
responsável.

Paulo Lopes, Country Partner da Baker Tilly Moçambique


Após a concretização dos primeiros objectivos macroe- preendedores moçambicanos estão altamente motivados
conómicos de criação de um ambiente de estabilidade para fazer do seu País uma referência de desenvolvimen-
política, social e monetária propício ao crescimento eco- to e igualdade no continente africano.
nómico, foram realizados os grandes investimentos nos Os resultados globais do trabalho realizado permitem
Sectores Críticos de Actividade. Tal permitiu que grandes concluir que…
empresas assumissem a liderança de um processo de • As Pequenas e Médias Empresas Moçambicanas
evolução estruturante na Sociedade Moçambicana. No estão hoje mais preparadas para enfrentar os
entanto, a manutenção desta dinâmica positiva traz con- desafios futuros, em larga medida pela sua maior
sigo novos e mais ambiciosos desafios. maturidade e capacidade de identificar oportu-
O próximo passo é assegurar que a melhoria das condi- nidades e planear e promover o seu trabalho;
ções de vida pelo emprego e pela satisfação e realização • O tecido empresarial Moçambicano apresenta
pessoal chega a todos e de forma equilibrada. O motor todas as condições para poder crescer e pros-
desse processo, como em qualquer Economia desen- perar, havendo motivação, esperança, ousadia e
volvida do mundo, é o sucesso das Pequenas e Médias investimento por parte de todos os Agentes Eco-
Empresas. nómicos – Empresários, Estado, Colaboradores,
O trabalho realizado pelo IPEME / USAID, em parceria Universidades;
com Baker Tilly Moçambique e cujos principais resul- • As Pequenas e Médias Empresas Moçambicanas
tados descreverei adiante, tem precisamente como ob- têm consciência do caminho que ainda têm
jectivo contribuir de forma sólida para o alargamento que percorrer e dos objectivos que pretendem
da base de Pequenas e Médias Empresas do País e criar atingir, contudo mantendo a prudência e pro-
condições para o seu sucesso num contexto cada vez movendo condições de sustentabilidade na sua
mais competitivo. actividade diária;
Assim, em primeiro lugar, gostaria de agradecer o Como nota final, gostaria de registar a importância de se
apoio inestimável de todos os Agentes Eco- actuar de forma célere e eficaz sobre os constrangimen-
nómicos que participaram no Estudo. tos identificados para  tornar o investimento cada vez
Em segundo lugar, e mais rele- mais atractivo e assegurar que o País mantém a dinâ-
vante, referir o quão gratifi- mica de crescimento que todos nós desejamos,
cante foi para a nossa com reflexo na realização pessoal, cres-
Equipa constatar cimento profissional e satisfação
que os em- dos seus cidadãos.

 10 PME MOÇAMBICANA


RETRATO

O que são Micro,


As micro, pequenas e médias empre-
sas são definidas de maneira diferente
de país para país, dependendo da
legislação em vigor. Em Moçambique, o

Pequenas, Médias
Estatuto Geral das Pequenas e Médias
Empresas define-as de acordo com o
número de trabalhadores e o volume

e Grandes Empresas?
de negócios apurado anualmente,
sendo que o volume de negócios é o
factor prevalecente na classificação.

Distinção entre empresas As PME (ou Micro, Pequenas e Médias Empresas) cons-
tituem um bloco empresarial muito importante para a
► Micro empresa - Empresa com menos de 4 economia do país sendo que 98,6% do mercado é consti-
trabalhadores ou com um volume de negócio tuído por este tipo de empresas, de acordo com o Censo
anual inferior a 1.2 milhões de meticais; de Empresas ou CEMPRE 2004. Assim, o crescimento
► Pequena empresa - Empresa com o número económico do país, a criação de emprego e a redução da
de trabalhadores compreendido entre 5 e 49 e pobreza estão altamente dependentes do sucesso das
volume de negócios entre 1.2 e 14.7 milhões de PME.
meticais; Foi notado que as pequenas e médias empresas, apesar
da sua dimensão e do seu volume de negócios reduzido,
► Média empresa - Empresa com o número de
absorvem mais força de trabalho nacional do que as
trabalhadores compreendido entre 50 e 100 e o
grandes empresas, devido à fraca automatização de pro-
volume de negócios superior a 14.7 e inferior a
cessos produtivos (de acordo com o afirmado pelo Minis-
29.97 milhões de meticais;
tério da Indústria e Comércio, em 2007).
► Grande empresa - Empresa com o número de Devido ao facto de estas estarem dispersas pelo país,
trabalhadores superior a 100 e volume e negó- mesmo em locais rurais, oferecem oportunidades de
cios superior a 29.97 milhões de meticais. trabalho não centradas na capital do país e em zonas

 12 PME MOÇAMBICANA


O papel crítico O garante da diferenciação Perspectiva positiva
no sucesso das PME no mercado
Moçambique encontra-se, neste momento, com
De acordo com o Estudo IPEME/USAID, O funcionamento interno das empresas age uma taxa de crescimento do PIB de 8.1% e com
levado a cabo pela empresa Baker Tilly como factor de diferenciação no mercado. uma previsão de 8.6% para 2015 (de acordo
Moçambique, as instituições públicas tam- Em primeiro lugar, o ponto mais crítico com dados do Banco Mundial, disponibilizados
bém têm um papel crítico no sucesso prende-se com as capacidades de gestão em 2014). De igual modo, prevê-se uma forte
das PME. As políticas desenhadas, as leis dos responsáveis das empresas. entrada de Investimento Directo do Estrangeiro
implementadas, os apoios prestados, as Numa primeira fase, é a visão e a experiên- (IDE) no mercado. E estes factores, em conjunto,
oportunidades lançadas e até mesmo a cia no negócio que irão determinar a sobre- geram uma perspectiva de oportunidades no
informação difundida assumem grandes vivência da empresa. Numa segunda fase, mercado bastante positiva.
impactos nas empresas que estão há pouco a capacidade de planear estrategicamente Por outro lado, o ambiente económico é de-
tempo no mercado e têm estruturas ainda e de definir objectivos estratégicos é que terminante. O tamanho do mercado, o nível de
fragilizadas. poderão determinar o rumo da empresa e o oferta para satisfazer a procura, a facilidade de
É importante que as PME sejam um ponto seu estabelecimento no mercado. entrada de novas empresas e a existência de
de atenção de modo a que possam compe- Outro ponto importante é o modo de produtos complementares e substitutos têm o
tir com grandes empresas e concorrentes operar de cada uma das áreas da cadeia condão de impactar o sucesso da empresa.
estrangeiros no mercado nacional. de valor. Para isso, é necessário ter, interna- Do mesmo modo, as disposições legais e polí-
Foi no sentido de dar resposta às neces- mente ou com recurso a serviços externos, ticas influenciam estas empresas. Quando não
sidades das PME que foi criada, pelo de- conhecimentos e capacidades de gestão são garantidas as condições favoráveis ao seu
creto nº 47/2008 de 3 de Dezembro, uma específicos sobre cada área. crescimento e à estabilidade das mesmas no
instituição de apoio às PME- o Instituto de Adicionalmente, os recursos humanos mercado, é muito difícil que estas sobrevivam.
Promoção de Pequenas e Médias Empre- das empresas desempenham um papel Outro factor crítico é o estado das infraestrutu-
sas (IPEME), sendo a mesma tutelada pelo crítico no sucesso das mesmas: a taxa de ras de transporte e serviços públicos oferecidos
Ministério da Indústria e Comércio. rotatividade, a taxa de produtividade, as que determinam o nível de sofisticação de
habilitações e a capacidade de inovar são equipamento que a empresa pode adquirir, os
demais aspectos que influenciam o sucesso métodos de distribuição, os níveis de serviço e
das PME. os custos operativos.

industriais – vantagem que apresentam em relação às sentem algumas dificuldades que impedem o seu cresci-
grandes empresas. Pelo mesmo motivo, estas assumem o mento rápido e sustentável. Os principais grupos de pro-
papel de redistribuídoras do rendimento por todo o país, blemas prendem-se com o ambiente macroeconómico em
reduzindo então as disparidades de rendimento entre as que se inserem, aspectos internos à empresa e com o papel
zonas rurais e urbanas. das instituições públicas neste processo.
Por outro lado, o facto de existir um elevado número de Como tal, o sucesso das empresas não depende exclu-
empresas a competir no mesmo sector e com capacida- sivamente do seu modus operandi. O meio envolvente
des financeiras limitadas, estas focam-se em criar facto- assume um peso significativo no desempenho da mesma,
res de diferenciação em relação à concorrência, gerando juntamente com a sua dinâmica económica associada.
um ambiente de negócios saudável e criando oportuni- Por sua vez, o ambiente económico pode ser dividido em
dades de inovação e de diversificação de produtos/servi- vários aspectos. Um deles prende-se com o estado da
ços oferecidos, o que beneficia principalmente o mercado economia em geral. Uma economia que está em fase de
e os consumidores finais. crescimento também promove oportunidades de cresci-
mento mais atractivas às empresas. Por outro lado, se a
Principais bloqueios encontrados economia estiver em fase de recessão é muito mais difícil
Apesar do desenvolvimento das PME ser benéfico para que estas se desenvolvam e consigam aumentar a quota
a economia e para o país como um todo, as empresas de mercado e obter lucros satisfatórios.

FEVEREIRO 2015 13
FUNCIONAMENTO

Motivos para criar


uma PME em Moçambique
Drivers de Conhecimento para as PME
27%
Diversificar a oferta
Razões para criar uma PME
18% 31%
Expandir actividade para Conhecimento prévio
outras localizações do mercado
16% 27%
Aumentar a carteira Identificação de uma
de clientes necessidade no mercado
14% 18%
Melhorar a qualidade Outros motivos
dos produtos/serviços
14% 12%
Outros Projecto de apoio

11% 12%
Investir Compra de empresa
em equipamento existente
% de produção %

Drivers de conhecimento escolhidos nenhum tipo de objectivos a médio-longo prazos, e, por consequência,
não dispõem de ideias ou estratégias de crescimento.
Os drivers de crescimento são as acções escolhidas pelas empresas Por outro lado, já é notável a preocupação de empresas em relação a
como forma de atingir uma taxa de crescimento mais elevada nos pró- aspectos não directamente relacionados com a produção e venda de
ximos anos. Apesar de já se evidenciar algum planeamento por parte produtos ou serviços, como a criação de valor para o cliente, o reforço
de certas empresas, este é pouco estruturado e revela uma incidência da componente de marketing e a formação e capacitação dos seus co-
apenas no curto prazo. Algumas empresas (cerca de 14%) não definem laboradores.

Em termos estratégicos, foram identificados quatro princi- ção mais comum quanto à criação das PME (representando
pais motivos para a criação das PME entrevistadas aquan- 1/3 dos empresários).
do do Estudo “PME em Moçambique – Oportunidades e Ao mesmo tempo, cerca de 27% das PME surgiram da iden-
Desafios”. Foram os mesmos o conhecimento prévio do tificação de uma necessidade no mercado nacional e da cria-
mercado (31%), a identificação de uma necessidade no ção de uma solução para satisfazê-la. É notável o empreen-
mercado (27%), o projecto de apoio (12%), a compra de dedorismo dos empresários jovens moçambicanos, visto
empresa existente (12%), entre outros (19%). que a maioria das empresas que surgiram desta forma tem
No que diz respeito ao conhecimento prévio do mercado, uma característica em comum, quadros directivos jovens.
sabe-se que alguns empresários iniciaram a sua carreira Outras empresas surgiram, por outro lado, de projectos de
no sector a trabalhar por conta de outrem como forma apoio à população, como forma de desenvolvimento da
de reunir um conjunto de competências e de acumular comunidade local pela oferta de postos de trabalho, oferta
poupanças que mais tarde lhes permitiram abrir o próprio de soluções adequadas e investimento de parte dos lucros
negócio. Nestes casos o que acontece é que o responsável na melhoria das condições de vida da população (12%), ao
pela empresa constrói a sua base e conquista o mercado passo que outra parte das empresas surgiu da oportuni-
com as competências adquiridas no passado. No fundo, vin- dade de compra de uma empresa existente que estava na
ga o seu negócio no mercado com a rede de contactos que fase de declínio, alteração do modus operandi e renovação
conseguiu juntar e com os clientes fiéis que tinha quando de estratégias. O que resultou numa PME renovada com
trabalhava anteriormente em outra empresa. Esta é a situa- potencial de crescimento.

