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Arte e Educação

1ª edição

Arte e Educação

Lucia Lyra de Serpa Pinto

TROL
Arte e Educação

DIREÇÃO SUPERIOR
Chancele r Joaqu im de Oliveira
Reitora Marlene Salg ado de Oliveir a
Pres idente da Mantene dora Wellington Salg ado de Oliveira
Pró- Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salg ado de Oliveira
Pró- Reitor de Organizaçã o e Desenvolv imento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró- Reitor Adm inistrativo Wallace Salgad o de Oliveira
Pró- Reitora Acadêm ica Jain a dos Santos Mello Ferreir a
Pró- Reitor de Exte nsão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Diretor Charlston José de Sousa Assis
Assessora Andrea Jar dim
Coorde nadora Ge ral de Pós-Gra dua ção Maria Alice Correa Ribeiro

FICHA TÉCNICA
Texto: Lucia Lyr a de Serpa Pinto
Revisão Ortográf ica : Walter P. V alverde Jú nior e Tatiane Rodrigues de So uza
Projeto Gráf ico e E ditoração: Andreza Nacif, Anto nia Machado, Eduar do Bor doni, Fabrício Ramos, Marcos
Antonio Lima da Silva e Ruan Carlos Vieira Fausto
Supe rvisão de Materiais Instruc ionais : Janaina Gon çalves de Jesus
Ilustração: Ed uard o Bordoni e Fabrício R amos
Capa: Edu ardo B ordoni e Fabr ício R amos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Dis tânc ia
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, R J, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Fich a cat alogr áfic a elabor ad a pela B ibliotec a Universo – Campus Niterói

P659a Pinto, Lucia Lyra de Serpa.


Arte e educação / Lucia Lyra de Serpa Pinto ; revisão de
Walter P. Valverde Junior. 1. ed. – Niterói, RJ:
EAD/UNIVERSO, 2011.
150 p. : il.

1. Arte e educação. 2. Arte - Estudo e ensino. 3.


Educação. 4. Dança. 5. Música. 6. Teatro. I. Valverde
Junior, Walter P. II. Título.

CDD 372.5

Bibliotec ária: ELIZABETH FRANCO MAR TIN S – CRB 7/4990

© Departamento de Ensino a Distância - U niversidade Salgado de Oliveira


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publica ção pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio se m permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educa ção e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).
Arte e Educação

Palav ra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio


dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsável pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora
Arte e Educação
Arte e Educação

Sumário

1. Apresentação da disciplina.................................................................................................................... 07

2. Plano da disciplina ....................................................................................................................................... 11

3. Unidade 1 – Qual o seu significado?................................................................................................ 13

4. Unidade 2 – O desenvolvi mento expressivo da criança .................................................... 35

5. Unidade 3 – Educação para a compreensão da cultura visual ...................................... 69

6. Unidade 4 – Linguagens da Arte........................................................................................................ 93

7. Considerações finais ................................................................................................................................... 141

8. Conhecendo a autora ............................................................................................................................... 143

9. Referências........................................................................................................................................................ 145

10. Anexos..................................................................................................................................................................147
Arte e Educação

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Arte e Educação

Apresentação da Disciplina

Prezado aluno,

É com grande satisfação que apresentamos a disciplina Arte e Educação. Bem


vindo ao nosso ambiente de aprendizagem.

O estudo dos conhecimentos de arte é de grande importância para os


profissionais que desejam atuar em escolas e espaços de ensino e aprendizagem
com crianças, jovens e adultos.

A arte-educação é uma disciplina que, como as demais, possui características


próprias e é interessante que seja necessário enfatizar esse aspecto. Quando nos
damos conta da evolução da pedagogia artística no Brasil, constatamos que o
tratamento dado não foi coerente com a dinâmica de novas estratégias que as
outras disciplinas mereceram. O ensino de arte atual ainda guarda resquícios de
metodologias antigas, tradicionais e equivocadas. Nesse sentido, a realidade que
encontramos nas salas de aula permite que, currículos e programas, apresentem
objetivos e conteúdos divergentes dos conhecimentos de arte. Por esse motivo,
em muitas escolas professores de arte são “direcionados” para uma prática de
“distrair ou ocupar o tempo dos alunos”, “pintar desenhos reproduzidos”, “decorar
murais e salas”, “preparar festinhas”, apresentar “teatrinhos pedagógicos”,
“dancinha para o dia das mães”.

A proposta apresentada nessa disciplina pretende esclarecer essas questões e


promover reflexões sobre o papel da arte para o indivíduo e a sociedade. Com isso,
o professor de arte estará apto a entender o seu papel de arte-educador dentro e
fora da escola. Outro ponto importante é ressaltar que cabe à escola conhecer os
objetivos e métodos necessários para desenvolver o ensino de arte coerente com
as propostas atuais, exigindo que os conhecimentos teóricos e práticos sejam
cumpridos pelos profissionais.

Assim, é possível desenvolver um trabalho com arte na escola que exige e ao


mesmo tempo media os instrumentos de aquisição do conhecimento; que
contribua para a formação de cidadãos conscientes, críticos e capacitados, que
saibam respeitar e valorizar a cultura e a realidade social em que vivem.

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Arte e Educação

Considerando os desafios apresentados e a necessidade de contribuir para um


efetivo trabalho com arte na escola, o presente estudo apresenta os pontos
principais que embasam o ensino dos conhecimentos de arte. Os conceitos são
apresentados de forma contextualizada e dialógica, facilitando o acesso, a
compreensão dos conteúdos e das atividades.

Vamos iniciar nosso estudo? Desejo que esteja receptivo e que possamos
estabelecer troca de idéias que enriqueçam nosso diálogo. Sempre que desejar, tire
suas dúvidas, estamos juntos nessa jornada.

Estude com prazer!

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Arte e Educação

Plano da Disc ip lina

A disciplina Arte e Educação tem como objetivo principal desenvolver a


percepção sobre a importância da arte para o desenvolvimento integral do aluno e
também levá-los a despertar um olhar observador para os seus diferentes tipos. A
partir de uma reflexão sobre o significado da arte, descrevemos o caminho
percorrido pelos educadores de arte no Brasil desde o período Imperial até os dias
atuais. Apresentamos as linguagens da arte, suas especificidades e técnicas.
Encaminhamos o estudo para o conhecimento de procedimentos de leituras de
imagem e alfabetização visual. Faz parte também do estudo, textos sobre avaliação
e projetos em arte. Nesse contexto, foi possível apresentar argumentação que dê
embasamento para os profissionais que estarão de forma direta ou indireta,
atuando junto aos arte-educadores, para saberem entender, valorizar e respeitar
esse profissional em seu espaço de atuação.

Para facilitar a compreensão dos conteúdos, a disciplina foi organizada em


quatro unidades e cada uma delas em subunidades, que permitem entender como
foi desenvolvido o programa.

A seguir, apresentamos o resumo das unidades da disciplina e seus respectivos


objetivos. Desejamos que tenha um estudo proveitoso e que possamos
compartilhar ideias ao longo dessa jornada.

Unidade 1 – Arte – qual o seu significado?

Em nossa primeira unidade estudaremos o significado e a evolução histórica


do ensino de arte no Brasil. Estes aspectos são muito importantes para os que
desejam trabalhar com arte-educação.

Objetivos:

 Compreender o significado da arte e a sua importância na educação


brasileira.

 Conhecer o cenário da evolução do ensino de arte no Brasil,

 Compreender os aspectos que fizeram parte da trajetória histórica do


ensino e aprendizagem de arte trazendo reflexões para a atualidade.

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Arte e Educação

Unidade 2 – O desenvolvimento expressivo da criança

Na segunda unidade veremos que através do desenho é possível acompanhar


o processo de formação do conhecimento da arte que pode se desenvolver desde
a infância até os primórdios da adolescência.

Objetivos:

 Compreender o processo de desenvolvimento expressivo da criança.

 Caracterizar as diversas etapas evolutivas do grafismo infantil.

 Conhecer os aspectos que envolvem o processo de desenvolvimento


da atividade imaginativa.

Unidade 3 – Educação para a compreensão da cultura visual

Na penúltima unidade veremos os elementos da cultura visual que estão


presentes nas representações que o homem é capaz de produzir e que necessitam
de um estudo cuidadoso, para que os professores se habilitem e trabalhem com os
“códigos” da linguagem visual.

Objetivos:

 Compreender que a cultura visual, é o resultado das representações


visuais que o homem é capaz de construir e necessita ser explorada e
levada para a sala de aula, tornando-a parte das experiências práticas
e cotidianas dos estudantes.

 Desenvolver estratégias que possibilitem o exercício efetivo da “arte-


educação” como fonte facilitadora da compreensão da cultura visual
no espaço educacional.

Unidade 4 – As linguagens da Arte

Na última unidade estudaremos a interação com as linguagens da arte que


permite compreender que, através da percepção das cores, dos sons, dos gestos,
do movimento corporal, somos capazes de inventar e ler o mundo. Para a avaliação
em arte, apresentamos sugestões que podem nortear esse importante momento
da aprendizagem. Propostas desafiadoras, como ensino de arte por projetos,
facilitam a construção dos conhecimentos de Arte.

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Arte e Educação

Objetivos:

 Identificar e interagir com as quatro linguagens da arte como


exercício da cidadania.

 Compreender que a aprendizagem em arte só é significativa quando


o objeto de conhecimento é a própria arte.

 Compreender que é através do conhecimento de cada linguagem


que o aprendiz revela suas ideias e sentimentos.

 Propor ações desafiadoras de aprendizagem em arte através de


projetos.

Bons estudos.

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Arte e Educação

12
Arte e Educação

1 Qual o seu significado?

A arte e seu significado.

Por que arte na escola?

O ensino de arte no Brasil.

As pedagogias no ensino de arte.

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Arte e Educação

A partir de agora você está convidado a descobrir os principais caminhos que


apontam o aprender e ensinar arte. Durante nosso estudo, na articulação teoria-
prática, estaremos dialogando e aprendendo juntos. Assim, desejamos que nossos
objetivos sejam atingidos e que contribuam para ampliar seus conhecimentos.

Objetivos da unidade:

 Compreender o significado da arte e a sua importância na educação


brasileira.

 Conhecer o cenário da evolução do ensino de arte no Brasil.

 Compreender os aspectos que fizeram parte da trajetória histórica


do ensino e aprendizagem de arte trazendo reflexões para a
atualidade.

Plano da unidade:

 A arte e seu significado.

 Por que arte na escola?

 O ensino de arte no Brasil.

 As pedagogias no ensino de arte.

Bons estudos.

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Arte e Educação

Para iniciarmos esse importante estudo sobre Arte e Educação, começaremos


por entender o significado da Arte. Vamos caminhar juntos?

A arte e seu significado

A história do homem está diretamente ligada à arte. A arte antecipa a


construção do seu próprio conceito, pois desde tempos remotos, quando o
homem habitava a escuridão das cavernas, sentiu necessidade de externalizar seus
anseios, desejos e medos frente aos fenômenos da natureza. Através de
representações expressas em linhas, contornos e manchas, o homem rupestre
pinta e risca nas paredes imagens impressionantes, utilizando elementos naturais
como pigmentos animais, vegetais e minerais.

Dentre todos os seres que habitam nosso planeta, o homem foi capaz de fazer
a diferença: pensar, perguntar, inventar, produzir. Da necessidade de comunicação
entre mundo interno e externo, o homem desenvolve uma grande capacidade
imaginativa. Essa ação permeia pensamentos e produções cada vez mais
complexos de imagens e objetos, proporcionando então, o surgimento das
linguagens. Através da música, da escultura, da pintura, da dança, do teatro e do
cinema, o homem expressa seus sentimentos, suas emoções, sua maneira de estar
e viver no mundo.

O conceito de arte é produto da comunicação e acompanha o pensamento e


as experiências humanas. A cada momento é contextualizado nos acontecimentos
e valores de sua própria época, pois a arte de nosso passado possui valores
diferentes para os da atualidade. Para tanto, é importante observar como os
artistas, críticos e historiadores conceituam a arte:

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Arte e Educação

No século XV:

Leonardo da Vinci integrava em


sua visão de mundo a Ciência e a Arte.
Ele mesmo era Cientista e Artista a um
só tempo, e estas duas dimensões se
completavam intimamente na sua
maneira de apreender o mundo. A arte
era concebida por ele como uma
‘Ciência da representação da Natureza’,
e é isto o que o habilita falar mais
autorizadamente em uma “imitação
científica da Natureza” por oposição à
“imitação mecânica”.
Outro aspecto fundamental da concepção de
Arte exposta por Leonardo da Vinci em seus escritos,
e que com muita freqüência faz com que ele seja
apontado como um precursor de uma forma mais
moderna de conceber a arte é a sua afirmação de
que a “arte é coisa mental”. Ele tinha clareza de que a
maioria das pessoas via mais freqüentemente com o
intelecto do que com os olhos, propriamente ditos.
Assim, para o pintor italiano, a pintura é “cosa
mentale”: objeto da inteligência elaborado com
“hostinato rigore”.
(Disponível em:
http://www.poiesis.uff/pdf/poiesis11/Poesis_11_arte
coisamental.pdf.Acesso em :05 set 2011)

Cosa mentale: coisa mental.


No século XIX: Hostinato rigore: obstinado
rigor.

“A arte é a missão mais sublime do homem já que


é o exercício do pensamento tentando
compreender o mundo e torná-lo compreensível.”
(RODIN, 1990, p.8)

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Arte e Educação
No século XX:
A arte nos dá a possibilidade de comunicar a concepção
que temos das coisas através de procedimentos que não
podem ser expressos de outra forma. Na verdade, uma
imagem vale por mil palavras não apenas pelo seu valor
descritivo, mas também por sua significação simbólica.
Na arte, assim como na linguagem, o homem é
sobretudo um inventor de símbolos que transmitem
ideias complexas sob novas formas. Temos de pensar na
arte não em termos de prosa do cotidiano, mas como
poesia, que é livre para reestruturar o vocabulário e a
sintaxe convencionais, a fim de expressar significados e
estados mentais novos, muitas vezes múltiplos.
(H.W.JANSON, 1996, p.7)
No século XXI:

Todos concordam que é muito difícil definir o que é arte.


Não obstante, se refletimos sobre o que conhecemos e
consideramos expressão artística, verificamos que, em que
pese a enorme variedade de estilos e concepções, há ali
um traço comum que nos permite englobá-la numa
mesma definição: é arte.
Houve épocas em que era quase impossível fazê-lo de
modo amplo, uma vez que a conceituação estreita reduzia
a expressão artística a princípios e normas, fora das quais a
arte seria impossível. (GULLAR, F. Instituição e Rebeldia.
Folha de S. Paulo, São Paulo 12 jun de 2011 – Disponível
em http://www.magaweb.com.br – Acesso em 27 ago
2011).
Pode-se observar então, que definir arte como conceito único é tarefa
extremamente difícil; podemos perceber que são muitas as respostas. A arte pode
ser compreendida na atualidade de uma maneira bem ampla, que engloba
diferentes manifestações culturais, sociais, políticas, bem como linguagens,
materiais, meios e técnicas. Pode, ainda, ser vista como um produto da inteligência
humana, uma experiência de alta complexidade que exige o delicado equilíbrio de
todas as potencialidades tanto no campo prático quanto teórico: criação,
experimentação, apreciação, associação, análise, contextualização, releitura, entre
outras importantes ações.

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Arte e Educação

Sendo assim, a arte está presente em todas as culturas de diferentes épocas.


Questionar sua importância seria o mesmo que negar a existência do ar, do sol, da
luz. Qual seria então a importância da arte na escola?

Por que arte na escola?

A arte, em suas diferentes linguagens, é uma forma de expressão criada pelo


homem a partir de sua necessidade de estabelecer um diálogo com o mundo.
Incluí-la na formação de crianças, jovens e adultos torna-se tão necessário quanto o
ensino de matemática, línguas ou ciências. A arte constitui-se como experiência
estética e humana, como área de conhecimento que tem seus próprios conteúdos.

O papel da arte na educação é grandemente afetado


pelo modo como o professor e o aluno vêem o papel da
arte fora da escola. (...) A arte não tem importância para o
homem somente como instrumento para desenvolver sua
criatividade, sua percepção etc., mas tem importância em si
mesma, como assunto, como objeto de estudos. (BARBOSA,
1975, p.90).

A compreensão sobre a arte e o estudo de sua história está diretamente ligada


ao conhecimento das práticas artísticas, e de como as mesmas foram
desenvolvidas no cenário histórico-social da humanidade. Elemento presente nas
práticas culturais cotidianas, em expressões visuais, sonoras, coloquiais, gestuais e
corporais, a arte favorece o reconhecimento de um repertório de representações
estéticas presentes em nossas vidas.

O homem, que vive em contato, desde a mais tenra idade com os elementos
plásticos e manifestações culturais, presentes na sociedade, poderá identificar as
formas como são percebidas e analisadas essas vivências. As preferências musicais,
a escolha das cores, o gosto por espetáculos artísticos e por seus produtores,
podem ser fatores determinantes no surgimento de novas poéticas e expressões
artísticas. A prática contínua de uma educação em arte se faz importante para o
acesso às estéticas existentes na atualidade, garantindo assim melhor
compreensão desses valores.

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Arte e Educação

As práticas educativas surgem de mobilizações sociais,


pedagógicas, filosóficas, e, no caso de arte, também
artísticas e estéticas. Quando caracterizadas em seus
diferentes momentos históricos, ajudam a compreender
melhor a questão do processo educacional e sua relação
com a própria vida. (FERRAZ, 1993, p.27).

Para entendermos mais ainda o papel da educação no desenvolvimento das


pessoas e das sociedades, o PCN – ARTE nos aponta para a necessidade de se
construir uma escola voltada para a formação de cidadãos, que não pode se
distanciar do compromisso por atender às necessidades desse novo milênio que se
inicia, marcado pela competição e pela excelência.

Progressos científicos e avanços tecnológicos definem


exigências novas para os jovens que ingressarão no mundo
do trabalho; tal demanda impõe uma revisão dos
currículos, que orientam o trabalho cotidianamente
realizado pelos professores e especialistas em educação do
nosso país. (PCN-Temas Transversais, 1998, p.5)

No texto de apresentação do PCN, temos:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram


elaborados procurando, de um lado, respeitar diversidades
regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro,
considerar a necessidade de construir referências nacionais
comuns ao processo educativo em todas as regiões
brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas
escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao
conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e
reconhecidos como necessários ao exercício da
cidadania.(Idem).

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Arte e Educação

O ensino de arte no Brasil

O ensino de arte no Brasil, teve início em 1800 no seminário de Olinda em


Pernambuco. Voltado para os homens, foi marcado por preconceito contra o
trabalho manual. Sendo assim, o ensino de arte centrava-se no desenho
geométrico e principalmente em cópias de modelos. Como o trabalho manual era
reservado aos escravos e nessa época não havia indústrias, essas tentativas de
ensino técnico frustraram.

As pedagogias no ensino de arte

Em 1816, D. João VI trouxe a missão francesa para o Brasil. Composta por


artistas europeus de renome foi fundada a Academia Imperial de Belas Artes, no
Rio de Janeiro. Iniciava-se um período muito importante, que concebia a arte como
base moral de toda educação e no culto à beleza. Os estudantes deviam ter dom
artístico e por isso foram levados a prática de excessivos e árduos exercícios de
cópia. O ensino de arte no Brasil seguiu o modelo das academias europeias, e
baseava-se no desenvolvimento de habilidades e técnicas gráficas. O desenho era
matéria obrigatória e considerado a base de todas as artes, ensinado nas séries
iniciais da Academia Imperial. Nas escolas primárias o desenho também seguia
esses objetivos, porém, as meninas não tinham acesso ao estudo, e em suas casas
eram preparadas para as habilidades manuais como o bordado e música.

Pedagogia tradicional no ensino de arte

No início de século XX, o ensino de arte no Brasil apresentava características


utilitárias de preparação técnica para o trabalho. Nas escolas valorizava-se o traço,
o contorno, a repetição e cópia de modelos e o desenho geométrico. Essas
atividades visavam preparar o estudante para a vida profissional. Nas escolas
normais, as futuras professoras aprendiam também “desenho pedagógico” e
esquemas gráficos para ilustrar aulas.

20
Arte e Educação

Essa “metodologia tradicional” que permanece até os dias atuais, era


desenvolvida pelos professores através de aulas de fixação, pela repetição dos
conteúdos, e por uma conduta autoritária. As matérias Música, Canto Orfeônico e
Trabalhos Manuais foram inseridas no currículo escolar a partir de 1950.

A partir dos anos 50, o ensino e a aprendizagem de arte,

(...) concentram-se apenas na transmissão de


conteúdos reprodutivistas, desvinculando-se da realidade
social e das diferenças individuais. O conhecimento
continua centrado no professor, que procura desenvolver
em seus alunos também habilidades manuais e hábitos de
precisão, organização e limpeza. (FERRAZ, 1993, p.32 )

Pedagogia nova no ensino de arte

Com a Semana de Arte Moderna de 1922, o surgimento da bienal de São Paulo


a partir de 1951 e a combinação de novas ideias surgidas em várias áreas, abriram
portas para uma proposta renovadora e a descoberta de novas maneiras de se
entender a expressão artística.

