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7.3.

2 Meio Biótico

Conforme já abordado, dentre as alternativas de projeto que foram apresentadas pelo Empreendedor
(quando do início destes estudos) e que acabaram por definir as áreas que foram consideradas neste
EIA/Rima como aquelas possíveis de serem os locais de intervenção (áreas que poderiam vir a ser
diretamente afetadas), acabou-se por contemplar então nesta caracterização que se segue (1) a
desembocadura do Canal de Sernambetiba onde ocorrerá a dragagem, (2) o local onde serão
implantados os guias-correntes, (3) os canais das Taxas, Cortado e Portelo, ao longo dos quais
existe a intenção de dragagem, (4) os locais onde estão previstas suas interligações _
Taxas/Sernambetiba, Cortado/Sernambetiba e Portelo/Sernambetiba, (5) o local onde será realizado
bota-fora dos volumes que poderão vir a ser dragados dos canais das Taxas, Cortado e Portel, (6) a
implantação do canteiro de obras na Praia da Macumba. Assim sendo, serão abordados, no âmbito
dos estudod bióticos, os principais ecossistemas identificados e seu estado de conservação, os
aspectos referentes as comunidades vegetais e principais fitofisonomias presentes e as comunidades
faunísticas características.

7.3.2.1. Ecossistemas e Estado de Conservação: Breve Abordagem

• Em Relação à Desembocadura do Canal de Sernambetiba


O ecossistema presente na área da desembocadura do Canal de Sernambetiba é o de praia. O mesmo
apresenta em sua comunidade biológica os sinais referentes às conseqüências do recebimento das
águas do Canal de Sernambetiba bem como da presença humana (pisoteamento), criando um
progressivo processo de empobrecimento de espécies características deste tipo de ecossistema e
conseqüentemente de degradação.

• Em Relação aos Canais Taxas, Cortado e Portelo e Interligações desses canais com o Canal
de Sernambetiba
O ecossistema dominante na região é o brejo, em diferentes estados de conservação, predominando
o estado degradado, seja pelo lançamento de esgoto nos canais, como pela progressiva supressão
por meio de aterros, visando à expansão urbana normal (condomínios e loteamentos) e subnormal
(favelas). Destaca-se que as alterações nos brejos da região não são recentes, visto que a criação do
sistema de canais de drenagem sob análise, em sua maior extensão, são de natureza artificial onde

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as áreas antigas ( áreas de bota-fora atualmente) encontram-se colonizadas por diferentes espécies
vegetais completamente distintas daquelas que dominam nas áreas de brejo da região.

• Em Relação ao Local para Bota-fora do Material Dragado dos Canais ( Fazenda Parque
Recreio)
Anteriormente caracterizado também por áreas de brejo dominadas por Typha domingensis e
Acrostichum aureum a mesma encontra-se na atualidade praticamente em sua totalidade suprimida
por recentes aterros.

• Em Relação à Implantação de Canteiro de Obras na Praia da Macumba


A restinga acha-se reduzida a estreitos plantios realizados pela Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, bem como a praia já apresenta sinais do empobrecimento de espécies características em
conseqüência do recebimento das águas contaminadas do Canal de Sernambetiba, alterações
hidrodinâmicas e processos de assoreamento, fruto da chegada das águas do Canal de
Sernambetiba.

625
7.3.2.2. Comunidades Vegetais e Principais Fitofisionomias

São abordados a seguir os aspectos referentes às comunidades vegetais, as principais fitofisonomias


e as comunidades faunísticas características nas áreas consideradas como diretamente afetadas,
tendo como base os ecossistemas já apresentados quando da descrição das áreas de influência direta
e indireta.

• Em Relação à Desembocadura do Canal de Sernambetiba


Sem qualquer espécie vegetal situada na faixa de areia da Praia da Macumba, a não ser por algumas
espécies de restinga replantadas junto às obras de urbanização realizadas pela Prefeitura da Cidade
do Rio de Janeiro, este ecossistema se apresenta parcialmente comprometido sob o ponto de vista
ambiental pelo aporte das águas do Canal de Sernambetiba, como já mencionado antes,
principalmente nos períodos de maior intensidade pluviométrica.

Desembocadura do Canal de Sernambetiba _ Vegetação de restinga restrita basicamente aos trechos objeto
de urbanização e tratamento paisagístico, podendo ser observado à esquerda da foto.

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• Em Relação aos Canais das Taxas, Cortado e Portelo
Destaca-se que em todos os canais de drenagem visitados, os mesmos apresentam suas calhas
invadidas principalmente pelas macrófitas aquáticas Eichhornia crassipes e Typha domigensis, em
resposta ao intenso processo de eutrofização de suas águas.Além de Typha domigensis, salienta-se a
presença de Acrostichum aureum que, com a primeira, formava num recente passado as duas
principais espécies que dominavam as extensas formações de brejo da Baixada de Jacarepaguá.
Estas associações ainda podem ser encontradas, sendo no entanto progressivamente suprimidas pelo
processo de aterramento que vem ocorrendo na região.

Por serem canais artificiais o sistema de drenagem apresenta em suas faixas marginais de proteção
tanto espécies vegetais nativas dos brejos como outras nativas de outros ecossistemas locais, bem
como ruderais e exóticas, principalmente. Esta situação se deve-por causa da colocação dos “bota-
fora” junto as calhas dos canais que por sua vez, alteraram por completo a topografia natural e,
conseqüentemente, permitiram a presença de novas espécies vegetais.

O Canal das Taxas

Dentre todos os canais visitados é importante ressaltar para a situação ambiental que se encontra
completamente desequilibrada em função da transformação doCanal das Taxas em um local com
intenso e permanente despejo de esgoto, configurando-se em um verdadeiro valão, onde há alguns
trechos sem a presença de macrófitas aquáticas e outros completamente tomados por Typha
domingensis e Eichhornia crassipes, criando claro obstáculo físico para a drenagem das águas que
deveriam ser exclusivamente pluviais. O Canal das Taxas é um canal morto para qualquer
organismo vivo que dependa de obter oxigênio da coluna d`água. É importante também lembrar
que, apesar do grau de contaminação atingido, um dos principais elementos da fauna nativa _ o
jacaré-de-papo amarelo_ ainda pode ser encontrado.

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DDeta
lhe do estado de impermeabilização da calha do Canal das Taxas pela presença de macrófitas
aquáticas na porção final do canal próximo ao Canal de Sernambetiba (norte da foto, onde se
observa a Estrada Cereador Alceu de Carvalho, mais conhecida como Estrada do Rio Morto).

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Visão geral de um trecho desempedido de macrófitas aquáticas do Canal das Taxas mas completamente
tomados por lançamentos de esgoto in natura.

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Detalhe de outro trecho completamente contaminado com lançamento de esgoto por meio de galeria de água
pluvial.

O Canal do Cortado
Encontra-se parcialmente obstruído por macrófitas aquáticas, principalmente Typha domingensis e
Eichhornia crassipes, apresentando seu espelho d´água em outros trechos mais curtos. Salienta-se,
com preocupação, a ocupação de parte de sua Faixa Marginal de Proteção (FMP) e sua recente
expansão observada no início de março de 2006 com o aparecimento de aproximadamente 40
barracos que deverão aumentar o uso indevido das águas deste canal como receptor final de seus
esgotos in natura.

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Canal do Cortado tomado por macrófitas aquáticas na maioria de sua extensão e com ocupação em
trecho de sua FMP. À direita do Canal do Cortado observa-se os tanques de piscicultura na Fazenda
Parque Recreio, em cuja propriedade será realizado bota-fora do material a ser dragado dos canais do
Cortado e das Taxas.. Ao fundo, à esquerda, observa-se a linha litorânea

Detalhe de novos aterros que estão ocorrendo na FMP do Canal do Cortado, visando em breve ocupações
futuras. Trecho do Canal do Cortado próximo ‘a confluênciacom o Canal do Portelo. São aterros que

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vem ocorrendo ao longo da Rua Céloa Ribeiro, em loteamento que foi objeto de regularização fundiária
dentro do Programa “Bairrinho” da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Recentes ocupações subnormais (barracos) na FMP do Canal do Cortado, dando prosseguimento a ocupação
desordenada como pode ser observado à esquerda na foto.

O Canal do Portelo
Trata-se de canal parcialmente obstruído por macrófitas aquáticas, principalmente Typha
domingensis e Eichhornia crassipes com reduzidíssimos trechos que permitem visualização do
espelho d`água. Da mesma forma que no Canal do Cortado, ressalta-se a expansão que vem
ocorrendo na ocupação de parte de sua FMP, bem como de recente expansão planejada por meio de
progressivos aterros que vêm ocorrendo em suas adajcências.

