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JUST IN TIME
A APLICAÇÃO DE SEU CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E OBJETIVO EM UM ESTUDO DE CASO
EM INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS
Artigo Original
Recebido em: 08/02/2012
Avaliado em: 08/08/2012
Publicado em: 27/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
1. INTRODUÇAO AO CONCEITO
Segundo Corrêa (2009, p. 56) o Just in Time / Justo a tempo (JIT) surgiu no Japão, nos meados
da década de 70, sendo sua idéia básica e seu desenvolvimento creditado à Toyota Motor
Company, a qual buscava um sistema de administração que pudesse coordenar a produção
com a demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos com o mínimo atraso.
Esta filosofia é composta de práticas gerências que podem ser aplicadas em qualquer
parte do mundo. Algumas expressões são geralmente usadas para traduzir aspectos da
filosofia Just in Time tais como:
• Produção em estoque;
• Eliminação do desperdício;
• Manufatura de fluxo contínuo;
• Esforço contínuo na resolução de problemas;
• Melhoria contínua dos processos.
1.1. Objetivo
O sistema JIT tem como objetivo fundamental à melhoria contínua do processo produtivo.
A perseguição destes objetivos dá-se, através de um mecanismo de redução dos estoques, os
quais tendem a camuflar problemas (CORRÊA-2009).
Os estoques têm sido utilizados para evitar descontinuidades do processo produtivo,
diante de problemas de produção que podem ser classificados principalmente em três
grandes grupos segundo Corrêa (2009):
Problemas de qualidade => quando alguns estágios do processo de produção
apresentam problemas de qualidade, gerando refugo de forma incerta, o estoque,
colocado entre estágios e os posteriores, permite que estes últimos possam trabalhar
continuamente, sem sofrer com as interrupções que ocorrem em estágios anteriores.
Problemas de quebra de máquina => quando uma máquina para por problemas
de manutenção, os estágios posteriores do processo que são “alimentados” por esta
máquina teriam que parar, caso não houvesse estoque suficiente para que o fluxo
de produção continuasse, até que a máquina fosse reparada e entrasse em produção
normal novamente.
- Coloca ênfase na redução dos lotes de fabricação através da redução dos tempos
de preparação de equipamentos;
1.2. Metodologia
A ciência utiliza de pesquisa, para dialogar de forma inteligente com a realidade, não se
restringindo a cumular dados empíricos, mensurá-los e aplicar-lhes tratamento sofisticado,
inteligível. Admite-se como pesquisa, também, a pesquisa fundamentada num referencial
teórico preexistente, que discute de forma criativa, as opiniões dos autores consultados
(GRESSLER, 2004, p. 41).
A pesquisa referente a este estudo de caso tem abordagem qualitativa através de
pesquisa documental de fontes secundárias e estudo de caso (pesquisa descritiva), uma vez
que se procura descrever a complexidade de um determinado problema, não se envolvendo
manipulação de variáveis e estudos experimentais segundo Gressler (2004, p. 43).
3. SISTEMAS PUXADOS
A principal característica da filosofia JIT (Corrêa, 2009) é trabalhar com a produção puxada
ao longo do processo, de acordo com a demanda. O material só é solicitado se realmente
existe a necessidade de sua utilização. Percebemos verdadeiramente um combate ao
desperdício, totalmente contrária à produção empurrada, onde se acumulam estoques e
custos para mantê-los. Neste caso, as operações são disparadas pela disponibilidade do
material a processar. Uma vez completada a primeira operação, o lote é enviado para a
operação seguinte, esperando sua vez de encabeçar o lote a ser processado.
4. CARACTERISTICAS DA MANUFATURA
Manufatura Enxuta
Segundo KUNDE (2011) o modo de manufatura enxuta apresenta as seguintes características
gerais:
• Manufatura flexível com menor número de máquinas especializadas;
• Redução de estoques;
• Formação de empregados qualificados e multitarefas, preparados para trabalhar
em equipes;
• Linha de montagem procurando prevenir falhas e evitar reparos finais;
• Relacionamento de cooperação e de longo prazo com fornecedores.
• Redução de perdas, balanceamento do fluxo da produção e diminuição de carga de
trabalho;
• Redução de estoques pela utilização do Kanban;
• Planos de produção baseados em pedidos;
• Redução dos tempos de preparação e dos tamanhos de lote;
• Detecção automática de defeitos e parada automática de máquinas;
• Resposta em tempo real aos problemas de produção (Andon1);
• Inspeção direta feita pelos trabalhadores;
• Limpeza, ordem e disciplina no local de trabalho (5S’s);
• Gerenciamento visual;
• Ferramentas padronizadas de melhoria da Qualidade;
• Atuação dos trabalhadores na manutenção produtiva total (TPM).
