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A solidão e tristeza dos idosos que são cada dia mais esquecidos,mal tratados e abandonados
é um grave problema nos dias de hoje , especialmente pela crise financeira que estamos a
passar , as pessoas não têm condições para cuidar, sustentar e proteger os seus parentes
idosos isto causa com que muitos sejam também maltratados e vítimas de roubos e abusos.
Sínopse
Em 1950 , perto de Sintra , um jovem , romântico, poeta, passava todos os dias por de baixo
de uma janela onde ficava uma jovem, bonita , loira com os cabelos ondulados ainda mais
jovem do que ele a quem ele deixava-lhe um poema e uma flor.
Um dia esse mesmo jovem teve coragem e sem saber o nome da rapariga pediu-a em
casamento.
Desde o dia do casamento até hoje, 50 anos depois, António continua a escrever para a sua
musa Teresa e a dar-lhe uma flor todos os dias.
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Teresa é doente de Alzeimer há 5 anos e de repente em um mês ficou presa a uma cama ,
sozinho, e sem condições financeiras António vê-se obrigado a despedir a enfermeira que
sempre o ajudou e a cuidar da esposa com muito custo, devido à idade e também aos seus
problemas de saúde.
Os seus dois filhos Marta de 45 anos e Afonso de 40 não são presentes na vida dos pais por
razões muito diferentes.
Eles vivem sozinhos , com muitas dificuldades mas António não descansa enquanto não vê os
seus filhos pela última vez e chama-os para se depedirem da mãe que está a morrer não conta
os seus planos.
Um deles é pedir perdão ao filho mais novo, Afonso por o ter abandonado quando este era
jovem e com muitos problemas.
Teresa- Saudade 70 anos,Signo Leão, doente de alzeimer há quatro anos e há um que está
em estado vegetal, sempre foi uma mulher dedicada a casa , filhos e marido ,professora ,
dona de casa e depois de reformada costurava para fora.
Marta – Rosa Maria Villa Tem 45 anos,Signo Virgem é a filha mais velha do casal ,ela é
jornalista ,muito ocupada . Está casada com o Rui há 17 anos e tem uma filha, Inês de 15.
Rui- Rui Farinha -Tem 47 anos, Signo Sagitário, Bom marido, presente na educação da filha ,
professor de história.
Afonso- Gonçalo Lello- Ex- toxicodependente , está limpo há oito anos, casado com uma
mulher que conheceu na casa de recuperação , tem 1 filho e a mulher está gravida de uma
menina.
É músico e está desempregado
Figurantes:
Teresa com 20 anos Rafaela Villa
Teresa com 50 anos Paula M
António com 20 anos Mário Guildo
António com 50 anos
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Música - interpete las chicas ...- Caras e Bocas
A mulher que eu amo tem tudo o que eu quero e até mais do que espero encontrar em
alguém , a mulher que eu amo tem um lindo sorriso, é tudo o que eu preciso , pra minha
alegria, a mulher que eu amo tem nos olhos a calma , ilumina a minha alma é o Sol do
meu dia , minha luz das estrelas minha beleza da flor ela é minha vida ela é meu amor
…
António leva Teresa na cadeira de Rodas do quarto para a sala , senta-se numa poltrona
e escreve no seu livro de poemas:
"São teus, os meus poemas, toda a minha imaginação, parte de nós, das flores e linhas
da nossa vida que hoje já é curta e estamos sós
Minhas mãos escrevem por instinto o que o meu coração quer dizer, viver longe de ti ,
não minto , não serei capaz de viver."
António tem várias dificuldades no percurso , normais para quem anda de cadeira de
rodas em lugares que não são feitos nem pensados para essas pessoas.
Degraus , piso com pedras pequenas , escadas, lugares apertados entre a estrada e o
passeio.
Na volta para casa , arranca uma flor e dá a teresa que esboça um sorriso.
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003 Dia - Interior/Exterior Patamar
António rega e trata das flores e plantas
Quarto escuro , António vai lentamente abrir os estores e a janela para arejar
António muda a flor do jarro e e deixa-a a secar com muitas outras que estão
penduradas.
Depois de ele a ajeitá-la na cama , muda-a para a cadeira de rodas com muito esforço
começa a cuidar dela e no fim penteia-lhe os cabelos e canta-lhe uma canção
António- Lindos, finos, dourados brilhantes como as estrelas ...era assim que cantavas
quando penteavas a nossa menina...já lhe telefonei, deve estar na viagem.
António está sentado na poltrona com um baú com albúns de fotos em cima do colo
António- belos tempos... todos juntos ...Eu sei que tu nunca me perdoas-te, eu também
não me perdoou, eu devia ter feito exactamente o contrário mas eu abandonei-o quando
o Afonso mais precisou...Como é que eu fui capaz...(voz off)
António fecha os olhos e ouve as vozes da última discução que teve com o seu filho
Afonso.
