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Universidade Estadual de Campinas – 3 a 9 de novembro 2003 5

Na luta contra o câncer, pesquisador anuncia que resina


contém dezenas de vezes mais flavonóides do que vegetais
Professor Yong Park,

Yong Park extrai mais


da FEA: assediado
por pesquisadores
do exterior
interessados nos
flavonóides da
própolis

esperança da própolis
Foto: Neldo Cantanti

U ltimamente, pesquisado-
res do exterior não vêm
dando paz ao professor
Yong Kun Park. Aposentando,
mas incapaz de abandonar as ati-
vidades na Faculdade de Enge-
nharia de Alimentos (FEA) da Uni-
camp, ele ganhou notoriedade e
prêmios internacionais com pes-
quisas sobre a própolis brasileira.
Park e seus orientados colheram
amostras de variados tipos de pró-
polis por quase todo o país (falta
a Amazônia, onde já trabalham) e
descobriram nelas importantes
propriedades anticancerígenas e
anti-HIV. Os extratos obtidos mo-
tivam pesquisas em centros avan-
çados como Japão e Estados Uni- fez, e os flavonóides da própolis nem O enxame – Yong Park guarda
dos, na busca por medicamentos
que eliminem nos doentes a deses-
provocaram eco. “Já os países de-
senvolvidos me procuram a toda
na memória as cenas de “O Enxa-
me”, de 1978, que enterrou a car-
O truque das abelhas
perança. hora. Estou voltando de uma via- reira do produtor de filmes-catás-
O assédio a Yong Park começou gem com os japoneses pelo Nor- trofe Irwin Allen, depois dos su- O professor Yong Park explica forme a concentração de compos-
em junho deste ano, quando ele vi- deste e à Carolina do Norte”, revela. cessos de “O Destino de Possei- que os vegetais, no estágio de bro- tos químicos. Era fruto da avalia-
ajou a Kobe para conferir de per- Os norte-americanos, igualmente don” e “Inferno na Torre”. “A in- tos, estão vulneráveis a microor- ção de 500 amostras coletadas
to os resultados relativos à concen- atentos, já sugeriram a Park que vasão dos Estados Unidos por a- ganismos e insetos; para se pro- nas regiões Sul, Sudeste, Centro-
tração de flavonóides nas amos- redirecionasse o trabalho para a belhas africanas é muita fantasio- teger, produzem enzimas que fun- Oeste e Nordeste. Testes nos
tras de própolis que enviara a co- inibição do vírus da Aids. “Se a pró- sa, mas comecei a me interessar cionam como os anticorpos nos EUA, comprovando propriedades
legas japoneses. “A polis e seus flavonóides comprova- por própolis”, conta. A verdade, na humanos. A colméia, que guarda citotóxicas, anti-HIV e anti-cárie
Munição própolis possui de- rem eficácia contra o HIV, os pes- trama, é que tudo começou no Bra- o néctar das plantas, ficaria igual- nas amostras, foram repercutidos
zenas de vezes mais sil. O pesquisador Warwick Es- mente vulnerável a invasores. O- por publicações científicas e pela
contra o quisadores envolvidos ganham o
mídia.
corre que as abelhas aprenderam
hormônio flavonóides do que
qualquer vegetal”,
Prêmio Nobel”, brinca. Brincadei- tevan Kerr, considerando baixa a
a coletar as enzimas que protegem Yong Park orgulha-se de ver
ra, mas nem tanto. Instigado, o pro- produção de mel pela abelha Apis
ambiental festeja o professor. A mellifera, européia, resolveu cruzá- os vegetais, fechando com elas a seu orientado Michel Koo contra-
fessor admite que as pesquisas com
festa se justifica. O la com uma espécie africana, a parte externa das colméias. “Paí- tado pela Universidade de Ro-
a própolis, em seu conjunto, não
flavonóide é um composto fenóli- mortífera Apis mellifera scutellata. ses europeus, principalmente do chester, com seu próprio labora-
estão tão longe de cumprir requi-
co presente nos vegetais e, desde Alguém retirou a malha de prote- leste, há dois mil anos usam a re- tório e equipe. Michel Koo vem
sitos para a premiação.
o início dos anos 1990, estuda-se ção e trinta abelhas escaparam, sina das colméias para tratar de do- aprofundando as pesquisas que
mundialmente a sua eficácia no enxameando e se espalhando pe- enças infecciosas”, conta. iniciou na Unicamp sobre a ação
Trajetória – A postura humilde
combate a um perigoso invasor do las Américas, fazendo vítimas fa- Hoje estão confirmadas as pro- de compostos da própolis contra
e o espírito risonho dos orientais
corpo humano: a dioxina, produ- tais. Daí, o filme. priedades antiinflamatórias, anti- a enzima da bactéria Streptococ-
se acentuam quando Yong Park é cus mutans, que provoca a cárie.
zida na degradação de produtos Kerr levou a culpa pelo aciden- microbianas, antioxidantes e an-
convidado a falar da vida pessoal. Na Universidade da Carolina do
contendo cloro, como plásticos e te, mas conseguiu o cruzamento ticancerígenas da própolis. O de-
Recusa-se, gentilmente. A profes- Norte, testes de atividade cito-
herbicidas. com as abelhas que restaram e fez talhe é que não existe apenas um
sora Gláucia Pastore, que convive tipo de própolis, como se pensava. tóxica indicaram uma variação de
A dioxina contamina o solo, a com ele há tempos na FEA, não nascer a Apis mellifera africanizada.