 14 PME MOÇAMBICANA


Recursos humanos,
um pilar do crescimento
A área de recursos humanos é considerada estrutural Fontes de Recrutamento nas PME
para as empresas. Contudo, a maioria destas não dispõe Candidaturas espontâneas 35%
de uma área dedicada à gestão de recursos humanos, Outros
sendo este tipo de actividades desenvolvidas pelo de- 26%
partamento de administração - apenas 35% das empre-
Pessoas conhecidas
sas têm área de Recursos Humanos bem definida e/ou 21%
processos de integração e retenção formais. Apesar de Instituições de ensino médio/
técnico e universidades
já se notar, por parte das empresas, algum esforço em 18%
implementar políticas de Recursos Humanos, estas en-
contram-se ainda num estado rudimentar. 5%

A realidade contratual 0
A generalidade das empresas na amostra estabelece
contratos de trabalho formais com os trabalhadores
(95%). Nestas, os contratos mais utilizados são os por É notável a preocupação actual das empresas em
tempo indeterminado (57%), normalmente para co- diversificar os pacotes remuneratórios oferecidos aos
colaboradores, em especial, tratando-se de parcelas
laboradores das áreas administrativas e centrais e os
remuneratórias que mitiguem aspectos críticos para as
contratos a prazo certo (28%), usados maioritariamente organizações como:
na contratação de professores – contratos anuais - e 1) Falta de formação – empresas optam pelo
trabalhadores de empresas que funcionam com projec- pagamento das propinas das universidades
tos, como construção civil, prestação de serviços, entre ou de prémios de desempenho académico aos
outros – contratos de acordo com a duração do projecto. trabalhadores;
2) Absentismo – bónus associados à assiduidade;
São utilizados também contratos sazonais (em 10% das
3) Envolvimento e responsabilização – parcela
empresas), para trabalhadores de empresas agrícolas e variável dependente da satisfação do cliente,
em determinadas indústrias (extracção de sal e proces- alcance de objectivos e outros.
samento de madeira).

FEVEREIRO 2015 15
Práticas
de Integração
e Retenção
identificadas
Ao nível das práticas de integração, 57% das empresas referiram, aquando do
Estudo do Ipeme/USAID, que desenvolveram formação inicial, formal e informal,
aquando da entrada do colaborador, como forma de mitigar a falta de formação
dos candidatos.
Cerca de 7% das empresas contrata trabalhadores em regime de estágio (de
3 ou 6 meses) e posterior contratação por tempo indeterminado, de modo
a integrar o trabalhador, transmitir conhecimentos necessários e avaliar a
sua capacidade de aprendizagem. Foi também evidenciado que 33% das
empresas não dispõe de nenhum tipo de práticas de integração de traba-
lhadores.
As empresas afirmam sentir dificuldades em reter os colaboradores. Isto
porque a população é motivada por ganhos a curto prazo, como o aumento
salarial, e não reflecte sobre os possíveis benefícios a longo prazo, como
avanços na carreira, melhores condições de trabalho, ambiente de trabalho
amigável e oferta de outros benefícios. Devido a este facto e à limitada ca-
pacidade financeira que impossibilita o aumento de salários dos trabalha-
dores, a taxa de rotatividade nas empresas constitui um constrangimento.

Práticas de Retenção desenvolvidas pelas PME

37 % 31% 29% 3%
Falta de capacidade Plano
Avaliação Plano de formação de carreira
para desenvolver
de desempenho
práticas de retenção

 16 PME MOÇAMBICANA


A dança dos pacotes
remuneratórios
Uma das práticas identificadas nas empresas como
diferenciadora é a diversificação dos pacotes remune-
ratórios, com componentes associadas ao desempenho
dos colaboradores, como forma motivar e promover a
autonomia. Para além do salário base, os trabalhadores
recebem outro tipo de retribuição fixa (38% das em-
presas), retribuição variável (46%) e benefícios (42%).
Ainda assim, 23% das empresas não possui capacidades
financeiras para diversificar os pacotes remuneratórios
e oferece somente o salário base.
A retribuição fixa mais comum é o subsídio de refeição
(45% das empresas), a retribuição variável mais comum
são os prémios de desempenho (69% das empresas) e
os benefícios mais frequentes são telemóvel e plafond
de telemóvel (37% das empresas) e planos de saúde
(21% das empresas).

FEVEREIRO 2015 17
A componente
contabilística e
financeira nas empresas
O Estudo elaborado pelo IPEME e necessárias para assegurar interna- (62%) - representam em média um
o programa Speed da USAID, dedi- mente esta actividade. máximo de 25% da estrutura de
cado às oportunidades e desafios Notou-se ainda que metade das financiamento das empesas-, segui-
das PME em Moçambique, levantou empresas já foi alvo de auditorias, da dos aumentos de capital (23%) e
dados interessantes sobre a compo- sejam elas motivadas internamente das contas caucionadas (8%).
nente contabilística e de financeira por opção das empresas – auditores Mais de metade das empresas con-
das organizações entrevistadas. O externos contratados pela empresa sidera que as condições de acesso
documento revela que a totalidade - ou externas, desenvolvidas pela ao crédito bancário são desfavorá-
das empresas realiza relatórios de Autoridade Tributária de Moçambi- veis devido a processos de acesso
prestação de contas no final de cada que. e elegibilidade exigentes, morosos
período contabilístico, maioritaria- No que concerne às fontes de finan- e com custos associados; taxas de
mente trimestral nas empresas que ciamento, as organizações apresen- juros elevadas; e exigência de ga-
beneficiam do regime de tributação tam estruturas de financiamento rantias reais.
simplificado, e anual nas restantes. rígidas, centradas no reinvestimento Ao mesmo tempo, foi evidenciada
Em termos de actividade de conta- dos lucros, que limitam a capaci- na generalidade das empresas uma
bilidade, mais de metade das em- dade de novos investimentos e/ou fraca capacidade em termos de ges-
presas recorre a serviço de terceiros expansão de actividades. tão financeira, sobretudo devido à
para esta actividade (54%), contudo, Apenas metade das empresas recor- centralização da tomada de decisão
algumas destas já começam a ex- re a uma segunda fonte de financia- nas disponibilidades imediatas da
pressar a vontade de integrar co- mento. Destas, a fonte mais frequen- empresa (gestão com base no cash-
laboradores com as competências te são os empréstimos bancários flow).

 18 PME MOÇAMBICANO


Vectores
de funcionamento
das PME
Foram detectadas práticas rudimentares na área dos
Recursos Humanos apesar da necessidade em termos de Gestão revela
maior grau
formação de colaboradores já existir.
As empresas evidenciam uma estrutura rígida de financia-
mento com poucas empresas a aceder ao crédito bancário. Tudo

de
porque subsiste uma percepção negativa das condições de acesso.
As PME apresentam uma fraca capacidade de gestão financeira, o
que limita os benefícios a médio-longo prazos.
As boas práticas na área de aprovisionamento identificadas passam
pela lógica make-to-order, com preocupação crescente em desenvolver
práticas de gestão de inventário. Ao nível da logística, as condições das
maturidade
infraestruturas de transporte representam custos adicionais para as em-
presas.
O actual foco das empresas
A boa relação com os clientes, a manutenção de conhecimentos da analisadas pelo Estudo do Ipeme/
área de negócio, a participação em concursos e feiras foram identificadas USAID, a par com as dimensões
como sendo as melhores práticas na vertente comercial. Mas a prática de vendas e produção, passa pela
da realização de estratégias ou definição de objectivos comerciais não é gestão do capital humano. O
comum. desenvolvimento de políticas e
A dimensão Marketing foi considerada como incipiente, contudo diversas práticas evoluídas é considerado
empresas definem os seus clientes-alvo e ajustam seus produtos ou servi- como prioritário de forma a assegurar
ços às necessidades do mercado. uma maior competitividade das
organizações e como meio de
A preocupação com a sofisticação organizativa e os processos internos possibilitar o desenvolvimento das
embora seja evidente, ainda não se reflecte na utilização massiva de sis- restantes dimensões da cadeia de
temas informáticos ou na contratação de colaboradores especializados. valor.
O investimento em investigação e desenvolvimento não é considera- As empresas mencionam acções como
do prioritário mas há empresas que usam soluções alternativas. diversificação de produtos e serviços
(27%), expansão de actividade para
As PME desenvolvem acções de responsabilidade social princi-
outras localizações (18%), aumento da
palmente com os objectivos de promover uma relação próxima e
carteira de clientes (16%), melhoria da
positiva com a população local, manter boas ligações com o Estado,
qualidade de produtos/serviços prestados
divulgar a marca da empresa e motivar os trabalhadores.
(14%) e investimento em equipamento
de produção (11%) como estratégias de
crescimento para os próximos anos.
A preocupação com processos não
directamente relacionados com vendas e
produção como a criação de valor para o
cliente, o reforço da componente de marketing e
a formação de colaboradores permite identificar
um crescente grau de maturidade dos responsáveis
das empresas em Moçambique.

FEVEREIRO 2015 19
As PME
na ‘Corrida
de Obstáculos’
1) Mão - de - obra pouco qualificada áreas e à existência de pequenas empresas no norte que
O problema da mão-de-obra pouco qualificada é sentido apresentam comércio com o exterior limitado e maiori-
em todo o país embora os impactos sejam mais eviden- tariamente na vertente importação.
tes no norte do país. Um fenómeno que decorre devido 6) Infra- estruturas públicas pouco
à menor concentração de instituições de ensino nessa satisfatórias
zona. O impacto por sector de actividade é transversal. Impacto mais sentido na zona norte do país devido ao
2) Gestão financeira ineficiente pior estado de conservação das vias e infra-estruturas
A falta de capacidade de gestão financeira foi eviden- com menor nível de sofisticação. Os sectores de acti-
ciada na generalidade das empresas entrevistadas, nas vidade mais afectados são o comércio, a indústria e a
três zonas do país e em todos os sectores de actividade prestação de serviços.
representados na amostra. 7) Corrupção e complexidade
3) Estrutura de financiamento rígida dos processos públicos
O impacto deste obstáculo é mais notado no norte do Obstáculo com menor impacto na zona norte do país
país, onde há maior concentração de micro e pequenas devido ao tamanho reduzido do meio empresarial e ao
empresas, e no sector do comércio, onde a actividade de elevado nível de convivência entre cidadãos, facto que
aprovisionamento é feita somente após a efectivação de reduz o nível de corrupção. Os sectores que sentem esta
encomendas. lacuna com maior intensidade são a prestação de servi-
4) Limitada capacidade de planeamento e ços, comércio, agricultura, construção e serviços associa-
visão estratégica dos e indústria.
Lacuna sentida em todo o país e transversal a todos 8) Relacionamento entre O sector público
sectores de actividade representados na amostra. Não e privado
se evidenciou a definição de planos estratégicos, planos Impacto mais sentido nas zonas norte e centro devido
comerciais ou objectivos comerciais na generalidade ao direccionamento da maior parte de iniciativas de
das empresas. apoio às PME à zona sul do país, capitais provinciais e
5) Barreiras ao comércio com o Exterior zonas de fácil acesso. As actividades financeiras e segu-
Obstáculo com mais impacto nas zonas sul e centro de- ros, a indústria e a prestação de serviços são os sectores
vido à maior concentração de médias empresas nestas mais afectados por esta lacuna.