632
Favela ocupando a FMP do Canal do Portelo e a progressiva urbanização de áreas adjacentes

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Aterros possibilitam o crescimento de favelas em processo de ocupação já consolidada junto à
FMP do Canal do Portelo.

Em seguida indicam-se as espécies vegetais mais presentes nas margens dos canais:

No Canal de Sernambetiba:

• Albizia lebbeck
• Acrostichum aureum
• Bactris setosa
• Casuarina equisetifolia
• Cecropia sp.
• Clitoria fairchildiana
• Cocos nucifera
• Dalbergia ecastophyllum
• Delonix regia
• Erythrina speciosa

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• Eucalyptus sp.
• Ficus benjamina
• Ficus sp.
• Hibiscus tiliaceus
• Inga sp.
• Leucaena leucocephala
• Mimosa bimucronata
• Musa paradisiaca
• Panicum maximum
• Ricinus communis
• Schinus terebinthifolius
• Syzygium cumini
• Terminalia catappa
• Triplaris surinamensis
• Typha domingensis
• Tabebuia cassinoides
• Triplaris surinamensis
● Typha domingensis (dominante)
• Terminalia catappa
• Artocarpus altilis
• Artocarpus heterophyllus
• Clitoria fairchildiana
• Delonix regia
• Eucalyptus sp.
• Ficus benjamina
• Guarea guidonia
• Mangifera indica
• Mimosa caesalpiniaefolia
• Musa paradisiaca
• Schizolobium parahyba
• Trema micrantha
• Terminalia catappa

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No Canal das Taxas:

• Acrostichum aureum
• Bauhinia variegata
• Cairica papaya
• Casuarina equisetifolia
• Cataranthus roseus
• Cocos nucifera
• Cordia superba
• Delonix regia
• Erytrina speciosa
• Eugenia uniflora
• Ficus benjamina
• Helianthus annuus
• Hibiscus tiliaceus
• Morus nigra
• Musa paradisiaca
• Nerium oleander
• Psidium guajava
• Schinus terebinthifolius
• Senna pendula
• Senna siamea
• Spondias dulcis
• Terminalia catappa

No Canal do Cortado:

• Delonix regia
• Leucaena leucocephala
• Psidium guajava
• Ricinus communis

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• Syzygium cumini
• Terminalia catappa
• Typha domingensis
• Cecropia sp.

No Canal do Portelo

• Acrostichum aureum
• Cocos nucifera
• Panicum maximum
• Ricinus communis
• Syzygium cumini
• Terminalia catappa
• Typha domingensis
• Fícus sp.
• Inga sp.

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• Em Relação aos Locais onde deverão Ocorrer as Interligações dos Canais das Taxas,
Cortado e Portelo com o Canal de Sernambetiba

ƒ Taxas / Sernambetiba
O estado de degradação encontrado no Canal das Taxas se estende até ao local onde o
Empreendedor pretende realizar a interligação com o Canal de Sernambetiba, onde há domínio de
macrófitas aquáticas, impermeabilizando o canal também com os lançamentos de esgoto in natura,
o que interfere diretamente na situação de completo desequilíbrio ambiental.

Visão geral do trecho do Canal das Taxas e do ponto de encontro com o Canal de
Sernambetiba. Observa-se total cobertura do Canal das Taxas por macrófitas
aquáticas. O entorno já apresenta ocupação multifamiliar.

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Detalhe da futura área de encontro dos dois canais, que se dará sob a Estrada Vereador Alceu de
Carvalho (também chamada de Estrada do Rio Morto). O local próximo ao futuro
entroncamento encontra-se bastante descaracterizado sob o ponto de vista ambiental e com a
presença irregular de edificações na FMP.

ƒ Cortado / Sernambetiba
O encontro do Canal de Sernambetiba e do Canal do Cortado apresenta cobertura vegetal
característica das áreas encharcadas, com domínio de Typha domingensis e Acrostichum aureum
bem conservadas.

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Detalhe do ponto de encontro dos Canais de Sernambetiba e Cortado, cujas margens encontram-
se menos degradadas com ocupações irregulares.

ƒ Portelo / Sernambetiba

O encontro dos Canais de Sernambetiba e Portelo apresenta, assim como o Cortado, cobertura
vegetal característica das áreas encharcadas, com domínio de Typha domingensis, porém não tão
bem conservadas como no caso anterior, visto que numa de suas FMPs, provavelmente utilizada
como antigos “bota-fora” há a presença de espécies vegetais exóticas.

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Detalhe do encontro dos Canais do Portelo e Sernambetiba. Ao fundo, observa-se a presença de
comunidades com padrão subnormal de ocupação ( favela Beira do Canal).

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Área Próxima ao Canal do Portelo _ chama a atenção a instalação de vias em áreas
de cobertura vegetal bem conservada próximo ao Canal de Sernambetiba, já
indicando intenção na ocupação

• Em Relação ao Local onde deverá se dar o Bota-fora do Material a ser Dragado dos Canais
das Taxas, do Cortado e da Desembocadura do Canal de Sernambetiba (propriedade
particular localizada entre os canais do Cortado e do Portelo).

A área do futuro bota-fora das dragagens que poderão ocorrer nos canais das Taxas Cortado e
Portelo está completamente degradada sob o ponto de vista ambiental em função dos aterros já
realizados nas áreas de brejo que dominavam aquele local e, consecutivamente, das espécies
dominantes Typha domigensis e Acrostichum aureum e que se situavam entre os canais do Portelo,
Cortado e Morro do Amorim. O que se observa atualmente é a presença natural e induzida de
espécies vegetais ruderais e ou exóticas, completamente diferentes das que dominavam a região

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antes do processo de aterro.De acordo com informações do Empreendedor da área já obteve licença
da FEEMA para a realização deste despejo (vide documento Volume Anexo).

Detalhe da área do bota-fora já aterrada em quase toda a sua totalidade, rodeada por tanques que
estão sendo utilizados ara piscicultura em propriedade particular. Ao fundo Morro do Amorim
quase na confluência entre o Canal do Portelo (mais à esquerda) e do Cortado (direita) Ao fundo,
observa-se parte da Lagoa de Jacarepaguá.Também nesta foto fica visível a ocupação irregular na
FMP do Cnal do Cortado, entre seu espelho d´água e a Rua Cedia Ribeiro, cuja ocupação foi
regularizada dentro do Programa “Bairrinho” da Preeitura do Rio de Janeiro, conforme comprivam
documentos no Volume Anexos.

• Em Relação ao Local onde Ocorrerá a Implantação de Canteiro de Obras na Praia da


Macumba
Trata-se de local desprovido de vegetação a não ser pela presença de estreita formação de restinga
situada junto à área recentemente urbanizada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2004)
que conta com algumas espécies de restinga, dentre as quais ressaltam-se: Noregelia cruenta,
Bromelia antiacantha, Sophora tomentosa, Canavalia rósea, Ipomea pes-caprae e Clusia sp..

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Destaca-se a presença de Panicum maximum, espécie exótica e de caráter extremamente pernicioso,
bem como pela grande quantidade de resíduos sólidos depositados sobre a vegetação de restinga,
caracterizando claramente a falta de manutenção da área replantada. Assim, a cobertura vegetal de
alguma relevância (restinga) encontra-se junto à área recentemente urbanizada pelo Projeto Rio
Orla, embora a mesma já se encontra bastante prejudicada pela falta de manutenção por parte dos
órgãos de competência.

De acordo com informações do Empreendedor (vide Cap 4_ Caracterização do


Empreendimento) o canteiro de obras será implantado junto a margem esquerda do Canal de
Sernambetiba em local mais precisamente indicado nas plantas em anexo _ Volume Anexos.

Desembocadura do Canal de Sernambetiba, onde em sua margem esquerda próxima à área que
foi urbanizada pela Prefeitura será erquido canteiro de obras.