A “Pedagogia Nova”, também conhecida por movimento “Escola Nova”, surgiu


na Europa e Estados Unidos, no século XX. No Brasil, nas décadas de 50 e 60,
começam as primeiras experiências. Essa pedagogia experimental caracterizava-se
pela ênfase no desenvolvimento da criatividade e da autoexpressão da criança. As
atividades centravam-se no fazer artístico, encorajando a criança a experimentar,
improvisar e criar. O foco do processo educativo se deslocou da transmissão de
conteúdos para as necessidades e interesses do educando.

Ferraz (1993) nos esclarece que vários autores influenciaram os trabalhos de


professores de arte no século XX originando a “Escola Nova”: os americanos John
Dewey, (1900) e Viktor Lowenfeld (1930) e o inglês Herbert Read (1943). Com a
publicação de seu livro Educação pela Arte (traduzido em vários países), Read
contribuiu para a formação de um dos movimentos mais significativos do ensino
artístico no Brasil. Influenciado por esse movimento, Augusto Rodrigues liderou a
criação de uma "Escolinha de Arte", no Rio de Janeiro (em 1948), estruturada nos
moldes e princípios da "educação através da arte".

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Arte e Educação

Para melhor entendermos esse movimento,

Os princípios da Escola Nova, na prática escolar,


refletiam muitas vezes uma concepção espontaneísta,
centrada, na valorização extrema do processo sem
preocupação com os seus resultados. Como todo processo
artístico deveria “brotar” do aluno, o conteúdo dessas aulas
era quase exclusivamente um “deixar fazer” que muito
pouco acrescentava ao aluno em termos de aprendizagem
de arte. (MARTINS, 1998, p.12)

A pedagogia tecnicista no ensino de arte

A concepção tecnicista de ensino da arte, presente até os dias atuais, originou-


se no Brasil, a partir das décadas de 60/70, com o objetivo de formar profissionais
para atender as carências de mão de obra para o processo de industrialização em
expansão. Para atingir esses objetivos, nas aulas de arte os professores utilizavam
recursos tecnológicos e audiovisuais, enfatizando o “saber construir”, materiais
diversificados (sucatas, etc) e o “saber exprimir-se” através de atitudes espontâneas
expressas de forma descompromissada com o conhecimento de linguagens
artísticas. Essas ações ficam claras porque ao contrário das concepções anteriores.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no. 5692/71, a Educação


Artística é incluída no currículo escolar. Nessa época, os professores de Desenho,
Música, Trabalhos Manuais, Canto Coral e Artes Aplicadas, viram suas atividades
educacionais transformadas em “meras atividades artísticas”. Não havia cursos de
nível superior para formação de professores em Arte. Os cursos de Educação
Artística foram implementados às pressas para suprir essa necessidade. Os
professores, inseguros e com formação insuficiente, apoiavam-se em livros
didáticos de “Educação Artística”, para conseguirem aplicar seus planejamentos,
pois não dispunham de tempo suficiente para aprofundar seus conhecimentos.

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Arte e Educação

Desde a implementação da Lei 5692/71, o tratamento dado à Educação


Artística fica bastante comprometido, como se pode analisar no texto: “não é uma
matéria, mas uma área bastante generosa e sem contornos fixos, flutuando ao
sabor das tendências e dos interesses" (FERRAZ, 1992, p. 37-38).

A partir da Lei nº 5692/71, só as pessoas habilitadas pelos Cursos de


Licenciatura Curta (mais tarde Plena), poderiam ser contratadas ou prestar
concurso para assumir a área de Educação Artística.
Polivalente – aquele que
Esses cursos, que visavam à polivalência em arte,
pode exercer diversas
colocavam no mercado de trabalho profissionais
funções.
totalmente distanciados da arte e da prática
educacional.

Pedagogias libertadoras no ensino de arte

A Pedagogia Libertadora é também denominada de crítico social dos


conteúdos. É importante observar que o ensino de arte no Brasil atualmente
apresenta características das três pedagogias estudadas: tradicional, escola-novista
e tecnicista.

(...) o conhecimento dos aspectos pedagógicos,


ideológicos e filosóficos que marcam o ensino e a
aprendizagem de Arte, pode auxiliar o professor a entender
as raízes de suas ações, bem como seu próprio processo de
formação. (Id., 1993, p. 43)

E ainda:

(...) ao lado das tendências pedagógicas tradicional,


escola-novista e tecnicista, surge no Brasil, entre
1961/1964, um importante trabalho desenvolvido por
Paulo Freire, que repercutiu politicamente pelo seu
método revolucionário de alfabetização de adultos. (Ibid.,
p.32).

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Arte e Educação

As ideias de Freire estavam voltadas para uma relação dialógica entre


professor e aluno, com vistas ao desenvolvimento da consciência crítica e
configuram o que chamamos de pedagogia libertadora. A partir dos anos 80, os
professores de arte brasileiros, conscientizados da necessidade de melhorar e
valorizar sua profissão discutem sobre práticas e teorias de educação escolar.
Acreditando no papel da escola como responsável pelas mudanças nas ações
sociais e culturais da sociedade, novas ideias juntam-se às experiências do passado.
Novos rumos são traçados com referências das pedagogias tradicional, nova,
tecnicista e libertadora.

Configura-se a Pedagogia Histórico-Crítica, (SAVIANI,1980), baseada no


pensamento de que “a escola deve assumir, através do ensino e da aprendizagem
do conhecimento acumulado pela humanidade, a responsabilidade de dar ao
educando o instrumental para que ele exerça uma cidadania mais consciente,
crítica e participante”(FERRAZ, 1993, p.34).

A Pedagogia Histórico-crítica propõe uma escola com métodos de ensino


eficazes para que esta funcione bem. A proposta consiste em que o professor
estimule seus alunos através de atividades e iniciativas próprias; favoreça o diálogo
entre alunos e professores; valorize o conhecimento da cultura acumulada
historicamente e os interesses dos alunos; observe e considere os ritmos de
aprendizagem e o desenvolvimento psicológico. É importante também que os
conhecimentos dos conteúdos cognitivos sejam transmitidos e assimilados de
forma sistematizada e lógica.

A prática social é problematizada, através de ações mediadas pelo professor:


são questionamentos que se desdobram em conhecimentos e, a partir daí, serão
complementados com suportes teóricos e culturais.

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Arte e Educação

Nesse contexto, uma relevante contribuição nos é dada por Ana Mae Barbosa.
Suas preocupações com o processo histórico do ensino de arte no Brasil são
analisadas em suas obras: Arte-Educação no Brasil (1978), Recorte e Colagem:
Influências de John Dewey no Ensino de Arte no Brasil, Arte-Educação: Conflitos e
Acertos (1984), História da Arte-Educação (1986) e O Ensi no da Arte e sua História
(1990).

A autora, através de relatos e reflexões, ressalta o papel do professor de arte


como articulador dos conhecimentos e dos conteúdos de arte, e propõe um
posicionamento teórico metodológico, conhecido por “Metodologia Triangular”.
Ana Mae, que contribui de forma qualitativa para o processo de crescimento do
profissional de arte, apresenta uma proposta metodológica que integra três
aspectos do conhecimento de arte: o “fazer artístico”, a “análise de obras” e a
“história da arte”.

Acreditamos que ao finalizar esta unidade você:

Tenha compreendido o significado da arte - conhecimento que permeia


diferentes manifestações culturais, sociais, políticas, bem como linguagens,
materiais, meios e técnicas. Pode ser vista como um produto da inteligência
humana, uma experiência de alta complexidade que exige o delicado equilíbrio de
todas as potencialidades tanto no campo prático quanto teórico: criação,
experimentação, apreciação, associação, análise, contextualização, releitura, entre
outras importantes ações.

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Arte e Educação

Conheça o papel da arte para a educação e se conscientize da necessidade de


incluí-la nos currículos escolares.

Seja capaz de compreender melhor as propostas de arte na atualidade e o


papel do professor de arte como articulador dos conhecimentos.

Leitura Complementar

Veja a seguir as leituras complementares sugeridas. Não deixe de lê-


las, porque são as fontes de informação para entendimento do conteúdo
apresentado nessa unidade.

BARBOSA, Ana Mae. Teoria e prática da educação artística. São


Paulo:Cultrix, 1975.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares


Nacionais – Arte. Secretaria do Ensino Fundamental/SEF, 1998.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais /
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

FERRAZ, Maria Heloisa & FUSARI, Maria F. Metodologia do ensino de arte.


São Paulo, Cortez, 1993.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE Gisa; GUERRA M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo.
FTD, 1998.

JANSON, Anthony F. Iniciação á História da arte. São Paulo: Martins Fontes,


1996.

RODIN, Auguste - A arte/Auguste Rodin, [em] conversas com Paul Gsell.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

26
Arte e Educação

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

Na próxima unidade analisaremos o processo de desenvolvimento expressivo,


desde a infância até a adolescência. Entraremos em contato com as representações
gráficas e com o desenvolvimento do processo criativo presentes na vida do
homem.

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Arte e Educação

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Arte e Educação

Exercícios –Unidade 1

1 – Leia as frases e assinale a alternativa que corresponde ao significado de Arte


segundo a visão de Leonardo da Vinci.

a) Segundo o artista renascentista, arte é a obra pronta, é o produto da


comunicação humana.

b) No século XV, a arte possuía significados ocultos, e era destinada apenas às


classes mais abastadas.

c) A arte era concebida por Leonardo da Vinci como uma “Ciência da


representação da Natureza”.

d) Os artistas, críticos e historiadores do século XV conceituavam a arte como


“algo sem importância”.

e) Leonardo da Vinci não registrou estudos que comprovassem sua visão da


arte. Nessa época, não havia estudos relevantes sobre o tema.

2 – Analise as frases e responda:

I – O trabalho manual e as atividades livres caracterizam o início do ensino de


arte no Brasil.

II – No ano de 1800, em Pernambuco, teve início o ensino de arte e sua


metodologia centrava-se no desenho geométrico e principalmente em cópias de
modelos.

III - Em 1800, deu-se início ao ensino de arte no Brasil. Nessa época os escravos
tinham acesso aos estudos e realizavam trabalhos manuais e cópias de originais.

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Arte e Educação

Marque a alternativa correta:

a) estão erradas a I e II.

b) está correta a III.

c) está correta a I.

d) está errada a II.

e) está correta a II.

3 – Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase


apresentada:

Segundo o PCN-Arte, o papel da educação no desenvolvimento das


___________________, nos aponta para a necessidade de se construir uma
__________voltada para a formação de cidadãos, que não pode se distanciar do
compromisso por atender às necessidades desse novo milênio que se inicia,
marcado pela __________________________.

a) escolas – sociedade - violência

b) pessoas e das sociedades - escola - competição e pela excelência

c) competências e habilidades – escola – competência do estado

d) crianças – sociedade – carência alimentar

e) universidades – profissão – globalização

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Arte e Educação

4 – A “metodologia tradicional” no ensino de arte no Brasil se caracteriza por:

a) Ministrar aulas de fixação e repetição de conteúdos, por uma conduta


autoritária. Nas aulas de arte valoriza-se o traço, o contorno, a repetição,
cópia de modelos e o desenho geométrico. Essas atividades visam preparar o
estudante para a vida profissional.

b) Essa metodologia é praticada nos dias atuais e os conteúdos são passados


através de livros didáticos e desenho livre.

c) Nessa metodologia há grande liberdade de expressão criadora, considerada a


base de todas as artes, Nas escolas as crianças têm acesso a materiais
diferenciados e a relação professor-aluno transcorre de forma dialógica.

d) Apresentar propostas inovadoras, articulando conteúdos de todas as


disciplinas transdisciplinarmente.

e) Exercer uma prática social problematizada, com atividades realizadas através


de ações mediadas pelo professor: são questionamentos que se desdobram
em conhecimentos e, a partir daí, serão complementados com suportes
teóricos e culturais.

5 – A metodologia de ensino em arte que se caracteriza pela ênfase no


desenvolvimento da criatividade e da auto-expressão da criança; realização de
atividades centradas no fazer artístico; fortalecimento de experimentações,
improvisos e criações espontâneas é denominada:

a) Pedagogia tecnicista

b) Pedagogia livre

c) Pedagogia da arte espontânea

d) Pedagogia liberal

e) Pedagogia nova

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Arte e Educação

6 - Assinale a opção que identifica a importância e/ou necessidade do


conhecimento das metodologias pedagógicas para o ensino de arte.

a) A importância é irrelevante porque o professor tem liberdade para fazer o


que desejar, e atualmente com a globalização, o que vale é realizar trabalhos
livres, sem compromisso com regras ou técnicas.

b) Não é necessário conhecer as propostas pedagógicas de arte, o importante é


o professor ter formação específica na área.

c) É importante para que o professor tenha referências e possa seguir uma


metodologia baseada em exercícios, revisão de conteúdos e atividades
manuais.

d) É importante para a compreensão da arte e o estudo de sua história que está


diretamente ligada ao conhecimento das práticas artísticas, e de como as
mesmas foram desenvolvidas no cenário histórico-social da humanidade.

e) As propostas pedagógicas não fizeram parte da evolução do ensino de arte


no Brasil; todas as referências vieram da Europa através da missão artística
francesa.

7 - Assinale a alternativa mais adequada:

O PCN – Arte foi elaborado:

I – com o propósito de respeitar as diversidades regionais, culturais, políticas


existentes no país e, também, considerar a necessidade de construir referências
nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras.

II – porque a arte tem importância para o homem somente como instrumento


para desenvolver sua criatividade, sua percepção.

III - porque se pretende criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos
jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e
reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania.

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Arte e Educação

a) está correta a II

b) estão corretas a I e III

c) estão erradas I e III

d) está errada a III

e) estão erradas II e II

8 – Leia com atenção as frases abaixo e classifique-as como (C) certas ou (E) erradas,
em seguida, escolha a alternativa adequada.

I - A arte pode ser compreendida na atualidade como um produto da


inteligência humana. ( )

II - A arte é uma experiência de alta complexidade que exige o delicado


equilíbrio de todas as potencialidades tanto no campo prático quanto teórico:
criação, experimentação, apreciação, associação, análise, contextualização,
releitura, entre outras importantes ações. ( )

III - A arte só pode ser compreendida na atualidade pelos progressos


científicos e avanços tecnológicos. ( )

IV - A compreensão sobre a arte e o estudo de sua história está diretamente


ligada ao conhecimento das práticas artísticas, e de como as mesmas foram
desenvolvidas no cenário histórico-social da humanidade. ( )

V - A arte, em suas diferentes linguagens, é uma forma de expressão criada


pelo homem a partir de sua necessidade de estabelecer um diálogo com o mundo.
( )

a) C – C –C –C –E
b) E – E– C –C –C
c) C – C –C –E –C
d) C – C –E –C –C
e) E – C –C –C –C

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Arte e Educação

9 – Até hoje encontramos características dessa pedagogia de ensino: professores


planejando suas aulas com recursos tecnológicos e audiovisuais. Orientados por
uma concepção mecanicista, as aulas são planejadas a partir de objetivos
operacionais, passando uma ideia de “modernidade”. Essas concepções de ensino
iniciaram no Brasil entre as décadas de 60 e 70. Descreva os aspectos que
caracterizam o ensino de arte oriundo dessa pedagogia, identificando-a.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10 – Leia o texto abaixo :

(...) “os cursos escolares de Arte não são os únicos lugares nem os únicos
tempos disponíveis para as pessoas aprenderem saberes em arte.”.

A que aspectos do ensino de arte podem-se relacionar as ideias do texto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Arte e Educação

2 O Desenvolvimento
expressivo da criança

Expressão gráfica infantil.

O significado da arte para a criança

A evolução do desenho infantil.

Fases do grafismo.

Por que desenhar é importante?

A imaginação criadora.

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Arte e Educação

Nesta unidade vamos compreender como o processo de formação do


conhecimento da arte pode se desenvolver desde a infância até os primórdios da
adolescência. Através do desenho, a primeira forma de expressão gráfica, é possível
compreender o significado da expressividade infantil. Você está convidado a
participar dessas descobertas.

Objetivos da unidade:

 Compreender o processo de desenvolvimento expressivo da criança.

 Caracterizar as diversas etapas evolutivas do grafismo infantil.

 Conhecer os aspectos que envolvem o processo de desenvolvimento


da atividade imaginativa.

Plano da unidade:

 Expressão gráfica infantil.

 O significado da arte para a criança

 A evolução do desenho infantil.

 Fases do grafismo.

 Por que desenhar é importante?

 A imaginação criadora.

Bons estudos.

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Arte e Educação

Expressão gráfica infantil

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo, e com


cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo... Corro o lápis
em torno da mão e me dou uma luva e se faço chover com
dois riscos tenho um guarda-chuva... Se um pinguinho de
tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante
imagino uma linda gaivota a voar no céu...

Aquarela. Toquinho, Vinicius de Moraes, M. Fabrizio e G. Morra.


Ariola 1983

A expressão infantil ocorre naturalmente, tanto de forma verbal como corporal


ou plástica. Ao observar o desenvolvimento expressivo de uma criança,
percebemos que suas brincadeiras, seus desenhos e
pinturas, seus gestos, seu contato e descoberta do elementos cognitivos:

mundo exterior vão acontecendo de forma elementos relativos à aquisição

contínua. Sensações e percepções vão sendo do conhecimento

vivenciadas através do pensamento, da criatividade,


da imaginação e dos sonhos. A vivência e o contato com outras crianças e adultos
permite que a expressividade infantil se revele através de articulações internas e
externas que vão dando forma ao repertório criativo constituído de elementos
cognitivos e afetivos.

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Arte e Educação

É através do desenho, a primeira forma de expressão gráfica infantil, que a


criança desenvolve uma linguagem própria, impregnada de significados. Essa
linguagem universal presente em todas as culturas é revelada em pequenos gestos
representados a partir de um elemento capaz de imprimir um registro gráfico; seja
através de um lápis, caneta, ou até mesmo com os dedos sobre uma superfície
(papel, ou outro material). Surgem linhas, rabiscos e mais tarde formas
compreensíveis. Assim, a criança registra seus pensamentos e sentimentos,
representa objetos significativos, reais ou imaginários. Expressando-se a criança
amadurece a percepção motora e cerebral, além de desenvolver mecanismos
biológicos e sensoriais.

O desenho infantil estabelece uma relação entre a criança e sua


expressividade, que possui seu próprio estilo de representação gráfica bem como
sua própria maneira de expressão. É o que podemos perceber no texto abaixo:

A criança se exprime naturalmente, tanto do ponto de


vista verbal, como plástico ou corporal, e sempre
motivada pelo desejo da descoberta e por suas fantasias.
Ao acompanhar o desenvolvimento expressivo da criança
percebe-se que ele resulta das elaborações das sensações,
sentimentos e percepções vivenciadas intensamente. Por
isso, quando ela desenha, pinta, dança e canta, o faz com
vivacidade e muita emoção (FERRAZ, 1993, p. 55).

A produção gráfica é para a criança um dos meios mais significativos de


comunicação. De acordo com Read (2001) o desenho é uma atividade espontânea,
é expressão e comunicação. O que não é dito verbalmente aparece nas situações
concretas indicadas nos traços

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Arte e Educação

O significado da arte para a criança

Lowenfeld e Brittain, na obra Desenvolvimento da capacidade criadora (1970),


apresenta os motivos e a importância da expressão artística para o
desenvolvimento das capacidades intelectuais das crianças e jovens. Sobre o
significado da arte para as crianças, o autor considera que “a criança é um ser
dinâmico; para ela, arte é uma comunicação de pensamento. Vê o mundo de forma
diferente daquela como o representa e, enquanto desenvolve, sua expressão
muda.”

Segundo Lowenfeld e Brittain, a importância do grafismo da criança está no


processo, ou seja, no seu pensamento, nos seus sentimentos, nas suas percepções,
em suma, nas suas reações ao ambiente em que vive. Por isso, os professores
muitas vezes empolgados com a produção infantil, são capazes de impor seus
esquemas de cores, proporções e até a maneira de pintar.

Ao professor cabe o papel de criar situações estimulantes para um


desenvolvimento criativo, tendo em conta que cada criança desenvolve sua
capacidade criadora, seus interesses e seus progressos nas linguagens da arte,
individualmente, independente da relação com o “belo”.

A evolução do desenho infantil

O desenho como possibilidade de brincar, de falar e de registrar, marca o


desenvolvimento cognitivo e intelectual da infância. Foi observando essas
pequenas diferenças que psicólogos e pedagogos distinguiram algumas etapas da
evolução gráfica, que são muito próximas em todas as crianças, podendo
apresentar diferenças individuais devidas ao meio físico e social em que vivem. A
partir dessas análises, observou-se que em todo o mundo, as crianças desenham as
mesmas coisas, da mesma forma e na mesma idade. Em cada estágio o desenho
assume características próprias.

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Arte e Educação

O surgimento do grafismo varia de criança para criança. Há um ritmo pessoal


para a evolução do grafismo, porém características comuns nas representações
gráficas de todas as crianças determinam fases regulares que podem ser estudadas.

Segundo Lowenfeld e Brittain (1970), o estudo do grafismo é melhor


compreendido através da análise de uma sequência de etapas porém, não se pode
garantir que essas etapas ocorram em uma sequência estática, rígida, porque cada
criança tem seu próprio ritmo, e assim, observamos que algumas se detêm mais
em algumas fases, podendo também apresentar características de várias. É
também possível encontrar grafismos que não apresentem características de
nenhuma das fases estudadas; isso pode ocorrer devido ás influências sofridas pelo
meio e até devido à personalidade da criança. Outro aspecto importante é não
estabelecer uma relação imediata entre as diferentes fases e a idade cronológica,
porque, assim como a idade mental não é igual para crianças com a mesma idade
cronológica, a etapa individual de desenvolvimento gráfico só pode ser revelada
pelos desenhos.