 20 PME MOÇAMBICANA


REPORTE

Recomendações
apresentadas no Estudo
“PME em Moçambique – Oportunidades e Desafios”

1. Mão de obra pouco qualificada • Dinamizar acções regulares de inspecção • Prestar apoio na escolha do tipo de finan-
PME financeira às empresas ciamento mais adequado
• Criar planos de formação e capacitação INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME • Desenvolver acordos com a banca co-
• Promover frequência escolar por parte de • Consciencializar sobre a importância da mercial
trabalhadores (pós-laboral) gestão financeira • Promover protocolos com institutos de
• Apoiar no pagamento de propinas esco- • Desenvolver workshops de boas práticas micro-finanças
lares de contabilidade e gestão • Desenvolver workshops de simulação de
ESTADO financeira acesso a financiamento
• Expandir rede de institutos médios/técni- • Auxiliar no recrutamento de quadros
cos e escolas indústriais qualificados 4. Limitada capacidade
• Adaptar currículos académicos às neces- • Auxiliar na identificação e escolha de de planeamento e visão
sidades actuais do mercado empresas de contabilidade estratégica
• Consciencializar a população em relação certificadas PME
à ética profissional e hábitos • Planear a longo prazo, definir objectivos
de trabalho 3. Estrutura de financiamento e metas
INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME rígida • Separar relação familiar e gestão profis-
• Divulgar às PME os planos de formações PME sional da empresa
de diversas instituições • Procurar informação sobre o uso e bene- ESTADO
• Desenvolver o programa nacional de fícios de diversificação de . Criar políticas de favorecimento às PME
estágios profissionais e pré-profissionais fontes de financiamento, diferenciando que apresentem um conjunto de aspectos
• Criar um pacote de intercâmbios provin- necessidades de curto e longo prazos para atingir níveis de competitividade mais
ciais para estagiários ESTADO elevados
• Ajustar financiamentos para que se apli- INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME
2. Gestão financeira ineficiente quem a toda a cadeia de valor • Divulgar iniciativas que visam a capacita-
PME • Promover acordos para constituição de ção das PME em competências de gestão e
• Garantir internamente competências de fundos de co-garantia desenvolvimento empresarial
gestão financeira • Promover a captação de fundos externos • Oferecer workshops de elaboração de
• Realizar auditorias de modo a identificar com condições mais acessíveis planos estratégicos, planos de
eventuais problemas INSTITUIÇÕES DE APOIO ÀS PME marketing e comunicação e de definição de
ESTADO • Divulgar oportunidades de financiamento objectivos comerciais
• Desenvolver sistema de incentivos para existentes • Criar soluções em formatos alternativos
empresas que apresentem • Esclarecer sobre metodologias de candi- para empresas em locais de
qualidade na informação financeira datura difícil acesso

FEVEREIRO 2015 21
COMENTÁRIO

A importância
da Contabilidade Organizada
Antes de dissertar sobre a própria importância da ciên- reservas e retiradas dos sócios, registo de dissolução ou
cia de contabilidade, importar definir a sua essência. falência entre outras. Independentemente do tamanho
Com efeito, uma das disciplinas mais antigas, complexas, ou natureza jurídica, as empresas têm necessidade de
fascinantes e também importantes para a vida humana manter a sua contabilidade completa e actual não ape-
é a Contabilidade. Ciência de natureza Económica, cujo nas para atender a interesses fiscais ou tributários, mas
objecto é evidenciar a realidade, passada, presente e fu- também para o processo de gestão. As empresas podem
tura de qualquer entidade, pública ou privada, analisada optar por terciarizar o serviço de contabilidade, confiando
em termos quantitativos e por método próprio, com o -o a um escritório de Contabilidade, ou adquirir sistemas
fim de obter informações indispensáveis à Gestão, me- de gestão e contabilidade para utilização interna sob a
diante conhecimento da sua situação patrimonial, dos responsabilidade de um profissional da área, para que
resultados obtidos, do planeamento e controlo de acti- possa produzir informação bastante, para o auxílio da
vidades, visando apresentar uma imagem fiel, verdadeira gestão com eficácia e eficiência, e não só.
e apropriada da entidade para benefício dos diferentes Com efeito, a Contabilidade torna-se, por excelência, um
utilizadores, Estado, gestores, accionistas, financiadores, repositório que proporciona memória às empresas, que
parceiros, clientes, fornecedores, consumidores e público permite planear, organizar, liderar controlar e avaliar,
em geral. através das demonstrações financeiras, tais que quando
A contabilização de eventos (económicos, financeiros preparadas com independência, objectividade, integra-
e monetários) que podem alterar a situação patrimo- lidade, isenção e tempestivamente, transmitem credibi-
nial das entidades compreende actividades de com- lidade junto aos stakeholders, assim como se reveste de
pra, venda, entrada/saída do stock, constituição de uma plataforma de transparência para o mercado.

Um país com contabilidade organizada e actualizada é um país viável

  22 PME MOÇAMBICANA
Prof. Doutor, Mário Sitoe (Bastonário da OCAM)

Em muitos casos, por desconhecimento da obrigatorie- tantes de investimento, ajuda à formulação de políticas
dade e utilidade, existem empresas que funcionam há sustentáveis de redução de custos e procura promover a
muitos anos, mas não possuem uma escrituração conta- busca de recursos baseada na utilização de informações
bilística organizada. O mesmo que dizer de alguém que obtidas através de dados dos registos contabilísticos
caminha sem conhecer o destino. A contabilidade tem o credíveis.
condão de permitir o conhecimento da situação patri- A globalização e a adopção de práticas internacionais
monial no início da vida da empresa, durante e em qual- de Contabilidade – NIRF (Normas Internacionais de
quer estágio da sua vida, para que a todo o momento Relato Financeiro), tem permitido o uso de um mesmo
possa apresentar um inventário físico e documental que modelo de contabilidade em âmbito nacional e inter-
identifique bens, direitos e obrigações. nacional, que vem facilitar a integração e consolidação
das contas das multinacionais que representam o pa-
A fácil leitura de informações contabilísticas proporcio- radigma actual do mercado da era da globalização. O
na a compreensão aos investidores Compromisso de Moçambique neste capítulo, é testemu-
Para as PME, a Contabilidade afigura-se como um ins- nhado pelo esforço do Governo, que através do Decreto
trumento que quando bem explorado propicia melhor 70/2009 de 22 de Dezembro, aprova o Sistema de Con-
organização que pode ajudar a planear um crescimento tabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique
sustentável. A Contabilidade, relativamente aos aspec- (SCSEM), que procura ir ao encontro das práticas inter-
tos de gestão, ajuda na concepção de dados formais e nacionais. A facilidade de leitura de informações conta-
factíveis para a tomada de decisão por parte dos empre- bilísticas tem a vantagem de proporcionar compreensão
sários, mormente para as PME. Modela decisões impor- aos investidores.

FEVEREIRO 2015 23
Um país com contabilidade organizada e actualizada é as PME, vulneráveis em muitos aspectos do seu funcio-
um país viável namento, devido à sua débil estrutura económica e finan-
Um Plano de Contas bem elaborado oferece uma estru- ceira, é indispensável para que de uma forma sustentável
tura hierárquica para a contabilização dos eventos e sua e credível, elas possam realizar negócios, por exemplo
classificação em Activo (bens e direitos), Passivo (obri- com o Estado (contratos, licitações, etc.), com os fornece-
gações com terceiros) e Património Líquido (obrigações dores, bancos (cadastro bancário e financiamentos), etc..
para com os sócios). A escrituração através do Plano de Assim, à empresa aconselha-se que organize e mantenha
Contas proporciona a elaboração das Demonstrações um sistema de contabilidade, com o objectivo de contro-
financeiras e outras, que podem ser inúmeras, oferecendo lar e registar as variações económicas, financeiras e pa-
uma gama de informações importantes para a gestão trimoniais, obtendo a partir desses registos informações
do negócio e para as estatísticas macroeconómicas, de gestão úteis para a análise e a tomada racional de
sectoriais e nacionais que ajudem o Governo na melhor decisões.
elaboração do Orçamento de Estado e outras previsões A contabilidade permite a padronização de procedimen-
económicas em prol do desenvolvimento social do país tos e de parâmetros económico-financeiros, facilitando
e também uma plataforma de avaliação dos investidores uma melhor e mais correcta avaliação da situação e do
que procuram o país. Um país com contabilidade organi- desempenho da entidade. Além disso, somente através da
zada e actualizada é um país viável.   contabilidade, a empresa pode-se mostrar oficialmente
Nos tempos actuais, caracterizados por cada vez maior aos agentes com os quais se relaciona, ou seja, o Estado/
complexidade das operações, obrigou à mudança do Governo (que cobra impostos e emite leis e regulamen-
paradigma desta essência passando de preocupação tos), os credores (que concedem empréstimos e finan-
tecnicista e legalista, características basilares do último ciamentos e analisam riscos), os clientes (que compram
século, para a actual em que a essência das operações é os produtos ou usam os serviços da empresa, exigindo
que deve nortear a acção dos técnicos. qualidade e preços adequados), os concorrentes (que
A descoberta dos recursos minerais e a sofisticação cada acompanham as estratégias e políticas para se tornarem
vez maior dos produtos financeiros, já não se compadece mais eficientes), os fornecedores (que vendem os seus
com a contabilidade da era tradicional e mais do que produtos e querem certeza de pagamento), os sócios ou
antes, a funções financeiras assumem cada vez maior accionistas (que investem recursos e querem remune-
amplitude na gestão devendo modelar a coordenação ração compensatória e cada vez de maior quinhão), os
entre o operacional e as expectativas dos accionistas na administradores/gestores (que dirigem o negócio), os
busca de cada vez melhores resultados e com meno- parceiros... enfim, o mercado de uma maneira geral. Essa
res riscos. comunicação com o mercado torna-se mais clara quando
A contabilidade organizada, principalmente para provida de informação da Contabilidade.

 24 PME MOÇAMBICANA


ECONOMIA

Inflação, taxas de juro


e crédito à economia
em sentido único
Belizário Cumbe (texto)

“A ocorrência de cheias e inundações no início do ano levou a que as autoridades ajustassem a meta do crescimento
do nosso Produto Interno Bruto (PIB). A informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística mostra que o
crescimento real de 6,6% nos primeiros seis meses do ano de 2013 não se afasta em demasia das previsões iniciais de 7%”
- Ernesto Gove, governador do BM.

O bom comportamento da ano, com o metical a perder terreno, animadores de inflação. Os preços
economia moçambicana, durante principalmente, para o dólar norte- sobem menos e Gove justifica que
um determinado ano económico, americano. o cenário “pode denotar uma certa
deixou de ser notícia. É verdade que o Segundo Ernesto Gove, governador maturidade no funcionamento dos
crescimento da mesma varia ano após do Banco Central, dados referentes mercados internos, importante de se
ano, mas a média de 7% registada, ao fecho de Novembro de 2014 consolidar e de se preservar da influência
aproximadamente, nos últimos 10 mostram que o dólar foi cotado em negativa de potenciais factores
anos, é incontestável. 31,22 meticais, o que corresponde a exógenos”.
Em 2014 não foi diferente, apesar uma depreciação mensal, acumulada A estabilidade dos preços no território
de ter sido antecedido por um ano e anual da moeda nacional de 1,04%, nacional, em 2014, reflectiu a
marcado por cheias e inundações, que 4,24% e 4,31%, respectivamente. conjugação de vários factores, com
forçaram o ajustamento da meta do destaque para o aumento da produção
crescimento do PIB, a economia voltou Baixa Inflação e a maturidade dos local e a oferta de bens e serviços
aos carris, apesar do cenário negativo mercados essenciais, sobretudo de frutas e
observado no mercado cambial, no Nos últimos anos, Moçambique vegetais.
primeiro e no último trimestre do tem sido caracterizado por níveis A queda dos preços internacionais

 26 PME MOÇAMBICANA ECONOMIA


“Apesar da conjuntura internacional
adversa, a economia moçambicana
7.5% 23.8% continua a dar provas de resiliência.
23.4% Dados disponíveis indicam que 2014
vai encerrar com resultados melhores
6.6% do que eram vaticinados no início

até Outubro 2014


do ano, fruto do empenho de todos
os moçambicanos e moçambicanas,
0
2013 2014 empreendedores e agentes económicos
0 que mesmo enfrentando dificuldades
2013 2014 Crescimento do crédito diversas tudo fazem para levar avante
os seus projectos e actividades nos
Produto Interno Bruto ao sector privado
vários sectores da vida económica e
social” - Ernesto Gove, governador do BM
(Dezembro de 2014).

das principais mercadorias que Interbancário, em 75 pontos base, macro-económica e, segundo, da baixa
Moçambique importa, a coordenação para os actuais 7,5%, mantendo a taxa inflação.
das políticas monetária e fiscal de juro da Facilidade Permanente
visando a regulação da liquidez nos de Depósitos (o juro que o Banco 64% do crédito à economia vai para o
níveis adequados ao crescimento de Moçambique paga aos bancos sector privado
do Produto Interno Bruto (PIB) e a comerciais pelos depósitos de O crédito bancário ao sector privado
relativa estabilidade do metical face excedentes de liquidez) nos 1,50%. continua a registar uma expansão.
às moedas dos principais parceiros Mas a banca comercial continua a Até Outubro de 2014, o dinheiro
comerciais em quase todo o ano foram, responder a este impulso de forma destinado aos patrões tinha crescido
também, factores que concorreram tímida. Em 2013, Ernesto Gove disse 23.8% (ligeiramente acima dos
para a estabilidade dos preços. que o cenário se devia à ineficácia 23.4% registados no mesmo período
do mecanismo de transmissão e o de 2013), equivalente a um fluxo
Da inflação às taxas de juro tema foi levado a debate nas jornadas acumulado de 34.635 milhões de
O homem forte do Banco Emissor científicas de 2014. meticais.
revelou durante a cerimónia do Já no discurso de encerramento, no É importante destacar que uma
balanço do ano económico 2014, ano passado, o governador confrontou parcela significativa do crédito à
que o bom nível de preços criou os gestores bancários, que dominaram economia (64%) concedido pelo
espaço para a expansão do crédito o seu auditório, dizendo que as sistema bancário tem-se destinado
por via da redução da taxa de juro da instituições financeiras não têm outra ao sector empresarial, num quadro
Facilidade Permanente de Cedência alternativa que não seja a redução em que linhas de crédito dedicadas
(a percentagem de dinheiro que do custo do dinheiro no mercado. às pequenas e médias empresas
os bancos comerciais pagam pela Os factores invocados por Gove para se multiplicam, permitindo assim
dívida que contraem ao Banco de tamanha convicção não são novos. que estas assumam o seu papel na
Moçambique) no Mercado Monetário Trata-se, primeiro, da estabilidade dinamização da economia nacional.