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Comentário Sobre as Espécies

Acrostichum aureum – Planta que ocorre em diversos estados brasileiros em floresta pluvial
atlântica de baixada, restinga e vegetação alterada, crescendo em solos encharcados, próximo ou
junto da margem do açude, ou ao longo dos regatos, na mata ciliar degradada, ensolarada. Pode
formar grandes populações com indivíduos agregados;

Albizia lebbeck – Planta originária da Ásia Tropical, produz grande quantidade de sementes,
apresenta uma copa densa e é indicada para composição paisagística de parques e para arborização
urbana;

Artocarpus altilis - Planta originária da Oceania, possui tronco ramificado que pode atingir até
35m, tendo seus frutos produzindo muito amido;

Artocarpus heterophyllus – Planta originária da Ásia de 12-20 m de altura, provida de copa mais
ou menos piramidal e densa, com tronco robusto, de 30 - 60 cm de diâmetro, revestido por casca
espessa. Possui floração em novembro e dezembro, caulifloria. Tolera lugares frios e altitudes
elevadas. A maior utilidade da jaqueira são seus frutos largamente consumidos nas regiões tropicais
do país, chegando em algumas regiões, como no Recôncavo Baiano, a constituir-se em alimento
básico para comunidades rurais. Geralmente são consumidos no estado in natura, contudo são
freqüentemente transformados em doces e geléias caseiras. Também pode ser consumida cozida
como se fosse um vegetal. Utilizada como árvore frutífera no nordeste brasileiro, em sistemas
agroflorestais e em jardins;

Bactris setosa – Planta que ocorre em toda a costa do Brasil, desde a Bahia até o Rio Grande do
Sul. Encontrada geralmente em florestas de lugares mais abertos, quase sempre em vales e áreas
úmidas. Fruto comestível, e procurados pela fauna. Considerada como oleaginosa, seu
aproveitamento propicia a extração do óleo da polpa e da amêndoa. É também uma espécie com
valor ornamental;

645
Bauhinia variegata – Árvore 7-10m de altura, originária da Índia. É uma planta ornamental com
atributos para uso paisagístico, principalmente para cultivo na arborização urbana. É uma das
espécies mais cultivadas nas ruas das cidades do Sudeste do Brasil;

Cairica papaya – Árvore originária da América Tropical de tronco geralmente reto e não
ramificado. A planta possui uso terapêutico e seus frutos são comestíveis;

Cataranthus roseus – Planta semi-herbácea que atinge aproximadamente 50cm de altura. É


originária da África, sendo muito utilizada nos jardins como planta ornamental;

Casuarina equisetifolia - Planta nativa da Austrália, Bornéo e Sumatra, alcança de 10 a 20 metros


de altura. A árvore é muito utilizada como ornamental é indicada para formação de bosques e
reflorestamento de solos salinos, bem como para uso paisagístico em praças e grandes jardins. É
muito cultivada em restingas e praias de nosso litoral;

Clitoria fairchildiana – Planta com 6-12m de altura, ocorre mais freqüentemente no Amazonas,
Pará, Maranhão e Tocantins. A espécie é característica de formação secundária da floresta pluvial
amazônica. Apresenta preferência por solos férteis e úmidos;

Cocos nucifera – Planta de origem muito discutida, existem citações desde a Índia ou até mesmo
Brasil. O coqueiro é uma planta perene, uma palmeira de estipe liso que pode atingir até 25 m de
altura e 30 a 50 cm de diâmetro. A planta frutifica apenas em locais de clima quente;

Cordia superba – Árvore de 7-10m de altura. Ocorre no Rio de Janeiro, Minas Gerais, e São Paulo.
Habita as florestas úmidas, ocorrendo também em áreas abertas como espécie secundária. A árvore
é muito ornamental, principalmente quando em flor. Pode ser utilizada com sucesso na arborização
de ruas estreitas e sob redes elétricas;

Dalbergia ecastophyllum - Planta de áreas periodicamente inundadas, muito encontrada em áreas


de transição entre ambientes de mangue e restinga, quanto bem se espalha facilmente podendo
dominar o local onde se encontra;

Delonix regia – Planta originária de Madagascar espécies muito variável quanto ao colorido das
flores, desde vermelho sanguíneo a alaranjado-claro e alaranjado escuro, podendo ocorrer até uma

646
variedade de flores amarelas. Árvore muito freqüente em arborização de parques de todo Brasil,
sendo, contudo inadequada para ruas e avenidas;.

Erytrina speciosa – Planta espinhenta de 3-5m altura, ocorre no Espírito Santo e Minas Gerais até
Santa Catarina, na floresta pluvial atlântica. Árvore que possui rápido crescimento e muito
ornamental e muito bem adaptada a terrenos úmidos. É recomendada para plantios mistos
destinados a recomposição de áreas degradadas.

Eugenia uniflora – Planta de 6-12m de altura. Ocorre de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, na
floresta semidecídua do planalto e na bacia do rio Paraná. É muito frequente em solos úmidos de
regiões acima de 700 m de altitude. É igualmente abundante em solos aluviais da faixa litorânea
(restinga), aonde chega a formar agrupamentos quase puros. Á árvore é ornamental, podendo ser
utilizada no paisagismo. Seus frutos são comestíveis e são consumidos principalmente in natura ou
na forma de suco;

Ficus benjamina – Planta nativa da Índia, China, Filipinas, Tailândia, Austrália e Nova Guiné. A
diversas variedades destacando-se a folhagem variegada e a de ramos pêndulos. Árvore de
características ornamentais notáveis é amplamente cultivada em parques e jardins. Trata-se de
árvore inconveniente para arborização de ruas e avenidas pelo excessivo vigor de seu sistema
radicular. Muito tolerante a podas, presta-se para topiaria artística e geométrica e para plantio em
vasos quando jovem. É atualmente uma das árvores exóticas mais cultivadas no sudeste do Brasil;

Guarea guidonia – Planta de 15-20m de altura. Ocorre na Região Amazônica, Rio de Janeiro,
Minas gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. É particularmente frequente na floresta latifólia
semidecídua da bacia do Paraná. Árvore produz ótima sombra podendo ser empregada tanto no
paisagismo rural como urbano;

Helianthus annuus – Planta originária da América do Norte e cultivada em grandes áreas na


Rússia, Argentina, Índia, Ucrânia, China e Estados Unidos. Seu cultivo tem como objetivo principal
a extração de óleo, cuja alta concentração de ácidos graxos insaturados o torna apropiado ao
consumo humano. É utilizado na alimentação animal, como farelo ou silagem;

Hibiscus tiliaceus – Planta originária da Índia, ornamental, principalmente para cultivo nos parques
e jardins, bem como na arborização de ruas em cidades do litoral, onde é uma das mais cultivadas

647
no leste e sudeste do Brasil. Não apresenta bom desenvolvimento nas zonas de inverno rigoroso do
sul do país por não suportar geadas fortes;

Leucaena leucocephala – Árvore nativa da América Tropical, produz grande quantidade de


sementes que germinam com grande facilidade e está até se tornando subespontânea em várias
regiões do Brasil, a ponto de ser considerada planta daninha em pastagens. É uma espécie muito
rústica sendo muito utilizada na arborização em geral, no entanto é sensível a geadas.

Mangifera indica – Planta originária do continente asiático que pode atingir 45 m de altura
geralmente com uma circunferência de 3,6 m ou mais. Possui copa em forma de domo. Muitas
variedades de frutos podem ser encontrados em função do local onde a planta se encontra. Na
região nativa, as flores surgem de janeiro à março e frutos maduras de abril a julho. Os frutos são
amplamente comercializados em todo o Brasil, sendo a manga considerada uma das melhores frutas
do mundo.

Mimosa bimucronata – Planta espinhenta e muito ramificada de 4-8m de altura, ocorre nos estados
da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, na mata pluvial atlântica de tabuleiro. É uma planta muito
utilizada para a formação de cerca viva defensiva. No entanto escapa facilmente ao cultivo
passando a infestar áreas de pastagens, beiras de estradas e terrenos baldios.

Mimosa caesalpiniaefolia – Planta espinhenta de 5-8m de altura, ocorre no Maranhão e região


Nordeste do Brasil até a Bahia. Árvore que pode ser empregada no paisagismo em geral pelo seu
formato de touceira. Ocorre principalmente em solos profundos tanto em formações primárias como
secundárias.

Morus nigra – Árvore de porte médio que pode atingir de 4-5 metros de altura, originária da Ásia.
Seus frutos são consumidos por pássaros e pelos seres humanos. A planta possui características
ornamentais, pois apesar de não alcançar muita altura, sua copa, de folhas abundantes, proporciona
boa sombra.

Musa paradisiaca – Planta originária da Ásia, muito cultivada em todo território brasileiro. Possui
caule suculento e subterrâneo, cujo "falso" tronco é formado pelas bases superpostas das folhas.
Folhas grandes de coloração verde-clara e brilhantes. Flores em cachos que surgem em séries a

648
partir do chamado "coração" da bananeira. Propaga-se por rizoma, por não possuir sementes.
Produz fruto o ano todo.