O estudo do desenho ou grafismo infantil permite realizar testes mentais


como o teste da árvore, da figura humana, da casa e de animais. Esses testes só
devem ser aplicados ou analisados por psicólogos ou especialistas para atender a
um objetivo específico. O professor, por meio dessas representações gráficas, pode
situar a fase do desenvolvimento mental da criança com o objetivo de desenvolver
sua criatividade. Sendo assim, os desenhos das crianças não devem ser associados
a estados afetivos como tristeza, raiva, medo, alegria ou agressividade. O
conhecimento do processo evolutivo do grafismo infantil é muito importante para
o professor por que:

- poderá saber o que cada criança é capaz de produzir em cada fase do


desenvolvimento gráfico;

- poderá situar a fase do desenvolvimento mental da criança;

- terá condições para planejar as atividades artísticas adequadas á


criança.

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Arte e Educação

Fases do grafismo

Fase da Rabiscação

O homem, desde a época das cavernas, ao manipular materiais e expressar-se


graficamente através de gestos, cores, formas, espaços ou superfícies, teve a
intenção de dar sentido a algo, de comunicar-se com os outros homens e até com
animais deixando suas marcas nos espaços que ocupou. O estudo das fases da
evolução gráfica infantil é uma atividade que deve ser realizada com cuidado, e
para isso, é necessário a observação de vários desenhos de uma criança para que se
possa concluir sobre a fase em que se encontra.

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Arte e Educação

- Fase da rabiscação:

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Arte e Educação

- Início da figuração

Rabiscação

É a primeira fase do desenvolvimento gráfico da criança. Pode iniciar entre um


ano e meio e vai até os quatro anos aproximadamente. A criança demonstra
extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer da
maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo
contraste, mas não há intenção consciente. A fase da rabiscação pode ser dividida
em:

• Rabiscação desordenada: São os primeiros traços da criança; o resultado de


movimentos amplos e desordenados. É uma atividade instintiva que pode não ter
significado para os adultos, porém a criança está desenvolvendo o tato, a
musculatura ao segurar o lápis. São traços feitos em todas as direções e cada
criança tem seu próprio ritmo ao manusear os materiais.

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Arte e Educação

• Rabiscação longitudinal: Quando a criança consegue estabelecer um


controle sobre o que vê e o que faz. Os movimentos longitudinais são firmes e
intencionais e a atividade é feita com prazer porque a criança percebe que está
havendo uma relação entre os movimentos da mão e os resultados que surgem no
papel.

• Rabiscação celular ou circular: Nesse momento, a criança já tem maior


controle sobre o que faz e inicia um novo processo: linhas circulares surgem e são
incorporados aos outros rabiscos longitudinais e desordenados. O traçado toma
mais vigor e formas circulares e enoveladas vão fazer parte desse universo. São
avanços que comprovam a capacidade motora e visual de representação gráfica.

• Rabiscação acompanhada de fabulação: Nessa fase a criança se comunica e


fala sobre o que faz. Pode surgir aproximadamente entre os três e quatro anos e, ao
mesmo tempo em que desenha, fala e conta histórias. Suas representações gráficas
ainda não são reconhecíveis para os adultos. Aqui a expressão é o jogo simbólico:
"eu represento sozinho". O símbolo já existe. A figura humana pode aparecer de
maneira imaginária, a criança representa o pai, a mãe etc, de forma simbólica: um
círculo para a cabeça e dois traços mais ou menos retilíneos para as pernas.

A criança sente um grande prazer no que faz, porque percebe que seus traços
têm alguma relação com o que está ao seu redor. Ela quer mostrar aos adultos e
essa alegria é o resultado de suas conquistas e experiências. Seus rabiscos, seus
símbolos são o nascimento da linguagem plástica, porque resultam do
pensamento, da imaginação e dos desejos que vão tomando forma e significado.

É importante observar:

O espaço de representação gráfica da criança apresenta características que


podem ser identificadas nas três primeiras etapas da rabiscação. Nessas etapas a
representação do espaço é cinestésica, ou seja, motora. Na rabiscação
acompanhada de fabulação o espaço é puramente imaginativo. Não há ordenação
do espaço nessas etapas.

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Arte e Educação

. O uso da cor é feito sem uma intenção consciente, a criança pinta apenas por
prazer, sem admitir significado às cores. Na rabiscação acompanhada de fabulação
a criança emprega a cor para distinguir o significado dos rabiscos, porém não há
relação com o objeto real que ela imagina representar.

– Fase de início da figuração:

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Arte e Educação

– Fase de início da figuração:

– Fase da figuração esquemática:

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Arte e Educação

47
Arte e Educação

. Início da figuração: Essa fase pode acontecer entre os quatro e sete anos
aproximadamente. A criança dá continuidade a seus rabiscos, porém os traços vão
se tornando identificáveis. Em sua evolução gráfica, constantes experimentações
são feitas e seus signos vão alcançando um conceito definido de forma, como os
que usa para representar a figura humana. São traços pessoais que a criança repete
e vai enriquecendo com novas formas de representação. Nesta fase a criança
desenha repetindo a mesma forma com poucas variações entre si, como se
estivessem enfileiradas em uma linha imaginária. A cor, a forma e a proporção têm
valor emocional. Por isso, determinadas representações são feitas em escalas
diferentes: o que mais gosta, admira ou teme pode ser representado em
dimensões maiores do que os outros elementos do desenho. O espaço é
desordenado e a criança costuma falar sobre suas representações, relacionando-as
com seu mundo real.

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Arte e Educação

. Figuração esquemática: Entre os sete e nove anos, nos desenhos das


crianças surgem representações dos aspectos da realidade, do meio social do qual
a criança faz parte: a família, a cidade, os transportes, os brinquedos, o espaço
circundante. O espaço é representado de forma ordenada: uma linha para o chão,
sobre a qual todos os elementos estarão desenhados; é a linha de base. Os
desenhos da casa, árvore, veículos e pessoas estarão apoiados nessa linha. Na parte
superior do papel a criança desenha o sol, nuvens, elementos que caracterizam o
céu. Essa forma de representação é denominada oposição céu/solo onde todos os
elementos do solo estão na parte inferior do papel – linha de base e os elementos
do céu,na parte superior do papel. A representação humana apresenta um
conceito definido de forma e os aspectos narrativos são registrados sob a forma de
legendas em balões, como nas histórias em quadrinhos. Há também a necessidade
de representar o interior dos objetos e para isso desenham as partes internas das
casas, os móveis, as pessoas, o quarto – é a transparência. Nesse momento, a
criança quer representar suas experiências com clareza e usa o recurso do
rebatimento; podem surgir desenhos de pessoas, casas e árvores como se
estivessem deitadas no plano. Quanto ao emprego da cor, seu uso está relacionado
com a realidade.

Podemos observar que:

 Há um esquema de espaço – uso do espaço ordenado com a


presença da linha de base; oposição céu-solo.

 Há um esquema de cor - emprego da cor relacionada à realidade


exterior: o céu é azul, as árvores são verdes. Porém podem ser
atribuídos significados afetivos aos objetos e seres.

 Há um esquema de forma – geralmente a forma é representada


geometrizada, com esquemas definidos que se repetem. A figura
humana, de preferência, é representada de frente. O desenho de
perfil inicialmente com cabeça de perfil e corpo de frente e depois,
os pés e mãos, por último o tronco gira e assim a figura evolui para
uma representação total de perfil, indicando o movimento e a
direção.

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Arte e Educação

Todos esses esquemas indicam a evolução e


Realismo lógico: entender como
amadurecimento da percepção da criança, tanto
raciocínio encadeado, com ligação
visual como motora, que vão sendo expressos em
de ideias coerentes com a realidade.
sua linguagem plástica. Também podemos
perceber que a criança representa através de um
esquema lógico, ou seja, ela representa o que sabe dos objetos – é um realismo
lógico.

. Figuração realista: Nessa fase, que pode iniciar aos 10 anos, a criança
desenha o que vê, com detalhes; é denominada também de realismo visual. A linha
de contorno dos objetos ganha detalhes que se aproximam do natural, tanto na
forma, como na cor. A proporção entre os elementos é ajustada e a criança
consegue até representar a profundidade da cena. A linha de base da fase
esquemática desaparece, e os elementos são representados sobre um espaço que
indica os planos do solo e do céu. Utiliza o recurso de desenhar o que está na frente
em dimensão maior, daquele que se distancia, buscando a profundidade. Algumas
partes são encobertas, não utilizando o recurso da transparência. O uso da cor
adquire características mais refinadas, com uso de tonalidades, claro-escuro.
Representa as texturas dos objetos dos animais, o relevo das montanhas, enfim,
alcança um amadurecimento em sua expressão gráfica. Na figura humana as
características sexuais são exageradas, com a presença das articulações e
proporções e representação acentuada da expressão: tristeza, alegria, raiva.

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Arte e Educação

- Figuração realista

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Arte e Educação

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Arte e Educação

- Fase da figuração realista

Na adolescência, que pode ter início entre os 12 e 14 anos, o jovem vive um


momento de questionamento e construção de sua própria identidade. As opiniões
dos adultos, as pressões externas o olhar crítico e pessoal sobre as suas produções
vão desencadear um processo conflituoso. As produções podem sofrer
alternâncias entre o prazer de manejar e explorar as linguagens artísticas e o medo
de se expor.

53
Arte e Educação

Podemos observar que:

 Na procura por uma forma de expressão pessoal, há uma predominância


pelas representações abstratas, denominadas de doodles, rabiscos sem
sentido. Essas representações gráficas vão aparecer nas paredes, nos
cadernos, nas carteiras, nas ruas, enfim, em todos os espaços de
convivência entre os jovens.

 A partir dessa fase, as crianças que são estimuladas podem evoluir e


alcançar uma forma de representação gráfica que as satisfaça, sentindo-se
orgulhosas de seus trabalhos. Porém, pode ocorrer que, com a falta de
contato constante com materiais e pessoas que lhe estimule, o jovem se
sinta inseguro e pare de desenhar.

 Essa fase é reconhecida por alguns estudiosos como “Fase da repressão” –


o desenho pode regredir à fase da figuração esquemática; o jovem sente
vergonha de suas produções e quando é necessário representar algo,
recorre às cópias de figuras e elementos estereotipados. (desenhos
realizados através de cópias, reproduzidos com o auxílio de papel
transparente ou outros métodos).

Nessa última etapa, mais próxima da adolescência,


aparecem as construções tendendo para as formas
ilusórias e naturalistas, com proporcionalidade,
utilizando métodos de representação espacial e
perspectiva. É neste momento também que o
jovem começa a demonstrar um desinteresse pelo
desenho, e a se voltar para outras manifestações
artísticas. (FERRAZ e FUSARI, 1993, p. 78).

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Arte e Educação

 É importante que o jovem se reencontre em seu processo expressivo.


Para tanto, é necessário que haja uma conscientização por parte dos
professores e um esforço no sentido de oferecer um ensino de arte
instigante e voltado para o aprendiz.

Encerramos assim as considerações sobre o estudo da evolução gráfica,


conscientes de não termos esgotado esse assunto, porém o esboço apresentado
pode servir como referência para a compreensão e valorização do grafismo infantil
como elemento de suporte às ações pedagógicas realizadas em sala de aula.

Por que desenhar é importante?

O que pode valorizar a atividade criadora é um constante trabalho com o


desenvolvimento da observação, percepção e imaginação. A ação de desenhar na
infância reúne vários elementos que podem ser sintetizados nos aspectos motor,
perceptivo e de representação.

Os estímulos adequados e a prática do grafismo impulsionam a sua evolução.


Cada criança tem seu próprio ritmo e algumas podem se detêm mais em outras
fases.

Ao desenhar, a criança expressa sentimentos, emoções que, nem sempre


conseguiria através da linguagem oral. Visto assim, como uma linguagem de
expressão, o grafismo permite que o professor analise e observe a criança de forma
natural, através dos gestos, traços, formas e cores.

Motivar a criança para que se expresse graficamente com frequência, é


incentivar a multiplicidade de expressões. O professor que atua junto à criança,
precisa estar atento ao desenvolvimento da sensibilidade e da imaginação, o que
contribuirá não apenas para o desenvolvimento do grafismo, mas para a educação
integral do seu aluno.

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Arte e Educação

O melhor procedimento para o desenvolvimento da sensibilidade, da


observação, da percepção, da imaginação, do senso de análise e crítica da criança
ou do jovem, é levá-los a interagir em um ambiente natural, ou seja, em contato
direto com a natureza. Essa ação permite enriquecer todos os campos de
experiências sensoriais, afetivas e sociais e também prepara para futuras
representações gráficas.

A imaginação criadora

“A criação do novo não é conquista do intelecto, mas do instinto de


prazer agindo por uma necessidade interior. A mente criativa brinca
com os objetos que ama.”. (NACHMANIVICTH, 1993, p.49)

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Arte e Educação

A improvisação, a composição, a literatura, a pintura, o teatro, a invenção,


todos os atos criativos são formas de divertimento, o ponto de partida da
criatividade no ciclo de desenvolvimento humano é uma das funções básicas. Sem
o divertimento, o aprendizado e a evolução são impossíveis. O trabalho criativo é
divertimento; é a livre expressão dos materiais que cada um escolheu. A mente
criativa brinca com os objetos que ama. O pintor brinca com a cor e o espaço. O
músico brinca com o som e o silêncio. As crianças brincam com qualquer coisa em
que possam pôr as mãos.

A expressão criadora é a expressão natural da singularidade individual. É a


maneira pessoal do indivíduo devolver ao exterior as impressões que capta do
meio. A criação infantil não é o resultado da influência do professor com seus
sentimentos, pensamentos e emoções. O importante no trabalho com crianças é
estimular os sentidos e a imaginação, porque eles conduzem à aprendizagem.

A atividade imaginativa necessita ser entendida como uma atividade criadora


por excelência pois é o resultado das experiências vivenciadas no mundo real. A
imaginação é constituída da relação entre novas ideias, imagens e conceitos que
vão sendo formados na relação entre fantasia e mundo real.

A compreensão do sentido de “imaginação criadora” não pode deixar de


considerar os aspectos que interferem diretamente nessa ação: as diferenças bio-
psiquico-social (biológicas, psíquicas e sociais) da criança e do jovem. O estudo
das fases do desenvolvimento da criança e sua evolução na representação gráfica,
nos dão a dimensão da complexidade desse estudo.

Conhecer os aspectos que envolvem o processo de desenvolvimento da


atividade imaginativa nos leva a questionar porque a criança, em seus primeiro
anos de vida, demonstra com mais evidência sua expontaneidade expressiva do
que na fase da adolescência. O que acontece com o processo educativo dessas
crianças, que, aos poucos vai perdendo o interesse em expressar-se criativamente?
É importante refletir sobre como a escola está valorizando o desenvolvimento da
criatividade, como é o processo de construção do conhecimento. Uma educação
que prioriza a transmissão de informações através de atividades mecanicistas,
pouco reflexivas e questionadoras, certamente estará contribuindo para que as
crianças e jovens tenham um potencial criativo muito limitado.

57
Arte e Educação

Para as crianças e jovens desenvolverem-se com liberdade para expressar-se,


é necessário que nas escolas a arte também seja importante. Mais do que isso, é
preciso compreender que todo ser humano tem direito ao acesso a essa área do
conhecimento. Para melhor entender isso, vamos recorrer aos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN de Arte:

São características desse novo marco curricular as


reinvindicações de identificar a área por arte (e não mais
por educação artística) e de incluí-la na estrutura curricular
como área de conteúdos próprios ligados á cultura
artística, e não apenas como atividade(1998,p.20).

O trabalho de estimular e valorizar a atividade criadora não pode ser


confundido com atividades de lazer, terapia, decoração de murais, pintura de
desenhos mimeografados, trabalhinhos para atividades comemorativas como Dia
das Mães, Páscoa, Natal. Essas atividades não são capazes de tratar o ensino de arte
como conhecimento.

O conhecimento artístico, como experiência estética direta com a obra de arte,


pode ser progressivamente enriquecido e transformado pela ação de outra
modalidade de conhecimento, gerado quando se pesquisa e contextualiza o
campo artístico como atividade humana.

Para tanto, é necessário que seja desenvolvido por profissionais formados em


arte, capacitados para realizar um trabalho comprometido com os três campos
conceituais descritos nos PCN – Arte. Tal conhecimento delimita o fenômeno
artístico conforme descrito no PCN:

 Como produto e agente de culturas e tempos históricos;

 Como construção formal, material e técnica na qual podem ser


identificados os elementos que compõem os trabalhos artísticos e
os princípios que regem sua combinação;

 Como construção poética. (Ibid., p.36)

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Arte e Educação

Em síntese, considerando-se a arte como conhecimento, é função da escola


introduzir os alunos na compreensão dessas questões, em cada nível de
desenvolvimento, para que sua produção artística possa se enriquecer. A
aprendizagem da arte envolve distintos campos de experiência para abranger o
conhecimento artístico:

A experiência de fazer formas artísticas incluindo tudo que


entra em jogo nessa ação criadora: recursos pessoais,
habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, a relação
entre perceber, imaginar e realizar um trabalho de arte.
(idem).

Assim é a arte em todo seu contexto. Pensar o ensino de arte é também pensar
o processo de poetizar, fruir e conhecer arte.

 Poetizar - no sentido de se encantar com tudo que nos rodeia ser


capaz de se emocionar, criar, imaginar, fantasiar.

 Fruir - é deleitar-se; envolver-se com o momento da descoberta


como se fosse único e todo seu, a única possibilidade de prazer e
encantamento.

 Conhecer - é vislumbrar, dar sentido e significado a tudo. Saber e


conhecer o porquê das descobertas, das vivências, das experiências,
da evolução, do progresso, da transcendência (das coisas que estão
acima das ideias e conhecimentos racionais).

O ensino de arte pode então ser visto como uma forma de pensar na leitura e
produção da linguagem da arte, isto é, um modo único de despertar a consciência
e novos modos de sensibilidade, emoção, medos, conhecimentos e descobertas.

Nessa unidade você aprendeu que:

A compreensão do processo de desenvolvimento expressivo da criança está


diretamente ligada à forma, a observação, a percepção e a imaginação que são
estimuladas e trabalhadas no ambiente de aprendizagem.

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Arte e Educação

O conhecimento e estudo das etapas evolutivas do grafismo infantil podem


auxiliar o professor a enriquecer todos os campos de experiências sensoriais,
afetivas e sociais das crianças, e também prepará-las para uma efetiva educação
integral.

O ensino de arte na escola é fundamental para o processo de amadurecimento


da criatividade infantil e não pode ser desvinculado de atividades com caráter
lúdico e de jogos. É importante estimular os sentidos e a imaginação porque eles
conduzem à aprendizagem.

A articulação com as áreas próprias dos conteúdos de arte é fundamental para


que o professor possa intermediar os conhecimentos capazes de incentivar a
construção de habilidades de ver, ouvir, observar, sentir, imaginar e fazer. Conhecer
arte é um direito de todos.

LEITURA COMPLEMENTAR

Faça leituras complementares. Ler obras originais enriquece o


repertório cultural e amplia o conhecimento sobre o estudo que estamos
realizando. Veja as leituras sugeridas para essa unidade:

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo. Perspectiva,


1999.

_________________. Teoria e prática da educação artística. São Paulo,


Cultrix, 1975.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares


Nacionais – Arte. Secretaria do Ensino Fundamental/SEF, 1998.

FERRAZ Maria Heloisa & FUSARI, Maria F. Metodologia do ensino de arte. São
Paulo, Cortez, 1993.

HÉRNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de


trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

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Arte e Educação

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE Gisa; GUERRA M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo.
FTD, 1998.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo – o poder da improvisação na vida


e na arte. São Paulo. Summus,1993.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

Agora, acreditamos que você está melhor preparado para compreender que a
arte é um conhecimento que permite a aproximação entre indivíduos, que a
cultura visual, é o resultado das representações visuais que o homem é capaz de
construir.

Esse é o tema da nossa próxima unidade: cultura visual.

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Arte e Educação

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Arte e Educação

Exercícios –Unidade 2

1- Leia as frases abaixo e assinale a alternativa mais adequada:

A primeira forma de expressão gráfica infantil é realizada através do


desenho.Este por sua vez:

I– desenvolve os esquemas naturais de representação geometrizada.

II – desenvolve uma linguagem própria, impregnada de significados.

III - registra seus pensamentos e sentimentos ao representar objetos


significativos, reais ou imaginários.

IV – registram todas as suas emoções, suas tristezas e alegrias, dando condições


ao professor de realizar uma análise precisa de sua personalidade.

a) estão corretas: I, II e III.


b) estão corretas: II e III.

c) estão corretas: III e IV.


d) estão erradas: II e IV.

e) estão erradas: II, III e IV.

2- O surgimento do grafismo varia de criança para criança. Há um ritmo pessoal


para a evolução do grafismo, porém características comuns nas representações
gráficas de todas as crianças determinam fases regulares. Assinale a alternativa que
identifica corretamente as fases estudadas.
a) rabiscação, figuração esquemática e figuração realista.

b) figuração infantil, figuração realista e representação gráfica na adolescência.


c) rabiscação desordenada, figuração esquemática e realista.

d) rabiscação, figuração e representação gráfica na adolescência.


e) rabiscação desordenada, celular e localizada, figuração natural.