água e os vegetais, sendo absorvi- Estados Unidos e Europa pensa- 14% a 97% na inibição do cresci-
titubeia: “O professor Park é a mai- Ele e Yong Park viriam a se conhe-
da pelos animais e, na ponta des- vam assim porque possuem cli- mento de células cancerígenas,
or autoridade mundial em pró- cer e trocar idéias posteriormen-
ta cadeia alimentar, invade as cé- mas temperados, em que maioria notadamente as de mama, intes-
polis. Para medir a importância de te. No Sul, o professor da FEA de-
lulas humanas levando à formação dos vegetais é visitada pela abe- tino, naso-faringe e renal. Quan-
sua linha de trabalho, basta dizer senvolveu uma pesquisa compa- to à atividade anti-HIV, são pro-
de substâncias cancerígenas. Por lha da espécie “álamo”, sendo esta
que a própolis, assim como outros rativa em campo, constatando missores os resultados obtidos
isso, ganhou o nome de hormônio a resina predominante. “No Brasil,
vegetais, possuem componentes que a abelha africanizada é mui- com a maior biodiversidade do pla- com os grupos 1 e 5, da região Sul,
ambiental. Está associado a cânce- capazes de reduzir a poluição am- to mais eficiente do que a européia neta e seu clima tropical ou sub- segundo os testes na Biotech Re-
res de pulmão, cérebro e próstata. biental que o próprio indivíduo na produção de própolis. Este tra- tropical, encontramos variados ti- search Laboratories.
“Dentro do corpo se produz o hor- carrega e que pode levar a doenças balho foi publicado no Japão e a- pos de própolis, conforme a origem
mônio endócrino, que entra na cé- degenerativas. A dioxina, no caso, lavancou a trajetória de Park na botânica, e todos com atividades O caminho – Mas Yong Park
lula denominada ‘receptor’ e envia é o grande inimigo oculto nas á- área de biotecnologia voltada à não pensa apenas em própolis.
farmacológicas diferentes”, acres-
sinais ao núcleo, estimulando o guas e solos das cidades industri- própolis e outros alimentos fun- Adverte que o mundo já tomou
centa Yong Park.
gene a formar compostos necessá- alizadas”. cionais. Kerr, por seu lado, ganhou outro rumo e que o Brasil depen-
Em 1994, o professor apresen-
rios para nossa fisiologia. Estamos, É a professora, também, quem o respeito dos apicultores brasi- tou o trabalho de sua equipe na de da exploração sustentável de
então, sobrevivendo. O problema repassa a trajetória de Yong Park. leiros ao multiplicar por dez a pro- Europa e Japão, classificando 12 sua rica biodiversidade para so-
é que a dioxina ocupa o lugar por Nascido na Coréia do Norte, des- dução de mel. grupos de própolis, divididos con- breviver. Para isso, deve investir
onde entraria o hormônio endó- ceu para Seul e formou-se na biotecnologia voltada para pro-
crino. A ingestão de flavonóides em medicina. Nos tempos Foto: Reprodução
dutos naturais. “Estados Unidos e
combate essa invasão, porque eles da guerra da Coréia, mi- Europa sempre usaram medica-
deslocam a dioxina do receptor, grou para o Japão, onde es- mentos gerados da síntese quími-
ocupando a mesma posição na cé- tudou por alguns anos, até ca, mas hoje recorrem cada vez
lula”, ensina o professor. cruzar o mundo e tornar- mais a produtos naturais com ati-
Se, por isso, os pesquisadores já se um dos principais pato- vidades farmacológicas. No ramo
reconheciam a importância dos ve- logias das forças armadas de ingredientes e alimentos funci-
getais na dieta alimentar, é ima- americanas. “Mas ele que- onais, o mercado mundial movi-
ginável o impacto da notícia de ria propostas novas, nos Es- mentou 20 bilhões de dólares em
que a própolis contém flavonóides tados Unidos seria apenas 2000, e a cifra deve triplicar até
em quantidade exponencial. “Já mais um médico. O Brasil 2010”, informa.
recebi apoio da Finep para prosse- despontava como promes- Trata-se de um alerta de cien-
guir nesta linha de pesquisa. Para sa e o professor veio para o tista, pois negócios não fazem
os testes no Japão, enviei apenas Ital. A convite de Zeferino parte da vida de Yong Park, que
amostras de própolis que tinham Vaz, criou na Unicamp a vira e mexe recusa convites de
o flavonóide em maior concentra- área de bioquímica de ali- empresários para trabalhar em
ção. Agora, vamos investigar to- mentos. Nesta área, tudo o pesquisas com própolis visando
das, visto que apresentam propri- que existe no país veio de- à exportação. Quando um colega
edades diferentes, além de outros pois dele”, afirma. americano insistiu em patentear
vegetais e ervas que contenham o uma amostra de própolis capaz de
composto”, afirma o pesquisador. inibir o vírus da Aids, Park rompeu
Universidades como a de Kobe relações e publicou o trabalho
Abelha durante a
realizam estudos para supressão coleta: enzima dos
para a comunidade científica:
do hormônio ambiental há pelo vegetais protege a “Não sou comerciante, sou pro-
menos dez anos. No Brasil, nada se colméia de invasores fessor”.

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