As empresas que dominam a produção enxuta apresentam vantagens competitivas,
pois podem ampliar sua variedade de produtos, atingindo melhor os diferentes segmentos
do mercado. Outra possibilidade é uma maior taxa de renovação de produtos, mantendo-os
mais atualizada do que a concorrência.
1 Uma das ferramentas utilizadas pelo Lean Manufacturing como forma de gestão à vista, onde as ocorrências do local de
trabalho são sinalizadas com sinais sonoros ou visuais.
Manufatura Ágil
Para Campos (1998), agilidade é definida nos dicionários como a capacidade de mover-se
rápido, lépido, ligeiro. Agilidade é definida nos dicionários como a capacidade de mover-se
rápido, lépido, ligeiro, é o mesmo que flexibilidade É claro que implica, quando aplicada
à manufatura em adaptabilidade e versatilidade, segundo Campos. Flexibilidade é uma
necessidade para os mercados competitivos, mas, por si mesma a flexibilidade não produz
agilidade.
Para entender a manufatura ágil, Campos (1998) citou que é necessário nos reportamos nos
três pontos chaves do relatório do Instituto Iacocca (1991):
Está emergindo um novo ambiente de competitividade, o qual está agindo como
uma força que direciona mudanças na manufatura.
Para atingir a agilidade que é necessária para responder a essas forças diretrizes e
desenvolver as capacidades necessárias será necessário integrar tecnologias flexíveis,
com uma força de trabalho que seja altamente especializada, instruída, motivada e
habilitada. Isto deve ser feito através de estrutura organizacional e gerencial que
estimule a cooperação dentro e entre firmas (CAMPOS, 1988, P. 02).
A Manufatura Ágil pode ser considerada como uma estrutura com a qual toda empresa
pode desenvolver suas próprias estratégias de negócios e produtos.
A agilidade é atingida através da integração desses três recursos num sistema
coordenado e interdependente. Em termos simples, portanto, a manufatura ágil pode ser
considerada como a integração de organização, pessoas instruídas e altamente habilitadas,
e tecnologias avançadas, para atingir a cooperação, e inovação, em resposta as necessidades
de suprir os clientes com produtos personalizados e de alta qualidade.
5. SISTEMA KANBAM
Para Corrêa (2009) Kanban é o termo japonês que pode significar Cartão. Foi desenvolvido
por Taiichi Ohno, Vice-Presidente da Toyota Motor.
Moura (1989) relata que as idéias de Ohno sobre o Kanban foram inspiradas no
supermercado americano, onde as prateleiras eram reabastecidas quando esvaziadas. Como
o espaço de cada item era limitado, somente se traziam mais itens quando havia necessidade
de produção.
É um sistema de informação que foi desenvolvido para organizar os vários
departamentos de processo interligados dentro de uma fabrica. Tem como finalidade
controlar a produção e a movimentação do material em processo produtivo. Kanban significa
cartão, literalmente, um registro visível ou placa visível, usada como meio de comunicação,
transmissão de dados e informações.
Ainda segundo Moura (1989) Taiichi Ohno observou que o sistema de produção em
massa implantado por Henry Ford usado nos Estados Unidos da América era suficiente
na redução do custo unitário dos produtos remanufaturados durante períodos de alto
crescimento da economia. Mas o sistema estava mal equipado para períodos de baixo
crescimento como o embargo do petróleo árabe nos anos 70.
Taiichi Ohno observou que o sistema de produção em massa cria um desperdício
baseado nos excessos de produção inerentes ao próprio sistema. Sua teoria diz que tudo
o que existir além da quantidade mínima de materiais, peças, equipamentos, operários e
horas de trabalho que é necessário para fazer um terminado produto, é perda, e, portanto,
só aumenta os custos em todo o sistema.
• Capacidade do contenedor, o que indica quantas peças devem ser produzidas para
este contenedor específico.
• Local para estocagem, indicando o local onde as peças devem ser colocadas uma
vez fabricadas.
Os pré-requisitos para a aplicação do Kanban (2011) são:
• Repetitividade da produção.
• Lotes de tamanhos reduzidos, de fato, os menores possíveis.
• Pequenos tempos de preparação de máquinas e troca de ferramentas.
• Fluxos bem definidos de materiais, com disposição funcional das máquinas.
• Contenedores padronizados para cada tipo de peça.
• Produtos com índices de qualidade o mais próximos a cem por cento.
• Mão-de-obra treinada e motivada para trabalhar em equipe para atingir objetivos
e metas do sistema.
• Estabilidade do projeto de produtos, isto é, são toleradas poucas mudanças.
