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Direito Penal - Analista Judiciário –

Área Administrativa – TRF2


Aula 00
Profs. Julio Ponte e Lorena Nascimento

Aula 00

Direito Penal para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa –


TRF2
Dos Crimes Contra a Administração Pública: Dos Crimes Praticados por
Funcionário Público Contra a Administração em Geral e dos Crimes Praticados
por Particular Contra a Administração em Geral
Professores Julio Ponte e Lorena Nascimento

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Tópicos da Aula

1. Introdução ................................................................................................ 02
2. Dos Crimes contra a Administração Pública ............................................... 04
2.1. Dos Crimes Praticados Por Funcionário Público Contra a Administração Em
Geral .............................................................................................................. 04
2.2. Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral . 45
3. Lista das Questões Apresentadas .............................................................. 94
4. Gabarito .................................................................................................. 102

1. Introdução

Caros alunos do Ponto dos Concursos!

Vamos iniciar nosso curso de Direito Penal para o cargo de Analista


Judiciário – Área Administrativa do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região (RJ/ES), concurso elaborado pela banca CONSULPLAN.

Antes de mais nada, permitam-nos fazer uma breve apresentação.



Meu nome é Lorena Lima Nascimento, sou Delegada de Polícia Federal,
desde o ano de 2003. Antes de assumir o concurso da PF, fui advogada e
Técnica Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, onde lá
trabalhei junto à Vara da Infância e da Juventude.

E eu sou o Julio Ponte, Policial do Senado Federal, aprovado no concurso
de 2008. Fui Oficial da Marinha do Brasil, formado pela Escola Naval. Mas após
sair do meio militar, ainda passei pelo cargo de Analista de Gestão e Trânsito do
DETRAN/RJ e pela Polícia Rodoviária Federal antes de chegar à Polícia
Legislativa.

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A remuneração inicial do seu futuro cargo público é de R$10.680,14,
passando para R$11.063,80, também em novembro/2016, e para R$11.405,77,
em junho/2017. A expectatica é a de que TRF2 - RJ/ES - realize um grande
número de contratações, não obstante o certame tenha como objetivo precípuo
a formação de cadastrão de reserva.

Nesta Aula iremos estudar os crimes contra a Administração Pública.

Nos Crimes contra a Administração Pública enfrentaremos os


seguintes capítulos: Dos Crimes Praticados Por Funcionário Público contra a
Administração em Geral; Dos Crimes Praticados por Particular contra a
Administração em Geral.

Muita atenção para a os crimes tipificados nos arts. 312, 316, 317, 319 e
320 (Crimes Praticados Por Funcionário Público contra a Administração em
Geral); 328, 330, 331, 332, 333, 334 e 334-A (Crimes Praticados por Particular
contra a Administração em Geral).

Não hesitem em tirar suas dúvidas no fórum de dúvidas do Ponto.

Bons estudos a todos!

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2. Dos Crimes Contra a Administração Pública

2.1. Dos Crimes Praticados Por Funcionário Público Contra A


Administração Em Geral

Tratam os crimes funcionais de delitos praticados por funcionário


público contra a administração em geral, ou seja, sempre o sujeito ativo é o
funcionário público e o sujeito passivo é sempre a Administração
Pública. São, portanto, sujeitos constantes. Os particulares, poderão, todavia,
concorrer com o funcionário público (art. 30, CP), no papel de sujeito ativo, bem
como serem vítimas, juntamente com a Administração Pública.

Esses crimes são graves porque ferem o escorreito e hígido


funcionamento da máquina administrativa.

No Direito Penal o funcionário público que comete crime é chamado de


INTRANEUS e, um outro partícipe, que não o seja, é denominado
EXTRANEUS, e se for mais de um, serão EXTRANEI.

Os crimes funcionais são todos CRIMES PRÓPRIOS, porque exigem de


seu sujeito passivo a condição especial de funcionário público.

Em que pese a gravidade dos crimes, as suas penas são extremamente


leves quando comparadas com a gravidade de suas condutas. Há doutrina
defendendo que os crimes funcionais devem ser comparados a crimes
hediondos, mas essa não é a orientação acolhida pela nossa legislação.

O legislador, no entanto, entendeu que os crimes funcionais sofrerão


a força da lei brasileira, ainda que praticados fora do Brasil, adotando o
princípio da EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (Artigo 7o, I, c,
PC).

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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:

I - os crimes:

(...)

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

O legislador também acrescentou o § 4o do artigo 33 do CP que consiste


em mais um requisito OBJETIVO para a PROGRESSÃO DO REGIME para os
condenados pela prática de crime contra a administração pública (demonstrar
mérito, cumprir 1/6 da pena e reparar o dano).

Reclusão e detenção

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime


fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-
aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.

PERGUNTA: E quem não tem condições de reparar o dano? No sursis,


no livramento condicional do processo e na suspensão do processo há a
ressalva das hipóteses na qual a pessoa não tem condição de reparar o dano, o
que não foi ressalvado no § 4o do art. 33, CP. Assim, muitos doutrinadores
afirmam ser esse dispositivo inconstitucional, porque não ressalvando a
impossibilidade de reparação de dano, está-se impedindo a progressão. O
raciocínio, no entanto, é o de que o § 4o está sim em vigor, sem problemas, e
será aplicado somente a quem tem condições de reparar o dano; quando

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não tiver, devem ser aplicados os demais casos por analogia in bonam partem
protegendo quem não tem condições de pagar.

Há duas espécies de crimes funcionais:

Ø CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS: faltando a qualidade de


funcionário público do agente, o fato será atípico, ou seja, seria uma
ATIPICIDADE ABSOLUTA. EXEMPLO: crime de prevaricação. Retirando a
condição de funcionário público do agente, o fato não encontra mais
enquadramento em nenhum outro tipo penal.

Ø CRIMES FUNCIONAIS IMPRÓPRIOS: faltando a qualidade de


funcionário público do agente, o fato deixa de configurar crime funcional, se
ajustando a um crime comum, é um caso de ATIPICIDADE RELATIVA.
EXEMPLO: peculato-furto. Na verdade, são crimes comuns agravados ou
majorados pela condição de servidor público do agente.

DO PECULATO - Peculato Desvio, Peculato Apropriação e Peculato


Furto

Peculato (PECULATO PRÓPRIO)


Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo (PECULATO APROPRIAÇÃO), ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio (PECULATO DESVIO):
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário. (PECULATO-FURTO)

Bem jurídico. É a Administração Pública, em relação ao seu interesse


patrimonial e moral.

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Sujeito ativo. Funcionário público e o particular que com ele


concorre sabendo de sua condição (art. 30, CP).

Diretor de sindicato pode praticar peculato apropriação? Sindicato


é pessoa jurídica de direito privado, e o diretor não exerce função, cargo ou
emprego público. Mas o artigo 552, CLT, afirma que os atos dele serão
equiparados a peculato, assim os diretores de sindicato não são
funcionários públicos nem típicos e nem por equiparação, mas por força
do dispositivo da CLT seus atos serão punidos e julgados como se
peculato fossem. Ou seja, o fato é equiparado a crime funcional. A
jurisprudência de forma mais crescente afirma que esse artigo não foi
recepcionado pela CF/88, que veda a ingerência do Estado nos sindicatos, o
artigo da CLT é resquício da ingerência estatal, que já não é admitida pela nova
ordem constitucional (o TRF4 decidiu nesse sentido); as entidades sindicais não
sofrem mais ingerência do Estado, são pessoas jurídicas de direito privado. Esse
é o entendimento doutrinário majoritário. Os concursos têm entendido que o
artigo foi recepcionado.

Sujeito passivo. O Estado (Administração em geral) (vítima primária e


constante de todos os crimes funcionais), as entidades de direito público e o
particular (proprietário ou possuidor) (vítima secundária).

Conduta. O artigo prevê 03 condutas distintas:

CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO


PECULATO PRÓPRIO PECULATO IMPRÓPRIO
PECULATO PECULATO
PECULATO-FURTO
APROPRIAÇÃO DESVIO

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SUBTRAIR OU CONCORRER COM A
APROPRIAR-SE DESVIAR
SUBTRAÇÃO
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular em
proveito próprio ou alheio
tem a posse em razão do cargo não tendo a posse
valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário

PECULATO APROPRIAÇÃO é o crime de apropriação indébita praticado


por funcionário público, no qual há a inversão do ânimo da posse. A maioria dos
autores afirmam que mesmo aquele que tem detenção também pratica o
peculato apropriação. Há quem entenda que, se o agente não tem a posse, mas
sim detenção, pratica o PECULATO FURTO.

Vejamos o seguinte julgado do TRF5:

“O TERMO POSSE, A QUE SE REFERE O ART. 312 DO CP, DEVE SER


ENTENDIDO EM SENTIDO AMPLO, COMPREENDENDO A SIMPLES
DETENÇÃO, BEM COMO A POSSE INDIRETA (DISPONIBILIDADE
JURÍDICA SEM DETENÇÃO MATERIAL, OU PODER DE DISPOSIÇÃO
EXERCÍVEL MEDIANTE ORDENS, REQUISIÇÕES OU MANDADOS.
ESCÓLIOS DE NELSON HUNGRIA E MAGALHÃES NORONHA” (ACR
2002.05.00.019980-0; Des. Francisco Wildo; DJ de 05/05/06).

OBS.: O STJ também adotou essa orientação no RHC 10.845/SP.

Posse em razão do cargo Posse por ocasião do cargo


Deve haver um nexo entre posse e Não existe nexo entre o cargo e a
o cargo desempenhado, ou seja, é posse da coisa. Somente houve
uma posse inerente ao cargo, uma coincidência temporal e
umbilicalmente ligada ao cargo. ocasional.
Não configura o peculato
apropriação, pode até configurar
Configura o peculato apropriação
outro crime, mas não o peculato
apropriação.

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PECULATO DESVIO é criticado por ANÍBAL BRUNO, porque quem desvia
já se apropriou, não sendo necessária a segunda modalidade de peculato
desvio, bastava a primeira, peculato apropriação. Por isso é que na prática é
muito difícil separar o peculato desvio do peculato apropriação.

Diferença entre o peculato desvio e o emprego irregular de verbas


(art. 315, CP)

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS


PECULATO DESVIO
(artigo 315)
Desvio de renda em benefício Desvio de renda em benefício ou
próprio ou alheio, sempre em no interesse público. É tumulto
benefício particular. na gestão das rendas públicas.

Obs.: Emprego irregular de verbas ou rendas públicas

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da


estabelecida em lei:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

PECULATO FURTO é um crime de furto qualificado pela qualidade de


funcionário público do agente. Para ser peculato furto o funcionário público deve
encontrar facilidades na subtração, em razão de sua condição específica
de funcionário público. Assim, se apesar de funcionário público tiver que agir
como qualquer outra pessoa agiria, não encontrando nenhuma facilidade que o
cargo pudesse lhe proporcionar, responderá por furto comum e não por
peculato furto. Desta forma, nem toda a subtração de funcionário público será
peculato furto, deve ter tido facilidades para a prática da conduta criminosa.

Tipo subjetivo. É o dolo, sendo indispensável a presença do elemento


subjetivo especial do tipo, representado pelo especial fim de agir (em
proveito próprio ou alheio), presente em todas as modalidades. O crime
dispensa o enriquecimento do agente.

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Consumação. O crime de peculato consuma-se com a prática da
conduta, sendo irrelevante o real prejuízo para o sujeito passivo. No peculato
apropriação consuma-se com a inversão do animus da posse.

Peculato desvio consuma-se quando se dá à coisa a destinação diversa


da prevista originariamente.

Tentativa: é admissível.

Figura majorada: artigo 327, § 2o.

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores


dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de
órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
(Administração Direta e Indireta)

Comunicabilidade do delito. A qualidade de funcionário público do


agente se estende também aos co-autores ou partícipes do delito. Contudo, se o
particular desconhece ser o sujeito ativo funcionário público, responde por outro
crime, excluído o peculato. EXEMPLO: apropriação indébita no caso de peculato
apropriação.

Reparação do dano ou devolução da coisa: circunstância atenuante.

PECULATO DE USO. Não é crime. A jurisprudência, no entanto, diz


que depende da natureza jurídica da coisa usada:

Ø COISA FUNGÍVEL: há crime. A jurisprudência penal (NÃO É


TÉCNICA) quando fala de fungível está querendo dizer CONSUMÍVEL, será o
peculato apropriação. EXEMPLO: funcionário público que uso dinheiro público
para comprar uma casa.

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Ø COISA INFUNGÍVEL: não há crime. A jurisprudência penal quando
fala de infungível está querendo dizer NÃO CONSUMÍVEL, será o peculato de
uso, sendo fato atípico. EXEMPLO: usar veículo automotor. Normalmente, o
tribunal não se importa com a gasolina.

Entende-se que não há crime na conduta de usar serviços ou mão-de-


obra pública. Ex.: mandar subalterno pintar sua casa. É ato de improbidade,
entretanto, não há crime, salvo se for prefeito por força do art. 1º, II, do DL
201/67.

O peculato de uso é fato atípico, mas configura ATO DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA.

Se o agente é PREFEITO MUNICIPAL (DL 201/67, artigo 1o., II),


sempre responderá pelo crime de peculato de uso. Interessante: não há a
previsão de PECULATO-FURTO para prefeito naquele decreto-lei. E se ele
pratica, pode ser enquadrado no CP? O STF tem súmula de que esse DL foi
recepcionado pela CF. Sempre que se falar de crime funcional de prefeito está
previsto no DL, somente quando não ajustar o tipo penal é que se deve recorrer
ao CP. Portanto, responde pelo peculato-furto do CP.

Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,


sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente
do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em
proveito próprio ou alheio;
II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de
bens, rendas ou serviços públicos;
(...)

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§ 1º Os crimes definidos neste artigo são de ação pública,
punidos os dos itens I e II, com a pena de reclusão, de dois a
doze anos, e os demais, com a pena de detenção, de três meses a
três anos.
§ 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos
neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo
prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública,
eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano
causado ao patrimônio público ou particular.

PERGUNTA. O Princípio da bagatela e da insignificância aplica-se


aos crimes funcionais?

O STJ na maioria de seus julgados entende não ser possível a aplicação


deste princípio nos crimes contra a Administração Pública, pois entende que
nestes tipos de crimes, ainda que o valor da lesão possa ser
considerado ínfimo, a norma busca resguardar não somente o aspecto
patrimonial, mas a moral administrativa, o que torna inviável a afirmação
do desinteresse estatal à sua repressão (Resp 655.946/DF).

