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Brasília
SETEMBRO DE 2017
APRESENTAÇÃO
Por meio da aprovação do Requerimento nº 6, de 2017, do Senador
Tasso Jereissati, e do Requerimento nº 11, de 2017, de minha autoria, foi
designado um Grupo de Trabalho da Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE) destinado a Avaliar a Funcionalidade do Sistema Tributário Nacional
(STN).
RELATÓRIO
I – INTRODUÇÃO
Não custa recordar que, anos atrás, esta mesma Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE), tendo à frente dos trabalhos os Senadores Tasso
Jereissati e Francisco Dornelles, também promoveu avaliação que concluiu
pela proposição de uma estratégia para construção de um novo sistema
tributário. Ou seja, se pretendia ir além de uma reforma, uma vez que
apuraram tantas distorções e desequilíbrios, do padrão de tributação até o
pacto federativo, que defenderam a construção de um novo sistema, até
porque o vigente foi alicerçado em emenda constitucional do final de 1965.
Gráfico 1
Carga Tributária do Brasil e de Países da OCDE – 2014 (% do PIB)
Gráfico 2
Carga Tributária x IDH: Países Selecionados – 2010
Gráfico 3
Carga Tributária sobre Bens e Serviços: Brasil x OCDE – 2014
Gráfico 4
Carga Tributária sobre Lucro, Renda e Ganho de Capital: Brasil x OCDE
Gráfico 5
Composição da Carga Tributária do Setor Público Consolidado – 2016
Elaborado por: José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro. Fontes primárias:
Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; RFB; IBGE.
Gráfico 6
Número Pessoas Jurídicas por Regime de Tributação Federal – 2014
Gráfico 7
Carga Tributária por Base de Incidência – 2016
Elaborado por: José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro. Fontes primárias:
Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; RFB; IBGE.
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Gráfico 8
Evolução Histórica da Tributação: Carga Tributária Bruta (CTB) x ICMS
Elaborado por: José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro. Fontes primárias:
Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; RFB; IBGE.
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Gráfico 9
Custo de Pagar Impostos (horas/ano)
4BANCO MUNDIAL. (2017). Doing Business 2017: Igualdade de Oportunidade para Todos.
Relatório Global.
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Tabela 1
Custo de Pagar Impostos por Porte da Empresa
Tabela 2
Estimativa do Contencioso Tributário – 2016 (R$ bilhões)
Fonte: Appy (2017)5; (a) Meirelles (2016); (b) RFB; estimativa de especialistas; PIB
estimado para 2016.
Gráfico 10
Carga Tributária Total por Classe de Renda (em % da Renda Familiar)
Tabela 3
Distribuição da Arrecadação, da Renda e o
Esforço Contributivo por Classe de Rendimento da População
Décimos de renda Contribuição da classe de Distribuição da Esforço
familiar monetária per renda à arrecadação renda total contributivo da
capita tributária total classe de renda
(a) (b) a/b
1º 1,6% 0,7% 2,14
2º 2,4% 1,7% 1,42
3º 3,1% 2,5% 1,25
4º 4,0% 3,4% 1,17
5º 4,9% 4,5% 1,09
6º 6,2% 5,9% 1,05
7º 7,8% 7,7% 1,01
8º 10,7% 10,6% 1,01
9º 15,6% 16,1% 0,97
10º 43,7% 47,0% 0,93
Total 100,0% 100,0%
efetiva de apenas 9,1%, abaixo da alíquota efetiva dos membros das duas
faixas de renda seguintes (os 9,9% mais ricos na sequência de níveis de renda
do Diagrama 1, a seguir). Outro ponto que chama atenção neste grupo é o
elevado nível de rendimentos isentos, que supera 40% da renda do grupo.
Diagrama 1
IRPF - Informações por faixa de renda
80% 14%
12,4%
70% 68% 68%
11,1% 12%
58% 59%
60% 58%
10%
51%
49% 9,1%
50%
43% 42% 8%
39% 41%
40%
34%
6%
30% 28%
23% 22%
4%
20% 3,5% 17%
13%
10%
10% 8% 9% 2%
0,1%
0% 0%
50% dos declarantes 40% dos declarantes 9% dos declarantes 0,9% dos declarantes 0,1% dos declarantes
Tributação Exclusiva/Renda
bruta
Isento/Renda Bruta
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SIQUEIRA, R; NOGUEIRA, J., SOUZA, E. (2012), O Sistema Tributário Brasileiro é Regressivo?
