Vous êtes sur la page 1sur 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Análises sobre a Política Externa Brasileira de 1954 a 1964: 10 anos de política


externa.

Beatriz do Piauí Barbosa

SÃO CRISTÓVÃO

JANEIRO/2018
1 Introdução

A política externa do Brasil passou por diversas mudanças bruscas e por


momentos de convergência nos anos 50 com o suicídio de Vargas até o golpe
militar de 1964. O século XX trouxe consigo uma bagagem geopolítica intensa
por conta das duas grandes guerras que deixaram como legado um mundo
bipolar entre Estados Unidos e União Soviética, o Brasil teve que se posicionar
diante desses acontecimentos mundiais e também diante das ocorrências
domésticas com a diferença de planos internos que cada presidente trouxe para
o país. Logo, a política externa trata-se de um assunto de extrema importância
dentro dessa conjuntura.

Alguns dos nacionalistas não compreendiam a preferência cedida aos


Estados Unidos na assinatura de acordos de cooperação que só apresentavam
vantagens para aquele país e nenhuma para o Brasil, de acordo com eles.
Dentre estes, estaria a preferência sobre as jazidas brasileiras de minerais
atômicos, o governo Café Filho foi tachado de ter feito os ajustes em função dos
interesses norte-americanos. Durante o “vazio” representado pelo governo Café
Filho na política exterior houve um retorno ao executado no período Dutra.

2 Juscelino Kubitschek

O Brasil passava por determinados problemas nos anos 50, como a


decomposição dos termos de troca dentro do comércio internacional, ou seja,
não conseguia acompanhar os preços internacionais dos produtos agrícolas em
relação aos produtos industrializados, a necessidade de receber capital e
tecnologia por meio da cooperação internacional, em especial dos Estados
Unidos e a necessidade de ampliar o mercado exterior buscando o aumento da
capacidade de importação de bens, os quais eram necessários para o
desenvolvimento. Nunca no século XX havia tanto valor no contexto externo para
resolver os problemas nacionais. Na perspectiva Latina como um todo, o
momento era do nacionalismo, da denúncia do imperialismo, do
antiamericanismo. As relações entre países latinos e os Estados Unidos estavam
em um processo de deterioração.
JK trouxe para às relações econômicas que, para enfrentar os
compromissos externos, e por conta do perecimento nas relações comerciais, o
comércio brasileiro deveria buscar o aumento das exportações e a atração da
poupança externa. Sobre o café, procurou-se aumentar sua exportação, por
meio da assinatura de acordos, propaganda e da conquista de novos mercados.

A confiança do investidor no desenvolvimento econômico e na


estabilidade política do país podia dar-se com a entrada de capitais

O capital estrangeiro não só era bem-vindo como tratado com


liberalidade, conforme pode-se observar no seguinte trecho de
mensagem presidencial: Dentro dos preceitos legais que regem a
nossa política de capitais estrangeiros, continua o Brasil a dar ampla
liberdade à transferência de lucros e dividendos de inversões diretas
pelo mercado livre de câmbio, ou de juros e amortizações de
empréstimos de particulares a particulares [...] (CERVO, p. 311)

Kubitschek propôs ao presidente Eisenshower o restabelecimento da


visão pan-americanista e um acompanhamento econômico destes valores para
a solidariedade política, a Operação Pan-Americana - OPA. Esta cooperação
econômica daria força real ao pan-americanismo e, assim que as populações
saíssem da miséria, haveria um reforço contra ideologias opostas as creditadas
pelos EUA.

O desenvolvimento da América Latina como um todo era o que JK


defendia e não apenas uma visão de crescimento egoísta. Os países
subdesenvolvidos precisavam de uma saída desenvolvimentista mundial.

A OPA era “o meio de tornar mais sólida a democracia nesta área do


mundo em que a democracia tem os seus últimos bastiões, os seus
últimos pedaços de terra propícios às germinações [...]. Sabemos todos
que não há democracia onde há miséria”, reiterava. (CERVO, p. 312)

A OPA não visava à luta somente em sentido econômico, era uma luta
contra o subdesenvolvimento em sentido universal. Ambos os aspectos,
econômico e político se complementavam, a Operação Pan-Americana não
tratava-se de assim um programa qualquer, mas sim de toda uma política.
A ALALC foi criada com a assinatura do Tratado de Montevidéu pelo
Brasil, Argentina, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai (a Bolívia subscreveu-
se depois) em 1960, que criou objetivos os quais consistiam na estabilidade
comercial, substituição das importações de países não membros,
desenvolvimento de novas atividades e aumento da produção. Além disso, a
Aliança para o Progresso, sugerida pelo presidente Kennedy, foi também uma
resposta tardia aos pontos lançados pela OPA, dentro da conjuntura da crise de
Cuba. Os Estados Unidos passavam assim a dar mais atenção as complicações
da América Latina.

