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Trata de normas que são aplicadas a todo o direito brasileiro, por exemplo, quando uma
lei entra em vigor? Quando se tem o início da vigência normativa de lei? A lei foi
publicada hoje, ela já está em vigor? A regra é que não, mas pode acontecer dela a partir
da publicação já ter vigência, desde que conste expressamente na lei que ela entra em
vigor na data de sua publicação.
A Lei Complementar 95/98 – que traz as diretrizes para elaboração de lei diz que essa
claúsula “está lei entra em vigor na data de sua publicação” só vale para lei de menores
repercussões, por exemplo, a lei que institui o dia do Milho.
Vacatio legis – é o período que medeia a publicação e a entrada em vigor de uma norma.
Pode ser expressa e implícita. Implícita quando não vier nada dizendo quando entra em
vigor, então, entra em vigor em 45 dias depois da publicação isso no Brasil, no
exterior é em 3 meses (um prazo em dias e outro em meses).
Vigência normativa
O que é vigência? Existe uma lei (porque foi promulgada), é válida, foi publicada e está
gerando efeitos no mundo jurídico (ou seja, está vigendo).
A LINDB estabelece que:
Depois de publicada, é possível que a lei entre em vigor imediatamente? Claro que sim,
desde que isso esteja previsto na própria lei (auto-declaração normativa)
Se houver previsão de um tempo na lei, ela só se tornará obrigatória após o decurso de tal
prazo, que é chamado de vacacio legis.
Se a lei for omissa, seguir-se-á o artigo 1º da LINDB.
Imagine que uma lei foi publicada no dia 15 de fevereiro de 2016, com prazo de vacatio
de 5 dias, quando ela entra em vigor?
Conta-se 15, 16, 17, 18 e 19. Logo, entra em vigor no dia 20. Mas é sábado, e aí? Não
tem nenhuma diferença. Lei não se submete a prazo de suspensão por não se tratar de
dia útil. No processo civil, os prazos são contados apenas em dias úteis, nos termos do
artigo 219 do CPC: Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,
computar-se-ão somente os dias úteis.
Dívida vencida domingo pode ser paga na segunda sem juros, porque não há banco
funcionando. Isto porque a obrigação só passa a ser exigida em dia útil, nos termos do
artigo 132 do CC.
Dentro do prazo da vacatio, se houver nova publicação da lei, como fica o prazo?
E se o prazo da vacatio já tiver terminado? Aí, a lei já entrou em vigor. Será necessária
uma nova lei para corrigir, alterar, ou mudar qualquer coisa.
Somente uma lei pode revogar outra lei. Como isso pode cair?
Os usos e costumes revogam a lei? Claro que não. De acordo com a LINDB, não. Os
costumes são fonte secundária, ao passo que a norma é fonte primária. Como uma
secundária não pode destruir uma primária, é claro que não.
Nas lições do professor Cristiano Chaves, a dessuetudo é o fenômeno que se traduz na
revogação de uma lei pelos costumes, ou seja, a inaplicabilidade de uma lei implicaria em
sua revogação. Equivaleria no fato de a existência de determinado costume anular a
validade de uma norma existente. Isso não existe no ordenamento brasileiro.
Trata-se das denominadas leis temporárias. Há, ainda, as leis circunstanciais, cuja
vigência permanece até que cesse a situação de conflito. Ex: guerra.
A revogação pode ser total (ab-rogação – lembre-se de “ab-soluta”) ou parcial
(derrogação), expressa ou tácita.