Esse entendimento acima exposto, retirado de um julgado do STJ reflete


a maior parte dos julgados desse Tribunal, principalmente em relação aos
crimes funcionais contra a Administração Pública.Contudo, recentemente,
julgando o habeas corpus nº 246.885/SP, a Corte, por decisão dividida,
entendeu pela aplicação do princípio da insignificância em um caso de
peculato de vale-alimentação no valor de R$ 15,00.

O STF, contudo, NÃO vem restringindo da mesma maneira a aplicação


do princípio, realizando um alargamento constitucional dele, possibilitando a

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aplicação do referido princípio a diversas espécies criminosas, como a prática de
crime de responsabilidade, peculato praticado por militar e descaminho.

PECULATO CULPOSO
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.

Ocorre mediante a conduta culposa do funcionário público, ao inobservar


o dever objetivo de cuidado da coisa móvel da Administração Pública ou sob sua
vigilância. Mas não basta. Para a prática do peculato culposo é fundamental a
prática de um crime doloso por terceira pessoa, aproveitando-se da facilidade
culposamente proporcionada pelo funcionário público.

Como não se admite a participação culposa em crime doloso, não há


concurso de pessoas, na forma disciplinada pelo art. 29, caput, do Código
Penal. Concretizada a subtração, por exemplo, o funcionário público relapso
responde pelo peculato culposo, ao passo que ao terceiro será imputado delito
diverso (peculato, se também ostentar a condição funcional, ou, se particular,
por crime de outra natureza, notadamente o furto).

Consumação. Ocorre no momento em que se consuma o crime doloso


praticado pelo terceiro. Por se tratar de crime culposo, não se admite
tentativa, razão pela qual o funcionário público somente responderá pelo
peculato culposo na hipótese de consumação do crime doloso cometido por
terceiro. Se o crime doloso ficar na fase da tentativa, não se aperfeiçoa o
peculato culposo. O terceiro, no entanto, deverá responder pelo conatus
(tentativa) do seu crime doloso.

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Reparação do dano. A previsão do §3o é aplicada somente para o
PECULATO CULPOSO.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se


precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.

REPARAÇÃO DO DANO em relação à SENTENÇA IRRECORRÍVEL


Anterior Posterior
Extingue a punibilidade Reduz de metade a pena imposta
Extinção da punibilidade Causa de redução de pena
Juiz da sentença Juiz da execução
Permite a progressão no regime de
cumprimento de pena

O dispositivo demonstra que as causas extintivas de punibilidade estão


espalhadas pelo CP (inclusive na Parte Especial), demonstrando que o rol do
artigo 107, CP, é meramente exemplificativo.

A reparação do dano no PECULATO DOLOSO poderá ocorrer:

Ø No arrependimento posterior (art.16, CP);


Ø Logo após o crime ou antes da sentença (art. 65, III, b, CP);
Ø Após a sentença definitiva – não há reflexos na pena;
Ø Será condição para processão de regime (art, 33, § 4º, CP)

Há doutrina e jurisprudência (expressiva) dizendo que o arrependimento


posterior não se aplica ao peculato.

Há necessidade de reparação do dano, conforme já visto, conforme


determinação do § 4º do art. 33, CP. Todavia, a extinção da punibilidade ou a
redução da pena somente se aplica ao peculato culposo.
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§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a


progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conduta. O agente, no exercício do cargo, recebeu a coisa por ERRO DE


OUTREM. O agente percebe o erro e se apropria da coisa. O erro do terceiro tem
que ser espontâneo.

Observem as diferenças entre o peculato mdiante erro de outrem e as


demais espécies.

PECULATO APROPRIAÇÃO PECULATO


PECULATO FURTO
E DESVIO ESTELIONATO
O agente tem posse
O agente tem posse legítima O agente NÃO tem posse
ILEGÍTIMA, fruto de erro

Se o erro foi provocado pelo agente o crime é de ESTELIONATO, e não o


crime funcional de peculato estelionato. EXEMPLO: o agente afirma para a
vítima que o bem deve ser entregue a ele.

PECULATO ELETRÔNICO

O crime possui duas modalidades previstas nos artigos 313-A e 313-B.

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
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corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Conduta. inserir um dado falso ou excluir um dado verdadeiro.


EXEMPLOS: excluir as multas e pontuações de carteira de motorista ou colocar
multas em nome de terceiro desafeto.

Sujeito ativo. Funcionário público autorizado a manejar sistema de


informações.

Concurso de pessoas. É cabível, com o particular e com outro


funcionário público não autorizado.

Sujeito passivo. Administração pública ou particular prejudicado.

Objeto material. O objeto material são os dados dos sistemas de


informação; não há alteração do software, o conteúdo dos dados é que é
alterado, o sistema permanece preservado.

Elemento subjetivo. Elemento doloso acrescido da finalidade


específica: visando a auferir vantagem para si ou para outrem ou causar dano.

Consumação. É crime formal, consuma-se com a prática da


conduta, não dependendo da obtenção de vantagem ou o prejuízo de terceiro
(mesmo que possa haver o resultado naturalístico, para a sua consumação não
é imprescindível, a sua ocorrência é mero exaurimento do crime). É crime de
consumação antecipada. RUI STOCO: entende que é de mera conduta.
CRÍTICA: o tipo descreve um resultado naturalístico no tipo, não podendo ser
crime de mera conduta, que não admite tentativa.

Tentativa. É admitida.
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MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE


INFORMAÇÕES
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado.

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO


SISTEMA DE INFORMAÇÕES AUTORIZADA DE SISTEMA DE
INFORMAÇÕES
Funcionário público autorizado a Funcionário público
manejar o sistema de dados da
Administração
DADOS FALSOS: inserir ou facilitar a Modificação ou alteração do sistema de
inserção informação ou o programa de
DADOS VERDADEIROS: alterar ou informática
excluir indevidamente
EFETIVO DANO: exaurimento EFETIVO DANO: causa de aumento de
pena

Conduta. Modificar o sistema de informações.

Sujeito ativo. Funcionário público.

Concurso de pessoas. É cabível.

Sujeito passivo. Administração Pública ou particular prejudicado.

Objeto material. O objeto material é o sistema de informação ou o


programa de informática.

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Elemento subjetivo. Elemento doloso (NÃO há elemento subjetivo,
basta o dolo), NÃO existe finalidade específica descrita no tipo penal.

Consumação. É crime formal, consuma-se com a prática da conduta.

Tentativa. É admitida.

Efetivo dano. É causa de aumento da pena.

Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a


metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU


DOCUMENTO
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total
ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
crime mais grave.

Objeto jurídico. A Administração Pública, em seus aspectos patrimonial


e moral.

Objeto material. É o Livro Oficial ou o documento. Por Livro Oficial


entende-se o criado por lei para os registros pertinentes às atividades da
Administração Pública. Por documento tende-se qualquer escrito, instrumento
ou papel, público ou particular.

Conduta. Extraviar (fazer com que algo não chegue ao seu destino),
sonegar (ocultar, esconder) ou inutilizar (tornar imprestável, total ou
parcialmente) livro ou documento.
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Sujeito ativo. Funcionário público que possui a gaurda do Livro Oficial


ou do documentoem razão do cargo. Cao seja funcionário público não investido
de tal tal, ou um particular, será ao agente imputado o crime de de subtração
ou inutilização de livro ou documento, na forma do art. 337, CP.

Concurso de pessoas. É cabível.

Sujeito passivo. É o Estado e, indiretamente, a pessoa física ou jurídica


prejudicada pela conduta criminosa.

Elemento subjetivo. Elemento doloso (NÃO há elemento subjetivo,


basta o dolo), NÃO existe finalidade específica descrita no tipo penal.

Consumação. É crime formal, de consumação antecipada ou resultado


cortado. Consuma-se no instante em que o sujeito estravia livro oficial ou
documento.

Tentativa. É admitida.

Crime de subsidiariedade expressa. Em seu preceito secundário


(pena), última parte, encontra-se expresso “se o fato não constitui crime mais
grave”. (Exemplo: quando houver a finalidade de frustrar a fé publica, o crime
passa a ser o tipo penal descrito no art. 305, CP)

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Neste delito, o funcionário público não se apropria ou subtrai as verbas


em proveito próprio ou de terceiro. Na realidade, o crime se caracteriza pelo
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emprego de verbas públicas em benefício da própria Administração, de forma
que o ilícito reside no fato de o funcionário empregá-las de forma diversa da
prevista em lei. É pressuposto do crime a existência de uma lei regulamentando
o emprego da verba ou renda pública e que o agente as empregue de maneira
contrária àquela descrita em lei.

Objeto jurídico. A Administração Pública, no tocante à regularidade da


aplicação dos seus recursos públicos, conforme determinação legal.

Objeto material. São as verbas públicas

Conduta. Dar (empregar ou utilizar) verbas ou rendas públicas em


finalidade diversa da estabelecida em lei.

Sujeito ativo. Funcionário público com poder de gestão das verbas


públicas desviadas. (Prefeitos, governadores, Ministros, Presidente da República
etc)

Concurso de pessoas. É cabível.

Sujeito passivo. É o Estado e, indiretamente, a pessoa física ou jurídica


prejudicada pela conduta criminosa.

Elemento subjetivo. Elemento doloso (NÃO há elemento subjetivo,


basta o dolo), NÃO existe finalidade específica descrita no tipo penal.

Consumação. É crime material. Consuma-se com a efetiva aplicação


das verbas públicas em finalidade diversa para legalmente prevista. Exemplo:
Prefeito que constrói uma praça com verba destinada à educação)

Tentativa. É admitida.

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CONCUSSÃO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Conduta. É um crime de extorsão qualificado pela qualidade especial do


agente. É exigir vantagem indevida, valendo-se do temor que seu cargo impõe
(metus publique postestat), ou seja, é o abuso da autoridade pública como
meio de coação. A vítima, temendo alguma represália, cede à exigência. Na
corrupção, esse elemento não é necessário.

PERGUNTA. O jurado pratica a concussão? SIM.

A vantagem pode ser exigida de forma direta (na presença da vítima)


ou indireta (feita através de interposta pessoa, que será co-autora); expressa
ou explícita (quando clara) ou veladamente ou implicitamente (quando fica
nas entre linhas).

A vantagem pode ser para o funcionário ou para outra pessoa.

A vantagem exigida seguida de um mal prometido. Esse mal tem que ser
possível dentro de suas atribuições. Se não tiver é mera extorsão. Também
será extorsão se a pessoa particular se passar por uma coisa que não é. A
vantagem tem que ser indevida, se for devida será abuso de autoridade (art.
4º, h, da Lei 4.898).

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Essa vantagem tem qual natureza? A maioria da doutrina e da
jurisprudência entende que pode ser qualquer natureza inclusive sentimental e
sexual. A minoria entende que é somente natureza pecuniária.

É indispensável que o funcionário público que fez a exigência indevida


tenha poderes para a prática dos atos que está afirmando. Na falta de poderes
para a conduta da ameaça, o agente praticou extorsão e não concussão.

São exemplos de extorsão e não de concussão, os seguintes:

Ø o delegado que faz a exigência afirmando que irá condenar a vítima


não pratica a concussão porque não tem poderes para praticar a conduta
indevida;
Ø o MP que exige uma vantagem para não determinar a prisão
preventiva da vítima;
Ø o juiz que exige uma vantagem para não denunciar a vítima.

Sujeito ativo. Poderão configuar como sujeito ativo do crime de


concussão: funcionário público no exercício da função; funcionário público fora
do exercício da função; ou, particular na iminência de assumir função pública
(carteirada com o diário oficial).

Se o sujeito ativo for FISCAL DE RENDAS o crime é o artigo 3o, II, Lei
8137/90, não sendo o crime de concussão.

Se o sujeito ativo é POLICIAL MILITAR o crime é o previsto no CPM


(artigo 305), sendo competente a justiça castrense para julgamento.

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Concurso de pessoas. É cabível nas duas modalidades, mas desde que
o particular saiba que está auxiliando um funcionário público.

Sujeito passivo. Administração Pública ou particular (secundário)


prejudicado.

Elemento subjetivo. É o dolo

Consumação. Consuma-se o delito com o ato de exigir a vantagem, é


crime formal (CEZAR BITENCOURT). É um crime formal de consumação
antecipada. Basta exigir e o crime já está consumado. Se conseguir o que
exigiu (locupletamento) é mero exaurimento, que será considerado no
momento da fixação da pena, e, certamente, a pena base não inciará do mínimo
possível.

PERGUNTA: será considerado em estado de flagrante a prisão de


funcionário no momento em que está recebendo o dinheiro, duas semanas
depois da exigência? Não! A prisão será relaxada, porque o crime se exauriu no
momento da exigência, tratando-se o recebimento do dinheiro mero
exaurimento.

PAULO JOSÉ DA COSTA JÚNIOR revela a posição majoritária quanto ao


temor constante da exigência: “o temor tem que estar na conduta, não precisa
estar na mente do particular vítima”.

Tentativa. É cabível no caso de concussão escrita (carta de extorsão é


interceptada) essa é a posição da maioria. NELSON HUNGRIA: esse caso é ato
preparatório, sendo uma intenção criminosa não exteriorizada.

EXCESSO DE EXAÇÃO

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§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem,
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Na hipótese do § 1º, primeira parte, é também chamada da


concussão própria. Dar-se-á quando o funcionário exige o tributo ou
contribuição social que sabe ser indevida. Na hipótese do § 1º, in fine, o
funcionário público exige tributo ou contribuição social devida; mas emprega
meio vexatório ou gravoso qua a lei não autoriza.

Conduta. Exigir, empregar (no § 1º).

Nestas espécies de concussão contidas no § 1º o crime é formal, de


consumação antecipada ou de resultado cortado, pois o crime se consuma com
a exigência indevida ou com o emprego de meio vexatório ou gravoso do tributo
ou contribuição social, independentemente do seu efetivo pagamento. A
tentativa será possível se a forma de cobrança indevida vexatória ou gravosa se
der por escrito, sendo esta interceptada.

O § 2º descreve uma figura qualificada. Após receber o tributo, o


funcionário público o desvia (conduta), para si ou para outrem, o tributo ou
contribuição social que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos. Neste caso, observamos o fracionamento do delito em duas etapas: i)
recolhimento indevido do tributo para o Poder Público; ii) desvio do valor
recebido em proveito próprio ou de outrem.

Consumação. O crime é material, consumando-se com o efetivo desvio


dos valores indevidamente recebidos.

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CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Alguns doutrinadores entendem que a pena da corrupção passiva (02 a


12 anos) comparada com a pena da concussão (02 a 08 ANOS) é
inconstitucional. Porque a concussão é a exigência sob o temor, enquanto que a
corrupção passiva é a solicitação, ou seja, é um crime menos grave, há nítida
violação ao princípio da proporcionalidade. A pena prevista no artigo foi
estabelecida em 11/2003, sendo pena irretroativa por evidência.

