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Nova terapia para conter casos de

aids está restrita a 3 postos


Levantamento do ‘Estado’, até o início deste mês, aponta que uso de antirretroviral como
prevenção atinge pequeno público

Especial

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Lígia Formenti, O Estado de S.Paulo
16 Janeiro 2018 | 03h00

BRASÍLIA - Sete meses depois de anunciada, uma das estratégias consideradas fundamentais para
reduzir novas infecções pelo vírus da aids, o HIV, ainda é raridade no Sistema Único de Saúde (SUS). A
terapia pré-exposição (Prep), em que pessoas saudáveis tomam um antirretroviral para prevenir o HIV,
deveria ser oferecida por 36 serviços de saúde desde dezembro. Segundo o Ministério da Saúde, porém,
até o início de janeiro apenas três locais haviam iniciado a estratégia. E, mesmo assim, na maioria dos
casos com pessoas que já eram acompanhadas em projetos-piloto.

+++ Número de casos de aids no País cai 7,7% entre 2014 e 2016

A reportagem do Estado ligou no início de janeiro para serviços em São Paulo, Manaus, Salvador,
Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. As justificativas para o atraso na oferta foram diversas: demora na
chegada do medicamento no serviço, necessidade de organização dos profissionais e até indefinição
sobre quantas pessoas devem ser atendidas por unidade.

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+++ Homens e a 'masculinidade tóxica': o ponto cego na luta contra aids

O estudante Gabriel Freitas, de 28 anos, questiona desde o ano passado os serviços de Brasília sobre a
data para o início da terapia. Ele diz estar em busca de maior proteção. Seu parceiro é HIV positivo e,
com a Prep, quer ter “segurança” para dispensar o uso do preservativo.

Eles anunciam nacionalmente, criam a


expectativa e depois ficamos nessa
indefinição.
Gabriel Freitas, estudante

+++ Prevalência de aids entre homens que fazem sexo com homens aumenta 140% em 7 anos
A coordenadora de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais do Ministério
da Saúde, Tatiana Meireles Alencar, afirmou que o medicamento usado na Prep, o Truvada, já foi
comprado e distribuído e a decisão sobre o início da estratégia e a organização da oferta são de
responsabilidade de cada centro.

O fato de não ser possível nem agendar um horário para fazer a entrevista de triagem não é considerado
um problema. “Uma vez instalado, o processo será ágil. Se a pessoa preencher as condições, ela vai sair
já na triagem com o medicamento”, disse Tatiana. Só em março o Ministério da Saúde terá um balanço
de usuários.

Como age o truvada (PREP)


Um comprimido por dia é o suficiente para barrar a infecção pelo HIV

Sem o Truvada

1 HIV entra
no corpo
2 A primeira ação do vírus 3 Lá dentro, o HIV se 4 Enquanto enfraquece o
é invadir os linfócitos, multiplica, o que sistema imunológico,
que são as células que acaba destruindo o HIV vai se espalhando
mantêm a imunidade os linfócitos para o restante do
corpo
Com o Truvada

1 Quando tomado 2 Mesmo que o vírus consiga 3 Sem se multiplicar, o HIV


regularmente, o Truvada invadir o linfócito, a 'camisa morre e os linfócitos
'envolve' o vírus HIV assim de força' do Truvada impede continuam intactos
que ele entra no corpo que ele se multiplique

Indicações: Efeitos colaterais:


Atenção
O USO DE PRESERVATIVO É RECOMENDADO
DURANTE A TERAPIA, POIS ELA NÃO
PROTEGE CONTRA OUTRAS DSTS, COMO
SÍFILIS E HEPATITE C.
A PROTEÇÃO NÃO É IMEDIATA. PARA FAZER
EFEITO, O REMÉDIO PRECISA SER TOMADO
DIARIAMENTE, E OS EFEITOS COMEÇAM A
PARTIR DO 7º DIA PARA EXPOSIÇÃO POR
RELAÇÃO ANAL E A PARTIR DO 20º DIA PARA
EXPOSIÇÃO POR RELAÇÃO VAGINAL

