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– NOVO CPC/2015 -
EXECUÇÃO
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ATUALIZADO EM 15/05/2017
01.INTRODUÇÃO
A execução tem como objeto resolver uma das espécies de crise jurídica: a crise de
satisfação do direito. A tutela jurisdicional que resolve a crise de satisfação do direito é a tutela
executiva. Crise de satisfação do direito - tutela executiva. É um binômio inseparável.
Crise Jurídica de Satisfação do Direito: o sistema processual coloca à disposição uma
espécie de tutela jurisdicional – a tutela executiva.
- A tutela jurisdicional executiva é a tutela voltada à satisfação dessa crise jurídica. O que
significa que, em qualquer circunstancia, havendo essa crise, a tutela cabível é essa.
Essa tutela executiva é a chamada de execução – são sinonimos. Mas há outras
expressões que se referem a esse tipo de tutela, e portanto, são sinônimos de execução. O
legislador pode variar os nomes, mas se a crise continua a mesma, a espécie de tutela
continua igual.
Ex.: art. 273, parágrafo 3o, CPC/73 – utiliza a expressão “efetivação” da tutela antecipada –
essa efetivação é a execução da tutela antecipada, por isso é errado dizer que não se executa
tutela antecipada.Isso não retira a natureza executória desta tutela, já que está resolvendo uma
crise de satisfação do direito. Tutela antecipada se executa!
- Art. 475, I, CPC/73 – “cumprimento de sentença” – cumprimento de sentença é a execução
do título judicial – o Novo CPC consagra bastante essa expressão.
Art. 273, § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme
sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4 o e 5o, e 461-A.
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei
ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais
artigos deste Capítulo.
O que se diferencia são as formas, as maneiras de se executar uma decisão, um título
executivo extrajudicial. O sistema apresenta diferentes formas, mas todas são formas de
execução – são formas executivas.
- Por ser formado fora do judiciário, o judiciário não tem gerencia na produção desse título. Ele
é criado pelas partes. E precisa de um Processo Autônomo de Execução – quando vai com
ele ao judiciário, está indo pela primeira vez ao judiciário – e provoca-se o judiciário pela
primeira vez pela ação, com o direito de ação, sendo, necessário, portanto, instaurar-se um
processo específico para a execução.
*O Termo de Acordo de Parcelamento que tenha sido subscrito pelo devedor e pela Fazenda
Pública deve ser considerado documento público para fins de caracterização de título executivo
extrajudicial, apto à promoção de ação executiva, na forma do art. 585, II, do CPC 1973 (art.
784, II, do CPC 2015). - Ex: João, servidor de um órgão público federal, causou prejuízos ao
erário. Foi aberto um processo administrativo para apurar o dano, que foi orçado em R$ 60 mil.
O servidor aceitou assinar um termo de acordo de parcelamento no qual confessava a dívida e
se comprometia a pagar o débito em 12 prestações. Esse termo de acordo de parcelamento é
considerado título executivo extrajudicial. STJ. 2ª Turma. REsp 1.521.531-SE, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 25/8/2015 (Info 568). - Art. 784. São títulos executivos
extrajudiciais: II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o
documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas. - No mesmo sentido,
o STJ já decidiu que documento público, para fins de execução, é aquele produzido por
autoridade, ou em sua presença, com a respectiva chancela, desde que tenha competência
para tanto (STJ. 1ª Turma. REsp 487.913⁄MG, Rel. Min. José Delgado, DJ 09/06/2003).
*Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste
mesmo contrato, há uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o
ajuste deverão ser dirimidas via arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor
confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora poderá executar o contrato na via judicial
ou terá que instaurar o procedimento arbitral? Poderá propor diretamente a execução na via
judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato assinado pelo devedor e por
duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de confissão
de dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos
(executivos). Ele não pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta
pública. Em outras palavras, o árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não
cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar esse título
no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor que já está
líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO
*O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil do dano, embutido
na decisão concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), é
título judicial apto a lastrear eventual execução. Ex: João foi denunciado pelo crime do art. 129,
II) Execução contra a Fazenda Pública: se tiver um título executivo judicial, uma sentença,
condenando a Fazenda Pública, em uma obrigação de fazer, não fazer e entregar, essa
execução é uma execução comum porque vai seguir o procedimento comum. Ou seja,
executa-se a Fazenda Pública da mesma forma que é executado um devedor comum. Não é
especial a execução contra a Fazenda Pública nessas situações, e aqui vai ser cumprimento
de sentença (já é assim desde 1994). Mas se a obrigação é de pagar quantia, aqui o
procedimento é especial (porque a execução comum leva à penhora e à expropriação de
bem do devedor – e não se pode fazer isso com bem público, seria inviável). Assim, é feita a
execução pelo sistema de precatórios e o sistema de RPV – e essa exigência de
procedimento especial, no CPC atual leva ao processo autônomo de execução. Hoje, entra
com um processo de conhecimento contra a Fazenda Pública, condena a Fazenda Pública a
pagar, e deve entrar com um novo processo para fazer a execução. Isso vai mudar no Novo
CPC, porque no Novo CPC está expresso que essa execução pelo pagamento de quantia
se dará pelo cumprimento de sentença – Art. 534, 535, Novo CPC – vai passar a ser
cumprimento de sentença, mas vai manter o procedimento especial (há cumprimento de
sentença de procedimento comum, e o cumprimento de sentença por procedimento especial) –
o procedimento não muda quase nada, mas a natureza da execução é que vai mudar (hoje é
processo autônomo, e a partir de março de 2016 será cumprimento de sentença).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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*A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. Tais
alterações foram impugnadas por meio de ações diretas de inconstitucionalidade que foram
julgadas parcialmente procedentes. No entanto, o STF decidiu modular os efeitos da decisão,
ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido declarados inconstitucionais, ainda irão
vigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à modulação:
1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial de
pagamento de precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos (cinco
exercícios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serão válidas
até 2020.
2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória das
dívidas que a pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber com
precatório): o STF afirmou que são válidas as compensações obrigatórias que foram feitas até
25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação). A partir desta data, não será possível mais a
realização de compensações obrigatórias, mas é possível que sejam feitos acordos entre a
Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder Público para
compensações voluntárias.
3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previa
uma série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizassem
uma espécie de “leilão de precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si
oferecendo deságios (“descontos”) em relação aos valores que têm para receber. Aqueles que
oferecem maiores descontos irão receber antes do que os demais. Esse sistema de leilões foi
declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões realizados até 25/03/2015 (dia em
que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados mesmo sendo
inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a realização de tais leilões.
4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios
e sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de
precatórios: as regras que tratam sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art. 97 do ADCT da
CF/88 continuam válidos e poderão ser utilizados pelos Estados e Municípios até 2020.
5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no §
12 do art. 100: 5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse
que a TR (índice da poupança) poderia ser aplicada até 25/03/2015. 5.2 Para os precatórios da
administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia aplicar a TR até 31/12/2013. Após
essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR (julgada inconstitucional)? •
Precatórios em geral: IPCA-E. • Precatórios tributários: SELIC.
2) Sistemática da RPV:
• Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra a
Fazenda Pública, ainda que não embargadas, cujo pagamento da obrigação é feito mediante
RPV. EXISTIA A POSSIBILIDADE DE CUMPRIR VOLUNTARIAMENTE E NÃO FEZ. LOGO,
CABEM HONORÁRIOS.
• Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso tenha sido
adotada a chamada “execução invertida”. NÃO PAGARÁ OS HONORÁRIOS, POIS SE
ENTENDE QUE HOUVE CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO EM FACE DE APRESENTAÇÃO DE
CÁLCULOS.
No caso de RVP, não se aplica o art. 1º-D da Lei 9.494/97.
A execução invertida consiste no seguinte: havendo uma decisão transitada em julgado
condenando a Fazenda Pública ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno
valor”, o próprio Poder Público (devedor) prepara uma planilha de cálculos com o valor que é
devido e apresenta isso ao credor. Caso este concorde, haverá o pagamento voluntário da
obrigação. Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de aguardar que o credor proponha a
execução, ela já se antecipa e apresenta os cálculos da quantia devida. O Poder Público, sem
necessidade de processo de execução, cumpre voluntariamente a condenação.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 630.235-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015
(Info 563).
- Julgamento do STJ, 5a-T, AgRg no REsp 1.056.742/RS – Tinha dois capítulos na sentença:
um continha uma obrigação de fazer e outro continha uma obrigação da pagar. Cada parte da
sentença tinha que ser executado de uma forma diferente.