Sujeito ativo. Os mesmos da concussão: funcionário público no


exercício da função; funcionário público fora do exercício da função ou particular
na iminência de assumir função pública (carteirada com o diário oficial).

Se o sujeito ativo for FISCAL DE RENDAS o crime é o artigo 3o, II, Lei
8137/90, não sendo o crime de CORRUPÇÃO PASSIVA. O mesmo inciso da lei
especial pune os dois crimes: concussão e corrupção passiva.
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Se o sujeito ativo é POLICIAL MILITAR o crime é o previsto no CPM


(artigo 305), sendo competente a justiça castrense para julgamento.

PERGUNTA: Testemunha, perito não oficial, tradutor ou intérprete


pedem dinheiro para mentir, qual crime praticam? Crime de falso testemunho
majorado ou falsa perícia majorada na forma do § 1o. do artigo 342, é o
suborno.

O perito oficial pratica o crime de corrupção passiva porque é


equiparado a funcionário público.

Na solicitação a conduta inicial é do funcionário público. No recebimento


ou na aceitação a conduta inicial é do corruptor (particular), hipótese em que o
funcionário responderá por corrupção passiva e o particular por corrupção
ativa.

Sujeito passivo. É a Administração Pública (primário) e o particular


(secundário), desde de que a corrupção não tenha partido dele (corrupção
ativa), trata-se de uma exceção pluralística à teoria monista.

Conduta. Haverá crime formal nas condutas de solicitar e aceitar


promessa, mas na modalidade receber o crime é material. É a solicitação ou
o recebimento.

Difererenças entre os delitos de corrupção passiva e corrupção


ativa.

CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA


(artigo 317) (artigo 333)
Solicitar Dar
A corrupção parte do corrupto Não está descrito no artigo
e não do corruptor. 333.
Assim se o funcionário solicita
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e o particular dá a conduta é
Crime formal atípica por parte deste.
O particular somente é punido
quando a corrupção parte dele.
Nessa conduta o particular
é uma vítima.

(corrupção parte do funcionário


público)
Receber Oferecer (corrupção parte do
particular)
Crime material.
Aceitar promessa Prometer (corrupção parte do
particular)
Crime formal

Difererenças entre os delitos de corrupção passiva, corrupção


ativa e corrupção ativa nas transações internacionais.

CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA CORRUPÇÃO ATIVA


(artigo 317) (artigo 333) (artigo 337-B)

Transação
internacional
Solicitar DAR DAR

A corrupção parte do Não está descrito no Crime material


corrupto e não do artigo 333.
corruptor.
Nessa conduta o particular
Crime formal é uma vítima
Receber Oferecer Oferecer

Crime material Crime formal


Aceitar promessa Prometer Prometer

Crime formal Crime formal

Policial militar. No CPM (artigo 308) preve somente as condutas


dereceber ou aceitar, daí será julgado pela justiça castrense, mas se for receber
será julgado pela justiça comum.

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Competência. O agente tem que ser competente para realização do ato
comercializado, se fingiu uma competência que não tem poderá ter a sua
conduta enquadrada em outro crime.

Natureza da vantagem. Aplicam-se as mesmas regras da concussão.

Corruptor menor inimputável. Se o menor oferece dinheiro para o


funcionário público não prendê-lo, há corrupção passiva, em que pese não
existir o crime de corrupção ativa.

A corrupção ativa e a corrupção passiva são independentes entre si. São


crimes autônomos.

As corrupções ativa e passiva não dependem uma da outra para existir,


pois, se o funcionário público recusa a oferta não pratica a corrupção passiva,
mas aquele que ofereceu pratica a corrupção ativa.

Corrupção passiva própria ou imprópria. Na corrupção passiva


própria, pretende-se que o funcionário realize ou deixe de realizar ato ilegal.
Na corrupção passiva imprópria, quando se pretende que o ato do
funcionário seja legal: oficial de justiça que cobra para efetivar citação.

Corrupção passiva antecedente ou subsequente. Há corrupção


passiva antecedente quando a vantagem antecede à prática do ato
comercializado. Há corrupção passiva subsequente quando a vantagem é
posterior à prática do ato comercializado.

Elemento subjetivo. Tipo penal doloso.

Consumação. O crime de corrupção passiva nas modalidades solicitar


e aceitar promessa é crime formal, ou seja, o crime se consuma

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independentemente do enriquecimento do agente. Mas na modalidade receber
é crime material, para a consumação depende de enriquecimento do agente.

Tentativa. A modalidade receber, em que pese ser crime material, não


admite tentativa. Porque o aceitar já é consumação do crime.

Aumento da pena ou corrupção passiva majorada. A doutrina


costuma falar em qualificadora, mas não é, é uma causa de aumento de
pena. Assim o mero exaurimento é considerado pela lei como uma causa de
aumento de pena.

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da


vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.

Se o agente praticar um ato criminoso como exaurimento, haverá


concurso material de crimes: corrupção passiva majorada e o outro crime.
Há doutrina dizendo que haverá o concurso formal simples entre os crimes:
corrupção passiva simples e o outro crime.

Corrupção privilegiada. É o famoso “quebra um galho, seu guarda!”


(famigerados favores da Administração Pública). O funcionário público não
praticou prevaricação (porque não agiu na busca de satisfação de interesse
próprio), o agente praticou cedendo a pedido ou influência de outrem,
praticando corrupção passiva privilegiada. É crime material.

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§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO


Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Distinção entre entre contrabando e descaminho.

CONTRABANDO DESCAMINHO
Introduzir ou daqui remeter Não há proibição de introdução
produto absoluta ou ou remessa. Mas há burla ao
relativamente impedido de aqui fisco.
entrar ou sair.

Sujeito ativo. Não é qualquer funcionário, é o funcionário que tenha o


dever funcional.

Admite-se o concurso de pessoas, desde que o concorrente saiba das


qualidades especiais do sujeito ativo (dever funcional de reprimir).

PERGUNTA: Funcionário público comum (não há dever funcional da


repressão do contrabando e do descaminho) pode ser partícipe do crime? SIM,
se assessora um funcionário público com dever funcional, nos termos do crime
do artigo 318 (facilitação de contrabando ou descaminho). Se auxilia o próprio
criminoso que pratica a conduta do artigo 334 (contrabando ou descaminho), o
funcionário público irá praticar o crime previsto nesse artigo.

Sujeito passivo. É a Administração Pública.

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Conduta. É a facilitação do contrabando ou do descaminho, ou seja, a
conduta pode ser omissiva ou comissiva.

Elemento subjetivo. Trata-se de crime doloso.

Consumação. Consuma-se com a simples facilitação, porque o crime é


formal ou de consumação antecipada. Pouco importa que o contrabandista não
consiga ingressar ou sair do País com a mercadoria. É crime formal.

Tentativa. Se a facilitação se traduz em uma ação cabe a tentativa


(hipóteses comissivas), mas se a conduta é omissiva não cabe a tentativa.

Competência. Não importa o status do funcionário público, o crime é


SEMPRE da competência da Justiça Federal.

PREVARICAÇÃO
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Dolo especial. A conduta é punida com dolo, que é acrescido do


elemento subjetivo para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (ódio, amor,
vingança, preguiça e outros). Se o interesse for financeiro pode configurar o
crime de corrupção. A denúncia tem que descrever qual foi a conduta que
demonstra o sentimento ou o interesse pessoal que moveu o agente.

Sujeito ativo: é o funcionário público em sentido amplo do artigo 327,


ou seja, o funcionário típico ou o equiparado. É possível o concurso de agentes:

Sujeito passivo. É a Administração Pública (primário) e o particular


prejudicado (secundário).

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Definição. Trata-se de uma “auto-corrupção própria”. O funcionário
sozinho se corrompe, desgarrando-se dos seus deveres funcionais com vistas a
atender aos interesses ou sentimentos pessoais.

Distinção entre prevarização e corrupção passiva. Nesta, o


funcionário objetiva uma vantagem indevida, o que não ocorre na prevaricação,
porque a violação é para atender objetivos pessoais. O interesse pessoal pode
ser patrimonial ou moral.

Prática contra disposição expressa de lei. A prevaricação é norma


penal em branco, ou seja, deve existir uma lei que disponha sobre a proibição
expressa. Se o ato está dentro da discricionariedade do funcionário público não
há o crime de prevaricação.

Consumação. Com a prática dos núcleos do tipo, independentemente se


o agente conseguiu ou não satisfazer o seu interesse.

Tentativa. A doutrina é divergente quanto à possibilidade da tentativa.


Correntes:
Ø admite: somente nas hipóteses de verificação por ação.
Ø não admite jamais: independentemente da natureza da conduta.

Distinção em relação à corrupção passiva privilegiada. As distinções


estão no quadro abaixo.

CORRUPÇÃO PASSIVA PREVARICAÇÃO


PRIVILEGIADA (artigo 317, § 2o)
Não visa à satisfação de interesse Visa à satisfação de interesse ou
ou sentimento pessoal sentimento pessoal.
Exige provocação externa Não há provocação externa, é
uma “auto-corrupção própria”

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Art. 317, § 2º - Se o funcionário Art. 319 - Retardar ou deixar
pratica, deixa de praticar ou de praticar, indevidamente,
retarda ato de ofício, com ato de ofício, ou praticá-lo
infração de dever funcional, contra disposição expressa de
cedendo a pedido ou influência lei, para satisfazer interesse
de outrem: ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses Pena - detenção, de três


a um ano, ou multa. meses a um ano, e multa.

CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Conceito. O crime ocorre quando o superior hierárquico é


condescendente com a conduta criminosa de seu servidor subordinado. Se esse
crime não estivesse previsto, o agente praticaria o crime de prevaricação.
Assim, a condescendência criminosa é uma prevaricação especial, já que o
interesse ou sentimento pessoal é a tolerância ou indulgência.

Sujeito ativo. Somente o funcionário público superior hierárquico ao


funcionário infrator. Não basta ser funcionário público, é preciso ser funcionário
público superior hierárquico do infrator.

Sujeito passivo. É a Administração Pública.

Conduta. Deixar de responsabilizar tolerância por indulgência (quando


tem poderes para punir) ou deixar de levar ao conhecimento da autoridade
competente (quando NÃO tem poderes para punir). Somente haverá o crime se
a infração for referente ao exercício da função, caso contrário, dispensa-se a
pronta atuação da autoridade administrativa. Sempre a conduta deve estar
acrescida pelo sentimento de indulgência em qualquer das condutas.
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Consumação. Trata-se de crime de mera conduta, e se consuma com


uma das duas omissões.

Tentativa. Por ser crime omissivo próprio, assim não admite


tentativa.

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo (advocacia
administrativa própria):
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Conceito. Caracteriza-se o delito pela defesa de interesses privados


perante a Administração Publica, aproveitando-se o funcionário publico das
facilidades proporcionadas pelo cargo ocupado. Ao patrocinar o interesse
privado, o funcionário público viola a impessoalidade bem como a moralidade
como princípios essenciais da Administração Pública. A advocacia
administrativa poderá ser própria ou imprópria. No primeiro caso, a
advocacia administrativa o interesse é ilegítimo (art. 321, parágrafo único); no
segundo, o interesse patrocinado é legítimo. Não existe infração se o
funcionário patrocina interesse próprio.

Objeto jurídico. O bem jurídico protegido é a Administração Pública,


quanto ao seu regular funcionamento e quanto à moralidade administrativa.

Objeto material. É o interesse interesse privado e alheio patrocinado


pelo funcionário público, importando vantagem ou meta a ser alcançada em
favor de particular.
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Sujeito ativo. Funcionário público.

Sujeito passivo. É o Estado.

Elemento subjetivo. É o dolo, independentemente de qualquer


finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa.

Consumação. Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou


de resultado cortado. Consuma-se o delito com o simples patrocínio pelo
funcionário público do interesse privado e alheio, independentemente da efetiva
obtenção de benefício pelo particular.”

Tentativa. Possibilidade, salvo na conduta omissiva. Nesse caso o crime


será unissubsistente, não cabendo, portanto, o conatus.

VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto
de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
correspondente à violência.

Segundo parte da doutrina está revogado pela Lei 4.898/65 (Damásio e


Heleno Fragoso). Essa lei regulou inteiramente os crimes de abuso de poder,
gênero a que se refere à violência arbitrária. Paulo José da Costa Jr. diz que não
houve revogação, porque a Lei 4898 não disse expressamente que revogou tal
dispositivo, sem maiores explicações.

Na jurisprudência, entretanto, entende não estar o delito revogado. Para


o STF: “O artigo 322 do Código Penal, que tipifica o crime de violência
arbitrária, não foi revogado pelo artigo 3.º, alínea I, da Lei n. 4.898/65 (Lei de
Abuso de Autoridade)”.

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Características do delito de Violência Arbitrária:

Ø crime pluriofensivo;
Ø próprio;
Ø material;
Ø de dano;
Ø em regra comissivo;
Ø instantâneo;
Ø unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual
plurissubsistente.”

ABANDONO DE FUNÇÃO
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em
lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. (menor
potencial ofensivo)
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Sujeito ativo. Somente o funcionário que exerce cargo público, a


despeito do nomen iuris do crime (abandono de função). É possível o concurso
de pessoas.

Sujeito passivo. É a Administração em geral.

Conduta. O crime é abandonar cargo público provocando


probabilidade de dano para a Administração Pública. O agente deixa o cargo
público por tempo juridicamente relevante, ou seja, a análise será casuística, o
caso concreto dirá se o abandono de função foi relevante ou não.
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PERGUNTA: A greve do funcionalismo público do Poder Judiciário é


prática do abandono de função? NÃO, porque a doutrina entende que a greve é
o exercício de direito, não configurando a prática do crime.

Dolo. O crime é punido somente a título de dolo, o agente deve saber


que com o abandono pode vir a causar prejuízos à administração.

Consumação. O crime se consuma com o abandono por tempo


juridicamente relevante.

Tentativa. O crime é omissivo puro e, portanto, não admite tentativa.

Abandono de função qualificado. Se do fato resulta o efetivo prejuízo


há a incidência do § 1o, mas o crime continua sendo de menor potencial
ofensivo.

Abandono de função qualificado em região de fronteira. Há um


significativo aumento quando se tratar de faixa de fronteira (artigo 20, § 2o, CF
= 150 km em fronteira terrestre), ou seja, área fundamental para a defesa
nacional. Exemplo: fiscal da Receita Federal, lotado em Foz do Iguaçu, tem
abandona seu posto por mais de uma semana.

