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POLITICA EN AMERICA LATINA I CONGRESO LATINOAMERICANO DE CIENCIA POLITICA Ed. Manuel Alcantara @ EDICIONES UNIVERSIDAD DE SALAMANCA HUGO.CHAVEZ DESDE A PERSPECTIVA DA MIDIA BRASILEIRA Sérgio Soares Braga Sergio Soares Braga — Hugo Chavez desde a perspectiva da mila brasileira HUGO CHAVEZ DESDE A PERSPECTIVA DA MIDIA BRASILEIRA' Sérgio Soares Braga” RESUMO: (© objetivo da comunicagio é fazer uma anilise critica das repereussbes do “fenémeno Chavez" (ou seja: dos eventos politicos ocorridos na Venezuela apés a ascensio politica de Hugo Chavez) em alguns dos principais érgios brasileitos formadores ide opiniio, tomando como objeto de andlise as reportagens publicadas na midia sobre processo politico recente da Venezuela. Procuraremos demonstrar que 0 processo politico venezuclano tem sido analisado de forma insatisfatdtia por estas instincias formadoras de opinio, as quais buscam produzir mais um discurso ideolégico sobre o “chavismo’ do que ‘uma efetiva andlise politica das principais inovagdes institucionais implementadas na Venezuela. Apontar estas debilidades mencionando as linhas gerais dessis inovagdes institucionais é o objetivo desta comunicacio. T As linhas gerais deste artigo jé estavam concluidas por ocasido dos eventos ocorridos entre 13 ¢ 16 de abrit na Venezuela com a eclosto c posterior derrota do matogrado golpe de Estado impetrado contra Hugo Chiver, Uma das teses centrais do artigo era justamente a de que, pela cobertura da midia brasileira (que, por sua vez, repercutia a cobertura da grande midia intemacional) sobre 0 assunto, podiamos infer que estava se organizando um golpe de Estado, no estilo clissico (i.e. articulando urna Bianca da midia internacional com setores mais conservadores do empresariado ¢ das altas camadas ‘médias), de dreita, contra o chavismo. Como os acontecimentos recentes na Veneziela confirmaram as finhus da argumentaglo apresentada do artigo, optamos por conservar as linhas gerais da argumentacio contida po mesmo. Universidade Federal do Parand/Curtiba-Brasil (© Fdiciones Universidad de Salamanca 1707 Sergio Soares Braga — Hugo Chive desde a perspectiva da midia brasileica 1) Introdugio: ‘Talvez um dos mais instigantes fendmenos politicos da América Latina contemporinea, sejam os eventos ocorridos na Venezuela apés a ascensio de Hugo Chavez a0 poder. O cariter “instigante” deste fenémeno, do ponto de vista estrito da anilise politica, no se deve apenas ascensio ¢ aos éxitos politicos espetaculares de seu protagonista, o ex-tenente-coronel Hugo Chaver, mas principalmente pelo que de novo cle representa no contexto dos anos 90 da América Latina. Como ja observado por alguns analistas (Villa, 2000) 0 fenémeno politico do chavismo na Venezuela representa uma cexperiéncia de certo modo inédita, uma via que no se experimentou ainda na América Latina, qual seja, a tentativa de implementagio de medidas politicas e econdmicas que implicam um desvio do “consenso neoliberal”, pela via da “ruprura democritica”, ou seja, sem implicar necessariamente a implantacio de regimes autorititios de partido tinico ¢/ou ‘uma “volta ao passado” dos regimes militares-estatstas que caracterizaram a regiio nos anos 70.¢ 80. ‘Além disso, a emergéncia do “chavismo”, de uma perspectiva mais abrangente, talver possa ser tomada como sintoma e indicador de um fenémeno politico mais amplo, carncterizado por alguns autores (Castels, 2002) como a “crise do politico (ou da politica)”, de que seria indicador a incapacidade da democracia representativa tradicional de incorporar as novas demandas politicas e sociais surgidas em decorréncia no novo modo de crescimento capitalista implantado nos anos 90. Por todos esses fatores, além, obviamente, das razes derivadas da importancia politica estratégica da Venezuela enquanto produtor de Petrdleo em escala mundial, o fendmeno do “chavismo” tenha chamado tanto a atengio da midia internacional [A anilise do “chavismo” adquire ainda mais importincia ¢ atualidade para os leitores brasileiros, dentre outras coisas pelo surgimento de uma vidvel opgio de esquerda ¢ centro-esquerda no Brasil, ¢ pelo fato de o principal candidato presidencial brasileiro, 0 petista Lula, ter manifestado, em pronunciamentos recentes, sua simpatia pelo processo de “ruptura democritica’, que presumivelmente estaria ocorrendo no_ pais vizinho, em declaragdes que repercutiram amplamente na imprensa brasileira. Em suma: a “ruprura democritica” apareceria entio como uma forma de solucionar os “problemas” institucionais (de legitimidade, “governabilidade” etc) tipicos do “presidencialismo de coalizio” brasileiro ¢ latino-americano’, diga-se de passagem um asranjo institucional 2 Referimo-nos naturalmente & ascensio cleitoral do PT (Partido dos Trabalhadores) ¢ a sua real possbilidade de vitdria nas eleigBes presidenciais de outubro de 2002. NCES. ABRANCHES. A democracia brasileira vai bem, mas requer cuidados: proposicdes