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Velhos são os trapos

Curta Metragem: Duração 20 a 25 minutos

Texto : Rita Sotto-Mayor Sardinha

Velhos são os trapos é uma curta metragem baseada em casos verídicos de um


assunto que deve ser tratado com a máxima consciência e atenção.

A solidão e tristeza dos idosos que são cada dia mais esquecidos,mal tratados e abandonados
é um grave problema nos dias de hoje , especialmente pela crise financeira que estamos a
passar , as pessoas não têm condições para cuidar, sustentar e proteger os seus parentes
idosos isto causa com que muitos sejam também maltratados e vítimas de roubos e abusos.

Velhos são os trapos

Sínopse

Em 1950 , perto de Sintra , um jovem , romântico, poeta, passava todos os dias por de baixo
de uma janela onde ficava uma jovem, bonita , loira com os cabelos ondulados ainda mais
jovem do que ele a quem ele deixava-lhe um poema e uma flor.

Um dia esse mesmo jovem teve coragem e sem saber o nome da rapariga pediu-a em
casamento.

Desde o dia do casamento até hoje, 50 anos depois, António continua a escrever para a sua
musa Teresa e a dar-lhe uma flor todos os dias.

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Teresa é doente de Alzeimer há 5 anos e de repente em um mês ficou presa a uma cama ,
sozinho, e sem condições financeiras António vê-se obrigado a despedir a enfermeira que
sempre o ajudou e a cuidar da esposa com muito custo, devido à idade e também aos seus
problemas de saúde.

Os seus dois filhos Marta de 45 anos e Afonso de 40 não são presentes na vida dos pais por
razões muito diferentes.

Eles vivem sozinhos , com muitas dificuldades mas António não descansa enquanto não vê os
seus filhos pela última vez e chama-os para se depedirem da mãe que está a morrer não conta
os seus planos.

Um deles é pedir perdão ao filho mais novo, Afonso por o ter abandonado quando este era
jovem e com muitos problemas.

Velhos são os trapos


Personagens :

António – ( ) 75 anos, Signo Caranguejo, poeta e escritor, sonhador, apaixonado e fiel a


Teresa há sessenta e três anos,
tem dois filhos Marta e Afonso

Teresa- Saudade 70 anos,Signo Leão, doente de alzeimer há quatro anos e há um que está
em estado vegetal, sempre foi uma mulher dedicada a casa , filhos e marido ,professora ,
dona de casa e depois de reformada costurava para fora.

Marta – Rosa Maria Villa Tem 45 anos,Signo Virgem é a filha mais velha do casal ,ela é
jornalista ,muito ocupada . Está casada com o Rui há 17 anos e tem uma filha, Inês de 15.

Rui- Rui Farinha -Tem 47 anos, Signo Sagitário, Bom marido, presente na educação da filha ,
professor de história.

Afonso- Gonçalo Lello- Ex- toxicodependente , está limpo há oito anos, casado com uma
mulher que conheceu na casa de recuperação , tem 1 filho e a mulher está gravida de uma
menina.
É músico e está desempregado

Inês- Filha de Marta e Rui , 18 anos, , Capricórnio , rebelde , esperta.

Figurantes:
Teresa com 20 anos Rafaela Villa
Teresa com 50 anos Paula M
António com 20 anos Mário Guildo
António com 50 anos

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Música - interpete las chicas ...- Caras e Bocas

A mulher que eu amo (Roberto Carlos) 0.53 – intrudução-

A mulher que eu amo tem tudo o que eu quero e até mais do que espero encontrar em
alguém , a mulher que eu amo tem um lindo sorriso, é tudo o que eu preciso , pra minha
alegria, a mulher que eu amo tem nos olhos a calma , ilumina a minha alma é o Sol do
meu dia , minha luz das estrelas minha beleza da flor ela é minha vida ela é meu amor

Imagem Intrudução – Pétalas a cair ou as cinzas a voar

001 Dia - Interior - Corredor- Quarto - Sala

António leva Teresa na cadeira de Rodas do quarto para a sala , senta-se numa poltrona
e escreve no seu livro de poemas:

"São teus, os meus poemas, toda a minha imaginação, parte de nós, das flores e linhas
da nossa vida que hoje já é curta e estamos sós

Minhas mãos escrevem por instinto o que o meu coração quer dizer, viver longe de ti ,
não minto , não serei capaz de viver."