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU


PROLONGADO

Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de


satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

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Objeto jurídico. A Administração Pública, no tocante ao seu normal
funcionamento.

Objeto material. É a função pública ilegalmente exercida.

Conduta. O crime possui duas ações: “entrar no exercício” e “continuar


a exercê-lo”. Entrar no exercício significa dar início ao desempenho de
determinada função pública; continuar a exercê-la, significa a ela dar
prosseguimento. Trata-se de crime instantâneo.

Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as


exigências legais. Exemplo: pessoa já aprovada e nomeada em concurso
público, dolosamente entra no exercício da função antes de sua posse, ou antes
de perfectibilizadas todas as exigências legais (apresentação de exames
médicos). O artigo nessa conduta contém uma lei penal em branco homogênea,
pois o preceito primário reclama complementação pela legislação específica de
cada funcionário público para saber quais são as “exigências legais” a serem
satisfeitas.

Continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que


foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. É necessária a ciência do
funcionário público de ato de desligamento da funçã por motivos de exoneração,
remoção, substituição ou suspensão. Esta segunda parte apresenta um
elemento normativo, pois o tipo penal reclama seja a conduta praticada “sem
autorização”.

Sujeito ativo. O indivíduo que se encontra na iminência de se tornar


funcionário público, ou o que era, porém deixou de sê-lo em razão de ter sido
oficialmente exonerado, removido, substituído ou suspenso. Em ambas as
hipóteses, o crime é de mão própria, vez que sua execução é privativa do
funcionário público expressamente indicado no tipo penal.

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PERGUNTA: e se um particular entrar no exercício da função pública?
Incorrerá ele no crime de usurpação de função pública (CP, art. 328).

Sujeito passivo. É o Estado.


Elemento subjetivo. Trata-se de crime doloso. O dolo é o direito,
caracterizado na expressão “depois de saber”.

Consumação. Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou


de resultado cortado. O crime ocorre quando o sujeito realiza indevidamente o
primeiro ato inerente à função pública, não sendo necessária a comprovação de
efetivo prejuízo à Administração Pública.

Tentativa. É possível, em face do caráter plurissubsistente do delito,


permitindo o fracionamento do iter criminis. Exemplo: Delegado de Polícia já
aprovado em concurso público, mas ainda não empossado, entra numa
delegacia dizendo-se o novo Delegado plantonista, mas, antes de adotar
qualquer diligência atinente a uma autoridade policial, é preso em flagrante pelo
Delegado Titular da Unidade.

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
não constitui crime mais grave.

Soldado de reserva. Há previsão do princípio da subsidiariedade


expressa, porque o crime somente será cometido, se a conduta não configurar
crime mais grave.

Sujeito ativo. O funcionário público (na ativa e o aposentado). Há quem


defenda que o funcionário público aposentado não é mais funcionário público,

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inseri-lo no artigo é analogia in malam partem. Trata-se de crime de mão
própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois somente pode ser
praticado pelo funcionário público que em razão do cargo tinha o dever de
guardar o segredo do Estado.

Sujeito passivo. É a Administração em geral.

Condutas criminosas. O tipo se concretiza por meio das ações, “revelar


o segredo funcional”; “facilitar a revelação do segredo funcional”.

O agente deverá ter conhecimento do fato e a obrigação de mantê-lo em


segredo como decorrência das suas atribuições. Caso o agente conhece por
outros meios, que não os de suas funções não pratica a conduta do crime do
artigo 325, podendo, eventualmente, incorrer no crime previsto no art. 154, CP.

Princípio da especialidade. Há leis especiais que tratam dessa figura


específica, tais como Lei de Organizações Criminosas; Lei de Drogas; Lei de
Crimes contra o Sistema Financeiro; etc.

Dolo. O crime é punido a título de dolo.

Consumação. A partir do momento em que terceiro não autorizado


toma ciência do segredo.

Tentativa. É possível somente por escrito, quando seja interceptado por


aquele que não tem o conhecimento.

Figuras equiparadas:

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§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e


empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública;

Ocorre quando o funcionário público com autorização de livre ingresso


nos sistemas de informações ou bancos de dados da Administração Pública
neles permite (autoriza) ou facilita (simplifica) o acesso de pessoas não
autorizadas (particulares ou outros funcionários públicos), mediante atribuição,
fornecimento empréstimo de senha ou outra forma qualquer. Exemplo: policial
que fornece a senha do INFOSEG para amigo identificar placa de veículo que
abalroou o seu

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

Nessa hipótese, o funcionário público acessa o sistema de informações


ou banco de dados, mas em área que lhe é vedada. Exemplo: policial que
manuseia autos de inquérito sigiloso sem autorização para passar informações a
terceiros

Qualificadora. Havendo dano para a Administração, o delito estará


enquadrado § 2o, na sua forma qualificada.

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública


ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA


Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública,
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

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Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Tal dispositivo foi tacitamente revogado pelo art. 94, da Lei 8666/93,
que tem uma redação mais abrangente, punindo com detenção, de dois a três
anos, e multa qualquer devassa em sigilo envolvendo procedimento licitatório.

Conceito de FUNCIONÁRIO PÚBLICO

O lógico seria que o Direito Penal procurasse o conceito no Direito


Administrativo. Mas diante da discussão doutrinária sobre o conceito no campo
administrativista, o DP tem o seu próprio conceito de funcionário público. Assim
surgiu o artigo 327 do CP. O conceito é extremamente amplo: cargo, emprego
ou função pública, mesmo que transitoriamente e sem remuneração.
Exemplos: mesário, jurados e estagiário são funcionários públicos para
fins do artigo 327.

Aquele que exerce um encargo público ou múnus público não pode


ser sujeito ativo de crime de funcionário público. EXEMPLOS: síndico de falência,
inventariante dativo, advogado que atua no lugar do Defensor Público, por
convênio com a OAB.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos


penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.

Cargo. Há de ser o criado por lei, com denominação própria, em número


certo e pago pelos cofres públicos.

Emprego. Tanto para serviço temporário com o regime comum da CLT.

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Função pública. Conjunto de atribuições públicas que não


correspondam a cargo ou emprego público (jurado, mesário etc).

Funcionário público por equiparação:

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,


emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.

A Lei 9983 inseriu as EMPRESAS CONTRATADAS ou EMPRESAS


CONVENIADAS em decorrência do processo de desestatização pelo qual estava
passando o Brasil na época. O concessionário e o permissionário terão os
seus funcionários entendidos como funcionários públicos por
equiparação para fins penais.

Para o Direito Penal, as entidades paraestatais são todas as pessoas


jurídicas que caminham ao lado do Poder Público, é um conceito mais amplo do
que o conceito do Direito Administrativo. Para os Direito Penal entram nesse rol:
empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquia e fundações
públicas.

EXEMPLO 01. Cobrador de pedágio da AUTOBAN que subtrai os valores


do pedágio estará praticando o PECULATO-FURTO. (concessionárias ou
permissionárias).

EXEMPLO 02. Os empregados da Santa Casa que tem convênio com a


Prefeitura Municipal (conveniadas).

EXEMPLO 03. O Presidente da República contratou um buffet para fazer a


festa de recebimento do Presidente da Argentina. O empregado do buffet
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aproveita o ensejo da fsta e subtrai uma obra de arte. Não terá ele praticado o
crime funcional, pois não estava no exercício de atividade típica da
administração pública, ou seja, para a execução de atividade que se dirige
aos administrados direta ou indiretamente.

Funcionário público por equiparação somente será em caso de empresa


prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade
típica da administração pública.

Há uma discussão sobre o § 2o, no STF:

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores


dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público.

Trata-se de uma causa de aumento de pena. São cabíveis duas


observações:

Ø E se for ocupante de cargo em comissão ou de função de direção ou


assessoramento de uma autarquia, que não faz parte da Administração Direta?
O legislador não previu essa possibilidade e não cabe ao intérprete ampliar a
mens legis.

Ø O fato de ser governador, prefeito ou presidente está sendo abrangido


na hipótese? O STF considerou que a função de direção de órgão da
Administração Direta abrange os chefes do Poder Executivo. Foi o caso do Jader
Barbalho, no qual como governador foi considerado neste dispositivo. Parte da
doutrina entendia que os chefes do executivo não se enquadravam, porque são
chefes da própria Administração Direta e não de um órgão da Administração
Direta.

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2.2. Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração


em Geral

Tais delitos podem ser praticados contra a Administração por funcionário


público, por particular e podem ainda ser contra a Administração da Justiça.

PERGUNTA: O conceito de funcionário público do artigo 327 somente se


aplica quando o funcionário público for sujeito ativo ou também quando for
sujeito passivo? Esse conceito amplo e abrangente serve para o caso de o
funcionário público ser vítima?

EXEMPLOS: jurados e gerente do Banco do Brasil são funcionários


públicos para fins penais como sujeitos ativos; eles podem ser desacatados? Há
correntes sobre o assunto:
Ø o conceito amplo do artigo 327 está limitado ao capítulo I, ou seja,
somente como sujeitos ativos; para o Capítulo II, somente é emprestado o
caput do artigo 327; (corrente majoritária)
Ø o artigo 327 é aplicado na íntegra para o capítulo II, ou seja, o gerente
do Banco do Brasil pode ser sujeito passivo do crime de desacato.

USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA


Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

O agente tem que exercer a função, não basta identificar-se perante


terceiros como funcionário público. Se o agente somente se diz funcionário
público ele estará praticando uma contravenção penal (art. 45, da LCP). O crime
se consuma no instante em que agente pratica algum ato inerente à função

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usurpada. É desnecessário qualquer outro resultado. O crime será qualificado
quando auferir vantagem.

RESISTÊNCIA
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio: (resistência simples)
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
(resistência qualificada)
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.

Bem jurídico. É a Administração Pública.

Sujeito ativo. Poderá ser qualquer pessoa. Mesmo que seja pessoa
diversa daquela a quem se dirige a execução do ato.

EXEMPLO. A polícia vai prender o irmão de Tício e ele emprega violência


contra a polícia para fazer com que seu irmão fuja. Tício será sujeito ativo do
crime de resistência.

Qualquer pessoa pode praticar o crime ainda que alheia ao ato ilegal.

Sujeito passivo. O Estado (sujeito passivo primário e constante) e o


funcionário competente ou quem lhe auxilie (sujeito passivo secundário). O
auxílio pode estar sendo prestado por particular que não seja funcionário
público. Esse é o funcionário típico do caput do artigo 327 ou o equiparado do §
1o.? Vide comentários acima.

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PERGUNTA: Se o particular vai sozinho prender alguém em flagrante
sem estar auxiliando o funcionário público pode ser vítima de resistência? NÃO,
porque o particular somente será vítima de resistência quando preste auxílio ao
funcionário público competente.

Conduta. Opor-se a ato legal, mediante violência ou ameaça. Praticado


sem violência ou ameaça ao funcionário ou a quem o auxilie será crime
de desobediência e não de resistência. A conduta é opor-se positivamente
à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça, contra a pessoa do
funcionário competente executor ou terceiro que lhe preste auxílio.

Resistência ativa (vis corporalis ou vis compulsiva) é a que se


caracteriza pelo emprego de violência ou ameaça ao funcionário público ou ao
particular que lhe presta auxílio, com o propósito de impedir a execução de ato
legal. A conduta se amolda à descrição típica contida no art. 329, caput, do
Código Penal, configurando o crime de resistência.

Resistência passiva (vis civilis), por sua vez, é a oposição à execução


de ato legal sem a utilização de violência ou ameaça ao funcionário público ou a
quem lhe auxilia, motivo pelo qual é também chamada de “atitude
ghândica”.180 Não se verifica o crime de resistência, subsistindo, porém, o
delito de desobediência (CP, art. 330).

O ato executado deve ser legal.

O art. 329 do Código Penal possui um elemento normativo, representado


pela expressão “ato legal”. A legalidade do ato deve ser analisada em dois
planos distintos: (a) formal, relativamente à competência de quem o executa e

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à forma da sua emissão; e (b) material ou substancial, vinculado ao seu
conteúdo. De fato, não se pode obrigar uma pessoa a cumprir um ato formal
e/ou materialmente ilegal. A oposição à execução de ato ilegal não abre espaço
para o crime de resistência, em obediência ao princípio da legalidade, delineado
no art. 5.º, inc. II, da Constituição Federal: “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Exemplificativamente, não há crime de resistência quando alguém se


opõe, mediante violência ou ameaça a funcionário público, ao cumprimento de
mandado de prisão temporária emitido por um Delegado de Polícia, pois esta
modalidade de prisão cautelar somente pode ser decretada por membros do
Poder Judiciário.

Não se pode confundir o ato ilegal com o ato injusto. Como se sabe, os
valores de justiça e injustiça são variáveis e irrelevantes para os fins do art. 329
do Código Penal. O ato do Estado formal e materialmente legal deve ser
fielmente executado, nada obstante classificado como injusto pelo seu
destinatário. A título ilustrativo, verifica-se o crime de resistência quando uma
pessoa se opõe à execução de ordem judicial de prisão, mediante violência ou
ameaça a um policial, entendendo ter sido a sentença condenatória proferida
com base em elementos de convicção manifestamente contrários à prova dos
autos, e, portanto, injusta. Se legal o ato, eventual valoração do agente quanto
à sua injustiça não tem o condão de afastar o delito. Finalmente, é válido
destacar a necessidade de o ato legal ser concreto e específico, ou seja, capaz
de produzir efeitos imediatos e dirigido a pessoa ou pessoas determinadas.

Quantidade de funcionários públicos. Não interfere na configuração


de mais de um crime, ou seja, não há indução há pluralidade de crimes, essa
situação será considerada pelo juiz no momento de fixação da pena.

Omissão. Não existe resistência passiva. EXEMPLOS: não há resistência


no fato de apegar-se a um poste ou no ato de fuga ou no trancamento em carro
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ou em casa. Pode conforme o caso configurar o crime de desobediência.

AMEAÇA. Não há a exigência de grave ameaça, basta a simples ameaça.

RESISTÊNCIA SIMPLES
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

Há resistência quando haja violência contra a pessoa. Exemplo: chutar a


viatura (pode configurar dano qualificado, porque contra o patrimônio público).
Violência contra a coisa não configura resistência, porque não há previsão no
artigo. Cleber Masson, entretanto, defende que violência contra a coisa pode
configurar resistência quando for usada para intimidar, ou seja, como ameaça.

Violência ou ameaça. Devem ser aplicadas durante (meio para evitar)


a realização do ato, depois não é resistência, porque é depois da execução do
ato legal. Exemplo: agente preso e dentro da viatura indo para a delegacia
ameaça o policial (não há resistência, há na verdade crime de ameaça).