*A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda Pública para 30
dias, inserida no art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não viola os princípios da
isonomia e do devido processo legal. O estabelecimento de tratamento processual especial
para a Fazenda Pública, inclusive em relação a prazos diferenciados, quando razoáveis, não
constitui propriamente restrição a direito ou prerrogativa da parte adversa, mas busca atender
ao princípio da supremacia do interesse público. A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda
apresentar embargos à execução não pode ser considerado como irrazoável, afinal de contas
esse é o mesmo prazo que o particular goza para apresentar embargos em caso de execuções
fiscais contra ele movidas pela Fazenda Pública (art. 16 da Lei nº 6.830/80). STF. Plenário. ADI
2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
*É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à
sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100,
caput e § 1º, da Constituição Federal). STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 09/02/2017 (repercussão geral) (Info 853).
III) Execução de Alimentos: hoje, há uma grande polêmica doutrinária com três correntes:
1a Corrente – Humberto Teodoro Jr., Nelson Nery: dizem que deve entrar com um
processo autônomo de execução porque a Lei de Cumprimento de Sentença só mudou o
procedimento comum de execução, e aqui é procedimento especial, assim, não pode aplicar ou
aceitar o cumprimento de sentença.
2a Corrente – Alexandre Freitas Câmara, Abelha Rodrigues: diz que é cumprimento de
sentença, porque o cumprimento de sentença é mais favorável ao credor, mais benéfico que o
processo de execução. E o credor de alimentos é aquele que mais precisa de proteção. E
# OBS.: Art. 475-N, parágrafo único, CPC/73 – há destacados nesse artigo títulos executivos
judiciais (sentença penal, arbitral, homologação de sentença estrangeira). Para a execução
desses títulos, esse artigo exige a citação do executado. Assim também será no Novo CPC. Se
a lei expressamente prevê a citação do executado, é porque há uma processo autônomo de
execução, porque a citação é o ato de integração ao processo. Se já tem um processo em
curso, em trâmite, não vai citar o executado, vai intimar o executado. Essa citação do
executado mostra que há um processo autônomo de execução nesse caso, havendo uma
petição inicial. Com relação à sentença penal e arbitral, vai levar ao judiciário – deve ser
começado um processo (a penal, apesar de ter sido produzida pelo judiciário, foi pelo juízo
penal, devendo ser começado um processo no juízo cível). A sentença de homologação do
estrangeiro foi uma opção do legislador – é feita no STJ, e é executada no juízo federal de 1 o
grau.
- Nesse tipo de título executivo extrajudicial há um processo autônomo de execução.
B) EXECUÇÃO INDIRETA
Na execução indireta, não haverá substituição de vontades. Há uma pressão psicológica
exercida sobre o devedor. A ideia é pressionar o executado, o devedor para que ele mude a
sua vontade, adequando-a à vontade do direito.
- Convence-o por essa pressão psicológica, a mudar de ideia – a adequar a vontade dele à
vontade do direito, à cumprir a obrigação.
De forma que a execução indireta vai nos levar, sempre que funcionar, a um cumprimento
voluntário da obrigação.
- Não se deve confundir, portanto, voluntário com espontâneo. A pressão não tira a
voluntariedade, tira a espontaneidade.
Existem duas formas de se pressionar o devedor – de exercer essa pressão psicológica
sobre o executado:
A oferta de melhora na situação do devedor:É chamada por alguns de “sanção premial”
ou “sanção premiadora”. O termo premial é bacana. O problema está em “sanção”. Pressão
é o que vem antes e sanção o que vem depois. Temporalmente elas não podem conviver.
A sanção vem depois do descumprimento. Ex.: Processo autônomo de execução – o
executado é citado para pagar em três dias, se ele pagar, se ele cumprir essa obrigação,
tem um desconto de 50% no valor dos honorários advocatícios. Ex.2: art. 1.102 Ação
monitória – o réu é citado para pagar em 15 dias. Se pagar no prazo, ele estará isento de
custas e honorários.
§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.
A ameaça de piora na situação do executado:se o devedor não cumprir, a situação que
já é ruim vai piorar. Há duas formas de fazer esse tipo de pressão:
o Prisão Civil
o Astreintes
I) Prisão Civil
É diferente da prisão penal que é sanção. Aqui a prisão civil é pressão psicológica.