António acaba de escrever , olha para Teresa , levanta-se

António- Hora do nosso passeio , não é boneca? (Disfarça as lágrimas)

002 Dia - Exterior - Quinta da lagoa

António tem várias dificuldades no percurso , normais para quem anda de cadeira de
rodas em lugares que não são feitos nem pensados para essas pessoas.

Degraus , piso com pedras pequenas , escadas, lugares apertados entre a estrada e o
passeio.

Na volta para casa , arranca uma flor e dá a teresa que esboça um sorriso.

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003 Dia - Interior/Exterior Patamar
António rega e trata das flores e plantas

004 Dia - Interior- Quarto casal


Dia seguinte...

Quarto escuro , António vai lentamente abrir os estores e a janela para arejar

Ele dá-lhe um beijo na testa , mostra-lhe uma flor

António- Bom dia, boneca!

Ela sorri e ele volta a beijá-la mas agora na mão

António muda a flor do jarro e e deixa-a a secar com muitas outras que estão
penduradas.

Depois de ele a ajeitá-la na cama , muda-a para a cadeira de rodas com muito esforço
começa a cuidar dela e no fim penteia-lhe os cabelos e canta-lhe uma canção

António- Lindos, finos, dourados brilhantes como as estrelas ...era assim que cantavas
quando penteavas a nossa menina...já lhe telefonei, deve estar na viagem.

005 Dia- Interior- Quarto do casal

António está sentado na poltrona com um baú com albúns de fotos em cima do colo

António- belos tempos... todos juntos ...Eu sei que tu nunca me perdoas-te, eu também
não me perdoou, eu devia ter feito exactamente o contrário mas eu abandonei-o quando
o Afonso mais precisou...Como é que eu fui capaz...(voz off)

António fecha os olhos e ouve as vozes da última discução que teve com o seu filho
Afonso.

Afonso-Eu já pedi desculpa,foi a última vez já disse!

António-Tu viste a vergonha que nos fizeste passar , o que é que os vizinhos estão a
pensar de nós a esta hora?

Afonso-Eu estou me a cagar para o que os vizinhos pensam..

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António- Ai é ? Então saí da minha casa agora , seu marginal, nunca mais pões os pés
aqui ouviste bem?Eu nunca pensei dizer isto mas eu tenho vergonha de ti

Teresa - António, não digas uma coisa dessas ,vais te arrepender ...

Afonso- Ainda te vais arrepender e ter orgulho de mim .Vais ver.

António, abre os olhos , disfarça e muda de assunto

António - Está na hora de te contar a história do dia não é boneca? Ou queres ir dar um
passeio ?

António tira o baú de fotografias de cima do colo e começa-lhe a contar a mesma


história que conta todos os dias , a história do casal.

Olha para a foto de Teresa na janela –imagens em novos

António- Era uma vez uma menina com cara de boneca com cabelos loiros, longos,
cacheados que ficava todos os dias à janela, um rapaz que passava ali todos os dias
deixava-lhe uma rosa e um poema por de baixo da janela, um dia esse jovem rapaz teve
coragem e pediu -a em casamento, eu não sabia nem o teu nome...

António - Sabes o que estamos a precisar! Vou pôr a nossa música.

Põe o gira-discos a tocar, música clássica, som alto.

Ajoelha-se com custo e fecha os olhos.

Antonio - Minha Senhora dá-me a honra desta dança?