António-Tu viste a vergonha que nos fizeste passar , o que é que os vizinhos estão a
pensar de nós a esta hora?
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António- Ai é ? Então saí da minha casa agora , seu marginal, nunca mais pões os pés
aqui ouviste bem?Eu nunca pensei dizer isto mas eu tenho vergonha de ti
Teresa - António, não digas uma coisa dessas ,vais te arrepender ...
António - Está na hora de te contar a história do dia não é boneca? Ou queres ir dar um
passeio ?
António- Era uma vez uma menina com cara de boneca com cabelos loiros, longos,
cacheados que ficava todos os dias à janela, um rapaz que passava ali todos os dias
deixava-lhe uma rosa e um poema por de baixo da janela, um dia esse jovem rapaz teve
coragem e pediu -a em casamento, eu não sabia nem o teu nome...
Levanta-se e dança sozinho, cada rodopio eles são mais novos e estão em lugares e
épocas diferentes-
Tocam á campaínha
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Tocam á campaínha
António vai abrir a porta , vai devagar e não percebe quem é porque não ouve bem.
Rui- E Rui
Inês- E a Inês
Abraçam-se
António- Nunca te perdoei por me teres roubado a minha bonequinha mas até tens feito
um bom trabalho
António- MInha neta ? mas ainda outro dia ela era um bébé começou a gatinhar aqui
nestes corredores, não foi?
Não fala, só faz sons,passa o dia no mundo dela, nem sei se ainda me conhece.
Só sei que continua a sorrir quando lhe dou uma flor todas as manhãs e isso é o que me
TÊM DADO FORÇA .
Marta- Mas da última vez que cá estive ela estava bem,quer dizer ...
António - Isso já foi há quase um ano, o tempo é muito diferente na tua e na nossa
idade.
A tua mãe desde então todos os dias piora, primeiro a falta de memória, os ataques de
raiva, depois começou a fazer disparates atras de disparates , como uma bébé.
António- Agora os meus passeios é ir ao café aqui em baixo , bebo o cafézinho, leio o
jornal compro o pão e volto para casa, em vez de subir de elevador venho de escadas
mas com muito custo, mas eu tenho que me manter activo e com força, tu sabes que a
tua mãe só foi magrinha até pouco tempo depois de tu nasceres , e eu tenho dias que
não me mexo de tantas dores , de a carregar de um lado para o outro , cuidar da higiene
dela … enfim..
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010 Dia - Interior - Quarto de Casal
Marta entra e fica chocada com o que vê, debruça-se, abraça a mãe e chora.
António - E o que é que ias fazer? Ias deixar a tua vida? O teu marido?A tua filha ou
ias-nos levar para tua casa? Nós nunca quisémos dar trabalho sabes muito bem
António- Nem penses, só por cima do meu cadáver , ouviste? Deixa que da tua mãe eu
cuido , eu só queria que tanto tu como o teu irmão se despedisem dela e já estou
arrependido.
Marta - Eu não podia mudar de vida mas eu podia ajudar.Esta mudança para Coimbra ,
eu sabia que isto ia acontecer mas se nao aceitasse ia perder o meu emprego mas sei lá
podia...
António - Ajudas ao estares aqui agora.Esta casa foi a única coisa que nos restou,
depois de uma vida inteira a pagá-la é finalmente nossa, agora é vossa.Tuae do teu
irmão, apesar de eu ter sido um burro casmurro estes anos todos , ele é meu filho . Eu e
a tua mãe nunca mais fomos os mesmos desde que o teu irmão se foi embora e eu acho
que ela está só à vossa espera para se despedir.
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Do passado e presente
Acorda assustadaLevanta-se
O pai que está a dormir na poltrona do lado da cama de mão dada com a mulher.
Marta senta-se na cama ao lado de Teresa e percebe que a sua mãe não está a respirar.
Sem saber o que fazer, deixa o pai descansar e fica acordada à espera que o pai acorde
para lhe dar a notícia.
Dia seguinte, de manhã António acorda assustado e vê a sua filha com uma cara
péssima a olhar para ele, percebe que alguma coisa estranha está a acontecer e olha para
a sua mulher.Percebe que ela morreu
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Marta- Calma pai, eu não consegui fazer nada, eu cheguei aqui há bocado e a mãe já
não estava a respirar, eu não pude fazer nada
António - Deixa-me ficar sozinho com a tua mãe, preciso de estar sozinho com ela.Saí
por favor!
António- o teu irmão já não veio a tempo , ela não me vai perdoar a minha boneca...
Marta – mas ligou para o o Afonso ?
António- Não filha , não tive coragem , estava á tua espera e já vou tarde.Perdão
boneca
chora.
Marta - Ai, Rui,sinto-me tão culpada.E agora o que é que vai ser do meu pai, não sei o
que fazer com ele , está de rastos, tenho medo que se deixe ir abaixo,percebes.