FEVEREIRO 2015 27
INSTRUMENTOS DE APOIO Bootcamp para empreendedores

O que as empresas
arranca em Março

Os empresários que trabalham em

podem beneficiar
mercados de baixa renda podem
agora também candidatar-se a um
bootcamp especial on-line, a partir de
Março. Este bootcamp é um serviço

com o LINK?
do recém-lançado Acelerador de
Negócios Inclusivos (http://iba.
ventures). O período de inscrição
teve início a 15 de Janeiro e o prazo
para as inscrições decorrerá até 15
O mecanismo de promoção de negócios inclusivos e parcerias (LINK), tem de fevereiro.

como principal missão catalisar de forma sistemática, apoiar e expandir O tema do bootcamp on-line será
parcerias transversais e negócios inclusivos, de modo a alavancar as habili- “Marketing e Distribuição para a
dades dos intervenientes para o alcance dos resultados de desenvolvimento e Base da Pirâmide” (BoP, referindo-se
objectivos empresariais. aos 4,5 bilhões de pessoas com uma
renda de menos de 8 dólares por dia
ou inferior).
As actividades do LINK, promovido pela Organização Holandesa de A inicitaiva tem como missão a
Desenvolvimento (SNV), centram-se no desenvolvimento dos modelos mudança de comportamento e
empresariais inclusivos por meio de acessoria técnica que engloba a distribuição do produto até ao
os serviços de iniciação e incubação empresarial (por ex. diagnóstico consumidor final como a chave
empresarial, apoio na elaboração do plano de negócio, apoio legal, entre para a criação de empresas bem
outros) quer por contratação de provedores de serviços/consultores como sucedidas no grupo de baixa
por meio de especialistas internos. renda. O grupo-alvo do bootcamp
Fazem parte das actividades do projecto a promoção do matchmaking são empreendedores que estão a
entre empresas e investidores por meio de eventos específicos ou através trabalhar em produtos inovadores
da plataforma online do acelerador de negócios inclusivos (iba.ventures). e em sectores de rápida expansão,
 No âmbito do seu portfolio de apoio técnico/assessoria podem-se como a energia sustentável,
destacar as seguintes empresas: alimentos, agricultura e água e
AgroServiços - empresa de agro processamento (Maputo província) saneamento.
AgroKomati & Serviços EI - dedica-se ao desenvolvimento de actividades
agro-pecuárias (Maputo província)
Processamentos Socala - especializada na produção de óleos naturais
com fins medicinais e cosméticos (Província de Inhambane, Zavala)
Winnua - (Província da Zambézia)
100%inno – dedica-se a pesquisas, desenvolvimento e comercialização
de produtos inovadores e diferenciados para o mercado moçambicano
(Maputo Cidade)
Morais Comercial - processamento e comercialização de sementes
melhoradas (Província de Nampula)
Levas Flor - exploração madeireira e produção de bríquetes (Província da
Beira e Nampula)
 Após a identificação das empresas e antes de se iniciar qualquer actividade de assessoria,
estas passam pelo diagnóstico empresarial de modo a se identificar lacunas no modelo de
negócios e sectores críticos.

 28 PME MOÇAMBICANA


DESTAQUE

“A concorrência é intensa
e continuará assim”
A Ordem dos Contabilistas e Auditores der Moçambique (OCAM) tem vindo a desempenhar, nos últi-
mos dois anos, um papel fulcral na formação e preparação de profissionais à altura das exigências
do mercado nacional e regional. O vice-presidente daquela organização, Abel Guaiguaia, abre o véu
sobre as imensas potencialidades desta área fulcral para a boa gestão das empresas num ambiente
reconhecidamente competitivo.
Helga Nunes (entrevista) . Zein Hassan (fotos)

 30 PME MOÇAMBICANA


Muitos dos esforços das PME no que principalmente fiscais, e não queren- sponíveis no mercado. Reside sim na
tange ao acesso ao crédito esbarram do arriscar, preferem aproximar uma qualidade do serviço por estes presta-
na falta de contabilidade organizada e entidade terceira vocacionada nessas do. É aqui que está o maior desafio
na existência de estratégias e planos matérias naquilo a que se chama out- da Ordem. Outrora, sem Ordem de
de negócio definidos. De que modo a sourcing. profissionais, era difícil controlar
OCAM pode contribuir para melhorar É difícil dizer qual o nível ideal de quem presta o serviço de contabili-
esse aspecto? outsourcing mas sabe-se que este dade e nem saber se a tal pessoa tem
A OCAM tem requisitos de formação serviço existe mesmo no primeiro competências para o efeito. Neste mo-
contínua dos seus membros, que mundo. É algo que não tem relação mento, a OCAM tem já uma base de
terão o impacto de alavancar o nível directa com o desenvolvimento da dados dos contabilistas e auditores de
de competências dos contabilistas e profissão no país. Estamos, entretan- Moçambique que serão sujeitados a
depois manter o tal nível conseguido. to, a trabalhar para que com o andar requisitos internacionais de formação
A OCAM igualmente está a trabalhar do tempo, as empresas de todas di- para aumentar e manter as suas com-
no sentido de controlar quem pode mensões ganhem mais confiança nos petências num nível elevado. A OCAM
prestar o serviço de contabildide no contabilistas moçambicanos.    está igualmente a desenvolver me-
nosso mercado, para assegurar que canismos disciplinares para membros
apenas os contabilistas competentes e Um dos grandes desafios é dotar o prevaricadores. Cremos que no médio
em situação regular na Ordem possam mercado de profissionais de contabil- termo o mercado sentirá o impacto do
trabalhar. idade e auditoria, que possam prestar trabalho da Ordem e estas estatísticas
A médio longo termo, a OCAM tenciona um serviço competente às empresas. serão revertidas.
colaborar com as universidaddes no O Estudo feito pelo IPEME em asso-
sentido de contribuir para a revisão ciação com a USAID revela que os Metade das empresas já foi alvo de
de currículos de modo a que poten- empresários vão manifestando uma auditorias, tenham sido as mesmas
ciais membros recebam educação do maior necessidade de profissionais motivadas internamente por opção
nível desejado pela Ordem já a partir da área a trabalhar no seio das suas das empresas – auditores externos
das universidades.   organizações. Que comentário lhe contratados pela empresa - ou exter-
Como resultado, esperamos que os sugere fazer? nas, desenvolvidas pela Autoridade
nossos membros estejam à altura de Entendemos que A OCAM surgem ex- Tributária. Qual é a experiência que
contribuir para a solução dos prob- actamente para procurar resolver este a OCAM pode partilhar a este nível?
lemas identificados. problema. A principal preocupação Será que a evolução positiva se
  não reside na quantidade de contabi- prende com uma melhoria da gestão?
Em termos de actividades vocaciona- listas di-
das para a área de contabilidade, 54%
das empresas recorre ao serviço de
terceiros. Acha que essa percentagem
é satisfatória tendo em conta o nível
de exigência do mercado regional,
no advento do Mercado Comum e da
Moeda Única da SADC?
Existem variadas razões porque as
empresas decidem recorrer a ter-
ceiros. Uma das razões é quando
as empresas não têm dimensão
suficiente para ter um depar-
tamento de contabilidde
interno. Outra é quando,
sendo a administração
da empresa estrangeira
e não tendo interna-
mente competências

FEVEREIRO 2015 31
É muito bom ouvir este tipo de es- bilistas.  
tatísticas, principalmente quando Se tivesse que fazer um retrato ou
falamos de auditorias externas, pois perfil das PME em Moçambique, quais
segundo a teoria de agência, o accion- seriam os elementos identificadores
ista depende dos gestores para mov- que usaria? Acha que as mesmas es-
imentar o seu negócio. Somente uma tarão preparadas para o desafio da
pessoa independente daria credibili- competitividade?
dade aos relatórios produzidos pelos Usaria o número de trabalhadores
gestores no fim do ano.   conjugado com o volume de negócios.
A OCAM tem auditores externos entre Para ser classificada como PME, uma
os seus membros. Os nossos audi- empresa teria que satisfazer os dois
tores trabalham quando convidados critérios. Sobre se as nossas PME
pelas empresas, precisamente por estão preparadas, penso que sim.
serem independentes. O que importa A nossa economia tem muito mais
salientar como preocupação é a fre- pequenas e médias empresas do que
quente ocorrência de qualificações grandes empresas, sendo que a con-
ou reservas nas opiniões do auditores tribuição destas no PIB é muito sig-
em Moçambique. Temos um nível de nificativa. A concorrência é intensa e
“A médio longo termo, a OCAM
relatórios qualificados acima da média continuará assim. É característica dum
tenciona colaborar com as
regional. Pode ser que falte conheci- mercado evoluído haver muita com-
universidaddes no sentido de
mento sobre o impacto duma opinião petição. Cabe a cada empresa estudar
contribuir para a revisão de cur-
de auditoria com reservas. Esperamos o mercado e continuar a adaptar-se às
rículos de modo a que potenci-
que  com o trabalho da OCAM, estas mudanças que forem ocorrendo. Neste
ais membros recebam educação
situações possam reduzir. O impor- sentido, embora nunca se possa alca-
do nível desejado pela Ordem já
tante é trabalhar na prevenção através nçar a perfeição, penso que as nossas
a partir das universidades”.
da capacitação  constante dos conta- PME estão no bom caminho.
“É difícil dizer qual o nível ideal
de outsourcing mas sabe-se
que este serviço existe mesmo
no primeiro mundo. É algo que
não tem relação directa com o
desenvolvimento da profissão
no país. Estamos, entretanto, a
trabalhar para que com o andar
do tempo, as empresas de todas
dimensões ganhem mais confi-
ança nos contabilistas moçam-
bicanos.”

“É característica dum mercado


evoluído haver muita com-
petição. Cabe a cada empresa
estudar o mercado e continuar
a adaptar-se às mudanças que
forem ocorrendo. Neste sentido,
embora nunca se possa alcançar
a perfeição, penso que as nossas
PME estão no bom caminho.”

 32 PME MOÇAMBICANA


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 34 PME MOÇAMBICANO


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FEVEREIRO 2015 35
FINANCIAMENTO

MESE aposta no apoio à competitividade


O MESE (Mecanismo de Subsídios Empresariais) é uma
componente do Projecto de Apoio à Competitividade e
Desenvolvimento do Sector Privado (PACDE), Programa
financiado pelo Banco Mundial e implementado pelo
Ministério da Indústria e Comércio. O principal objectivo
do PACDE é o de facilitar o aumento do crescimento e da
competitividade no sector privado moçambicano. O MESE
é gerido de acordo com os termos detalhados no Manual
de Operações do MESE, parte integrante do presente Ter-
mo de Compromisso.
O objectivo específico do MESE é o de fortalecer a capaci-
dade humana e institucional das empresas privadas e das
suas organizações representativas do sector privado. Atra-
vés da provisão da assistência técnica e financeira, o MESE
tem como finalidade aumentar a competitividade interna-
cional das empresas privadas e capacitar as associações
comerciais, as ordens profissionais, e as câmaras de comér-
cio e indústria para melhor servirem os seus membros.

