Vous êtes sur la page 1sur 3

ESPERAR CONTRA TODA ESPERANÇA

"Esperando, contra toda a esperança, Abraão teve fé e se tornou


pai de muitas nações…" (Rm 4,18)
A realidade brasileira representa um enorme desafio para a fé
cristã. Os já sabidos esquemas de corrupção que envolvem as
grandes empresas, a política e os poderes da república vieram à
tona e se tornaram claros aos nossos olhos. A descoberta que
partidos políticos, sindicatos, ONGs, polícias (e até igrejas) estão
envolvidas com a sujeira mais imunda jogada sob os tapetes do
país faz com que os homens e mulheres seguidores de Jesus
percam a esperança de um futuro melhor.
A desesperança causa imediatamente o enfraquecimento do
profetismo das igrejas e a individualização da relação da vivência
religiosa juntamente com a mistificação mágica dos ritos
católicos e a supervalorização de elementos secundários da
liturgia: roupas, insígnias, paramentos, pompas, entre outros.
No cristianismo, quando se perde a esperança, dá-se demasiada
importância para aquilo que não é o mais importante. O
secundário, que tem sua importância apenas se relacionado com
o fundamental, passa a ser colocado como principal. Desta
forma, o Evangelho deixa de ser o assunto principal na Igreja e os
cristãos passam a discutir frivolidades como se fossem o
caminho da salvação.
Quando os cristãos olhamos para fora da janela e vemos um país
caótico onde os valores que nos definiam caíram por terra e o
Evangelho não encontra espaço para transformar os corações,
nosso olhar se volta para dentro de nossas sacristias e nos
apegamos aos distintivos da fé para sentirmos um pouco de
segurança ante o caos. É assim que roupas com rendas ocupam
boa parte da atenção dos cristãos e cristãs.
As comunidades cristãs fecham-se em si mesmas e já não sabem
como lidar com os pobres e excluídos da sociedade caótica.
Muitos cristãos desesperançados passam a aceitar a violência
como uma saída para os problemas atuais. A pena de morte e a
tortura passam a ser uma ideia possível nas mentalidades de
gente que se diz seguidora de Jesus.
É nesse contexto horroroso que os cristãos, mais do que nunca,
precisam abraçar a esperança, pois a verdadeira esperança
existe no coração de quem tem o sentido de viver. É preciso olhar
para fora da janela e, vendo o caos, enxergar o sentido para além
do caos. Há uma gigantesca messe de gente sem esperança e
sem sentido de viver esperando trabalhadores para a colheita da
esperança. Gente sedenta por ver além do caos, mas que não
encontra quem lhes mostre o sentido da vida, pois estamos
ocupados em olhar para dentro de nossas sacristias enquanto
discutimos os modelos de túnicas, batinas e casulas.
Se Jesus Mestre é nosso modelo, não podemos nos dar ao luxo
de confundir o secundário com o fundamental. Não nos é
permitido "coar o mosquito e engolir camelo” (Mt 23,24). Jesus
sempre enviou seus discípulos ao encontro do povo no caos do
mundo e não lhes permitiu se refugiar nas "sacristias da vida” e a
tratar vestes como o centro da vida cristã.
Precisamos nos convencer que nosso melhor papel nesse tempo
de caos é semear esperança. A esperança que brota do sentido
de Cristo. Olhar para fora da janela e superar a tentação do
fechamento na sacristia, recolocar o secundário no seu lugar e o
fundamental no centro de nossas atenções. Como num navio
afundando, onde todos se desesperam e se pisoteiam, nós
estaremos ajudando as pessoas a se acalmarem e se salvarem,
pois sabemos onde se encontram os botes salva-vidas. Se
conhecemos o sentido de Cristo, a esperança não morrerá dentro
de nós.
Oração: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, sois a fonte de
esperança em minha vida. Não permitais que eu perca a
esperança de ver e contribuir para a construção de um mundo
melhor. Fazei que eu perceba o que é fundamental e que nunca
coloque o secundário acima do que é mais importante. Assim
seja, amém!

Pe. Demetrius dos Santos Silva –


Biblista – Arquidiocese de Campinas

Vous aimerez peut-être aussi