Nerium oleander – Arbusto ou arvoreta de 3-5m de altura, originária do Mediterrâneo (Europa e


África). É uma planta ornamental pela abundância da sua floração, é freqüentemente cultivada
como arbusto na sua fase jovem. Quando deixada crescer livremente, atinge porte arbóreo e pode
ser utilizada em parques, jardins e arborização de ruas.

Panicum maximum – Planta originária da África de 1-2m de altura. É uma planta geralmente
introduzida e cultivada como forrageira. Escapa facilmente ao cultivo e passa a infestar beira de
estradas, terrenos baldios e solos cultivados que outrora foram pastos ou que estão próximos a estes.
Muito vigorosa e de grande porte, interfere significativamente com as culturas infestadas.

Psidium guajava – Árvore de 3-6m de altura. Ocorre do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul na
floresta pluvial atlântica. Ocorre principalmente nas formações abertas de solos úmidos. Os frutos
são comestíveis e muito saborosos, sendo consumidos tanto in natura como nas mais diversas
formas industrializadas.
Ricinus communis – Planta originária do Continente Africano. É muito cultivada para extração de
óleo contido em suas sementes, no entanto facilmente escapam do controle e se tornam plantas
daninhas muito sérias. Pode ser encontrada em todas as regiões habitadas do território brasileiro.

Schinus terebinthifolius – Planta de 5-10m de altura, ocorre de Pernambuco até Mato Grosso do
Sul e Rio Grande do Sul em várias formações. Arvore ornamental principalmente na época em que
os frutos persistem na planta. É indicada para arborização de ruas estreitas e sob fios elétricos. É
uma das espécies mais procuradas pela avifauna, sendo útil nos reflorestamentos heterogêneos
destinados a áreas degradadas.

Schizolobium parahyba – Planta de 20-30m de altura. Ocorre da Bahia até Santa Catarina, na
floresta pluvial da encosta atlântica. A espécie é bastante ornamental quando em flor, porém não é
recomendada para arborização de lugares muito freqüentados devido a queda fácil de seus ramos
em dias de vento.

649
Senna pendula – Árvore ou arbusto 2-3m de altura, originária da América Tropical. A espécie é
amplamente distribuída no Brasil. Cresce em vegetação secundária, sendo cultivada muitas vezes
como ornamental.

Senna siamea – Árvore de 4-7m de altura, originária de Burma e Tailândia. É uma planta
amplamente cultivada como ornamental nas regiões tropicais da América. É utilizada em parques,
praças e avenidas de calçadas largas.

Spondias dulcis – Árvore que pode atingir 20m de altura, originária das Ilhas da Sociedade (Oceano
Pacífico). Os frutos são consumidos ao natural ou utilizado para confecção de sucos, geléias e
compotas.

Syzygium cumini – Planta originária da Índia e Sri Lanka, árvore de grande rusticidade e de rápido
crescimento, é amplamente plantada em beira de estradas, parques e jardins e bosques, bem como
cultivadas para quebra-vento e na beira de rios, tanques e açudes pelos frutos destinados aos peixes.
Aprecia solos úmidos e o calor, tornando-se subespontânea em muitas regiões.
Tabebuia cassinoides – Planta de 6 –12 m, ocorre de Pernambuco ao norte de Santa Catarina, nos
terrenos alagadiços da faixa litorânea. Em determinados locais chega a formar populações
homogêneas, podendo ocorrer até no mangue.

Terminalia catappa – Planta originária da Ásia e Madagascar. A árvore de copa densa e ampla é
adequada para o plantio em parques, ao longo de praias, pelo magnífico sombreamento que
proporciona.

Trema micrantha – Planta ocorrente nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul, em várias formações florestais. Árvore pioneira de rápido
crescimento, seus frutos são muito apreciados pela avifauna.

Triplaris surinamensis – Planta de 15-25m altura, ocorre na região amazônica, na mata de várzea
inundável e igapós. Planta adaptada a terrenos brejosos e de rápido crescimento. Ocorre tanto em
mata primária como em formações secundárias. Produz grande quantidade de sementes viáveis, as
quais são facilmente disseminadas pelo vento.

650
Typha domingensis – Planta amplamente distribuída em todas as zonas tropicais e subtropicais do
mundo. Desenvolve-se nas margens de lagos, alagados e canais.

Os mapas a seguir procuram espacializar, tanto através da visão das ADAs (mapas escala 1:35.000)
como através dos mapas com detalhes das áreas a serem diretamente afetadas (escala 1:2.500) as
principais descrições sobre vegetação e estado de conservação dos ecossistemas,

651
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO VEGETAÇÃO 1:35.000

652
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO VEGETAÇÃO 127 -1:2.500

653
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO VEGETAÇÃO 5A -1:2.500

654
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO VEGETAÇÃO 5B -1:2.500

655
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO VEGETAÇÃO 5C -1:2.500

656
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO CONSERVAÇÃO 1:35.000

657
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO CONSERVAÇÃO 127 -1:2.500

658
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO CONSERVAÇÃO 5A -1:2.500

659
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO CONSERVAÇÃO 5B -1:2.500

660
INSERIR MAPA ADAS BIOTICO CONSERVAÇÃO 5C -1:2.500

661
7.3.2.3.Comunidades Faunísticas

• Em Relação às Espécies Potencialmente Presentes no Sistema de Canais de Drenagem


Sernambetiba/Portelo/Cortado/Taxas e suas Interligações.

A lista de fauna apresentada foi compilada através de consulta a listagem de espécies do Parque
Ecológico Chico Mendes, consulta aos arquivos da Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio
de Janeiro (RIOZOO) quanto aos animais recebidos e bibliografias especializadas sobre a fauna de
restingas e lagunas, como o Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas, IBDF
(1991), os trabalhos de Rocha e Silva (1992), com a distribuição dos quelônios de água doce no
Estado do Rio de Janeiro, Venturini et al. (1996), com as aves e mamíferos na restinga do Parque
Estadual César Vinha – ES, Franco (1998), com os répteis na Estação Veracruz, na Bahia, Reis
(1998), com a Análise da composição e da distribuição geográfica da avifauna das restingas do
Estado do Rio de Janeiro, Hatano et al. (2001), com os padrões de atividades de lagartos na restinga
de Jurubatiba, Macaé, Izecksohn & Carvalho-e-Silva (2001), com a listagem de anfíbios do
Município do Rio de Janeiro, Rocha et al. (2003), com a biodiversidade nas restingas da Mata
Atlântica.

Herpetofauna

O quadro abaixo apresenta os répteis e anfíbios de provável ocorrência para a área do


empreendimento (incluindo as áreas que poderiam vir a ser diretamente afetadas), sinalizando para
aquelas espécies que constam da lista de ameaçadas de extinção pela Prefeitura do Rio de Janeiro. É
importante lembrar que, dentre os répteis chama a atenção a presença do jacaré de papo amarelo
(Caiman latiristris), característico de rios e lagoas de baixada, o Cágado-amarelo (Acanthochelys
radiolata) também característico de rios e lagoas de baixada e o Cágado-de-barbicha (Phrynops
geoffroanus) típico de rios e lagos. Cabe atentar que, de acordo com a Lista de Espécies Aneaçadas
de Extinção no Município do Rio de Janeiro constam o jacaré de papo amarelo, o Cágado-
amarelo e o Cágado-de-barbicha.

662
Répteis de Provável Ocorrência para as Áreas que poderão ser Diretamente Afetadas _2005

Nome Científico Nome vulgar Habitat


Família Alligatoridae
Caiman latiristris Jacaré-de-papo-amarelo Rios e lagoas de baixada
Família Chelidae
Acanthochelys radiolata Cágado-amarelo Rios e lagoas de baixada
Hydromedusa tectifera Cágado-pescoço-de-cobra Rios e lagos
Phrynops geoffroanus Cágado-de-barbicha Rios e lagos
Hyla pseudomeridiana Pererequinha Bordas de mata, baixadas
Scinax humilis Hylidae Perereca-risonha Áreas florestais
Xenohyla truncata Perereca-estranha-de-focinho- Restingas
truncado
Hylodis nasus Rãzinha-das-pedras Áreas florestais
Fonte: Abrunhosa, 2001; Caramaschi et al., 2000; Haddad & Abe, 1999; Haddad & Sazima, 1992; IBDF,
1981; Izecksohn & Carvalho-e-Silva; 2001.