Hoje, ela é exclusiva da ação de alimentos, mas não é limitada à execução de alimentos
como um todo, porque nem toda execução de alimentos permite a prisão civil – só nos
chamados alimentos legítimos (genuínos ou autênticos) – decorrentes de casamento, união
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estável e parentesco. O débitos trabalhistas, honorários advocatícios, alimentos por
responsabilidade civil (causa mortis do pai), possuem natureza alimentar, mas não cabem a
prisão civil.
O STJ entende que a prisão civil será cabível independentemente da natureza do título
executivo, ou seja, caba a prisão civil na execução do título judicial e na execução de título
extrajudicial – que é o acordo, a transação extrajudicial de alimentos (Inf. 435, STJ – 3a
Turma, REsp 1.117.639/MG)
O STJ entende que essa prisão civil é cabível tanto na execução definitiva quanto em cede
de execução provisória. Ou seja, o título executivo judicial que fundamenta a prisão civil pode
ser um título executivo definitivo ou provisório – pode executar, por exemplo, uma liminar, uma
tutela antecipada, sentença recorrida, na execução de alimentos, mas é claro que a execução
será provisória. Só há execução definitiva em sentença transitada em julgado. E havendo título
executivo da obrigação alimentar (alimentos legítimos), há a execução por prisão civil – a
possibilidade de executar por meio dessa medida executiva.
- No Novo CPC, continua sendo cabível a execução definitiva e provisória. O que o novo CPC
traz de novo é mais uma questão cartorial que processual – art. 531, Novo CPC, parágrafo 1o
e 2o – trata da forma de autuação da execução, dependendo se ela é definitiva ou provisória.
Diz que se a execução em alimentos for definitiva, ela será feita nos próprios autos principais.
Se a execução, por sua vez, for provisória, ela vai ser feita em autos em apartado.
- Mas não precisa esperar o transito em julgado para a prisão civil – podendo ser execução
provisória ou definitiva.
Exceção: em razão dos poderes do juiz, em especial dos poderes executivos do juiz, as
medidas de execução são tomadas de ofício. Mas a prisão civil é um dos poucos meios
executivos que depende de pedido expresso do credor – STJ, 3a Turma, HC 128.229/SP.
Porque envolve a questão sentimental. O juiz não pode, de ofício, determinar a prisão civil
do devedor.
STF – 4a Turma, HC 87.134/SP: essa prisão civil vem sempre de uma decisão
interlocutória (pode ser uma decisão que concede tutela antecipada e já dá a prisão, pode ser
uma decisão interlocutória na execução, por exemplo, mas deve ter a decisão determinado a
prisão). Contra essa decisão cabe Agravo de Instrumento – mas aí algumas partes entram
com Habeas Corpus contra essa decisão. Mas o HC, a exemplo do MS, tem um procedimento
sumário documental, o que significa que no HC, há uma limitação da questão probatória,
porque só vai poder trabalhar documentalmente (não cabe rever a prova oral, por exemplo, em
HC). O HC é cabível, mas acaba sendo limitado a questões de fato provadas documentalmente
e a questões de direito.
Novo CPC – Art. 537, parágrafo 3o conseguiu um ponto médio entre essas duas correntes
doutrinarias – NÃO é o que o STJ decide hoje:
Executabilidade Imediata: mantém a Executabilidade imediata, mas
Levantamento dos depósitos realizados nessa execução ocorre só depois do
transito em julgado: o dinheiro é mantido depositado, para preservar a segurança
jurídica. Se a decisão for confirmada, há o levantamento do dinheiro. Se houver
modificação, ou for anulada a decisão, devolve o dinheiro ao devedor.
# OBS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA:
- Redação Original:
Art. 537 – § 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório,
devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em
julgado da sentença favorável à parte.
- Redação da Lei 13.256/16:
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Art. 537, § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo
ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado
da sentença favorável à parte.
- Foi retirada a possibilidade de execução da multa em cumprimento provisório com pendência
de julgamento do agravo previsto no art. 1042.
I – PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
*O art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC prevêem que é impenhorável a pequena
propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família. Assim, para que o
imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos: 1) que seja enquadrado como
pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e 2) que seja trabalhado pela família.