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Arte e Educação

3- Leia o texto a seguir:

O espaço é representado de forma ordenada: uma linha para o chão, sobre a


qual todos os elementos estarão desenhados; é a linha de base. Os desenhos da
casa, árvore, veículos e pessoas estão apoiados nessa linha. Na parte superior do
papel a criança desenha o sol, nuvens, elementos que caracterizam o céu.

A fase do grafismo que apresenta essas características é denominada:

a) Figuração esquemática.

b) Figuração realista.

c) Estilo figurativo.

d) Desenho esquemático.

e) Fase dos rabiscos ordenados.

4- Leia as sentenças a seguir e classifique-as como (V) verdadeiras ou (F) falsas.

I - Na fase inicial da rabiscação a forma é representada geometrizada, com


esquemas definidos que se repetem. A figura humana, de preferência, é
representada de frente. ( )

II–Nas três primeiras etapas da rabiscação a representação do espaço é


cinestésica, ou seja, motora. ( )

III–Na rabiscação ,acompanhada de fabulação ,a criança emprega a cor para


distinguir o significado dos rabiscos, porém não há relação com o objeto real que
ela imagina representar. ( )

IV–O uso da cor na fase da rabiscação adquire características mais refinadas,


com uso de tonalidades, claro-escuro. Representa as texturas dos objetos, dos
animais, o relevo das montanhas, enfim, alcança um amadurecimento em sua
expressão gráfica. ( )

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Arte e Educação

Marque a alternativa com a sequência correta:


a) V, V, F, F

b) F, V, F, F
c) F, V, V, F

d) V, V, V, F
e) V, V, F, V

5 – Marque a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase abaixo :

Alguns estudiosos denominam a última etapa do desenvolvimento do


grafismo como __________________ nesse momento, nas construções
predominam as formas ilusórias e naturalistas, com proporcionalidade, utilizam
métodos de representação ________________. O grafismo pode regredir à fase da
figuração esquemática; o jovem sente vergonha de suas produções e quando é
necessário representar algo, recorre às cópias de figuras e _______________

a) fase realista – imaginária – imagens criativas.

b) fase da repressão – cartográfico – objetos tridimensionais

c) fase da interpretação – do mundo real - elementos estereotipados.

d) fase do pré-realismo - espacial e perspectiva – elementos repressivos.

e) fase da repressão - espacial e perspectiva - elementos estereotipados.

6- Leia e assinale a afirmativa correta que dá sentido ao texto a seguir:

O trabalho de estimular e valorizar a atividade criadora não pode ser


confundido com atividades de lazer, terapia, decoração de murais, pintura de
desenhos mimeografados e trabalhinhos para atividades comemorativas.

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Arte e Educação

a) Essas atividades não são capazes de tratar o ensino de arte como


conhecimento.

b) Essas atividades permitem que o ensino de arte seja tratado como objeto do
conhecimento.

c) Os trabalhos realizados na escola nunca estão relacionados à construção do


conhecimento em arte.

d) Os trabalhos realizados como valorizações da atividade criadora devem estar


relacionados ao lazer e à terapia, porque este é o objetivo principal do ensino
de arte na escola.

e) Não se devem realizar propostas nas escolas que estejam voltadas ao


desenvolvimento da capacidade criadora, porque os alunos devem ser
orientados através de regras para formação de atitudes.

7- Identifique as opções corretas e escolha a alternativa adequada à questão:

Segundo o PCN-Arte, para que as crianças e jovens se desenvolvam com


liberdade para se expressar, é necessário:

I - que nas escolas a arte também seja importante.

II - é preciso compreender que todo ser humano tem direito ao acesso a essa
área do conhecimento.

III – identificar a área por arte (e não mais por educação artística)

IV- incluí-la na estrutura curricular como área de conteúdos próprios ligados á


cultura artística, e não apenas como atividade.

V- priorizar a transmissão de informações através de atividades mecanicistas,


pouco reflexivas e questionadoras.

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Arte e Educação

a) todas as alternativas estão corretas


b) I, II, III e IV

c) II, III e V

d) I, II, e IV
e) I, II, IV e V

8- A ação de desenhar na infância pode valorizar a atividade criadora:

a) Porque os desenhos e pinturas de formas impressas permitem o


desenvolvimento dos aspectos cognitivos e lógicos, necessários à expressão
dos conhecimentos de arte.

b) Com o sentido de realizar testes mentais como o teste da árvore, da figura


humana, da casa, de animais.

c) A atividade criadora na infância não é iniciada pela produção de desenhos,


mas sim através de um constante trabalho de exercícios de “cobrir e pintar
desenhos”.

d) Através de um constante trabalho com o desenvolvimento da observação,


percepção e imaginação.

e) Não se pode incentivar a atividade criadora em crianças, isso só acontece


com os que nascem com “dom” artístico.

9 - Considerando a arte como conhecimento, é função da escola introduzir os


alunos na compreensão das questões de poetizar, fruir e conhecer arte. Descreva
esses processos.

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Arte e Educação

10 – O que se entende por expressão criadora?

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Arte e Educação

3 Educação para a
compreensão da cultura
visual

Ensino de arte: do tradicional ao contemporâneo.

Conhecimento artístico: articulação de sentidos.

Arte e temas transversais.

Cultura visual

Currículo e cultura visual.

O que vem a ser arte-educação?

O arte-educador ensina?

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Arte e Educação

Os elementos da cultura visual, que estão presentes nas representações que o


homem é capaz de produzir, necessitam de um estudo cuidadoso para que os
professores se habilitem e trabalhem com os “códigos” da linguagem visual.

Objetivos da unidade:

 Compreender que a cultura visual é o resultado das representações


visuais que o homem é capaz de construir e necessita ser explorado
e levado para a sala de aula, tornando-a parte das experiências e
práticas cotidianas dos estudantes.

 Desenvolver estratégias que possibilitem o exercício efetivo da “arte-


educação” como fonte facilitadora da compreensão da cultura visual
no espaço educacional.

Plano da unidade:

 Ensino de arte: do tradicional ao contemporâneo.

 Conhecimento artístico: articulação de sentidos.

 Arte e temas transversais.

 Cultura visual

 Currículo e cultura visual.

 O que vem a ser arte-educação?

 O arte-educador ensina?

Bons estudos.

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Arte e Educação

Ensino de arte: do tradicional ao contemporâneo

Até o século XIX, o ensino de arte baseava-se na imitação e cópia. Isso


acontecia porque acreditava-se que todo ser humano, ao nascer, era como uma
tábua rasa e ao longo de seu desenvolvimento os conhecimentos e informações
eram transmitidos pela educação e instrução. Assim, os estudantes de arte não
questionavam o uso da imagem e também não se importavam com a apreciação e
compreensão delas sendo utilizadas como mera ilustração dos textos, geralmente
com conteúdo moral ou patriota.

Com a Escola Nova, corrente educacional que direcionou a metodologia de


ensino-aprendizagem no Brasil nos anos 30, começou-se a questionar alguns
aspectos do ensino de arte. Nessa época, o uso de imagens não era considerado
benéfico para o ensino de arte e assim, o uso de modelos e cópias foi banido
dando lugar às ideias de livre-expressão; a arte não podia ser ensinada, mas sim
expressada.

Após o período do Modernismo durante a década de 60, severas críticas


foram feitas à livre-expressão, pois não preparava as crianças para a compreensão
do universo visual à sua volta e nem para a compreensão do objeto artístico.

Importante

O Modernismo no Brasil, movimento que iniciou em 1922, do qual


participaram vários artistas plásticos e da literatura. Na década de 60, sua influência
começa a diminuir sobre a produção de arte brasileira.

Assim, durante o período do tecnicismo, a imagem continuou fora das aulas


de arte. Nas escolas brasileiras predominava o ensino de desenho geométrico e
não havia ligação com o universo dos conhecimentos de arte.

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Arte e Educação

Com a formação das escolinhas de Arte, por volta de 1980, começa-se a


questionar a situação da educação artística como disciplina. Os professores, agora
arte-educadores, retornam com a imagem para suas
aulas, explorando a apreciação estética. Assim com Apreciação estética: ação

embasamento no construtivismo estabelece-se uma de criticar e analisar as


inter-relação entre arte, educação e sociedade. formas artísticas

Em 1990, o objetivo do ensino de arte passa a ser a


formação estética. A Lei de Diretrizes e Bases (no. 9394/96) e os Parâmetros
Curriculares Nacionais, permitem aos professores maior credibilidade para
implementar em suas aulas as atuais discussões sobre arte-educação. Mesmo
assim, após um tempo considerável de livre expressão em arte, muitos professores
ainda continuam adotando estas práticas, sentindo-se inseguros para trabalharem
com uma abordagem de desenvolvimento da análise crítica da arte. É necessário
que os professores se habilitem e trabalhem com os “códigos” da linguagem visual.

Conhecimento artístico: articulação de sentidos

A arte é um conhecimento que permite a aproximação


entre indivíduos, mesmo os de culturas distintas, pois
favorece a percepção de semelhanças e diferenças entre
as culturas expressas nos produtos artísticos e concepções
estéticas, em um plano diferenciado da informação
discursiva. Ao observar uma dança indígena, um
estudante morador da cidade estabelece um contato com
o índio que pode revelar mais sobre o valor e a extensão
de seu universo do que apenas uma explanação sobre os
ritos nas comunidades indígenas. E vice-versa. (PCN-ARTE,
1998, p.35)

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Arte e Educação

Nessa perspectiva, a arte na escola tem uma função importante a cumprir. Ela
situa o fazer artístico dos alunos como fato humanizador, cultural e histórico, no
qual as características da arte podem ser percebidas nos pontos de interação entre
o fazer artístico dos alunos e o fazer dos artistas de todos os tempos, que sempre
inauguram formas de tornar presente o inexistente. Não se trata de copiar a
realidade ou a obra de arte, mas sim de gerar e construir sentidos. Cada obra de
arte é, ao mesmo tempo, produto cultural de uma determinada época e criação
singular da imaginação humana, cujo sentido é construído pelos indivíduos a partir
de sua experiência.

No convívio com o universo da arte, os alunos podem enfim conhecer:

 o fazer artístico como experiência poética (a técnica e o fazer como


articulação de significados e experimentação de materiais, suportes
e instrumentações variados);

 o fazer artístico como desenvolvimento de potencialidades:


percepção, intuição, reflexão, investigação, sensibilidade,
imaginação, curiosidade e flexibilidade;

 o fazer artístico como experiência de comunicação humana e de


interações no grupo, na comunidade, na
localidade e nas culturas;
Sígnica :simbólico, arte
 a obra artística como forma sígnica (sua entendida através da
estrutura e organização); significação das formas,
dos vários significados que
 a obra de arte como produção cultural
podem ser atribuídos a
(documento do imaginário humano, sua
uma obra, objeto, etc
historicidade e sua diversidade).

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Arte e Educação

Arte e temas transversais

Os temas transversais propostos pelo PCN – Arte (1998) permitem que


professores, e alunos através dos conhecimentos de arte, exercitem a construção
de uma cidadania ativa, na medida em que a escola abrace e reconheça a
importância do trabalho realizado com esse objetivo e com esse esforço.

As manifestações artísticas são exemplos vivos da


diversidade cultural dos povos e expressam a riqueza
criadora dos artistas de todos os tempos e lugares. Em
contato com essas produções, o estudante pode exercitar
suas capacidades cognitivas, sensitivas, afetivas e
imaginativas, organizadas em torno da aprendizagem
artística e estética. Ao mesmo tempo, seu corpo se
movimenta, suas mãos e olhos adquirem habilidades, o
ouvido e a palavra se aprimoram, quando desenvolve
atividades em que relações interpessoais perpassam o
convívio social o tempo todo. Muitos trabalhos de arte
expressam questões humanas fundamentais: falam de
problemas sociais e políticos, de relações humanas, de
sonhos, medos, perguntas e inquietações de
artistas,documentam fatos históricos, manifestações
culturais particulares e assim por diante. Nesse sentido,
podem contribuir para a contextualização dos Temas
Transversais, propiciando uma aprendizagem alicerçada
pelo testemunho vivo de seres humanos que
transformaram tais questões em produtos de arte.
(Ibid.,p.37)

A área de arte contribui, portanto, para ampliar o entendimento e a atuação


dos alunos ante os problemas vitais que estão presentes na sociedade de nossos
dias.

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Arte e Educação

Tais problemas referem-se às ações de todas as pessoas para garantir a


efetivação de uma cidadania ativa e participante na complexa construção de uma
sociedade democrática que envolve, entre outras, as práticas artísticas.

“A arte na escola constitui uma possibilidade para os


alunos exercitarem suas corresponsabilidades pelos
destinos de uma vida cultural individual e coletiva mais
digna, sem exclusão de pessoas por preconceitos de
qualquer ordem”. (Ibid.,p.38)

Cultura visual

O ensino de arte se torna mais abrangente quando utiliza


representações visuais, pois elas permitem a
aprendizagem de tudo o que os textos escritos não
conseguem revelar. Com base nisso, alguns pesquisadores
norte-americanos, nos anos 1990, passaram a estudar a
ligação da Arte com a Antropologia. Esses estudos
ganharam o nome de cultura visual e hoje envolvem
também arquitetura, sociologia, psicologia, filosofia,
estética, semiótica, religião e história. Fernando
Hernandez é hoje um dos principais pesquisadores desse
assunto. Ele destaca que estamos imersos numa
avalanche de imagens e que é preciso aprender a lê-las e
interpretá-las para compreender e dar sentido ao mundo
em que vivemos. Assim, crianças e adolescentes serão
capazes de analisar os significados da imagem, os motivos
que levaram à sua realização, como se insere na cultura da
época, como é consumida pela sociedade e as técnicas
utilizadas pelo autor. Na escola, isso significa que o ensino
de arte ganha uma perspectiva mais profunda. De
conhecedor de artistas e estilos, o aluno passa a ser leitor,
intérprete e crítico de todas as imagens presentes em seu
cotidiano. (PAOLA. Revista Nova Escola, Abril 2003.p.45).

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Arte e Educação

IMPORTANTE

Fernando Hernandez é doutor em Psicologia e professor de História


da Educação Artística e Psicologia da Arte na Universidade de Barcelona.
Nasceu em 1952.

Despertar o olhar curioso dos alunos para desvendar, questionar e produzir


sentido frente à avalanche de imagens que fazem parte do universo visual é o
grande desafio do momento.

Imagine que, ao sair de casa, seu olhar é provocado por diversos elementos: da
natureza: árvores, flores, pássaros, mar, rio, de propaganda, outdoors, televisão,
internet, video-clips, revistas, jornais, pichações, modelos diversos de veículos,
construções urbanas. Não tem como ficar alheio a tudo isso. São registros visuais
que vão ficando em nossa mente, desde o modo de se vestir, pentear o cabelo,
usar acessórios no corpo, marcá-lo com tatuagens, enfim, todos esses elementos
fazem parte do que chamamos de cultura visual.

Esse novo campo de estudo – a cultura visual, é o resultado das


representações visuais que o homem é capaz de construir. Necessita ser explorado
e levado para a sala de aula, tornando-o parte das experiências e práticas
cotidianas dos estudantes.

Ao tomar consciência desse modo de interpretar a cultura de sua época, de


tomar contato com a de outros povos, de conhecer melhor a sociedade em que
vive, o aluno terá condições para descobrir as próprias concepções e emoções ao
apreciar uma imagem. Para tanto, cabe ao professor desenvolver um trabalho
constante de “alfabetização visual”, uma prática que tem muito a ensinar a abrir
possibilidades às crianças e jovens para compreender, saber criticar e saber fazer
escolhas conscientes. Em muitas universidades, os departamentos de história da
arte foram rebatizados como de “cultura visual” com o objetivo de atender as
mudanças do mundo.

76
Arte e Educação

(...) aborda-se como objeto de estudo e pesquisa


“artefatos” como os anúncios, os objetos de desenho, a
moda, os filmes, os grafitti, as fotografias, as
apresentações de rock/pop, a televisão, a realidade virtual,
as redes, as imagens digitais, além das artes tradicionais
como a pintura, a arquitetura ou a escultura (HERNANDEZ
2000, p. 136).

O autor, em relação a essa multiplicidade e variedade de artefatos, ressalta que


não devemos deixar de nos colocar “de sobreaviso diante da tentação de
homogeneidade e do vale-tudo (...) cada manifestação cultural, cada arte e cada
meio tem algumas características e uma história, e, atualmente a cultura é cada vez
mais híbrida” (HERNANDEZ, 2000, loc. cit.).No sentido de uma cultura mestiça, que
sofre muitas influências o que permite uma imprecisão na identificação dos novos
“objetos” da cultura visual.

Considerando o que foi dito até aqui sobre educação para compreensão da
cultura visual, o mais importante é garantir que esse estudo esteja presente em
todas as áreas do currículo. Que se possa explorar como o quanto cada indivíduo
constrói da realidade, respeitando suas características sociais, culturais e históricas.

Pensando assim, é possível entender que, diante da cultura visual, não há


receptores nem leitores, mas construtores e intérpretes na medida em que a
apropriação não é passiva nem dependente, mas interativa e de acordo com as
experiências que cada indivíduo tenha vivenciado fora da escola. Nesse sentido, a
cultura visual tem uma importância expressiva: ser uma ponte entre os campos de
saberes ao permitir conectar e relacionar para compreender e aprender. Assim,
transferir o universo visual de fora da escola (do aparelho de vídeo, dos videoclipes,
das capas de CD, da publicidade, até a moda e o ciberespaço, etc) através da
aprendizagem e de estratégias para decodificá-lo, reinterpretá-lo e transformá-lo
na escola.

77
Arte e Educação

Currículo e cultura visual

Para a organização de um currículo, devemos considerar que não se pode


propor uma maneira única de organização do conhecimento, visto que não há uma
regra universal que dê conta dessa ordenação. Então, precisamos levar em
consideração as mudanças da sociedade atual e também mudanças que permeiam
as decisões sobre o quê ensinar e como ensinar. Diante disso, enumeramos
algumas dessas mudanças que afetam a vida das pessoas na atualidade:

A expansão cada vez mais global, da informação e das


fontes de conhecimento;
As mudanças crescentes no mundo e nas formas de
entendê-lo, devido à compreensão das tecnologias do
espaço e do tempo, o que supõe uma ameaça á
estabilidade e permanência de nosso conhecimento,
tornando-os frágeis e provisórios.
O contato crescente entre indivíduos, crenças e culturas
devido às migrações e às facilidades para as viagens.
A relação mais forte e interativa entre pesquisa e
desenvolvimento social devido à rapidez das
comunicações e à reorientação e desenvolvimento
constante do conhecimento (Ibid., p. 137)

Sabemos que essas mudanças têm afetado sobremaneira a forma de ensinar e


aprender nas escolas. Um desafio que os professores têm que enfrentar em sala de
aula é comprometerem-se com as imagens e com a tecnologia do mundo pós-
modernos sem rejeitar a análise cultural, o juízo moral e a reflexão que essas
imagens ameaçam implantar na atualidade.

78
Arte e Educação

Com intenção de dar conta desses desafios, apresentamos algumas estratégias


para compreensão dos elementos da cultura visual, que podem ser trabalhados
pelos professores com seus alunos.Segundo Hernandez (2000) essas estratégias
podem ser:

- Descritivas – o que vemos, o que representa e o que representamos.

- Analíticas – que componentes ou elementos configuram o processo de


representação?

- Interpretativas – dizem respeito à produção de significados relacionados


com outras imagens e disciplinas vinculadas à cultura visual.

- Críticas – são estratégias formuladas a partir da valorização fundamentada


pelas próprias produções e pela dos outros. Essas críticas são baseadas em
argumentos fundamentados com a finalidade de formular novos problemas e
possibilidades de representação e interpretação.

A partir do que foi explicado, é possível elaborar um currículo de educação


para a compreensão da cultura visual respondendo às seguintes perguntas:

 Que tipo de relações podem ser estabelecidas entre essas


manifestações, seus significados e a cultura?

 Como os significados culturais podem ser mediados através de


diferentes representações gráficas? (desde as ilustrações dos
denominados livros infantis às páginas da Web)

79
Arte e Educação

Para tentar responder a essas questões segundo Hernandez (2000, p.14)

- currículo de educação para a compreensão da cultura


visual aborde as imagens como representações
sociais:
- Transdisciplinar mente.
- Baseando-se nas características evolutivas, sociais e
culturais dos estudantes;
- estabelecendo conexões interculturais;
- partindo de uma posição social crítica.

Sendo assim, apresentamos algumas características que podem ajudar o


professor na escolha dessas representações:

1 - Ser inquietantes.

2 - Estar relacionadas com valores compartilhados


em diferentes culturas.

3 - Refletir as vozes da comunidade.

4 - Estar abertas a múltiplas interpretações.

5 - Referir-se às vidas das pessoas.

6 - Expressar valores estéticos.

7 - Fazer com que o expectador pense.

8 - Não ser herméticas.

9 - Não ser apenas a expressão do narcisismo do


artista.

10 - Olhar para o futuro.

11-Não estar obcecadas pela ideia de novidade.


(Idib.p.138).