Antinomia jurídica aparente (problema típico da revogação tácita)
A lei nova, entretanto, deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada, por expressa disposição constitucional. Além disso, os negócios sujeitos a termo
ou encargo também não podem ser atingidos por lei nova, uma vez que são negócios já
feitos e com validade. Neles, há apenas uma limitação quanto à eficácia do negócio
jurídico. Vou dar um exemplo para tentar esclarecer:
Neste exemplo, temos uma condição suspensiva, porque a filha só terá direito se for
aprovada (evento futuro e incerto). O negócio já está feito. Ele existe e é válido. Apenas
sua eficácia está sujeita a um evento futuro e incerto. Por isso que, para fins de direito
intertemporal, considera-se o negócio realizado, mesmo que sob condição suspensiva, um
direito adquirido. Note que não estou dizendo que a filha tem direito ao imóvel, porque
isso esbarraria no artigo 125 do CC. O direito adquirido que ela tem é a possibilidade de
ganhar o imóvel se for aprovada.
REPRISTINAÇÃO
Claro que não. Para que a lei A volte a viger, isso teria que estar expresso na Lei C.
A LINDB não proíbe a repristinação. O que ela veda é a repristinação implícita. Se houver
previsão expressa, pode haver.
Represtinação não se confunde com efeito repristinatório, que é muito comum no âmbito
do controle de constitucionalidade (art. 11, § 2º da Lei n.º 9.868/99). Ex: Lei B revoga lei
A. O STF declara a inconstitucionalidade da Lei B. Como a lei revogadora nunca teve
efeito, a lei A, que na verdade, não foi revogada, volta a viger. Não se trata de
repristinação, mas do efeito repristinatório. Seria perigoso se não houvesse esse efeito,
uma vez que, com a retirada da Lei B, haveria uma lacuna legislativa.
Há uma exceção a essa regra. Trata-se do denominado erro de direito (artigo 139, inciso
III). Se a pessoa comprovar que não sabia da norma, mas que não queria descumpri-la,
será possível a anulação do negócio jurídico.
Ex: eu tenho um lote e Emiliano quer compra-lo para construir a sede do Papa Concursos.
Nesse bairro, todavia, é proibida a construção de prédios com mais de 3 andares, por força
do plano diretor. Eu não sabia... Vendi o imóvel para Emiliano, que também não sabia
dessa proibição e ele começa a construir, quando então é notificado pela Prefeitura. Houve
erro substancial, uma vez que se Emiliano soubesse da proibição, não teria comprado o
imóvel. Ele pode, nesse caso, pedir a anulação da compra e venda realizada comigo. (arts.
139, III e artigo 171, II).
Não. Trata-se do non liquet. Ele deve se valer da lei, mas, na ausência dela, tem que
decidir se valendo das fontes secundárias.
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o
caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Há dois tipos de analogia: a legis (legal), que consiste em aplicar uma regra legal a uma
situação semelhante, não regulamentada, e a juris (jurídica). Na legal, você pega um outro
artigo para resolver. Na jurídica, você pega um sistema.
Direito Espacial
Art. 7º - família
Art. 8º - Bens
Art. 9º - obrigações e contratos
Art. 10 – sucessões e ausência
Para esses temas (arts. 7 a 10), vigora a lei de onde a pessoa for domiciliada. Fora delas,
vigora a lei brasileira. Lembre-se: a regra é que, no território brasileiro, aplica-se a lei
brasileira. Entretanto, essa regra tem 4 exceções, que estão previstas nos artigos 7º a 10,
nas quais não se aplica a lei brasileira, mas a lei do lugar onde a pessoa tinha domicílio
(CUIDADO! NÃO É LEI PROCESSUAL. É LEI MATERIAL.)
Cuidado, por exemplo, com contratos internacionais. No Brasil, nos termos do artigo 435
do CC, “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Isso se aplica
aos contratos nacionais.
Se André vende seu carro para Rodrigo, aplica-se o CC. Se João compra um carro, por
óbvio, importado, de um europeu, aplicar-se-á a LINDB.
Segundo o princípio da irretroatividade, não. A lei civil tem efeitos ex nunc. Ela não
retroage nem para beneficiar. Há uma exceção !!! Ver Súmula 205 do STJ:
STJ (artigo 105, I, “i”). Pelo amor de Deus, na LINDB, no artigo 15, “e”, está escrito
Supremo Tribunal Federal. Isso mudou com a EC 45/2004.