Rui- Mais de 50 anos casados é normal que entre em choque, é raro encontrar um amor
assim nos dias de hoje..Coitado. E agora vamos levá-lo para Comibra ou mudamos para
Lisboa?
Marta-Não sei depois eu penso nisso porque agora vou ter de ligar para o meu irmão,
nem sei como é que lhe vou dizer...
Marta -Não sei, espero que sim , ontem o meu pai chorou a falar dele,
Rui - Liga-lhe vais ver que lhe vai fazer bem! A verdade é que o Afonso já não é um
miúdo e está limpo há muitos anos é casado, pai.
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Marta pega num bilhete com o número de Afonso e telefona-lhe
Afonso está a beber uma cerveja ,está a falar com Marta ao telemóvel
-Afonso - És mesmo tu? Está tudo bem?o que é que se passa , que voz é essa?
Marta -Imagino. Mas ao mesmo tempo é engraçado, olha aqui esta mota , lembras-te?
Marta- O pai já te perdoou há anos, ele estava à espera deste encontro há muito tempo.
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Afonso- E tu , perdoaste-me ?
Marta- já foi há tanto tempo,e tu és a prova viva que as pessoas mudam , que se
conseguem livrar das drogas e eu estou muito orgulhosa de ti e o pai também tenho a
certeza.
Marta senta-se no sofá e Afonso vai até a porta do quarto dos pais e fica parado.
Afonso - Pai?
Afonso avança e senta-se na cama ao lado da mãe e fica a olhar para ela.
António - Olha para ela, linda, serena... Foi-se embora enquanto dormia, não sofreu, na
nossa casa, na cama dela, como ela queria...
António - Não te sintas, agora tens a tua familia para cuidar o teu emprego, a tua casa
e..o culpado sou eu...eu é que não te devia ter abandonado meu filho.Perdoa-me.
Afonso- E tu perdoas-me ?
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Afonso- Não diga uma coisa dessas , nós vamos tratar de ti.
Afonso dá um abraço ao pai, volta a sentar-se na cama do lado da mãe e deita-se sobre
ela muito devagar e dá-lhe um beijo na testa.
Afonso sai perto da cama da mãe e afasta-se, olha para o pai, vai até ele, dá-lhe um
abraço e sai do quarto a chorar.
António - Ninguém vai tocar na minha boneca, ela só vai sair daqui, quando eu quiser.
Agora deixa-nos ficar a sós, por favor! Não quero ver ninguém. Quando eu estiver
pronto aviso.
António, vê Afonso a sair do quarto, abre um armário,veste um fato preto e uma camisa
branca, tira um frasco pequeno de vidro, guarda no bolso, Chora
Senta-se no cadeirão de lado da cama, dá-lhe as mãos e deita-se sobre Teresa, reza
baixinho e bebe o veneno.
António- Eu António Marques te recebi Teresa Marques como prova do meu amor
seres minha esposa e te prometi e fui sempre fiel, amei- te na saúde e na doença, por
todos o dias das nossa vida , até que a morte nos separe
Toca-lhe no ombro e percebe que ele também morreu, vê o frasco e desata aos berros a
chamar socorro.
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Rui e Afonso vão até ao quarto e percebem o que aconteceu.
Marta- Inês , vai lá para fora por favor eu não quero que fiques aqui.
Inês- Não vou nada! Chamem uma ambulância , ele ainda pode estar vivo!
"Amanheces-te bela , tranquila , pele macia, branca ,fria, com um esboço de um sorriso
nos teus lábios
Leve, doce como de uma menina que brinca no meio de flores ,debaixo de um céu azul
limpo , lindo com pássaros a voar ao sabor do vento, o vento que te levou e foi aí que
te vi partir
Que me disseste o último adeus,um até já , o nosso destino é juntos ,vou ter contigo
meu amor , não consigo ficar nem mais um segundo neste mundo , sem o teu sorriso , o
teu cheiro , o teu olhar...Não consigo ... respirar...não consigo."
Marta chora
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Inês abraça Rui
A mulher que eu amo (Roberto Carlos) 0.53 – inicio 01’20- minha luz das estrelas
minha belez da flor , ela é minha vida ela é o meu amor -
Em Homenagem aos meus pais, aos meus irmãos que são meus heróis, aos meus avós e todos
idosos , aos amantes de flores do amor e da vida , aos poetas , aos românticos, aos ex-
toxicodependentes, às suas familias e também ás outras famílias que se mantiveram sempre
juntas , a estes casais de uma vida inteira , aos casais mais novos a todos que já se sentiram
sozinhos, incapazes de fazer alguma coisa por mais pequena que seja e não desistiram.
Acredito que há histórias de amor assim , elas não existem apenas em livros, filmes, contos de
encantar …
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