80
Arte e Educação

Com essa proposta, é possível desenvolver um trabalho com os estudantes


através de obras de arte contemporânea, imagens publicitárias, representações
virtuais e outras representações da cultura popular. São estratégias que permitem
ao professor agir em sala de aula valorizando os elementos da cultura visual da
comunidade com a qual está atuando sem deixar de lado o conhecimento dos
conteúdos de arte necessários à formação integral do aluno.

O que vem a ser Arte-Educação?

O conhecimento nas artes visuais se organiza


Epistemologia – é o ramo da
inter-relacionando o fazer artístico, a apreciação da
filosofia que estuda a origem,
arte e sua história. Nenhuma das três áreas sozinha
a estrutura, os métodos e a
corresponde à epistemologia da arte. O
validade do conhecimento,
conhecimento em arte se dá na interseção da
também designada por
experimentação, da decodificação e da informação.
filosofia do conhecimento.

81
Arte e Educação

Para entender o significado dessa expressão que vem sendo apresentada


desde o início de nosso estudo recorreremos a seguinte definição: “Arte-educação
é uma certa epistemologia da arte como pressuposto e como meio são os modos
de inter-relacionamento entre a arte e o público, ou melhor, a intermediação entre
o objeto de arte e o apreciador.” (BARBOSA,1999, p. 31)

A autora nos apresenta uma distinção entre:

- arte-educação como investigação dos modos pelos quais se aprende arte –


que se refere aos procedimentos de aprendizagem em arte;

- arte-educação como facilitadora entre a arte e o público – que pode ser


entendida como elemento de mediação entre o objeto de estudo da arte e o
apreciador.

82
Arte e Educação

Ressalta a autora que os dois aspectos não podem ser separados, que deve
haver uma inter-relação entre história da arte, leitura da obra de arte e fazer
artístico.

A aprendizagem em arte está assim diretamente vinculada ao fazer consciente


e informado. Toda proposta que pretende estar dentro dos parâmetros da arte-
educação deve estar assim estruturada.

Como já foi dito, o ensino de arte na escola, não tem como objetivo formar
artistas, mas principalmente formar o conhecedor, fruidor, decodificador da
obra de arte. Para que uma sociedade seja capaz de compreender uma produção
de arte de qualidade, é necessário que o público seja capaz de entender essa
produção.

Em nosso país encontramos uma disparidade ao constatar que só uma


pequena minoria de nossa população tem acesso à cultura, e, portanto, capacidade
para apreciar e usufruir da experiência estética.

Sendo assim, é na escola que vamos encontrar o espaço ideal para oferecer
acesso à arte. Considerando que o desenvolvimento cultural de um país está
diretamente ligado ao desenvolvimento artístico, e que:

(...) sem conhecimento de arte e história não é possível a


consciência de identidade nacional. A escola seria o lugar
em que se poderia exercer o princípio democrático de
acesso à informação e formação estética de todas as
classes sociais, propiciando-se na multiculturalidade
brasileira uma aproximação de códigos culturais de
diferentes grupos. (Ibid, p.33)

Entendendo assim, a arte-educação pode ser


exercida nos diferentes espaços de interlocução dos Interlocução: conversação,
conhecimentos de arte. Os currículos e conteúdos da diálogo entre os
escola necessitam estar em sintonia com a magia do
conhecimentos.
fazer, com a leitura desse fazer e dos fazeres de artistas
populares e eruditos, e da contextualização destes
artistas no seu tempo e no seu espaço.

83
Arte e Educação

O Arte-Educador ensina?

Como vimos em nosso estudo sobre a evolução do ensino de arte no Brasil,


copiar formas, decorar textos, fazer trabalhos de arte, têm apresentado resultados
desvinculados dos conhecimentos dos conteúdos da arte. Essas ações não
estabelecem uma ponte com o pensar, refletir e conhecer arte. São conteúdos
momentâneos, muitas vezes mecânicos, que são esquecidos facilmente, porque
não estão baseados em experiências vividas, espontâneas, ricas de significado.

O arte-educador é aquele que, capacitado, consciente de seu papel e da


importância de suas ações pedagógicas, se torna um grande pesquisador e
provocador de ideias. É através de uma espécie de magia, de energia interior que
transborda a necessidade de compartilhar o saber e o conhecimento adquirido, de
sentar junto, de falar e ouvir o outro, que o diálogo da arte-educação pode
acontecer.

É esse professor que fará a grande diferença: despertar crianças, jovens e


adultos para serem sensíveis, observadores, fruidores, conhecedores de arte e
também capazes de compartilhar a alegria e o prazer de realizar produções
artísticas de qualidade. O conhecimento do professor não pode ser confinado ao
espaço de uma sala de aula, não pode estar contido nas dimensões de um quadro
de giz, nem limitado ao lápis e ao papel. Por outro lado, os alunos também não
podem ser tratados como seres vazios, desprovidos de emoções, de discernimento
sobre tudo o que os rodeia; não podem ser tratados como uma tábua rasa – sem
conhecimento. Cada um traz suas experiências, suas riquezas pessoais.

A articulação entre os diferentes conhecimentos trazidos pelos alunos, da


cultura local, das experiências vividas, permite que o professor possa ser o grande
mediador, entrelaçando esses conhecimentos com os conteúdos de arte e
realizando uma grande transformação: a aprendizagem significativa.

Pensando assim, como poderemos responder à pergunta inicial? O arte -


educador ensina?

84
Arte e Educação

O estudo dessa unidade nos levou a refletir sobre:

Considerar a cultura visual como o resultado das representações visuais que o


homem é capaz de construir;

A necessidade de realizar produções em a sala de aula, tornando-as parte das


experiências e práticas cotidianas dos estudantes.

Inclusão dos Temas Transversais propostos pelo PCN – Arte para que os
alunos, através dos conhecimentos dessa área exercitem a construção de uma
cidadania ativa.

Desenvolver estratégias que possibilitem o exercício efetivo da “arte-


educação” como fonte facilitadora da compreensão da cultura visual no espaço
educacional.

LEITURA COMPLEMENTAR

Faça leituras complementares. Ler obras originais enriquecem o


repertório cultural e ampliam o conhecimento sobre o estudo que estamos
realizando. Veja as leituras sugeridas para essa unidade:

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo. Perspectiva,


1999.

_________________. Teoria e prática da educação artística. São Paulo, Cultrix,


1975.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares


Nacionais – Arte. Secretaria do Ensino Fundamental/SEF, 1998.

HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de


trabalho. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE Gisa; GUERRA M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo.
FTD, 1998.

85
Arte e Educação

É HORA DE SE AVALIAR

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

Você sabe que o homem é capaz de se comunicar através de suas ideias,


palavras, cores, texturas, sons, gestos, movimentos e cheiros? É o que vamos
descobrir em nossa próxima unidade. E como trabalhar com essas linguagens
expressivas na escola.

86
Arte e Educação

Exercícios – Unidade 3

1 - A partir da formação das Escolinhas de Arte nos anos 80, a disciplina “Educação
Artística” começou a ser questionada nas aulas de arte. Assinale a alternativa que
identifica as mudanças ocorridas nesse momento:

a) o ensino de arte passou a ser realizado através da cópia de imagens.

b) os arte-educadores retornam com as imagens para as aulas de arte,


utilizando-as para “apreciação estética”.

c) nessa época, o uso de imagens não era considerado benéfico para o ensino
de arte por isso, o uso de modelos e cópias foi banido, dando lugar às ideias e
a livre-expressão.

d) a apreciação e compreensão de imagens serviam como mera ilustração dos


textos, geralmente com conteúdo moral ou patriota.

e) nas escolas brasileiras predominava o ensino de desenho geométrico e não


havia ligação com o universo dos conhecimentos de arte.

2 – Leia o trecho abaixo.

“A arte é um conhecimento que permite a aproximação entre indivíduos,


mesmo os de culturas distintas, pois favorece a percepção de semelhanças e
diferenças entre as culturas, expressas nos produtos artísticos e concepções
estéticas, em um plano diferenciado da informação discursiva”. (PCN Arte, 2008)

Com base do trecho acima, responda qual é o papel da Arte na escola?

a) Despertar o olhar curioso dos alunos para desvendar, questionar e produzir


imagens que fazem parte da sua imaginação.

b) Situar o fazer artístico como elemento direcionador das atividades lúdicas,


recreativas sem deixar de contemplar os aspectos lógicos.

c) Situar o fazer artístico dos alunos como fato humanizador, cultural e histórico,
no qual as características da arte podem ser percebidas nos pontos de

87
Arte e Educação

interação entre o fazer artístico dos alunos e o fazer dos artistas de todos os
tempos, que sempre inauguram formas de tornar presente o inexistente. Não
se trata de copiar a realidade ou a obra de arte, mas sim de gerar e construir
sentidos.

d) Exercitar o aluno para o desenvolvimento de suas capacidades culturais e


históricas, com o objetivo que ele seja capaz de reproduzir imagens, textos,
gestos com referencial próprio, ou seja, com identidade.

e) Acompanhar o desenvolvimento do grafismo desde a infância à


adolescência, através de um minucioso estudo de suas produções artísticas.
Ao copiar a realidade, o aluno poderá gerar e construir conhecimentos em
arte.

3 - Identifique as opções corretas e escolha a alternativa adequada à questão:

“Segundo Fernando Hernández, estamos imersos numa avalanche de


imagens e que é preciso aprender a lê-las e interpretá-las para compreender e dar
sentido ao mundo em que vivemos.” (PAOLA. Revista Nova Escola, Abril 2003. p.45).

Assim, crianças e adolescentes serão capazes de:

I - Analisar os significados da imagem, os motivos que levaram à sua


realização, como se insere na cultura da época, como é consumida pela sociedade
e as técnicas utilizadas pelo autor.

II - Aprender a realizar pesquisas com a finalidade de identificar o nome e a


biografia do autor das imagens e realizar uma profunda investigação nos modos de
pensar e agir desse artista.

III - Encontrar ferramentas e meios diversos, sejam eles digitais ou pictóricos,


de utilizar as imagens para reproduzir e ilustrar seus espaços e ambientes de
convivência social.

IV - Despertar o olhar curioso para desvendar, questionar e produzir sentido


frente à avalanche de imagens que fazem parte do universo visual.

V - Passar de conhecedor de artistas e estilos, a leitor, intérprete e crítico de


todas as imagens presentes em seu cotidiano.

88
Arte e Educação

a) I, II e IV

b) I, II e III

c) II e IV

d) II e III

e) I, IV e V

4 - Leia com atenção o texto a seguir e assinale a alternativa que preenche


corretamente as lacunas:

Os Temas Transversais propostos pelo PCN – Arte (1998) permitem que


professorese alunos através ______________________, exercitem a construção de
uma _______________, na medida em que a escola _________________
importância do trabalho realizado com esse objetivo, com esse esforço.

a) do desenvolvimento de habilidades - capacitação motora – reconheça a

b) do estudo de desenho geométrico – cidadania ativa – estabeleça a

c) dos conhecimentos de arte – da capacitação ativa – exija essas medidas pela

d) dos conhecimentos de arte - cidadania ativa - abrace e reconheça a

e) dos objetivos operacionais – aprendizagem motora – se identifique com

5 – Identifique com V (verdadeiras) ou F (falsas) as sentenças a seguir.

I - Diante da cultura visual, não há receptores nem leitores, mas construtores e


intérpretes na medida em que a apropriação não é passiva nem dependente, mas
interativa e de acordo com as experiências que cada indivíduo tenha vivenciado
fora da escola. ( )

89
Arte e Educação

II - A cultura visual tem uma importância expressiva por ser uma ponte entre
os campos de saberes ao permitir conectar e relacionar para compreender e
aprender. ( )

III - A cultura visual é percebida através dos receptores e leitores, que


estabelecem a medida da apropriação visual de acordo com as experiências que
cada indivíduo tenha vivenciado dentro da escola. ( )

Marque a alternativa correta:

a) V –V -F

b) F –V-V

c) V –V -V

d) V – F-V

e) F – F-V

6 - O objetivo principal do ensino de arte na escola é:

a) Formar artistas capazes de conhecer, fruir e decodificador a obra de arte


dentro e fora da escola.

b) Ativar o potencial perceptivo do aluno para se transformar em crítico de


obras de arte em museus, galerias, teatros e centros culturais.

c) Formar principalmente o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte,


não um artista, mas que o aluno seja capaz de entender uma produção de arte de
qualidade.

d) Descobrir o “dom artístico” presente em todas as pessoas desde a infância,


potencializando suas capacidades para torná-los artistas no futuro.

e) Que o aluno possa experimentar e produzir obras de arte que tenham


reconhecimento na sociedade contemporânea.

90
Arte e Educação

7- O conhecimento nas artes visuais se organiza inter-relacionando:

a) a magia, a energia interior e a necessidade de compartilhar o saber.

b) as atividades artísticas realizadas na escola com os elementos compartilhados


na mídia.

c) o fazer artístico, a apreciação da arte e a história da arte.

d) o diálogo da arte-educação com o improvável, ou seja, com a incerteza do


que pode acontecer.

e) o conhecimento adquirido e o conhecimento construído.

8 – Assinale o que se pede.

Como a arte-educadora Ana Mae Barbosa distingue:

I - “arte-educação como investigação dos modos pelos quais se aprende arte.”

II-“arte-educação como facilitadora entre a arte e o público?”

Marque a alternativa correta:

a) A afirmação I - se refere aos procedimentos de aprendizagem em arte e, a


afirmação II – como elemento de conhecimento cognitivo.

b) A afirmação I - se refere aos procedimentos de aprendizagem em arte e, a


afirmação II - como elemento de mediação entre o objeto de estudo da arte e o
apreciador.

c) A afirmação I - – trata a arte como objeto e, a afirmação II - trata a arte como


estudo científico.

d) A afirmação I - como elemento de mediação entre o objeto de estudo da


arte e o apreciador e, a afirmação II - se refere aos procedimentos materiais tais
como suportes, tintas, recorte e colagem entre outros.

e) A afirmação I - trata a arte como estudo científico e, a afirmação II - trata a


arte como objeto.

91
Arte e Educação

9 – Com base nos estudos realizados nessa unidade, apresente os aspectos


importantes que devem fazer parte dos currículos de educação para a
compreensão da cultura visual que abordem as imagens como representações
sociais.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10 – Como a arte-educação é entendida sobre o ponto de vista de Ana Mae


Barbosa?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

92
Arte e Educação

4 As Linguagens da Arte

A magia das linguagens.

Conhecendo a linguagem do teatro.

Conhecendo a linguagem da música.

Conhecendo a linguagem visual.

Linguagens da arte – espaço de entrelaçamento.

Avaliação nas aulas de arte.

Arte-educação e projetos.

93
Arte e Educação

Nessa unidade, vamos interagir com as linguagens da arte. Compreender


como através da percepção das cores, dos sons, dos gestos e do movimento
corporal, somos capazes de inventar e ler o mundo. Entraremos em contato com
propostas desafiadoras que facilitam a construção dos conhecimentos de Arte.

Objetivos da unidade:

 Identificar e interagir com as quatro linguagens da arte como


exercício da cidadania.

 Compreender que a aprendizagem em arte só é significativa quando


o objeto de conhecimento é a própria arte.

 Entender que o conhecimento de cada linguagem do aprendiz


revela suas ideias e sentimentos.

 Propor ações desafiadoras de aprendizagem em arte através de


projetos.

Plano da unidade:

 A magia das linguagens.

 Conhecendo a linguagem do teatro.

 Conhecendo a linguagem da música.

 Conhecendo a linguagem visual.

 Linguagens da arte – espaço de entrelaçamento.

 Avaliação nas aulas de arte.

 Arte-educação e projetos.

Bons estudos.

94
Arte e Educação

A magia das linguagens

A capacidade de inventar do homem, suas experiências, descobertas, intuições


e sua imaginação refletem em suas produções. Quando o homem externaliza suas
ideias, cria-se uma forma de comunicação com o mundo que denominam-se em
linguagens expressivas – as linguagens da arte. Essas linguagens, interpretadas
através de diferentes códigos, estão classificadas nas seguintes categorias: visual,
musical, cênica, da dança, cinematográfica entre outras. Simplificando: “A arte é
uma forma de criação de linguagens.” (Martins, 1998).

É através dessa magia das linguagens que se desenvolvem as capacidades de


interagir com cores, sons, gestos, movimentos corporais, percepção da textura dos
materiais e os cheiros, assim, expressar uma forma de perceber o mundo. As
linguagens da arte permitem uma infinidade de modos de inventar e ler o mundo.

As aulas de Arte devem contemplar atividades das quatro linguagens: artes


visuais, teatro, música e dança, na produção de arte e no contato com o patrimônio
artístico, exercitando a cidadania cultural com qualidade. Segundo o PCN,
encontramos:

O aluno poderá desenvolver seu conhecimento


estético e competência artística nas diversas linguagens da
área de Arte (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), tanto
para produzir trabalhos pessoais e grupais como para que
possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e
emitir juízo sobre os bens artísticos de distintos povos e
culturas produzidos ao longo da história e na
contemporaneidade. (PCN -Artes 1998, p.48)

Para a aprendizagem do conhecimento de arte no ensino fundamental, o PCN-


Arte (1998) propõe os seguintes objetivos:

95
Arte e Educação

Experimentar e explorar as possibilidades de cada


linguagem artística;
Compreender e utilizar a arte como linguagem,
mantendo uma atitude de busca pessoal e/ou coletiva,
articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a
investigação, a sensibilidade e a reflexão ao realizar e fruir
produções artísticas;
Experimentar e conhecer materiais, instrumentos e
procedimentos artísticos diversos em arte (Artes Visuais,
Dança, Música, Teatro), de modo que os utilize nos
trabalhos pessoais, identifique-os e interprete-os na
apreciação e contextualize-os culturalmente;
Construir uma relação de autoconfiança com a
produção artística pessoal e conhecimento estético,
respeitando a própria produção e a dos colegas, sabendo
receber e elaborar críticas;
Identificar, relacionar e compreender a arte como fato
histórico contextualizado nas diversas culturas,
conhecendo, respeitando e podendo observar as
produções presentes no entorno, assim como as demais do
patrimônio cultural e do universo natural, identificando a
existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos
de diferentes grupos culturais;
Observar as relações entre a arte e a realidade,
refletindo, investigando, indagando, com interesse e
curiosidade, exercitando a discussão, a sensibilidade,
argumentando e apreciando arte de modo sensível;
Identificar, relacionar e compreender diferentes
funções da arte, do trabalho e da produção dos artistas;

Identificar, investigar e organizar informações sobre a


arte, reconhecendo e compreendendo a variedade dos
produtos artísticos e concepções estéticas presentes na
história das diferentes culturas e etnias;
Pesquisar e saber organizar informações sobre a arte
em contato com artistas, obras de arte, fontes de
comunicação e informação.

96
Arte e Educação

Considerando os objetivos apresentados, o ensino de arte se torna uma


proposta extremamente complexa para o professor. Mas, é importante ressaltar
que, mesmo assim, a arte na escola não tem como objetivo formar artistas. O que
se pretende “é formar o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte. Uma
sociedade só é artísticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção
artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento desta
produção.” (BARBOSA, 1999, p.32).

Ensino de Arte – Experiência significativa

As verdadeiras experiências com arte na escola são aquelas que vão levar o
aprendiz a revelar suas ideias, seus pensamentos, ampliando sua percepção para
receber as informações externas e a leitura de mundo. Para isso, o fazer artístico
necessita ser impregnado de propostas e desafios estéticos que proporcionem
experiências sensíveis e cognitivas capazes de evocar formas expressivas
percebidas como imagem sonora, gestual ou visual concretizando-as.

(...) uma aprendizagem em arte só é significativa


quando o objeto de conhecimento é a própria arte,
levando o aprendiz a saber manejar e conhecer a gramática
específica de cada linguagem que adquire corporalidade
por meio de diferentes recursos, técnicas e instrumentos
que lhe são peculiares. (MARTINS, 1998, p.131)

A gramática da linguagem da arte é a ferramenta reveladora do fazer


artístico. Através do conhecimento de cada linguagem o aprendiz revela suas
ideias e sentimentos. Nosso próximo passo é conhecer essa gramática expressas
nas linguagens artísticas para saber despertar o potencial criador que cada
aprendiz possui.

97
Arte e Educação

Conhecendo a linguagem da dança

“A linguagem da dança é um pensamento cinestésico,


ou seja, um pensar em termos de movimento, que se
executa como emoção física, impulsionado pelas sensações
musculares e articulações do corpo.” (Ibid. p.138).

A construção do conhecimento em dança precisa ser encarada como uma


oportunidade para a apropriação crítica, consciente e transformadora dos seus
conteúdos específicos. Com isso, esses conteúdos tornam-se elementos essenciais
para a educação do ser social que vive em uma cultura plural e multifacetada como
a nossa.

A escola pode desempenhar papel importante na


educação da expressão corporal e do processo
interpretativo e criativo de dança, pois dará aos alunos
subsídios para melhor compreender, desvelar, desconstruir,
revelar e, se for o caso, transformar as relações que se
estabelecem entre corpo, dança e sociedade. (PCN-Artes,
1998.p.70)

A linguagem da dança, como as demais linguagens da arte, não pode estar


associada à reprodução e à imitação. Muitas vezes é encarada como puro
divertimento, desprovida de conteúdos e de mensagens culturais, assim a dança
fica relegada, na grande maioria dos casos a festas e comemorações, ou à imitação
de modelos televisivos.