• Manutenção preventiva para evitar paradas não programadas de máquinas.
7. ESTUDO DE CASO
Para uma analise de estudos representativa de uma linha de montagem puxada ao
longo de seu processo e implementada com a Filosofia JIT em empresas do segmento de
autopeças e com o objetivo de demostrarmos a utilidade funcional desta Filosofia em um
processo de montagem pré-definido por um processo de produção robusto e organizado, e
disseminarmos o sucesso e a necessidade desta Filosofia idealizada por Toyota e ainda hoje
por tantos , apresentaremos abaixo um estudo de caso para uma melhor compreensão e
absorção do tema proposto por este artigo.
(I) (II)
FIGURA 1 - Levantador de vidros elétrico Dianteiro (VW – FOX (I)) e Levantador de vidros elétrico traseiro (VW – FOX
(II))
(I) (II)
FIGURA 2 - Levantador de vidros manual Dianteiro (VW – FOX (I)) e Levantador de vidros manual traseiro (VW – FOX
(II)).
7.2. Linha de Montagem dos Acionadores de Vidros Manuais e Elétricos para Automóveis.
as extremidades dos trilhos. Dai a necessidade dos cabos de aço ser dimensionado
dentro da tolerância especificado. Esta ação é que denominará a necessidade de
o montador ter mais ou menos dificuldade de fechar o subconjunto e garantir a
qualidade do produto.
• Banco de Testes: Esta é a etapa final do processo. Onde o produto em um banco
preparado somente para aplicação de uma carga especifica na placa do produto,
testando a capacidade do produto aceitar a carga com uma tolerância de retorno
do acionador de no máximo 02 cm. Os montadores deste posto de trabalho também
são qualificados para verificarem a presença de ruídos aceitos ou não no produto
final montado. Estes montadores são responsáveis pela qualidade e liberação final
do produto, colocando o acionador dentro da caixa de envio ao cliente, registrando
a cartão Kanban e colocando a caixa em posição de espera no local onde a logística
de forma visual saiba que a caixa esta liberada para envio ao cliente.
do conjunto que pelo processo deve ser dimensionado anteriormente. Este fator
é primordial para o desenvolvimento da produção da linha. É um dos fatores que
determina também o grau de dificuldade de fechamento do item.
• Montar Motor: Esta fase do processo consiste em parafusar o motor elétrico de
acionamento no subconjunto o acoplando do tambor. Os motores obedecem
padrões direitos e esquerdos conforme necessidade da linha.
• Banco de Testes: Esta etapa tem os mesmos padrões e requisitos técnicos e
operacionais da linha dos acionadores manuais.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mais importante conclusão pode ser verificada no resultado final que é a certeza de que
esta filosofia ou a sequência de métodos, quando aplicados com segurança, organização,
disciplina e com muito treinamento, o resultado é um diferenciador competitivo que pode
em muitos casos ser o fiel da balança na competitividade no dia a dia.
Neste artigo mostram-se conceitos, comentários, definições, um estudo de caso sobre
como tratar, entender e levar adiante as diversas atividades produtivas de uma empresa
sobre um prisma filosófico e técnico.
Hoje este sistema pode ser aplicado isoladamente ou como híbrido juntamente
com outros sistemas como o MRP (Manufacturing Resource Planning) ou TOC (Theory of
Constraints), sua disseminação é cada dia maior não apenas em empresas maiores como em
pequenas empresas na sua totalidade ou parcialmente.
REFERÊNCIAS
ALVAREZ-BALLESTEROS, Maria Esmeralda; Administração da Qualidade e Produtividade:
Abordagens do Processo Administrativo, São Paulo: Atlas, 2001.
CAMPOS, Luiz D. F.; Estudo Comparativo dos Sistemas de Manufatura Ágil, Flexível e Enxuto,
Itatiba- SP: UNICAMP, 1998. Disponível em: www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_
ART162.pdf
CORRÊA, Henrique L.; Just In Time, MRP e OPT: um enfoque estratégico / Henrique L. de Corrêa,
Irineu G. N. Gianesi. 2ª Edição – 14ª Reimpressão, São Paulo: Atlas, 2009.
MOURA, R. A. Kanban, a Simplicidade do Controle da Produção. São Paulo: Fundação Getúlio
Vargas, 1989.
KANBAN. (2011). http://www.coladaweb.com/administracao/kanban, acesso em 20 de set de
2011. Disponível em www.coladaweb.com.
KUNDE, Wilson G.; Disponível em: www.sebrae.com.br, 25 de agosto de 2009. http://portal.
pr.sebrae.com.br/blogs/posts/gestaoproducao?c=307; Acesso em 07 nov. / 2011.