Avifauna

A avifauna que pode ser encontrada nas áreas que poderão ser diretamente afetadas pelo
Empreendedor é apresentada no quadro abaixo, onde também podem se observadas aquelas que
constam da lista das Espécies Ameaçadas de Extinção, quer pelo IBAMA, quer pelo Município do
Rio de Janeiro (sinalizadas em cinza).

Aves de Provável Ocorrência para as Áreas que Poderão ser Diretamente Afetadas_ 2005

Nome científico Nome vulgar Habitat


Família Podicipedidae
Tachybaptus dominicus Mergulhão-pequeno Coleções de água
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianum Biguá Coleções de água
Família Anhingidae
Anhinga anhinga Biguá-tinga Áreas alagadas, lagos
Família Ardeidae
Ardea cocoi Socó-grande Áreas alagadas
Botaurus pinnatus Socó-boi-baio Áreas alagadas, lagoas
Butorides striatus Socozinho Áreas alagadas, lagoas
Casmerodius albus Garça-branca-grande Áreas alagadas, lagoas
Egretta caerula Garça-azul Áreas alagadas, lagoas
Egretta thula Garça-branca-pequena Áreas alagadas, lagoas
Ixobrychus exilis Socoí-vermelho Áreas alagadas, lagoas
Nycticorax nycticorax Savacu Áreas alagadas, lagoas

663
Tigrisoma fasciatum Socó-boi Áreas alagadas, lagoas
Família Threskiornitidae
Eudocimus ruber Guará Áreas alagadas, lagoas
Platalea ajaja Colhereiro Áreas alagadas, lagoas
Família Alcedinidae
Ceryle torquata Martim-pescador-grande Áreas alagadas, áreas
florestais
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Áreas alagadas, áreas
florestais
Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Áreas alagadas, áreas
florestais
Família Anatidae
Amazonetta brasiliensis Ananaí Áreas alagadas, lagoas
Anas bahamensis Marreca-toicinho Áreas alagadas, lagoas
Cairina moschata Pato-do-mato Áreas alagadas, lagoas
Dendrocygna bicolor Marreca-caneleira Áreas alagadas, lagoas
Dendrocygna viduata Irerê Áreas alagadas, lagoas
Netta erythrophtalma Paturi-preta Áreas alagadas, lagoas
Oxyura dominica Bico-roxo Áreas alagadas, lagoas
Sarkidiornis melanotos Pato-de-crista Áreas alagadas, lagoas
Família Rallidae
Aramides cajanea Três-potes Áreas alagadas, áreas
florestais
Aramides mangle Saracura-do-mangue Áreas alagadas
Gallinula chloropus Frango-d´água-comum Áreas alagadas
Laterallus melanophaius Pinto-d´água-comum Áreas alagadas
Pardirallus maculatus Saracura-carijó Áreas alagadas
Porphyrulla martinica Frango-d´água azul Áreas alagadas
Porzana albicollis Sana-carijó Áreas alagadas
Rallus nigricans Saracura-sanã Áreas alagadas
Família Jacanidae
Jacana jaçanã Jaçanã Áreas alagadas
Família Scolopacidae
Gallinago paraguaiae Narceja Brejos e banhados
Gallinago undulata Galinhola Brejos e banhados
Família Cuculidae
Crotophaga ani Anú-preto Campos, pastagens, áreas
alagadas, restingas
Crotophaga major Anú-coroca Áreas alagadas
Tapera naevia Saci Áreas alagadas
Família Nyctibiidae
Nyctibius griséus Urutau Áreas florestais, áreas
alagadas
Família Trochilidae
Polytmus guainumbi Beija-flor-dourado-de-bico- Campos, restingas, áreas
curvo alagadas
Família Furnariidae
Certhiaxis cinnamomea Curutié Áreas alagadas
Phleocryptes melanops Bate-bico Áreas alagadas

664
Família Tyrannidae
Arundinicola leucocephala Freirinha Áreas alagadas
Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada Áreas alagadas
Pseudocolopteryx sclateri Tricolino Áreas alagadas
Família Hirundinidae
Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serrador Áreas alagadas, campos
Tachycineta leucorrhoa Andorinha-de-sobre-branco Áreas alagadas, áreas
urbanas
Família Troglodytidae
Donacobius atricapillus Japacanim Brejos
Família Motacillidae
Anthus lutescens Caminheiro-zumbidor Campos, beira de lagos, rios
e pântanos
Família Emberizidae
Agelaius cyanopus Carretão Áreas alagadas
Euphonia chlorotica Vivi Campos e pastagens, áreas
alagadas
Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Brejos, restingas
Leistes superciliaris Polícia-inglesa-do-sul Áreas alagadas, campos
Oryzoborus angolensis Curió Áreas florestais, áreas
alagadas
Oryzoborus maximiliani Bicudo Áreas florestais, áreas
alagadas
Sporophila bouvreuil Caboclinho Áreas alagadas, campos
Sporophila collaris Coleiro-do-brejo Áreas alagadas
Sporophila falcirostris Cigarra-verdadeira Áreas alagadas, campos
Sporophila frontalis Pichochó Áreas alagadas, restingas
Sporophila leucoptera Chorão Áreas alagadas, campos
Fonte: Alves et l., 2000; Ferreira & Ernesto, 2000; Maciel & Magnanini, 1989; Reis, 1998; Rocha et al., 2003; Sick,
1997; Silva, 1992; Souza, 2004; Venturini, 1996.
Nota: Espécies sinalizadas em cinza constam da lista de Extinção da Prefeitura do Rio de Janeiro (Ferreira & Ernesto,
2000)

665
Mastofauna

Um mamífero reconhecido atualmente como ameaçado de extinção, segundo a lista oficial do


IBAMA de espécies ameaçadas e também da Prefeitura do Rio de Janeiro (Conde et al, 2000),
ainda que eventualmente, pode ser observado nas áreas que poderão vir a ser diretamente
afetadas _ a lontra (Lontra longicaudis). Também cabe mencionar a presença da capivara
.(Hydrochaeris hydrochaeris), também considerado animal em extinção na lista da Preeitura do
Rio de Janeiro

Os canais são ocupados diretamente pelos mesmos animais habitantes das áreas de lagoas. como
o cágado-de-barbicha (Phrynops geoffroanus), as cobras-d’água (Liophis miliaris e Helicops
carinicaudus) e alguns anfíbios, principalmente do gênero Hyla. O jacaré-de-papo-amarelo
(Caiman latirostris), considerado restritivo quanto à ocupação do ambiente, ocorre em
abundância.

A maioria das espécies dependentes da presença de água não é exclusiva apenas deste tipo de
ecossistema.. Muitas podem ser registradas em outros ambientes, principalmente matas, como
Anhinga anhinga (biguatinga), várias espécies de garças (Ardeidae), Tigrisoma lineatum (socó-
boi), Porzana albicollis (sanã-carijó), Ceryle torquata e Chloroceryle amazona (martins-
pescadores), Certhiaxis cinnamomea (curutié) e Fluvicola nengeta (lavadeira).

Entre os mamíferos podemos destacar a lontra (Lontra longicaudis) e a capivara (Hydrochaeris


hydrochaeris), animais perseguidos devido à caça predatória. Muito interessante é o mão-pelada
Procyon cancrivorus, que lava seus alimentos na beira de rios e córregos. Outra espécie comum
é o rato d´água (Nectomys squamipes), animal semi-aquático, encontrado sempre em locais
próximos a coleções de água, assim como a cuíca de cauda grossa (Lutreolina crassicaudata).

666
Mamíferos de Provável Ocorrência para a Área Diretamente Afetada_2005

Nome científico Nome vulgar Hábitat


Família Didelphidae
Caluromys philander Mucura Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Chironectes minimus Cuíca d´água Áreas florestais, restinga,
áreas alagadas
Didelphis aurita Gambá Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Noctilionidae
Noctilio leporinus Morcego pescador Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Phyllostomidae
Anoura caudifer Morcego beija-flor Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Artibeus cinereus Morcego das frutas Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Artibeus lituratus Morcego das frutas Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Artibeus planirostris Morcego das frutas Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Carollia perspicillata Morcego de cauda curta Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Phyllostomus discolor Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Phyllostomus hastatus Morcego falso vampiro Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Platyrrhinus lineatus Morcego de listras brancas Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Sturnira lilium Morcego de ombros Áreas florestais, área
amarelos urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Uroderma bilobatum Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas

667
Vampyressa pusilla Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Molossidae
Molossus ater Morcego cauda de rato Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Molossus molossus Morcego cauda de rato Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Tadarida brasiliensis Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Vespertilionidae
Epitesicus furinalis Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Lasiurus cinereus Morcego Áreas florestais, restinga,
áreas alagadas
Myotis nigricans Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Myotis ruber Morcego Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão pelada Áreas florestais, áreas
abertas, restinga, áreas
alagadas
Família Mustelidae
Lontra longicaudis Lontra Áreas alagadas, lagoas
Família Muridae
Nectomys squamipes Rato d´água Áreas florestais, restinga,
áreas alagadas
Oxymycterus sp. Rato-do-brejo Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Família Hydrochoeridae
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara Áreas florestais, área
urbana, áreas abertas,
restinga, áreas alagadas
Fonte: Bergallo et al., 2000; Conde et al., 2000; Eisenberg & Redford, 1999; Emmons, 1990;
IBDF, 1981; Maciel & Magnanini, 1989; Mendes et al., 1999; Rocha et al., 2003; Venturini et al.,
1996.