Não é qualquer conteúdo na área de Dança que se presta a estabelecer


relações com os conteúdos específicos dessa linguagem. Tem-se necessidade
também estabelecer direcionamentos didáticos compromissados com a realidade
social e cultural nacional que contribuam para a formação ética e cidadã do
aprendiz.

98
Arte e Educação

Realizar danças folclóricas sem conexão com os conteúdos de dança, pode ser
tão alienante e opressor como os ensaios repetitivos de um balé clássico. Do
mesmo modo, a dança chamada “criativa” ou “educativa” pode frequentemente
ignorar os conteúdos socioafetivos e culturais presentes tanto nos corpos como
nas escolhas de movimentos, coreografias e/ou repertórios. Nesses casos, eximem
os professores de qualquer intervenção para que a dança possa ser dançada, vista e
compreendida de maneira crítica e construtiva.

Nas escolas a aprendizagem da linguagem da dança permite:

Construir uma relação de cooperação, respeito,


diálogo e valorização das diversas escolhas e possibilidades
de interpretação e de criação em dança que ocorrem em
sala de aula e na sociedade;
Aperfeiçoar a capacidade de discriminação verbal,
visual e cinestésica e de preparo corporal adequado em
relação às danças criadas, interpretadas e assistidas;
Situar e compreender as relações entre corpo, dança e
sociedade, principalmente no que diz respeito ao diálogo
entre a tradição e a sociedade contemporânea;
Buscar e saber organizar, registrar e documentar
informações sobre dança em contato com artistas,
documentos, livros etc., relacionando-os a suas próprias
experiências pessoais como criadores, intérpretes e
apreciadores de dança.
Desenvolver a improvisação, a composição
coreográfica, a interpretação de repertórios de diferentes
épocas, localidades e estilos. (Ibid., p.74)

Para que o desenvolvimento da linguagem da dança possa contemplar os


aspectos citados, é importante que os estudantes tenham acesso a espetáculos,
além de contar com o apoio de profissionais especializados nesse campo do
conhecimento. A escola também deve se conscientizar da importância e da
necessidade de oferecer em seu currículo a arte do movimento – a dança.

99
Arte e Educação

Dança: arte-expressão do corpo

Dançar é falar com o corpo, uma linguagem que se expressa através de gestos,
movimentos, ritmos, pensamento corporal. Um conjunto
Cinestésica : composição
de ideias, uma composição cinestésica que comunica com dança, movimento do
imagens, sensações, sentimentos e emoções. corpo.

A dança, como as demais linguagens da arte,


também explora o aspecto sensível, por isso está diretamente ligada à expressão
estética e plástica. Ao assistirmos a espetáculos de dança nos emocionamos, sejam
de danças populares, de rua, clássicas e como não lembrar do samba e seu grande
espetáculo o carnaval brasileiro? A dança estimula a percepção sensorial através de
ritmo, sonoridade, visão e movimento. Mas, afinal, como a dança pode ser inserida
nos conteúdos de arte?

É importante ressaltar que a linguagem da dança inserida adequadamente no


conteúdo escolar não pretende formar bailarinos; antes disso, consiste em
proporcionar ao aluno um contato mais efetivo e intimista com a possibilidade de
se expressar criativamente através do movimento. Nesse contexto, necessita estar
voltada para os conteúdos específicos dessa área do conhecimento.

A dança na escola não deve ser vista como a arte do espetáculo, e sim como
educação através da arte, para tanto, é importante:

100
Arte e Educação

A (re) descoberta do movimento como expressão


criativa e participativa nos momentos da vida (construção
da auto-estima, da consciência e harmonia corporais),
vivendo o corpo de uma maneira mais satisfatória e
gostando de se expressar através dele.
A defesa a favor da Dança –e da arte – já a partir da
infância, como uma forma de despertar a responsabilidade
dos seres em relação ao próprio corpo, à procura de um
melhor modo de viver.
Dançar brincando, com liberdade e prazer, sem o
aprisionamento a códigos formais, mas através da prática
de um ensino diferenciado: um aprendizado com
fundamentação técnica e criativa dos conteúdos de uma
aula de dança.
(Disponível em:
<http://silvio.marina.sites.uol.com.br/pessoal/abrace.html>
.Acesso 23 ago 2011).

Pensando assim, consideramos fundamental que o ensino de arte com dança


na escola se realize através de um professor que não focalize apenas as técnicas e
conceitos, mas que seja o provocador de experiências, o guia que orienta os alunos
para uma descoberta pessoal de suas habilidades.

A Dança na escola contempla uma nova proposta de


ensino que abrange fundamentos da Dança-Educação e da
Dança Educativa Moderna. Diferentemente das tradicionais
e já conhecidas técnicas, a Dança aplicada ao conteúdo
escolar não pretende formar bailarinos; antes disso,
consiste em proporcionar ao aluno um contato mais efetivo
e intimista com a possibilidade de se expressar
criativamente através do movimento. (Ibid.)

101
Arte e Educação

Contribuições da dança para a educação

Ainda são poucas as pesquisas nesta área, porém suficientes para fornecer
bases para uma proposta educacional em Dança que seja significativa para os
jovens que vivem no mundo contemporâneo. Ressaltamos algumas propostas que
constam do PCN - Arte (texto adaptado):

- Ouvir atentamente o que os alunos têm a dizer sobre seus corpos, sobre o
que dançam e/ou gostariam de dançar;

- Observar como os alunos escolhem os movimentos e como eles são


articulados em suas criações de dança, para que se possa selecionar conteúdos e
procedimentos não somente adequados, mas também problematizadores das
realidades em que esses corpo/danças estão inseridos.

- É importante que o corpo não seja tratado como “instrumento” ou “veículo”


da dança, como comumente se pensa. O corpo é conhecimento, emoção,
comunicação, expressão.

- Reconhecimento da contribuição para o processo educacional: a


possibilidade de conhecer, reconhecer, articular e imaginar a dança em diferentes
corpos, e, portanto, com diferentes maneiras de viver em sociedade.

Laban e Freinet apresentam uma proposta pedagógica para o ensino de


dança:
Laban (1879-1958) e Freinet (1896-1966) foram
contemporâneos, mas não se conheceram. Suas
experiências de vida são completamente diferentes. Laban,
filho de militar, viveu em ambientes luxuosos, viajou por
vários países e estudou na Escola de Belas Artes de Paris.
Freinet, filho de camponeses, levou uma vida simples e
humilde e não completou seus estudos.
Ambos apresentavam, no início do século XX, idéias
avançadas demais para a época, até hoje não incorporadas
na prática da educação brasileira, como a proposta de
dança de Laban e as Técnicas de ensino de Freinet. Para
Laban, a sala de aula é espaço constrangedor e incômodo,
com mesas e cadeiras unidas, que restringem a inclinação
natural do corpo. Para Freinet, as carteiras dão a impressão
de aprisionamento, imobilidade.

102
Arte e Educação

Os autores consideram o homem como um ser


integrado: corpo-mente, salientando a necessidade de
respeitar o ritmo interno de cada um. Os atos e atividades
espontâneas são uma forma de exteriorizar ideias e
sentimentos. A educação não deve partir só de explicações
teóricas, mas também do tateamento experimental.
Laban e Freinet têm consciência de que o meio interfere
na vida e na formação do ser humano, questionando os
avanços da tecnologia por gerarem a imobilidade, o
sedentarismo, prejudicial ao desenvolvimento.
As propostas de Laban e Freinet podem integrar-se
numa proposta de ensino de Dança Educativa nas escolas,
por contribuírem para o desenvolvimento do educando nos
aspectos:

Tal proposta de dança procura levar o aluno à ação-


sensação-reflexão, contribuindo para aprender a ser, aprender a
fazer, aprender a conhecer e aprender a viver juntos, que
constituem os quatro pilares da educação. A Comissão
Internacional sobre a Educação para o século XXI recomenda
que a arte deve ter um espaço maior do que lhe é dado na
escola.
(Disponível
em:<http://www.s cielo.br/s cielo.php?script=s ci_arttext&pid=S0101
32622001000100004>.Acesso em 21/9/11)

103
Arte e Educação

Conhecendo a linguagem do Teatro

O pintor, utilizando os elementos de sua arte, como os


pincéis e a tela, elabora a sua obra que é a pintura. O
músico, trabalhando com os sons musicais, é responsável
pela criação da música. Mas, afinal, qual é a obra que o ator
realiza artisticamente? O ator, utilizando as suas emoções e
os seus recursos corporais, é responsável pelo desempenho
da personagem. Todas as pessoas são capazes de atuar no
palco. Todas as pessoas são capazes de improvisar. As
pessoas que desejarem são capazes de jogar e aprender a
ter valor no palco. (SPOLIN, 1998, p.3)

IMPORTANTE

A palavra personagem vem de persona, palavra latina que significa


pessoa. O ator dá vida ao personagem imaginada pelo dramaturgo para
representá-lo diante do público.

Segundo Viola Spolin, “ninguém ensina nada a ninguém”, o aprendizado


acontece através da experiência. Assim, tudo que aprendemos está diretamente
ligado às vivências e ao ambiente. Quando crianças, engatinhamos para aprender a
andar, o cientista aprende com suas experiências em seu laboratório. Então, será
que o ator aprende representando? Sendo assim, a aprendizagem pode ser vista
como um ato intuitivo, uma espécie de mágica?“Experienciar é penetrar no
ambiente, é envolver-se total e organicamente com ele. Isto significa envolvimento
em todos os níveis: intelectual, físico e intuitivo.” (Ibid.)

A necessidade de narrar fatos e representar por meio da ação dramática está


presente em rituais de diversas culturas e tempos, e provavelmente diz respeito à
necessidade humana de recriar a realidade em que vive e de transcender seus
limites.

104
Arte e Educação

Pode-se relacionar a base desse processo de investigação próprio ao teatro


com os processos de imitação, simbolização e jogos na infância. A criança observa
gestos e atitudes no meio ambiente, joga com as possibilidades do espaço, realiza
brincadeiras de faz-de-conta e vive personagens como um herói.

O jogo pode ser entendido também como um “jogo Práxis:– o que se


de construção”. O jogo de construção não é uma fase da pratica
habitualmente.
evolução genética, mas sim um instrumento de
aprendizagem com o qual a criança opera, promovendo o desenvolvimento da
criatividade, em direção à educação estética e praxis artística. O jogo teatral é um
jogo de construção em que a consciência do “como se” é gradativamente
trabalhada, em direção à articulação de uma linguagem artística — o teatro.

A linguagem do teatro pode ser entendida como uma forma de promover


experiências, focando o envolvimento total com o ambiente, exercitando o
pensamento “como se”, simbolizando e agindo como alguém ou algo além de si
próprio, através do jogo. O desenvolvimento da linguagem teatral na escola
necessita que os professores promovam o fazer artístico de forma significativa que
possibilitem (adaptado do PCN-Arte, 1998):

•Criar oportunidades para que os jovens conheçam, observem e confrontem


diferentes culturas em diferentes momentos históricos, operando com um modo
coletivo de produção de arte.

••Buscar soluções criativas e imaginativas na construção de cenas, apurando a


percepção sobre eles mesmos e sobre situações do cotidiano.

••Atuar na ação improvisada utilizando-se de diferentes recursos cênicos –


máscaras, figurinos, maquiagem, iluminação, sons, objetos.

Produzir textos de diferentes gêneros: dramáticos, narrativos, poéticos,


jornalísticos, entre outros.

Favorecer as possibilidades de compartilhar descobertas, ideias, sentimentos,


atitudes, ao permitir a observação de diversos pontos de vista, estabelecendo a
relação do indivíduo com o coletivo e desenvolvendo a socialização.

105
Arte e Educação

A experiência do teatro na escola amplia a capacidade


de dialogar, a negociação, a tolerância, a convivência com a
ambiguidade. No processo de construção dessa linguagem,
o jovem estabelece com os seus pares uma relação de
trabalho combinando sua imaginação criadora com a
prática e a consciência na observação de regras. O teatro
como diálogo entre palco e platéia pode se tornar um dos
parâmetros de orientação educacional nas aulas de teatro;
para tanto, deverá integrar-se aos objetivos, conteúdos,
métodos e avaliação da área. (PCN-Arte, 1998, p.88)

Na escola, por meio dos jogos, o arte-educador pode criar contextos


significativos para a aprendizagem da linguagem teatral.

(...) o aluno se familiariza com a linguagem do palco e


com os desafios da presença em cena.Ao observar jogos
teatrais, ao assistir a cenas e espetáculos, o aluno aprende a
distinguir concepções de direção, estilos de interpretações,
cenografia, figurinos, sonoplastia e iluminação. Aprecia o
conjunto da encenação e desenvolve, enfim, a atitude
crítica.
Disponível:<http://www.projetosaindodasruas.com.br
/sp/oprojeto_teatro.asp>.Acesso 05 set 2011.

O teatro no espaço escolar deve considerar a cultura


dos jovens, propiciando informações que lhes dêem
melhores condições nas opções culturais e na interpretação
dos fatos e das situações da realidade com a qual
interagem. O jovem encontra no teatro um espaço de
liberdade para se confrontar por meio do diálogo e da
representação com questões éticas como justiça e
solidariedade. (PCN-Arte, op.cit.,p.89)

106
Arte e Educação

Jogo: Brincadeira que educa

A importância dos jogos para a educação de crianças e jovens, é revelada


através de ações bem planejadas. Nessas ações, os objetivos devem estar
centrados:

(...) apreensão dos conhecimentos artísticos e


estéticos, pois possibilitam o desenvolvimento da
percepção, da imaginação, das fantasias e de sentimentos.
O brincar nas aulas de arte pode ser uma maneira prazerosa
de a criança experienciar novas situações e ajudá-la a
compreender e assimilar mais facilmente o mundo cultural
e estético. (FERRAZ, 1993, p.84)

Nas atividades com jogos nas aulas de arte, o professor precisa ter
conhecimento das funções e de como esses jogos podem ser desenvolvidos. Os
jogos e brincadeiras na vida infantil podem revelar as carências, sentimentos e
pensamentos a respeito da realidade, das coisas e das pessoas com quem
convivem. Assim, os jogos e brincadeiras devem ter uma abordagem diversificada;
oferecer elementos que despertem a curiosidade, o lúdico, “o fazer” se identifica
com “o brincar”, o imaginar com a experiência da linguagem ou da representação.

107
Arte e Educação

“O jogo é uma forma natural de grupo que propicia o envolvimento e a


liberdade pessoal necessários para a experiência.” (Ibid.p. 4) Assim, a participação
em jogos teatrais ou exercícios de atuação, permitem a capacidade de criar uma
situação imaginativa, na qual a representação de um papel é vista como uma
experiência maravilhosa, uma espécie de descanso do cotidiano que é dado ao
“eu”, uma espécie de férias da rotina de todo o dia.

É através das brincadeiras que as crianças vivenciam situações imaginárias,


buscam realizar desejos e sonhos. Assim, podem se colocar em situações fora da
realidade, como por exemplo, estar na lua, nadando sob a água como um peixe,
voando como um pássaro. Essa brincadeira do “faz de conta”, desenvolve sua
imaginação ao romper o limite da realidade, e promovendo o amadurecimento do
pensamento abstrato; são os jogos simbólicos.

Essas brincadeiras, com o tempo, vão dando lugar aos jogos em que as regras
fazem parte da ação. Nesse sentido, cumprir as regras do jogo faz parte da nova
brincadeira. São situações imaginárias nas quais as regras são previamente
combinadas com o grupo e todos devem segui-las.

Quando a criança faz a passagem dos jogos simbólicos para os jogos com
regras, é o momento de iniciar as atividades das práticas teatrais na escola.
Considerar o quanto é importante para crianças e jovens participar de brincadeiras
e jogos; mais ainda, participar e assistir espetáculos teatrais, pode ser uma
oportunidade significativa para o desenvolvimento das várias linguagens artísticas.

(...) considera importante a inclusão do brinquedo e da


brincadeira como parte integrante dos métodos e
procedimentos educativos de um programa de arte e em
atividades infantis, principalmente quando envolver a
construção, a manifestação expressiva e lúdica de imagens,
sons, falas, gestos e movimentos. (Ibid., p. 89)

108
Arte e Educação

Conhecendo a linguagem da Música

A criança, desde os primeiros momentos de sua vida, ouve a voz da mãe, os


sons da natureza, ruídos diversos e outras vozes que vão se tornando reconhecíveis
com o tempo. Resumindo: ela já entra em contato com a linguagem musical desde
a mais tenra idade. Pesquisas realizadas na Alemanha revelaram que as pessoas
que convivem e praticam música, apresentam a área do cérebro 25% maior em
comparação aos indivíduos que não desenvolvem este tipo de trabalho. Essas e
outras pesquisas evidenciaram que as crianças expostas ao trabalho constante com
a música, têm o melhor desempenho na escola e na vida como um todo e
geralmente apresentam notas mais elevadas no currículo escolar.

Entendemos assim a importância de inserir a música no planejamento


educacional, criando estratégias voltadas para essa área do conhecimento e
incentivar a criança a estudar música, seja através do canto ou da prática com um
instrumento musical. O desenvolvimento da linguagem musical, como as demais
linguagens, não tem o propósito de formar músicos profissionais ou especialistas
na área, mas sim auxiliar no desenvolvimento cultural e psicomotor. A música
permite o contato com diferentes linguagens e promove a socialização entre os
participantes, facilitando o acesso à arte.

109
Arte e Educação

Ao prestar atenção ao som, observando as características rítmicas, os silêncios,


os instrumentos e o uso da voz, o aluno é capaz de experimentar e desenvolver-se
na linguagem musical. Para tanto, é importante que o aprendiz se envolva com
(adaptado do PCN-Arte):

 Aprendizagem e exploração das diferentes estruturas


sonoras, que permitem contrastar e modificar ideias musicais,
praticando o pensamento musical, imaginando, relacionando
e organizando, a partir de suas condições de interpretação
musical.

 Exploração de diversas possibilidades, meios e materiais


sonoros, utilizando conhecimentos da linguagem musical,
comunicando-se e expressando-se musicalmente.

 •O conhecimento dos parâmetros do som: altura, duração,


intensidade e timbre, através da utilização de materiais e
recursos que promovam a expressividade e o domínio
técnico básico, para improvisar, compor e interpretar,

 •••conhecimento e apreciação de músicas de seu meio


sociocultural e do conhecimento musical construído pela
humanidade em diferentes períodos históricos e espaços
geográficos.

 A valorização dessa diversidade sem preconceitos estéticos,


étnicos, culturais e de gênero.

110
Arte e Educação

A linguagem musical necessita ser vivenciada e experimentada


significativamente, no contato com instrumentos, gravações, audições e
apresentações musicais de diferentes grupos e estilos. “A consciência estética de
jovens e adultos é elaborada no cotidiano, nas suas vivências, daí a necessidade de
propiciar, no contexto escolar, oportunidades de criação e apreciação musicais
significativas.” (PCN-Arte, 1998, p.80).

Construindo sua competência artística nessa linguagem, sabendo comunicar-


se e expressar-se musicalmente, “o aluno poderá conectar o imaginário e a fantasia
aos processos de criação, interpretação e fruição, desenvolver o poético, a
dimensão sensível que a música traz ao ser humano.” (Íbid)

Música: sensibilidade e transformação social

Os sons, como já foi dito, transmitem significações e mensagens distintas para


cada pessoa. Segundo o PCN – Artes (1998) os ritmos musicais, de pulsação
excitante e envolvente são responsáveis pela formação de vários grupos que
podem ser identificados pelas roupas que vestem, pelo comportamento e pelos
estilos musicais de sua preferência: rock, tecno, dance, reggae, pagode, rap, entre
tantos outros.
É necessário procurar e repensar
caminhos que nos ajudem a desenvolver
uma educação musical que considere o
mundo contemporâneo em suas
características e possibilidades culturais.
Uma educação musical que parta do
conhecimento e das experiências que o
jovem traz de seu cotidiano, de seu meio
sociocultural e que possa contribuir para a
humanização de seus alunos. (Ibid.p.79)

Para realizar um trabalho musical com crianças nas primeiras séries do ensino
fundamental, sugerimos que inicie pela percepção de fontes sonoras distintas. Para
tanto é necessário obter uma gravação em CD ou outro dispositivo de
armazenamento de arquivos, baixados da internet, que contenham os sons
descritos nas atividades que se seguem.

111
Arte e Educação

Proposta: Percepção de fontes sonoras.

Faixa etária sugerida: crianças entre 5 a 8 anos

Antes de iniciar as atividades, peça às crianças para ficarem em silêncio, com


os olhos fechados, se possível, bem relaxadas. Permita que fiquem como
desejarem: sentadas ou recostadas e com a cabeça baixa.

Atividade 1 - Sons de: pingo d’água batendo em uma lata, batidas de martelo
ou pisadas em folhas secas (inicie com três sons e depois aumente esse número).
Faça as crianças ouvirem os sons, depois peça que relatem o que ouviram e quais
sensações perceberam. Certamente serão ouvidos relatos e respostas diferentes. O
trabalho pode ser concluído com desenhos e/ou produção textual. A riqueza desse
trabalho está na possibilidade de instigação imaginativa.

Atividade 2 - Sons de: miado de gato, porta batendo ou um som estridente


como arranhar de metais. Após a audição, os alunos relatarão as suas sensações.
Poderão surgir histórias tristes, de sensação de medo, irritação, entre outros. Aqui
também se pode concluir o trabalho como na atividade anterior ou pedir que as
crianças representem com gestos e sons o que sentiram.

