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O temido general grego Holofernes chegou à cidade com um vasto exército, pronto a
invadir e destruir tudo e todos.
Entretanto, os gregos logo perceberam que os judeus poderiam aguentar por muito
tempo aquela situação, sem que ninguém entrasse ou saísse da cidade. Sendo assim,
o poderoso general colocou um perverso plano em ação.
- Você pagará caro por ter se rebelado contra seu general! - gritou Holofernes para o
ex-conselheiro. - Eu deixarei que você viva para ver a queda dos judeus e depois o
matarei junto com eles!
Entre os habitantes de Betulia havia uma jovem justa e temente a D'us chamada
Yehudit. Yehudit era descendente de uma família de sábios e profetas, era muito rica
e extremamente bela.
Yehudit, que passava os dias rezando para que o Todo-Poderoso tivesse piedade de
seu povo, não aguentava ver o sofrimento de seus irmãos judeus. A jovem, que
estava disposta a dar a vida por seu povo, se necessário fosse, resolveu que faria algo
para tentar salvar seus irmãos naquele momento de desespero.
Assim, a corajosa jovem vestiu suas roupas mais caras, enfeitou-se com belas jóias e
dirigiu-se com uma de suas escravas para os portões da cidade sitiada. Antes, porém,
Yehudit ainda fez uma prece fervorosa ao Todo-Poderoso, para que Ele iluminasse seu
caminho e enviasse a salvação de Seu povo por intermédio de suas mãos.
- Vá, e que D'us esteja com você! - disseram os soldados abrindo os portões.
Com essas palavras de apoio dos sentinelas, a jovem afastou-se da cidade sozinha
com sua escrava em direção ao acampamento grego.
- Quem é você, moça? E o que faz sozinha aqui em meu acampamento? - perguntou o
general em tom cordial.
- Eu estou em suas mãos para que o senhor faça comigo o que achar melhor - disse
Yehudit humildemente. - Só peço que me conceda um favor. Eu costumo banhar-me
todas as noites nas águas do rio, mas tenho medo de ser incomodada por seus
guardas. Gostaria de ter sua autorização para fazer isso.
Naquela mesma noite, Yehudit convidou o general para um banquete a dois, com
comidas que ela mesma prepararia. O general aceitou satisfeito o convite e Yehudit
começou a pôr seu plano em prática.
A jovem tinha trazido de sua casa um delicioso queijo forte e salgado. Durante o
banquete, ela serviu o queijo ao general e, ao mesmo tempo, foi oferecendo vários
litros de um vinho doce para matar sua sede. Distraído, o general comia o queijo e
bebia fartamente o vinho.
Quanto mais comia o queijo salgado, mais sede tinha o general. Em poucas horas ele
ficou completamente bêbado e sonolento. Já era tarde da noite quando, finalmente, o
terrível Holofernes caiu num sono pesado provocado por todo o vinho que havia
bebido. Sorrateiramente, Yehudit retirou a pesada espada que pendia da cintura do
general prostrado e murmurou uma breve prece:
Dizendo isto, Yehudit levantou a espada e golpeou com toda sua força o pescoço do
general. Foram necessários dois golpes até que a cabeça do perverso estivesse
completamente separada de seu corpo.
As duas ainda precisaram esperar alguns minutos para recuperar a cor de suas faces
pálidas.
Quando Yehudit percebeu que já não podia mais ser vista pelos soldados do
acampamento, mudou de direção e correu com sua escrava para Betulia, que
permanecia completamente fechada, com medo da invasão do inimigo grego. Os
soldados que guardavam os portões assustaram-se com os gritos da mulher que pedia
para entrar, mas logo reconheceram a voz da jovem Yehudit e abriram os portões
para que ela e sua escrava entrassem.
Achior, o prisioneiro que tinha sido condenado por Holofernes por ter desaconselhado
a guerra contra os judeus, foi trazido para reconhecer a cabeça de seu senhor. Achior
não pôde conter sua surpresa ao saber que o terrível e poderoso Holofernes tivera a
cabeça decepada por uma jovem indefesa.
- Bendito é o D'us de Israel que colocou seus inimigos em suas mãos! - exclamou
Achior espantado, ajoelhando-se no chão.
A notícia da miraculosa morte do general espalhou-se como fogo pela cidade, levando
gritos de alegria e júbilo por onde passava. Somente Yehudit ainda não estava
tranquila.
- Agora ainda não é o momento para comemorações - disse a jovem aos líderes da
cidade. - Devemos aproveitar esta oportunidade para um contra-ataque aos gregos
antes que eles possam se reorganizar.
- O que aconteceu para que eles saíssem de seus buracos? - perguntaram, rindo-se,
uns aos outros.