Quem tem o encargo de provar esses requisitos? Requisito 1 (pequena propriedade rural):
trata-se de ônus do executado (devedor). Requisito 2 (propriedade trabalhada pela família):
não é necessário que o executado faça prova disso. Existe uma presunção juris tantum
(relativa) de que a pequena propriedade rural é trabalhada pela família. Tal presunção é
relativa e admite prova em sentido contrário. O ônus dessa prova, no entanto, é do exequente
(credor). Resumindo: no que concerne à proteção da pequena propriedade rural, incumbe ao
executado comprovar que a área é qualificada como pequena, nos termos legais; e ao
exequente demonstrar que não há exploração familiar da terra. STJ. 3ª Turma. REsp
1.408.152-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/12/2016 (Info 596)
Novo CPC: Fiador de obrigação constante de título extrajudicial – agora o Novo CPC
prevê esse fiador (o fiador convencional, que antes não tinha legitimidade passiva).
- Mas ao limitar a previsão ao título extrajudicial, o Novo CPC matou a figura do fiador judicial.
- O Novo CPC não dá mais legitimidade passiva ao fiador judicial.
- O Novo CPC poderia ter falado apenas em título executivo, que valeria tanto para o judicial
como o extrajudicial.
3.5. INCISO V – Responsável Tributário
- Art. 134 e 135, CTN.
- STJ, 2a Turma, REsp 958.428/RS: o STJ diz que esse responsável tributário não precisa
constar da CDA.
3.6. INCISO VI – NOVO CPC – Garantidor em garantia real
- Executa uma obrigação que tem garantia real, pode executar o garantidor.
- É uma regra que o define como legitimado passivo.
- Ele está no título não como legitimidade passivo, mas como garanti.
# OBS.: Art. 102, I, m, CF. Apesar de ser uma regra prevista para o STF, ela é aplicável a
todos os tribunais. Ela permite uma delegação da função executiva para o primeiro grau.
- Os tribunais não têm estrutura funcional para os atos de execução. Por isso, os Tribunais
delegam para o 1o grau – a competência é do Tribunal mas eles delegam para o 1o grau.
- O Tribunal expede uma carta de ordem, por meio da qual determina que a execução aconteça
no 1o grau.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a
delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
# OBS.2: Exceção – A homologação da sentença estrangeira. É um título executivo de
competência do STJ – essa ação de homologação de sentença estrangeira, sé de competência
originária do STJ e, pela regra, quem a executaria seria o próprio STJ, mas não é. Quem
executa é a Justiça Federal de 1o Grau. É o art. 109, CF, que prevê essa exceção – inclui na
competência da justiça federal a execução de homologação de sentença estrangeira.
# OBS.2: STJ, 2a Seção, Conflito de Competência 101.138/DF–o STJ diz que essa escolha a
respeito do foro deve ser feita no momento do início do cumprimento de sentença. O início do
cumprimento de sentença se dá por requerimento do exequente – e é nesse momento que ele
faz a escolha.
#INFO #STJ
Arrematado bem imóvel, o Juízo da execução que conduziu a arrematação não pode
determinar o cancelamento automático de constrições determinadas por outros Juízos
de mesma hierarquia e registradas na matrícula do bem, mesmo que o edital de praça e o
auto de arrematação tenham sido silentes quanto à existência dos referidos gravames.
Além de o Juízo da execução não deter competência para o desfazimento ou
cancelamento de constrições e registros determinados por outros Juízos de mesma
hierarquia, os titulares dos direitos decorrentes das decisões judiciais proferidas em
outros processos ("credores"), as quais geraram as constrições e registros imobiliários
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que o arrematante pretende cancelar, têm direito ao devido processo legal, com
contraditório e ampla defesa a fim de manterem o bem vinculado a seus interesses.
As possíveis falhas nos atos judiciais que antecederam a arrematação, porque não
mencionavam as outras constrições de outros Juízos sobre o imóvel a ser arrematado,
não possibilitam ao Juízo da arrematação determinar a baixa de outras constrições
levadas a efeito por outros juízos.
STJ. 4ª Turma. RMS 48.609-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 19/5/2016 (Info 585).
IV – EXECUÇÃO PROVISÓRIA
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01. CONCEITO
Houve uma grande mudança em 2005 – mas a partir de 2005
Título Executivo Judicial: quando esse título é criado, quando é prolatada a sentença, há
três hipóteses:
Inexistência de recurso – o título é formado, e contra ele não é interposto recurso algum.
Nessa hipótese, há o trânsito em julgado do título. E, assim, haverá uma execução
definitiva.