CONCURSO DE CONDUTAS. Agente fugindo do assalto e atira nos


policiais. Há duas correntes:
Ø CÉZAR BITENCOURT: não é delito de resistência, faz parte do
desdobramento do roubo.
Ø JURISPRUDÊNCIA (majoritária): é crime de resistência.

Pressupostos do crime. Legalidade do ato, independentemente de


sua justiça ou injustiça; e, competência do funcionário para a sua execução.

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Tipo subjetivo. É o dolo e o elemento subjetivo especial é representado
pelo especial fim de agir para impedir a execução do ato legal, não há
previsão de modalidade culposa.

Consumação e tentativa. Consuma-se o delito com a efetiva oposição


à prática do ato legal mediante violência ou ameaça, ainda que o ato seja
executado. Isso está tão claro que o § 1o dispõe sobre a figura qualificada pela
impossibilidade de realização do ato, o que seria mero exaurimento do crime
passou a ser qualificadora. A tentativa é teoricamente possível, porque se
admite a tentativa quando realizada por escrito.

RESISTÊNCIA QUALIFICADA
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.

Forma qualificada. O funcionário não consegue superar a resistência


que lhe opõe o agente.

Penas. No § 2º, está estabelecido que as penas desse artigo serão


aplicadas sem prejuízo das penas correspondentes à violência.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das


correspondentes à violência.

Havendo cumulação dos artigos 329 e 129 (lesão corporal), esse


parágrafo deixa claro que é em concurso material, sendo as suas regras
aplicadas.

Há autores que afirmam que se trata de concurso formal impróprio


(porque há dois desígnios autônomos: resistir e ferir), porque o agente
com uma só conduta pratica dois atos diversos: a resistência e a violência.

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A ameaça, o desacato e a desobediência são absorvidos pela


resistência.

Outros crimes. Casos de indisciplina não são suficientes para a


tipificação do delito de resistência, podendo, conforme o caso, caracterizar
desacato ou desobediência.

DESOBEDIÊNCIA
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

É uma resistência passiva.

Bem jurídico. É a Administração Pública.

Sujeito ativo. Qualquer pessoa.

PERGUNTA: o funcionário público pode ser sujeito ativo? A


jurisprudência tem entendido que o funcionário público pode ser sujeito ativo,
ainda que o título trate dos crimes cometidos por particulares. No STJ, a
quinta turma é pacífica nesse sentido (Resp’s 556.817/RS e 422.073/RS; HC
30.390/AL); na sexta turma, há vários julgados antigos no sentido de que
funcionário público não comete o crime, salvo se estiver na condição de
particular. No TRF5, há vários julgados do próprio Pleno (Inq’s 623, 432, 428,
por exemplo), segundo os quais funcionário público não pode ser sujeito ativo
do crime em comento, porque se trata de crime praticado por particular contra
a Administração. Não obstante isso, há um julgado (RSE 814, de 07/04/06)
admitindo a hipótese. Note-se que a ordem não pode estar ligada às suas

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funções, porque se se tratar de suas funções específicas, pode ser configurada
um crime de prevaricação.

PREFEITO MUNICIPAL. Quando não atende à ordem judicial, trata-se


de crime especial previsto no DL 201/67.

Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,


sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente
do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: (crimes de
responsabilidade impróprios)
XIV - Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou
deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou
da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente;

Sujeito passivo. O Estado (vítima primária) e o funcionário público


(vítima secundária).

Conduta. São requisitos:

Ø ORDEM. A ordem pode ser um fazer ou um não-fazer; do que decorre


que o crime pode ser praticado por ação ou por omissão. Para a configuração
do crime não basta mera solicitação (exemplo: policial que solicita a retirada do
veículo da faixa de pedestres) ou mero pedido.
Ø ORDEM LEGAL: substancial ou formalmente legal.
Ø ORDEM LEGAL EMITIDA POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO: o
funcionário público deve ter competência para a emissão da ordem.
Ø DESTINATÁRIO TENHA O DEVER DE CUMPRI-LA: o destinatário
deve ter obrigação de cumprir a ordem emitida.

Tipo subjetivo. É o dolo.

Consumação. Depende do conteúdo da ordem:

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Ø Se determina uma omissão: o crime se consuma no momento da


ação;
Ø Se determina uma ação, duas hipóteses podem ocorrer: se a ordem
fixou prazo para a ação, o crime se consumará com o decurso desse prazo,
mas, se a ordem não fixou qualquer prazo, o crime estará consumado com o
decurso de um tempo juridicamente relevante a ser analisado no caso concreto.

Vale anotar que de acordo com a jurisprudência, se alguma norma civil


ou administrativa comina uma sanção civil ou administrativa para um fato que
poderia caracterizar desobediência, mas se deixa de ressalvar a sua cumulação
com a pena criminal, não pode haver a responsabilização penal. Exemplo:
o art. 219, do CPP, faz expressa ressalva a punição por desobediência, assim, a
testemunha faltosa no processo penal pode responder por desobediência.

Tentativa. Somente é possível na modalidade comissiva.

Testemunha. Processo penal se foi formalmente intimada e não


comparece à audiência pratica o crime de desobediência.

Vítima. No processo penal se foi formalmente intimada e não comparece


à audiência NÃO pratica o crime de desobediência, em que pese poder ser
conduzida coercitivamente.

Inventariante. Se foi formalmente intimado para prestar contas no


inventário e não prestou, se o juiz não ressalvou que a omissão configura crime
de desobediência, não estará configurada a desobediência, porque a lei do CPC
não traz a ressalva de que a omissão será desobediência.

PERGUNTA: A fuga de preso, sem violência, configura crime de


desobediência? Não. Trata-se de uma infração disciplinar, vez queo ato de fugir
é faculdade do preso.
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DESACATO
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou
em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Bem jurídico. É a Administração Pública.

Sujeito ativo. Qualquer pessoa.

PERGUNTA: o funcionário público pode praticar desacato? Há quatro


correntes:
Ø somente se estiver fora de suas funções, porque nesse momento o
funcionário público se equipara ao particular;
Ø poderá praticar desacato ainda que no exercício da função, desde que
seja contra um superior hierárquico.
Ø Não. porque se trata de crime praticado por particular contra a
Administração.
Ø Pode. Esta posição, correta e atualmente consolidada em sede
doutrinária, há muito tempo também passou a ser adotada pela jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal. O Superior Tribunal de Justiça possui igual
entendimento.

PERGUNTA: o advogado pode praticar desacato no exercício da sua


função? Nos termos do 2o, art. 7o, do Estatuto da OAB, prevê a imunidade do
advogado no exercício de suas funções para os seguintes delitos: injúria,
difamação e desacato. O STF, em uma ADI (promovida pela AMB),
declarou inconstitucional o dispositivo na parte que tratava do
desacato.

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Exemplo: promotor e juiz que ofendem advogado podem ser sujeitos
ativos de crime de injúria, mas o advogado não pode ser sujeito passivo de
desacato, porque não é funcionário público.

Sujeito passivo. O Estado (primário) e o funcionário público desacatado


(secundário). O funcionário pode não estar no exercício de sua função, porque o
tipo prevê que basta o desacato em razão da função.

Conduta. Desacatar significa menosprezar, ofender o funcionário


público com objetivo de achaca-lo, humilha-lo no exercício da função ou em
razão dela. O desacato pode manifestar-se por palavras injuriosas,
difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças,
gestos obscenos, gritos agudos, etc. A conduta é livre pode ser praticada por
gestos, por palavras ou por escrito. É crime formal e mesmo que a pessoa se
julgue ou não ofendida, o crime está configurado.

É essencial a presença do ofendido, caso contrário não se configura


esse tipo penal; mas a publicidade do ato não é elemento pertencente ao
tipo penal. Basta estar no ambiente e ter ouvido a ofensa, basta que chegue
diretamente ao funcionário público, basta que tenha ouvido. EXEMPLO: o preso
estava na cela falando mal do Delegado Federal que ouviu tudo, configura-se
crime de desacato, basta a presença “de audita”.

Se o ato se realiza na ausência do funcionário público, o agente


responde pelo delito de injúria qualificada (arts. 140 e 141), que dispensa a
presença do funcionário público.

Tipo subjetivo. É o dolo e o elemento subjetivo especial é representado

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pelo especial fim de menosprezar a função pública da vítima. Não há
previsão de modalidade culposa.

Consumação e tentativa. Consuma-se o delito com a prática do ato


ofensivo. A tentativa é teoricamente possível (BITENCOURT). A maioria entende
que não é possível a tentativa.

Outros crimes. O desacato absorve as vias de fato, a lesão corporal


leve, a ameaça, a difamação e a injúria, pela aplicação do princípio da
consunção. Em se tratando, porém, de crime mais grave, como a lesão corporal
de natureza grave ou a calúnia, há concurso formal.

Conceito de funcionário público. Deve-se observar o disposto no


artigo 327, CP.

Prisão em flagrante. Com a nova Lei dos Juizados Especiais Federais


não admite a elaboração do auto de prisão em flagrante quando o agente se
comprometa em comparecer ao juizado. Note-se: todos os crimes de menor
potencial ofensivo admitem a prisão em flagrante, o que não pode é emitir o
auto de prisão em flagrante, quando haja o compromisso.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário.

Bem jurídico. É a confiança da Administração Pública.


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Sujeito ativo. Qualquer pessoa.

Conduta. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,


vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função. Trata-se de um estelionato
diferenciado, em que o agente procura tirar vantagem de suas alegações, no
sentido de, em troca de vantagem, beneficiar terceiro. Este, enganado pela
conversa do agente, dispõe-se a entregar-lhe a vantagem em troca do ato que
o agente pode levar o funcionário a praticar. Se o agente realmente gozar de
influência e fizer uso, haverá outro crime, como corrupção ativa e passiva. Se o
agente visa vantagem patrimonial a pretexto de influir especificamente em juiz,
jurado, órgão do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha, o crime é o de exploração de prestígio (art. 357, CP).

Consumação. O crime se consuma no exato instante em que o agente


solicita, exige, cobra ou obtém a vantagem ou promessa. A tentativa é
possível, como no clássico exemplo da solicitação por escrito.

CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Exceção pluralística à teoria monista no concurso de agentes. O


crime de corrupção ativa rompe o disposto no art. 29, CP acerca do concurso de
pessoas: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Assim, ao tratar da corrupção
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no âmbito criminal o legislador pátrio tipificou com crimes distintos o funcionário
público e o particular que deles participam.

PERGUNTA: o pluralismo retira o concurso de pessoa? Não, continua


havendo o concurso de pessoas, porque o pluralismo é uma teoria dentro do
concurso de pessoas.

Sujeito ativo. Qualquer pessoa.

Sujeito passivo. O Estado-Administração e o funcionário público, desde


que não aceite a promessa ou a vantagem. Se o funcionário público aceitar a
promessa ou a vantagem será autor da corrupção passiva e não vítima da
corrupção ativa.

Conduta. É oferecer ou promoter vantagem indevida.

Distinção entre os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa.

CORRUPÇÃO PASSIVA (artigo CORRUPÇÃO ATIVA (artigo 333)


317)
Solicitar DAR
A corrupção parte do corrupto Não está descrito no artigo 333.
e não do corruptor. Assim se o funcionário solicita e o
Crime formal particular dá a conduta é atípica.
O particular somente é punido
quando a corrupção parte dele.
Nessa conduta o particular é uma
vítima.
Receber Oferecer
Crime material Crime formal
Aceitar promessa Prometer
Crime formal Crime formal

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As corrupções ativa e passiva não dependem uma da outra para existir,
pois, se o funcionário público recusa a oferta não pratica a corrupção passiva,
mas aquele que ofereceu pratica a corrupção ativa.

O crime é de ação livre, podendo ser praticado de qualquer forma:


palavras, gestos, escritos e outros.

O crime pode ser praticado diretamente pelo funcionário público ou por


interposta pessoa, que pratica também o crime de corrupção ativa, porque é co-
autor.

Tipo subjetivo. É o dolo acrescido do elemento específico de determinar


a funcionário público à prática, omição ou retardamento de ato de ofício.

Consumação. O crime de corrupção ativa é crime formal de


consumação antecipada, bastando oferecer ou prometer, será consumado
ainda que o funcionário público recuse a vantagem indevida.

Tentativa. Dependendo da maneira de realização da conduta, se for de


maneira subsistente ou plurisubsistente. Exemplo: carta interceptada.

Aumento de pena. O mero exaurimento do crime está previsto como


causa de aumento de pena. Vejamos.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão


da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

DESCAMINHO

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Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
em lei
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta
por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação
legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Conduta. O delito tem por finalidade “iludir”, “frustrar” o pagamento do


do tributo devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

O crime pode ocorrer em duas situações:

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Ø 1 - quando a pessoa traz para o Brasil (importa) uma mercadoria
permitida, mas, ao fazê-lo, engana as autoridades e com isso não paga (ilude) o
imposto devido; ou
Ø 2 - quando a pessoa manda para fora do Brasil (exporta) uma
mercadoria permitida, mas, ao fazê-lo, engana as autoridades e com isso não
paga (ilude) o imposto devido.

PERGUNTA: Para que o crime ocorra, é necessário que o agente tenha


agido de forma fraudulenta? SIM. Existe certa polêmica sobre o assunto, mas a
posição majoritária é a de que o agente deverá ter atuado com fraude para
iludir o pagamento do imposto devido. Veja esse trecho de julgado do STJ que
tratou sobre o descaminho:

(...) A fraude pressuposta pelo tipo, ademais, denota artifícios mais


amplos para a frustração da atividade fiscalizadora do Estado do que o
crime de sonegação fiscal, podendo se referir tanto à utilização de
documentos falsificados, quanto, e em maior medida, à utilização de
rotas marginais e estradas clandestinas para sair do raio de visão das
barreiras alfandegárias (...) (STJ. 5a Turma. REsp 1376031/PR, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 04/02/2014)

Em sentido contrário, entendendo que o delito de descaminho não exige


a fraude: BALTAZAR JR.

Bem jurídico. O bem jurídico protegido é o interesse do Estado na


arrecadação dos tributos.

PERGUNTA: Quais os impostos que o tipo penal visa proteger? Imposto


de importação, de exportação e imposto sobre produtos industrializados.

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Sujeito ativo. Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado
por qualquer pessoa. Para a configuração do descaminho previsto no caput, o
agente não precisa ser comerciante.