Em São Paulo, a Prep será iniciada oficialmente nesta quinta-feira. Em um primeiro momento, centros
paulistas vão receber remédios suficientes para o atendimento de 222 pessoas por cinco meses. “É o
início. A expectativa é de que esse quantitativo seja progressivamente ampliado”, afirmou a
coordenadora adjunta do Programa de DST-Aids e Hepatites Virais, Rosa de Alencar Souza.
O Estado apurou que a data provocou insatisfação entre funcionários dos serviços paulistas. As equipes
afirmam não ter condição de colocar a estratégia em prática, sobretudo por haver indefinição sobre o
número de pacientes. A incorporação da Prep no Brasil foi anunciada em maio. Na ocasião, foi
estabelecido o prazo de seis meses para que serviços passassem a ofertar o remédio. A lista de serviços
que oferecerão a terapia foi divulgada em dezembro. A previsão é de que na primeira fase 7 mil pessoas
sejam atendidas. A Prep não é para toda população - é voltada para pessoas com mais de 18 anos com
maior vulnerabilidade para o HIV: homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas
trans e parceiros sorodiscordantes (em que só um deles é HIV positivo).

A ideia é que a prevenção, antes resumida ao uso de preservativo, passe a ser feita com combinação de
várias estratégias. O medicamento não evita outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a
sífilis. Daí a recomendação de manter a utilização de preservativo.

O professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Mário Scheffer, alerta,
porém, que para a contenção da epidemia não basta ter o medicamento disponível nos serviços. “É
preciso divulgar a informação.” Ele cita como exemplo a terapia pós-exposição, estratégia em que
antirretrovirais são usados por pessoas que tiveram risco de contaminação pelo HIV. “Esse é um
recurso pouco usado.”

Tatiana afirmou que a divulgação da Prep já teve início e será intensificada. Entre as medidas usadas
estão informações nos aplicativos de encontro, WhatsApp e com youtubers. São Paulo tem um plano
semelhante. Mas Rosa admite que essas estratégias têm uma influência limitada com profissionais do
sexo, por exemplo.

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Gênero

Em São Paulo, será aberto em Campos Elísios um espaço destinado para saúde integral dessa
população. A ideia é também discutir a Prep nos serviços que trazem assistência para adequação de
gênero.

Lá tem...

EUA

Foi o primeiro País a aprovar e regulamentar a Prep.

Europa

Os estudos para adoção começaram em 2015, com base na França.

América Latina 

Brasil será o primeiro país da América Latina a adotar a terapia. E o primeiro com amplo acesso na rede
pública.
Outros países

No total, a Prep é adotada atualmente em 15 países, incluindo Canadá e Inglaterra, conforme balanço de
2017. Especialistas relatam dados animadores. “A terapia ajudou a frear o avanço de novas infecções
nos Estados Unidos. No Reino Unido, o impacto também foi positivo”, disse Mário Scheffer, da USP.
“Ela não é uma panaceia, é indicada para grupos específicos. Mas os relatos mostram que tem um papel
relevante, sobretudo na estratégia de prevenção combinada.”

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Estudo em 5 cidades brasileiras aponta eficácia de 100%

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Estudo em 5 cidades brasileiras


aponta eficácia de 100%
Trabalho acompanhou 526 voluntários que passaram a usar o medicamento; equipes médicas são
resistentes

Especial

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Lígia Formenti, O Estado de S.Paulo
16 Janeiro 2018 | 03h00

BRASÍLIA - Estudo inédito realizado em cinco cidades mostra que o uso de antirretrovirais para
prevenir o HIV foi eficaz em 100% dos casos. O trabalho acompanhou 526 voluntários que passaram a
usar o medicamento como estratégia de prevenção.

+++ Brasil avança em metas, mas aids ainda preocupa


No período avaliado, nenhuma das pessoas que usavam o medicamento contraiu o HIV. “Três infecções
foram identificadas, mas entre pessoas que esperavam para iniciar o uso da Prep”, disse o coordenador
do trabalho, o pesquisador Alexandre Grangeiro, da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, o
resultado confirma a importância da estratégia e reforça a necessidade de implementação no Sistema
Único de Saúde.

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+++ Distribuição de droga anti-HIV começa

Batizado de Combina!, o estudo financiado pelo Departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde,


CNPQ e Unesco trouxe uma surpresa relacionada à motivação dos usuários. A maior parte disse estar
em busca de qualidade de vida.