Levanta-se e dança sozinho, cada rodopio eles são mais novos e estão em lugares e
épocas diferentes-

Tocam á campaínha

006 20 anos –Casamento- Estúdio

Música misturada entre Rock n'Roll e baladas dos anos 50

007 Festa dos 25 anos de casamento 50 anos- Estúdio

008 70 anos.- antónio e Teresa - Estúdio

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Tocam á campaínha

009 Dia- Interior- Sala de estar

António vai abrir a porta , vai devagar e não percebe quem é porque não ouve bem.

António- Já vai!!! Já lá vai!!

Marta- Sou eu Pai, Marta!

António- Quem ? estou a ir só um minuto por favor.

Marta- Marta , pai.

Rui- E Rui

Inês- E a Inês

António , espreita e abre a porta

António- Achei que te estava a conhecer de algum lado

Marta-, estamos aqui há quase meia hora a tocar à campainha

Abraçam-se

António – Estou surdo.

Marta- Não vai cumprimentar o seu genro ?

António- Nunca te perdoei por me teres roubado a minha bonequinha mas até tens feito
um bom trabalho

Dá um aperto de mão ao genro

António - E esta jovem quem é?

Inês- Já não me conhece?

António confunde a neta com a mulher Teresa

António- Teresa ! minha boneca , estás tão linda

Marta percebe que o pai não está bem e interrompe-o


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Marta- Pai é a Inês sua neta,minha filha lembra-se?

António- MInha neta ? mas ainda outro dia ela era um bébé começou a gatinhar aqui
nestes corredores, não foi?

Inês- Já tenho 17 anos , isso não bem foi outro dia !

Marta- Inês! Vê lá se não és mal educada com o teu avô.

António- Deixa-a saiu à tua mãe, não se ficava com nada.

Agora, coitadinha ,há dois meses que está naquela cama

Não fala, só faz sons,passa o dia no mundo dela, nem sei se ainda me conhece.

Só sei que continua a sorrir quando lhe dou uma flor todas as manhãs e isso é o que me
TÊM DADO FORÇA .

Marta- Mas da última vez que cá estive ela estava bem,quer dizer ...

António - Isso já foi há quase um ano, o tempo é muito diferente na tua e na nossa
idade.

A tua mãe desde então todos os dias piora, primeiro a falta de memória, os ataques de
raiva, depois começou a fazer disparates atras de disparates , como uma bébé.

Marta- E o pai têm se tratado? tem feito os seus passeios matinais ?

António- Agora os meus passeios é ir ao café aqui em baixo , bebo o cafézinho, leio o
jornal compro o pão e volto para casa, em vez de subir de elevador venho de escadas
mas com muito custo, mas eu tenho que me manter activo e com força, tu sabes que a
tua mãe só foi magrinha até pouco tempo depois de tu nasceres , e eu tenho dias que
não me mexo de tantas dores , de a carregar de um lado para o outro , cuidar da higiene
dela … enfim..

Marta - Vou lá vê-la

António- Lembra-te dela sempre a sorrir

Marta dá um beijo na testa do Pai e vai para o quarto dos pais.

Inês está vidrada no telemovel, Rui olha para António

António olha para Rui e volta a não reconhecê-lo.

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010 Dia - Interior - Quarto de Casal
Marta entra e fica chocada com o que vê, debruça-se, abraça a mãe e chora.

Marta - Perdão mãe... Perdão

Continua abraçada à Mãe a chorar, Teresa sente e emociona-se

Inês vê o estado da avó e a mãe a chorar entra no quarto assustada

011 Dia - Interior - Sala de Estar


Desesperada Marta sai do quarto e começa acusar o pai por ele lhe ter escondido o
verdadeiro estado da mãe.

Marta - Como é que não me pediste ajuda?

António - E o que é que ias fazer? Ias deixar a tua vida? O teu marido?A tua filha ou
ias-nos levar para tua casa? Nós nunca quisémos dar trabalho sabes muito bem

Marta-Mas ainda vamos a tempo, vamos levar a mãe para o hospital!