Se tiver instrumentos musicais disponíveis, confeccionados pelos alunos ou


não, peça para que representem os sons que ouviram. Outros materiais poderão
dar “asas” à imaginação, por exemplo: saco de papel cheio para estourar – pode ser
um trovão; continhas dentro de um recipiente – pode ser a chuva; e também as
próprias crianças poderão sugerir outros materiais disponíveis.

Atividade 3 - Para crianças com idade mais avançada, sugerimos um trabalho


mais complexo: a turma assiste a um filme previamente escolhido. A seguir,
observam atentamente a trilha musical e os efeitos sonoros utilizados fazendo
anotações. Depois, cada grupo se reúne e cria uma história, definindo os
personagens, a época, local, figurino, por fim, descrevem as cenas em poucas
palavras produzindo um texto. A música, de preferência sem letra (para facilitar o
“encaixe” no enredo da história), pode ser obtida através de pesquisas, CDs ou
produzida pelos próprios alunos. A reprodução ocorre durante a apresentação ou
em alguns momentos para realçar a ação cômica ou dramática, por exemplo. Esse

112
Arte e Educação

trabalho pode ter a duração de quinze dias ou mais, dependendo do entusiasmo


dos alunos e da mediação do professor.

É importante observar que as atividades sugeridas são apenas para ilustrar as


múltiplas possibilidades de trabalho com música. Outro aspecto importante é que,
essas sugestões fazem o que chamamos de “entrelaçamento” das linguagens
artísticas. Assim, estão sendo ativadas inicialmente a linguagem musical, que não
deixa de explorar a parte visual (na composição do cenário, do figurino) e teatral
(na encenação), que se amplia para representações corporais (como a dança) já
que a música está presente. Portanto, as linguagens artísticas podem ser
exploradas de forma integradora e transdisciplinar.

Conhecendo a linguagem visual

As experiências com o desenho, linhas, cores, modelagem (massa ou argila),


recorte, colagem, entre outros, permitem que o aprendiz se expresse pela
linguagem visual.

113
Arte e Educação

De acordo com o PCN – Artes (1998) apreciação, o conhecimento e a produção


em arte podem ser expressos pela linguagem visual, se o professor desenvolver:

•A prática do pensamento visual, capaz de formar imagens mentais, criando


possibilidades para construção de formas e ideias;

A percepção e criação de formas visuais, com


Bidimensional: que possui
elementos específicos da linguagem e suas relações no
duas dimensões, altura e
espaço (bi e tridimensional), expressos por seus largura; ex: um desenho,
elementos fundamentais: ponto, linha, forma, cor, quadrado, uma foto.
textura, dimensão, equilíbrio, movimento, espaços, ritmo
Tridimensional – que possui
e profundidade.
três dimensões, altura,
Propostas com os diferentes modos da linguagem largura e profundidade;
visual: pintura, desenho, gravura, escultura, modelagem, exemplo: um cubo, uma
caricatura, histórias em quadrinhos, colagem, fotografia, cadeira, um animal)

moda, cinema, instalação, vídeo, TV, uso do computador,


entre outros.

•Um fazer artístico que contemple o manuseio e seleção de materiais,


instrumentos, suportes, técnicas, procedimentos, informações sobre história da
arte, artistas e sobre as relações culturais e sociais envolvidas na experiência de
fazer e apreciar arte. Assim, o aprendiz poderá construir suas próprias
representações ou ideias, que serão transformadas à medida que avança no
processo educacional.

A ação do professor, seu modo de instigar o aluno a ver mais, a olhar


profundamente para perceber os detalhes, a se sensibilizar com o inusitado, a
buscar novidades, despertar os sentidos potencializando a curiosidade, pode ser
determinante no desenvolvimento da linguagem visual.

Para tanto, o trabalho com diversas imagens, de diferentes épocas e culturas


permitirão enriquecer o repertório expressivo das crianças. É importante que as
salas de aula sejam espaços de exposição das produções dos alunos, não apenas
dos trabalhos considerados “bonitos” ou “bem feitos”, muito menos “retocados
pelo professor”, mas que todos os trabalhos realizados possam ser vistos.

114
Arte e Educação

O uso de imagens extraídas do repertório das histórias em quadrinhos ou


heróis na decoração das salas e corredores da escola, não auxilia em nada o
trabalho de educar o olhar; ao contrário, empobrece a cultura visual do aluno ao
observar constantemente imagens estereotipadas (copiadas) distantes de sua
cultura, portanto, sem significado.

O enriquecimento da percepção da linguagem visual está diretamente ligado


às experiências vivenciadas pelas crianças e jovens. Tanto o trabalho desenvolvido
na escola quanto os passeios, visitas a museus, exposições e ateliês são
oportunidades que devem fazer parte da metodologia e estratégia para aqueles
que optam por uma educação integral e de qualidade. A valorização dos
profissionais e de suas produções também é importante para o conhecimento dos
diferentes ofícios dos artistas visuais.

Leitura de imagens na sala de aula

A partir da compreensão de que os arte-educadores necessitam se atualizar


nas práticas contemporâneas, é possível buscar uma proposta que desenvolva no
aluno a capacidade de saber criticar a obra de arte. É importante que esses
professores possam também propor procedimentos com base na descrição e
análise das obras de arte, na interpretação e julgamento da obra, na investigação
de seus significados, com base em dados coletados anteriormente através de
pesquisas. Assim, o aluno poderá discutir questões estéticas que tratam
diretamente da qualidade expressiva da obra, sem emitir juízos de valor como
conceitos de belo ou feio (BARBOSA, 1991).

Não é possível, nos dias atuais aceitar professores dando aulas de arte que
nunca leram nenhum livro de arte-educação e pensam que arte na escola é dar
folhas impressas para colorir, com corações para o Dia das Mães, coelho para a
Páscoa, soldados no Dia da Independência, entre outras coisas. Muitos professores
ainda acreditam que “arte-educadores não precisam pensar”, “arte é só para fazer”,
assim excluem a possibilidade de observação e compreensão da arte (Ibid.).

115
Arte e Educação

Ana Mae Barbosa, em sua obra A imagem no ensino de arte, apresenta uma
proposta para leitura da obra de arte e fazer artístico, denominada Metodologia
Triangular. E ressalta para a necessidade de alfabetização para a leitura da imagem:

Através da leitura das obras de artes plásticas


estaremos preparando as crianças para a decodificação da
gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do
cinema e da televisão, a prepararemos para aprender a
gramática da imagem em movimento. (Ibid.,p.34-35)

Preparando-se para o entendimento das artes visuais se prepara a criança para


o entendimento da imagem quer seja arte ou não.

Um currículo que interligasse o fazer artístico, a


história da arte e a análise da obra de arte estaria se
organizando de maneira que a criança, suas necessidades,
seus interesses e seu desenvolvimento estariam sendo
respeitados e, ao mesmo tempo, estaria sendo respeitada a
matéria a ser aprendida, seus valores, sua estrutura e sua
contribuição específica para a cultura.” (Id.,1999, p.35, grifo
nosso)

Metodologia Triangular nas aulas de arte

Com base na metodologia ou prática triangular, apresentamos um roteiro


simplificado que pode auxiliar o professor a compreender o processo de leitura da
obra de arte.

Essa proposta pode ser compreendida através da leitura dos relatos


apresentados pela autora Ana Mae Barbosa, em sua visita com estudantes, à
exposição As bienais do acervo do MAC (1987-88), que propõe: “leitura da obra de
arte, informação histórica e fazer artístico.” (BARBOSA,1991 p.105-107).

116
Arte e Educação

O esquema abaixo ilustra os três momentos que representam os pilares


propostos pela autora: olhar - fruir; conhecer – contextualizar (informação
histórica); produzir arte – fazer artístico.

1º momento – olhar e analisar a obra – FRUIR

Os alunos devem olhar atentamente e percorrer a obra com cuidado (pode ser
uma pintura, desenho ou objeto) para dar tempo de assimilá-la mentalmente. Em
sala de aula, o professor pode conduzir essa ação com perguntas: o que você vê?

Nesse momento, deve-se dar atenção aos detalhes. O professor estimula os


alunos para a percepção dos elementos da linguagem visual: dimensão, traços e
linhas, texturas, materiais, suportes e técnicas. Em seguida, a descrição textual das
observações através da listagem dos elementos percebidos.

117
Arte e Educação

2º momento – conhecer a obra – CONTEXTUALIZAR (informação histórica)

É o momento em que cada aluno expressa suas ideias sobre o que observa. É
importante considerar todas as interpretações, emoções e sentimentos percebidos.
Nesse momento podem-se apresentar outras imagens que tenham tema similar e
propor comparações (linhas, cores, formas, organização espacial).

É importante contextualizar a obra fazendo um levantamento sobre o autor,


sua época, outras obras que possam estar relacionadas ao tema ou ao autor e sobre
o processo de criação e a técnica empregada. Aqui as pesquisas são bem vindas e
podem ser realizadas em livros, revistas ou sites.

3º momento – produzir arte – FAZER ARTÍSTICO

Após todos os levantamentos feitos, a turma deve estar pronta para produzir.
Nesse momento, o professor como mediador, poderá ouvir sugestões e ideias e
conduzir a criação artística propondo soluções, técnicas e suportes. Então,
desenhos, textos, dramatizações, pinturas, colagens, esculturas, improvisações,
performances, instalações, sons, ritmos, apresentações musicais e outras
expressões artísticas poderão acontecer.

Linguagens da Arte – Espaço de entrelaçamento

As quatro linguagens artísticas não podem ser entendidas de forma isolada.


Cada uma delas apresenta qualidades e características próprias que permitem
compreender suas especificidades. Porém, o ser humano em suas vivências,
elabora inventividades que permitem combinar, misturar e entrelaçar essas
manifestações estéticas. A multimídia, a performance, o videoclipe e o museu
virtual são alguns exemplos em que a imagem integra-se ao texto, som e espaço. É
possível compreender esse universo entrelaçado das linguagens artísticas:

118
Arte e Educação

O fenômeno artístico está presente em diferentes


manifestações que compõem os acervos da cultura
popular, erudita, modernos meios de comunicação e novas
tecnologias. Além disso, a arte nem sempre se apresenta no
cotidiano como obra de arte. Mas pode ser observada na
forma dos objetos, no arranjo de vitrines, na música dos
puxadores de rede, nas ladainhas entoadas por tapeceiras
tradicionais, na dança de rua executada por meninos e
meninas, nos pregões de vendedores, nos jardins, na
vestimenta etc. O incentivo à curiosidade pela
manifestação artística de diferentes culturas, por suas
crenças, usos e costumes, pode despertar no aluno o
interesse por valores diferentes dos seus, promovendo o
respeito e o reconhecimento dessas distinções. Ressalta-se,
assim, a pertinência intrínseca de cada grupo e de seu
conjunto de valores, possibilitando ao aluno reconhecer
em si e valorizar no outro a capacidade artística de
manifestar-se na diversidade. (PCN – Arte. 1998, p.62)

Cabe aos professores conhecer as possibilidades de interseção entre as


linguagens artísticas no seu trabalho em sala de aula. É através da exploração, da
pesquisa na combinação dos diferentes recursos tecnológicos, materiais e de
novos suportes, que, ao propor novas formas de elaboração do fazer artístico, o
professor ultrapasse os limites do convencional e assim construa dialogicamente,
novas formas estéticas de produção artística. Nessa articulação não se pode
esquecer de fortalecer a formação de valores e atitudes para a construção da
cidadania.

Avaliação nas aulas de Arte

As produções artísticas realizadas na escola são os resultados das ideias,


pensamentos, jogos, invenções, intuições, das experiências e diálogos poéticos
produzidos pelos aprendizes. Como se pode avaliar esse complexo de ações sem
cair no julgamento de valores: “o mais bonito”, “o certo”, “o mais caprichado”?

119
Arte e Educação

Avaliar é uma ação pedagógica guiada pela atribuição


de valor apurada e responsável que o professor realiza das
atividades dos alunos. Avaliar é também considerar o modo
de ensinar os conteúdos que estão em jogo nas situações
de aprendizagem.
Avaliar implica conhecer como os conteúdos de Arte
são assimilados pelos estudantes a cada momento da
escolaridade e reconhecer os limites e a flexibilidade
necessários para dar oportunidade à coexistência de
distintos níveis de aprendizagem em um mesmo grupo de
alunos. Para isso, o professor deve saber o que é adequado
dentro de um campo largo de aprendizagem para cada
nível escolar, ou seja, o que é relevante o aluno praticar e
saber nessa área. (Ibid., p.53 et seq.)

Considerando que, nas aulas de arte, o aluno irá realizar produções utilizando
as diferentes linguagens artísticas, a avaliação deve seguir esses aspectos. Propõe-
se para o processo de avaliação:

A avaliação no processo de ensino e aprendizagem de


arte precisa ser realizada com base nos conteúdos,
objetivos e orientação do projeto educativo na área e tem
três momentos para sua concretização: diagnosticar o nível
de conhecimento artístico e estético dos alunos, nesse caso
costuma ser prévia a uma atividade;r ealizada durante a
própria situação de aprendizagem, quando o professor
identifica como o aluno interage com os conteúdos e
transforma seus conhecimentos e ao término de um
conjunto de atividades que compõem uma unidade
didática para analisar como a aprendizagem ocorreu.
(...) Nesse contexto, é proposto que o professor
discuta seus instrumentos, métodos e procedimentos de
avaliação com a equipe da escola. O professor precisa ser
avaliado sobre as avaliações que realiza, pois a prática
pedagógica é social, de equipe de trabalho da escola e da
rede educacional como um todo. (Ibid., p. 56 et seq.).

120
Arte e Educação

Intuição, percepção, criação.

Vivemos em um mundo rodeado por sons, silêncio, luzes, cores, formas,


imagens, movimentos, seres, pessoas, minerais e vegetais. Mesmo sem perceber,
construímos e atribuímos significados a esses elementos. Em nosso espaço de
vivência e convivência, lidamos e elaboramos diálogos que permeiam todas as
possibilidades de criação de ideias, pensamentos, sentimentos, ações e reações. Na
verdade, tudo que está a nossa disposição, pode ser utilizado como matéria prima
para a criação de formas artísticas.

Através dos sentidos (visão, tato, audição, paladar e olfato), da intuição, da


imaginação, do intelecto e das sensações, é possível perceber uma criação artística.
Perceber envolve apreender o mundo interno e o externo ao mesmo tempo.

Ostrower (1987, p.57) nos descreve sobre a intuição e a percepção e que


ambas são modos de conhecimento e canais que nos conduzem ao significado que
damos às coisas. A percepção nos leva ao conhecimento: “Tudo se passa ao mesmo
tempo. Assim, no que se percebe, se interpreta; no que se apreende, se
compreende.”.

O ato de criar requer o conhecimento dos processos vivenciados, das ações


que permeiam a atividade criadora.

O ato criador, sempre ato de integração, adquire seu


significado pleno só quando entendido globalmente (...).
Assim como o próprio viver, o criar é um processo
existencial. Não abrange apenas pensamentos nem
emoções. Nossa experiência e nossa capacidade de
configurar formas e de discernir símbolos e significados se
originam nas regiões mais fundas de nosso mundo interior,
do sensório e da atividade, onde a emoção permeia os
pensamentos ao mesmo tempo em que o intelecto
estrutura as emoções. (Ibid., p.56)

121
Arte e Educação

Portanto, podemos afirmar que criar é, antes de mais nada, existir, viver e dar
vida a algo. Uma experiência sensível na qual nosso sistema perceptivo, todo o
nosso corpo, entra em sintonia para dar existência a alguma coisa.

Arte no espaço educacional

A escola é considerada como o primeiro espaço formal para o


desenvolvimento de cidadãos. Assim, o melhor é que se exercite o universo
artístico e suas linguagens: artes visuais, teatro, dança, música e literatura.

A partir dos estudos realizados até o momento, é possível reconhecer a


necessidade da arte e sua capacidade transformadora. Assim, os educadores
poderão contribuir para que o acesso a ela seja um direito do aprendiz. Com essa
postura, pode-se desenvolver uma prática pedagógica coerente com os
conhecimentos de arte que possibilitem ao educando conhecer o seu repertório
cultural e entrar em contato com outras referências, sem que haja a imposição de
uma forma de conhecimento sobre outra, com sintonia entre reflexão e prática.

122
Arte e Educação

Arte-Educação e projetos

Os projetos na escola são os reflexos da atitude pedagógica da escola, ou seja,


como se dá a construção do conhecimento. A realização de projetos nas aulas de
arte permite transformar as atividades artísticas isoladas em ações pedagógicas
ativas, bem articuladas, significativas, em constante processo de avaliação e com
possibilidade de replanejamento. “Na palavra projeto está contida uma
intencionalidade, que ainda é um vir-a-ser.” (...) “A palavra projeto designa
igualmente tanto o que é proposto para ser realizado quanto o que será feito para
atingi-lo.” (MARTINS, 1998, p.158).

Os projetos de trabalho que na verdade não são novidades como modalidade


de ensino, mas sim uma proposta para reinterpretar, readaptar o olhar diferente,
com o propósito de renovação da educação escolar. Sendo assim, no quadro
abaixo estão elencados os aspectos comuns entre os projetos de trabalho e outras
estratégias de ensino:

-Vão além dos limites curriculares (tanto das áreas como


dos conteúdos).
-Os temas selecionados são apropriados aos interesses e ao
estágio de desenvolvimento dos alunos.
-Realizam-se experiências de primeira mão, como visitas,
presença de convidados na escola, etc.
-É necessário trabalhar estratégias de busca, organização e
estudo de diferentes fontes de informação.
-Implicam atividades individuais, grupais e de classe, em
relação às diferentes habilidades e conceitos que são
aprendidos. (HERNANDEZ. 2000, p.181)

123
Arte e Educação

Então, como é possível identificar as diferenças existentes entre os projetos e


outras modalidades de ensino?

-Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a


turma.
-Inicia-se um processo de pesquisa.
-Busca-se e seleciona-se fontes de informação.
-São estabelecidos critérios de organização e interpretação
das fontes.
-São recolhidas novas dúvidas e perguntas.
-São estabelecidas relações com outros problemas.
-Representa-se o processo de elaboração do conhecimento
vivido.
-Recapitula-se (avalia-se) o que se aprendeu.
-Conecta-se com um novo tema ou problema. (Ibid.p.182)

O Projeto é uma metodologia didática?


O projeto não é encarado como uma metodologia didática, mas sim “uma
forma de entender o sentido da escolaridade baseado no ensino para a
compreensão”. (...) Nessa forma de compreender a educação, propõe as seguintes
finalidades do projeto: (Ibid.)

-Que os estudantes participem de um processo de pesquisa


que faça sentido para eles ao utilizarem diferentes
estratégias de pesquisa;
-Que possam participar do processo de planejamento da
própria aprendizagem;
Que lhes auxilie a serem flexíveis, reconhecer o “outro” e
compreender seu próprio meio pessoal e cultural. (Ibid.
p.183)

124
Arte e Educação

Com esse pensamento, Hernandez (2000) nos leva a entender:

 que a finalidade do ensino “é promover nos alunos a compreensão


dos problemas que pesquisam” ;

 que compreender, é ser capaz de ir além da informação dada, é


poder reconhecer as diferentes versões de um fato e buscar
explicações, formulando hipóteses sobre as conseqüências dessa
pluralidade de pontos de vista.

Que Direção Tomar Para Trabalhar com Projetos em Arte?

O ensino por projetos possui uma dinâmica própria que pode seguir algumas
orientações já apresentadas na abordagem das linguagens artísticas: artes
visuais,dança, teatro e música. Planejar um projeto é uma tarefa que pode
demandar uma série de ações. A seguir apresentamos os pontos importantes de
um projeto, tendo como objeto de estudo a análise de obras de arte:
(HERNANDEZ, 2000).

1 - O que os alunos podem aprender:

 Que informação o título de uma obra nos oferece?

 Dinstinguir entre título e tema de uma obra.

 Quais foram as fontes de inspiração?

 Relacionar a vida do artista com sua obra.

 Compreender o conteúdo do movimento artístico referente à obra.

 Ampliar o conhecimento-base para fazer interpretações sobre as


obras de arte e desenvolver estratégias para executá-las.

125
Arte e Educação

2 – Conexões com outras disciplinas e saberes:

 Leitura e produção textual – a partir dos textos e pesquisas


realizadas.

 Conhecimento histórico e temporal com referência às obras.

3 – Estratégias a serem desenvolvidas:

 Estabelecer relações e comparações entre várias obras de arte de


distintos tempos e estilos.

 Relacionar diferentes fontes de informação para obter respostas para


os problemas propostos.

 Aprender a verbalizar as relações sobre o que vemos e lemos.

 Tomar consciência sobre o que aprendeu.

 Conhecer diferentes materiais e saber utilizá-los nas suas produções


artísticas.

4 – Início do projeto – aquisição de conhecimentos e experiências:

 Iniciar o projeto a partir do conhecimento adquirido em outros


projetos semelhantes.

 Estabelecer uma relação dialógica comparativa dos conhecimentos e


conteúdos adquiridos anteriormente.

 Identificar o eixo do projeto: o que se pode aprender de uma obra de


arte?