PRÓ-JOVEM – O programa em prol do


empreendedorismo juvenil
FinAgro promove culturas de rendimento O Pró-Jovem é um programa do Governo que resulta da
e cadeias de valor alimentares parceria entre o Instituto de Gestão das Participações do
O objectivo do FinAgro é aumentar a competitividade no Estado (IGEPE), Instituto para Promoção das Pequenas e
sector privado, em determinadas culturas de rendimento Médias Empresas (IPEME), o Conselho Nacional da Juven-
e cadeias de valor alimentares. O programa é financiado tude (CNJ) e o sector empresarial do Estado, em resposta
pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento às preocupações de acesso ao financiamento e emprego
Internacional e pelo Governo de Moçambique, e concede por parte dos jovens.
subvenções a pequenas e médias empresas (PME), bem O Fomento de pequenas e médias empresas e do au-
como a associações de agricultores e cooperativas que to-emprego, capazes de enquadrar e apoiar a iniciativa
trabalham na agricultura, no agro-processamento, na co- empreendedora, são os objectivos perseguidos pelo Pró-
mercialização e em actividades de exportação. Jovem, que possui uma abrangência nacional. No fundo,
As subvenções atribuídas no âmbito deste programa têm a sua missão passa por prestar serviços de concessão de
como objectivo a aquisição de equipamento, activos fixos créditos aos jovens moçambicanos;
e/ou assistência técnica. As subvenções serão atribuídas Constituem objecto de financiamento pelo programa os
em género e não em valores monetário. projectos ou iniciativas empresariais micro e pequenas
O projecto abrange a Província de Tete (Angónia, Cahora (individuais ou colectivas). As áreas a serem financiadas
Bassa, Changara, Chifunde, Chiuta, Magoe, Maravia, Macan- incluem a geração de emprego, a melhoria do ambiente de
ga, Moatize, Mutarara, Tsangano, Zumbo e cidade de Tete) negócios e a protecção social.
e a primeira janela terá a duração de 6 meses a partir de Após cumpridas as condições de acesso e de elegibilidade,
Setembro de 2014, que corresponde à 1ª fase em que o os projectos podem ser financiados até 50 mil meticais
candidato submete a sua proposta. aos jovens e até 100 mil meticais às associações juvenis e
empresas jovens.

FEVEREIRO 2015 37
INDÚSTRIA

Qual o futuro da
indústria moçambicana?
Comentário da USAID/Speed disponível no website: http://www.speed-program.com/blogs/qual-o-futuro-da-industria-mocambicana

O sector industrial em Moçambique procura de moeda local, empurrando o ambiente de negócios, que acabam
é ainda pequeno e de baixa tecnolo- os preços de bens e serviços para afectando todo o sector da indústria.
gia, excluindo obviamente a indústria valores superiores aos habituais. Se hoje em dia este sector já não é
de extracção e alguns megapro- Como consequência verifica-se uma competitivo, imagine-se a redução
jectos. A contribuição por parte da valorização da moeda e um aumen- que sofreria num cenário de “doença
indústria, agricultura e serviços em to dos preços relativos ao trabalho, holandesa”.
termos de PIB não mudou significa- imobiliário, construção civil, trans-
tivamente nos últimos dez a doze portes e logística, tornando-os mais Comportamento expectável das em-
anos, nem houve, tão pouco, um au- caros. Por sua vez, esta alteração de presas
mento significativo na percentagem preços afecta negativamente a pro- É verdade que algumas empresas
de postos de trabalho criados com o dução. Este efeito é conhecido por operam em segmentos de mercado
sector da indústria. “doença holandesa” e  pode resultar que lhes proporcionam alguma re-
De forma a contrariar esta tendência numa virtual eliminação do sector sistência à “doença holandesa”. Por
já verificada, a Estratégia Nacional industrial. exemplo, as empresas de capital
de Desenvolvimento (ENDE) colocou Um estudo recente encomendado intensivo que compram a maior par-
este sector no centro dos planos de pela CTA e SPEED incide sobre o es- te das matérias primas no mercado
desenvolvimento futuro de Moçam- tado actual da indústria em Moçam- internacional e produzem bens de
bique. A indústria transformadora bique e visa prever o que pode consumo para o mercado interno,
é importante pelas suas potenciais acontecer num cenário de “doença podem conseguir reduzir os seus
contribuições para a mudança es- holandesa”. O relatório observa que custos, o que lhes permite manter ou
trutural da economia, pela diversi- as empresas deste sector enfrentam aumentar as suas quotas de merca-
ficação, pela geração de empregos, uma série de obstáculos na sua ten- do, mesmo face a importações mais
atração de investimento estrangeiro, tativa de fazer negócios em Moçam- baratas.
transferência de tecnologia e au- bique. São poucas as que podem e No entanto, esta não é a perspectiva
mento da produtividade. tentam exportar. Deparam-se com in- para a maioria das empresas. Para
certezas quanto à disponibilidade e empresas que produzem produtos
Previsão possível face ao cenário de qualidade da energia eléctrica, taxas poucos diferenciados para o mercado
“doença holandesa” de licenciamento, custos de trans- interno, as importações mais baratas
Observando o que se passou noutros porte, procedimentos de importação certamente iriam “exterminá-las”.
países, constata-se que os booms e exportação, um salário mínimo Algumas dessas empresas, actual-
de recursos naturais têm como con- desenquadrado com a produtividade mente, reforçam a sua competitivi-
sequência o excessivo aumento da e outras questões relacionadas com dade ao oferecer aos consumidores

 38 PME MOÇAMBICANA


serviços de valor acrescentado e isso provavelmente, frustrar os objectivos Como aumentar as possibilidades de
pode ajudá-las a competir a curto e da política de industralização do sucesso na indústria
médio prazo. Governo. Deve-se por isso começar, De forma a aumentar as possibili-
Para as empresas que produzem bens desde já, a fazer uma cuidadosa dades de sucesso do sector industrial
pouco diferenciados e facilmente gestão macroeconómica e procurar moçambicano, assim como do seu
substituíveis, que exportam produtos fazer investimentos estratégicos plano de industrialização, é impor-
processados com base em matérias para melhorar a produtividade e o tante atenuar o impacto da “doença
primas importadas, ou que exportam ambiente de negócios. Caso contrário, holandesa” e melhorar o ambiente
produtos bastante padronizados para Moçambique pode acabar por ficar de negócios em geral, prestando
o exterior, a perspectiva de um boom apenas com algumas empresas in- atenção à competitividade do salário
de recursos naturais traduzir-se-ía dustriais no sector não-extractivo, em mínimo, aos estrangulamentos e in-
num péssimo cenário. Os produtos vez de concretizar o plano expresso eficiências de infraestruturas, e ainda,
substitutos importados facilmente na ENDE para uma completa indus- fazer investimentos estratégicos para
exterminarão os bens produzidos trialização. melhorar a produtividade em secto-
localmente. As empresas de capital intensivo, res tradicionais da economia.
As empresas que baseiam a sua pro- que criam poucos postos de trabalho Se essas medidas não forem tomadas
dução no trabalho intensivo ou na e que importam matéria prima do antecipadamente, e sob um cenário
produção de produtos de valor acres- estrangeiro, são as que têm perspec- de “doença holandesa”, as conse-
centado e bens padronizados, verão tivas mais favoráveis num cenário de quências a longo prazo para a trans-
os seus produtos ficarem mais caros possível “doença holandesa”. formação estrutural da economia
quando comparados com dólares O tipo de empresa mais importante serão, extremamente pessimistas. Os
norte-americanos, em virtude da num processo de industrialização, é benefícios a longo prazo do proces-
subida do metical. Essas empresas aquela que se baseia em trabalho so de industrialização e, portanto, a
já estão sob pressão. São raros os intensivo, adquire matérias primas transformação estrutural, só podem
exemplos de indústria de trabalho localmente e que exporta uma boa ser realizados se, quem detem o
intensivo e orientada para a expor- parte dos seus produtos. No entanto, poder para tomar decisões, gastar de
tação em Moçambique. este é o tipo de empresas que actual- forma sábia os lucros obtidos com os
Em resumo, a “doença holandesa” mente enfrentam dificuldades signif- recursos naturais nos próximos anos,
tornará as coisas ainda mais difíceis icativas e que estão mais propensas afim de estimular a economia para
para a maioria das empresas no sec- a sofrer um cenário de “doença que funcione de forma mais eficiente
tor industrial em Moçambique. holandesa”. e produtiva para as gerações vin-
Essa possibilidade vai, muito douras.

FEVEREIRO 2015 39
COMENTÁRIO

A competividade das PME


no Quadro da SADC
Eleutério Mabjaia, director de Serviço do IPEME

O interesse em perceber a dimen- de muitos dos Protocolos da SADC dem ser competitivas?
são endógena e exógena que pode (Southern Africa Development Com-
influenciar as Pequenas e Médias munity). Os factores ou elementos da compe-
Empresas (PME) nacionais ou mo- É a competitividade que determina titividade apontam para necessida-
çambicanas, não está no facto de a colocação dos bens e serviços nos de da PME:
actualmente elas serem um chavão mercados interno e externo nos o Ser formal e estar estrutu-
corrente, mas seguramente por se- negócios desenvolvidos pelas PME. rada.
rem aquelas que são objectivamente O alcance da competitividade em- o Possuir organização conta-
responsáveis pela geração de renda, presarial das PME nacionais requer bilística/processo adequa-
geração de emprego, diversificação, maior racionalização de recursos dos de gestão.
estímulo à inovação e à criatividade, disponíveis de tal modo que a uti- o Buscar e dominar a infor-
mobilização de recursos sociais e lização dos factores de produção mação.
económicos, e serem cruciais para a resulte em ganhos adicionais para a o Capacitar regularmente a
competitividade do país. empresa e em preços relativos mais sua mão-de-obra e especia-
E a questão é mesmo perceber, o baixos comparativamente às compe- lizar a sua actividade.
que implica a competitividade da tidoras no mercado regional. o Ter uma estrutura de ne-
PME moçambicana, se considerar- Mas será que as PME nacionais e gócio independente do seu
mos que somos um país inserido moçambicanas compreendem a sua proprietário.
e localizado na região austral de competitividade, será que sabem se o Ter e implementar planos
África e membro activo e subscritor são competitivas na SADC e se po- de reinvestimentos.

  40 PME MOÇAMBICANA
o Identificar e estabelecer quadro de incentivos PME As acções de promoção e assistên-
parcerias/evitar a ausência à exportação e produção cia as PME’s que o Instituto para a
de espírito de cooperação nacional de produtos nacio- Promoção das Micro, Pequenas e
empresarial. nais (aquisição bonificada Médias Empresas (IPEME), pode e
o Buscar inovar ou empreen- de certificação de qualida- deve continuar a desempenhar, deve
der para superar a concor- de, outros) – programa de estar orientado também para:
rência/iniciativa de promo- internacionalização PME; o PME do sector de exporta-
ver melhorias. o Necessidade de estabe- ção
o Encarar os desafios como lecimento obrigatório de o Identificação de PME com
oportunidade (visão estra- regime de compras públi- potencial de exportação.
tégica). cas de produtos nacionais o Desenvolvimento e estrutu-
o Evoluir e continuamente num mínimo percentual e ra empresarial.
implementar gestão quali- destinar exclusivamente a o Disponibilizar e opera-
tativa. contratação pública as PME cionalizar plataformas e
o Saber explorar competiti- em certas modalidades. serviços de apoio ao de-
vamente especificidades da o Necessidade de estabele- senvolvimento de negócios
sua estrutura empresarial/ cimento de esquemas de e investimento que pro-
desenvolvimento estrutural. incentivos através de sub- movem e facilitam o em-
o Controlar e minimizar per- sídios à produção nacional preendedorismo, inovação,
das na estrutura de custos. (por exemplo, a operacio- criatividade bem como o
o Proceder à aquisição e uso nalização do Mecanismo fortalecimento de capacida-
de tecnologias. de Subsídio Empresarial na des competitivas das PME
o Criar, manter actuar o perfil fase II). nacionais que já operam no
e lista de clientes, concor- o Necessidade de se adoptar mercado.
rentes e do mercado. em sede de investimentos o Facilitação na certificação
regimes de benefícios fis- de qualidade.
As PME nacionais e hoje cada vez cais diferenciados quando o Operacionalização do pro-
mais, as PME moçambicanas, en- se trate de pedidos solicita- cesso do estabelecimento
frentam estes desafios de competi- do por PME moçambicanas. de ligações com as compras
tividade. o A obrigatoriedade de trans- públicas e com as grandes
O Mercado da SADC é composto por formação local mínima de empresas.
cerca de 250 milhões de habitantes alguns produtos nacionais o No âmbito de programas
e dominado por um gigante econó- por capital estrangeiro cuja PME, desenvolvimento de
mico, que é a economia sul-africana, cadeia obrigatoriamente cadeias de valor de produ-
o que acentua a preocupação sobre deve envolver. tos com vantagens compa-
a competitividade das PME nacional o Necessidade de ser obri- rativas a nível local.
e moçambicana. gatória a coligação em-
Moçambique tem vantagens compa- presarial num percentual A actuação do IPEME em prol do
rativas em áreas como a agricultura, mínimo entre uma empresa desenvolvimento da competitivida-
e agro-indústria, turismo, pescas e estrangeira e uma PME mo- de das PME é feita visando remover
outras, produtos com qualidade in- çambicana. os constrangimentos à competitivi-
questionável, o que coloca as PME o Necessidade de esquemas dade empresarial tanto endógenos
numa posição favorável na medida de financiamento público como os exógenos a actuação das
em que pode servir de instrumento e privado orientado para a empresas.
para parcerias estratégicas. competitividade das PME’s. Apesar da provável entrada em
Entretanto, existem factores exó- o Necessidade de adopção de vigor do regime de mercado adua-
genos à competitividade que, se contratação e subcontrata- neiro e comum a nível da SADC, as
eliminados ou minimizados, podem ção obrigatória mínima a PME nacionais e moçambicanas têm
fortalecer a capacidade competitiva uma PME quando se trate fortes possibilidades de concorrer
das PME: de grande empresa. competitivamente no âmbito da
o Necessidade de adoptar um SADC.