António- Nem penses, só por cima do meu cadáver , ouviste? Deixa que da tua mãe eu
cuido , eu só queria que tanto tu como o teu irmão se despedisem dela e já estou
arrependido.

Marta - Eu não podia mudar de vida mas eu podia ajudar.Esta mudança para Coimbra ,
eu sabia que isto ia acontecer mas se nao aceitasse ia perder o meu emprego mas sei lá
podia...

António - Graças a Deus, dinheiro nunca precisamos tinhamos as nossas pensões


apesar de todos os tratamentos e comprimidos serem muito caros sempre vivemos bem ,
só agora é que está muito difcil.As nossa reformas já não dão para nada.

Marta - Imagino, esta crise ..afeta todos, se eu tivesse mais eu ….

António - Ajudas ao estares aqui agora.Esta casa foi a única coisa que nos restou,
depois de uma vida inteira a pagá-la é finalmente nossa, agora é vossa.Tuae do teu
irmão, apesar de eu ter sido um burro casmurro estes anos todos , ele é meu filho . Eu e
a tua mãe nunca mais fomos os mesmos desde que o teu irmão se foi embora e eu acho
que ela está só à vossa espera para se despedir.

Os dois entedem-se e abraçam-se

012 Noite- Interior- Quarto do Casal


António está a sonhar com vários momentos dele e de Teresa.

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Do passado e presente

Passeios quinta da lagoa antes e depois cadeira de rodas

Restaurante jantar à luz das velas

Em casa no sofá ver tv.

013 Amanhecer - Interior - Sala de estar


A luz matinal entra pelas janelas sem estores ou cortinas.

Marta e Rui dormem no sofá numa cama improvisada.

Ela tem um pesadelo com a mãe.

Acorda assustadaLevanta-se

014 Amanhecer - Interior - Quarto do casal

Marta vai até ao quarto dos pais.

O pai que está a dormir na poltrona do lado da cama de mão dada com a mulher.

Marta senta-se na cama ao lado de Teresa e percebe que a sua mãe não está a respirar.

Sem saber o que fazer, deixa o pai descansar e fica acordada à espera que o pai acorde
para lhe dar a notícia.

Ajoelha-se ao lado da mãe e chora baixinho.

015 Manhã - Interior - Quarto do Casal

Dia seguinte, de manhã António acorda assustado e vê a sua filha com uma cara
péssima a olhar para ele, percebe que alguma coisa estranha está a acontecer e olha para
a sua mulher.Percebe que ela morreu

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Marta- Calma pai, eu não consegui fazer nada, eu cheguei aqui há bocado e a mãe já
não estava a respirar, eu não pude fazer nada

António entra em pânico e pede para ficar sozinho com a mulher.

António - Deixa-me ficar sozinho com a tua mãe, preciso de estar sozinho com ela.Saí
por favor!

Marta- Calma pai,nós sabíamos que ia acontecer, a mãe estava a sofrer.

António- o teu irmão já não veio a tempo , ela não me vai perdoar a minha boneca...
Marta – mas ligou para o o Afonso ?

António tira do bolso um papel

António- Não filha , não tive coragem , estava á tua espera e já vou tarde.Perdão
boneca

chora.

Marta sai do quarto a chorar.

016 Dia - Interior - Sala de Estar


Marta deitada ao colo do Rui abraça o marido e chora.

Marta - Ai, Rui,sinto-me tão culpada.E agora o que é que vai ser do meu pai, não sei o
que fazer com ele , está de rastos, tenho medo que se deixe ir abaixo,percebes.

Rui- Mais de 50 anos casados é normal que entre em choque, é raro encontrar um amor
assim nos dias de hoje..Coitado. E agora vamos levá-lo para Comibra ou mudamos para
Lisboa?

Marta-Não sei depois eu penso nisso porque agora vou ter de ligar para o meu irmão,
nem sei como é que lhe vou dizer...