668
Comunidades Aquáticas

Os canais da ADA, conforme já mencionado, encontram-se em situação precária quanto a aspectos


como assoreamento e/ou condições de eutrofização. Estas condições são extremas como nos canais
do Portelo e Cortado, que apresentam densa cobertura de macrófitas aquáticas enraizadas ou mesmo
no Canal das Taxas que atualmente trata-se de um valão de esgoto a céu aberto. Os aspectos de
qualidade das águas refletem o excesso de matéria orgânica e as condições aceleradas do processo
de eutrofização e refletem-se nas comunidades aquáticas ainda presentes nestes ambientes.

O fitoplâncton tem despertado interesse de muitos pesquisadores por responder prontamente às


mudanças do ambiente, funcionando como sensor refinado das variáveis ambientais. Sua
composição e integração sobre diversos períodos de tempo refletem, melhor que qualquer artefato
tecnológico, as flutuações dessas variáveis (Margalef, 1983). Sendo um dos principais produtores
primários dos ecossistemas aquáticos continentais, faz-se de fundamental importância se
compreender as alterações que ocorram na base da cadeia alimentar, pois estas se repercutem nos
demais níveis tróficos. Na maioria dos ecossistemas aquáticos continentais, a comunidade
zooplanctônica é constituída principalmente por protozoários, rotíferos e microcrustáceos como
cladóceros e copépodos (Esteves, 1988). Por ter tamanho reduzido além de alta taxa reprodutiva, o
zooplâncton tem ampla distribuição geográfica, sendo que as características ambientais específicas
se tornam um fator limitante para o desenvolvimento das populações. Alterações súbitas na coluna
d’água podem refletir em mudanças bruscas qualitativas e quantitativas da comunidade, ou seja, na
composição e densidade dos organismos. As análises qualitativas e quantitativas do zooplâncton
objetivam a detecção da presença e/ou dominância de espécies tanto holoplanctônicas (cuja vida
está associada à coluna d’água) como meroplanctônicas (com vida associada à vegetação aquática
ou aos sedimentos, sendo ocasionalmente encontrada no plâncton).

Apesar de sua importância não existem dados sobre as comunidades planctônicas dos canais de
drenagem do Complexo Lagunar de Jacarepaguá. Neste contexto a campanha de campo, realizada
em janeiro de 2006, objetivou diagnosticar as associações planctônicas potencialmente indicadoras
das condições ambientais da água nos canais de Sernambetiba, Cortado e Portelo. Não foram
coletadas amostras no Canal das Taxas uma vez que suas condições atuais correspondem mais a um
valão de esgoto como já mencionado.

Comunidades Planctônicas - Fitoplâncton e Zooplâncton

As comunidades fitoplanctônicas dos canais que poderão vir a ser objeto de intervenção (ADAs)
apresentam baixa diversidade com a presença de organismos geralmente associados a sistemas
eutrofizados ou com grande quantidade de matéria orgânica.

Assim, verifica-se a dominância de cianobactérias no Canal do Cortado, especialmente


Synechocystis aquatilis, Jaagnema sp. e Planktothrix sp., enquanto que no Canal do Portelo
predominaram espécies de euglenóides como Euglena sp., Euglena acus e Trachelomonas

669
volvocina (Tabela abaixo _ Relação dos taxa fitoplanctônicos registrados nos canais do
Cortado, Portelo e Sernambetiba em janeiro de 2006).

No Canal de Sernambetiba também foram registradas espécies de euglenóides e cianobactérias,


embora as diatomáceas tenham sido o grupo predominante. Esta composição diferenciada do
fitoplâncton do Canal de Sernambetiba reflete em parte as diferenças hidrológicas da influência
marinha e uma maior influência de espécies oriundas das comunidades perifíticas (associadas com
macrófitas aquáticas).
Relação dos taxa fitoplanctônicos registrados nos canais do Cortado, Portelo e Sernambetiba
em janeiro de 2006.
Canal de Sernambetiba
Canal do Cortado Canal do Portelo
NOSTOCOPHYCEAE NOSTOCOPHYCEAE NOSTOCOPHYCEAE
(CIANOBACTÉRIAS) (CIANOBACTÉRIAS) (CIANOBACTÉRIAS)
Jaagnema sp. cf. Komvophorum Oscillatoria sp
cf. Komvophorum Jaagnema sp. Lyngbya sp.
Planktothrix sp. Geitlerinema sp.
Oscillatoria sp. Pseudoanabaena sp.
Cyanogranis cf. ferrugia. Planktothrix sp.
Merismopedia tenuissima Oscillatoria sp
Lyngbya sp Lyngbya sp.
Synecocystis aquatilis Synecocystis aquatilis
BACILLARIOPHYCEAE BACILLARIOPHYCEAE BACILLARIOPHYCEAE
(DIATOMÁCEAS) (DIATOMÁCEAS) (DIATOMÁCEAS)
Thalassiosira sp. Thalassiosira sp. Thalassiosira sp.
Navicula sp. Frustulia cf. rhomboides Navicula sp1.
Navicula sp. Navicula sp2
Surirella sp.
Pinularia sp1
Pinularia sp2
Rhopalodia sp.
Cyclotella sp.
CHLOROPHYCEAE CHLOROPHYCEAE CHLOROPHYCEAE
(CLOROFÍCEAS) (CLOROFÍCEAS) (CLOROFÍCEAS)
Monoraphidium sp. Ankistrodesmus sp Scenedesmus quadricauda
Quadricoccus sp.
EUGLENOPHYCEAE EUGLENOPHYCEAE EUGLENOPHYCEAE
(EUGLENOFÍCEAS) (EUGLENOFÍCEAS) (EUGLENOFÍCEAS)
Euglena sp Euglena sp Euglena sp
Euglena sp2 Euglena sp2
Trachelomonas volvocina Euglena acus
Phacus suecicus
Phacus tortus
Phacus longicauda
Trachelomonas volvocina
Trachelomonas armata
CRYPTOPHYCEAE
(CRIPTOFÍCEAS)
Cryptmonas sp.
Fonte: Cohidro/2005

670
Foram identificadas 43 unidades taxonômicas zooplanctônicas nas amostras analisadas (Tabela a
seguir _ Táxons zooplanctônicos encontrados nos canais de Sernambetiba, Cortado e Portelo.)
com uma média de 23 táxons por amostra. A maior riqueza taxonômica foi observada no Canal do
Cortado, com 26 táxons identificados e a menor no Canal do Portelo com 19 táxons.

Táxons zooplanctônicos encontrados nos canais de Sernambetiba, Cortado e Portelo.