FEVEREIRO 2015 41
100 melhores PME Moçambique
3ª EDIÇÃO

Esta ambição demonstrada pelas Pequenas e Médias


Empresas (PME) já exige, e com urgência, alguma cele- 100 MELHORES PME
ridade na melhoria do ambiente de negócios. Mas a ve- “Mas a velocidade ideal é a demonstrada pelos organi-
locidade ideal é a demonstrada pelos organizadores do zadores do concurso, cuja grande ambição é impulsio-
concurso, cuja grande ambição é impulsionar o tecido nar o tecido empresarial ao alcance da qualidade de
empresarial ao alcance da qualidade de excelência. excelência.”
Assim, o Ministério da Indústria e Comércio, o IPEME,
o grupo Soico; o BCI; a Organização Holandesa de De-
senvolvimento (SNV); a Primavera e a OCAM (Ordem dos
Contabilistas e Auditores de Moçambique) orgulham-se
pelo recorde alcançado de 343 PME inscritas na edição
2014. É uma participação recorde, visto que na edição
anterior foram 202 as empresas concorrentes. Na pri-
meira edição, em 2012, apenas 120 empresas se inscre-
veram na iniciativa.
Apesar dos referidos avanços não se nota nenhum am-
do evento, as ligações empresariais constituem o caminho
biente de celebrações. Certamente a ambição vai muito
certo para a inclusão, inovação e excelência. Parece que a
mais do que o alcance de meros números. Aliás, estes
ideia foi acolhida com determinação pelo empresariado a
números conseguidos são apenas simples indicadores
julgar pelo conceito de negócio que caracteriza algumas
relativos ao rumo que se trilha em direcção a uma con-
das PME participantes do concurso.
quista ainda mais gigantesca: Obter PME geradoras de
valor tanto para a economia como para a sociedade.
Como é que se manifesta o referido valor para a so-
ciedade? Simples: A redistribuição de renda através da
geração de postos de trabalho é um activo gradualmen-
te ganho. Aliás, a proximidade entre os organizadores
e as próprias PME comprovou, mais uma vez, que estas
são as maiores empregadoras. Com efeito, as PME gera-
ram mais de 240 mil postos de trabalho em 2014, con-
tra apenas 60 mil empregos promovidos pelas grandes
empresas.
O lema da terceira edição do concurso, “Ligações empre-
sariais” assenta num dos principais objectivos da inicia-
tiva. Segundo Dailton Fonseca, da comissão executiva

 42 PME MOÇAMBICANA


A competitividade que gera valor
O prémio 100 melhores PME Moçambique, na sua 3ª edição, demonstrou o quanto o tecido empresarial
nacional está ávido pela inovação e inclusão.

A Visão comum do BCI e o programa 100 Melhores PME


O BCI tem vindo a renovar, anualmente, o compromisso com o
programa 100 melhores PME. Para o efeito, conta muito o
conceito em comum entre as duas entidades: A visão de
que o distrito é um potencial mercado, a ser alavan-
cado para se colher, posteriormente, os negó-
cios resultantes. Por essa razão a instituição
Levas Flor bancária voltou a ser o alto-patrocinador Lake View Resort
Uma parceria lucrativa com a comuni- do programa com total exclusividade. A A dinâmica que brotou em
dade estratégia do BCI passa por reforçar o Chidenguele
seu posicionamento como o Ban- O Lake View Resort, uma estân-
O conceito de negócio ganha maior impac-
co de todos os moçambicanos cia turística no distrito de Chi-
to quando envolve as comunidades locais na e em particular das PME. O
sua cadeia de valor. Assim, a empresa Levas Flor denguele, na província de Gaza, é a
BCI abraça o Projecto
vencedora da principal categoria das
mereceu destaque no concurso ‘100 melhores ‘100 Melhores PME’
desde a primeira 100 PME 2014. Trata-se do Prémio BCI-
PME’, não só por envolver as populações de baixa
edição, em Melhor PME do Ano, equivalente a um
renda na cadeia de valores mas também por desen- valor monetário de um milhão de meticais.
2012.
volver actividades que contribuem para a melhoria de
O carácter arrojado da empresa, que vê de-
vida das comunidades e dos trabalhadores. safios ao invés de dificuldades, permitiu trazer
A empresa possui 90% de capital sueco da Västerås Diocese dinâmica a um dos distritos recônditos do País:
e 10% de capital moçambicano, através da diocese Lebombo. Chienguele. O Lake View Resort possui 100 quartos
A empresa possui uma concessão florestal numa área de 46.000 e pode igualmente acolher conferências para cerca
hectares e uma serração em Condur, localizada a 160 km da Bei- de 400 pessoas. A sua ligação à comunidade é feita
ra. A Levas Flor é a única empresa em Moçambique acreditada através do investimento em infraestruturas de edu-
pela Forest Stewardship Council e proporciona emprego, educa- cação, cujos formandos são sempre os potenciais co-
ção e cuidados de saúde a mais de 150 pessoas. laboradores do organismo.

FEVEREIRO 2015 43
Dar água a
CASO DE ESTUDO

quem não a tem


Com as atenções voltadas para o meio rural moçambicano, a Collins
Sistemas de Água iniciou a sua actividade em 2010 para providen-
ciar soluções de abastecimento e gestão de abastecimento de água,
saneamento e drenagem. A Collins foi distinguida em 2014 como PME
Inovação. Pedro Cardoso gere os destinos desta empresa e fala sobre
como a mesma se posiociona no Mercado.

A Collins Sistemas de Água iniciou desenvolve soluções de


abastecimento e gestão de abastecimento de água, saneamento e
drenagem. Como foi que surgiu a ideia de abrir um negócio nessa área?
Tendo estado exposto à problemática existente no nosso país da
insuficiente infraestrutura do abastecimento de água nas zonas rurais
e dos serviços de gestão adequada, percebemos uma oportunidade de
emprestar o nosso saber para a melhoria do serviço de água e para o
aproveitamento das facilidades existentes, no sentido de contribuir de
forma salutar para o desenvolvimento do serviço de abastecimento de
água e redução dos custos de tratamento de água.
O saber existente em Moçambique na área da Hidráulica, na nossa
forma de ver, é bastante implementado em serviços de Consultoria.
Com a nossa iniciativa, pretendemos contribuir para a implementação
ou execução física de soluções que complementam o trabalho já
existente.
 
O binómio de baixo custo e zonas de difícil acesso parece ser o segredo
do vosso negócio. Em que zonas intervêm e através de que parceiros
ou projectos? 
É de facto parte da nossa estratégia e isso requer o domínio das
soluções que propomos. O nosso foco são as zonas rurais deste vasto
Moçambique. Decidimos que queremos ser um parceiro destacado do
Governo no sector das Águas. O nosso foco são os projectos lançados
pela Direcção Nacional de Águas, a Administração de Infraestruturas
de Água e Saneamento (AIAS), as Administrações Regionais de Águas
(ARAS) e Organizações Não-Governamentais e implementados
pelos diversos empreiteiros nacionais e estrangeiros, onde as nossas
soluções são vistas como uma contribuição para uma fácil operação e
manutenção.
 
Existem uma série de organizações não governamentais a operar
na área de Água, Higiene e Saneamento em Moçambique (casos da
SNV, Water Aid e outras). De que modo a Collins se relaciona com a
realidade das mesmas?:
A COLLINS, Lda no sector das águas é um parceiro multifacetado.
Temos estado em contacto com algumas das organizações
mencionadas e o nosso interesse é o de estabelecer parcerias que

  44 PME MOÇAMBICANA
sejam produtivas e sirvam de contributo para os planos dessas mesmas organizações.
Portanto, pensamos que a COLLINS pode complementar o prestigiado trabalho que essas
ONG desenvolvem. A COLLINS, Lda actua no negócio da água, um negócio de um bem
essencial à vida humana, por isso o seu envolvimento com Organizações que actuam na
área da água é indiscutível. Veja que a água é essencial para a nutrição, saúde, saneamento
e agricultura, por isso onde onde houver necessidade de soluções de água estamos certos
que podemos apoiar.
 
A instalação de novas soluções de abastecimento de água decorre muitas vezes da
contratação de trabalhadores sazonais. Esse processo de contratação acaba por desenvolver
competências locais e propiciar o desenvolvimento da manutenção das infraestruturas de
água?
Sem dúvida. A água é imprescindível para a vida humana. A COLLINS implementa soluções,
providencia treinamento e acompanhamento nos casos em que este é necessário. Parte
considerável dos recursos humanos, usados na gestão dos sistema é local. Isso obriga
uma componente de treinamento forte e uma monitoria permanente das actividades
desenvolvidas. Depois de algum tempo acaba-se criando alguma competência local que

continua a operar e a manter a infraestrutura de forma aceitável. A nossa curta experiência


mostra que com treinamento devido e acompanhamento apropriado, consegue-se criar
capacidade local que pode continuar a desempenhar as acções de operação e gestão das
infraestrutras.
 
Que tipo de equipamentos a Collins produz?
A COLLINS é uma empresa nacional que oferece soluções de água limpa, faz gestão de
sistemas, saneamento e tratamento de água de alta qualidade a preço acessível, rápida
instalação e de fácil operação e manutenção. Em termos de equipamentos, fornecemos
filtros de areia a pressão, filtros de carvão activado para o tratamento de água, doseadores
de químicos diversos e geomembranas de impermeabilização de várias espessuras.
Fazemos soldaduras de plásticos e impermeabilização de grandes áreas.
 
A Collins possui como principais objectivos a expansão para novas localidades e a
diversificação para outros ramos de actividade. Por quê e de que modo tal irá acontecer? 
A expansão é incontornável porque pensamos que existem ainda variadíssimos locais
por melhorar o abastecimento de água. Queremos estar nesse processo porque essa é a
nossa razão de ser: providenciar soluções para forneccimento de água. Todo o crescimento
deve ser planificado e apropriado. Acompanhamos os planos do Governo para a expansão
dos sistemas de abastecimento de água e participamos com o nosso saber e experiência.
Pensamos que assim conseguiremos andar ao passo certo para o cumprimento desse
objectivo.

FEVEREIRO 2015 45
Simulação
empresarial
virtual em 7
universidades
Sérgio Mabombo (texto)

Mais de sete universidades moçambicanas já


utilizam o SPEE (Sistema de Práticas empresá-
rias e Empreendedorismo), impulsionados pela
massificação das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC). O mecanismo é desenvol-
vido pela ITIS (Instituto de Tecnologia Inova-
ção e Serviços), uma empresa moçambicana
de consultoria e desenvolvimento de sistemas
de informação e investigação de Engenharia
de Softwares. Assim, através do SPEE, os estu-
dantes da UEM (Chibuto); do instituto Superior
Apolitécnica; ISCIM; USTM, entre outras uni-
versidades, já podem abrir e gerir empresas
virtuais num mercado simulado.
A ITIS, formada por colaboradores de diversas
áreas, surge em resposta à necessidade de
conciliar a actual dinâmica do mercado com o
sistema de ensino em vigor. Apesar do desafio
gigantesco, a ITIS já celebra alguns ganhos: «O
maior trunfo foi ter concebido um sistema flexí-
vel e próximo da realidade económica empresa-
rial de Moçambique», segundo descreve Gércia
Sequeira, da ITIS.
O SPEE acompanha igualmente as inevitáveis
mudanças no ambiente empresarial, princi-
palmente os relacionados com a alteração da
legislação fiscal, a actualização do plano de
contas, entre outras.