Rui - Se calhar é desta que as coisas entre vocês se vão resolver.

Marta -Não sei, espero que sim , ontem o meu pai chorou a falar dele,

Rui - Liga-lhe vais ver que lhe vai fazer bem! A verdade é que o Afonso já não é um
miúdo e está limpo há muitos anos é casado, pai.

Marta - Vou ligar, tens razão.

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Marta pega num bilhete com o número de Afonso e telefona-lhe

Marta- Alo? Afonso?

Marta - Ainda reconheces a minha voz?

017 Dia - Exterior - Café/ Esplanada

Afonso está a beber uma cerveja ,está a falar com Marta ao telemóvel

-Afonso - És mesmo tu? Está tudo bem?o que é que se passa , que voz é essa?

-Afonso - É alguma coisa com os pais?Com a mãe?

Afonso - É grave? Não pode ser! não acredito ...eu ..

Afonso - Vou já para aí.

018 Tarde - Interior - Sala


Depois do Reencontro dos irmãos.

Os dois sentam-se numa poltrona frente a frente e conversam.

10 minutos depois ...

Marta vem da cozinha e trás café, dá uma chávena a Afonso e senta-se

Afonso - Estar aqui é tão esquesito.

Marta -Imagino. Mas ao mesmo tempo é engraçado, olha aqui esta mota , lembras-te?

Afonso - Foi a mãe que me deu e tu partiste-a para variar.

Marta - Sempre foste um mimado , a mãe deu te outra no mesmo dia

Afonso-Ai eu é que fui mimado? O paicastigou-me e tirou-me a mota e 5 minutos


depois e comprou-te mais uma boneca.Lembras-te? Falar no pai estou com medo da
reação dele.

Marta- O pai já te perdoou há anos, ele estava à espera deste encontro há muito tempo.

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Afonso- E tu , perdoaste-me ?

Marta- já foi há tanto tempo,e tu és a prova viva que as pessoas mudam , que se
conseguem livrar das drogas e eu estou muito orgulhosa de ti e o pai também tenho a
certeza.

Afonso olha para Marta e sorri

Afonso- Então eu vou lá

Marta senta-se no sofá e Afonso vai até a porta do quarto dos pais e fica parado.

019 Tarde- Interior - Quarto do casal


Reencontro pai e filho

António está acabar de arranjar teresa , calça-lhe o sapato

Afonso - Pai?

Entra no quarto e vai em direcção de António

António -A..fonso? Meu filho !?

António fica emocionado, Afonso aproxima-se dele e dão um abraço.

Afonso avança e senta-se na cama ao lado da mãe e fica a olhar para ela.

António - Olha para ela, linda, serena... Foi-se embora enquanto dormia, não sofreu, na
nossa casa, na cama dela, como ela queria...

Afonso - Sinto-me tão culpado

António - Não te sintas, agora tens a tua familia para cuidar o teu emprego, a tua casa
e..o culpado sou eu...eu é que não te devia ter abandonado meu filho.Perdoa-me.

Pai e filho abraçam-se

Perdoas-me ? eu preciso de ouvir.

Afonso- E tu perdoas-me ?

António- já posso morrer feliz

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Afonso- Não diga uma coisa dessas , nós vamos tratar de ti.

António- Obrigado ,meu filho

Afonso dá um abraço ao pai, volta a sentar-se na cama do lado da mãe e deita-se sobre
ela muito devagar e dá-lhe um beijo na testa.

020 Tarde - Interior - Quarto do casal

Afonso sai perto da cama da mãe e afasta-se, olha para o pai, vai até ele, dá-lhe um
abraço e sai do quarto a chorar.

Afonso - Vou-vos deixar a sós, os bombeiros já devem estar a chegar.

António - Ninguém vai tocar na minha boneca, ela só vai sair daqui, quando eu quiser.
Agora deixa-nos ficar a sós, por favor! Não quero ver ninguém. Quando eu estiver
pronto aviso.