Sernambetiba Portelo Cortado


TÁXONS
PROTOZOÁRIOS
Arcella conica 375 0 0
Arcella dentata 188 50 0
Arcella discoides 188 0 200
Arcella gibbosa 2438 0 0
Arcella vulgaris 2250 150 50
Arcella sp. 0 0 175
Centropyxis aculeata 12938 550 7075
Centropyxis discoides 0 0 125
Centropyxis hirsuta 6563 150 2650
Centropyxis spp. 1313 50 275
Difflugia acuminata 750 0 150
Difflugia corona 1125 0 0
Difflugia oblonga 2438 0 0
Difflugia spp. 2813 0 725
Euglipha acantophora 121 0 0
Euglypha sp. 1313 25 0
total protozoários 34808 975 11425
ROTÍFEROS
Brachionus angularis 0 0 425
Brachionus calyciflorus 0 0 150
Brachionus havanensis 0 50 175
Cephalodella sp. 484 25 0
Keratella valga 0 25 0
Lecane bulla 1573 0 0
Lecane cornuta 121 50 0
Lecane curvicornis 242 75 0
Lecane lunaris 0 0 50
Lecane sp. 121 0 0
Lepadella patella 0 50 0
Phylodina sp. 3387 0 0
Plationus patulus 0 25 0
Platyias quadricornis 0 0 75
Testudinella patina 0 25 250
Bdelloidea não identificado 2177 625 1450
total rotíferos 8105 950 2575

CLADOCERA
Alona sp. 0 0 50
total cladóceros 0 0 50

671
COPÉPODOS
náuplio de Cyclopoida 242 0 325
náuplio de Harpacticoida 0 25 0
copepodito de Cyclopoida 0 0 175
total copépodos 242 25 500

OUTROS
Ácaro 121 50 350
Gastrotricha 0 0 25
larva de Chironomidae 121 0 300
larva de Megaloptera 0 0 25
Nematoda 605 50 250
Oligochaeta 0 25 200
Tardigrada 0 0 25
total outros 847 125 1175
Fonte: Cohidro/2005
Nota: Os valores referem-se às densidades (indivíduos/m³) registradas na campanha de janeiro de 2006.

O número de organismos registrados variou de um mínimo de 2.075 indivíduos por metro cúbico
(ind.m-3), registrado no Canal do Portelo, a um máximo de 44.002 ind.m-3, no Canal de
Sernambetiba. Estes valores são baixos quando comparados às lagunas. O destaque populacional foi
de táxons pertencentes ao grupo dos protozoários (Gráfico a seguir_ Abundância de organismos
zooplanctônicos nos canais de drenagem do Complexo Lagunar de Jacarepaguá ).

Em geral, os canais apresentaram, com relação à abundância relativa do zooplâncton, destaque para
os rotíferos e para os protozoários. Juntos, estes dois grupos representaram mais de 90% da
densidade total (Gráfico na seqüência _ Composição relativa da comunidade zooplanctônica nos
canais de drenagem do Complexo Lagunar de Jacarepaguá.

Nos canais de Sernambetiba e Cortado as tecamebas foram o grupo de destaque para as altas
densidades de protozoários. O Canal do Portelo, diferentemente, apresentou uma homogeneidade
com relação às densidades de rotíferos e protozoários. Os demais grupos zooplanctônicos
contribuíram pouco para as densidades totais, tendo o grupo “outros” destacando-se nos canais do
Portelo e Cortado (vide Gráfico _ Comparação da abundância de organismos zooplanctônicos
nos canais de drenagem e nas lagoas do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, em janeiro de
2006.

672
DENSIDADE DO ZOOPLÂNCTON
50000
PROTOZOÁRIOS
40000 ROTÍFEROS
CLADOCERA
indivíduos.m-3

30000 COPÉPODOS
OUTROS
20000

10000

0
SERNAMBETIBA PORTELO CORTADO

Abundância de organismos zooplanctônicos nos canais de drenagem do Complexo Lagunar de


Jacarepaguá.

ABUNDÂNCIA RELATIVA DO ZOOPLÂNCTON


100%

80%

60%

40%

20%

0%
SERNAMBETIBA PORTELO CORTADO

PROTOZOÁRIOS ROTÍFEROS COPÉPODOS CLADOCERA OUTROS

Composição relativa da comunidade zooplanctônica nos canais de drenagem do Complexo Lagunar de


Jacarepaguá.

De acordo com a riqueza taxonômica, protozoários e rotíferos apresentaram contribuião similar,


sendo registrados 16 táxons de cada. Como observado para as lagunas, Brachionus e Lecane foram
os gêneros que se destacaram entre os rotíferos. Cabe destacar que o gênero Lecane, encontrado nos
canais de Sernambetiba, do Cortado e Portelo, tem a característica de viver associado às
comunidades vegetais aquáticas, principalmente na área litorânea de corpos d’água e também
podem fazer parte da fauna psâmica de ambientes dulciaqüícolas.

673
O grupo dos protozoários foi representado principalmente por amebas testáceas e ciliados, estes
últimos de difícil identificação devido à necessidade de técnicas específicas de coloração do
material nuclear e ciliatura oral. A maior riqueza dentre os protozoários foi do gênero Arcella, cujos
componentes apresentam hábito bentônico e/ou associado à comunidade perifítica existente em
plantas submersas. As amebas com carapaça constituem muitas vezes os organismos dominantes no
plâncton de ambientes de águas correntes tropicais (Velho & Lansac-Tôha, 1996; Lansac-Tôha et
al., 1997). A grande participação dos protozoários, em sua maioria caracteristicamente
consumidores de bactérias, na composição da comunidade zooplanctônica dos canais de
Sernambetiba do Cortado e Portelo aponta para uma maior disponibilidade desta fonte alimentar
nesses sistemas.

Os cladóceros, de um modo geral, não apresentaram destaque tanto com relação à riqueza
taxonômica quanto com a densidade. O grupo dos copépodos também apresentou uma baixa riqueza
de táxons e baixa abundância de organismos por metro cúbico, já que a maioria dos copépodos
encontra-se associada à coluna d’água. Dentro do grupo de organismos denominado de “outros”,
foram encontradas larvas de insetos, principalmente larvas de quironomídeos, ácaros, nematódeos,
entre outros. Alguns destes organismos, como os nematódeos, constituem uma importante e
significativa porção do zoobêntos de águas continentais se alimentando tanto de bactérias e fungos
como de algas e plantas superiores (Poinar, 2001). Os organismos bentônicos são freqüentemente
observados no plâncton de ambientes lóticos em decorrência da deriva ou migração passiva
proporcionada pelas correntes. Entretanto, a probabilidade de ocorrer esta migração passiva pode
variar com a idade do animal e hora do dia, podendo depender ainda, da densidade populacional
local, o que pode assegurar a regulação das populações bem como a distribuição das mesmas na
coluna d’água (Margalef, 1983).

Comparando-se a comunidade zooplanctônica das lagunas e dos canais das ADAs, foi observada
uma maior abundância de organismos zooplanctônicos em áreas mais abertas como nas lagoas
Lagoinha, Marapendi, Tijuca e Jacarepaguá. A densidade maior encontrada na Lagoa Marapendi
provavelmente esteve relacionada a uma maior influência marinha neste local, já que populações de
táxons eurihalinos foram as responsáveis pela maior abundância. A inexistência de cladóceros neste
sistema, bem como no Canal de Sernambetiba, aponta também para a existência de uma maior
salinidade nestes locais.

674
DENSIDADE DO ZOOPLÂNCTON
6

Milhões
PROTOZOÁRIOS
ROTÍFEROS
5
CLADOCERA
indivíduos.m-3

4 COPÉPODOS
OUTROS
3

SERNAMBETIBA
JACAREPAGUÁ

PORTELO
MARAPENDI

TIJUCA

LAGOINHA

CORTADO
Comparação da abundância de organismos zooplanctônicos nos canais de drenagem e nas lagoas do
Complexo Lagunar de Jacarepaguá, em janeiro de 2006.

Uma maior riqueza de táxons zooplanctônicos nos canais da ADA e na Lagoinha, possivelmente
indica a existência de um maior número de microhábitats nestes locais, independentes de uma área
limnética aberta (ver gráfico _ Riqueza taxonômica da comunidade zooplanctônica nas
estações de amostragem.

A dominância de protozoários nesses ambientes sugere a existência de uma maior densidade


bacteriana nestes locais, provavelmente associada ao aporte de matéria orgânica. Finalmente, a
Lagoa de Jacarepaguá destacou-se pela presença em sua comunidade zooplanctônica de táxons
característicos e ambientes hipereutróficos.

675
RIQUEZA TAXONÔMICA

30 PROTOZOÁRIOS
ROTÍFEROS
25
NÚMERO DE TÁXONS

CLADOCERA
20 COPÉPODOS
OUTROS
15

10

SERNAMBETIBA
JACAREPAGUÁ

PORTELO
MARAPENDI

LAGOINHA
TIJUCA

CORTADO
Riqueza taxonômica da comunidade zooplanctônica nas estações de amostragem.

Comunidade Bentônica

Como já relatado para as lagunas, destacamos a ausência de informações científicas sobre as


comunidades bentônicas dos canais da região em estudo. Os dados obtidos evidenciam que também
os canais se encontram em situação delicada. Foi registrada a presença de uma espécie de
Oligochaeta não identificada nas amostras dos canais do Cortado, Portelo e Sernambetiba. As
densidades foram baixas (200 ind./m²) no Canal do Cortado e no Canal do Portelo. Por outro lado, o
bentos do Canal de Sernambetiba apresentaram densidades mais elevadas (1.200 ind./m²), embora
de uma única espécie.