  46 PME MOÇAMBICANA
ITIS é vencedora do prémio Inovação
O Instituto de Tecnologias, Inovação e Serviços (ITIS) é a vencedora do Prémio PME Ino-
vação da iniciativa “200 Melhores PME”, na edição de 2014.
O prémio permitiu que a empresa encaixasse cerca de 280 mil meticais. Para a referida
distinção contribuiu bastante o facto de a ITIS ser um organismo orientado para a ino-
vação. Com efeito, a empresa aposta na criação de Tecnologias de Informação e Comu-
nicação (TIC) e tem contribuído para que mais pessoas sejam abrangidas pelas soluções
tecnológicas.
No mesmo concurso foi igualmente distinguido o Lake View Resort na principal categoria
do concurso, o Prémio BCI-Melhor PME do Ano. A empresa arrecadou pelo prémio, um
valor monetário de um milhão de meticais.
Para a categoria de PME Inclusiva, equivalente a um prémio monetário de 300 mil meti-
cais, foi para os cofres da empresa Levas Flor, sediada em Cheringoma. O conceito empre-
sarial da Levas Flor baseado no envolvimento das populações de baixa renda contribuiu
significativamente para a distinção.

OCAM pede contabilidade organizada às PME


A maioria das PME moçambicanas ainda não assume a contabilidade como instrumento
de Gestão, segundo Mário Sitoe, bastonário da Ordem dos Contabilistas de Moçambi-
que (OCAM). O facto é visto como um dos maiores desafios para as PME, uma vez que a
informação contabilística é o principal instrumento que permite a tomada de decisões
acertadas no mercado.
A fraca orientação das PME para a contabilidade foi verificada durante o concurso 100
melhores PME 2014 bem como nas anteriores edições. A iniciativa permitiu detectar
cerca de 85% das PME participantes que não apresentavam indicadores-chave de avalia-
ção, baseados sobretudo em critérios objectivamente selecionados. Perante o desafio, a
OCAM, entidade responsável pela selecção dos vencedores, foi forçada a recorrer a outros
mecanismos de avaliação.
Para a edição 2015, das 100 Melhores PME, Sitoe recomenda que as PME procurem sem-
pre documentar os processos de gestão. Estes compreendem todos os documentos con-
tabilísticos, fiscais, estratégias de gestão entre outros. O líder da OCAM sugere igualmen-
te que as três anteriores edições possam ser vistos como um ponto de partida, visando
preparar melhor os elementos indicadores para a avaliação.

CASO DE ESTUDO FEVEREIRO 2015 47


CONTEXTO

Constrangimentos vs. oportunidades


As PME analisadas, no âmbito do Estudo realizado pelo IPEME e o programa Speed da USAID, reconhe-
cem a importância global do contexto Macroeconómico na sua actividade, identificando um conjunto
de constrangimentos e eventuais oportunidades de melhoria.
Ambiente político e legal aspectos negativos na interacção com o Estado. O princi-
pal aspecto apontado é a corrupção, seguido pela buro-
cracia e, por último, o elevado tempo de resposta.
Uma parte das empresas (31%) afirma existirem disposi-
ções legais que causam constrangimentos à actividade,
tendo sido a legislação laboral, a carga tributária e a
tributação do IVA as mais mencionadas.
As empresas ou organizações sentem que a legislação
laboral concede uma protecção exagerada ao trabalha-
dor, que é aproveitada por estes para levar a cabo acções
e tomar atitudes que prejudicam o resultado da empresa
no fim do período. Por outro lado, os empresários afir-
mam que esta legislação dificulta a contratação sazonal,
um factor crítico para certas empresas. Ao que tudo in-
dica, a dificuldade de contratação sazonal traduz-se em
custos com o pessoal muito elevados, que por sua vez,
acabam por aumentar a proporção dos custos no volume
de negócios.
Em relação à carga tributária, as empresas consideram
que os impostos são elevados e não são adequados às
jovens empresas e empresas em crescimento. Adicio-
A influência da política e do desempenho do Estado nas
nalmente, o diferencial entre o ISPC (3% do volume de
actividades da empresa, bem como as disposições legais,
negócios, se este for igual ou inferior a 2.5 milhões de
são aspectos que criam de algum modo um impacto ne-
meticais) e o IRPC (34% do volume de negócios, se este
gativo nas iniciativas das empresas de um modo geral.
for superior a 2.5 milhões de meticais) preocupa os em-
A instabilidade política sentida no último ano - conflitos
presários. Gestores que pretendem crescer e aumentar
político-militares e conflitos resultantes da campanha
o volume dos seus negócios mas que, ao mesmo tempo,
eleitoral -, tiveram impactos negativos em 50% das em-
temem que o imposto a aplicar possa agir como uma
presas entrevistadas, nomeadamente na redução no volu-
barreira ao crescimento. Como sugestão fica a ideia de
me de negócios, destruição de carga transportada, retrac-
se criar – em alternativa – um imposto intermédio
ção de investidores e distribuição limitada de produtos
devido à redução dos transportadores dispostos a fazer o
Aspectos negativos da Interacção com o Estado
percurso norte-sul e vice-versa.
A ideia que sobressai é que o desempenho do Estado tem Não sente
10 50%
um impacto significativo nas actividades das empresas,
por um lado, com consequências negativas ao nível dos 19 Corrupção
processos – a morosidade e complexidade dos processos 21%
condicionam o fluxo e rapidez de resolução de constran-
gimentos – e por outro, ao nível dos custos em resultado 50 Burocracia
dos elevados gastos adicionais não esperados.
21 19%
Metade das empresas entrevistadas pelo Estudo “PME em Elevado tempo de resposta
Moçambique – Oportunidades e Desafios” afirma sentir 10%

 48 PME MOÇAMBICANA


como forma de potenciar o crescimento das empresas. chantes) para conduzir o processo. Mesmo assim, surgem
De destacar que a tributação do IVA constitui em si um imprevistos resultantes da complicação desnecessária do
constrangimento pois as empresas dependem do recebi- processo, por parte dos agentes alfandegários, sobretudo
mento de pagamentos dos clientes para poder efectuar o com o objectivo de extorquir montantes monetários às
pagamento do IVA. Em muitos casos, este recebimento é empresas.
alvo de atrasos e as empresas têm dificuldades em efec- Outra preocupação surge em torno do sistema de gestão
tuar o pagamento do IVA dentro do prazo estipulado por implementado nas alfândegas no país, que não apresenta
lei, incorrendo assim a juros sobre o imposto. um nível de funcionamento constante e, por vezes, im-
possibilita o processamento de mercadoria para importa-
ção e exportação.
Ambiente económico e de negócios
Por outro lado, o número de documentos necessários
O Estudo do IPEME/USAID chega à conclusão de que as
para importar e exportar (9 e 7 respectivamente, contra
condições de acesso ao comércio externo e ao forneci-
4 na OECD), os dias necessários (25 e 21 contra 9.6 e
mento de serviços públicos essenciais têm um elevado
10.1 da OECD, respectivamente) e o custo por contentor
impacto no nível do desempenho das empresas. Mais de
(48.000 meticais e 31.000 meticais) dificultam este pro-
50% das empresas entrevistadas classificou o nível de
cesso (Doing Business Report, 2015).
concorrência no mercado onde operam como sendo de
Estes factores traduzem-se na redução do volume de
moderado a muito forte.
negócios, no aumento de custos, na danificação da repu-
Por existir um número elevado de concorrentes a operar
tação da empresa perante clientes (devido a atrasos no
no mesmo espaço, as empresas acabam por se esforçar
envio ou no processo de desalfandegar a mercadoria)
no sentido de criar factores de diferenciação, sobretudo
e no impedimento à internacionalização das empresas
através da qualidade dos produtos ou serviços oferecidos,
nacionais.
pela diversificação da oferta e qualidade de atendimento
ao cliente.
Ao mesmo tempo, 39% das empresas da amostra de- “39% das empresas da amostra tem negócios
senvolve negócios com o exterior (importa, exporta ou com o exterior e sente que a burocracia, a moro-
importa e exporta) e nesta actividade sente que a buro- sidade dos processos e as elevadas taxas alfan-
cracia, a corrupção, as taxas alfandegárias e as exigências degárias constituem as principais dificuldades no
para a exportação constituem barreiras ao comércio comércio com o Exterior”
externo.
De acordo com os responsáveis das empresas entre-
vistadas no âmbito do Estudo do IPEME, a dificuldade
é sentida assim que surge a necessidade de importar Ambiente sócio-cultural
ou exportar. Os processos não são claros e é necessário O meio sócio-cultural local das empresas provoca impacto
contratar pessoal com experiência no ramo (como despa- em grande medida o desempenho das mesmas, afectando
o modo de funcionamento de mais de metade das empre-
sas na amostra. O nível de habilitações da mão-de-obra,
os costumes locais, os diferentes hábitos de trabalho (ou a
falta de hábitos de trabalho), o estilo de comunicação e a
língua são os aspectos socioculturais mais sentidos pelas
empresas. Os aspectos sócio-culturais mencionados têm
impactos directos no volume de negócios da empresa (em
36% das empresas), no absentismo de trabalhadores (em
36% das empresas), na capacidade de recrutar (em 18% das
empresas) e na qualidade do atendimento ao cliente (em
10% das empresas).
Por outro lado, o volume de negócios é afectado positiva e
negativamente pelos aspectos socioculturais. Em primeiro
lugar, a barreira linguística e de comunicação dificulta a
comunicação eficiente com os clientes locais - seja na iden-
tificação de necessidades e preferências ou em campanhas
publicitárias - e na comunicação interna na empresa.

FEVEREIRO 2015 49
A cultura e os hábitos influenciam a captação de clien-
tes, especialmente nas áreas da educação - em que a
população não reconhece a sua importância, e na de mi-
cro-finanças e seguros, onde a população desconhece e
desvaloriza estes serviços.
Outro factor evidenciado foi a elevada dependência na
tomada de decisões por parte da população do sexo
feminino. Empresas cujo público-alvo são as mulheres
deparam-se com constrangimentos resultantes da neces-
sidade de aprovação dos maridos das clientes para que
estas possam procurar serviços da empresa.
A falta de hábitos de trabalho afecta a assiduidade dos
trabalhadores. Diversas empresas afirmam que as faltas
de trabalhadores são frequentes, por vezes durante dias
consecutivos, e há atrasos significativos na hora de entra-
da. De igual modo, é notado o fraco sentido de responsa-
bilidade dos trabalhadores, pelo abandono dos postos de
trabalho sem aviso prévio e sem retorno do equipamento Ambiente tecnológico
de trabalho fornecido pela empresa. Embora as PME considerem que se encontra, com relativa
facilidade, sistemas informáticos de apoio à gestão no
mercado local, 31% ainda não adopta nenhum sistema
Dificuldades no recrutamento de pessoal deste tipo. Ainda assim, evidenciou-se que 35% das em-
Algumas empresas sentem muitas dificuldades no re- presas já usam e 15% revela interesse em vir a adoptar
crutamento de pessoal devido ao nível de habilitações um no futuro.
da mão-de-obra local. Estas dificuldades resultam da Das empresas entrevistadas, 23% requer grandes investi-
fraca qualificação média ou técnica da população. Nas mentos em tecnologia, sendo a maior parte desses inves-
zonas mais rurais esta situação agrava-se pelo facto das timentos em equipamentos de produção ou informático
pessoas não saberem ler e escrever. Para colmatar este – tendencialmente no sector da agricultura, construção,
problema, as empresas tendem a optar pela contratação indústria ou empresas que comercializam estes equipa-
de pessoal, preferencialmente recém-formado (ensino mentos. A principal lacuna sentida é a dificuldade em
médio/técnico) e capacitá-los internamente - embora os comprar este tipo de equipamentos no mercado local,
custos associados a esta prática sejam muito elevados. classificando a facilidade de compra no mercado nacio-
Ainda no que diz respeito aos recursos humanos, e de- nal como sendo médio a inexistente. Assim, estas têm a
vido aos diferentes estilos de comunicação dos traba- necessidade de importar este tipo de bens, o que repre-
lhadores, as empresas sentem alguma dificuldade em senta custos adicionais elevados.
manter um nível de atendimento ao cliente constante.
Assim, estas têm necessidade de desenvolver formações
específicas para colmatar essa lacuna. Sugestões apresentadas
Tendo em vista a melhoria deste entrave, as empresas
sugeriram algumas iniciativas a serem tomadas, como
Impacto dos aspectos sócio-culturais por exemplo:
Promoção de pontos de venda de equipamentos
Volume de negócios da empresa em zonas tipicamente agrícolas/industriais, de
10 36% forma a evitar pausas na produção devido a via-
gens à capital do país sempre que seja necessá-
Absentismo de trabalhadores
18 36 ria uma troca de peças;
36% Isenções/benefícios para importação de tecno-
Capacidade de recrutar logias avançadas que permitem um desenvolvi-
18% mento do país;
Apoios ao investimento em equipamento de pro-
Qualidade do atendimento ao cliente
36 dução e em tecnologias de produção.
10%