+++ Condenado à prisão soropositivo que contagiou 30 mulheres de propósito

Mas o trabalho também revela os desafios que serão enfrentados para garantir a eficácia da estratégia.
A começar pelo acesso. A Prep é indicada para pessoas de maior vulnerabilidade para a infecção, como
transexuais, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e casais em que um dos
parceiros é soropositivo e outro não. Os centros que participaram do estudo seguiram essa orientação.
No entanto, a maior parte dos voluntários era composta de homens que fazem sexo com homens
(93,4%).

Essa diferença no acesso, avalia Grangeiro, precisa ser corrigida. “Se todos os grupos vulneráveis não
forem atingidos, a Prep perde parte importante do impacto.”

O trabalho trouxe à tona ainda a resistência de parte dos profissionais. “Quase 40% afirmaram que a
Prep não era totalmente segura e 43% dizem que preservativos são mais eficazes”, destacou o
pesquisador. Essas respostas foram dadas mesmo depois de profissionais passarem por treinamento.

Para ele, a oferta da Prep vai provocar nos serviços um aumento da demanda. “O ideal é ajustar o
atendimento, estabelecendo atribuições específicas para cada profissional e, sobretudo, reduzindo o
tempo de espera das pessoas.” Como se trata de uma estratégia de prevenção que é feita por um longo
período de tempo, as pessoas não têm como, a cada três meses, perder horas no serviço. “Daí a
importância de oferecer horários alternativos: próximo do almoço, aos sábados, à noite.”

Tranquilo

Há mais de um ano usando a Prep, o produtor cultural Leonardo Zufo diz ter enfrentado algumas vezes
problemas na assistência. “Em um determinado momento houve redução do medicamento, o que me
levou a voltar mais vezes para o centro.” Apesar das dificuldades eventuais no atendimento, Zufo
assegura que sua qualidade de vida melhorou com a Prep. “Hoje estou mais tranquilo. Eu me sinto
protegido.”

Sem namorado fixo, ele conta que com a terapia já não usa preservativos em todas as relações. “Deixo
para os parceiros que não conheço muito bem. Afinal, o medicamento não protege contra outras DSTs.”
Até o momento, ele diz não ter sentido nenhum efeito colateral e não ter problemas para tomar o
remédio todos os dias. “Tem de ser pela manhã. É como um suplemento. Se incorporado na rotina, a
gente não esquece.”
Antes de usar a Prep, Zufo já havia recorrido duas vezes aos antirretrovirais para prevenir o HIV. Mas,
naquelas ocasiões, o uso dos remédios foi feito depois de uma situação de risco, a chamada terapia pós-
exposição. Nessas duas ocasiões, ele tomou diariamente, por um período de 28 dias, antirretrovirais.
“Não foi muito bom. Tive efeitos colaterais, mas a prevenção funcionou.”

Zufo diz que desde o início de sua vida sexual tomou precauções para evitar o HIV. Nos primeiros anos,
foi fiel ao preservativo. “Era muito regrado. O medo da aids era grande.” As coisas foram mudando
depois de um relacionamento fixo. “Aos poucos, fui abandonando o uso.” Quando o namoro acabou, ele
retomou o preservativo, mas já não de forma tão regrada. “Mas me preocupo, daí ter recorrido à Pep
(profilaxia pós-exposição ao HIV) e, agora, à Prep”.

Zufo afirma não ter planos de usar para sempre antirretrovirais. “Estou no programa Combina! Quando
acabar, vou tentar obter o medicamento no SUS.” Mesmo se conseguir, completa, pretende deixar a
estratégia no futuro. “Se tiver um namorado fixo, talvez não seja necessário. O que quero é, qualquer
que seja o método, garantir a minha segurança e do meu parceiro.”

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Profissional do sexo motivou estratégia

As entrevistas feitas durante a pesquisa deixam claro que, quando informados, profissionais do sexo
têm interesse em usar essa estratégia de prevenção. O pesquisador Alexandre Grangeiro diz ser
essencial a criação de alternativas para o atendimento.

“Profissionais do sexo tinham um risco quase quatro vezes maior de interromper a terapia
anteriormente”, observou. Para tentar reverter essa tendência, foi testado o atendimento aos sábados.

Com a mudança, a adesão ao tratamento aumentou de forma expressiva.

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