Existência de recurso com efeito suspensivo – ele suspende a eficácia da decisão
impugnada e, nesse caso, não cabe nenhuma espécie de execução (nem a provisória e
nem a definitiva) – suspende a Executabilidade.
Existência de recurso sem efeito suspensivo – é a hipótese de execução provisória.
Sem efeito suspensivo, há a Executabilidade – apesar de o título executivo ser objeto de
recurso, já pode ser executado imediatamente, mas a existência desse recurso pode
anular ou reformar o título executivo – por isso que a execução é provisória, porque o
título executivo é provisório. O título executivo gera efeitos, não há nada que impeça que
ele produza efeitos, mas ele é provisório.
Título Executivo Extrajudicial– Art. 587, CPC/73: toda execução de título executivo
extrajudicial, começa como uma execução definitiva. E aí essa execução pode virar uma
execução provisória. Para isso, é necessário:
Primeiro, que o executado entre com Embargos de Declaração – se não o fizer, a
execução seguirá definitiva até o final.
Segundo, o executado precisa conseguir o efeito suspensivo nos embargos, que
depende de certos requisitos.
Deve haver uma sentença de improcedência nos embargos – o executado perde.
O executado deve entrar com uma apelação contra essa sentença. A apelação, nesse
caso, não tem mais efeito suspensivo – a execução volta a tramitar, mas como uma
execução provisória, em razão do preenchimento dos requisitos do art. 587, CPC.
O Novo CPC diz que só existe execução provisória no título executivo judicial. Toda a
execução de título judicial no Novo CPC é por cumprimento de sentença – e, por isso, usa a
terminologia cumprimento provisório de sentença.
- Assim, o Novo CPC revoga todo o trâmite para Título Executivo Extrajudicial existente no
CPC/73 – porque título executivo judicial vai precisar de processo de execução – não
havendo que se falar em cumprimento de sentença provisório
- No Novo CPC, execução de título extrajudicial começa e acaba sempre como execução
definitiva.
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03. CAUÇÃO
3.1. FUNÇÃO
O Título Executivo foi ser reformado ou anulado pelo resultado do recurso. Se o recurso
reformar o título executivo, quer dizer que a execução provisória foi injusta. Se o Título
Executivo for anulado, a execução provisória foi ilegal.
- Essa execução injusta ou ilegal pode gerar um dano injusto, ou ilegal, ao executado, mas que
não tinha como se prever antes.
- Assim, é preciso criar uma garantia de ressarcimentopara esse eventual dano do
executado. E é aí que surge a cauçãona execução provisória.
- O exequente presta a caução para servir de garantia ao ressarcimento de um dano futuro e
eventual.
- A execução provisória é baseada no risco proveito. Para assumir esse risco concretamente,
é necessário a prestação da caução.
3.2. NATUREZA JURÍDICA
- Há uma discussão na doutrina no sentido de que essa caução é uma garantia legal, tem
natureza de garantia legal, ou tem natureza de cautelar?
- Ovídio Baptista defende a natureza de garantia legal; Zavascki defende a natureza de
cautelar.
3.3. REQUISITOS
São dois requisitos exigidos por lei para essa caução:
Suficiência: a suficiência da caução tem a ver com o valor do dano. Mas trata-se de
um dano futuro e eventual, o que significa que será impossível saber que valor é esse.
Para isso, toma-se por base o valor da execução.
Idoneidade: está ligada à confiabilidade – é uma caução confiável em termos formais
(sem vício formal) e materiais (considerando a efetiva capacidade da caução de
ressarcir o dano).
# OBS.: Como a lei não prevê, essa caução pode ser tanto real quanto fidejussória.
3.4. MOMENTO
O momento de prestação da caução.
- Não é o momento da propositura. Dá início à execução provisório do mesmo jeito que dá
início à definitiva.
- O art. 475-O, III, CPC/73, prevê os três momentos em que se passa a exigir a caução:
Para o levantamento do dinheiro – para levantar o dinheiro penhorado, precisa da
caução;
Para a alienação de propriedade – para alienar precisa prestar a caução.
Para a prática de ato capaz de gerar grave dano ao executado – execuções de fazer,
não fazer e entregar coisa.
Novo CPC, art. 521: prevê as hipóteses de dispensa de caução, que agora são 4:
Crédito alimentar de qualquer origem (que está assim de forma expressa);
Situação de necessidade do exequente – independentemente da origem da dívida –
essa hipótese é possível para qualquer situação.