Estes dados mais uma vez evidenciam a caótica situação dos ecossistemas aquáticos na região do
Complexo Lagunar de Jacarepaguá. As comunidades biológicas respondem ao alto grau de
degradação e, no caso da comunidade bentônica, a sua quase completa ausência indica que os
sedimentos e a água na interface comprometem seriamente a manutenção da vida nestes
ecossistemas.

676
Ictiofauna

Em sistemas como o Canal da Sernambetiba, o Rio Portela e o Rio Marinho, é possível observar
pequenos peixes, notadamente os pequenos barrigudinhos (Phalloceros caudimaculatus, Poecilia
vivipara, Phallopthychus januarius e Jenynsia multidentata) e lambaris (especialmente
Hyphessobrycon bifasciatus, H. reticulatus e Astyanax sp.) tão abundantes nestas águas. Peixes
igualmente comuns são as ictiófagas traíras (Hoplias malabaricus), os iliófagos cascudos
(Hypostomus punctatus) e os ciclídeos (Geophagus brasiliensis e Tilapia rendalli) e as eurialinas
tainhas (Mugil lisa) e paratis (Mugil curema) as quais, juntamente com os raros robalos
(Centropomus parallelus) são pescados tanto nos canais como nas lagoas (Bizerril & Primo, 2001).

Uma situação característica é a apresentada pelos canais que cortam a baixada em sua porção mais
interna (Canal do Cortado, Portelo e sistemas associados), todos fortemente eutrofizados, como
pode ser constatado pela densa cobertura de macrófitas aquáticas flutuantes (já evidenciada na
documentação fotográfica apresentada anteriormente), dentre os quais a baronesa (Eichhornia
crassipes e E. azurea), e enraizadas como Typha domingensis que mostra-se como espécie
predominante juntamente com Acrostichum aureum.

Este aspecto, associado à poluição antrópica das águas, determinam a sobrevivência de uma
ictiofauna pouco diversificada dominada por espécies generalistas como os barrigudinhos (Poecilia
vivipara, Phallopthychus januarius), caraúnas (Geophagus brasiliensis) e tilápias (Tilapia rendalli),
os quais usualmente compõem exclusivamente os arranjos ictiofaunísticos locais presentes na maior
extensão dos canais. Nas porções mais rasas e sem cobertura vegetal, podem ser evidenciados
cardumes de lambaris (Hyphessobrycon bifasciatus e H. reticulatus).

• Em Relação ao Local onde deverá ser realizado “ Bota-fora” do Material Dragado dos
Canais ( Fazenda Parque Recreio)
O estado da área que deverá receber o bota-fora da dragagem dos canais Taxas e Cortado se
encontra na atualidade como estando completamente degradado em virtude da supressão total das
formações de brejo que, anteriormente, dominavam a região e que se situavam entre os canais do
Portelo, Cortado e morro do Amorim, conforme já mencionado. Conseqüentemente, toda a fauna
nativa associada com os brejos provavelmente tenha se deslocado para as demais áreas que ainda
apresentam este tipo de ecossistema.

677
• Em relação à Praia da Macumba onde deverão Ocorrer (1) a dragagem da
Desembocadura do Canal de Sernambetiba, (2) a Implantação dos Guis-Corerentes de
Canteiro de Obras na Praia da Macumba e (3)a Impantação do Canteiro de Obras.
Na praia foram observadas 2 espécies referentes a macrofauna, sendo estas: Pseudorchestoidea
brasiliensis (Crustacea: Amphipoda) (Dana, 1853) e Hemipodus olivieri (Annelida: Polychaeta)
Orensanz & Gianuca, 1974 (vide figuras. abaixo _ Espécies da macrofauna observadas na Área a
ser Diretamente Afetada na Praia da Macumba, RJ.
.

Pseudorchestoidea brasiliensis Hemipodus olivieri


Pulga da praia Minhoca marinha

Espécies da macrofauna observadas na Área Diretamente Afetada


da Praia da Macumba

Um total de 15 organismos foi contabilizado. P.brasiliensis foi o taxa dominante, compondo 66%
das macrofauna (10 ind.), enquanto que 33% foram relativos à H.olivieri (5 ind.) (Gráfico abaixo _
Dominância das espécies P.brasiliensis e H.olivieri observadas nas ADAs). A distribuição dos
organismos esteve concentrada nas regiões de face e ante praia (Gráfico _ Médias e desvios
padrão da densidade total da macrofauna nos níveis ), com resultados bastante similares tanto
para P.brasiliensis, quanto para H.olivieri. Nenhum organismo foi observado no pós-praia (Gráfico
_ Médias e desvios padrão da densidade total de P.brasiliensis e H.olivieri nos níveis transversais da
Área Diretamente Afetada.

678
P.brasiliensis H. olivieri

Dominância das espécies P.brasiliensis e H.olivieri,


observadas na ADAs

3
Ind/0,08m2

0
Pós-praia Face de Praia Ante praia
T ransecto Sul

Médias e desvios padrão da densidade total da


macrofauna nos níveis transversais das ADAs.

4
Ind/0,08m2

3
2

1
0
Pós-praia Face de Praia Ante praia
T ransecto Sul

P.brasiliensis H.olivieri

Médias e desvios padrão da densidade total de P.brasiliensis


e H.olivieri nos níveis transversais da Área Diretamente
Afetada

679
Como conseqüências da interferência humana na comunidade faunística da Praia da Macumba,
através da descarga de efluentes orgânicos e entrada de água doce, mudanças no padrão de
densidade e diversidade das espécies, com uma possível diminuição da biodiversidade, podem vir a
ocorrer.

Defeo et.al (1986), Defeo & de Alava (1995), Lercari & Defeo (1999) e Lercari & Defeo (2003)
observaram uma baixa na abundância e diversidade, aliada a uma alta taxa de mortalidade de
espécies da macrofauna das Praias de Barra Del Chuy e La Coronilla (costa Atlântica do Uruguai),
após a abertura de um canal artificial de drenagem de água doce, contaminado por efluentes da
agricultura e pastagem locais. Níveis críticos de distúrbio foram principalmente observados em
áreas próximas à saída do canal, devido a alguns fatores, como: (1) baixa na salinidade local, que
causou diminuições na taxa de crescimento e fecundidade (= taxa de produção de novos indivíduos)
de Emerita brasiliensis (espécie ausente na Área Diretamente Afetada e encontrada nas Áreas de
Influência Direta 1 e 2) e na biomassa de fitoplâncton da zona de surf (= zona de quebra de ondas),
que constitui uma das principais fontes de alimento a organismos filtradores, como E.brasiliensis;
(2) mudanças na geomorfologia e morfodinâmica da praia,, como a diminuição da declividade e
largura da face, decorrentes da formação de fortes correntes promovidas pela saída do canal, que
agem como barreiras hidrodinâmicas, modificando os padrões de altura e período de ondas,
composição sedimentológica (altera textura do sedimento), abundância do fitoplâncton e
assentamento larval, além de acentuar os processos erosivos, que culminam no déficit de
sedimentos na praia e perda de habitat.

Ao longo prazo, Lercari & Defeo (2003) observaram ainda o desaparecimento de espécies de hábito
alimentar filtrador, como E.brasiliensis (presente nas Áreas onde ocorrerão a dragagem da
desembocadura do Canal de Sernambeitiba e implantação dos molhes) e Donax hanleyanus (não
encontrada na Praia da Macumba, mas observada em baixíssimas densidades nas Praias da Barra da
Tijuca e Recreio) e a dominância de outras espécies, com hábito alimentar mais generalista
(detritívoros), como Scolelepis gaucha (Annelida: Polychaeta) e Excirolana armata (Crustacea:
Isopoda). Entretanto, a dominância destas espécies de hábito detritívoro, também ocorreu sob
baixas densidades, quando em comparação a áreas de não influência do canal.

A ausência de E. brasiliensis na Área Diretamente Afetada na Praia da Macumba, pode ser um


indicativo da presença de efluentes, especulando a respeito de uma possível relação entre o hábito
alimentar filtrador da espécie e a maior concentração de material particulado na área, tornando

680
passível a colmatação do delicado aparato filtrador. Por outro lado, altas densidades de
P.brasiliensis nesta mesma área, podem ser favorecidas pelo mesmo tipo de distúrbio, que neste
caso seria favorável a este organismo de hábito detritívoro.

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