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Gráfico 11
Consolidado de Cumulatividade e Custo Tributário de Setores
Selecionados – 2014 (R$ milhões e % da receita líquida de vendas)
Tabela 4
Tributos a Recuperar e Recolher: Consolidação DIRPJ – 2013 (Lucro Real)
Gráfico 12
Incidências Tributárias por Setor Agregado – 2013 (% da receita)
Quando analisada a situação das pessoas físicas, por sua vez, depara-
se com um processo (sem igual em outras economias do mundo) de
transformação do trabalho em capital. Tal fenômeno vem adquirindo
proporções na economia brasileira cada vez mais difíceis de serem
revertidas.
Tabela 5
Declarantes do IRPF – 2016 / Ano-base 2015
Alíquota média
Renda por Número de
Grupo de Ocupação % do total estimada: em %
Contribuinte declarantes
renda total
Servidor público (ativo) 96.496 5.403.690 19,6% 8,4%
Empregado de empresa estatal 122.714 653.406 2,4% 9,8%
Setor Público Não Financeiro 99.324 6.057.096 22,0% 8,6%
Empregados 76.042 7.946.523 28,9% 6,5%
Capitalista e Proprietário de Empresa 122.980 5.058.126 18,4% 1,8%
Conta Própria e Bolsista 79.495 2.300.476 8,4% 4,3%
Empresas Privadas 92.073 15.305.125 55,6% 4,1%
Instituições financeiras 124.629 779.502 2,8% 7,7%
ONGs 83.509 38.922 0,1% 6,0%
Aposentado, Espólio, Pensionista 93.087 4.186.530 15,2% 5,3%
Outros e Não Identificado 72.874 1.151.669 4,2% 3,8%
Demais 93.239 6.156.623 22,4% 5,5%
SOMA 93.930 27.518.844 100,0% 5,5%
Elaboração: José Roberto Afonso. Fonte primária: RFB.
Tal questão pode ser em grande medida explicada pelo custo tributário
de contratar um empregado no Brasil, sobretudo de alta renda.
Gráfico 13
Custo Tributário Extra para Contratação de Empregado com
Salário Anual de US$ 300 mil (% do salário bruto)
Fonte: UHY.
Tabela 6
Incidência sobre a Folha Salarial de uma Empresa Típica
Gráfico 14
Geração Líquida de Emprego entre 2006 e 2016
Gráfico 15
Alíquota Efetiva por Regime e Setor
Gráfico 16
Evolução Histórica da Receita Disponível: Estados e Municípios
Elaborado por: José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro. Fontes primárias:
Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; RFB; IBGE.
Tabela 7
Efeito da Guerra Fiscal sobre a Arrecadação do ICMS
Exemplo de tributação do ICMS em uma operação interestadual
a) sem guerra fiscal b) com guerra fiscal
Estado A Estado B Estado C Estado B
Valor da oper.: 100 Valor da oper.: 150 Valor da oper.: 100 Valor da oper.: 150
Alíquota ICMS: 12% Alíquota ICMS: 18% Alíquota ICMS: 12% Alíquota ICMS: 18%
Débito ICMS: 12 Débito ICMS: 27 Débito ICMS: 12 Débito ICMS: 27
Crédito ICMS: 0 Crédito ICMS: 12 Crédito ICMS: 0 Crédito ICMS: 12
Créd. presumido: 8
ICMS devido: 12 ICMS devido: 15 ICMS devido: 4 ICMS devido: 15
ICMS total: 27 ICMS total: 19
Fonte: Appy (2017).
Como essa lei regulamentadora não foi editada até o final de 2016, a
omissão foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). A Corte determinou que, se o Congresso não a aprovar em prazo por
ela definida, e enquanto não o fizer, o Tribunal de Contas da União (TCU)
deverá dispor sobre a matéria.
O STF, mais uma vez, posicionou-se diante dos impasses que tendem
a marcar e até a paralisar questões chaves para o federalismo fiscal brasileiro.