O recurso pendente de julgamento de Agravo de RE ou REsp
A decisão ter fundamento súmula do STJ ou do STF, ou está em conformidade com o
acórdão proferido no julgamento de causas repetitivas – o entendimento está confirmado
nos Tribunais Superiores.
# OBS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – Lei 13.256/16: Art. 521, III – pender o agravo do art.
1.042. Foi incluído o inciso I do art. 1042 que trata do Agravo quando da negativa de
seguimento do Recurso Especial ou Extraordinário. O inciso I trata das hipóteses de exclusão
de sobrestamento e não admissão de Recurso Especial ou extraordinário intempestivo, por
requerimento do interessado. Com a alteração, a caução de cumprimento de sentença prevista
no art. 520, IV pode ser dispensada também nos casos de Agravo da decisão de exclusão de
sobrestamento e não admissão de Recurso Especial ou extraordinário intempestivo (art. 1.042,
I).
V – TÍTULO EXECUTIVO
VI – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
01. INTRODUÇÃO
É o Direito Material que regulamenta a obrigação. É o direito material que cria, que
regulamenta o inadimplemento da obrigação. E, a partir do momento que o direito material
regulamenta o inadimplemento da obrigação, ele define o devedor, uma vez que uma
obrigação inadimplida é uma dívida.
- Devedor é o sujeito que não cumpre a obrigação, é quem deu causa ao inadimplemento.
O direito processual regulamenta a responsabilidade patrimonial. Ou seja, ele define quem é
o sujeito que responderá pela dívida em juízo com o seu patrimônio.
- Ou seja, o Processo Civil cria, define a figura do responsável patrimonial.
Regra – Responsabilidade Patrimonial Primária: Em regra, o devedor é o responsável
patrimonial.
- É uma regra que pode ser excepcionada de duas maneiras:
Exceções:
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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Quando o devedor não é responsável patrimonial. Ex.: dívida de jogo – nela, o
devedor não responde com o seu patrimônio em juízo, porque a lei não permite a
cobrança de dívida de jogo. Ele não responde porque nem ele e nem ninguém responde
– não haverá execução.
Hipótese de um sujeito não devedor ser responsável patrimonial. Apesar de o sujeito
não ter sido indicado pela Lei Material como devedor, vai responder com seu patrimônio
pela satisfação da dívida. É a Responsabilidade Patrimonial Secundária.
# OBS.1: O Direito Material, as vezes, cria a figura do coobrigado não devedor. Ou seja, o
sujeito é, no plano do direito material, coobrigado, mas ele não é o responsável pelo
inadimplemento – não foi ele que deu causa ao inadimplemento da obrigação. Ex.: Fiador.
- Nesse caso, como a responsabilidade vem do direito material, há uma responsabilidade
patrimonial primária subsidiária. Ou seja, esse coobrigado só responde na ausência de
patrimônio do devedor.
- Por isso que ele sempre tem o direito ao chamado benefício de ordem do Art. 595, CPC/73
– é uma ordem de preferencia: primeiro o patrimônio do devedor, se não houver ou for
insuficiente, aí sim recorre ao patrimônio do coobrigado.
- Em termos de responsabilidade é primária – é a mesma do devedor, porque decorre do direito
material. Mas a responsabilidade do fiador é subsidiária à do devedor.
Novo CPC. Art. 843. Amplia esse entendimento, que passa a valer para o:
Cônjuge não devedor, não responsável patrimonial;
Coproprietário (não precisando ser cônjuge)
- Nesse caso, vai alienar o bem, o imóvel (mesmo que tenha coproprietários não devedores), e
vai pegar o valor da avaliação do imóvel (e não da alienação), e vai entregar 50% desse valor
para o coproprietário ou cônjuge não devedor, e o resto para o credor. Ex.: O bem foi avaliado
em 500 mil, e alienado por 300 mil – retira 250 mil (50% de 500 mil), e entrega ao cônjuge ou
coproprietário não devedor, e apenas 50 mil ao credor.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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- Há uma proteção ao cônjuge e ao coproprietário, mas prejudica o credor, que pode até ficar
sem nada (se for alienado por 50% do valor da avaliação, o credor ficará sem receber nada).
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Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas,
artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante
processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.