Coautoria. O delito admite coautoria, como na situação daquele que


fornece o dinheiro para que um terceiro lhe traga as mercadorias do exterior
iludindo o pagamento do imposto. Nesse caso, ambos responderão como
autores, sendo o proprietário o autor funcional (BALTAZAR JR., José Paulo.
Crimes Federais. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 395).

Participação. É admitida a participação, como no caso do ‘batedor’, que


vai dirigindo outro veículo na frente do automóvel que transporta as
mercadorias para avisar quando há postos de fiscalização.

De igual forma, é considerado partícipe o ‘olheiro’, pessoa encarregada


de avisar, por telefone celular, os lojistas quando a equipe de fiscalização está
chegando no local da “feira”. Nesse sentido: BALTAZAR JR., p. 395.

Funcionário público que tem dever de evitar o descaminho

Se o agente é funcionário público e facilita a prática do descaminho,


infringindo seu dever funcional, ele responderá pelo crime do art. 318 do CP e o
particular pelo art. 334. Trata-se de uma exceção pluralista à teoria monista
prevista no art. 29 do CP.

Sujeito passivo. O Estado (mais especificamente a União, considerando


que os impostos devidos nas operações de importação e exportação são
federais).

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Elemento subjetivo. Dolo (não admite forma culposa).

Consumação e tentativa. O crime de descaminho é formal. Dessa


forma, ainda que o sujeito venha a realizar o pagamento do tributo o crime já
foi de fato perpetrado, e não estará extinta a punibilidade.

Nesse sentido, decidiu o STJ. 5ª Turma. RHC 43.558-SP, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 5/2/2015 (Info 555). Antes o STJ entendia que o crime de
descaminho era material. Ocorre que, em 2013, a Corte decidiu rever sua
posição e passou a decidir que o descaminho é delito formal. Essa é a posição
que vigora atualmente tanto no STJ como no STF. Desta forma, para que seja
proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição
definitiva do crédito tributário. Não se aplica, portanto, a Súmula
Vinculante 24.

Tentativa. é possível.

Emprego de falsidade ideológica ou material. PERGUNTA: Se o


agente, para iludir as autoridades, faz declaração ideologicamente falsa (ex:
declara ao auditor fiscal que não está trazendo do exterior nenhuma mercadoria
sujeita à tribução), ele responderá por descaminho em concurso com o crime de
falsidade ideológica (art. 299)? Não. O agente responderá apenas pelo crime de
descaminho se a declaração falsa foi feita com o exclusivo fim de iludir o
pagamento do tributo.

Aplica-se o princípio da consunção, considerando que a declaração


falsa foi apenas o meio necessário para a prática do descaminho. Logo, nesse
contexto, a falsidade fica absorvida pelo descaminho. STJ. 5ª Turma. RHC
31.321-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/5/2013 (Info 523).

A mesma solução acima (princípio da consunção) deverá ser aplicada no


caso de uso de documento materialmente falso.
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Princípio da insignificância. PERGUNTA: poderá ser aplicado o


princípio da insignificância para o crime de descaminho? Sim. Decidiu o STJ, ao
considerar que o descaminho não é crime material (mas sim formal) e que ele
defende outros bens jurídicos além da arrecadação, a consequência lógica seria
não mais utilizar o parâmetro de R$ 10 mil reais como critério para a aplicação
do princípio da insignificância. No entanto, não foi isso que se verificou e o STJ
continua aplicando o princípio da insignificância ao crime de
descaminho quando o valor dos tributos elididos não ultrapassar a
quantia de dez mil reais, estabelecida no art. 20 da Lei n. 10.522/02 (STJ. 5ª
Turma. AgRg no REsp 1453259/PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
05/02/2015).

O pagamento do tributo devido não extingue a punibilidade do crime de


descaminho. STJ. 5ª Turma. RHC 43.558-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
5/2/2015 (Info 555).

Pena. A pena do crime de descaminho vai de 1 a 4 anos. Como a pena


mínima é igual a 1 ano, o acusado pode ser beneficiado com a suspensão
condicional do processo (art. 89 da Lei n 9.099/95).

Competência. Competência da Justiça Federal.

Em termos territoriais, a competência será da seção judiciária onde os


bens foram apreendidos, não importando o local por onde entraram no país (no
caso de importação) ou de onde seguiriam para o exterior (na hipótese de
exportação). Tal entendimento está cristalizado em enunciado do STJ:

Súmula 151-STJ: A competência para o processo e julgamento por


crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal
do lugar da apreensão dos bens.

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Ex: polícia encontra em Curitiba (PR) carro repleto de notebooks
importados sem pagamento do imposto devido. O condutor confessa que trouxe
os computadores do Paraguai por meio de Foz do Iguaçu (PR). A competência
para apurar esse delito será de uma das varas federais de Curitiba (e não de
Foz do Iguaçu).

Alteração praticada pela Lei 13.008/2014:

Antes: a pena aumentava apenas no caso de transporte aéreo.

Agora: a pena é aumentada nos casos de transporte aéreo,


marítimo ou fluvial.

CONTRABANDO
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
dependa de registro, análise ou autorização de órgão público
competente
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria

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proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Redação anterior:

Não havia o art. 334-A. O delito de contrabando era previsto na primeira


parte do art. 334. A redação da conduta típica permaneceu a mesma.

Alterações praticadas pela Lei 13.008/2014:

1 - O contrabando foi deslocado do art. 334 e passa agora a ser previsto


no art. 334-A, que foi inserido pela Lei.

2 - A pena do contrabando foi aumentada. Era de 1 a 4 anos e agora


passa a ser de 2 a 5 anos.

Conduta no crime de contrabando. O crime pode ocorrer em duas


situações:

Ø quando a pessoa traz para o Brasil (importa) uma mercadoria


proibida; ou

Ø quando a pessoa manda para fora do Brasil (exporta) uma


mercadoria proibida.

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Em se tratando de importação ou exportação de entorpecentes e de


armas de fogo, aplica-se a legislação própria.

Bem jurídico. A moralidade administrativa, a saúde e a segurança


pública. O bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do
imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e
a comercialização de produtos proibidos em território nacional (STJ. 5a Turma.
AgRg no AREsp 342.598/PR, j. em 05/11/2013).

Sujeito ativo. Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito passivo. O Estado.

Elemento subjetivo. O dolo (inadimissível forma culposa).

Crime residual. O contrabando tem natureza genérica ou residual, ou


seja, somente será aplicado quando a importação ou exportação de mercadoria
proibida não configurar algum outro crime mais específico (MASSON, Cleber.
Direito Penal Esquematizado. Vol. 3. 2014, p. 771).

Exemplo 1. Se a pessoa importa ou exporta droga (que é uma


mercadoria proibida), pratica o crime do art. 33 da Lei n.11.343/2006, e não o
delito de contrabando.

Exemplo 2. Se a pessoa importa ou exporta arma de fogo proibida,


pratica o crime do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, e não o delito de contrabando.

Princípio da insignificância. É inaplicável o princípio da insignificância


ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além
do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse
estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em
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território nacional (STJ. 5a Turma. AgRg no AREsp 342.598/PR, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 05/11/2013). O caso mais comum e que pode cair na sua
prova é o de contrabando de cigarros.

Pena. A pena do crime de contrabando foi aumentada. Antes era de 1 a


4 anos e agora passa a ser de 2 a 5 anos. Como a pena mínima é superior a 1
ano, o acusado não pode mais ser beneficiado com a suspensão condicional do
processo (art. 89 da Lei n.9.099/95). Frise-se que existem mercadorias que são
objeto de contrabando e que podem ser extremamente nocivas. Contudo, na
maioria dos casos observa-se a prática do crime por pessoas simples que
cruzam as fronteiras a pé ou de ônibus transportando cigarros ou gasolina
proibida. Com a nova redação, o legislador passou a negar a medida
despenalizadora a esses acusados.

Competência. Competência da Justiça Federal.

A ação penal é pública incondicionada. A súmula 151/STJ estabelece que


a competência para o processo e julgamento por crime de contrabando e
descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão
dos bens.

Alteração praticada pela Lei 13.008/2014:

Antes: a pena aumentava apenas no caso de transporte aéreo.

Agora: a pena é aumentada nos casos de transporte aéreo, marítimo ou


fluvial.

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Falha da Lei. Como vimos anteriormente, o contrabando agora não
mais está previsto no art. 334, mas sim no art. 334-A do CP. Diante disso,
constata-se que houve uma falha do legislador. Isso porque a Lei n.°
13.008/2014 deveria ter alterado também o art. 318 do CP, que tem a seguinte
redação:

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO


Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa

A Lei n. 13.008/2014 deveria ter atualizado a redação para separar o


descaminho (art. 334) do contrabando (art. 334-A). Apesar disso, entendemos
que a pessoa que facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando, continua respondendo pelo crime do art. 318 do CP. Isso porque o
tipo penal do art. 318 fala em contrabando, sendo a menção ao art. 334
meramente explicativa. O crime de contrabando continua existindo, no entanto,
agora no art. 334-A do CP. Não houve abolitio criminis, mas sim continuidade
normativo-típica.

IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA


Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou
venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência,
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.

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Revogado pela Lei 8.666/93, nos seus arts. 93 e 95, que pune as
mesmas condutas.

INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL


Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar
edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Objetividade jurídica. O bem jurídico protegido é a Administração


Pública, notadamente a publicidade dos editais e a integridade dos selos ou
sinais empregados à identificação ou cerramento de qualquer objeto.

Objeto material. O objeto material do tipo penal em estudo é o edital,


bem como selo ou sinal empregado por determinação legal ou por ordem de
funcionário público para identificar ou cerrar qualquer objeto.

Elemento objetivo. As condutas punidas são: rasgar (dilacerar),


inutilizar (tornar inútil,inservível) e conspurcar (macular, sujar) edital afixado
por ordem de funcionário público. Também são punidas as ações de violar (no
sentido de romper, devassar, profanar) e inutilizar (destruir, deteriorar) selo
ou sinal empregado para identificar ou cerrar qualquer objeto.

O tipo penal em estudo contém diferentes objetos materiais. Na primeira


parte do art. 336, a conduta do sujeito ativo é dirigida contra edital e na
segunda, contra selo ou sinal.

Importante ressaltar que se os objetos materiais referidos no tipo penal


em questão perderem utilidade e com isso vierem a ser rasgados, inutilizados
ou conspurcados o fato será atípico.
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Elemento subjetivo. Em qualquer hipótese será punido a título de dolo.


O agente tem a vontade de praticar uma das condutas previstas no tipo penal e
tem consciência de que age sobre edital, selo ou sinal emanado de funcionário
público.

Sujeito ativo. Sujeito ativo é qualquer pessoa, inclusive o funcionário


público. Trata-se de crime comum.

Sujeito passivo. Sujeito passivo é o Estado, por meio do ente público


responsável pela afixação do edital ou pela aposição do selo ou sinal destinados
a identificar ou cerrar o objeto.

Consumação. O momento consumativo ocorre no instante em que o


agente rasga, inutiliza ou conspurca o edital. Da mesma forma, ocorrerá a
consumação quando o sujeito ativo vier, efetivamente, a violar ou a inutilizar
selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.

Tentativa. A tentativa é admitida em ambas as figuras penais, por


serem plurissubsistente.

Classificação doutrinária. Trata-se de crime comum (aquele


praticado por qualquer pessoa); de forma livre (pode ser praticado por
qualquer meio de execução), material (aquele que o tipo penal descreve uma
conduta e um resultado naturalístico, sendo este último indispensável para sua
consumação); instantâneo (aquele que o momento consumativo ocorre em um
só instante, sem continuidade temporal); monossubjetivo (aquele que é
praticado por um só agente, mas admite concurso de pessoas) e
plurissubsistente (aquele que a conduta típica é representada por vários atos,
formando um processo executivo que permite o fracionamento).

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Pena. A pena cominada é de detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Trata- se de infrações de menor potencial ofensivo, sujeitando-se as disposições
da Lei n. 9.099/95.

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO


Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
oficial, processo ou documento confiado à custódia de
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço
público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
crime mais grave.

Objetividade jurídica. O bem jurídico protegido é a Administração


Pública, notadamente, a propriedade, a posse e a integridade dos livros,
processos e documentos de seu interesse, próprios ou particulares.

Objeto material. O objeto material do tipo penal em estudo é o livro


oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário público, em
razão de ofício ou de particular em serviço público.

Elemento objetivo. As condutas punidas são: subtrair (tirar, no


sentido utilizado no tipo penal previsto no art. 155 do Código Penal – furto, ou
seja, retirar o objeto material da esfera de disponibilidade do funcionário) e
inutilizar (tornar inservível, inútil), total ou parcialmente, livro oficial, processo
ou documento.

Livro oficial é aquele instituído por lei, em sentido amplo, para


determinada finalidade de registro.

Processo é a reunião organizada de atos de qualquer natureza –


administrativa, judicial etc., que se materializa naquilo que denominamos de
autos.
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Documento é todo papel no qual está aposta uma informação


juridicamente relevante. Pode ser de natureza pública ou privada.

Trata-se de uma norma penal subsidiária, por expressa previsão na lei.

Elemento subjetivo. O fato é punido a título de dolo. O agente tem


consciência de que se trata de livro oficial, documento ou processo que esteja
sob a custódia de funcionário público ou de particular em serviço público.

Sujeito ativo. É qualquer pessoa, até mesmo o funcionário público,


desde que não seja o responsável pela guarda do objeto material subtraído ou
inutilizado, uma vez que, em caso contrário responderá pelo art. 314 do Código
Penal. Se o funcionário tem a guarda de um livro oficial jamais poderá subtraí-
lo.

Sujeito passivo. É o Estado, através do ente da Administração Pública


responsável pelo livro, processo ou documento subtraído ou inutilizado. Em
caráter secundário, a pessoa que possui interesse nas informações que
constavam no objeto material em comento.

Consumação. O momento consumativo ocorre com a subtração ou


inutilização, total ou parcial, do livro oficial, processo ou documento. A
consumação ocorre quando o agente retira o objeto material da esfera de
disponibilidade da vítima, fazendo-o ingressar na sua posse tranquila, tal como
ocorre no crime de furto tipificado pelo art. 155 do Código Penal.

Tentativa. Admite-se a tentativa, pois se trata de crime


plurissubsistente.