Para Osvaldo Aranha, a OPA era para o futuro: “O problema da OPA é


ser uma política que começa, que só dará frutos no futuro, que não
poderá resolver os problemas básicos do Brasil ou de qualquer outro
país da América”. Defendia que era necessário uma política
internacional realista, pragmática e inteligente. Criticava o modelo
desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, calcado
fundamentalmente na industrialização. (CERVO, p. 316)

O governo JK, que tinha rompido com o FMI em junho de 1959, obteve
um empréstimo de 47,7 milhões de dólares no final do seu mandato. Porém, a
revolução cubana estava alterando maneira dos norte-americanos verem a
cooperação com os países da América Latina. Esse cenário contribuiu para que
o Brasil conseguisse empréstimo mesmo sem ter feito ajuste na economia nos
padrões estabelecidos por aquele organismo.

A União Soviética e o restabelecimento das relações diplomáticas,


interrompidas desde 1947 levantaram questões polêmicas para com a política
externa. O assunto levou a manifestações na opinião nacional e provocou
reações na imprensa norte-americana, as relações diplomáticas com a União
Soviética mantiveram- se interrompidas, mas a discussão sobre as vantagens
de seu restabelecimento permaneceu latente.

Por fim, com a presidência de JK, a política externa brasileira ganhou


notoriedade no momento em que surgiu com a OPA. No final do governo, havia
a convicção de que o Brasil despertou interesse internacional por conta de seu
desenvolvimento econômico e da inauguração de Brasília.
3 Jânio Quadros

A política exterior de Jânio Quadros deu prioridade ao contexto global que


partindo de uma visão universal mas sem despriorizar o regional. Buscava os
interesses do Brasil fugindo de preconceitos ideológicos. A Política Externa
Independente – PEI foi creditada no nacionalismo e, além de ampliar a política
de JK geopoliticamente também enfatizou as relações entre o Norte e o Sul.

Jânio Quadros pensou na PEI em um momento conveniente pois obteve


vantagem do medo dos EUA de que a América Latina escapasse de sua bolha
de influência a partir da crise do sistema pan-americano por conta de Cuba. No
âmbito mundial, a descolonização e a crise nas relações entre URSS e EUA,
facilitaram as noções da PEI para o não realinhamento com os Estados Unidos,
pois era uma política que procurava obter vantagens para o país em um mundo
bipolar.

Entretanto, a PEI apresentou uma certa incoerência em relação à política


interna e externa. Com poucas obrigações internacionais e não pertencendo o
Brasil a qualquer bloco, estava reservado o direito de liberdade de decisões
sobre casos específicos. A luta em prol do desenvolvimento e do aumento da
produção impunham ao país a necessidade de ampliação de seus mercados,
independentemente de preocupações ideológicas.

Os princípios da autodeterminação e da não-intervenção foram a


prioridade das relações políticas do Brasil na conjuntura doméstica e mundial.
Logo, com relação a Cuba, Jânio defendia o direito à sua soberania.

A posição brasileira, todavia, com respeito ao regime de Fidel Castro,


consentânea com o princípio de não intervenção, foi uma das questões
que, juntamente com a relativa às relações com a União Soviética,
mais chamou a atenção da opinião nacional. Jânio recusou-se a apoiar
os Estados Unidos no momento em que se planejava tomar uma
atitude armada contra o regime de Castro, conforme ficou evidenciado
na conferência, em fevereiro de 1961, com Adolf Berle Jr., enviado do
governo norte-americano. Quadros não recuou dos princípios da
autodeterminação e da não intervenção. (CERVO, p. 344)
A Aliança teria sido uma técnica de intervenção dos Estados Unidos nos
assuntos internos de outros países do hemisfério. Assim, tratava-se de um
instrumento para vincular os países latino-americanos visando ao isolamento de
Cuba. A Aliança, vista como reformista, era combatida tanto pela esquerda como
pela direita na América Latina.

A Aliança para o Progresso não empolgou positivamente a opinião da


América Latina. No Brasil, a repulsa dos nacionalistas defendia que a aplicação
dos programas da Aliança era uma área carente de especificações técnicas e de
tecnologia, ainda havendo uma forte presença de empresas norte-americanas,
levando assim ao aumento da dependência em relação aos Estados Unidos.

Ainda que a renúncia de Jânio Quadros tenha levado a uma crise política
interna, não aconteceu o mesmo com a política externa.