126
Arte e Educação

5 – Tema do projeto:

 O que se pode aprender de uma obra? (como sugestão, pode-se


iniciar com o estudo de uma obra e no decorrer do projeto, outras
obras desse mesmo autor podem ser estudadas ou, obras de outro
artista são inseridas para efeito de comparação entre análise de
estilo, técnica, tempo, etc.).

6 - Ideias-Chave – Problematização

 Como se constrói o conhecimento? Os indivíduos aprendem com os


outros?

 De onde vem a inspiração para a criação?

 Os artistas se inspiram nas obras de outros artistas?

 O professor deve listar previamente uma série de questões para


estimular os alunos a encontrarem ideias-chave do projeto.

7 – Atividades com toda a turma:

 Conversas para identificar o que se pode aprender de uma obra de


arte (sondagem).

 Diálogos sobre o título dado à(s) obra(s)de estudo.

 Caracterizar os aspectos formais da(s) obra(s).

 Estabelecer trocas dialógicas com o grupo que permitam identificar


o estágio inicial do projeto e o que foi aprendido, em relação a “o
que se pode aprender de uma obra?”.

8 – Atividades em grupo:

 Busca de fontes de informação para respostas aos conteúdos


referentes à(s) obra(s) – título e tema.

 Busca de fontes de informação sobre o(s) artista(s) e suas obras.

127
Arte e Educação

9 – Atividades individuais:

 Anotações sobre os significados dos termos do título da(s) obra(s).

 Descrição das características biográficas do(s) autor(es).

 Estabelecer semelhanças e diferenças entre as obras e artistas


estudados.

 Produção gráfica sobre o tema da(s) obra(s).

 Produção de texto sobre as fontes de inspiração da(s) obra(s).

 Apresentar um comentário sobre: o que se pode aprender de um


quadro?

10 - Recursos, materiais, textos, livros e visitas:

128
Arte e Educação

 Disponibilizar reproduções das obras a serem estudadas: em vídeos,


imagens digitalizadas, livros, folhetos.

 Disponibilizar textos extraídos de diferentes fontes sobre as obras


em estudo.

 Se possível, visitar exposições, museus, galerias e locais no qual se


possa observar as obras em análise.

11 – Apresentação do portifólio:

 Organização cronológica de toda a trajetória percorrida durante a


realização do projeto, incorporando: textos, desenhos, transcrição
das conversas em grupo, registros fotográficos, registros das visitas a
exposições, desenhos, colagens.

 O portifólio é um excelente recurso no trabalho com projetos. Deve


conter todas as produções individuais e registros das atividades em
grupo realizadas durante o projeto. Essa reconstrução é realizada,
geralmente, em folhas A3, e cada aluno organiza seu trabalho
seguindo orientações dos professores. É importante que haja
“liberdade” para compor esteticamente o portifólio, que ao final,
apresentará características pessoais do aluno.

12 – Avaliação: o que compreenderam.

 A avaliação identifica o ponto de partida do projeto, o levantamento


das dúvidas e da pergunta inicial: o que se pode aprender de um
quadro? E também deve conter as respostas alcançadas no
momento final.

 Identificar os novos conceitos, as relações com o tempo histórico, a


biografia do(s) artista(s), sua influências e as estratégias
desenvolvidas para aquisição do conhecimento pretendido.

129
Arte e Educação

Revendo o que foi apresentado acima, o que é importante considerar nos


projetos em arte? (MARTINS, 2000).

 A escolha do tema  qual o objeto de estudo? A partir de um


conjunto de ideias e perguntas, identifica-se a necessidade, o
interesse e importância que justifique o estudo do tema.

 Como desenvolver a aprendizagem? Através da seleção de


situações de aprendizagem que instiguem o aprendiz de arte na
solução dos problemas levantados. As ações são definidas e
desenvolvidas durante o projeto, na observação dos resultados e na
reconstrução de novas situações de aprendizagem.

 A utilização das linguagens artísticas e seus códigos - permitem


ao aprendiz se expressar e se comunicar a partir da leitura e
conhecimento dos objetos de arte estudados.

 Revelação e ampliação dos conhecimentos de arte – os textos, as


ideias, as produções, as conclusões devem servir como “centelhas”
para iluminar novos conhecimentos, novas idéias, novas
possibilidades.

Desse modo, o trabalho com projetos possibilita


sintonizar os conteúdos que queremos ensinar com
aqueles trazidos pelos aprendizes. È na sua inter-relação
que poderemos problematizar e provocar o que já se sabe
e aquilo que se deseja saber, ampliando e aprofundando o
conhecimento arte, alimentando o questionamento, a
dúvida, as possíveis soluções e o prazer de estar vivo no
processo de aprender e ensinar. (MARTINS, 2000,
p.167,grifo nosso).

Essa unidade apresenta a síntese das propostas para o ensino de Arte na


atualidade. Então, procure rever o conteúdo e avalie se conseguiu entender:

130
Arte e Educação

- As aulas de Arte devem contemplar atividades das quatro linguagens: artes


visuais, teatro, música e dança, na produção de arte e no contato com o patrimônio
artístico, exercitando a cidadania cultural com qualidade.

- Não é objetivo do ensino de arte da escola, formar artistas, mas sim fruidores,
decodificadores das obras de arte.

- As verdadeiras experiências com arte na escola são aquelas que vão levar o
aprendiz a revelar suas ideias, seu pensamento, ampliando sua percepção para
receber as informações externas e a leitura de mundo.

- Sobre a linguagem da dança: a escola pode desempenhar papel importante


na educação da expressão corporal e do processo interpretativo e criativo de
dança, ao transformar as relações que se estabelecem entre corpo, dança e
sociedade.

- Para o bom desenvolvimento da linguagem da dança é importante que os


estudantes tenham acesso a espetáculos de dança, que possam contar com o
apoio de profissionais especializados nesse campo do conhecimento e que a escola
se conscientize da importância e necessidade de oferecer em seu currículo a arte
do movimento – a dança.

- A linguagem do teatro pode ser entendida como uma forma de promover


experiências, focando o envolvimento total com o ambiente, exercitando o
pensamento “como se”, simbolizando e agindo como alguém ou algo além de si
próprio, através do jogo.

- Na escola, por meio dos jogos, o arte-educador pode criar contextos


significativos para a aprendizagem da linguagem teatral. Assim, o aluno se
familiariza com a linguagem do palco e com os desafios da presença em cena. Ao
observar jogos teatrais, ao assistir a cenas e espetáculos, o aluno aprende a
distinguir concepções de direção, estilos de interpretações, cenografia, figurinos,
sonoplastia e iluminação. Aprecia o conjunto da encenação e desenvolve, enfim, a
atitude crítica.

131
Arte e Educação

- A linguagem musical é desenvolvida através de experiências como: prestar


atenção ao som, observar as características rítmicas, os silêncios, os instrumentos e
o uso da voz.

- A linguagem musical necessita ser vivenciada e experienciada


significativamente, no contato com instrumentos, gravações, audições e
apresentações musicais de diferentes grupos e estilos.

- A expressão pela linguagem visual requer experiências com o desenho,


linhas, cores, modelagem em massa ou argila, recorte, colagem, fotos, filmagem.

- A ação do professor, seu modo de instigar o aluno a ver mais, a olhar


profundamente para perceber os detalhes, a se sensibilizar com o inusitado, a
buscar novidades, despertar os sentidos potencializando a curiosidade, pode ser
determinante no desenvolvimento da linguagem visual.

- Criar é, antes de mais nada, existir, viver e dar vida a algo. Uma experiência
sensível na qual nosso sistema perceptivo, todo o nosso corpo entra em sintonia
para dar existência a alguma coisa.

- Aceitar que o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o


desenvolvimento de crianças e de jovens é ter a certeza da capacidade que a arte
tem de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber e olhar o mundo de
modos diferentes.

- A realização de projetos nas aulas de arte permite transformar as atividades


artísticas isoladas em ações pedagógicas ativas, bem articuladas, significativas, em
constante processo de avaliação e com possibilidade de replanejamento.

LEITURA COMPLEMENTAR

Veja a seguir, as leituras complementares sugeridas. Não deixe de lê-


las, porque são as fontes de informação para entendimento do conteúdo
apresentado nessa unidade.

132
Arte e Educação

ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora.


São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2004.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo. Perspectiva, 1999.

_________________. Teoria e prática da educação artística. São Paulo, Cultrix,


1975.

Brasil (Ministério da Educação e do Desporto). Parâmetros Curriculares Nacionais


– Arte. Secretaria do Ensino Fundamental/SEF, 1998.

DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da


Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa,
1996.

FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

__________. Conselho aos pais. 2ª ed. Lisboa: Estampa 1974.


LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

________ . Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

________ . Dance in general. In: The Laban Art of Movement Guild nº 26, London,
1961.

HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de


trabalho. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE Gisa; GUERRA M. Terezinha Telles.
Didática do ensino de arte: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo. FTD,
1998.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis, Vozes, 1987.


SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo. Perspectiva, 1998.

É HORA DE SE AVALIAR

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

133
Arte e Educação

134
Arte e Educação

Exercício-Unidade 4

1- As verdadeiras experiências com arte na escola são aquelas que vão levar o
aprendiz a revelar suas ideias, seu pensamento, ampliando sua percepção para
receber as informações externas e a leitura de mundo. Nesse sentido é correto
afirmar que o fazer artístico:

a) necessita ser realizado em ambiente externo, natural, para que o aluno


incorpore novas ideias e experiências sensíveis na sua produção.

b) necessita ser impregnado de propostas e desafios estéticos, provocador de


ideias, que proporcionem experiências sensíveis e cognitivas capazes de
evocar formas expressivas percebidas como imagem sonora, gestual ou
visual.

c) consiste na elaboração de objetos de arte, na produção de espetáculos


artísticos em música, teatro e dança.

d) seja acompanhado por profissionais especializados, através de ações


direcionadas pela escola e comunidade.

e) possa revelar os artistas existentes na escola, para orientá-los em suas futuras


profissões.

2 - Segundo (MARTINS, 1998) “Através do conhecimento de cada linguagem o


aprendiz revela suas ideias e sentimentos”. A ferramenta reveladora do fazer
artístico é denominada por essa autora como:

a) ciência da arte-educação.

b) estudo da cognição sensório-motora.

c) metodologia sócio – interacionista.

d) gramática da linguagem da arte.

e) ciência artística e poética.

135
Arte e Educação

3 - Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto


apresentado:

“A linguagem da dança é um _____________________, ou seja, um pensar em


termos de _________, que se executa como __________________, impulsionado
pelas sensações musculares e articulações do corpo.” (MARTINS, 1998 p.138)

a) pensamento cinestésico – movimento - emoção física

b) jogo interpretativo – linhas e formas – experiência real

c) pensamento cinestésico – linhas e cores – ação corporal

d) ato coletivo – exercícios físicos - ação corporal

e) jogo criativo – expressão visual - emoção física

4 - Segundo o PCN-Arte, as aulas de arte devem contemplar as quatro linguagens


artísticas:

a) artes musicais, teatro, folclore e escultura.

b) jogos teatrais, aulas de música, pintura e desenho.

c) danças folclóricas, teatro livre, pintura e modelagem.

d) artes visuais, teatro, desenho e pintura.

e) artes visuais, teatro, música e dança.

5 – Leia o texto abaixo :

“Todas as pessoas são capazes de atuar no palco. Todas as pessoas são capazes
de improvisar. As pessoas que desejarem são capazes de jogar e aprender a ter
valor no palco.” Essas palavras são retiradas do importante trabalho de pesquisa
com o sistema de jogos teatrais realizado por:

136
Arte e Educação

a) Célestin Freinet

b) Fernando Hérnandez

c) Ana Mae Barbosa

d) Viola Spolin

e) Gisa Picosque

6- Leia com atenção o texto a seguir e classifique-os com (C) certo ou (E) errado e
selecione a alternativa adequada.

O aluno é capaz de experienciar e desenvolver-se na linguagem musical


quando se envolve com:

I- ( ) a exploração de diversas possibilidades, meios e materiais sonoros, utilizando


conhecimentos da linguagem musical, comunicando-se e expressando-se.

II– ( ) a prática do pensamento visual, capaz de formar imagens mentais, criando


possibilidades para construção de formas e ideias.

III - ( ) o•conhecimento e apreciação de músicas de seu meio sociocultural e do


conhecimento musical construído pela humanidade em diferentes períodos
históricos e espaços geográficos.

IV - ( ) experimentação e apreciação de diversas possibilidades do conhecimento


científico construído pela humanidade em diferentes períodos históricos e espaços
geográficos.

a) Estão erradas: I, II e IV.

b) Está certa a I e erradas II, III e IV.

c) Estão certas; I e III.

d) Estão erradas: II, III e IV.

e) Todas as alternativas estão corretas.

137
Arte e Educação

7- Os três momentos que representam os pilares propostos por Ana Mae Barbosa
para a denominada Metodologia Triangular são:

a) saber produzir arte nas áreas visuais, musicais e teatrais.

b) conhecer as linguagens musicais, visuais e corporais.

c) saber olhar, saber produzir conhecimentos sociais e fruir conhecimentos


artísticos.

d) olhar – “fruir”; conhecer – “contextualizar” e produzir arte - “fazer artístico”.

e) “fruir” – contextualizar/ produzir linguagens / e dar significado ao “fazer


artístico”

8- O fazer artístico que contemple o manuseio e seleção de materiais,


instrumentos, suportes, técnicas, procedimentos, informações sobre história da
arte, artistas e sobre as relações culturais e sociais envolvidas na experiência de
fazer e apreciar arte está relacionado à:

a) linguagem corporal

b) linguagem visual

c) prática da técnica manual

d) linguagem da estética musical

e) expressão social

9 - Considerando que, nas aulas de arte, o aluno irá realizar produções utilizando as
diferentes linguagens artísticas, apresente os aspectos que devem fazer parte do
processo de avaliação:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

138
Arte e Educação

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10 - A realização de projetos nas aulas de arte permite transformar as atividades


artísticas isoladas em ações pedagógicas ativas, bem articuladas, significativas, em
constante processo de avaliação e com possibilidade de replanejamento.
Caracterize os projetos de trabalho na escola:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

139
Arte e Educação

140
Arte e Educação

Considerações Finais

Chegamos ao final da disciplina Arte e Educação. Mas a aprendizagem não


para por aqui, pois a arte, em suas quatro linguagens de expressão, não pode ser
compreendida em um simples começo e fim.

Para os que entenderam que conhecer, fazer e fruir arte são experiências que
contribuem para ampliar o potencial cognitivo, e mais ainda, ampliam o modo de
olhar o mundo, fica a certeza de que a principal lição foi aprendida.

Agora, é com você. Continue essa caminhada e estude, pesquise e siga


buscando uma atitude sempre ativa, tornando seus sentidos mais aguçados,
sabendo que a arte é uma linguagem natural e todos têm potencial para se
expressar.

Sucesso!

141
Arte e Educação

142
Arte e Educação

Conhecendo a Autora

Lucia Lyra de Serpa Pinto

É licenciada em Educação Artística pela UFRJ, Mestre em Educação e Pós


graduada em Administração Escolar pela UNIVERSO - Universidade Salgado de
Oliveira - RJ. Especializou-se em Estilo e Criação de Moda, através de convênio
entre a UNIVERSO e Universidade Anhembi Morumbi - SP.

Na UNIVERSO, atua como gestora e professora do Curso de Licenciatura em


Educação Artística, onde ministra desde 1996 disciplinas como Composição e Cor,
Projeto Comunitário, Prática de Ensino, entre outras. Nessa instituição, também é
professora do Curso de graduação em Design de Moda ministrando as disciplinas:
Laboratório de Criação, Oficina de Produção, Desenvolvimento de Produto e
Estágio Supervisionado.

Atua no Ensino à Distância - EAD da UNIVERSO como tutora da disciplina


Técnicas de Estudo e Pesquisa.

Lecionou a disciplina Educação Artística no curso Normal do Instituto de


Educação Clélia Nanci de 1985 a 2011, na rede estadual de ensino do Estado do Rio
de Janeiro, atualmente está aposentada dessa função.

Lecionou no curso de Tecnólogo de Moda da Universidade Cândido Mendes –


Niterói, RJ ministrando a disciplina Laboratório de Criação e no curso de graduação
em Artes Visuais na ESEHA, Escola Superior de Ensino Helena Antipoff – Niterói, RJ,
as disciplinas Desenho Geométrico e Percepção Visual.

Durante o período de 1993 a 2001, atuou como facilitadora em Informática


Educacional na empresa TREND - Tecnologia Educacional, RJ no colégio Centro
Educacional de Niterói, RJ.

143
Arte e Educação

Como coordenadora do Projeto Escola 24 Horas, atuou na Associação


Educacional Miraflores, Colégio Monsenhor Raeder, Colégio Joan Miró, todos em
Niterói, e nos colégios Jean Piaget e Odete São Paio em São Gonçalo, RJ, com
Informática Educacional.

Na área de moda, administrou a microempresa Belluan Confecções M/E,


responsável pelos processos de desenvolvimento de coleção, modelagem,
compras e marketing de 1985 a 1991.

Desde 1998 participa de diversos eventos e projetos nas áreas de Educação,


Arte e Moda, trabalhando em projetos comunitários e em cursos de extensão.

144
Arte e Educação

Referências

ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão


criadora. São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2004.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo. Perspectiva,


1999.

_________________. Teoria e prática da educação artística. São Paulo,


Cultrix, 1975.

Brasil (Ministério da Educação e do Desporto). Parâmetros Curriculares


Nacionais – Arte. Secretaria do Ensino Fundamental/SEF, 1998.

DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da


Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa, 1996.

FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

__________. Conselho aos pais. 2ª ed. Lisboa: Estampa 1974.

LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

________ . Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

________ . Dance in general. In: The Laban Art of Movement Guild nº 26,
London, 1961.

FERRAZ e FUSARI, Maria Heloisa Corrêa de Toledo. Metodologia do ensino de


arte. São Paulo. Cortez, 1993.

HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de


trabalho. Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE Gisa; GUERRA M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo.
FTD, 1998.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis. Vozes,


1987.

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo. Perspectiva, 1998.

145
Arte e Educação

146
Arte e Educação

A
nexos

147
Arte e Educação

Gabaritos

Exercícios – Unidade 1
1-c
2-e
3-b
4-a
5-e
6-d
7-b
8-d
9-Pedagogia tecnicista – nas aulas de arte os professores valorizam os aspectos
técnicos, o uso de materiais diversificados (sucatas) e os livros didáticos. Dão pouca
importância ao conhecimento das linguagens artísticas e maior ênfase à livre
expressão.

10- A arte pode ser ensinada e aprendida em diversos lugares: na família, nos
centros culturais, igrejas, museus, teatros, cinemas. À escola cabe oportunizar que
crianças e jovens possam compreender e vivenciar o processo artístico e sua
história.

Exercícios – Unidade 2
1-b
2- c
3- a
4- c
5- e
6- a
7- b
8- d
9- Poetizar - no sentido de se encantar com tudo que nos rodeia ser capaz de se
emocionar, criar, imaginar, fantasiar.

Fruir - é deleitar-se; envolver-se com o momento da descoberta como se fosse


único e todo seu, a única possibilidade de prazer e encantamento.

148
Arte e Educação

Conhecer - é vislumbrar, dar sentido e significado a tudo. Saber e conhecer o


porquê das descobertas, das vivências, das experiências, da evolução, do progresso
e da transcendência.

10- A expressão criadora é a expressão natural da singularidade individual. É a


maneira pessoal do indivíduo devolver ao exterior as impressões que capta do
meio. A criação infantil não é o resultado da influência do professor com seus
sentimentos, pensamentos e emoções. O importante no trabalho com crianças é
estimular os sentidos e a imaginação, porque eles conduzem à aprendizagem.

Exercícios – Unidade 3
1- b
2- c
3- e
4- d
5- a
6- c
7- c
8- b
9- O currículo deve apresentar os conhecimentos de arte transdisciplinarmente;
baseando-se nas características evolutivas, sociais e culturais dos estudantes;
estabelecendo conexões interculturais e partindo de uma posição social crítica.

10- Para Ana Mae, “Arte-educação é uma certa epistemologia da arte como
pressuposto e como meio; são os modos de inter-relacionamento entre a arte e o
público, ou melhor, a intermediação entre o objeto de arte e o apreciador.”

Exercícios – Unidade 4
1- b
2- d
3- a
4- e
5- d
6- c
7- d
8- b

149
Arte e Educação

9- A avaliação no processo de ensino e aprendizagem de arte precisa ser realizada


com base nos conteúdos, objetivos e orientação do projeto educativo na área. Para
se concretizar esta avaliação, são necessários três momentos:

 Diagnosticar o nível de conhecimento artístico e estético dos alunos,


nesse caso costuma ser prévia a uma atividade;

 Durante a própria situação de aprendizagem, quando o professor


identifica como o aluno interage com os conteúdos e transforma
seus conhecimentos;

 O término de um conjunto de atividades que compõem uma


unidade didática para analisar como a aprendizagem ocorreu.

10- Segundo Fernando Hernandez, as características dos projetos na escola são;


“Partir de um tema ou de um problema negociado com a turma; Iniciar um
processo de pesquisa. Buscar e selecionar fontes de informação; estabelecer
critérios de organização e interpretação das fontes; recolher novas dúvidas e
perguntas; estabelecer relações com outros problemas; representar o processo de
elaboração do conhecimento vivido; recapitular (avaliar) o que se aprendeu;
conectar-se com um novo tema ou problema.”.

150

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