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Ø A subtração ou inutilização de livro ou documento não se confunde


com o delito de supressão de documento (art. 305 do CP), o qual é
caracterizado como um crime de falsidade documental, tendo como objeto
material o documento público ou particular destinado à provar relações jurídicas
e o sujeito ativo pratica a conduta visando obter vantagem própria ou de
terceiro, em prejuízo alheio.
Ø O extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento previsto
no Código Penal em seu art. 314 não se confunde com o tipo penal em estudo,
uma vez que é crime próprio e somente o funcionário público que tem a guarda
do livro oficial ou documento pode ser o autor da infração. No art. 337 do
Código Penal, o sujeito ativo não tem a custódia do bem, ocorrendo a sua
subtração.
Ø O delito de sonegação de papel ou objeto de valor probatório (art. 356
do CP) só pode ser praticado pelo advogado ou procurador, tratando-se de um
crime contra a Administração da Justiça, diferenciando do tipo penal em estudo.

Classificação doutrinária. Trata-se de crime comum (aquele


praticado por qualquer pessoa); de forma livre (pode ser praticado por
qualquer meio de execução), material (aquele que o tipo penal descreve uma
conduta e um resultado naturalístico, sendo este último indispensável para sua
consumação); instantâneo (aquele que o momento consumativo ocorre em um
só instante, sem continuidade temporal); monossubjetivo (aquele que é
praticado por um só agente, mas admite concurso de pessoas) e
plurissubsistente (aquele que a conduta típica é representada por vários atos,
formando um processo executivo que permite o fracionamento).

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Pena. A pena cominada é de reclusão, de dois a cinco anos, se o fato
não constitui crime mais grave. Aplica-se o procedimento comum ordinário
previsto nos arts. 394 a 405 do Código de Processo Penal.

SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA


Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária
e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribuições sociais previdenciárias:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais.
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil,
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quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço
até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado
nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos
benefícios da previdência social.

Com advento da Lei 9.983/2000, que trouxe o art. 337-A, não subsiste
dúvida quanto à derrogação do art. 1º, I, da Lei 8.137/90, no que tange à
contribuição previdenciária.

Condutas Típicas. São omissivas: a) suprimir (deixar de declarar); b)


reduzir (declarar valor menor do que o devido). Trata-se de crime de ação
vinculada, que só se configura quando a sonegação se reveste de uma das
formas descritas nos incisos I, II, e III, descritos.

Sujeito ativo. Apenas o responsável pelo lançamento das informações


nos documentos endereçados à autarquia. Em princípio pode ser sujeito ativo
qualquer sócio, diretor, gerente ou administrador de um estabelecimento.
Porém, o simples fato de sócio ou gerente não pode levar à responsabilização,
caso não tenha tomado ciência da sonegação.

O objeto material são as contribuições sociais e o crime se consuma


no momento em que o agente suprime ou reduz a contribuição social.

Sujeito passivo. O Estado.

Ao contrário do art. 168-A, § 2º, que prevê a extinção da punibilidade


quando o agente promove o pagamento do tributo ou da contribuição social
antes do recebimento da denúncia, a norma do art. 337-A admite a extinção da
punibilidade se o agente, de forma espontânea, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores sonegados e presta as devidas
informações à autarquia previdenciária, nos termos da lei e do regulamento,
antes do início da ação fiscal. Portanto, não há necessidade pagamento.
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Perdão judicial. Presentes as condições subjetivas (primariedade e


bons antecedentes) e o parâmetro objetivo (valor igual ou inferior àquele fixado
pela Previdência como o mínimo para o ajuizamento das execuções fiscais.

Aqui cabe salientar que esse valor para o perdão judicial não se confunde
com o valor que se considera extinto o próprio crédito tributário. Nesta última
hipótese, cujo valor até pouco tempo era de R$ 1.000,00 (Lei 9441/97, art. 1º),
aplica-se o princípio da insignificância.

“CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. NÃO RECOLHIMENTO DE


CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. IMPORTÂNCIA INFERIOR AO
PATAMAR DO DISPOSITIVO QUE DETERMINA EXTINÇÃO DOS CRÉDITOS.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.
Constatando-se que a importância que deixou de ser recolhida aos cofres
do INSS é inferior ao patamar estabelecido no dispositivo legal que
determinou a extinção dos créditos oriundos de contribuições sociais,
correta a aplicação do princípio da insignificância. Recurso desprovido”
(REsp 261403/SC; Ministro GILSON DIPP; DJ 04.02.2002 p. 464).

Quanto à causa de diminuição de pena prevista no § 3º do art. 337-A,


deve-se atentar para o fato de que o empregador tem que ser pessoa física.
Apesar de sua vigência, é difícil sua aplicação na prática, porque muito
provavelmente será invocável o princípio da insignificância.

Agora vamos praticar um pouco!

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1) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) Cicerus,


funcionário público, exercia suas funções na Circunscrição de Trânsito e
recebeu quantia em dinheiro de uma autoescola para aprovação e
fornecimento de carteira de habilitação aos candidatos nela
matriculados, sem os necessários exames. Cicerus cometeu crime de
a) concussão.
b) corrupção ativa.
c) prevaricação.
d) corrupção passiva.
e) peculato.

Gabarito: D. A conduta descrita no enunciado da questão é


caracterizada pelo verbo receber, configurando, assim, o delito previsto no art.
317, CP. Vejamos.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

2) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) A respeito


dos Crimes Contra a Administração pública, considere:
I. Comete o crime de condescendência criminosa o funcionário
público que, por indulgência, sabendo da prática de infração
administrativa por parte de subordinado, deixa, quando lhe faltar
competência para responsabilizar o subordinado, de levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente.

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II. Equipara-se a funcionário público a pessoa que trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração.
III. Não configura desacato a ofensa dirigida a funcionário
público em razão de suas funções se não estiver no exercício dessas
funções no momento da ofensa.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) III.
e) II.

Gabarito: A. Encontram-se corretos os itens I e II.


Item I - Comete o crime de condescendência criminosa o funcionário
público que, por indulgência, sabendo da prática de infração administrativa por
parte de subordinado, deixa, quando lhe faltar competência para responsabilizar
o subordinado, de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. O
item corresponde ao art. 320, CP.
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Item II - Equipara-se a funcionário público a pessoa que trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração. O item correponde ao art. 327, § 1º, CP.
Funcionário públicoi
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
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§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.
Item III - Não configura desacato a ofensa dirigida a funcionário público
em razão de suas funções se não estiver no exercício dessas funções no
momento da ofensa. Configura o crime de desacato tanto o achincalhamento
direito ao funcionario, como o seu achincalhamento em razão de suas funções.
É o que consta no art. 331, CP.
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

3) (FCC – TRT 9ª Região (PR) – Técnico Judiciário – 2015)


Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a
Administração em geral, é correto afirmar:
a) Os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão e excesso
de exação são hediondos.
b) Crimes funcionais próprios são aqueles que se for excluída a
qualidade de funcionário público, haverá a desclassificação para crime
de outra natureza.
c) Crimes funcionais impróprios são aqueles cuja exclusão da
qualidade de funcionário público torna o fato atípico.
d) O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais.
e) Após o recebimento da denúncia sempre será adotado o rito
sumário.

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Gabarito: D. Trata-se de uma condição objetiva da progressão neste
tipo de crime, prevista no art. 33, § 4o, CP.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação
do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com
os acréscimos legais.
Análise dos demais itens.
Item A ERRADO. Os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão
e excesso de exação são hediondos. Os delitos mencionados não se
encontram no rol taxativo de delitos hediondos, previstos no art. 1º da Lei
n. 8.072/90.
Item B ERRADO. Nos crimes funcionais próprios a ausência da
qualidade de funcionário do agente torna o fato atípico.
Item C ERRADO. O item traz, na verdade, a definição de crimes
funcionais próprios e não impróprios.
Item E ERRADO. O rito, nos crimes praticados por funcionário publico,
após o recebimento da denúncia seguirá o rito comum, nos termos do art. 513 e
seguintes do CPP.

4) (FCC – TRT 9ª Região (PR) – Técnico Judiciário – 2015)


Considere os seguintes tipos de crimes e suas definições.
Tipo de Crime
( ) Condescendência Criminosa
( ) Peculato
( ) Corrupção passiva

Definição
1. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

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2. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
3. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente.
A correta relação entre o crime e sua definição, de cima para
baixo, está em:
a) 1, 2 e 3.
b) 2, 1 e 3.
c) 3, 2 e 1.
d) 2, 3 e 1.
e) 3, 1 e 2.

Gabarito: E. A sequencia correta das definições apresentaas são:


peculato (art. 312, CP), corrupção passiva (art. 317, CP) e condescendência
criminosa (art. 320,CP). Vejamos.
Peculato
Art. 312 CP - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Corrupção Passiva
Art. 317 CP - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Condescência Criminosa
Art. 320 CP - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
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falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

5) (FCC – TRF 3ª Região – Técnico Judiciário – 2016) A respeito


dos crimes de corrupção ativa e passiva, considere:
I. O delito de corrupção ativa não se caracteriza quando, apesar
da solicitação de vantagem indevida, o resultado pretendido pelo
agente não ocorreu.
II. O crime de corrupção passiva só se configura com a
ocorrência simultânea do crime de corrupção ativa.
III. É indispensável para a caracterização do delito de corrupção
ativa que a solicitação de recebimento de vantagem indevida tenha
relação com a função pública exercida pelo agente.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) III.
e) II.

Gabarito: D. Somente o item III se encontra correto e encontra seu


fundamento de validade no art. 333, CP. Vejamos.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Item I ERRADO. O crime de corrupção ativa (art. 333, CP) é crime
formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado, e por isso de
consuma com as condutas oferecer ou prometer, não havendo necessidade de
concretização do resultado pretendido.

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Item II ERRADO. Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de
vantagem, o crime de corrupção passiva é crime de formal, não exigindo o
efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de receber vantagem
ilícita, o crime é material, exigindo-se o efetivo recebimento da vantagem.
Registre-se que em todos esses casos não se exige que o funcionário
público efetivamente pratique ou deixe de praticar o ato em razão da
vantagem ou promessa de vantagem recebida.

6) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) A respeito


do crime de advocacia administrativa, considere:
I. Caracteriza-se mesmo que o interesse privado patrocinado seja
legítimo.
II. Não se caracteriza se o patrocínio for feito por terceira pessoa
que apareça como procurador.
III. Só pode ser cometido por advogado.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e II.
b) I.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.

Gabarito: B. Acerca do crime de advocacia administrativa, observamos


estar correto, tão somente, o item I. A advocacia administrativa, conforme
estudamos, poderá poderá ser própria ou imprópria. No primeiro caso, a
advocacia administrativa o interesse é ilegítimo (art. 321, parágrafo único); no
segundo, o interesse patrocinado é legítimo.
Item II – ERRADO. O patrocínio - que não depende de qualquer
vantagem econômica em contrapartida ao agente público - pode ser direto,
quando exercido pelo próprio funcionário público, ou indireto, na hipótese que
ele se vale de terceira pessoa, a qual age sob o manto do seu prestígio
(exemplo: o Secretário de Obras, querendo auxiliar um amigo, pede a um
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funcionário seu para solicitar ao fiscal a não interdição das obras de um
estabelecimento commercial).
Item III – ERRADO. O crime de advocacia administrativa possui esse
nomen juris em razão de ter em sua essência a defesa de interesses privados
perante a Administração Pública, aproveitando-se o funcionário público das
facilidades proporcionadas pelo seu cargo. Como bem observa CLEBER
MASSON, “a palavra utilizada na rubrica marginal (“advocacia”) transmite a
equivocada ideia de tratar-se de delito praticado exclusivamente por advogados,
quando na verdade tem o sentido de “defesa” ou “patrocínio”." (In, Código
Penal Comentado. 2ª ed. 2014).

7) (FCC – DPE/SP – Analista de Sistemas – 2015) Verônica,


funcionária da Defensoria Pública do Estado que tem a posse de um
telefone celular de propriedade da Defensoria Pública, pelo qual é
responsável, em determinado dia de trabalho ao sair para almoçar
esqueceu este telefone em cima de sua mesa de trabalho. Vagner, seu
colega de trabalho na mesma função, nota o descuido e subtrai o
aparelho celular. Nesta situação hipotética, diante do Código Penal
brasileiro é correto afirmar que Verônica
a) e Vagner cometeram crime de peculato, se sujeitando às
mesmas penalidades, pois ambos concorreram para o crime.
b) cometeu o crime de peculato mediante erro de outrem
enquanto Vagner cometeu o crime de peculato doloso.
c) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de
peculato, pois se apropriou de bem móvel público de que tem a posse
em razão do cargo em proveito próprio ou alheio.
d) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de
peculato culposo.
e) cometeu o crime de peculato culposo e Vagner cometeu o
crime de peculato, pois ele não estava em posse do bem, mas mesmo
assim o subtraiu, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
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Gabarito: E. A resposta correta para o problema apresentado pela


questão encontra-se no item E. Veja que Verônica, funcionária pública,
negligenciou a guarda de bem publico, o qual acabou sendo objeto de furto por
terceiro. Por tal responderá por delito de peculato culposo (art. 312, §2°). Já
Vagner, também funcionário público, aproveitou-se do descuido de Verônica e
subtraiu o celular funcional. Incorreu ele no crime de peculato furto, previsto no
art. 312, §1°, CP.

8) (COMPERVE – Câmara de Natal-RN – Guarda Legislativo –


2016) Nos crimes contra a administração, existe uma gama de crimes
praticados por funcionários públicos. Nesse contexto, é primordial
definir o que é funcionário público para efeitos penais e suas
consequências, inclusive para efeito de majoração da pena. Sobre essa
questão, o código Penal estabelece:
a) considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem
está legalmente investido em cargo público efetivo perante a
administração direta.
b) considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
apenas permanentemente, exerce cargo, emprego ou função pública.
c) será aumentada a pena da terça parte quando os autores dos
crimes previstos no código penal forem ocupantes de cargos efetivos de
direção, assessoramento e consultoria de órgão da administração
direta, indireta, suas autarquias e fundações.
d) equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.

GABARITO. D. No gabarito oficial da presente questão foi considerada


como correto o item D, o qual reproduz o §1º, do art. 327, CPB. Vejamos.
Art. 327.
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(…)
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.
Ocorre que o item “A” também se encontra CORRETO. Segundo o art.
327, caput, CPB: considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública. Então, para se fosse marcada a resposta considerada a official
pela banca, o candidato deveria analisar dentre as alternativas “A” e “D” o item
“mais” correto ou mais completo, infelizmente.

9) (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo –


Procuradoria – 2016) Com relação aos crimes contra a administração
pública, julgue o item subsequente.
Será reduzida pela metade a pena de indivíduo condenado por
crime de peculato culposo que reparar o dano após o trânsito em
julgado do acórdão.

Gabarito. CERTO. A resposta da presente questão encontra seu


fundamento no art. 312, §§ 2º e 3º, CPB. Vejamos.
Art..312
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
de metade a pena imposta.