Jânio Quadros aplicou ao país rígido plano de austeridade financeira


que lhe facilitou a obtenção de empréstimos internacionais, sobretudo
dos Estados Unidos. Em relação a estes, cumpre ainda destacar que
a política exterior de Jânio, embora eloqüente na sua altivez e no
discurso a favor da não intervenção e da autodeterminação dos povos,
evitou envolvimento maior na questão cubana. (CERVO, p. 350)

4 João Goulart

A política externa de Jânio deixou como herança uma aproximação com


a América Latina, um dos exemplos desta continuidade foi o encontro dos
presidentes João Goulart e Frondizi em 1961, oportunidade em que assinaram
uma declaração, confirmando o entendimento entre os dois países.

San Tiago Dantas, chanceler da época, defendia que a Aliança era


moderada e conciliadora entre os planos políticos interno e externo. Aceitava a
ajuda externa, desde que a ajuda não implicasse influência na maneira de
promover o desenvolvimento. O país não pretendia ceder parte da sua
autonomia de planejar e receber apoio técnico e econômico externo que se
defrontasse com o planejamento nacional. A PEI, considerada antiamericana,
não negava o valor dos Estados Unidos para o comércio internacional e para a
cooperação econômica brasileira, mas, os rótulos, a simbologia que agradava
ao nacional-populismo-desenvolvimentista ficara associados à PEI.
Com relação ao presidente dos Estados Unidos, Kennedy, Goulart
concordou que a nacionalização de empresas deveria preceder de negociação
sobre ajuste de contas, mas com um maior prazo dos pagamentos referentes à
indenização. Goulart e sua equipe também trataram com Kennedy e seus
assessores o referente à política externa brasileira, problemas econômicos, à
inflação, à infiltração esquerdista no Brasil e a golpes militares na América Latina.

Goulart ressaltou a importância da amizade entre os dois países e


abordou pontos importantes das suas relações buscando uma visão nacional-
desenvolvimentista, mas de forma neutra. Confirmou que a inflação observada
nos países latinos decorria da guerra. Acolheu com simpatia a Aliança para o
Progresso, mas ressalvou ter receio no referente à sua execução e reclamou da
piora dos termos de troca entre produtos agrícolas e manufaturados.

O posicionamento do governo com relação a Cuba acreditava que o


isolamento levaria ainda mais o país a fortalecer o comunismo pela falta de
contato político, econômico e cultural com o Ocidente. Também não era a favor
de intimar Cuba a romper com o bloco soviético imediatamente, em razão da
radicalização que aconteceria em outros Estados americanos.

San Tiago Dantas falou, ainda, na necessidade de criação de um órgão


especial integrado pelas diversas correntes de opinião representadas
na consulta, e com latitude suficiente para tomar a si o estudo das
obrigações e a elaboração de um estatuto das relações entre Cuba e
o hemisfério e sobre o qual, ouvidas as partes, se pronunciaria o
Conselho da OEA. A posição brasileira era conciliadora, até porque
tratava da necessidade de se preservar o continente de outra forma de
intervenção, a de infiltração ideológica ou subversiva. (CERVO, p. 363)

A partir da ascensão de Goulart, as relações entre Brasil e Estados Unidos


entraram num processo de degradação. Os Estados Unidos consideravam os
planos de Goulart um risco ideológico, a prática de uma política externa
independente levava a um distanciamento entre os dois países nos órgãos
multilaterais. O distanciamento aumentou também devido aos problemas que se
criavam no Brasil aos capitais estrangeiros e às pressões internas sofridas por
ambos os governos.
O apoio de Goulart a Kennedy na crise dos mísseis de Cuba impediu a
deterioração total das relações entre os dois governos, porém as pressões
internas verificadas em ambos no avanço dos comunistas e de outros elementos
da esquerda do governo e dos sindicatos brasileiros provocava grande
apreensão nos Estados Unidos.

Na medida em que Goulart descreditava as reformas de base e punha-se


perto de esquerdistas, crescia a apreensão sobre os rumos do país e a pressão
externa.

Assim, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e a Ação


Democrática Popular (ADEP) financiaram candidatos direitistas nas
eleições de 1962 e receberam auxílio do exterior, por meio do Royal
Bank of Canadá, Bank of Boston e First National City Bank, conforme
apurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Como
conseqüência, Goulart suspendeu as atividades daquelas instituições.
(CERVO, p. 388)

Outro acontecimento importante foi a ajuda dos Estados Unidos a


governadores estaduais e a prefeitura. Também houve auxílio à polícias e ao
Exército. A cooperação com este teria servido para aumentar a solidariedade
entre os militares brasileiros e os Estados Unidos. A ajuda econômica norte-
americana, favoreceu forças opositoras a Goulart e, por consequência, a sua
queda do poder.

Referências Bibliográficas

CERVO; BUENO. História da Política Exterior do Brasil. UNB: Brasília,


2002.

OLIVEIRA, Henrique Altemani de. Política Externa Brasileira. PUC: São


Paulo, 2003.

Vous aimerez peut-être aussi