Na falta de liderança e coordenação por parte do governo federal, na
incapacidade de negociação e pactuação entre os estados e na impotência
decisória do Congresso Nacional, a Suprema Corte apontou uma solução
provisória e delegou a decisão sobre quanto transferir e sobre como dividir
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Dez anos atrás, apesar dos inúmeros defeitos que sistema tributário
brasileiro já apresentava, sua única virtude estava em algo fundamental:
arrecadar e, mais do que isso, arrecadar bem. O mesmo não pode ser dito
para os dias de hoje. A tendência expansionista do pós-guerra (Gráfico 17,
abaixo) verificada para a carga tributária brasileira é nitidamente divergente
do período pós-crise mundial, quando a carga tributária decresce.
Gráfico 17
Carga Tributária Bruta no Pós-Guerra: 1947 a 2014 (em % do PIB)
Gráfico 18
Evolução da Carga Tributária Bruta: 2000 a 2016 (em % do PIB)
Elaborado por: José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro. Fontes primárias:
Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; RFB; IBGE.
Federal da arrecadação por setor e por tributo (Gráfico 19, a seguir), verifica-
se na arrecadação federal sem previdência uma queda de 4%. Enquanto isso,
a indústria de transformação e a construção civil respondem por uma queda
superior a 20%. Na direção oposta, encontram-se os “Outros Serviços”,
respondendo por um crescimento de 24%. Tal comportamento desigual
também se faz presente quando se trata da evolução setorial da contribuição
previdenciária.
Gráfico 19
Variação Real Acumulada da Arrecadação Tributária
Federal Setorial: 2011 a 2016 (em %)
Gráfico 20
Tributos Incidentes sobre Faturamento e Lucro
Diferença em pontos percentuais do PIB
Gráfico 21
Tributos Pagos pelas Entidades Financeiras x Selic
Acumulado em 12 meses (% do PIB)
Se, no período recente, essa taxa cresceu e fez o governo federal gastar
mais com o serviço de sua dívida, por outro lado, muito desse aumento pode
ter sido revertido aos seus cofres através do maior pagamento de impostos
sobre rendimentos de capital e lucros. É muito clara a correlação entre
aumento da Selic e da carga de tributos federais efetivamente recolhidos
pelas entidades financeiras, ou ainda entre o crescimento daquela taxa e do
arrecadado por tais contribuintes, bem assim o efeito inverso de ambos nos
primeiros meses de 2017.
10
IFI (2017), Nota Técnica nº 07, “Atualização tributária: a influência e impacto das renúncias
fiscais.
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Gráfico 22
Evolução das Renúncias Fiscais (em % do PIB e R$ bilhões)
R$ Bilhões % PIB
4,8 350
4,6
300
4,4
250
4,2
4,0 200
3,8 150
3,6
100
3,4
50
3,2
3,0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Gráfico 23
Composição e Evolução dos Regimes Tributários Especiais (em R$ milhões)
3.500
2.500
Reporto Padis Prouca-Reicomp
2.000
1.000
Patvd Reif Retid
500
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Gráfico 24
Composição das Modalidades Não Clássicas
das Renúncias Fiscais (em R$ milhões)
Informática e Automação
Medicamentos
Finaciamentos Habitacionais
Outras
Gráfico 25
Composição Regional das Renúncias Fiscais
com Tributos Partilhados - 2017 (em R$ milhões)
Sudeste/ Sul Norte Nordeste Centro-Oeste
16.992
80.143 46.025
20.272 8.760
É preciso que se atente que quem cresce nessa nova economia, não só
no Brasil, mas no mundo, pouco ou nada paga em impostos. Isto porque a
base da economia dos novos tempos em nada se aproxima da circulação
física de mercadorias, estando, portanto, fora do alcance da carga tributária
mais elevada. O que mais vem crescendo no mundo é o que, segundo a
literatura europeia, chama-se de reconhecimento de capital intelectual ou
cessão dos direitos de imagem. Dessa forma, com os tributos aplicados hoje,
pensados para uma economia já superada, não é possível tributar tais
novidades de forma eficiente.
V. CONCLUSÕES
Neste ponto, é importante ressaltar que não se deve focar apenas nos
aspectos arrecadatórios, mas, principalmente, deve-se considerar os
potenciais efeitos sobre a eficiência da economia. Uma eventual alteração na
tributação de dividendos, por exemplo, sem uma avaliação a respeito da
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Sala da Comissão,
Presidente,
Relator,