sobre democracia brasileira e o presidencialismo de coalizdo. Rio de Janeiro: Inae, 2001, & F. W, REIS. Brasil ao quadrado? Democracia, subversdo e reforma. Rio de Janeiro: Inac, 2001. In: No caso especifico da Venezuela, embora tivesse emergido no bojo de uma profunda crise de hegemonia do sistema politico anterior bascado em dois partidos (COPEL e AD), apés sua vitéria nas eleigdes presidenciais, Chiver deparou-se com um quadro tipico do “presidencialismo de coalizio” latino- Jmericano: um chefe de governo eleito por ampla maioria de votos, com uma coaliz4o minortiria no Congresso, Certamente, esse resultado cleitoral teve peso na rapidez com que Chives implantow sua cstratégia de “cleigdes relegitimadoras” para implementar seu projeto “bolivariano”. A outra modalidade ‘de “solugao” desse problema institucional (0 “compromisso” com o sistema anterior para a consecugio de base parlamentar e-0 infeio de um longo processo de negociagao e de barganha de resultados incertos), (© Ediciones Universidad de Salamanca 1708 Sengio Soares Braga — Hugo Chavez desde a perspectiva da midia brasileira amplamente desfavorivel para as forcas de esquerda em geral, ¢ da América Latina em particular, por motives que no convém abordar aqui detalhadamente’. Para sermos breves, podemos afirmar que o sistema presidencialista é altamente desfavoriivel para as forcas de esquerda (i, €., comprometidas com politicas distributivistas ¢/ou de ampliagao da participacio popular na gestio democritica) pelos seguintes motivos bisicos: 1) a instituigéo presidencial induz & dupla personificagao do poder de Estado, na media fem que: () oculta as massas populares a existéncia de todo um complexo mecanismo de exercicio do poder nas sociedades modernas, gerando no “cleitorado” a ilusio de que transformagoes sociais e profundas podem ocorrer através da agio pessoal de um “politico” individual, nfo amparado por uma poderosa organizagio politica [= um “salvador da patria” de cunho messianico}; (i) intensifica a perronalzagao da ago das derangat politics, contribuindo para a ocultagio do contetdo econémico-social de seu programa, ‘bem como dos fundamentos sécio-econémicos da relagéo que se estabelece entre 0 lider politico ¢ 0 “eleitorado”, que é atraido e polarizado pelas peculiaridades psicologicas do presidente (“honestidade”, “simpatia”, “sinceridade” etc.), em detrimento do conteddo de sua plataforma de governo; (ji) a mobilizagio politica produzida pelo presidencialismo é temporiria e espagada no tempo, nio produzindo efeitos mobilizadores cumulativos (@rregimentagio partiditia, organizacio em Comités Populares etc) que institucionalize a participacio politica das massas; 2) sob 0 aspecto da emergéncia de crises de governo, podemos enumerar as seguintes desvantagens do sistema presidencialista: () no caso de conflito entre 0 presidente e 0 parlamento, 0 processo de resolugio da crise de governo tende a set longo ¢ dificil, pois depende da utilizagio de um instrumento excepcional (0 impeachment; (i) n0 caso de crises que exprimem o conflito entre a presidéncia e a burocracia de Estado (principalmente as Forgas Armadas), 0 presidencialismo torna mais facil o golpe de Estado (principalmente militar) contra o presidente eleito, facilitando a transformacio de crises de governo em crises do proprio regime politico democritico (Cf. SAES, 1998). Como se sabe, as formas de “‘solugio” desses problemas institucionais oriuridos da vviggneia do sistema de governo presidencialista nfo tém sido muito favoraveis para as foreas de esquerda e comprometidas com 0 avango € aprofundamento da democracia nos paises atino-americanos. Geralmente, as crises institucionais da demgcracia presidencialisea “tradicional” tém sido solucionadas pela via do golpe de Estado, de direita, de uma maneira geral desfavoraveis as forcas politicas de esquerda e centro-esquerda comprometidas com experigncias redistributivistas ¢ de dinamizacao das instituigBes politicas democriticas. Nos ‘anos 90, com a crise dos regimes militares e a difusio do “presidencialismo de coalizaio” pelos paises da AL (Abranches, 2001), a solucio encontrada pelas forgas “anti-esquerda” para o enfretamento desses problemas de “governabilidade” e de aplicacio das reformas “‘pré-mercado” tem sido a implementagio de uma democracia presidencial hiper- centralizada, dando ensejo ¢ se articulando a fendmenos politicos caracterizados por certos implicaria um recuo ou mesmo na desceracterizacdo total da plataforma politica agitada durante @ campanha clitoral. + melhor exposigdo do carter altamente desfavorivel para as forgas politicas de esquerda do sistema de governo presidencialista encontra-se em D. SAES. “A esquerda e a questio dos sistemas de igoverno no Estado Democritico-burgus”. In: Estado e Democracia: ensaios tedricos. Campinas: IFCH- Unicamp, 1998, pp. 135-144. Do ponto de vista da “estabilidade” e da “governabilidade” das novas

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