10) (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Área


Administrativa - Direito – 2016) Com base no Código Penal e na

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jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, a
respeito dos crimes contra a administração pública.
O agente público que ordena despesa para utilizar-se ilegalmente
de passagens aéreas e diárias pagas pelos cofres públicos comete o
crime de prevaricação.

Gabarito. ERRADO. A questão descreve exemplo de crime de peculato-


desvio. Há, inclusive, uma decisão do STJ envolvendo caso análogo. Vejamos.
PENAL E PROCESSO PENAL – PECULATO – CRIME DE
RESPONSABILIDADE – LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ. 1. Denúncia que indica o
cometimento de peculato apropriação e peculato desvio, afastando-se o
cometimento do peculato apropriação pela não indicação na peça
oferecida pelo MPF do dolo específico. 2. Comete o crime de peculato,
na modalidade desvio (art. 312, caput, segunda parte do Código
Penal), em continuidade delitiva (art. 71 Código Penal) o servidor
público que se utiliza ilegalmente de passagens e diárias pagas
pelos cofres públicos. 3. Inexiste crime de responsabilidade se o
acusado não mais exerce o cargo no qual cometeu o ilícito indicado,
mesmo que permaneça no exercício de outra função pública (art. 42 Lei
1.079/50). 4. Comete o crime de ordenação de despesa não autorizada
(art.359-D do Código Penal), o funcionário público que gera despesas e
ordena pagamentos sem a devida e prévia autorização legal. 5. A multa
por litigância de má-fé, prevista no art. 16 do Código de Processo Civil,
não se aplica ao processo penal para não inibir a atuação do defensor
(ressalva do ponto de vista da relatora). 6. Denúncia recebida em parte.
(APn .477/PB, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, julgado
em 04/03/2009, DJe 05/10/2009).

11) (UFMT – DPE/MT – Defensor Público – 2016) Assinale o


delito que admite a modalidade culposa.
a) Corrupção passiva
b) Peculato
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c) Concussão
d) Corrupção ativa
e) Prevaricação

Gabarito. B. O crime que admite a modalidade culposa é o de peculato,


previsto no § 2º do art. 312
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
de metade a pena imposta.

12) (CESPE - PC/PE – Agente de Polícia – 2016) Assinale a opção


correta com relação a crimes contra a administração pública.
a) Policial que exigir propina para liberar a passagem de pessoas
por uma estrada cometerá corrupção passiva.
b) O agente penitenciário que não recolher aparelhos celulares de
pessoas em privação de liberdade cometerá crime de condescendência
criminosa.
c) Um governador que ordenar a aquisição de viaturas policiais e
o pagamento destas com recurso legalmente destinado à educação
infantil cometerá o crime de peculato.
d) Se forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público, os autores de crimes contra a administração pública terão
direito a redução de suas penas.
e) A circunstância de funcionário público é comunicável a
particular que cometa o crime sabendo dessa condição especial do
funcionário.

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Gabarito. E. O item “E” encontra seu fundamento no art. 30, CPB: “Não
se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.”
Quanto aos demais itens:
Item “A” – ERRADO. O item descreve o crime de concussão.
Item “B” – ERRADO. O item descreve o crime de prevaricação.
Item “C” – ERRADO. O item descreve o crime de emprego irregular de
verbas públicas
Item “D” – ERRADO. Haverá, Segundo o disposto no art. 327, aumento
de 1/3 da pena.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída

13) (CESPE - PC/PE – Escrivão de Polícia – 2016) Em relação aos


crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.
a) Embora o crime de peculato admita a forma dolosa, ele não
pune a conduta culposa, que consiste na ação do agente público em
concorrer, por imperícia, imprudência ou negligência, para que outrem
se aproprie, desvie ou subtraia dinheiro, bem ou valores pertencentes à
administração pública.
b) A inserção, alteração ou exclusão de dados nos sistemas
informatizados ou nos bancos de dados da administração pública é
crime material, de modo que a consumação só ocorre quando há
prejuízo para a administração pública e(ou) ao administrado, em
benefício próprio ou de outrem.
c) É material o crime de peculato-desvio, uma vez que se
consuma no exato momento do efetivo desvio do bem que o agente
público detém ou possui em razão de seu cargo, com a necessidade da
ocorrência de dano para a administração pública.
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d) O crime de peculato-furto ocorre quando o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, do valor ou do bem, o subtrai,
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
e) O crime de denunciação caluniosa consiste em dar causa à
instauração de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-se a esse alguém infração administrativa de
que o sabe inocente.

Gabarito. D. O item “D” encontra seu fundamento no art. 312, § 1º:


Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
Quanto aos demais itens.
Item “A” – ERRADO. O peculato culposo também é punível, nos termos
do art. 312, § 2º, CPB.
Item “B” – ERRADO. A inserção, alteração ou exclusão de dados nos
sistemas informatizados ou nos bancos de dados da administração pública com
o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano é
crime formal. Consuma-se no momento da inserção, alteração ou
exclusão de dados, não sendo necessária a existência do prejuízo da
Administração Pública para caracterização do delito. É o que dispõe do art. 313-
A: “Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos,
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem
indevida para si ou para outrem ou para causar dano”
Item “C” – ERRADO. Não há necessidade de dano à Administração
Pública para ocorrer a consumação do crime de peculato-desvio.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
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qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
Item “E” – ERRADO. Na denunciação caluniosa o agente imputa a
alguem a autoria de CRIME e não de infração administrativa.
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou
ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
de que o sabe inocente

14) (MPE-SC – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina -


2016) Na condescendência criminosa do funcionário público, o qual, por
indulgência, deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo, para a configuração do crime é necessário que o
subalterno seja sancionado pela transgressão cometida.

Gabarito. ERRADO. Não há a exigência de que o subalterno seja


sancionado pela transgressão cometida, no crime de condescendência
criminosa. Vejamos.
Condescendência criminosa
CP Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente.

15) (MPE-SC – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina -–


2016) O delito de usurpação de função pública admite uma forma
qualificada, qual seja, se do fato o agente aufere vantagem, cuja pena é
de reclusão de dois a cinco anos. O delito de resistência, estabelecido
no art. 329 do Código Penal, admite uma forma qualificada, qual seja,
se o ato, em razão da resistência, não se executa.

Gabarito. CERTO. A resposta da presente questão encontra seu


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fundamento no parágrafo único do art. 328, PCB e no art. 329, CPB
Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.

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3. Lista das Questões Apresentadas

1) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) Cicerus,


funcionário público, exercia suas funções na Circunscrição de Trânsito e
recebeu quantia em dinheiro de uma autoescola para aprovação e
fornecimento de carteira de habilitação aos candidatos nela
matriculados, sem os necessários exames. Cicerus cometeu crime de
a) concussão.
b) corrupção ativa.
c) prevaricação.
d) corrupção passiva.
e) peculato.

2) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) A respeito


dos Crimes Contra a Administração pública, considere:
I. Comete o crime de condescendência criminosa o funcionário
público que, por indulgência, sabendo da prática de infração
administrativa por parte de subordinado, deixa, quando lhe faltar
competência para responsabilizar o subordinado, de levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente.
II. Equipara-se a funcionário público a pessoa que trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração.
III. Não configura desacato a ofensa dirigida a funcionário
público em razão de suas funções se não estiver no exercício dessas
funções no momento da ofensa.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) III.
e) II.
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3) (FCC – TRT 9ª Região (PR) – Técnico Judiciário – 2015)


Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a
Administração em geral, é correto afirmar:
a) Os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão e excesso
de exação são hediondos.
b) Crimes funcionais próprios são aqueles que se for excluída a
qualidade de funcionário público, haverá a desclassificação para crime
de outra natureza.
c) Crimes funcionais impróprios são aqueles cuja exclusão da
qualidade de funcionário público torna o fato atípico.
d) O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais.
e) Após o recebimento da denúncia sempre será adotado o rito
sumário.

4) (FCC – TRT 9ª Região (PR) – Técnico Judiciário – 2015)


Considere os seguintes tipos de crimes e suas definições.
Tipo de Crime
( ) Condescendência Criminosa
( ) Peculato
( ) Corrupção passiva

Definição
1. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
2. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
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3. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente.
A correta relação entre o crime e sua definição, de cima para
baixo, está em:
a) 1, 2 e 3.
b) 2, 1 e 3.
c) 3, 2 e 1.
d) 2, 3 e 1.
e) 3, 1 e 2.

5) (FCC – TRF 3ª Região – Técnico Judiciário – 2016) A respeito


dos crimes de corrupção ativa e passiva, considere:
I. O delito de corrupção ativa não se caracteriza quando, apesar
da solicitação de vantagem indevida, o resultado pretendido pelo
agente não ocorreu.
II. O crime de corrupção passiva só se configura com a
ocorrência simultânea do crime de corrupção ativa.
III. É indispensável para a caracterização do delito de corrupção
ativa que a solicitação de recebimento de vantagem indevida tenha
relação com a função pública exercida pelo agente.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) III.
e) II.

6) (FCC – TRF 3ª Região – Analista Judiciário – 2016) A respeito


do crime de advocacia administrativa, considere:

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I. Caracteriza-se mesmo que o interesse privado patrocinado seja
legítimo.
II. Não se caracteriza se o patrocínio for feito por terceira pessoa
que apareça como procurador.
III. Só pode ser cometido por advogado.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e II.
b) I.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.

7) (FCC – DPE/SP – Analista de Sistemas – 2015) Verônica,


funcionária da Defensoria Pública do Estado que tem a posse de um
telefone celular de propriedade da Defensoria Pública, pelo qual é
responsável, em determinado dia de trabalho ao sair para almoçar
esqueceu este telefone em cima de sua mesa de trabalho. Vagner, seu
colega de trabalho na mesma função, nota o descuido e subtrai o
aparelho celular. Nesta situação hipotética, diante do Código Penal
brasileiro é correto afirmar que Verônica
a) e Vagner cometeram crime de peculato, se sujeitando às
mesmas penalidades, pois ambos concorreram para o crime.
b) cometeu o crime de peculato mediante erro de outrem
enquanto Vagner cometeu o crime de peculato doloso.
c) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de
peculato, pois se apropriou de bem móvel público de que tem a posse
em razão do cargo em proveito próprio ou alheio.
d) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de
peculato culposo.
e) cometeu o crime de peculato culposo e Vagner cometeu o
crime de peculato, pois ele não estava em posse do bem, mas mesmo

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assim o subtraiu, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

8) (COMPERVE – Câmara de Natal-RN – Guarda Legislativo –


2016) Nos crimes contra a administração, existe uma gama de crimes
praticados por funcionários públicos. Nesse contexto, é primordial
definir o que é funcionário público para efeitos penais e suas
consequências, inclusive para efeito de majoração da pena. Sobre essa
questão, o código Penal estabelece:
a) considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem
está legalmente investido em cargo público efetivo perante a
administração direta.
b) considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
apenas permanentemente, exerce cargo, emprego ou função pública.
c) será aumentada a pena da terça parte quando os autores dos
crimes previstos no código penal forem ocupantes de cargos efetivos de
direção, assessoramento e consultoria de órgão da administração
direta, indireta, suas autarquias e fundações.
d) equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.

9) (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo –


Procuradoria – 2016) Com relação aos crimes contra a administração
pública, julgue o item subsequente.
Será reduzida pela metade a pena de indivíduo condenado por
crime de peculato culposo que reparar o dano após o trânsito em
julgado do acórdão.

10) (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Área


Administrativa - Direito – 2016) Com base no Código Penal e na
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jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, a
respeito dos crimes contra a administração pública.
O agente público que ordena despesa para utilizar-se ilegalmente
de passagens aéreas e diárias pagas pelos cofres públicos comete o
crime de prevaricação.

11) (UFMT – DPE/MT – Defensor Público – 2016) Assinale o


delito que admite a modalidade culposa.
a) Corrupção passiva
b) Peculato
c) Concussão
d) Corrupção ativa
e) Prevaricação

12) (CESPE - PC/PE – Agente de Polícia – 2016) Assinale a opção


correta com relação a crimes contra a administração pública.
a) Policial que exigir propina para liberar a passagem de pessoas
por uma estrada cometerá corrupção passiva.
b) O agente penitenciário que não recolher aparelhos celulares de
pessoas em privação de liberdade cometerá crime de condescendência
criminosa.
c) Um governador que ordenar a aquisição de viaturas policiais e
o pagamento destas com recurso legalmente destinado à educação
infantil cometerá o crime de peculato.
d) Se forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público, os autores de crimes contra a administração pública terão
direito a redução de suas penas.
e) A circunstância de funcionário público é comunicável a
particular que cometa o crime sabendo dessa condição especial do
funcionário.
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13) (CESPE - PC/PE – Escrivão de Polícia – 2016) Em relação aos


crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.
a) Embora o crime de peculato admita a forma dolosa, ele não
pune a conduta culposa, que consiste na ação do agente público em
concorrer, por imperícia, imprudência ou negligência, para que outrem
se aproprie, desvie ou subtraia dinheiro, bem ou valores pertencentes à
administração pública.
b) A inserção, alteração ou exclusão de dados nos sistemas
informatizados ou nos bancos de dados da administração pública é
crime material, de modo que a consumação só ocorre quando há
prejuízo para a administração pública e(ou) ao administrado, em
benefício próprio ou de outrem.
c) É material o crime de peculato-desvio, uma vez que se
consuma no exato momento do efetivo desvio do bem que o agente
público detém ou possui em razão de seu cargo, com a necessidade da
ocorrência de dano para a administração pública.
d) O crime de peculato-furto ocorre quando o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, do valor ou do bem, o subtrai,
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
e) O crime de denunciação caluniosa consiste em dar causa à
instauração de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-se a esse alguém infração administrativa de
que o sabe inocente.

14) (MPE-SC – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina –


2016) Na condescendência criminosa do funcionário público, o qual, por
indulgência, deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo, para a configuração do crime é necessário que o
subalterno seja sancionado pela transgressão cometida.
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15) (MPE-SC – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina -–


2016) O delito de usurpação de função pública admite uma forma
qualificada, qual seja, se do fato o agente aufere vantagem, cuja pena é
de reclusão de dois a cinco anos. O delito de resistência, estabelecido
no art. 329 do Código Penal, admite uma forma qualificada, qual seja,
se o ato, em razão da resistência, não se executa.

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4. Gabarito

01 – D
02 – A
03 – D
04 – E
05 – D
06 – B
07 - E
08 - D
09 - CERTO
10 - ERRADO
11 - B
12 - E
13 - D
14 - ERRADO
15 - CERTO

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