 50 PME MOÇAMBICANA


Infraestruturas
públicas em exame
Energia eléctrica As empresas acarretam custos elevados de implementação
de soluções para o problema, como a instalação de tanques
No seio do ambiente económico e de negócios surgem
de água, bombas eléctricas e contratos de abastecimento
igualmente as infraestruturas públicas ou os serviços pú-
de água de particulares. Em algumas empresas, as que têm
blicos (energia eléctrica, abastecimento de água potável e
limitações financeiras mais graves, a água comprada a par-
segurança pública) bem como as infraestruturas de trans-
ticulares destina-se somente a necessidades específicas, o
porte (rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo).
que se traduz numa deterioração das condições de higiene e
A este nível, o serviço de energia eléctrica foi classificado
limpeza das empresas.
como sendo mediano a muito fraco. A dificuldade é superior
nas zonas rurais onde não há energia eléctrica. E, nesse
caso, a empresa acarreta os custos completos de instalação Segurança pública
de poste e de corrente, quando inicia a actividade. Perante Em geral, a segurança pública foi o serviço público que
tal dificuldade, as empresas defendem que o custo inicial obteve melhor classificação. Muitas empresas classificaram
deve ser absorvido pelo Estado, e não por uma empesa. este serviço como sendo “bom” e não identificaram factores
O serviço de energia eléctrica caracteriza-se pela oscilação negativos resultantes do mesmo.
de corrente frequente e por cortes de média duração (2 a 4 Ainda assim, certas regiões do país são caracterizadas pelos
horas), sendo que nas zonas mais afectadas estas anomalias níveis elevados de criminalidade. Nestes casos, as empresas
ocorrem com mais frequência. têm custos acrescidos, devido à vandalização de estabeleci-
Segundo os reportes, estes factores impactam directamente mento e propriedade, roubos de mercadoria e necessidade
no volume de negócios, no nível de produção das empresas, de contratação de segurança privada para colmatar o pro-
no tempo de vida dos equipamentos e nos custos de manu- blema.
tenção e reparação de equipamentos danificados pelo
serviço inconstante verificado.

Abastecimento de água potável


Outro serviço público que teve baixa classifi-
cação por parte das empresas foi o abaste-
cimento de água potável. Ainda há sérias
dificuldades no acesso à água no país,
especialmente na zona norte. Em
algumas zonas é possível ter água
a sair nas torneiras durante uma
parte do dia (normalmente no
período da manhã), noutras
este serviço é ocasional e
em algumas o serviço é
inexistente.

FEVEREIRO 2015 51
CONTEXTO

Infraestruturas rodoviárias
Há um sentimento generalizado das empresas que as infraestru-
turas de transporte apresentam necessidades de melhoria, em
especial, para o meio de transporte rodoviário. Mais de metade
das empresas utiliza a via rodoviária como principal meio de
transporte de mercadoria e produtos e, destas, 78% considera que
as infraestruturas rodoviárias são fracas a medianas.
Não existe uma boa ligação, em termos de infraestruturas rodo-
viárias, entre o norte e o sul do país. As estradas existentes apre-

  52 PME MOÇAMBICANA
sentam condições desfavoráveis ao transporte de mer- entrevistadas. Os principais motivos alegados para a não
cadoria, tais como estradas esburacadas, estreitas ou não utilização da mesma prendem-se com o nível de serviço
alcatroadas. Um cenário que dificulta o acesso a algumas limitado e pouco frequente, a ocupação total de vagões
empresas, especialmente em épocas chuvosas, afectando nacionais por parte de grandes empresas e o mau trata-
ao mesmo tempo a assiduidade dos trabalhadores. mento da carga. Já a via aérea não é utilizada por nenhu-
Estas características traduzem-se em custos elevados de ma das empresas das amostras por representar custos de
transporte, custos de manutenção de viaturas, maior tem- transporte elevados.
po de transporte de mercadoria e danificação de merca-
doria frágil.

Infraestruturas marítimas
A via marítima é a mais usada para o transporte de mer-
cadoria para o estrangeiro. As empresas consideram que
esta é a que apresenta melhores infraestruturas no país
(67% das empresas classificou as infraestruturas maríti-
mas como sendo “boas” a “muito boas”). Esta classificação
resulta da existência de portos com condições satisfató-
rias, equipamento adequado e modo de funcionamento
interno minimamente organizado.

Infraestruturas ferroviárias e aéreas


A via ferroviária é utilizada por apenas 12% das empresas

FEVEREIRO 2015 53
FORMAÇÃO

Direcção da Assistência Financeira, Organização e Marketing


Departamento de Assistência Financeira

Serviços de Assistência PME


Nº Linhas de Financiamentos Capacitações Beneficiários
01 FinAgro 144 29
02 Projovem 560 560
03 Mese 560 437
04 BCI PME - -

PARCERIA

Realizações da Anadarko Moçambique Área 1


no âmbito da Participação Nacional em 2014
Em Setembro de 2014, a Anadarko Moçambique Área 1 Acções desenvolvidas durante 2014:
(AMA1) e o IPEME assinaram um Memorando de Entendi- ► Due Diligence realizada em 295 empresas com po-
mento, o qual não só rege as relações entre as duas institui- tencial para fornecer bens e serviços à AMA1;
ções, como também define as áreas de cooperação entre as ► Mais de mil empresas registadas na base de dados.
partes, deveres e objectivos das partes. Esta base de dados jogará um papel muito importante
Ao longo do mesmo mês, a AMA1 submeteu ao Instituto na selecção de possíveis beneficiários de treinamento
Nacional do Petróleo (INP) a sua Estratégia de Participação sobre diversas áreas-chave para a prestação de serviços
Nacional (Conteúdo Nacional). Esta Estratégia baseia-se nos e fornecimento de bens à AMA1;
Valores e na Visão da AMA1, os quais servem de base para o
► Em colaboração com o IPEME-CorE, foram treinadas
desenvolvimento de negócios em Mocambique.
30 empresas em matérias de Contabilidade, Saúde, Hi-
giene e Segurança no Trabalho;
► Realizados sete eventos de Informação a Empresas
sobre o Projecto de Gás Natural Liquifeito e oportuni-
dades de negócios decorrentes do Projecto em todas as
suas fases.
Ä Locais: Maputo (271), Pemba (48), Beira (221),
Tete (145), Nacala Porto (157), Nampula (193) e Que-
limane (157)
Ä Total de Participantes: 1.192
Estes eventos, muito concorridos, conforme os nú-
meros acima demonstram, foram bastante úteis para
a AMA1, pois através destes foi possível informar a
comunidade empresarial o que está acontecendo,
quais as necessidades do Projecto, o que a AMA1 es-
pera dos Empresários Moçambicanos e como é que
estes poderão acrescentar valor ao Projecto e, acima
de tudo, à Economia moçambicana.

 54 PME MOÇAMBICANO


MAIS VALIA

Financiamento PME”,
uma obra e um guia
Trata-se de um livro escrito por Oldemiro Belchior com os olhos postos na problemática do financiamento das Pequenas e
Médias Empresas moçambicanas. A obra será editada pela Texto Editores, no primeiro trimestre deste ano, e apoiada pelo
Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME). Claire Zimba, director geral do IPEME, tece aqui o seu
comentário sobre um instrumento de trabalho, que poderá nortear as decisões de muitos empresários no futuro.

Oldemiro Belchior

Oldemiro Belchior FINANCIAMENTO


Financiamento PME é um guia prático
no acesso ao financiamento das Educação
Pequenas e Médias Empresas bem Financeira

PME
como uma ferramenta de gestão para o
desenvolvimento da educação financeira. O Consultoria
livro em várias vertentes, nomeadamente, Empresarial
educacional, consultoria empresarial,
formação profissional, pesquisa e
Formação
Um Guia Prático no Acesso ao Crédito

investigação vem proporcionar um forte


contributo aos gestores e empresários Profissional
Moçambicanos para a melhoria das
competências e assim promover o Pesquisa
para o Apoio às Empresas

desenvolvimento do tecido empresarial


& Investigação

“Em suma, o Dr. Oldemiro Belchior deve


ser congratulado pela oportunidade da
“O Dr. Oldemiro Belchior ao se propor a
partilhar na forma de livro, a temática do Um Guia Prático
no Acesso ao
iniciativa de promover um livro com esta Financiamento as PME, facilita e aguça al-
amplitude e pela relevância e aplicabilida- gumas respostas às nossas inquietações
de do manual que agora proporciona aos e introduz-nos para uma dimensão de re-

Crédito para
FINANCIAMENTO PME

gestores Moçambicanos. É sem dúvida levância na competividade desse segmen-


um contributo relevante para melhorar o to de empresas, cuja indiferença é quase

o Apoio às
profissionalismo dos empresários e dos impossível.”
quadros bancários e assim promover o Claire Mateus Zimba
desenvolvimento do tecido empresarial.” Director Geral do IPEME - Instituto para a Promoção das

Empresas
Pequenas e Médias Empresas
José Filipe Rafael
Director-Geral para África - Católica Lisbon School of Business
and Economics - Universidade Católica Portuguesa

Patrocinador Oficial Apoio Institucional

Quase todo Empreendedor e/ou Pequena e Média Em- outras vezes, os procedimentos exigidos, não raras ve-
presa (PME) tem no financiamento bancário ou não, zes, a sua fraca estrutura empresarial ou, até mesmo, a
público ou privado, uma solução para uma necessidade ausência de alternativas aos esquemas normais) o que
por certo, importante para a melhoria da sua competi- também o leva a concluir que obter financimento “não
tividade. Esse mesmo empreendedor e/ou PME vezes é para si! é procurar problemas! não o vai ajudar!não está
sem conta, vê-se confrontado com questões de acesso preparado! Não tem certeza ou desconhece o produto ade-
ao financiamento (algumas vezes, o custo do dinheiro, quado! etc.”

FEVEREIRO 2015 57
Será que faz sentido falar em Moçambique de Financiamento para PME?
Será que os bancos comerciais como um dos pilares do sistema finan-
ceiro moçambicano estão orientados para o financiamento as PME?
Que papel as instituições públicas de apoio ao desenvolvimento
empresarial, nas quais o Instituto para a Promoção das Pequenas e
Médias Empresas (IPEME) é exponencial podem jogar na questão
do acesso e disponibilização de financiamento as PME? Muitas
questões, que a presente Obra, pode ajudar a compreender as
possíveis respostas ou caminhos para respostas.
Não tenho dúvidas, de que financiar ou colocar soluções de
financiamento dedicadas para PME, não é só uma opção de ne-
gócio para as instituições financeiras, ou mesmo uma intervenção
de alcance limitado como o fazem alguns programas, mas é também
seguramente um mecanismo necessário para o desenvolvimento do
país, uma vez que as PME são vitais e estruturantes na economia pelas
diferentes váriáveis de contribuição que a nível social e económico tem
(emprego, renda, inovação/empreendedorismo) maior expressão. O
Estado, seja através de medidas de políticas, seja através da dis-
ponilização ou promoção de produtos específicos para finan-
ciamento as PME, é incontornável.
O Dr. Oldemiro Belchior ao se propor a partilhar na forma
de livro, a temática do Financiamento as PME, facilita e
aguça algumas respostas às nossas inquietações e intro-
duz-nos para uma dimensão de relevância na competivi-
dade desse segmento de empresas, cuja indiferença é
quase impossível.
O autor da Obra “Financiamento PME”, discorre
sobre uma temática em que ele mesmo na
forma de repto se propôs, alcancando-se por
isso na mesma, cariz académico, a vivência
pessoal e profissional e um esforço de
integração dos actores institucionais
importantes no desenvolvimento
empresarial na qual gravita a
questão do financiamento.
Por todos predicados e moti-
vos que seria difícil elencar e
avançar, em nome dos funcioná-
rios do IPEME, considero a obra
“Financiamento PME”, oportuna,
relevante, didática e instrumental na
assistência e auto assistência as PME’s.
Como o IPEME e os demais parceiros, convido
o prezado(a) leitor, a acompanhar cada uma das
partes sistematicamente estrututuras do livro, acre-
ditando que sempre é um contributo que juntamen-
te com o seu, seguramente poderão ajudar a PME na
compreensão e uso eficaz do fenómemo financiamento.

Claire Mateus Zimba


Director Geral do IPEME
Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias
Empresas
Audit | Tax | Incentives | Outsourcing | Consulting
Corporate Finance | Information Systems

DEFINA
PADRÕES
DE EXCELÊNCIA
E LANCE-NOS
O DESAFIO
DE CONSTRUIR
O FUTURO
CONSIGO.

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