Afonso vê o desespero do pai e sai do quarto.

António, vê Afonso a sair do quarto, abre um armário,veste um fato preto e uma camisa
branca, tira um frasco pequeno de vidro, guarda no bolso, Chora

António- Vou fazer o que te prometi meu amor

António tapa-a com as pétalas de rosas secas.

Senta-se no cadeirão de lado da cama, dá-lhe as mãos e deita-se sobre Teresa, reza
baixinho e bebe o veneno.

António- Eu António Marques te recebi Teresa Marques como prova do meu amor
seres minha esposa e te prometi e fui sempre fiel, amei- te na saúde e na doença, por
todos o dias das nossa vida , até que a morte nos separe

Voz off – voz de António com 25 anos , falam ao mesmo tempo

021 Noite - Interior - Quarto do casal

Marta entra no quarto dos pais.

Marta - Pai, está na hora, vieram buscar a mãe, estás pronto?

Vai-se chegando e não tem qualquer resposta.

Marta - Pai estás-me a ouvir, estás pronto? Pai...

Toca-lhe no ombro e percebe que ele também morreu, vê o frasco e desata aos berros a
chamar socorro.
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Rui e Afonso vão até ao quarto e percebem o que aconteceu.

Rui sai do quarto e liga aos bombeiros.

Marta- Eu sabia que ele não ia aguentar , eu sabia !

Inês abraça-se à mãe e chora.

Marta- Inês , vai lá para fora por favor eu não quero que fiques aqui.

Inês- Não vou nada! Chamem uma ambulância , ele ainda pode estar vivo!

Afonso fica sem reação

Marta aproxima-se dos pais a chorar e tenta reanimar o pai

022 Dia - Exterior- Quinta da Lagoa


Num dia com o céu limpo A familia leva as cinzas em vasos para o jardim , Marta
deixa um dos potes cair de uma altura muito baixa mas espalham-se algumas cinzas ,
Inês espalhas pétalas em cima dos vasos e muitas voam pelo ar.

Afonso faz dois buracos na terra

Marta- Lês tu Rui? OU queres ser tu a ler Afonso?

Afonso abana acabeça e diz que não , aponta para Rui

Rui tira um papel do bolso , tira ps óculos. Ajeita-os

Rui- O nosso último poema, boneca

"Amanheces-te bela , tranquila , pele macia, branca ,fria, com um esboço de um sorriso
nos teus lábios

Leve, doce como de uma menina que brinca no meio de flores ,debaixo de um céu azul
limpo , lindo com pássaros a voar ao sabor do vento, o vento que te levou e foi aí que
te vi partir

Que me disseste o último adeus,um até já , o nosso destino é juntos ,vou ter contigo
meu amor , não consigo ficar nem mais um segundo neste mundo , sem o teu sorriso , o
teu cheiro , o teu olhar...Não consigo ... respirar...não consigo."

Marta chora

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Inês abraça Rui

Marta abraça Afonso

Saida dos 4 do jardim

Música - interpete las chicas ...- Caras e Bocas

A mulher que eu amo (Roberto Carlos) 0.53 – inicio 01’20- minha luz das estrelas
minha belez da flor , ela é minha vida ela é o meu amor -

Rita Sotto –Mayor Sardinha

Em Homenagem aos meus pais, aos meus irmãos que são meus heróis, aos meus avós e todos
idosos , aos amantes de flores do amor e da vida , aos poetas , aos românticos, aos ex-
toxicodependentes, às suas familias e também ás outras famílias que se mantiveram sempre
juntas , a estes casais de uma vida inteira , aos casais mais novos a todos que já se sentiram
sozinhos, incapazes de fazer alguma coisa por mais pequena que seja e não desistiram.

Acredito que há histórias de amor assim , elas não existem apenas em livros, filmes, contos de
encantar …

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